Abril-Junho, 2012
ISSN 2177-0719
O ANATOMISTA
A importância do estudo da anatomia humana
Expediente
Capa:
Ilustração de capa do livro “Tabulae anatomicae” de
Bartolomeo Eustachi (Roma, 1783).
Sumário
Artigos Originais
3
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original
RESUMO
Método: Utilização de questionários, distribuídos aos alunos, impressos e por meio eletrônico.
DE SAÚDE
o primeiro contato com o estudo em anatomia humana foi dotado de ansiedade num primeiro
momento (n= 794, p = 78,92%); atualmente a sensação quanto às aulas de Anatomia os alunos
sentem-se naturais (n = 834, p = 82,90%); a bibliografia mais utilizada para estudos em Anatomia
Humana é de Frank H. Netter (n = 248, p = 24,65%) e em Neuroanatomia Humana de Angelo
B.M. Machado (n = 368, p = 36,58%); os alunos mencionaram ser o estudo da Fisiologia
relevante quando associado à Anatomia Humana (n= 986, p = 98,01%) e de outros ramos
(Histologia, Imunologia, Farmacologia, Microbiologia, Bioquímica, Biologia Celular/Citologia,
Clínica e Cirurgia), à imediata compreensão e interação prática quando associada à Anatomia
Humana (n = 979, p = 97,31%); a região anatômica que mais despertou interesse de estudo foi a
abdominal (n = 343, p = 34,09%); os horários das aulas de Anatomia Humana e Neuroanatomia
estão adequados de acordo com o curso e finalidade de bem atingir às expectativas propostas (n
= 992, p = 98,60%); a quantidade de horas-aula foram suficientes para o aprendizado em
Anatomia Humana e Neuroanatomia (n = 994, p = 98,80%); a assiduidade de estudo pessoal
para o aprendizado de Anatomia é adequada (n = 971, p = 96,52%); o aprendizado em
Anatomia Humana é considerado atualmente adequado às expectativas (n = 938, p = 93,24%); o
fator que mais contribui para o aprendizado é a dedicação pessoal (n = 849, p = 84,39%); a
Importância da Anatomia para as Ciências da Saúde corresponde ao grau de relevância máxima
(9 a 10, n = 996, p = 99,00%).
Conclusão: A disciplina de Anatomia faz parte da fundamentação teórica dos cursos da Área de
Saúde. A utilização de bibliografia adequada é fundamental, mencionando-se MOORE
(MOORE, Keith L. &. Dalley, Arthur F. Anatomia Orientada para Clínica. 5a ed. Rio de
Janeiro: Guanabara. Koogan. Rio de. Janeiro: 2007) e outros, utilização de recursos audio-
visuais (incluindo multimídia), dedicação dos professores, interesse dos alunos e ambiente de
aprendizado próprio e adequado.
5
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
Introdução
6
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
Objetivos
DE SAÚDE
Método
8
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
Resultados
Didaticamente este trabalho de pesquisa concentrou-se em conhecer a qualidade
e a relevância que Anatomia Humana representa para o estudante e neste sentido foi
desenvolvido o trabalho de pesquisa sobre o tema: “A Importância da Anatomia Humana para
o Estudante da Área de Saúde”.
Para estruturar-se os resultados obtidos, devemos concentrar esforços pessoais em relação ao
material e método desenvolvido, qualificação de docentes, apresentação de rigorosas instalações
que concentrem sintonia quanto à ausência de ruído, redução de odores, iluminação adequada e
sobretudo proporcionar incentivo pessoal de aprendizado aos discentes concitando-os à
compreensão que a Anatomia Humana é a disciplina de maior relevância dentre as estudadas
nas disciplinas de base e de fundamental compreensão que constará como integrativa de vários
segmentos e compondo a interdisciplinariedade correlata entre as que compõe o conteúdo
programático de disciplinas dos Cursos da Área de Saúde.
9
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
SEÇÃO 1
Na Seção 1 (Dados Pessoais) procurou-se identificar o acadêmico, e das 06
questões que compuseram o rol de informações pessoais, houve o retorno estatístico que se
apresenta da seguinte maneira:
O total de estudantes da Área de Saúde matriculados na Universidade da Região
de Joinville é de n = 1119. Destes estudantes n = 1018 (p = 90,97%) responderam ao
questionário on-line e n = 12 (p = 1,07%) dos alunos mencionaram respostas dúbias que foram
retiradas da quantificação, permanecendo o total em análise de 1006 alunos (p = 89,90% do
total e p = 98,82% dos questionários admitidos).
