Página - 2 Jornal de Umbanda Sagrada - SETEMBRO/2015

Sete Linhas de Umbanda

Parte IV A PALAVRA DO EDITOR
Por ALEXANDRE CUMINO Contatos: alexandre@colegiopenabranca.com.br

Fotos: Divulgação - Google images

DANDO CONTINUIDADE ao nosso
estudo sobre as Sete Linhas de
Umbanda, em que estamos revendo
as várias “Sete Linhas de Umbanda”
que foram apresentadas e aceitas
por diversos grupos e autores um-
bandistas ao longo dos anos, Aluizio
Fontenele, em 1951, adotou ao pé
da letra as Sete Linhas de Lourenço
Braga (citado na Parte III).
Yokaanam publica, em 1951,
Evangelho de Umbanda, obra polê-
mica que apresenta as Sete Linhas
de Lourenço Braga e as critica
dizendo: “Eis o que os africanistas
apresentam como ‘UMBANDA’! Mera
confusão!”.
Apresenta 7 Legiões que tem
como patronos 7 “Orixalás”. Acima
delas está o Paraninfo ou Patrono
de Honra: Jesus – “Oxalá” e abaixo
Benjamin Figueiredo, fundador da Tenda Espírita Mirim (à direita), em 1924, e o Primado de Umbanda, em 1952.
como segue:

1ª S. João Batista – “Xangô-Kaô” Linha de Santo Umbanda, inspirada pelo Caboclo Mirim, registrado
2ª Santa Catarina de Alexandria – “Yançã” em suas apostilas “Umbanda – Escola da Vida” bem
Linhas do Mar como publicada em 1961 no livro “Okê Caboclo”, como
3ª Custódio – Cosme e Damião – “Ibejês”.
Linha Oriental segue abaixo:
4ª S. Sebastião – “Oxóce”.
5ª S. Jorge – “Ogum”. Linha de Oxosse
Oxalá,
6ª S. Jerônimo – “Xangô”. Linha de Xangô Ogum,
7ª S. Lázaro – “Ogum de Lei” Linha de Ogum Oxosssi,
Linha Africana Xangô,
Florisbela M. Souza Franco, autora de dois títulos Ybeji,
conhecidos, UMBANDA, de 1953 e Umbanda para os Benjamim Figueiredo, fundador da Tenda Espírita
Médiuns, de 1958, apresenta, no primeiro, as Sete Mirim, em 1924, e o Primado de Umbanda, em 1952, Yofá e
Linhas de Umbanda abaixo: apresentou sua forma de entender as Sete Linhas de Yemanjá.

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Jornal de Umbanda Sagrada - SETEMBRO/2015
Os Procedimentos
de Umbanda
A DOUTRINA DE UMBANDA estimula
os procedimentos corretos e incorporou
aqueles mais afins com a própria natu-
reza divina dos Orixás. A um médium
é solicitado que conheça o mínimo
indispensável para que possa realizar
as práticas de Umbanda e seus rituais.
Também é exigido que se estude um
pouco, porque só assim entenderá tudo
o que acontece dentro de um templo de
Umbanda durante a realização das giras
de trabalho. Cada religião tem seus
paramentos ou suas vestes litúrgicas
e a Umbanda também tem os seus: as
vestes brancas.
POR QUE O BRANCO É A COR
PREFERENCIAL DA UMBANDA?
O branco é a cor de Oxalá, o regente
da Fé no Ritual de Umbanda Sagrada.
Logo, como a fé é o mistério religioso por
excelência, o astral tem estimulado o uso
dos paramentos brancos. O simbolismo
da veste branca é bem visível, além de
permitir uma uniformidade na apresenta-
ção do corpo mediúnico. Mas, se alguém
se veste de branco e assume o grau de
médium, dele também se exige que pu-
rifique seu íntimo, reformule seus antigos
conceitos com relação à religiosidade e se
porte de acordo com o que dele esperam
os Orixás sagrados, pois serão estes que
o ampararão daí em diante.
A doutrina de Umbanda tem por obje-
tivo primeiro o auxílio espiritual, e estimula
o despertar da consciência religiosa nos
médiuns. Os doutrinadores sabem que
tem que ser pacientes, pois precisam lidar
com pessoas oriundas de outras religiões,
nas quais já desenvolveram uma consci-
ência mais ou menos de acordo com o
que pregam suas doutrinas.
A doutrina tem como um dos seus
procedimentos basilares nunca obrigar
alguém a renegar a religião que pratica-
va, pois nenhuma religião deve ser rene-
gada ou criticada. O máximo tolerado
pela doutrina é a crítica aos mercadores
da fé, aos fanatizantes líderes religiosos
Por RUBENS SARACENI – Contato: contato@colegiodeumbanda.com.br
das doutrinas obscurantistas, e, ainda
assim, se eles forem os primeiros a agre-
dir a religião umbandista, como sempre
ocorre, já que sentem uma ameaça
invisível aos seus feudos religiosos nas
religiões libertadoras do espírito, como o
são a Umbanda e o Espiritismo.
As verdades semeadas pelos espíri-
tos são superiores às que eles semeiam
e tratam logo de combatê-las. Mas,
fora essas escaramuças em nível terra,
a doutrina de Umbanda reprova toda
tentativa de diminuir outras religiões,
pois todas se fundamentam em Deus e
em sua divindades. Logo, o universalis-
mo adotado pela doutrina de Umbanda
não permite críticas às outras religiões,
tampouco obriga alguém a renegar sua
antiga crença. Quem proceder de ou-
tra forma não é, ainda, um verdadeiro
médium de Umbanda Sagrada, a mais
universalista das religiões.
