Direito Penal I
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A ação ou omissão de ação que realiza um tipo de injusto (ação típica não
justificada) representa o objeto de reprovação, cuja integração com a culpabilidade (juízo
de reprovação do autor), constitui o conceito de fato punível.
a) Lesões de bens jurídicos com mínimo desvalor de resultado. Não devem ser punidas
com penas criminais, mas constituir contravenções ou permanecer na área da
responsabilidade civil. Ex.: pequenos furtos.
b) Lesões de bens jurídicos com máximo desvalor de resultado. Não podem ser
punidas com penas criminais absurdas ou cruéis. Ex.: crimes hediondos.
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Princípios Constitucionais Penais
✦ Princípio da Legalidade
“Mas isso não se manifesta tão somente nos tipos e nas justificações (...)
se manifestam nas penas, nas possibilidades de progressão de regime, em
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tudo. Hoje eu pratiquei um ato cuja pena é de cinco a dez anos de prisão.
Amanhã essa pena é aumentada de dez a vinte. O máximo que eu posso ficar
preso são dez anos. Por que? Porque no momento que eu pratiquei, era de cinco
a dez. Também, pratiquei outro crime hoje. O crime tem regime inicial
semiaberto. Amanhã passa a ser regime inicial fechado. Eu vou começar no
semiaberto ou no fechado? Se eu for culpado, vou começar no semiaberto.”
Obs.: A lei pode retroagir sempre que for em benefício do réu (art. 5º, XL, CF)
c) Analogia —> É proibida a analogia in malam partem. Não se pode aplicar a lei penal
a fatos que não estejam previstos mas que sejam considerados semelhantes em prejuízo do
réu. No entanto, é permitida a analogia in bonam partem.
✦ Princípio da Culpabilidade
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—> Casos:
✦ Princípio da Lesividade
Nenhum direito pode legitimar uma intervenção punitiva quando não medeie um
conflito jurídico entendido como a afetação de um bem jurídico total ou parcialmente alheio,
individual ou coletivo. Vedação de aplicação de penas e medidas de segurança pela lesão
irrelevante aos bens jurídicos tutelados pelo Direito Penal. Trata-se da expressão positiva do
princípio da insignificância.
✦ Princípio da Proporcionalidade
✦ Princípio da Humanidade
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✦ Princípio da Responsabilidade Penal Pessoal
Teoria da Ação
Beling —> “Tatbestand” (situação de fato)
Ação
Conduta T+A+C
humana
Omissão
No Brasil, se segue o modelo teleológico (Welzel).
Ação teleológica: fim a ser alcançado; seleção dos meios para a obtenção de um fim e o
emprego adequado desses meios empregados.
Teoria do Tipo
“Tatbestand” (situação de fato): o tipo penal se constituiria como uma categoria
objetiva e livre de valorização. Os elementos subjetivos estariam presentes no exame da
culpabilidade enquanto que as valorações caberiam à antijuricidade.
Modalidades de Tipos
(1) Tipos de resultado: há uma separação espaço-temporal entre ação e resultado (art.
121, art. 155, art. 171, CP).
(2) Tipos simples: protegem apenas um bem jurídico (art. 121, art. 129, art. 163, CP).
Tipos compostos: protegem mais de um bem jurídico (art. 157, art. 159, CP).
(3) Tipos de lesão: ocorre a lesão real no objeto da ação (roubo, homicídio, crime de
estupro).
Tipos de perigo abstrato: presumem o perigo para o objeto em proteção. Nesses casos,
não é necessário que o Ministério Público ofereça provas de que a conduta é em abstrato
perigosa (art. 33, art. 133, CP).
Tipos especiais: somente podem ser praticados por sujeitos portadores de qualidades
descritas ou presumidas no tipo penal.
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—> Impróprios: agravam a punibilidade (art. 150, § 2º, CP).
Tipos de mão-própria: somente podem ser realizados por autoria direta, nunca por
autoria mediata, quando o autor domina a vontade alheia e desse modo se serve de outra
pessoa que atue como instrumento (art. 123, art. 342, CP).
§ 1º Priv.
§ 2º Qual.
Tipos independentes: possuem conteúdo típico próprio posto que a sua combinação
cria um tipo independente.
(7) Tipos de ação: comportamentos ativos descritos em forma positiva no tipo legal.
—> Omissão imprópria (art. 13, § 2º, CP): o inverso dos tipos de ação, atribui-se o
resultado ao autor em posição de garantidor.
Tipos culposos: são produzidos pela lesão do dever de cuidado ou pela lesão do risco
permitido.