DE SAÚDE
11
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
12
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
13
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
14
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
5. Procurando obter informações sobre o passado escolar dos estudantes, a pesquisa procurou
saber sobre a formação de cada aluno anteriormente ao atual curso frequentado e que se
encontra matriculado, e obteve as informações:
a. Sim, é a primeira graduação universitária: n = 946 (p = 94,06%) e
b. Não é a primeira graduação universitária: n = 60 (p = 5,94%).
6. Os 60 (sessenta) alunos que responderam esta não ser a primeira graduação universitária
informaram que são graduados nos seguintes cursos:
15
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
SEÇÃO 2
Na Seção 2 do questionário foram coletados dados relativos a Métodos de
Estudo utilizados pelos estudantes matriculados, obtendo-se como informação:
7. Para o estudo em anatomia humana as respostas ao melhor método de aprendizado foi
apresentado da seguinte maneira:
a. Atenção dos professores. n = 623 (p = 61,92%);
b. Dedicação pessoal / interesse e motivação próprias. n = 271 (p = 26,93%);
c. Livros. n = 42 (p = 4,17%);
d. Peças anatômicas íntegras (utilizando cadáveres/corpos). n = 14 (p = 1,39%);
e. Peças anatômicas seccionadas (utilizando cadáveres/corpos). n = 12 (p = 1,19%);
f. Peças em plástico (reprodução similar à peça anatômica), seccionadas, reproduzindo a
respectiva secção corporal com detalhes direcionados ao aprendizado. n = 6 (p = 0,59%);
g. Peças em plástico, íntegras, reproduzindo tridimensionalmente a superfície em estudo com
detalhes direcionados ao aprendizado. n = 6 (p = 0,59%);
h. Recursos multimídia (CD interativo). n = 4 (p = 0,39%);
i. Recursos multimídia (filmes auto-explicativos). n = 7 (p = 0,69%);
j. Recursos multimídia (vídeo). n = 5 (p = 0,49%);
l. Utilização de equipamentos (quadros brancos e/ou negros). n = 11 (p = 1,09%) e
m. Utilização de equipamentos (retroprojetor, slides). n = 5 (p = 0,49%).
16
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
17
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
18
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
10. Quando questionado o estudo anatômico em peças plásticas similares o melhor método
apresentado é:
a. Em peças apresentando tamanhos maiores e maior riqueza de detalhes. n = 529 (p = 52,58%)
e
b. Em peças com tamanho real comparativamente às estruturas vivas. n = 477 (p = 47,41%).
11. Ao questionar-se a estrutura física dos corpos estudados em Anatomia Humana estes devem
ser:
19
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
SEÇÃO 4
Na Seção 4 do questionário foram coletados dados relativos ao ambiente de
aprendizagem em Anatomia Humana. Os questionamentos versaram nas seguintes etapas:
12. Na opinião dos estudantes qual é o fator mais relevante e contributivo para o adequado
aprendizado de Anatomia Humana considerando instalações físicas, obtendo-se as respostas:
a. Iluminação adequada. n = 32 (p = 3,18%);
b. Limpeza (mesas, bancadas). n = 71 (p = 7,05%);
c. Odor reduzido de conservantes utilizados. n = 16 (p = 1,59%);
d. Silêncio (menor nível de ruído). n = 858 (p = 85,28%) e
e. Ventilação adequada. n = 29 (p = 2,88%).
20
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
13. Ao inquirir-se os alunos a respeito do primeiro contato com o estudo em anatomia humana
os alunos responderam que foi:
a. Dotado de ansiedade num primeiro momento. n = 794 (p = 78,92%);
b. Natural. n = 53 (p = 5,26%);
c. Preocupado. n = 147 (p = 14,61%) e
d. Não conseguiu participar. n = 12 (p = 1,19%).
14. Quando questionado aos estudantes na atualidade como estes sentem-se em relação às aulas
de Anatomia o padrão de respostas foi:
a. Compenetrado. n = 34 (p = 3,33%);
b. Confortado. n = 104 (p = 10,33%);
c. Natural. n = 834 (p = 82,90%);
d. Nervoso. n = 13 (p = 1,29%) e
e. Respeitoso. n = 21 (p = 2,08%).
21
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
SEÇÃO 5
Na Seção 5 do questionário foram coletados dados relativos à literatura utilizada
em Anatomia Humana e Neuroanatomia pelos estudantes matriculados.
