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ARTIGO

TERAPIA NARRATIVA E ABORDAGEM COLABORATIVA:


CONTRIBUIÇÕES DO CONSTRUCIONISMO SOCIAL
PARA A CLÍNICA PÓS-MODERNA

NARRATIVE THERAPY AND COLLABORATIVE APPROACH: SOCIAL


CONSTRUCTIONIST CONTRIBUTIONS TO POST-MODERN CLINIC

RESUMO: Acompanhando o giro linguístico nas ABSTRACT: Alongside the linguistic turn in social RAFAELLA MEDEIROS
Ciências Sociais, cresce o interesse na função sciences, there is an increase on the interest in DE MATTOS BRITO
das narrativas e de outras práticas discursivas the role of narratives and other discursive practi- Mestranda em psicologia na
nos processos de produção de sentido. No cam- ces in the processes of meaning making. Within Universidade Federal do Ceará
po psicoterápico, tal interesse está no surgimen- the psychotherapeutic field, such interest can be
to das chamadas “Terapias Pós-modernas”, noticed in the emergence of the so-called “post-
IDILVA MARIA PIRES
cuja fundamentação epistemológica leva a re- -modern therapies” whose epistemological foun-
pensar a teoria e a prática clínicas. No guarda- dation leads us to rethink clinical theory and prac-
GERMANO
-chuva paradigmático dessas terapias, destaca- tice. Under the paradigm of these therapies, we Professora associada da
-se a influência do construcionismo social como can highlight the influence of social constructio- Universidade Federal do Ceará
metateoria em duas abordagens: terapia narrati- nism as a metatheory in two approaches: narrati-
va (White & Epston) e terapia colaborativa (An- ve therapy (White & Epston) and collaborative
derson & Goolishian). Este trabalho aponta as approach (Anderson & Goolishian). This paper
aproximações e diferenças entre as duas abor- presents the similarities and differences between
dagens, discutindo a influência sócio-constru- the two approaches, discussing the socio-cons-
cionista como base epistemológica destas práti- tructionist influence as an epistemological foun-
cas e explorando as transformações da dation of those practices and exploring the trans-
psicoterapia no cenário atual. formations of psychotherapy in the current
scenario.
PALAVRAS-CHAVE: terapia narrativa, aborda-
gem colaborativa, construcionismo social KEYWORDS: narrative therapy, collaborative ap-
proach, social constructionism

TRANSFORMAÇÕES DA PSICOTERAPIA NO CENÁRIO CONTEMPORÂNEO:


DESAFIOS DA TEORIA E DA PRÁTICA PSICOTERÁPICA FRENTE ÀS NOVAS
SOCIABILIDADES E SUBJETIVIDADES

A reflexão sobre a psicoterapia vem acompanhando as rápidas transformações nas


formas de sociabilidade e subjetividade em desenvolvimento contemporaneamen-
te. O cenário “pós-moderno” de profundas transformações econômicas, sociais e
políticas, incrementadas especialmente a partir do último quarto do século XX, é
ladeado por intenso debate paradigmático, levando ao ceticismo quanto a princí-
pios e “meta-narrativas” da modernidade (Lyotard, 2004). O campo da clínica psi-
cológica vem se debruçando sobre as implicações dessas transformações no coti-
diano e nas formas de subjetivação, e participando do debate paradigmático em
resposta às questões ontológicas, epistemológicas e metodológicas implicadas em Recebido em: 20/05/2013
sua prática. No guarda-chuva paradigmático das terapias que se afirmam pós-mo- Aprovado em: 21/10/2013

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dernas, destaca-se a influência do vidades contemporâneas em relação
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construcionismo social como metateo- ao passado, argumenta que a condição
ria em duas abordagens: terapia narra- “pós-moderna” já não sustenta mais
tiva (White & Epston) e terapia colabo- nem o “eu” romântico, de matiz essen-
rativa (Anderson & Goolishian). Este cialista, nem o “eu” moderno, previsí-
artigo discute essa influência e seu sig- vel e racional. A saturação social colo-
nificado em termos da prática clínica caria em xeque ambas as visões,
proposta por cada abordagem. fomentando, em seu lugar, uma com-
Nas décadas de 1980 e 1990, a dis- preensão plural do eu: haveria uma
cussão sobre os efeitos da sociedade multiplicidade de selves que emergem
globalizada e crescentemente informa- de forma contingente nas interações
tizada dissemina-se entre cientistas sociais. De forma resumida, a teoriza-
sociais que refletem sobre o significa- ção pós-moderna nas humanidades e
do histórico desse conjunto de mu- ciências sociais, incluindo certas ver-
danças em termos de ruptura com o tentes da Psicologia, passam a parti-
(ou radicalização do) projeto civiliza- lhar certos pressupostos e teses que
tório moderno. Com efeito, nas disci- afetam significativamente o modo de
plinas psicológicas, uma problemati- entender a produção subjetiva: a lin-
zação é entender como os novos guagem como processo interativo e
modos de vida ocidental, urbana, tec- constitutivo de realidades, o abandono
nológica e mediada por computadores do dualismo mente-natureza, a des-
e celulares produzem novas formas de crença em verdades universais, a ênfa-
subjetivação que se diferenciam da- se na multiplicidade de significados
quelas forjadas pela tradição e moder- construídos em diferentes contextos e
nidade clássica. relações (Gergen, 1989a, apud Gran-
A pluralidade de contatos interpes- desso, 2000).
soais e a redução das distâncias entre Nesse contexto de transformação
regiões do planeta, derivadas da revo- dos modos de viver e compreender as
lução nas comunicações, produziriam, novas formas de subjetivação, surgi-
por exemplo, para Gergen (1992), uma ram diversas terapias nomeadas de
“saturação social” do eu, condição em pós-modernas que, apesar de apresen-
que a pessoa se vê mergulhada numa tarem diferenças substanciais, parti-
rede complexa de interações, multipli- lham algumas noções resultantes do
cando-se entre atividades, interesses e intenso debate paradigmático das últi-
estilos de viver que afetam a própria mas décadas do século XX. Enfatizan-
experiência do self. Nas circunstâncias do a contingência do eu e do mundo,
atuais de conexões intensificadas e dís- tais terapias partilham a rejeição de
pares, a experiência de centralidade e uma noção essencialista do self, defen-
estabilidade do self parece reduzir-se. dendo o entendimento de que os sig-
O que ressalta é a experiência de que o nificados são dialogicamente constru-
eu distribui-se de modo fragmentado ídos na linguagem. Outros pontos em
entre as múltiplas relações sociais que comum abrangem: a ideia do terapeu-
se oferecem na vida contemporânea, ta como um co-construtor e do cliente
perdendo o sentido de essência e per- como autoridade máxima de sua vida,
manência tradicionalmente atrelado à a crença de que o diálogo é uma práti-
noção de “quem se é”. ca social transformadora, o uso de
É assim que Gergen (1992), numa questionamentos para gerar transfor-
tentativa de diferenciação das subjeti- mação e mudança e a escolha de uma

