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Bolívia e Venezuela: experiências bolivarianas opostas

José Eustáquio Diniz Alves

A Venezuela é a terra natal de Simon Bolívar (1783-1830) e a Bolívia é a nação latino-americana


que homenageou o libertador da América Latina dando o seu nome ao país. As duas nações
possuem regimes que seguem a linha bolivariana pregada por Hugo Chávez (1954-2013).

Todavia, em termos econômicos, os dois países seguem rumos bem diferentes. No final do
século passado, a Venezuela era a nação mais rica da América do Sul e a Bolívia a mais pobre.
Mas a partir de 2020 a Venezuela estará mais empobrecida do que a Bolívia e será a nação mais
pobre do continente, marcando a maior tragédia econômica que se tem notícia desde a
libertação das Américas. Além de tudo, Venezuela e Bolívia perdem, por exemplo, para a
expressiva dinâmica do Vietnã.

O gráfico abaixo, com dados do FMI, divulgados em abril de 2019, mostra que a Venezuela tinha,
em 1980, uma renda per capita (preços constantes em poder de paridade de compra – ppp) de
US$ 18,3 mil, quatro vezes maior do que a renda per capita da Bolívia que era de US$ 4,6 mil.
Nesta data, o Vietnã tinha uma renda per capita de somente US$ 1 mil (18 vezes menos do que
a Venezuela e 4 vezes menos que a Bolívia)

Entre os dois países da América do Sul, o quadro não tinha mudado muito até 2006, quando Evo
Morales assume a presidência da Bolívia, que mantinha uma renda per capita de US$ 4,6 mil e
a Venezuela tinha renda de US$ 16,4 mil (3,6 vezes maior). O quadro também não tinha mudado
significativamente quando Hugo Chávez morreu, em 2013, pois a Venezuela tinha renda per
capita de US$ 17,9 mil e a Bolívia de US$ 5,7 mil (3,1 vezes maior). Durante este período o
comunista Vietnã manteve rápido crescimento da renda per capita.

Renda per capita (preços constantes em ppp) da Venezuela, Bolívia e Vietnã: 1908-2024
20,000
18,000
Renda per capita (US$ ppp)

16,000
14,000
12,000
10,000
8,000
6,000
4,000
2,000
0
1988

1994

2000
1980
1982
1984
1986

1990
1992

1996
1998

2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
2018
2020
2022
2024

Venezuela Bolívia Vietnã

Fonte: FMI, WEO, abril/2019 https://www.imf.org/external/datamapper/datasets/WEO

Mas o quadro começou a mudar veloz e significativamente, pois a Venezuela entrou em um


período de declínio acelerado após a presidência de Nicolás Maduro, em abril de 2013. A

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economia da Venezuela apresentou uma situação geral de degradação e descontrole, com a
renda per capita caindo pela metade em apenas 5 anos, enquanto a renda da Bolívia continuava
crescendo. De tal forma, que em 2020, a renda per capita da Venezuela está prevista para US$
6,89 mil, abaixo da renda da Bolívia de US$ 6,96 mil e, ambas, abaixo da renda per capita do
Vietnã de US$ 7,4 mil. O que estava ruim piorou muito em 2019 na Venezuela, com apagões,
fome, emigração em massa, aumento da mortalidade e da pobreza, etc. A estimativa para 2024
é a Venezuela com uma renda de US$ 6,2 mil, cerca de 20% mais baixa do que a renda da Bolívia
prevista para US$ 7,6 mil e muito abaixo dos US$ 9,2 mil do Vietnã.

Comparando apenas os dois países latino-americanos, desde 2010, a economia venezuelana só


cresceu mais do que a economia boliviana em 2012 e a partir de 2014 o desastre venezuelano
foi incomparável. Entre 2010 e 2014 a Bolívia apresentou taxas de crescimento anual do PIB
acima de 5% e nos anos seguintes ficou em torno de 4% ao ano. A Venezuela já andava mal das
pernas no período da presidência Chávez, mas deu um mergulho para o abismo no período
Maduro, sendo que deve apresentar um declínio de 25% em 2019, como mostra o gráfico abaixo
(além de uma inflação anual que está na casa de milhões). Não existe exemplo na história de um
país, sem estado de guerra, que apresente um declínio tão acentuado quanto no período
Maduro.

Taxa de crescimento anual do PIB da Bolívia e da Venezuela: 1980-2024


10

-5
%

-10

-15

-20

-25
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024

Bolívia Venezuela

Fonte: FMI, WEO, abril/2019 https://www.imf.org/external/datamapper/datasets/WEO

O mais incrível é que a Venezuela possui as maiores reservas nacionais registradas de


combustíveis fósseis. Contudo, a “maldição do petróleo” tornou a economia da Venezuela
altamente dependente de apenas um produto e não conseguiu se diversificar e ampliar a
produção para atender a demanda de bens e serviços da população. A incompetência do
governo e as políticas equivocadas provocaram o sucateamento da estrutura produtiva, gerando
a maior crise social e migratória do país de Simon Bolívar.