Em seus templos manifestam-se
espíritos trazendo ainda vibrantes as
suas antigas formações religiosas que
lhes possibilitaram a ascensão espiritual
aos níveis superiores da luz. Manifestam-
-se espíritos vindos de todas as outras
religiões e regiões do planeta. Uns são
hindus, outros são árabes, outros são
judeus, budistas, cristãos... e até índios
brasileiros e negros africanos, os seus
fundadores espirituais. Logo, dentro dos
procedimentos recomendados está o de
absterem-se de qualquer crítica a outras
religiões ou de alimentarem preconceitos
religiosos mesquinhos.
Outro procedimento recomendado é
respeitar os templos de todas as religiões
e seus espaços religiosos, pois, aquele
que não respeita a casa alheia, não res-
peita a própria. Se não consegue ver em
um templo alheio uma morada de Deus,
então não é digno de dizer que, no seu
templo, Ele habita. Em verdade, onde as
pessoas se reúnem para louvar a Deus,
Ele ali se estabelece e se manifesta, não
importando que O invoquem com outros
nomes que não o de “Olorum” ou “Zambi”.
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Deus é único e os nomes que Lhe dão são
apropriações humanas de Suas qualidades
divinas manifestadas a todos o tempo
todo. Afinal, Ele é tudo em Si mesmo e
temos de invocá-Lo por um nome que
mais nos fale ao coração, certo?
OUTROS PROCEDIMENTOS RECO-
MENDADOS, E JÁ BASTANTE DI-
VULGADOS, SÃO RELATIVOS
ÀS PRÁTICAS RITUAIS:
• Em dia de trabalhos mediúnicos,
não se deve comer alimentos de difícil
digestão ou ingerir bebidas alcoólicas,
pois estas entorpecem a mente a anulam
a percepção extra-sensorial, assim como
abrem o campo mediúnico às vibrações
negativas e estimulam o emocional dos
médiuns;
• a mediunidade só deve ser desen-
volvida com o recurso da concentração
dos cantos rituais e dos atabaques;
• médium desequilibrado deve
ser afastado do corpo mediúnico e
encaminhado para tratamento médico-
-psicológico e espiritual;
• médium alcoolizado, ainda que mi-
nimamente, não deve realizar trabalhos
práticos, ou deles participar;
• médium que não realizar a higiene
espiritual e pessoal, tal como banho com
ervas, firmar uma vela para o seu anjo
da guarda, firmar sua esquerda e direita,
etc., não está apto a realizar um bom
trabalho mediúnico. Nessa higiene pes-
soal inclui-se a bucal, pois não há coisa
mais desagradável que um consulente
ter que suportar o mau hálito de um
médium relapso;
• estar sempre vestido com roupas
limpíssimas;
• portar-se com respeito e silêncio
dentro das tendas – espaços consagra-
dos as divindades e aos rituais religiosos
praticados dentro da Umbanda.
Texto extraído do livro “
Código de Umbanda”
Rubens Saraceni - Editora Madras
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Religião à Luz da Constelação
Por FABIANA OLIVEIRA JYOTI – Contato: fabijyoti@constelacaosistemicaesspiritual.com
O QUE DEUS REALMENTE
ESPERA DE NÓS?
Certa noite, um homem sonhou
ter escutado a voz de Deus que lhe
dizia: “Levanta-te, toma teu filho,
teu único e amado filho, leva-o
para o alto da montanha que eu te
indicarei e oferece-me esse filho em
sacrifício!”
Pela manhã, o homem se levan-
tou, olhou para seu filho, para seu
único e amado filho, olhou para sua
mulher, a mãe da criança, e olhou
para seu Deus. Tomou a criança,
levou-a para o alto da montanha,
construiu um altar, amarrou-lhe as
mãos, puxou a faca e queria imolá-
-la. Mas então escutou outra voz; em
vez de seu filho, imolou uma ovelha.
Um outro homem sonhou, certa
noite, ter escutado a voz de Deus
que lhe dizia: “Levanta-te, toma
teu filho, teu único e amado filho,
leva-o para o alto da montanha que
eu te indicarei e oferece-me esse
filho em sacrifício!” Pela manhã, o
homem se levantou, olhou para seu
filho, seu único e amado filho, olhou
para sua mulher, a mãe da criança,
e olhou para seu Deus. E, olhando-o,
respondeu: “Isso eu não faço!”
A consciência aprendida atra-
vés de algumas religiões aqui no
ocidente nos ensina que, para ter a
Preciso de ajuda?
Por RAFAEL MANCUSO - Contato: rafashu@gmail.com
ADMITIR ISSO é o primeiro passo.
A ponta do iceberg. Descobrir-se
imperfeito é o primeiro passo para
fazer alguma coisa a respeito. Medo
de traição, ciúme excessivo, apegos
ao que já foi, dores sentimentais,
etc. Tudo isso é sentido por quem
se diz sentimentalista, apesar de
todos estarmos sujeitos a todos estes
sentimentos. Porém, aonde está o
foco? Aonde está a porta que leva
ao verdadeiro motivo de todos eles?