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postura hermenêutica (Grandesso, coerência narrativa e meios de reparar Contribuições do
2001). Entre os tipos de terapias pós- relatos “problemáticos”, supondo que construcionismo social para a 59
clínica pós-moderna
-modernas, podemos citar as aborda- haja uma conexão entre o tipo de es- Rafaella Medeiros de Mattos Brito

gens pós-modernas críticas, como a Just truturação narrativa e os padrões cog-


therapy que privilegia a luta pela justi- nitivos do narrador, levando-o a signi-
ça social; as abordagens estruturais e ficar parcial ou inadequadamente sua
estratégicas pós-modernas, como a Te- situação. Uma narrativa desorganiza-
rapia centrada nas soluções, de Shazer; da, como indicador de patologia, seria,
a abordagem colaborativa, de Ander- portanto, alvo privilegiado de revisão
son e Goolishian e, por fim, as aborda- terapêutica.
gens narrativas. A última categoria in- Por sua vez, as análises sociocons-
clui, a título de ilustração, a terapia trucionistas privilegiam as macronar-
narrativa, formulada por White e Eps- rativas e redes de sentido mais amplas
ton, com foco na desconstrução das em que estão imersas as histórias pes-
narrativas culturais dominantes que soais. Em vez de supor que as histórias
tendem a subjugar o eu e as relações dos clientes refletem um mundo inte-
sociais e restringir as possibilidades rior, assumem que elas são produzidas
existenciais (Grandesso, 2001). e negociadas, de forma contingente,
Em pesquisas empíricas sobre o nas interações sociais. Ao contrário do
processo terapêutico, observam-se viés cognitivo-construtivista de matiz
duas grandes tendências na conceptua- individualizante, o segundo grupo de
lização da narrativa em psicoterapia, pesquisas sobre a psicoterapia, funda-
que divergem epistemologicamente mentado no construcionismo social,
quanto ao seu entendimento da lin- está mais interessado “no modo como
guagem, da subjetividade e dos pro- a linguagem é usada para criar e man-
cessos psicológicos: a tendência cons- ter versões particulares de realidade,
trutivista e a construcionista social como também em questões de poder,
(Avdi & Georgaca, 2007). O viés cons- autoria e contexto” (Avdi & Georgaca,
trutivista-cognitivo ou experiencial- 2007, p. 409). Nessa perspectiva, o
-processual de grande parte das pes- mundo social e psicológico é produzi-
quisas foca prioritariamente as micro do e reproduzido através de interações
narrativas de clientes, assumindo que e práticas que ocorrem em contextos
a realidade é construída na linguagem, socioculturais específicos. Contrário
e que o indivíduo ativamente constrói ao foco construtivista nos processos
seu mundo, atribuindo-lhe significado mentais (na cognição e suas opera-
por meio de narrativas. A realidade se- ções) e na autonomia do indivíduo, o
ria uma construção da mente e o indi- construcionismo social “desafia a no-
víduo, o criador do significado (An- ção de indivíduo autônomo. (...) enfa-
derson, 2011), visto que toda ação tiza o contexto comunal e de interação
humana está “vinculada aos processos como criador do significado – a mente
intrínsecos do indivíduo” (Grandesso, é relacional e o desenvolvimento do
2000, p. 109). Além disso, é dada gran- significado é discursivo” (Anderson,
de importância às características do 2011, p. 37).
relato (coerência, organização, intera- As perspectivas construcionistas
ção entre vozes etc.) e sua capacidade sociais opõem-se à noção individualis-
de representar a experiência de vida ta de que certos tipos de narrativa (por
do cliente. No que concerne à finalida- exemplo, “pobres”, “desorganizadas”,
de da terapia, tende-se a buscar maior “incoerentes”) expressam uma psico-

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patologia interna e devem ser “repara- ta social envolve as seguintes premissas
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dos” na direção de maior coerência. básicas, segundo Gergen (2009):
Esses estudos acreditam na diversida- • o que falamos sobre o mundo não
de, fluidez e complexidade das narrati- é um reflexo dele, mas um “artefa-
vas, uma vez que os contextos de inte- to social”, ou seja, uma construção
ração divergem continuamente. Nesse humana resultante de intercâm-
tipo de análise, também se pressu- bios e práticas sociais contingen-
põem múltiplas vozes em diálogo nos tes. Da mesma forma, não se pos-
relatos, ao invés de uma noção de per- tula um mundo interno que pode
sonalidade ou self unificado e auto- ser acessado através da lingua-
-centrado. Uma vez que as narrativas gem. Emoções e memória, por
não são vistas como expressão de uma exemplo, não são vistas como en-
mente individual, mas como uma tidades dentro da mente, mas são
construção relacional e dependente de construídas discursivamente. Os
estruturas sociais mais amplas, não faz sentidos e a forma como damos
sentido falar de uma patologia indivi- conta do mundo e de nós mesmos
dual. Sobre a finalidade da terapia, em são negociadas socialmente;
oposição ao construtivismo, as tera- • o conhecimento é construído his-
pias influenciadas pelo construcionis- tórica e culturalmente. As versões
mo social não buscam coerência e re- de mundo não se modificam por-
paro das narrativas, mas oferecem um que a natureza do objeto estudado
contexto conversacional onde novos se modificou, mas por conta de
sentidos podem emergir a partir da re- transformações nas práticas e pro-
lação com o terapeuta, tendo, portan- cessos sociais, que geram novos
to, “uma preocupação mais ampla com relatos, formas de nomeação e
a geração de sentido pela via do diálo- ação. Por exemplo, há múltiplas
go” (Gergen & Kaye, 1998, p. 218). formas de construir os fenômenos
De fato, essas divergências estão no “guerra”, “feminino”, “normalida-
cerne das tensões que envolvem a psi- de”, “patologia” e “terapia”, cujos
cologia e a psicoterapia pós-moderna, sentidos estão associados a siste-
com efeitos importantes sobre a teori- mas de crença e poder localiza-
zação da mudança pessoal e do papel dos. Essas versões, muitas vezes
da psicoterapia hoje. em disputa, orientam as ações in-
dividuais e coletivas. Uma “guer-
ra” pode ser entendida como
A INFLUÊNCIA DO “missão patriótica”, “dominação
CONSTRUCIONISMO SOCIAL NAS imperialista”, “luta contra as po-
TERAPIAS PÓS-MODERNAS tências do mal” e assim por dian-
te. A história da psicologia mostra
Como reconhece Gergen (2010), o como variaram os entendimentos
construcionismo social transformou a acerca do normal e do patológico,
compreensão contemporânea da psi- do gênero e das funções da tera-
coterapia, ao focalizar a produção rela- pia, desde a sua emergência como
cional e historicamente condicionada saber científico;
das narrativas no contexto clínico e os • a prevalência de uma versão de
modos como mudanças pessoais e co- mundo não provém de sua ver-
letivas são alcançadas mediante con- dade empírica, pois não há nada
versação. O paradigma construcionis- que seja uma verdade universal,