A Bolívia também possui grandes reservas de gás e, principalmente, grandes reservas de lítio,
que é a matéria prima da industrial de celulares, carros elétricos, etc. Nas 4 décadas entre 1980
e 2020 a renda per capita boliviana subiu apenas 50%, o que é muito pouco quando comparada

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com a média mundial. O governo Evo Morales, embora compartilhe a mesma ideologia chavista
de Maduro, tem apresentado resultados econômicos muito melhores na última década, embora
a Bolívia permaneça apresentando elevada taxa de pobreza e um dos piores níveis de renda do
continente, agora só igualado e piorado pela Venezuela. A Bolívia é um país pobre que melhora
lentamente (o Vietnã, por exemplo, era muito mais pobre que a Bolívia e agora já é muito mais
rico). A Venezuela era um país rico que fez um mergulho vertical para a escuridão do fundo do
poço.

A jornalista e escritora venezuelana Karina Sainz Borgo, em artigo na Folha de São Paulo
(17/04/2019), mostra que o regime chavista prometeu mundos e fundos, mas apenas gerou
uma depressão econômica inigualável, restringiu as liberdades democráticas e causou um
grande caos socioeconômico. Ela diz: “Algumas semanas atrás entrou em colapso a central
hidrelétrica do Guri, que fornece energia aos venezuelanos desde os anos 1970, aqueles anos
de riqueza e petróleo do século 20. A falta de investimentos para manter uma represa situada
no rio Caroní fez à represa o que o tempo faz com as obras públicas da democracia: a esburacou,
a carcomeu, a apodreceu. O país inteiro ficou às escuras. Três dias se passaram, com suas três
noites. Mais de uma centena de doentes morreu nos hospitais. A vida escoou no silêncio das
máquinas apagadas. A comida, que já é escassa e custa cinco vezes o valor de um salário médio,
estragou. Cada pôr do sol se converteu em um prazo descumprido. Desde então, o fornecimento
de eletricidade é intermitente e escasso. Uma noite histórica tomou conta de um país que em
certa época teve tudo”.

Reportagem do jornal El País (16/04/2019) mostra que a Venezuela sofre o maior aumento de
casos de malária do mundo, sendo que os especialistas estimam que a doença já está afetando
um milhão de venezuelanos pelas condições ruins do sistema de saúde e a falta de controle
sobre os mosquitos. Com a emigração em massa a malária se espalha por outros países do
mundo, agravando a situação de saúde especialmente na América Latina.

Simon Bolívar – que era grande admirador das ideias e dos ideais de Alexander von Humboldt
(1769-1859) – não imaginaria que o país onde nasceu e o país que leva seu nome estariam entre
os dois mais pobres do continente. Especialmente, não suportaria saber que o regime
bolivariano, inspirado em seu nome, tornaria a Venezuela um exemplo de fracasso, corrupção,
desmando, autoritarismo e palco de um sofrimento inimaginável da maior parte de sua
população.

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Renda per capita (preços constantes em ppp) da Bolívia e da Venezuela: 1908-2024
20,000
18,000
Renda per capita (US$ ppp)

16,000
14,000
12,000
10,000
8,000
6,000
4,000
2,000
0

2014
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012

2016
2018
2020
2022
2024
Bolívia Venezuela

Fonte: FMI, WEO, abril/2019 https://www.imf.org/external/datamapper/datasets/WEO

Venezuela: sobre a revolução e a velha febre do ouro

Toma forma a maior demolição cidadã de um país

A jornalista e escritora venezuelana Karina Sainz Borgo, autora do livro 'Noite em Caracas' (ed.
Intrínseca)

A jornalista e escritora venezuelana Karina Sainz Borgo, autora do livro 'Noite em Caracas' (ed.
Intrínseca) - Lisbeth Salas/Divulgação

17.abr.2019 às 2h00

Karina Sainz Borgo

Ano 2000. Hugo Chávez estreava o primeiro dos 15 anos que permaneceu à frente da revolução,
a Venezuela assistia à redação de uma nova Constituição e os jornais nacionais ilustravam suas

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capas com a foto de um grupo de indígenas pemones reunidos diante de um espelho. Muito
concentrados com o reflexo, pintavam seus rostos pouco antes de entrar no semicírculo do
Congresso, então a sede do poder constituinte. Todos haviam viajado do sul da Venezuela, esse
lugar do qual são os assentadores ancestrais: um território rico em minas, álcool e tragédia que
naqueles dias entrou nas campanhas eleitorais como “rio em Conuco”.

Tudo estava por ressurgir, ou assim o interpretaram alguns. Hugo Chávez prometeu fritar em
óleo fervente as cabeças dos políticos tradicionais venezuelanos, garantiu que ninguém roubaria
nunca mais, que tudo seria para o povo e que o país finalmente sonharia com um novo tempo.
Ele também ofereceu coisas aos pemones, desde reparar os agravos históricos dos quais eles
tinham sido objeto até reconhecer os títulos de demarcação de suas terras, situadas na fronteira
com o Brasil, essa região onde se incuba a velha febre do ouro da qual o escritor Rómulo Gallegos
falou em “Canaima” quase um século atrás. Nada era novo, mas parecia ser. Era o bastante.