Inicialmente torna-se imperioso tecer comentários concernentes à importância da
dedicação de alguns autores e relembrar que após séculos de estudo e descobertas quanto ao
conhecimento do corpo humano, atualmente a sociedade científica e acadêmica possui um
referencial vasto e adequado aos vários setores do conhecimento, devido ao brilhantismo de
mentes que dedicaram-se em conhecer o corpo humano.
Os melhores exemplos advém de livros, e em particular, de autores consagrados
como Keith L. Moore (MOORE, Keith L. &. Dalley, Arthur F. Anatomia Orientada para
Clínica. 5a ed. Rio de Janeiro: Guanabara. Koogan. Rio de. Janeiro: 2007), Gerald J. Tortora
(TORTORA, Gerard. Corpo Humano: Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 6ª ed. Porto
Alegre: Artmed, 2006), Frank Netter (NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 4ª ed.
São Paulo: Elsevier, 2004) e Johannes Sobotta (SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia
Humana. 22ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan: 2006). A importância para estes autores
da Anatomia humana concentra-se em particularizar a micro-visão de todas as estruturas
anatômicas para o estudante para que este possa despertar à compreensão pessoal da
importância desde maravilhoso ramo dos estudos das Ciências da Vida.
22
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
Frank Netter (1906-1991) assim expressou: “na minha carreira como artista
médico, por mais de 50 anos, minha carreira cresceu em resposta aos anseios e necessidades da
profissão médica e em todos estes anos cerca de 4.000 ilustrações foram revestidas de criteriosa
seleção relacionada às várias subdivisões do conhecimento médico, como anatomia
macroscópica, histologia, embriologia, fisiologia, patologia, modalidades diagnósticas, técnicas
cirúrgicas e terapêuticas e manifestações clínicas de uma variedade de doenças”.
A Anatomia Humana reveste-se de grandes exemplos de autores fantásticos na
história da humanidade que estiveram empenhados no estudo desta fundamental disciplina,
dentre estes mencionamos Vesalius, Leonardo da Vinci, William Hunter, Henry Gray,
Descartes e Hipócrates. Compreendemos que vários autores atuam conjuntamente para o
pleno desenvolvimento e compreensão aprofundada desta verdadeira arte e possuímos
excelentes exemplos para construir este caminho formidável do conhecimento humano da vida.
A Literatura de apoio ao estudante deve constar de exuberante quantidade e
qualidade de informações para a compreensão pelo estudante das Ciências da Saúde a fim de
que este melhor compreenda a esfera e a dimensão global do estudo de Anatomia, visando
capacitá-lo a compreender, coordenar e inter-relacionar todas as diversas disciplinas que
compõem o cerne dos cursos de graduação universitária.
Neste sentido, o estudante deverá utilizar-se de poderosos instrumentos didáticos
que possam direcioná-lo da melhor maneira à compreensão de todos os ramos que compõem a
Anatomia Humana em particular:
Variação e normalidade da constituição anatômica; anomalias; fatores gerais de
variação; nomenclatura anatômica; divisão do corpo humano; posição anatômica; planos de
delimitação e secção do corpo humano; eixos do corpo humano; termos de posição e direção;
princípios gerais de construção corpórea nos vertebrados.
Outros itens específicos que compõem o estudo da Anatomia Humana
envolvem:
a) Sistema Esquelético: conceito de esqueleto; funções do esqueleto; tipos de esqueletos; divisão
do esqueleto; número de ossos; classificação dos ossos; tipos de substância óssea; elementos
descritivos da superfície dos ossos; periósteo; nutrição.;
23
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
DE SAÚDE
DE SAÚDE
Em NEUROANATOMIA
16. Em seguida foi questionado aos estudantes qual o livro de NeuroAnatomia mais contribuiu
no aprendizado, obtendo-se as seguintes informações:
a. Anatomia do Aparelho Locomotor - M. Dufour. n = 21 (p = 2,08%);
b. Cem Bilhões de Neurônios: Conceitos Fundamentais de Neurociência - R. Lent. n = 0;
c. Core Text of Neuroanatomy - M. B. Carpenter. n = 0;
d. Diagnóstico Diferencial em Neurologia - J. Patten. n = 0;
26
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
27
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
SEÇÃO 6
Na Seção 6 do questionário foram coletadas opiniões pessoais e quantificadas posteriormente,
obtendo-se como informação:
17. O estudo da Fisiologia é relevante ao associar-se à Anatomia Humana?
a. Sim. n = 986 (p = 98,01%) e
b. Não. n = 20 (p = 1,98%).