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válida para todas as culturas e xe relevo à potencialidade tera- Contribuições do
tempos históricos. Alguns enten- pêutica das narrativas e às muitas construcionismo social para a 61
clínica pós-moderna
dimentos prevalecem mais forte- práticas discursivas e não discur- Rafaella Medeiros de Mattos Brito

mente que outros pela “capacida- sivas que operam como formas
de retórica e de negociação” de de opressão e sofrimento.
seus defensores, e pela utilidade A perspectiva construcionista no
social que têm em determinado âmbito da clínica psicológica questio-
contexto (Gergen, 2009); na também muitos pressupostos es-
• A vida social está permeada de sencialistas, a-históricos e universalis-
“formas de compreensão negocia- tas de tradições humanísticas de
das”. As explicações sobre o mun- psicoterapia. É particularmente colo-
do e as normas implícitas de cada cada sob suspeita a noção do “eu inte-
cultura servem para sustentar e riorizado e auto-contido” que se con-
legitimar certos padrões e valores. solidou na história da psicologia. O eu,
Existem padrões de comporta- na concepção socioconstrucionista, é
mento socialmente mais aceitos e visto sob o ângulo de um artefato si-
formas de agir mais apropriadas tuado sociohistoricamente. Como
para cada situação, que diferem afirmam Gergen e Gergen (2010), as
em cada cultura (Gergen, 2009); convenções sociais estabelecidas para
• Dessa forma, o construcionismo a construção de uma história (incluin-
social nos convida a pensar e a do a “minha história”) podem ser legi-
desnaturalizar certas verdades timadas, porém não há nenhuma con-
socialmente partilhadas em nos- venção definitiva ou mais verdadeira
sa cultura. Esse olhar traz impor- que outras. A dominância de algumas
tantes implicações para se pensar convenções se dá por processos de ne-
a psicoterapia, que pode ser vista gociação e relações de poder. Segundo
como um espaço de questiona- o autor, muitas abordagens psicoterá-
mento de “verdades” rígidas que picas modernas defendem uma con-
causam sofrimento ao indivíduo. venção narrativa específica, implícita
De fato, o princípio de que as em cada teoria psicológica, que impli-
pessoas constroem significado ca certa inflexibilidade. Muitas abor-
sobre o mundo nas relações so- dagens psicológicas costumam trazer
ciais é amplamente aceito em di- em seus pressupostos os objetivos e
versas abordagens pós-moder- resultados esperados, silenciosamente
nas. Através da conversação com guiando os clientes por um caminho
o terapeuta, espera-se que o predeterminado, como a “individua-
cliente revise os significados que ção” da proposta de Jung ou a “atuali-
construiu sobre o mundo e sobre zação” de Rogers. Esta é uma das
si mesmo, podendo (des)cons- maiores críticas de Gergen às aborda-
truir narrativas em coautoria gens humanistas.
com o terapeuta e reorientar suas Segundo Rasera e Japur (2004), as
ações. A psicoterapia é concebida terapias baseadas nos pressupostos do
então como um conjunto de rela- construcionismo social apresentam al-
ções sociais que permitem a pro- gumas semelhanças. Entre os elemen-
dução compartilhada de sentidos tos comuns às terapias influenciadas
mediante a construção (e des- pelo construcionismo estão: o “foco
construção) de narrativas. A no significado” que as pessoas cons-
perspectiva construcionista trou- troem sobre sua vida; o entendimento

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da terapia como processo de co-cons- processo é construído em colaboração
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trução entre terapeuta e cliente; a aten- com o cliente. A metáfora da constru-
ção aos relacionamentos do cliente, ção e exploração de metanarrativas al-
muitas vezes trazendo sua rede de re- ternativas aparece como central nessa
lacionamentos para dentro do setting perspectiva, refutando a noção de uma
terapêutico; a sensibilidade aos valores identidade isolada que está adoecida e
do terapeuta e do cliente; a “ênfase po- precisa ser curada. Nesse ponto de vis-
livocal”, entendida como a crença na ta, não faz sentido entender a pessoa
existência de múltiplas formas de des- como um núcleo fechado fora de um
crever um problema e compreender o contexto histórico e cultural. Segundo
self; a preocupação com as consequên- McLeod (2004), o conceito de narrati-
cias da prática clínica; e o “foco nas va é trazido à terapia para fugir da
potencialidades”, já que o processo de perspectiva individualista e psicologi-
significação é aberto e constante. Essas zante da terapia moderna. Além disso,
características dão a base necessária para o autor, a imagem de pessoa na
para o surgimento de terapias mais so- perspectiva construcionista é de um
cialmente contextualizadas, desnatu- ser continuamente engajado na cons-
ralizando problemas e diagnósticos trução de identidade e produção de
estanques, já que o construcionismo sentido, conhecendo e se fazendo co-
social nos convida a pensar sobre nhecer, em interação e conversação
como a realidade é construída através com os outros, num contexto social
do uso da linguagem. complexo e fragmentado.
As perguntas-chave do construcio- Monk e Gehart (2003) entendem a
nismo social seriam: como as pessoas terapia narrativa e a terapia colaborati-
agem juntas e usam a linguagem para va como duas abordagens contempo-
organizar suas ações? Como as ações râneas de terapia familiar fortemente
sociais e os discursos estão atravessa- influenciadas pelas ideias do constru-
dos pelo poder? Do ponto de vista so- cionismo social, especificamente no
cioconstrucionista, a psicoterapia é vis- que concerne à ênfase na natureza
ta como um artefato cultural e histórico constitutiva da linguagem, ao foco so-
que envolve pessoas em certas relações bre o contexto sócio-relacional e à crí-
de ajuda (terapeutas/clientes) e a nego- tica às verdades objetivas. Ambas as
ciação de certos conhecimentos, valo- abordagens partilham a ideia de que a
res, práticas e repertórios, como por realidade não está dada, mas construí-
exemplo, aqueles que abrangem a re- da nas relações através da linguagem.
construção de um senso de agência, Essas abordagens também reconhe-
identidade pessoal e pertencimento. cem que a linguagem constrói os signi-
Cumpriria, assim, a mesma função que ficados e esses são histórica e cultural-
outros dispositivos sociais onde a iden- mente situados.
tidade pode ser redesenhada, como As psicoterapias pós-modernas, in-
por exemplo, as instituições religiosas, fluenciadas pelo construcionismo so-
organizações políticas e grupos de es- cial, agem contra os modos hegemôni-
portes (Angus & McLeod, 2004). cos instituídos pela psicoterapia
A psicoterapia orientada pelo cons- “tradicional”. Passam a compreender a
trucionismo social, portanto, foge da narrativa não mais como produção in-
lógica de mostrar resultados positivos dividual, mas como artefato histórico.
ou perseguir a cura de sintomas. Não Entender os fundamentos epistemoló-
busca alcançar um fim específico, seu gicos das terapias pós-modernas é ne-