Só quem já se queimou sabe a
dor do fogo, não é? Sim, óbvio que
sabe? Então, quando chegam para
você e te falam: você é muito fresco!
Sabe o que querem dizer? Que você
é muito imaturo e não consegue lidar
com aquela situação.
Então, o que fazer? Esperar
ajuda? Tentar subir por si só? Ter fé?
Confiar em algo? Ter fé?
Acho tudo isso muito simples
para tentar descrever a intensidade
de uma dor. Não a dor de bater o
dedo no pé da cama, o que por si só
dói pra caramba, mas a dor de sentir
proteção de Deus e para pertencer a
um sistema, devemos seguir sempre
o caminho de ser “bom” e estar se
sacrificando em nome de algo maior.
Portanto, para uma consciência pré-
-estabelecida, quem não segue esse
caminho perde o direito ao perten-
cimento e, por consequência, perde
a ligação com Deus.
Mas, o que é ser bom? Quem
diz o que é bom? Nosso sistema?
Algumas religiões?
Aprendemos que quem é bom
vai para o céu e quem é mau vai
para o inferno. A ideia de bom ou
mau distancia o ser humano; e ser
bom, temente a Deus, mesmo que
Jornal de Umbanda Sagrada - SETEMBRO/2015
na alma. Essa ferida aberta sangra
mais que hemorragia. Hemorragia
para quando tomadas as devidas
precauções inteligentes do corpo.
Agora, o sangramento da alma não,
porque você não vê; só te resta sentir
e como toda a essência inteligente,
um dia cura. Mas cura, mesmo?
Os otimistas de plantão ou mes-
mo os ditos autoconfiantes, dirão
que sim; dirão que você não faz o
mínimo esforço para melhorar, que
você é cabeça dura, que você sofre
porque quer, que você está no chão
pois gosta de ser masoquista. Pode
ser que eles tenham razão, pode
ser que a verdade esteja com eles,
pode ser que você realmente seja
sacrificando o outro, nos salva apa-
rentemente, ilusoriamente; ser bom
a qualquer custo, não importando se
o outro está tendo que assumir o pa-
pel do mau. Dessa forma, estamos
em equilíbrio ou acima de alguém.
Enfim, se recebo algo de Deus sinto
que devo pagar por isso.
Todavia, esquecemos que Deus
não é humano, não cobra sacrifícios
de ninguém. Transferimos a Deus
a mesma dinâmica humana que
aprendemos com nossos sistemas
domados pelos dogmas de algumas
igrejas. Dessa necessidade de com-
pensação e em nome dela, temos
visto desde o começo dos tempos
Foto: Divulgação - Google images
essa porta de madeira emperrada
que não abre. Mas será? Será que
sentindo tua dor e tua angústia eles
ainda se manteriam agarrados à
essas verdades?
Será que você é tão perdida-
mente apaixonado pela dor que não
consegue deixá-la ir ou será que
simplesmente você só precisaria
achar alguém que olhasse para a
ferida purulenta e mesmo assim te
abraçasse e dissesse: eu vejo a tua
dor, eu a aceito, eu a acolho e eu a
amo, sem medo, sem julgamentos
pesados, sem esforços para resolvê-
-la, somente deixando a dor fazer o
que ela tem que fazer: que a solução
surja do natural.
sacrifícios para estarmos livres de
sermos bons e muitos denominam
isso como algo religioso.
Só sairemos desse círculo vi-
cioso que existe em honra dessa
consciência coletiva quando respei-
tarmos e entendermos que Deus é
mistério e está acima de tudo, do
bom e do mau, do bem e do mal.
Quando conseguirmos encontrar,
reconhecer e olhar para além dessa
consciência, o bem universal unirá
todos os seres humanos. Isso seria
uma elevada conquista espiritual,
uma purificação do espírito e do
coração.
Servindo a vida!
Jornal de Umbanda Sagrada - SETEMBRO/2015
Sacerdócio de
Umbanda Sagrada
Parte I
Por ALEXANDRE CUMINO Contatos: alexandre@colegiopenabranca.com.br
UMBANDA É RELIGIÃO
TERREIRO É TEMPLO E
DIRIGENTE É SACERDOTE
O QUE É SACERDÓCIO?
“O sacerdócio, em qualquer
religião, transcende o senso
comum sobre religiosidade e
caracteriza quem o exerce
como uma pessoa especial.
Precisamos entender essa
característica inerente ao
sacerdócio, senão a vaidade
e a soberba acabam se
sobrepondo à bondade e
à misericórdia, estas sim,
as verdadeiras características d
e um sacerdote.”
Rubens Saraceni
Sacerdócio é a prática do sacer-
dote. A palavra tem origem no latim
(sacer + dote) e quer dizer aquele
que tem o dote do sagrado, aquele
que cuida do sagrado dentro de uma
comunidade. Embora a palavra te-
nha origem no latim, seu significado
é algo presente em muitas culturas,
de formas diversas.
Em todas as sociedades huma-
nas encontraremos comunidades
religiosas, desde as comunidades
arcaicas e tribais até as comunida-
des mais organizadas, urbanas e
contemporâneas.
Desde que surgiu o Homo Sa-
piens na face da Terra, junto com
ele surgiu o culto, a relação de
transcendência e os rituais indivi­
duais e coletivos. Por isso, este Homo
Sapiens é considerado também
Homo Religiosus.
