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Prova escrita de Português -12º ano Duração da Prova: 100 min.

GRUPO I - EDUCAÇÃO LITERÁRIA (100 pontos)


A
Leia o poema seguinte.

Entre o sono e o sonho,


Entre mim e o que em mim
É o que eu me suponho,
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,


Diversas mais além,
Naquelas curvas viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde eu habito


A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre


No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre −
Esse rio sem fim.

11-9-1933
Fernando Pessoa, Poesia 1931-1935 e não datada, (ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas,
Madalena Dine), Lisboa, Assírio & Alvim, 2006, p. 157.

1. Descodifique o sentido de “sonho” e de “sono” no contexto em que surgem.

2. Comprove a impossibilidade de o “eu” alterar o curso do seu destino.

3. Explique o sentido da última quadra.

Selecione apenas um dos textos.


B.

Leia o seguinte excerto de Os Maias, de Eça de Queirós.


– Vamos nós ver as mulheres – disse Carlos.
Seguiram devagar ao comprido da tribuna. Debruçadas no rebordo, numa fila muda, olhando
vagamente, como de uma janela em dia de procissão, estavam ali todas as senhoras que vêm no
High Life dos jornais, as dos camarotes de S. Carlos, as das terças-feiras dos Gouvarinhos.
5 A maior parte tinha vestidos sérios de missa. Aqui e além, um desses grandes chapéus
emplumados à Gainsborough, que então se começavam a usar, carregava de uma sombra maior o
tom trigueiro de uma carinha miúda. E na luz franca da tarde, no grande ar da colina descoberta,
as peles apareciam murchas, gastas, moles, com um baço de pó de arroz.
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Carlos cumprimentou as duas irmãs do Taveira, magrinhas, loirinhas, ambas corretamente
10 vestidas de xadrezinho: depois a viscondessa de Alvim, nédia e branca, com o corpete negro
reluzente de vidrilhos, tendo ao lado a sua terna inseparável, a Joaninha Vilar, cada vez mais
cheia, com um quebranto cada vez mais doce nos olhos pestanudos. Adiante eram as Pedrosos, as
banqueiras, de cores claras, interessando-se pelas corridas, uma de programa na mão, a outra de
pé e de binóculo estudando a pista. Ao lado, conversando com Steinbroken, a condessa de Soutal,
15 desarranjada, com um ar de ter lama nas saias. Numa bancada isolada, em silêncio, Vilaça com
duas damas de preto.
A condessa de Gouvarinho ainda não viera. E não estava também aquela que os olhos de
Carlos procuravam, inquietamente e sem esperança.
– É um canteirinho de camélias meladas – disse o Taveira, repetindo um dito do Ega.
20 Carlos, no entanto, fora falar à sua velha amiga D. Maria da Cunha que, havia momentos, o
chamava com o olhar, com o leque, com o seu sorriso de boa mamã. Era a única senhora que
ousara descer do retiro ajanelado da tribuna, e vir sentar-se em baixo, entre os homens: mas, como
ela disse, não aturava a seca de estar lá em cima perfilada, à espera da passagem do Senhor dos
Passos. E, bela ainda sob os seus cabelos já grisalhos, só ela parecia divertir-se ali, muito à
25 vontade, com os pés pousados na travessa de uma cadeira, o binóculo no regaço, cumprimentada a
cada instante, tratando os rapazes por «meninos»… Tinha consigo uma parenta que apresentou a
Carlos, uma senhora espanhola, que seria bonita se não fossem as olheiras negras, cavadas até ao
meio da face. Apenas Carlos se sentou ao pé dela, D. Maria perguntou-lhe logo por esse
aventureiro do Ega. Esse aventureiro, disse Carlos, estava em Celorico, compondo uma comédia
30 para se vingar de Lisboa, chamada «O Lodaçal»…
– Entra o Cohen? – perguntou ela, rindo.
– Entramos todos, Sra D. Maria. Todos nós somos lodaçal...
Eça de Queirós, in Os Maias, cap. X, Porto, Livros do Brasil, 2014.

4. Caracterize o público feminino presente no hipódromo.

5. Refira a funcionalidade deste excerto, relacionando-o com o subtítulo da obra.

B1

Leia o seguinte poema de Luís de Camões.

Amor, co a esperança já perdida,


Teu soberano templo visitei;
Por sinal do naufrágio que passei,
Em lugar dos vestidos, pus a vida.

Que queres mais de mim, que destruída


Me tens a glória toda que alcancei?
Não cuides de forçar-me, que não sei
Tornar a entrar onde não há saída.

Vês aqui alma, vida e esperança,


Despojos doces de meu bem passado,
out. 2017/1º teste-1º Período
Enquanto quis aquela que eu adoro:

Nelas podes tomar de mim vingança;


E se inda não estás de mim vingado,
Contenta-te com as lágrimas que choro.
Luís Vaz de Camões, in A Lírica de Luís de Camões,
Lisboa, Editorial Comunicação, 1988.

4. Explique a oposição passado/presente patente no poema, justificando com elementos


textuais.
5. Estabeleça um paralelo entre a vivência amorosa do sujeito poético e a de Carlos da Maia.

GRUPO II
LEITURA E GRAMÁTICA (50 pontos)

Leia o texto.