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cessário para dar visibilidade às conse- interlocução. O construcionismo so- Contribuições do
quências que essas práticas produzem. cial é avesso a comparações que visem construcionismo social para a 63
clínica pós-moderna
A influência construcionista social enquadrar uma teoria como superior a Rafaella Medeiros de Mattos Brito

nessas abordagens gera novas visões outra. Ao contrário, acredita na multi-


de homem e diretrizes no processo te- plicidade de realidades possíveis. Por-
rapêutico, que se diferenciam de ou- tanto, esta base epistemológica co-
tras abordagens modernas. mum foi capaz de propiciar a constru-
A seguir, apresentaremos duas ção de duas teorias, que possuem tanto
abordagens pós-modernas, com seus divergências como pontos de concor-
respectivos convites para repensar a dância, sendo ambas relevantes.
clínica considerando a discursividade
e a moldagem histórico-cultural dos
processos de significação. A terapia A TERAPIA NARRATIVA DE WHITE E
narrativa focaliza a desconstrução de EPSTON
histórias dominantes que tendem a
subjugar o “eu”, dando oportunidade à A terapia narrativa teve sua origem,
re-autoria da autobiografia. A segunda nos anos 1980, em um trabalho de co-
perspectiva, a abordagem colaborati- laboração entre Michael White (Aus-
va, tem foco no diálogo e concebe a trália) e David Epston (Nova Zelândia)
terapia como conversação em que o no campo da terapia familiar, onde
terapeuta (em atitude de não saber) e teve grande repercussão. White partiu
cliente (como especialista) coprodu- das ideias sistêmicas de Bateson e a
zem novos significados, narrativas e partir dele revisou seu modo de con-
realidades. Apresentadas as perspec- ceituar e tratar o problema do cliente.
tivas, faremos uma análise comparati- Foi no pensamento de Bateson que
va entre as terapias, assinalando as White e Epston (1993, p. 20) conhece-
influências do construcionismo so- ram o método interpretativo, que se
cial nas terapias mencionadas e discu- refere ao estudo “dos processos pelos
tindo como essa influência produz quais deciframos o mundo. Dado que
praticas diferentes das tradicionais. A não podemos conhecer a realidade ob-
problematização das marcas constru- jetiva, todo conhecimento requer um
cionistas sociais nessas abordagens ato de interpretação”. Portanto, para
permite que o terapeuta possa com- White, inspirado no método interpre-
preender melhor sua prática, enten- tativo, os comportamentos problemá-
dendo que toda intervenção está situ- ticos dos membros de uma família não
ada em um contexto e paradigma que seriam justificados por disfunções in-
a possibilita. A postura do terapeuta, ternas próprias de cada pessoa, mas
o modo de facilitar a sessão e os resul- pelos significados que os membros
tados esperados não se estruturam atribuem aos eventos.
arbitrariamente, mas remontam às ba- Segundo Palma (2008), as influên-
ses epistemológicas que sustentam as cias de Michael White para o desen-
abordagens. Além disso, apontar o volvimento da terapia narrativa
construcionismo social como base co- abrangem de fato, um conjunto hete-
mum para a terapia narrativa e abor- rogêneo de tradições. De Jacques Der-
dagem colaborativa abre um diálogo rida, White adota o conceito de “au-
entre essas duas práticas, que são, mui- sente, mas implícito”, acreditando que
tas vezes, vistas, somente em suas dife- tudo que é dito em terapia carrega
renças, minando as possibilidades de também um não dito, que pode ser

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explorado através de questionamen- no percurso de Michael White e David
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tos que busquem as contradições e as Epston por vários campos.
lacunas daquela experiência. O aspec- Segundo a definição do Dulwich
to crítico de White foi influenciado Centre (2009), centro de estudos aus-
por autores como Foucault e sua refle- traliano, criado por Michael White em
xão sobre as relações de poder que 1983, e que hoje continua a pesquisar e
moldam nossas narrativas, e Gergen, divulgar a abordagem, a terapia narra-
que parte do pressuposto básico de tiva envolve maneiras de compreender
que a realidade é uma construção so- as histórias de vida das pessoas e a re-
cial, levando White a dar ênfase ao autoria dessas histórias em colabora-
contexto sociocultural em que se sus- ção com o terapeuta. Essa abordagem
tentam os problemas levados à tera- afirma que as pessoas são os maiores
pia. Se nenhuma realidade está pre- experts de suas próprias vidas e faz
viamente dada, os problemas são uma separação entre a pessoa e o pro-
construções sociais possibilitadas por blema, assumindo que a pessoa tem
um contexto específico. O movimento muitas habilidades, competências e
feminista, os estudos sobre violência valores que a ajudarão a reduzir a in-
familiar e questões de gênero também fluência dos problemas em sua vida.
contribuíram para que White cons- Há uma ênfase nas histórias de vida e
truísse uma teoria fortemente com- nas diferenças que podem ser alcança-
prometida socialmente. das quando a pessoa conta e reconta
O pensamento de Michael White sua história. Para White e Epston
também se inspirou na Psicologia do (1993), as pessoas dão sentido às suas
Desenvolvimento de Lev Vygotsky e vidas ao configurarem suas experiên-
Jerome Bruner. Baseado na ideia de cias em uma estrutura narrativa. Po-
Zona de Desenvolvimento Proximal rém, “a experiência vital é mais rica
de Vygotsky, White concorda que a que o discurso” (Bruner, 1986a, apud.
aprendizagem não acontece como White & Epston, 1993, p. 28), deixan-
processo individual, mas depende de do escapar aspectos importantes que
uma colaboração social. O terapeuta não foram incorporados na narrativa
funciona, então, como este parceiro, dominante. A terapia narrativa trata-
que em conversação com o cliente, -se, portanto, de uma prática onde re-
constrói com ele novos entendimen- latos alternativos são explorados a fim
tos. “Os andaimes construídos na con- de permitir novas possibilidades de
versação com o terapeuta permitem à significação e, portanto, de comporta-
pessoa dar passos bem sucedidos para mentos, já que nossas ações dependem
transitar do que é conhecido e familiar da maneira como interpretamos a rea-
para o que é possível de conhecer e re- lidade.
alizar” (Grandesso, 2008, p. 14) Já a A terapia narrativa é vista como
influência de Jerome Bruner eviden- uma posição política e possui um forte
cia-se na crença básica que norteia sua compromisso com a justiça social,
teoria sobre a narrativa como modo de sendo o terapeuta considerado um ati-
pensamento, isto é, a que conferimos vista político, indo contra a opressão
sentido à vida especialmente através social que aprisiona as pessoas em
de narrativas (Palma, 2008). Como vi- identidades fechadas sobre que é certo
mos, o construcionismo social é ape- e errado (Monk & Gehart, 2003).
nas uma das influências da terapia Apresenta-se como uma proposta an-
narrativa, que foi modelada e refinada ti-patologizante que permite que his-