DE SAÚDE
SEÇÃO 6
19. A pesquisa de opinião dos estudantes voltou-se a procurar saber qual a região anatômica em
que mais houve manifestação de interessou em estudar, obtendo-se como respostas:
a. Abdômen. n = 343 (p = 34,09%);
b. Cabeça e Pescoço. n = 214 (p = 21,27%);
c. Dorso e Medula Espinhal. n = 142 (p = 14,11%);
d. Membro Inferior. n = 33 (p = 3,28%);
e. Membro Superior. n = 49 (p = 4,87%);
f. Neuroanatomia. n = 83 (p = 8,25%);
g. Pelve e Períneo. n = 46 (p = 4,57%) e
h. Tórax. n = 96 (p = 9,54%).
29
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
20. Foi questionado se os horários das aulas de Anatomia Humana e Neuroanatomia estavam
adequados com o curso e com a finalidade de bem atingir às expectativas propostas, obtendo-se
as informações:
a. Sim. n = 992 (p = 98,60%) e
b. Não. n = 14 (p = 1,39%).
30
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
22. Objetivando conhecer a assiduidade de estudo dos universitários estes informaram que o
desprendimento pessoal para o aprendizado de Anatomia foi à época:
a. Adequado. n = 971 (p = 96,52%);
b. Razoável. n = 24 (p = 2,38%) e
c. Insuficiente. n = 11 (p = 1,09%).
31
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
23. Inquiriu-se sobre o momento atual a respeito de como os universitários se consideram com
o aprendizado em Anatomia Humana, obtendo-se as seguintes informações:
a. Adequado. n = 938 (p = 93,24%);
b. Razoável. n = 52 (p = 5,16%) e
c. Insuficiente. n = 16 (p = 1,59%).
24. Procurando conhecer o que mais contribuiu para o aprendizado, o retorno de informações
demonstrou que consiste em:
a. Curiosidade para descobrir. n = 73 (p = 7,25%);
b. Dedicação pessoal. n = 849 (p = 84,39%);
c. Memória visual. n = 36 (p = 3,57%) e
d. Visão orientada pelas mãos. n = 48 (p = 4,77%).
32
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
33
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
Discussão
Conclusão
34
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
DE SAÚDE
Referências Bibliográficas
MOORE, Keith L. &. Dalley, Arthur F. Anatomia Orientada para Clínica. 5a ed. Rio de
Janeiro: Guanabara. Koogan. Rio de Janeiro: 2007;
NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 4ª ed. São Paulo: Elsevier, 2004;
SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana. 22ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan: 2006;
35
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original
RESUMO
FÍSICA
INTRODUÇÃO
FÍSICA
38
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
FÍSICA
39
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
FÍSICA
40
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
FÍSICA
Sabe-se que pode soar como prolixa, complexa e detalhista a observação das
normas internacionais de escrita de termos médicos. Entretanto, o rigor e o respeito à norma
são primordiais para a consecução da dita Padronização Terminológica Anatômica, muito
embora essa “unificação” sofrerá, necessariamente, alterações ao longo dos anos (NOVAK et
al., 2008).
Em relação às dificuldades de concordância entre termos que designam a mesma
estrutura, Novak et al. (2008) ressaltam que para ratificar a utilidade de uma terminologia única,
pode-se ocorrer hesitações como, por exemplo, ao se escrever o nome da articulação entre o
metacarpal (ou metacarpeano?) e a falange proximal (ou primeira falange?). Seria
“metacarpofalângica” ou “metacarpofalangeana” ou “metacarpofalangiana”? Ou ainda, noutro
modelo, “semimembranoso”, “semi-membranoso”, “semimembranácio” ou
“semimembranáceo”? Ou então, músculo “supra-espinhal”, “supraespinhal, “supra-espinhoso”
ou “supra-espinal”?. Articulação “rádio-ulnar”, “radioulnar”, “radiulnar” ou “radioulnal”?.
Se existe dúvida é porque cada um tem seu modo de escrita e fala, baseando-se
no que vem passado das gerações anteriores e até mesmo, do próprio ensino na graduação.
Ninguém tem dúvida de que “rádio” é rádio, porque é dessa maneira que todo
mundo escreve. Mas alguns ainda têm dúvida se ulna é cúbito. Ou se patela é rótula. A
desculpa, que às vezes ouvimos, de que tanto faz escrever “infra-espinhoso” ou “infra-espinal”,
sob a alegação de que de qualquer forma o leitor entenderá, não pode prosperar. Se pensarmos
desse modo, o assalto à língua portuguesa estará institucionalizado e não mais será justo corrigir
quem escreve exceção com “ss”. A terminologia atual traz termos incomuns à nossa prática, que
embora existam em nosso léxico, não constam na Nomina Anatômica (BACELAR et al. 2004).