Onde há sociedade humana há
culto e há um grupo em torno deste
culto que é organizado e conduzido
por um líder, um ministro religioso,
que é a figura do sacerdote.
PODEMOS CONSIDERAR
DOIS TIPOS DE SACERDÓCIO:
• Sacerdócio natural,
vertical, informal e
espontâneo
• Sacerdócio hierárquico,
horizontal, formal
e organizado
O SACERDÓCIO NATURAL se
dá nas sociedades menos urbanas,
menos organizadas, menos hierar-
quizadas, em sociedades antigas e
primitivas, no sentido de primeiras
e não no pejorativo.
É comum encontra-lo nas tribos
indígenas, africanas, siberianas, aus-
tralianas e outras culturas nativas.
É a figura do xamã, quando este
assume a condução de um grupo,
orientando, liderando, iniciando,
curando e apresentando o sagrado,
o divino, sua doutrina e rituais. Nas
tribos indígenas brasileiras é a figura
do pajé.
O SACERDÓCIO HIERÁRQUICO
costuma se estabelecer em socieda-
des mais urbanas e menos tribais,
em sociedades mais organizadas e
hierarquizadas.
É comum estar associado a
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uma tradição e instituições que se
estabelecem em Templos de estru-
tura rígida e fixa, onde se realizam
os cultos e rituais. Desta forma, o
sacerdote é também quem cuida
e zela pelo Templo. Além de todas
as suas responsabilidades internas
na religião como cuidar, iniciar, re-
alizar rituais (batismo, casamento,
ato fúnebre), doutrinar, orientar e
conduzir, o sacerdote é também um
líder religioso.
O PESO DA PALAVRA
“SACERDOTE”
“Todo médium é um sacerdote
em potencial; cada um de nós é um
templo vivo da religião.” - Pai Benedi-
to de Aruanda, por Rubens Saraceni
Tenho um amigo, Sacerdote de
Umbanda, que afirma que não é
sacerdote: diz que é dirigente e que
não pode se considerar sacerdote,
para que eles vivam a sua verdade. sacerdote deve primeiro saber o que
simplesmente porquê fuma, bebe e Somos religiosos, no entanto, somos é o sacerdócio e preparar-se como
gosta de sexo. E também por não se
religiosos umbandistas; o nosso sacerdote.
colocar acima de seus médiuns, pois perfil de religioso e o nosso perfil de
está sempre aprendendo com eles. Este preparo pode ser auto-
sacerdote é diferente do perfil de
Ele crê que um sacerdote é alguém didata, pode ter sido feito com o
outras religiões.
que deve impor-se muitas restrições seu sacerdote ou com a ajuda de
de comportamento, que não pode Apresentar-se como sacerdote cursos de preparação sacerdotal.
ter vícios, muito menos prazeres e de Umbanda é algo que vai aos Todos os caminhos são válidos para
que deveria estar acima dos demais poucos conquistando o respeito para este sacerdote sentir-se preparado
médiuns. a religião, pois se temos sacerdotes e estar preparado para sua missão
temos sacerdócio e somos uma reli- de dirigente, pai espiritual, mestre
Esta é a imagem que a sociedade gião que deve ser respeitada como e sacerdote de Umbanda.
tem do “sacerdote”, a imagem criada as outras.
por muitas religiões e principalmente Texto extraído do Curso de Sacerdócio
pelo catolicismo e cristianismo atual. A questão interna, na Umbanda, de Umbanda Sagrada ministrado por
No entanto, esta ideia de restrições é que para alguém se apresentar Alexandre Cumino na sede do Colégio
é que cria a hipocrisia sacerdotal. A como sacerdote, este alguém deve Pena Branca. O texto faz parte do livro
Umbanda não pede para seus sacer- se sentir sacerdote; isto deve ser a “O Sacerdote de Umbanda” – Alexandre
dotes serem santos; ela pede apenas sua verdade. E para alguém se sentir Cumino - Editora Madras
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Jornal de Umbanda Sagrada - SETEMBRO/2015
O que aprendi em menos de duas
horas com os Índios da Tribo Fulni ô?
PH Alves – Contato: www.conversaentreadeptus.com
A NOITE DO DIA 2 DE JULHO de 2015
não foi só uma simples noite; ela se
tornou mágica! Todas as quintas eu
vou para o curso de Sacerdócio de
Umbanda Sagrada no Colégio Pena
Branca. Este curso, além de ser ma-
ravilhoso, tem sempre uma surpresa
agradável para lhe proporcionar, e
esse foi o caso desta noite.
Ao chegar no Terreiro, fui surpre-
endido por três imponentes imagens
próximas ao pé do altar. Eram três
índios que estavam passando um
tempo aqui em São Paulo. Só de vê-
-los ali sentados já bateu uma certa
sensação de nostalgia, algo como
talvez um deja vu, aquele sentimento
de medo, mas não um medo deles,
e sim um medo de reencontrar
fragmentos de nossa origem, de
encontrar aqueles que representam
o poder de nossos antepassados e
ancestrais aqui em nossa terra bra-
sileira. Bom, confesso que no início
esse ‘’medo’’ me deixou travado, até
que alguns irmãos me motivaram ir
até cada um deles para saudá-los.
Nesse momento posso dizer que
senti como se meu coração se pre-
enchesse por uma energia infinita de
Deus, onde eu reconheci uma parte
de mim e uma parte de Deus.