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tórias alternativas surjam, tomando o Para que esta atribuição de significa- Contribuições do
lugar das narrativas dominantes e per- do seja possível, é necessário que os construcionismo social para a 65
clínica pós-moderna
mitindo que novas habilidades se tor- acontecimentos extraordinários se Rafaella Medeiros de Mattos Brito

nem explícitas. Esta posição nos con- organizem em uma narrativa alter-
vida a uma crítica generalizada do que nativa (tradução nossa) (p. 33).
se faz em terapia na atualidade e enfa-
tiza um olhar crítico e reflexivo sobre a Um evento extraordinário pode ser
prática terapêutica (Wallis, Burns, & compreendido como um aconteci-
Capdevila, 2011). mento que foge do padrão das narrati-
Uma das práticas mais utilizadas é a vas dominantes, pondo em xeque suas
externalização do problema, que con- “verdades” e possibilitando a constru-
siste em ajudar o cliente a ver-se como ção de narrativas alternativas. Para for-
separado do seu problema. Distinguir mar uma narrativa alternativa a partir
o “problema” como algo que não é par- desses eventos, White faz perguntas
te inerente da pessoa permite ao clien- que convidam a pessoa a refletir sobre
te enfrentá-lo com mais eficiência: as novas possibilidades abertas por
acontecimentos extraordinários. Para
A prática das conversações externali- este fim, Michael White propõe dife-
zadoras é compreendida, dentro des- rentes conversações como diretrizes
se contexto ideológico, como uma do processo terapêutico. As conversa-
forma de ajudar as pessoas a identi- ções externalizadoras, explicitadas aci-
ficarem os conhecimentos unitários e ma, são um exemplo. White e Epston
os discursos de ‘verdade’ a que se sub- (1993) as apresentam como um meio
meteram ao construir estreitas visões para abrir o diálogo à possibilidade de
de suas identidades e ralas histórias ressignificação. São diretrizes que de-
da experiência vivida. Em relação às vem ser modificadas de acordo com o
práticas culturais que objetivam as processo de cada cliente (Grandesso,
identidades das pessoas, as conversa- 2008; Payne, 2006).
ções externalizadoras podem ser Outra prática narrativa bastante
consideradas uma contra-prática: utilizada é o uso de testemunhas exter-
em vez de objetivarem as pessoas nas. O terapeuta convida alguém para
definindo-as e classificando-as como ouvir o relato do cliente e partilhar o
problemáticas, objetivam os proble- que mais lhe chamou a atenção, que
mas (White, 2007). metáforas e imagens vieram à sua ca-
Os problemas são os problemas, não beça ao ouvir a história da pessoa em
as pessoas. (Grandesso, 2008, p. 6 e 7) questão:

É a partir dessa separação entre pes- Não se trata, portanto, de interpretar,


soa e problema, que novos significa- teorizar, avaliar, muito menos de dar
dos podem ser identificados e narrati- conselhos, impor sua opinião ou jul-
vas alternativas podem ser criadas, gar. Portanto, a testemunha é esclare-
escapando, assim, da narrativa domi- cida que está participando de uma
nante. Como explicam White e Epston conversação na qual vai se envolver
(1993): pessoalmente, conforme contextuali-
za sua re-narrativa a partir das res-
Tendo identificado os eventos extra- sonâncias do que ouviu sobre sua
ordinários, pode-se convidar as pes- própria história. A testemunha é con-
soas para lhes atribuir significado. vidada a falar de forma pessoal, di-