Vasquez e Cunha (2008) apontam os alunos das séries inicias da graduação nas
áreas da saúde como os mais prejudicados pela utilização de termos inespecíficos, epônimos e
sinônimos para as estruturas anatômicas.
Esse trabalho se justifica pela escassez de pesquisas nessa área, e pela importância
que a Terminologia Anatômica apresenta para os profissionais da educação física, por ser um
profissional que atua diretamente com o corpo humano, uma vez que os termos são universais e
devem ser utilizados corretamente, afim de globalizar o ensino e pesquisa.
41
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
FÍSICA
METODOLOGIA
42
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
FÍSICA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre os pesquisados, 14 eram do gênero masculino e 11 do gênero feminino,
com idade variando entre 20 e 49 anos, sendo 12 indivíduos entre 20 e 29 anos; 10 entre 30 e
39 anos e três entre 40 e 49 anos. Quanto à titulação, a pesquisa contou com nove graduados,
15 especialistas, um mestre e nenhum doutor ou pós-doutor. Ao serem questionados se os
mesmos possuíam publicações científicas, 10 responderam que sim e 15 responderam que não.
Por se tratar de publicações científicas, levantou-se a hipótese de que pelo menos
esses autores tenham assinalado as respostas corretas no que diz respeito às estruturas
solicitadas, pois os seus respectivos textos circulam nas mãos de outros pesquisadores,
acadêmicos e profissionais da área específica, e quanto mais erros de nomenclatura forem
divulgados e circularem pelas universidades e revistas, mais difícil será a sua correção e
normatização.
Quanto ao conhecimento da Terminologia Anatômica Internacional, 11
pesquisados relataram conhecer e utilizá-la; nove conhecem, mas não utilizam e cinco
desconhecem totalmente a sua existência, o que é de se preocupar quando se trata de um
profissional englobado na área da saúde, atuante diretamente com o corpo humano e suas
estruturas macroscópicas.
Nas aulas de anatomia no ensino superior, em qualquer segmento da área da
saúde, o docente deve salientar e explicar a existência da Terminologia Anatômica, assim como
abordar que deverá ser seguida uma nomenclatura única para cada estrutura macroscópica do
corpo humano. Sabe-se que nem todos os docentes de anatomia humana partilham dessa
“prática”, mas se fossem, com certeza teríamos melhores profissionais da saúde no mercado,
onde todos falariam a mesma língua em se tratando de estruturas anatômicas.
Sobre a sua relevância, 18 concordam que é relevante; seis relatam ser pouco
relevante e somente uma pessoa diz não apresentar relevância alguma, o que nos leva a refletir,
pois o número de pessoas que desconhecem a Terminologia Anatômica Internacional é maior
do que aqueles que não concordam com a relevância do tema e sua devida utilização, e além do
mais, se desconhecem, não teriam porque acharem relevante. 43
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
FÍSICA
44
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
FÍSICA
FÍSICA
FÍSICA
FÍSICA
CONCLUSÃO
Percebeu-se, portanto, que muitos termos ainda continuam sendo utilizados
incorretamente quando se considera a Terminologia Anatômica. Os profissionais da educação
física atuam diretamente com estas estruturas, principalmente as que correspondem ao sistema
músculo esquelético, como ossos (patela, osso do quadril), músculos (semimembranáceo,
latíssimo do dorso), articulações e tendões (tendão do calcâneo), pois são os responsáveis pelo
movimento humano. Esta divergência de termos faz com que o ensino, a pesquisa e até o
diálogo entre os profissionais e profissional/cliente fique confuso.
Apesar da Terminologia Anatômica Internacional não ser do agrado de todos e
continuar apresentando algumas deficiências, seu uso é de enorme utilidade, já que permite
facilitar e universalizar a comunicação entre os profissionais da educação física e profissionais da
saúde em geral, além de pesquisadores, docentes e estudantes.
Para obterem-se resultados ainda mais precisos, seria pertinente uma pesquisa
composta por uma amostra maior, contando com a presença de mestres, doutores, pós-
doutores e se possível, uma breve comparação entre profissionais de diversas áreas da saúde ou
até mesmo entre graduados e estudantes.
Referências Bibliográficas
BEZERRA, A.J.C.; BEZERRA, R.F.A.; DI DIO, L.J.A. Brasil 500 anos: nomenclatura
anatômica de um jesuíta no tempo do descobrimento. Revista da Associação Médica Brasileira.