Nesta noite, eles comparti-
lhariam conosco um Toré, que é
uma importante prática ritualística
de algumas tribos indígenas onde
cantamos, tocamos maracá e dan-
çamos em círculo, louvando assim a
Natureza e a Deus/Tupã. Mas o que
aprendi com eles?
1 - HUMILDADE: Ao vê-los ali
com sua simplicidade nas palavras,
no jeito de agir, na forma como fala-
vam, se expressavam, se vestiam, e
principalmente se relacionavam com
cada um de nós, senti o quanto são
humildes e humanos, e que como
disse um irmão de fé, enquanto
algum de nós estamos apenas se
preocupando em ganhar dinheiro
para trocar de celular, comprar um
carro novo ou ter roupas caras, eles
chegam à sua frente e só por serem
o que são e pela sua essência, tudo
isso cai por terra e nos mostra o
quanto é importante sermos humil-
des. Nada importa, nada material,
nada; apenas que somos todos UM.
2 - SINCERIDADE: A cada
palavra e gesto que faziam eu via
apenas sinceridade e verdade, e isso
me tocou profundamente, pois quan-
tas vezes não dizemos ou fazemos
algo apenas pelo outro e não por
nós, ou quantas vezes fazemos ou
dizemos algo que nos auto sabota
ou nos auto reprime? Eles vivem a
verdade de forma sincera, e é isso
que precisamos fazer: viver NOSSA
VERDADE de forma sincera, sem
julgamentos, sem medo, sem dog-
mas; apenas VIVER e ser SINCERO
consigo e com o próximo.
Foto: Acervo pessoal
3 - PUREZA: Sabe o mais puro
elemento da natureza? Sim, era isso
que eu sentia e via em cada um de-
les. Deus se manifestava através dos
corpos de cada um deles. A pureza
era tão grande que eu pude sentir
a pureza deles me purificando de
dentro pra fora. Eles olhavam tudo
de forma pura e claramente sem
julgamentos.
4 - FORÇA: Isso é uma caracte-
rística bem como que temos quando
pensamos num índio não é mesmo?
Mas quando nos referimos à força
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pensamos logo em algo bruto ou
que tenha massa muscular. Porém,
a força que senti vindo deles é o
resumo de todas as palavras que
citei acima: a força da humildade,
da sinceridade, da pureza, do amor
e da vida. Vi que mesmo eles sendo
em três, eu via apenas UM, pois era
uma força só, um poder só.
5 - AMOR: E para finalizar,
não pude deixar de vibrar esse
sentimento. Em um determinado
momento, um dos índios começou
da dizer palavras forte e tocantes
que eu não ouvia com o ouvido e
sim com o coração, e a cada palavra
transmitida meu coração pulsava
mais forte. Pude sentir o carinho
através do toque e do abraço que
cada um dava em mim e isso foi
transformador e irradiador. Amor
na forma mais pura e verdadeira
era manifestada ali dentro para cada
um de nós.
6 - GRATIDÃO: O sentimento
de gratidão me rodeava do início ao
fim. Gratidão por estar naquele chão
sagrado; gratidão por ter pessoas
amadas ao meu convívio; gratidão
pelo ar; gratidão pelo amor; grati-
dão pelo aprendizado; gratidão por
estar vivenciando aquele momento
com aqueles que representam nossa
ancestralidade, que representam a
força da natureza; gratidão à natu-
reza; gratidão a Deus, por tudo...
Gratidão ao Pai Alexandre Cumi-
no por compartilhar todas essas
experiências que nem com essas
palavras que escrevi conseguiria
exprimir o que realmente senti vi-
venciando cada segundo nesta noi-
te. Gratidão, Gratidão, Gratidão!!!
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Prefácio
Fragmentos de Umbanda
Pensamentos e Reflexões
Por ARLETE GENARI - Jornalista, editora de textos e médium do Templo de Umbanda Caboclo da Mata (Aldeia da Mata) - Contato: editoral@madras.com.br
MUITOS CHEGAM à Umbanda
extremamente fragmentados em
virtude das experiências vividas e,
principalmente, como resultado das
escolhas feitas ao longo da jornada.
São aqueles que dizemos que vie-
ram pela dor.
Com muitos de nós foi assim:
começamos ouvindo as orientações
dos guias espirituais e, por diver-
sas vezes, conseguimos absorver
apenas pequenas partes dos ensi-
namentos maravilhosos que estes
nos transmitem. Com o tempo (às
vezes levamos muito tempo), vamos
juntando essas “pequenas lições” e
conseguimos, por fim, entender sua
grandeza e passamos a nos sentir
mais inteiros.
Nesse processo, entendemos
que é preciso nos dispormos a es-
tudar para aprender um pouco mais
e, nesse contexto, os livros a res-
peito da Umbanda são verdadeiros
instrumentos de poder. Lemos uma
página, e outra, e outra... e isso
enriquece nosso saber e alimenta
nosso espírito, como o “Pão Nosso
de Cada Dia” da oração sagrada, ou
como se fossem florais fitoterápicos
dos quais usamos doses homeopáti-
cas, ou seja, algumas gotas a cada
dia, sem pressa, mas mantendo
uma constância, confiante no re-
sultado final.