Duas décadas depois, já não restam jornais independentes na Venezuela. Foram quase todos
fechados, acossados por multas ou comprados por magnatas e testas de ferro da revolução. Os
que ainda restam mal conseguem informar sobre os mais de 30 pemones abatidos pelas forças
do Estado entre 23 e 24 de fevereiro de 2019. E menos ainda sobre os que morreram
assassinados pelos militares quando os caciques daquela tribo acusaram Nicolás Maduro de
converter o parque natural de Canaima em uma terra de sangue e destruição com seu projeto
do Arco Mineiro, um plano de exploração das jazidas que foi executado pelos hierarcas sob a
mira de revólveres. Os povoadores mais antigos do país desenterraram o machado de guerra
guardado durante anos e se declararam em rebelião.

As jazidas minerais mais importantes da Venezuela ficam justamente no Escudo das Guianas,
esse local envolto no mito de Canaima, uma expressão fundadora indígena e que dá nome ao
parque natural. Nessa terra complexa —e às vezes obscura— o regime de Nicolás Maduro
enxergou uma salvação diante da debacle financeira: uma fonte de ouro e diamantes para
amenizar a bancarrota nacional.

Entraram nela a sangue e fogo, como o mais cobiçoso dos garimpeiros. Essas terras durante anos
habitadas pelos pemones agora sofrem uma das maiores espoliações naturais e econômicas
exercidas pelos mesmos que prometeram justiça e abundância. Obrigados a cooperar com a
intimidação e a repressão militar, os pemones parecem o símbolo mais claro do que fez a
revolução com suas promessas: as descumpriu.

Ninguém mais se lembra daquela foto dos pemones no Congresso. Já se passou tempo demais.
A Venezuela continua governada pelo regime de Hugo Chávez através de um sucessor, Maduro,
mas também completa quase 20 anos de controle cambial da moeda; a inflação passa de um
milhão por cento, e a economia sofre um desabastecimento de mais de 90% de alimentos e
medicamentos.

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As cifras oficiais sobre as mortes violentas às mãos do crime não existem mais, porque o Estado
não as divulga. Mas o Observatório Venezuelano da Violência, um organismo independente,
divulgou uma lista de 26.244 homicídios —73 por dia— e um total estimado de mais de 350
presos políticos nos cárceres venezuelanos. Vinte anos se passaram, mas parecem mais de 20.
A fronteira se tornou um lugar ainda mais perigoso, onde os povoadores históricos estão
expostos a uma violência dupla: a do garimpo ilegal e a dos militares que pretendem explorar o
Arco Mineiro à força.

A destruição é ainda mais profunda. Algumas semanas atrás entrou em colapso a central
hidrelétrica do Guri, que fornece energia aos venezuelanos desde os anos 1970, aqueles anos
de riqueza e petróleo do século 20. A falta de investimentos para manter uma represa situada
no rio Caroní fez à represa o que o tempo faz com as obras públicas da democracia: a esburacou,
a carcomeu, a apodreceu. O país inteiro ficou às escuras. Três dias se passaram, com suas três
noites. Mais de uma centena de doentes morreu nos hospitais. A vida escoou no silêncio das
máquinas apagadas. A comida, que já é escassa e custa cinco vezes o valor de um salário médio,
estragou. Cada pôr do sol se converteu em um prazo descumprido. Desde então, o fornecimento
de eletricidade é intermitente e escasso. Uma noite histórica tomou conta de um país que em
certa época teve tudo.

2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022


9.487,13 7.399,43 6.889,02 6.544,57 6.413,67 6.317,47 6.222,71
6.646,23 6.803,23 6.957,24 7.107,89 7.254,81 7.404,76 7.557,81
1,427444 1,087634 0,990194 0,920747 0,884059 0,853164 0,823348

Em 14 de abril de 2013, Maduro foi eleito 57º presidente da Venezuela, para cumprir um
mandato integral. Acabou reeleito em 2018, num pleito controverso e não reconhecido pela
oposição e pela comunidade internacional, com muitos países e órgãos supranacionais não
admitindo mais sua legitimidade como presidente

Nicolás Maduro Moros (Caracas, 23 de novembro de 1962) é um político venezuelano,


atual presidente de facto da República Bolivariana da Venezuela. Como vice-presidente,
assumiu interinamente a presidência da República em 2012, logo após a vitória eleitoral
de Hugo Chávez, em razão da grave enfermidade do presidente eleito. Chávez faleceu em
5 de março de 2013, e novas eleições foram convocadas. Em 14 de abril de 2013, Maduro
foi eleito 57º presidente da Venezuela, para cumprir um mandato integral. Acabou reeleito
em 2018, num pleito controverso e não reconhecido pela oposição e pela comunidade
internacional, com muitos países e órgãos supranacionais não admitindo mais sua
legitimidade como presidente.[1] Maduro havia servido anteriormente como Ministro dos
Negócios Estrangeiros de 2006 a 2013.

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