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zendo da sua compreensão do porquê isto é, discursiva – distanciando-se de
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foi atraída por determinado aspecto uma epistemologia representacionista:
da história (Grandesso, 2008, p. 19). “a linguagem não é o espelho da natu-
reza, a linguagem cria a natureza que
A terapia narrativa é marcada, as- conhecemos.” (Anderson & Goo-
sim, por sua ênfase na desconstrução lishian 1988, p.378). Na terapia, essa
de histórias dominantes, mediante orientação leva à desnaturalização dos
modos alternativos de conversação e sistemas de nomeação e classificação
pela inclusão de testemunhas externas que podem nos levar a reificar os pro-
na sessão terapêutica, ampliando as blemas dos clientes.
possibilidades de diálogo e construção Na abordagem colaborativa, o siste-
de significados. ma terapêutico é um sistema linguísti-
co formado em torno de um “proble-
ma”. Os problemas são construídos,
A ABORDAGEM COLABORATIVA DE isto é, são “negociados” nos muitos
ANDERSON E GOOLISHIAN espaços de interação social. Portanto,
para organizar e dissolver o “proble-
Harlene Anderson e Harold Goo- ma” central, terapeuta e cliente colo-
lishian são fundadores do Instituto de cam-se numa conversação terapêutica
Família de Galveston, em Houston, e que possibilite os processos de signifi-
desenvolveram, por volta dos anos cação dos eventos e situações conside-
1980, a abordagem colaborativa. Tal rados “problemáticos” e as circunstân-
perspectiva surgiu no âmbito da tera- cias em que são construídos dessa
pia familiar, sendo utilizada também forma. Para a abordagem, o problema
em atendimentos individuais. Os au- não está na pessoa, mas no campo de
tores partem do pressuposto de que “as significados atribuídos à experiência.
pessoas vivem e compreendem seu vi- Como afirma Anderson (2011, p. 63),
ver por meio de realidades narrativas “as características que atribuímos a
construídas socialmente, que confe- problemas não são características dos
rem sentido e organização à sua expe- sistemas ou do problema, mas caracte-
riência” (Anderson & Goolishian, rísticas que damos a eles”.
1998, p. 36). Situando a abordagem Estando o problema na linguagem
colaborativa como uma teoria pós- em uso, é também na linguagem em
-moderna, isto é, que rompe com os uso que ele se “dissolve” (Anderson &
pressupostos modernos de objetivida- Goolishian, 1988). Esta compreensão
de, certeza e universalidade, Anderson refere-se à atenção que é dada aos
(2001) parte da ideia socioconstrucio- múltiplos significados e versões que
nista de que o conhecimento é relacio- podem ser conferidos a certos eventos
nal e linguisticamente construído na e situações por um mesmo narrador.
conversação e defende a existência de Esse relativismo opõe-se a certas ver-
múltiplas realidades que são negocia- tentes realistas em psicologia que acre-
das na linguagem em uso. ditam na existência objetiva do proble-
Também influenciados pela terapia ma, independente do sentido que é
sistêmica, Anderson e Goolishian conferido a ele. Anderson (2011) ex-
(1998) acreditam que todos os siste- plica:
mas humanos são sistemas linguísti-
cos. Essa perspectiva pressupõe que a Problemas vivem e respiram em lin-
realidade é uma construção social – guagem. Usar o linguajar, ou comu-

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nicar, dentro do domínio de um pro- não se sentir compreendido. Ao con- Contribuições do
blema, forma um sistema social: trário, as perguntas feitas a partir de construcionismo social para a 67
clínica pós-moderna
problemas criam sistemas. O proble- uma atitude de não saber posicionam Rafaella Medeiros de Mattos Brito

ma determina o sistema. (...) pensa- o cliente como especialista de sua pró-


mos no sistema problema como um pria vida e trazem à tona possibilida-
sistema de ação social organizado des até então desconhecidas por ele. A
em torno do uso de linguagem nas abordagem colaborativa não visa a
questões das vidas das pessoas que mudança de personalidade, mas pro-
elas definem como problemas. Siste- cura abrir espaço para o novo:
mas problemas, assim como proble-
mas, existem na linguagem (p. 70). A mudança em terapia é a criação
dialógica de uma nova narrativa e,
No diálogo, novos significados es- portanto, a abertura de oportunida-
tão constantemente sujeitos a emergir, des para novos meios de ação. O po-
devido à natureza transformadora da der transformador da narrativa resi-
linguagem. Um evento nunca se esgota de em sua capacidade de re-relatar
em seu entendimento; não porta um os eventos de nossa vida no contexto
sentido correto que, ao ser decifrado, de novos e diferentes sentidos. Nós
se encerra. A terapia é um aconteci- vivemos nas e através das identida-
mento linguístico e o terapeuta é visto des narrativas que desenvolvemos
como um “artista da conversação”, res- em conversações uns com os outros.
ponsável por criar um espaço dialógi- A especialidade do terapeuta é a ha-
co que facilite a exploração de novos bilidade de participar deste processo.
sentidos. Para isso, o terapeuta procu- Nosso “self ” está sempre mudando.
ra fazer perguntas a partir de uma po- (Anderson & Goolishian, 1998, pág
sição de “não-saber”, procurando en- 37 e 38)
tender mais sobre o que está sendo
dito (Anderson & Goolishian, 1998). De fato, a abordagem colaborativa
Esta postura, que se diferencia de uma trabalha com incertezas; não se inicia
posição do psicólogo como especialis- um atendimento sabendo-se aonde
ta, foi influenciada pelas teorias her- quer chegar. As novas resoluções vão
menêuticas e interpretativas, que acre- emergir da relação entre terapeuta e
ditam que o entendimento é sempre cliente e são, portanto, imprevisíveis.
fruto da interpretação. Não existe um Não existe uma resolução mais verda-
significado verdadeiro que deve ser deira que outra, por isso, não existe
captado, o significado é construído na uma solução certa que deve ser desve-
relação. lada como algo que já existia a priori.
Anderson (2001) sempre esteve in- As soluções são construídas, e não
teressada em compreender como a te- descobertas.
rapia era vista como eficaz ou não efi- O terapeuta colaborativo está ciente
caz, e por que alguns terapeutas das relações de poder que permeiam a
tinham sido importantes para seus terapia, porém, por mais que inevita-
clientes enquanto outros mostravam- velmente esteja numa posição diferen-
-se incapazes de ajudar. A autora con- ciada de seu cliente, ele escolhe abdi-
cluiu que, ao questionar a fala do car de uma posição hierárquica
cliente e tentar guiá-lo por um cami- superior, posicionando-se como um
nho específico, o terapeuta pode levar aprendiz, que chega até o cliente des-
o cliente a se fechar para o diálogo por provido de ideias prévias sobre ele.