Muitos foram os escritores
umbandistas que nos deram essa
contribuição no passado e, mais
recentemente, o imortal mestre
Rubens Saraceni (com mais de 50
obras fantásticas publicadas). Agora,
temos Alexandre Cumino, o autor da
nova geração da Umbanda, que nos
traz uma visão abrangente, que é
a visão da Umbanda, essa religião
que veio dar um sentido de ampli-
dão às pessoas, tirando as vendas
dos nossos olhos e permitindo-nos
ver com os olhos do espírito a Luz
que veio de Aruanda. O modo de
escrever de Cumino permite ao leitor
moderno lançar um novo olhar sobre
a Umbanda; conseguimos, enfim,
entender que ela é a BANDA do UM.
Como jornalista e editora de
textos, recebi a incumbência da Ma-
dras Editora para revisar os livros A
História da Umbanda, Umbanda não
é Macumba, A Umbanda e o Umban-
dista – Quem é e o que é?, Médium
– Incorporação não é Possessão e,
agora, Fragmentos de Umbanda –
Pensamentos e Reflexões, todos de
autoria de Alexandre Cumino. Foram
trabalhos extremamente prazerosos
para mim, pois em cada um deles
pude absorver os ensinamentos
apresentados pelo autor, de modo
claro e objetivo, na linguagem dos
jovens, com uma mente aberta, livre
de preconceitos, mas sem deixar,
contudo, de oferecer ao leitor um
material rico em conteúdo, de ser
o especialista que é no assunto,
demonstrando muita sabedoria em
Jornal de Umbanda Sagrada - SETEMBRO/2015
cada palavra escrita e profundo
conhecimento de causa, digno de
um cientista da Religião, e com a
espiritualidade inspiradora, digna de
um sacerdote, como ele é, de fato.
Como umbandista, literalmente, bebi
dessa fonte!
Fragmentos de Umbanda –
Pensamentos e Reflexões é um
livro para se levar no bolso, na bolsa,
mas especialmente no coração. É
para ser consultado como se faz a
um oráculo que lhe traz a resposta à
sua indagação. É para abri-lo aleato-
riamente em qualquer página, como
se você tirasse uma carta do Tarô; é
para se sentir tão feliz ao ler cada um
de seus pensamentos ou reflexões
como se tivesse encontrado o seu
bilhete premiado. É para observar
que você é um fragmento do nome
DEUS, e que a essência do seu EU
verdadeiro faz parte do TODO, do
Divino Criador.
Gratidão, meu amigo e irmão de
jornada, Alexandre Cumino, por me
permitir compartilhar desses seus
ensinamentos! Parabéns por mais
esta bela contribuição aos leitores,
umbandistas ou não, que certamente
a partir da leitura de Fragmentos
de Umbanda – Pensamentos e Re-
flexões também vão se sentir mais
inteiros!
Texto extraído do livro
“Fragmentos de Umbanda” –
Alexandre Cumino - Editora Madras
Jornal de Umbanda Sagrada - SETEMBRO/2015
O Guia pediu e você não
fez. Vai acontecer algo?
Por FABIO SILVA – Contato: fabiosilvati@gmail.com
QUE JOGUE a primeira pedra quem
nunca fez isso em alguma situação no
terreiro durante a consulta com o guia!
Você foi informado que precisaria fazer
algo como, por exemplo, acender uma
vela, ou foi dito que você precisaria
tomar aquele banho de rosas brancas.
O guia espiritual ditou toda a
receita que você deveria fazer, mas
passou a semana toda e você não
fez. Por vezes, isso ocorre por diversas
situações como esquecimento, pregui-
ça, falta de confiança ou simplesmente
achou que não seria necessário e
deixou de fazer.
Não há problema algum, nada irá
acontecer. Isso mesmo: você apenas
não o fez, mas é preciso lembrar que
aquele simples ato poderia fazer a
diferença lá na frente em algum mo-
mento da sua vida.
Dia a dia de um ser
espiritualizado
Por FERNANDO CAPELLA DIAS REIS – Contato: fernando@intellikit.com.br
NÃO É FÁCIL, mas quem disse que
seria? Ao levantar, primeiramente ele
agradece ao Pai por mais um dia de
vida, por ter saúde, família, cônjuge
que ama, bens materiais para viver em
meio a sociedade, fonte de trabalho,
etc., e pede proteção para enfrentar e
resolver cada passo reservado para ele
naquele dia. Ao sair de casa, no trân-
sito, ele se depara com transtornos,
falta de educação, acidentes, enfim, é
testado e tentado a perder o equilíbrio
e a luz que o ilumina.
Ao chegar no trabalho, ainda um
pouco atordoado, porém conscienti-
zado, ele firma em suas forças e pede
equilíbrio e sabedoria para poder atuar
em suas atividades do dia, trilhando
seu caminho e sua história.
Nesse meio, ele mais uma vez se
depara com chateações, reclamações,
brigas, transtornos, inveja, discórdia...
Tudo com o mesmo intuito de testá-lo,
desequilibrá-lo e forçá-lo a regredir sua
faixa vibratória de energia.
Essa é a hora de mais uma vez
parar uns minutos, ir até um local
reservado, firmar seus pensamentos
para amenizar a vontade de bater em
É imperceptível, talvez você nunca
saiba o porquê, mas com certeza aque-
le pedido tinha algum fundamento.
Não quero citar situações, mas eu
acredito que quando fazemos aquilo
que o guia pede, por mais simples
que pareça, aquilo tinha um porquê,
um fundamento.