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Tipo de Injusto Doloso de Ação
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b) Causa é a condição que não pode ser excluída hipoteticamente sem com isso excluir o
resultado.
—> Concausas:
1ª possibilidade = pré-existentes (nenhuma relação com a causa que concorre. Ex.: A atira em
B, causa mortis envenenamento)
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2ª possibilidade = causas concomitantes
Em todos os casos o agente responde tão somente pelos resultados que ele produziu.
Todos são tentativas de homicídio. Em nenhum dos casos anteriores o agente matou, pois
causas absolutamente independentes redundaram nas mortes das vítimas. Nesse sentido, o
agente responderá em todos os casos por tentativa.
b) Relativamente independentes
2ª possibilidade = concomitante (ex.: A atira várias vezes para B, que se assusta, infarta e
morre; A responde por tentativa)
3ª possibilidade = supervenientes
A atira em B, B é socorrido por uma ambulância que bate e B morre por conta da batida.
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a) Criação do risco para o bem jurídico pela ação do autor;
b) Realização do risco criado pela ação do autor no resultado de lesão ao bem jurídico.
• O autor não cria o risco de resultado (compra um carro para a pessoa e oferece um drink
ou fala para ela nadar em tempo chuvoso e cai um raio).
—> Erro de tipo: defeito de conhecimento do tipo legal, ou seja, a realização objetiva do fato
não se concilia com o elemento subjetivo do autor. Há um descompasso com que o autor
queria realizar e o que ele efetivamente realizou.
Obs.: Se o dolo exige conhecimento atual das circunstancias do tipo legal, então o erro sob
tais circunstâncias faz-se conduta culposa.
Erro de tipo essencial vencível (evitável): O sujeito não incidiria no erro se fosse um
pouco mais cauteloso.
Qualquer um dos erros de tipo essenciais afastam o dolo, uma vez que como foi dito o
agente é impedido de compreender o caráter criminosos do fato por causa do erro. Se não
houve intenção, só poderá o agente responder por culpa, isso se o crime em questão admitir
culpa.
Portanto se o erro de tipo for essencial inevitável = o agente tem afastado o dolo
(naturalmente, por ser erro de tipo essencial), e tem afastado também a culpa, ao constatar o
fato de que mesmo com o emprego de diligência mediana não poderia ser evitado.
Já se o erro de tipo for essencial evitável = o agente tem afastado apenas o dolo (por
ser erro de tipo essencial), e responde pela culpa quando o crime em questão assim admitir.
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Vamos analisar o seguinte exemplo: O advogado que pega o guarda chuva de seu
colega por engano, poderia aplicar a diligência mediana e evitar o erro, uma vez que
hipoteticamente os guarda chuvas não são idênticos. Pergunto, o crime de furto admite culpa?
Não, não admite culpa. Se não há culpa e não há dolo, não há crime. O agente então por
nada responde.
—> Erro de tipo acidental: Trata-se de um erro irrelevante. O sujeito incide sobre um
erro que não possui nenhuma repercussão.
I – Erro sobre o objeto
II – Erro sobre a pessoa
III – Erro na execução (aberratio ictus):
III.1 – Erro na execução com resultado único: Ex: “A” tenta matar “B”, mas acaba
matando “C”.
III.2 – Erro na execução com unidade complexa: Ex: “A”, ao matar “B”, acaba matando
“C” também.
IV – Erro com resultado diverso do pretendido (aberratio delicti): Sempre trata de uma
relação “coisa- pessoa”.
Ex: O agente “A” procura danificar um patrimônio, mas acaba lesionando um indivíduo
“B”.
V – Erro sobre o nexo causal (aberratio causae): Acontecimentos típicos praticados em
dois atos. O autor pratica atos posteriores sem saber que está consumando um crime. Ex:
“A” atira em “B”. “B” é dado como morto por “A”, que oculta o cadáver de “B”, atirando-o
no mar. Entretanto, “B” ainda se encontrava vivo antes de ser jogado e acaba morrendo
afogado, gerando outro nexo causal.
Tipo doloso = eu puno o autor por uma conduta dirigida a um fim ilícito
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descuidada pode produzir-lhe, deixando de praticá-la ou então executá-la somente depois
de adotar as necessárias e suficientes precauções para evitá-la.
A doutrina reconhece que não é o caso de exigir do sujeito um cuidado excessivo para com o
bem jurídico mas sim o que seria devido por um ser humano razoável e prudente nas mesmas
condições em que se encontrava o sujeito.
Notem que uma linha tênue se manifesta quando examinamos determinados casos
concretos visando identificar qual das modalidades se enquadra melhor.
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