V. 2, n. 46, p.186-190, 2000b 48
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
FÍSICA
CHOPARD, R.P. Anatomia: conceito e introdução ao estudo. In: Neto, Marcílio Hubner de
Miranda (orgs.). Anatomia Humana: aprendizagem dinâmica. Maringá: Ed. Clichetec, 2006, p.
7-16.
DANGELO, J.G; FATTINI, C.A. Anatomia Humana: sistêmica e segmentar. São Paulo:
Ed.Atheneu, 2007.
DI DIO, L.J.A. Lançamento Oficial da Terminologia Anatomica em São Paulo: uma marco
histórico para a medicina brasileira. Revista da Associação Médica Brasileira, N.43, n.3, p.191-
193, 2000.
Artigo Original
ANATÔMICAS
Mauricio Tabajara Almeida Borges1, Luiz Antonio Alves Filho2, Angelica Castilho Alonso3,
Paulo – SP.; angelicacastilho@msn.com ; 4 Profissional da Educação Física e Fisioterapeuta, Professor Doutor do curso de
Ciências da Atividade Física da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP);
carlosfisi@uol.com.br ; 5 Fisioterapeuta, Professor Mestre do curso de Pós Graduação em Anatomia Macroscópica e por
RESUMO
50
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: MÚSCULO PRONADOR REDONDO E NERVO MEDIANO: ESTUDO ANATÔMICO DAS
Palavras chaves: Anatomia; nervo mediano; músculo pronador redondo, variações anatômicas.
Keywords: Anatomy; median nerve, the pronator teres muscle, anatomical variations.
INTRODUÇÃO
O nervo mediano (n.M) tem um trajeto considerado normal quando assim passa
pelo músculo pronador redondo (m.PR) entre as suas duas cabeças. Tal músculo tem sua
inserção proximal no processo coronóide da ulna e no epicôndilo medial do úmero, suas
cabeças são denominadas Umeral e Ulnar e tem sua fixação distal no terço médio do rádio. Há
relatos encontrados na literatura que tanto o n.M quanto o m.PR podem apresentar
comportamento variados sendo o primeiro em seu trajeto e o segundo na sua composição
morfológica1-7.
51
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: MÚSCULO PRONADOR REDONDO E NERVO MEDIANO: ESTUDO ANATÔMICO DAS
MÉTODO
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, realizada nos laboratórios de
Anatomia Humana do Centro Universitário São Camilo e na Escola Paulista de Medicina, após
autorização, consentimento e supervisão dos professores responsáveis pelos respectivos
laboratórios e curso.
A pesquisa foi dividida em duas etapas sendo a primeira com a seleção e
dissecação de 15 cadáveres de nacionalidade brasileira, sendo 10 desses pertencentes ao
laboratório de anatomia do Centro Universitário São Camilo, Campus Ipiranga e 05
pertencentes à Escola Paulista de Medicina. Em seguida realizamos levantamento de dados com
relação ao gênero, grupo étnico e idade aproximada dos cadáveres.
52
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: MÚSCULO PRONADOR REDONDO E NERVO MEDIANO: ESTUDO ANATÔMICO DAS
RESULTADOS
53
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: MÚSCULO PRONADOR REDONDO E NERVO MEDIANO: ESTUDO ANATÔMICO DAS
54
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: MÚSCULO PRONADOR REDONDO E NERVO MEDIANO: ESTUDO ANATÔMICO DAS
n.M
Artigo Original: MÚSCULO PRONADOR REDONDO E NERVO MEDIANO: ESTUDO ANATÔMICO DAS
DISCUSSÃO
57
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: MÚSCULO PRONADOR REDONDO E NERVO MEDIANO: ESTUDO ANATÔMICO DAS
58
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: MÚSCULO PRONADOR REDONDO E NERVO MEDIANO: ESTUDO ANATÔMICO DAS
CONCLUSÕES
Com esse estudo concluímos que o nervo mediano atravessa as fibras da cabeça
ulnar do m.PR na maioria dos membros com variações, (53,0%), assim como também é maioria
(30,0%) do total de membros estudados.
A cabeça umeral do m.PR não apresenta variações quanto ao tipo de fibras
musculares, enquanto a cabeça ulnar apresenta variação em 33,3% dos casos, sendo observadas,
com maior freqüência, as fibras mistas representando 26% dessas variações.
Houve predomínio porcentual das variações do n.M transpassando o ventre da
cabeça ulnar do m.PR no grupo étnico dos não brancos, sendo que essas variações ocorreram
em maior número bilateralmente.
O membro superior direito apresentou-se com maior número de variações
anatômicas, 52,9% do total de membros superiores com variações. Com predomínio do n.M
passando atrás da cabeça ulnar do m.PR.