Já percebeu que em algumas giras,
ao final, o Sr. Zé Pelintra da casa, nosso
pai, pede para acender uma vela ver-
melha? Eu já vivi esse momento. Por
trás deste pedido existe um mistério,
e mistério é algo não revelado, não
acessível a nós encarnados; alguns
são abertos outros não.
Se uma simples vela ou um banho
poderia fazer toda diferença em algum
momento em nossas vidas, o que dirí-
amos então de uma oferenda não rea-
lizada? Esta poderia ter realizado algo
alguém (jamais deixe essa vibração
dominar) e retornar para as suas ativi-
dades. Afinal, o tempo não para. Então,
o ser deve equilibrar a sua energia e o
clima do ambiente para seguir o dia em
suas importantes atividades.
Ao chegar em casa, mais equilibra-
do, porém com resquícios de um dia
agitado, ele se encontra com a família e
cônjuge que também tiveram o seu dia
e suas trocas de energias. MEU AMIGO,
SE VOCÊ ACHA QUE FOI TESTADO
DURANTE O DIA, VOCÊ NÃO SABE O
QUE TE ESPERA!
É nessa hora que a intimidade
confunde e atrapalha a todos, pois toda
a energia negativa absorvida por cada
um é distribuída dentro de casa, cau-
sando discórdias, brigas, chateações,
separações e até sérios acidentes.
Aí eu pergunto: porque se conter
e respirar durante o dia buscando o
equilíbrio e deixar o desequilíbrio aflo-
rar em casa, descontando nas pessoas
que você mais ama? Será que a inti-
midade está sendo mal interpretada?
Será que o verbo desabafar está sendo
confundido com os verbos descarregar
e descontar?
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“magístico” com fins desconhecidos e
misteriosos a nosso favor.
Então voltamos ao título do texto:
o guia pediu e você não fez. Não tem
problema nenhum, mas perceba o
quanto estaríamos perdendo.
Os pedidos dos guias espirituais
são sábios, estão embasados na inteli-
gência espiritual. Não ignore, pois tudo
que é feito a pedido da espiritualidade
ficará guardado de alguma maneira no
astral e, em uma necessidade, estará
lá, armazenado, e você será benefi-
ciado de alguma forma e talvez você
nem saiba que foi ou será beneficiado.
Não despreze ou ignore o acon-
selhamento ou um preceito; tudo isso
é para nosso bem-estar, pois esses
elementos são transformados em Axé
(poder de realização).
Axé a todos.
Essas perguntas podem ser res-
pondidas facilmente na teoria, porém
Templo de Doutrina Umbandista
na prática é algo bem complicado.
Devemos manter esse equilíbrio prin-
cipalmente em casa, pois lá é o nosso
Pai Oxalá e Pai Ogum
porto seguro, onde se concentram
nossas firmezas, onde vivem as pes-
MAGIA DOS GÊNIOS
Ministrado por MERCEDES SOARES - MI 0010
soas que amamos e onde buscamos SEGUNDA: das 20h00 às 22h00
energias positivas para enfrentar os
próximos passos.
MAGIA DOS ANJOS
Se o desequilíbrio reina em casa, a Ministrado por MERCEDES SOARES - MI 0010
sua vida sempre será desequilibrada. SÁBADO: das 10h00 às 12h00
Não adianta praticar o bem na socieda-
de e em sua crença, se em casa você
pratica o contrário.
Desenvolvimento
Comece com quem você ama e
Mediúnico
QUINTAS E SÁBADOS
garanto que com o restante da huma-
nidade tudo será mais fácil. Vivemos
em uma era de guerra espiritual. SACERDÓCIO TERÇA: das 20h00 às 22h00
Temos que agradecer, orar, vigiar na
Rua Tietê, 600 - Vila Vivaldi
frente, atrás, na direita, na esquerda,
Rudge Ramos - S.B. do Campo
em cima, em baixo, orar novamente...
Tel. (11) 4365-1108 - à partir das 13h00
Não é fácil lidar com pessoas e
www.paioxalapaiogum.com.br
com a troca de energias delas, eu sei.
Mas quem disse que será fácil?
O JORNAL DE UMBANDA SAGRADA
Muita luz, fé, equilíbrio, sabedoria
não vende anúncios ou assinaturas
e DEDICAÇÃO a todos. Que o pai maior
esteja convosco.
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Jornal de Umbanda Sagrada - SETEMBRO/2015
Orgulho x Vaidade: quando
um transforma-se no outro?
Por Maria Aparecida Linares – Contato: federacaoabc@terra.com.br
AO FAZER SUAS OBRIGAÇÕES aos Orixás,
o médium vai recebendo, uma a uma, suas
guias consagradas, até tornar-se um sa-
cerdote umbandista. Cada guia representa
para ele a bênção de cada Orixá, um pouco
da magia e da energia que esteve naquele
lugar naquele momento.
Portar essas guias nos dias de trabalhos
demonstra o orgulho do médium em relação
à religião, à sua fé e ao seu amor pelos Ori-
xás, além de ser uma forma de demonstrar
todo carinho e respeito que ele dedica ao
que faz. Não é obrigatório o uso das guias
(todas elas) nos dias dos trabalhos, mas não
é errado. Portanto, não cabe julgamento aos
que o fazem, pois cada um age de acordo
com seu coração, de acordo com sua alma.