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Evita diagnosticá-lo, testá-lo e enqua- a abordagem colaborativa, iluminando
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drá-lo em fórmulas e teorias disponí- suas semelhanças e diferenças, e iden-
veis. Dispor o cliente como especialis- tificando as formas como o constru-
ta de sua vida é uma das características cionismo social aparece como base
mais marcantes na abordagem de An- epistemológica dessas teorias, diferen-
derson e Goolishian. ciando-as das perspectivas modernas.
Pensar nos sistemas humanos exis- Anderson (2011) sugere que o desafio
tindo nos espaços comunicativos que a pós-modernidade propôs às psi-
muda a forma de conduzir a terapia. coterapias foi o de deslocar o foco do
Além do formato tradicional do diálo- problema do interior dos indivíduos
go entre terapeuta e cliente, a terapia para a relação social. Como vimos,
colaborativa utiliza-se de formas adap- tanto a terapia narrativa quanto a
tadas da prática do reflecting team pro- abordagem colaborativa parecem ter
posto por Tom Andersen (1987). A assumido esta posição. O foco na rela-
equipe reflexiva consiste em convidar ção social aparece em muitas caracte-
um grupo a assistir à sessão de atendi- rísticas dessas abordagens, sendo uma
mento familiar e debater, com os clien- delas, a atenção que é dada às intera-
tes e o terapeuta, sobre suas impres- ções entre terapeuta e cliente e aos no-
sões a respeito do que ouviu e vos significados que podem daí emer-
observou. A proposta consiste em tra- gir. Gergen e Kaye (1998) defendem
zer novas ideias para um sistema fami- que a transformação é uma “questão
liar que pode estar fechado e viciado inerentemente social”, ocorrendo nos
em significados repetitivos. Esta práti- variados ambientes, momentos e situ-
ca mostra que o problema é multiface- ações em que as pessoas estão em co-
tado, com muitos entraves, mas tam- municação, negociando seus interes-
bém muitas oportunidades de solução. ses, posicionando-se no mundo,
Tira também a responsabilidade do solucionando conflitos, enfim, tocan-
terapeuta de ser o portador da verdade do suas vidas com os demais seres hu-
e da solução para os problemas, já que manos. Portanto, não é o terapeuta
o cliente percebe, através dos múlti- que muda o cliente, nem o cliente que
plos diálogos travados na sessão, que muda sozinho. Esta ideia também pa-
existem outras maneiras de olhar para rece estar presente no termo “colabo-
seus problemas. rativa” que define a abordagem de An-
A terapia colaborativa aparece, as- derson e Goolishian.
sim, como um convite a conversação, Monk e Gehart (2003) afirmam que
apostando na natureza transformado- as duas abordagens reconhecem o ca-
ra do diálogo e na capacidade do clien- ráter constitutivo da linguagem como
te de decidir sobre sua própria vida. sendo capaz de construir significados
e mediar a experiência humana. Am-
bas as abordagens focam o contexto
UM DIÁLOGO ENTRE AS sócio-relacional onde as pessoas se in-
ABORDAGENS serem e de onde surgem os “proble-
mas”, além de criticarem a crença em
Tendo apresentado as duas aborda- verdades objetivas e universais. Essas
gens e a influência do construcionis- semelhanças dizem respeito à base
mo social nas terapias pós-modernas, construcionista social comum. As
concluiremos este trabalho com uma abordagens aqui discutidas acreditam
comparação entre a terapia narrativa e que os significados – porque construí-

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dos na relação social – se forjam nas dem se diferenciar quanto ao modo de Contribuições do
contingências históricas e culturais, conceber a transformação pessoal e os construcionismo social para a 69
clínica pós-moderna
portanto, levam a marca de seu tempo, meios de favorecê-la na relação psico- Rafaella Medeiros de Mattos Brito

dos seus sistemas de conhecimento e terápica. A proposta construcionista


especialmente, das relações de poder social de terapia defende uma abertura
em disputa em certo momento. Frutos para a multiplicidade narrativa:
da “crise da representação”, essas abor-
dagens exercitam sua recusa a mode- Assim, para o profissional pós-mo-
los de “diagnóstico” e “cura” que impli- derno, uma multiplicidade de auto-
quem afirmações de aspiração versões é estimulada, mas não o
universalista e individualizante, ten- comprometimento a uma delas. Isto
dendo para visões relativistas sobre o encoraja o cliente, por um lado, a ex-
sofrimento psíquico e propostas mais plorar uma variedade de meios de
dialogadas (e sobretudo abertas) entendimento do self, mas desenco-
quanto aos objetivos e procedimentos raja um comprometimento com
da intervenção psicoterápica. Assim, qualquer um deles enquanto “a ver-
ao longo da terapia, o cliente dialoga dade do self”. As construções narra-
com seus interlocutores (terapeuta, tivas permanecem fluidas, abertas às
co-terapeutas, membros da família e marés das circunstâncias (Gergen &
outros clientes) sobre suas experiên- Kaye, 1998, p. 217).
cias e sentimentos, constrói versões de
realidade sobre seu problema, modifi- Esse objetivo se configura de uma
ca seu modo de falar de si e de suas forma particular em cada uma das
aflições, e pode chegar até a sentir-se abordagens. A terapia narrativa, de
melhor a respeito de uma questão que, Michael White, trabalha no sentido de
de forma objetiva, parece ter permane- estimular a construção de uma narra-
cido inalterada. O que mudou foi sua tiva alternativa para substituir a narra-
forma de olhar para o problema, que o tiva dominante trazida pelo cliente,
leva a reorientar-se em função desse causadora de sofrimento e restritiva de
novo olhar. seus potenciais de significação e ação.
Numa perspectiva crítica, Parker Já a abordagem colaborativa evita um
(1999) assinala que, ao conceberem os objetivo psicoterápico específico, uma
problemas como construções narrati- vez que se propõe a ser um espaço de
vas situadas numa prática discursiva, abertura ao diálogo entre cliente e te-
ao invés de “propriedades patológicas rapeuta e aos novos significados que
da personalidade” (Parker, 1999, p. 2), podem daí surgir. O convite constru-
muitos terapeutas contribuem para cionista à multiplicidade é ilustrado na
desconstruir o projeto da psicoterapia explicação de Anderson (2011) sobre
tradicional. Parker cita White como sua prática clínica:
um desses terapeutas, que passaram a
dar visibilidade a questões de opressão Em minha opinião, o propósito da
e emancipação, e sugere a constante terapia é ajudar as pessoas a contar
“desconstrução” da prática clínica suas narrativas na primeira pessoa
como uma alternativa contra o uso de para que possam transformar suas
técnicas fixas. autoidentidades em outras que lhes
Embora as duas abordagens sofram permitam desenvolver entendimen-
a influência socioconstrucionista e to sobre sua vida e seus eventos,
partilhem pressupostos comuns, po- que permitam múltiplas possibili-