A literatura é uma expressão artística ambiciosa, que usa sangue e corpo, que tem de ser livre
— como todas as expressões de arte ou a própria vida. Deverá ser simples e compreensível como
uma correnteza de água, como um estremecer de folhas de árvore. Quanto a mim, o papel da
literatura não é explicar o mundo. A literatura é o próprio mundo. Porque são sentimentos, ideais,
5 histórias experimentadas, visitas, efabulações, desenhos de memórias, conquistas, alegria e
desespero.
Ana María Matute é totalmente clara. Não escreve sobre o eterno Eu e o Tu e o Tu e o Eu;
abraça toda a humanidade. Por exemplo, em Paraíso inabitado, revela a inteira psicologia da vida
desde os primeiros anos da protagonista, Adriana, que são os nossos primeiros anos rumo a um
10 salto assombroso nesse perigoso e absurdo abismo que é a adolescência, túnel sombrio de
dúvidas e indecisões que só o próprio adolescente consegue resolver.
Com tantos livros escritos, tantos prémios que a têm consagrado universalmente, há um que
destaco porque me toca particularmente, e é também, pelo que sei, o livro que a escritora mais
gostou de escrever: Olvidado rei Gudú.
15 E o livro que hoje apresentamos, A torre de vigia.
Ao entrar na leitura deste livro, imergimos num cenário onírico, denso e misterioso, onde
sobressai a Natureza, por vezes assustadora, outras de uma beleza escaldante. Este ambiente
enevoado e surreal de homens-lobos, ventanias, campos de neve de fome e de frio, mais as doçuras
do estio, de ameias de castelos, baronesas e barões, veados, javalis, gansos, lobos, cavalos
20 brancos e cavalos pretos, jovens iniciados cavaleiros, peles de ursos, flechas, salões, cozinhas e
alcovas, todo este universo existe, atavicamente, em todos nós. Está nos mais altos e escondidos
sótãos da nossa memória. E, com a ironia sempre presente, vivemos mais uma vez uma certa
infância, ou como uma criança pode e consegue sublimar atos ou situações terríveis pela
construção dos sonhos.
25 Este livro, o primeiro duma trilogia medieval, fala-nos de um filho de boas famílias, da sua
travessia da infância e entrada na adolescência com grande desassossego; da castelã, a baronesa
de Mohl, linda, ruiva e branca, que o inicia no amor carnal aos treze anos. Também essa atitude,
brutal e estranha, o faz compreender os mais rudimentares indícios da constituição psicológica do
ser humano. Conseguimos perceber este jovem a pensar e a transformar-se todos os dias, o que
30 causa alguma angústia.
É, pois, uma história de desejos, de descoberta, da eterna luta entre o bem e o mal, entre a
luz e as trevas.
Sei, sinto que Ana María Matute tem absoluta consciência das penas que uma pessoa suporta
ao longo desta permanência por aqui. Os seus livros são documentos, de extraordinária
importância, que desenham a vida e as experiências do quotidiano de alguém que conviveu com a
Guerra Civil de Espanha e a Segunda Grande Guerra Mundial e o pós-guerra. A sua literatura é um

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grito de libertação através do poder imagético de cada um. A fantasia está expressa em muitos
dos seus livros, atingindo o pico em Olvidado rei Gudú e Aranmanoth. Embora estes livros sejam
um hino à poderosa fantasia humana, são também a constatação da triste realidade da condição
humana.
Ana María Matute enche-me de orgulho como mulher, como escritora, como exemplo de
conheci‑ mento, de experiência, de sabedoria, de humanidade.

CRISTINA CARVALHO, http://dererummundi.blogspot.pt/2011/10/apresentacao‑de‑ana‑maria‑matute.html


Instituto Cervantes, 13 de outubro de 2011, consultado em 14 de setembro de 2016 (com adaptações).

1. Com este texto, a autora visa apresentar

a sua opinião sobre o que deve ser a expressão literária.


o percurso literário de Ana María Matute.
a escritora Ana María Matute e o seu livro Olvidado rei Gudú.
a escritora Ana María Matute e o seu livro A torre de vigia.

2. Na segunda frase do texto, a referência à literatura

expressa um contraste.
contém uma analogia.
tem um valor sarcástico.
tem um valor irónico.

3. O antepenúltimo parágrafo do texto tem uma natureza

valorativa.
moralista.
didática.
prescritiva.

4. Na frase «nesse perigoso e absurdo abismo que é a adolescência» (linhas 8 e 9), encontramos

uma metonímia e um animismo.


uma metonímia e uma metáfora.
uma dupla adjetivação e uma metáfora.
uma dupla adjetivação e uma hipálage.

5. O uso da palavra «o» (linha 25) contribui para a coesão

lexical.
aspeto-temporal.
frásica.
referencial.

6. Na linha 30, as duas ocorrências da palavra «que» correspondem a

uma conjunção e um pronome, respetivamente.


um pronome e uma conjunção, respetivamente.
uma conjunção em ambos os casos.
um pronome em ambos os casos.

7. O complexo verbal «têm consagrado» (linha 11) tem um valor aspetual


out. 2017/1º teste-1º Período
perfetivo.
imperfetivo.
genérico.
iterativo.

8. Identifique a função sintática desempenhada pela expressão «dos sonhos» (linha 22).

9. Identifique o deítico presente na linha 31. Classifique‑o, tendo em conta a ideia que transmite.

10. Classifique a oração introduzida por «Embora» (linha 35).

GRUPO III
ESCRITA (50 pontos)

«Viverei fugindo / Mas vivo a valer»


Fernando Pessoa

Escreva um texto de opinião em que se refira à importância da autonomia na formação


da identidade de cada pessoa. Para comprovar o seu ponto de vista, apresente dois
argumentos que comprovem a validade da sua perspetiva e ilustre-os com exemplos.
Construa um texto bem estruturado (com introdução, desenvolvimento e conclusão),
com um mínimo de duzentas (200) e um máximo de trezentas (300) palavras.
Planifique o texto antes de o redigir e reveja-o no fim.

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em
branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /opôs-se-lhe/). Qualquer número
conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2016/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados — entre duzentas e trezentas palavras —
há que atender ao seguinte:
— um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do
texto produzido;
— um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

out. 2017/1º teste-1º Período

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