Alguns acham pura “vaidade” do sacer-
dote carregá-las todas, mais o delogum (guia
recebida durante a Obrigação a Ifá – para
quem já é um sacerdote), além do Brajá.
Alguns sacerdotes preferem portar apenas o
Brajá, outros algumas guias e outros ainda
gostam de portá-las todas.
Pergunta: Como podemos classificar o
que é orgulho ou o que é vaidade? Quando
uma atitude deixa de ser um e passa a ser o
outro? Por que achamos ter o direito de julgar
um irmão de fé por usar muitas ou poucas
guias no pescoço, em seu peito?
Deveríamos sim julgar aqueles que
cobram por sua caridade; que utilizam sua
mediunidade em troca de benefícios próprios;
que escolhem quem deverão ajudar; aqueles
que discriminam; que fazem diferenças entre
os médiuns; que utilizam as mensalidades
do Templo para despesas pessoais. Esses
podem ser julgados; esses, na verdade, nem
podem ser considerados sacerdotes.
Quando uma pessoa ganha um presente
caro ou incomum, se usá-lo, estará desfazen-
do dos outros? Estará sendo excessivamente
vaidoso ou apenas estará praticando o seu
direito de usar algo seu, que ganhou de
alguém querido? Por acreditar que portá-lo
será uma forma de demonstrar o quanto
gostou daquilo.
Perfis no Facebook são usados para que
as pessoas partilharem momentos felizes
e tristes de suas vidas; acontecimentos
inusitados que deparam; deixar claro suas
opiniões sobre vários assuntos, enfim, algu-
mas pessoas acordam postando mensagens
e pouco antes de dormir desejam boa noite
para pessoas que nunca viram pessoalmente
e provavelmente nunca verão. Mas elas
enviam fotos, mensagens, brincadeiras,
pensamentos, etc, todos os dias da sua vida.
Engraçado perceber que as mesmas pessoas
que fazem isso julgam as outras.
Será que todos concordam com tudo o
que o outro pensa? Será que todos partilham
das mesmas ideias? Das mesmas ideologias?
Com certeza não, mas, apenas uma minoria
acha que tem o direito de desmerecer o outro
por pensar diferente. Graças a Oxalá a maioria
sabe respeitar o próximo. A grande maioria
consegue ter bom senso e ser tolerante.
Aliás, gostaria de falar
agora sobre tolerância:
Uma pessoa é o que é em tempo inte-
gral. Honesta ou não; alegre ou não; sincera
ou não; um sacerdote ou não. Ninguém é
sacerdote no Templo e mau caráter fora
dele. Portanto, um sacerdote tem que agir
como tal em qualquer ocasião. Ninguém
deixa em casa a alma ou o caráter para ir
a um bar. Se está numa festa, saboreando
uma bebida, divertindo-se com amigos e
começa uma briga, um sacerdote tentará
acalmar as pessoas, separá-las, etc. Essa é
a postura de um sacerdote. A pessoa não
precisa estar com as guias no pescoço para
agir como um. Jamais faria uma aposta para
ver quem seria o vencedor.
Um médium transforma-se num sacer-
dote ao longo do tempo, fazendo as obri-
gações, atendendo as pessoas, praticando
a caridade, incorporando suas entidades
frequentemente, estudando e aprendendo
sempre. Ao procurar um sacerdote uma
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pessoa espera encontrar equilíbrio, paciên-
cia, experiência e tolerância! Um sacerdote
(ao receber uma pessoa) jamais sabe o que
encontrará, pois a pessoa pode querer desde
apenas uma bênção ou até a solução de um
problema insolúvel. Essa pessoa poderá estar
triste, doente, desesperada, atormentada,
perturbada, etc. A experiência e os Guias
darão ao sacerdote a sustentação necessária
para que ele possa lidar com isso, mas, o ca-
ráter do médium, isso nenhum Guia mudará;
daí a necessidade de praticar diariamente
sentimentos como a tolerância. Aqueles que
conseguem caminham mais rapidamente
em direção ao desenvolvimento espiritual.
Não é uma tarefa fácil, não mesmo! Tra-
balhar, sustentar a família, conviver com
insegurança, viver num país instável, lidar
frequentemente com pessoas que parecem
estar testando seus limites é muito difícil,
por isso não são todos que conseguem e, ao
longo do caminho muitos se perdem, mudam
seus rumos, peregrinam com passos falsos
se distanciando dos seus objetivos. Porém, a
magia da religião é ir buscar cada um nessas
ocasiões. Quem já não passou por períodos
difíceis, quem já não se afastou de coisas e
pessoas importantes em suas vidas e depois
voltaram a procurá-las?
Não deixe que isso aconteça; tenha
controle sobre sua vida e sobre suas ações.
Lembre-se que, para cada atitude tomada,
recebe-se uma reação em troca, boa ou ruim,
dependendo da ação.
Sacerdote: pratique a tolerância! Quando
a atitude de alguma pessoa próxima estiver
lhe incomodando, pense friamente se é
mesmo essa pessoa que está errada ou se
é você que está problemas. Tolerância é um
sentimento nobre e nobreza não é para fra-
cos de espírito. A generosidade, a elevação
e a grandiosidade da alma são conquistados
com atitudes muito pequenas. Portanto, o
que importa não é o que está por fora do
peito e sim o que está por dentro.
Abraços fraternos FUGABC
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