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dades para modos de ser e agir no Nas duas abordagens são levadas
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mundo em qualquer dado momen- em conta as relações de poder que es-
to e sob qualquer circunstância e tão envolvidas na clinica, onde o psi-
lhes ajudem a ter acesso à ação ou a cólogo é comumente colocado na po-
um sentido de autoação e expressá- sição do expert que determina qual o
-la ou executá-la (grifo nosso) (p. problema do cliente e o que ele deve
194) fazer para alcançar a solução. No en-
tanto, em ambas as abordagens o tera-
Isso nos leva a pensar sobre o pro- peuta abdica da posição de especialis-
cesso terapêutico e sobre os procedi- ta. O conhecimento é criado dentro do
mentos utilizados na sessão. A aborda- espaço interacional, logo o terapeuta
gem colaborativa não foca em técnicas não prioriza conhecimentos prévios
específicas, aparecendo mais como sobre o cliente, nem estabelece o que é
uma postura filosófica do terapeuta do melhor para ele (Anderson & Goo-
que como uma forma específica de lishian, 1998).
atuar. Já a terapia narrativa sugere esti- A crença construcionista de que no-
los de conversação, tais como as con- vos diálogos promovem novas mu-
versações externalizadoras, como di- danças parece ter sido uma influência
retrizes para o terapeuta melhor para a incorporação de novos perso-
conduzir as sessões, além de propor nagens no setting terapêutico destas
outras atividades como a escrita de duas abordagens. O uso de testemu-
cartas terapêuticas. nhas externas na terapia narrativa e da
A respeito da postura terapêutica, equipe reflexiva na abordagem colabo-
Anderson e Goolishian (1998) pare- rativa nos remete às múltiplas possibi-
cem concordar com Gergen. Assim lidades de realidade, permitindo que
como os autores da abordagem cola- as contribuições não se restrinjam so-
borativa, Gergen e Kaye (1998) abdi- mente ao ponto de vista do terapeuta.
cam da posição de especialista e de- A influência construcionista traz à
fendem que o terapeuta deve se tona seu conceito fundamental de que
apropriar do vocabulário do cliente e somos forjados por múltiplas vozes. O
oferecer: diálogo do terapeuta somente com o
cliente não seria tão rico quanto a in-
[...] um clima no qual os clientes te- tervenção que a equipe reflexiva e as
nham a experiência de serem ouvi- testemunhas externas promovem.
dos, de terem seus sentimentos e pon- Segundo avaliação de Rasera e Japur
tos de vista compreendidos, de se (2004), essas abordagens, guardam ain-
sentirem confirmados e aceitos. Isto da algumas heranças da modernidade,
envolve um esforço para entender o como certa visão individualista do self,
ponto de vista do cliente, para comu- presente na “preocupação com o senso
nicar um entendimento de como este de autocompetência do cliente” na
ponto de vista faz sentido para a pes- abordagem colaborativa e na “ênfase
soa, dadas as premissas a partir das em sua experiência vivida” (p.438) na
quais ele se produz. Ao mesmo tem- terapia narrativa. A abordagem colabo-
po, isso não implica uma aceitação rativa parte da ideia de que “as pessoas
ou confirmação das premissas do procuram terapia, costumeiramente,
cliente, mas sim uma investigação in- porque perderam seu senso de auto-
teressada, que abre as premissas para competência para lidar com um pro-
explorações (p. 220). blema” (p. 436) colocando, assim, o

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foco no indivíduo. Este mesmo foco é primeiros estudos com familiares de Contribuições do
visto na terapia narrativa, que postula esquizofrênicos, e influenciou tanto a construcionismo social para a 71
clínica pós-moderna
que as pessoas procuram terapia quan- terapia narrativa quanto a abordagem Rafaella Medeiros de Mattos Brito

do sua experiência vivida não está de colaborativa. As ideias de Bateson po-


acordo com a história dominante cria- dem ser reconhecidas em algumas ca-
da. Para Rasera e Japur (2004), outro racterísticas da terapia narrativa, a co-
desafio lançado pelo construcionismo meçar pela centralidade da narrativa e
social e que foi incorporado de diferen- da dimensão do tempo. Como visto
tes maneiras e intensidades por cada anteriormente, a terapia narrativa foi
abordagem, foi a questão da “contri- influenciada pelo método interpretati-
buição do contexto social para a con- vo que White (1993) conheceu através
versa terapêutica” (p. 438). A terapia de Bateson. A ideia de que todo co-
narrativa parece dar mais ênfase ao nhecimento é um ato de interpretação
contexto macrossocial e às questões de levou Michael White a explorar o efei-
dominação e poder, enquanto pode- to do problema na vida das pessoas, já
mos dizer que a abordagem colaborati- que é a forma como a pessoa significa
va foca as relações microssociais, dan- o problema, que define seu comporta-
do maior ênfase à relação entre mento frente a ele. Portanto, os signifi-
terapeuta e cliente. Monk e Gehart cados das experiências dependem dos
(2003) também parecem entender que mapas que a pessoa constrói. Desta
a terapia narrativa se diferencia da forma, uma experiência que não se en-
abordagem colaborativa por dar maior caixa nos mapas já existentes, não é
ênfase a questões políticas que envol- incorporada pela pessoa (Grandesso,
vem poder e discurso. Esta ênfase se 2008).
deve a grande influência de Foucault Anderson (2011) aponta o constru-
no pensamento de Michael White. Foi cionismo social, a hermenêutica e os
deste filósofo que White e Epston estudos sobre narrativas como os
(1993) incorporaram a ideia de que as maiores avanços para a abordagem
narrativas pessoais são forjadas por colaborativa, mas reconhece a impor-
narrativas culturais, que podem limitar tância da terapia familiar, influencia-
as possibilidades existenciais. Os tera- da por Bateson, no início da constru-
peutas narrativos, portanto, possuem ção desta teoria. Essa influência
uma postura de maior intervenção po- recusa a centralidade do indivíduo e a
lítica em seus atendimentos, assumin- busca do problema em seu estado in-
do, na terapia, um compromisso de terno e focaliza o comportamento
enfrentamento da opressão. (Monk & contextualizado dentro de uma famí-
Gehart, 2003) Já os terapeutas colabo- lia, entendendo que “todo comporta-
rativos, apostam na novidade do que mento é comunicação” (Anderson,
pode emergir na conversação entre te- 2011, p.16).
rapeuta e cliente, abrindo espaço para a Para Parker (1999) a terapia fami-
multiplicidade de possibilidades. liar, assim como a psicologia crítica,
O construcionismo social aparece foram influências que permitiram o
como uma das influências para as movimento da desconstrução psicote-
abordagens pós-modernas, ao lado de rápica, que visa desnaturalizar a forma
outras influências marcantes. Uma é a como certos entendimentos são privi-
terapia familiar influenciada pelas legiados em favor de outros, modifi-
ideias de Bateson e a equipe de Palo cando a maneira como os problemas
Alto, na década de 1950, que teve seus são vistos nas histórias de vida das

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pessoas e dando ênfase às questões de terapia como construção social. Por-
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poder envolvidas nas relações. to Alegre: Artes Médicas.
Apesar das múltiplas influências, Avdi, E., & Georgaca, E. (2007). Narra-
de algumas divergências, e de ainda tive research in psychotherapy: a
estarem atreladas a alguns pressupos- critical review. Psychology and
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