59
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: MÚSCULO PRONADOR REDONDO E NERVO MEDIANO: ESTUDO ANATÔMICO DAS
Referências Bibliográficas
1. DRAKE, R. L., et al. Gray’s Anatomia para estudantes. 2aed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 699,
2005.
2. GESSINI, L. et al. The Seyffarth Syndrome (Round Pronator Syndrome). Considerations on
19 cases. Chri. Organi Mov., 66 (4): 481-489, 1980.
3. DIDIO, L.J.A.; DANGELO, J.G. Nervus medianus piercing the caput humerales of the m.
pronator teres. Anat. Anz., Jena, v.112, p. 385-388,1963
4. DIDIO, L. J. A.; DANGELO,J.G. Um caso de nervus medianus situado posteriormente aos
dois feixes do músculo pronator teres em feto humano. Coimbra, Fol. Anat. Univ. Conimbr.,
v.33, p.1-10, 1958.
5. STABILLE, S.R. et al. Pronator teres muscle: anatomical variations and predisposition for
the compression of the median nerve. Acta Scientiarum, Maringa, v.24, n.2, p. 631-637, 2002.
6. STABILLE, S.R. Considerações anatômicas sobre o processo supracondilar, músculo
pronador redondo e suas relações com o nervo mediano. Dissertação de Mestrado-Unicamp,
Campinas, 1984.
7. GOULD, D. J. Anatomia Clínica. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 160, 2010.
8. MOORE L. K. ;DALLEY, A. F. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª ed. Rio de Janeiro:
Guanabara e koogan, p. 1101, 2007.
9. FRAGELLI, T. B. O. et al. Lesões em músicos: quando a dor supera a arte. Ver. Neurocienc
v. 16, n. 4, 303-309, 2008.
10. WIGGINS, C.E.: Pronator syndrome. South: Med. J., Birmingham,v.75, n.2, p.240-241,
1982.
11. CORRIGAN, B. ; MAITLAND, G. D. Prática clínica. Ortopedia e Reumatologia,
diagnóstico e tratamento. 1ª ed. São Paulo : Premier, p. 81, 2000.
12. SPINNER, M.; SPENCER, P. Nerve compression lesions of the upper extremity. A clinical
and experimental review. Clin. Orthop., 104: 46-67, 1974.
13. DANGELO, J. G. ; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 2ª ed. São
Paulo : Atheneu, p. 304, 2000.
60
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: MÚSCULO PRONADOR REDONDO E NERVO MEDIANO: ESTUDO ANATÔMICO DAS
14. BARRETT, J.H. An additional (third and separate) head of the pronator teres muscle. J.
Anat., Cambridge,. v.70, p. 577-578, 1936.
61
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original
NOGUEIRA FERRAZ2
1Graduando do curso Ciências Biológicas da Universidade Nove de Julho – UNINOVE; 2Biólogo, Mestre e Doutor em
Ciências Básicas pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. Pedagogo pela UNINOVE. Docente do Departamento
RESUMO
disponíveis para estudo prático nos laboratórios de Anatomia das Universidades brasileiras
demonstra que o treinamento de alunos com relação à identificação de variações anatômicas
permite conhecer melhor alguns aspectos morfológicos dos úteros humanos, colaborando com
importantes informações que podem servir de base didático-pedagógica no ensino da Anatomia,
além de contribuir para o ensino de condutas forenses e médico-cirúrgicas.
INTRODUÇÃO
64
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
65
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
A forma do óstio do útero, e mesmo a forma de seus lábios, além da ausência, presença e
extensão do istmo, sofre variações com a idade, com a fase gestacional, e com a nuliparidade ou
multiparidade1.
O colo uterino é a porção fibromuscular inferior do útero e varia de tamanho e
formato de acordo com a idade da mulher, da paridade e do estado hormonal, sendo na
nulípara cônico com orifício externo puntiforme e fechado, e nas multíparas cilíndrico com
orifício externo entreaberto e, com frequência, bilabiado9,11. Em relação à paridade,
denominam-se mulheres nulíparas as que nunca pariram e multíparas as que já pariram,
evidenciando uma alteração morfológica no óstio uterino. Ainda, na literatura Anatômica,
refere-se como primípara a mulher que esteja em sua primeira gestação12.
Utilizando o termo nulípara para nenhuma paridade e multípara para uma ou
mais paridades, é fato que nas multíparas o colo uterino é volumoso, e o óstio uterino apresenta-
se como uma fenda larga, entreaberta e transversa13. Em mulheres nulíparas, o óstio uterino
assemelha-se a uma pequena abertura circular no centro do colo9,12.
As diferenças das partes uterinas em nulíparas e multíparas ficam evidenciadas
quando analisadas separadamente. O útero em mulheres nulíparas mede aproximadamente 7,5
de comprimento total, 5 a 7 cm de comprimento em sua parte superior, 3 a 5 de largura em sua
parte inferior, e 2,5 cm de espessura, sendo maior nas mulheres que engravidaram
recentemente, e menor (atrofiado) quando os níveis hormonais são baixos, como ocorre após a
menopausa2,3,10. Na nulípara, a cavidade uterina tem cerca de 4,5 a 5,5 de profundidade, a partir
do óstio uterino.
Após uma gestação, o útero leva de seis a oito semanas para retornar à sua
condição de repouso, apresentando 1 cm a mais em todas as suas dimensões 8. O istmo do
útero apresenta-se com cerca de 1 cm ou menos de comprimento, sendo uma zona de transição
entre o corpo e o colo do útero, esta leve constrição é mais evidente em mulheres multíparas
11,13,14.
A identificação de nuliparidade ou multiparidade em úteros humanos requer
tanto habilidades práticas quanto conhecimentos teóricos em Anatomia Humana.
66
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
OBJETIVO
Quantificar a ocorrência de nuliparidade e multiparidade em úteros humanos
isolados ou in situ.
MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo e de abordagem quantitativa, realizado nos
laboratórios de Anatomia de uma Universidade particular da cidade de São Paulo - SP. O
período de coleta de dados para a realização deste trabalho estendeu-se de outubro de 2011 a
março de 2012. Os objetos de interesse desta pesquisa foram todos os úteros humanos isolados
ou in situ disponíveis nos laboratórios citados. Estes úteros foram avaliados individualmente e
classificados como pertencentes à mulheres nulíparas ou multíparas, baseando-se nas
peculiaridades descritas na Introdução deste artigo. Ainda, o comprimento médio (do fundo ao
colo) e as larguras superior (na região do fundo) e inferior (na região do colo) também foram
verificados. As larguras e o comprimento dos espécimes foram apresentados pelos seus valores
médios ± desvio-padrão. A presença ou não do istmo, bem como a presença de óstio circular ou
fendido, foram apresentados pelos seus valores absolutos e percentuais relativos ao tamanho
total da amostra, não havendo a necessidade de aplicação de testes estatísticos específicos.
67
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
RESULTADOS
A amostra deste estudo constitui-se de 56 úteros. Destes, 34 peças (61% da
amostra) apresentaram óstio fendido, sugerindo multiparidade, 18 peças (32% do total)
possuíam óstio circular, sugerindo nuliparidade, e 4 espécimes (7% do total) não puderam ser
avaliados com respeito ao formato do óstio.
Com relação à presença ou não de istmo, este se mostrou presente em 44 úteros
(totalizando 78% da amostra), sugerindo multiparidade, ausente em 10 peças (correspondendo a
18% do total), sugerindo nuliparidade, e 2 úteros (4% das avaliações) não puderam ser
categorizados quanto à presença ou ausência do istmo.
Quanto ao comprimento, os úteros se mostraram bastante diversos,
apresentando uma média de aproximadamente 6,5 ± 1,4 cm, da base do colo até o fundo do
útero, conforme demonstrado na Figura 1.
68
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Frequência
10
10
5
0 0
4,5
3
7
N/A
6
N/A
3,5
4,5
5,5
6,5
2,5
3,5
5,5
Centímetros Centímetros
DISCUSSÃO
O treinamento anatômico de estudantes, ainda no período de graduação, mostra-
se de extrema importância quando se leva em consideração a capacitação de profissionais para,
futuramente, atuarem nas mais distintas áreas ligadas não só à Ciência Forense como, por
exemplo, a perícia criminal, mas também prepará-los para a atuação em profissões que
necessitem do conhecimento em Anatomia Humana para que sejam exercidas de maneira o
mais próximo possível da perfeição, em especial a enfermagem, medicina e fisioterapia.
Utilizando-se do termo nulípara para classificar peças sem qualquer indício de
paridade, e multípara para peças com características sugestivas de multiparidade, já está bem
estabelecido que em multíparas o colo uterino é volumoso, e o óstio uterino apresenta-se como
uma fenda
69
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
CONCLUSÃO
Evidenciou-se a predominância de úteros de mulheres multíparas nos
laboratórios de Anatomia da universidade avaliada. A condução de trabalhos que quantifiquem
com clareza as variações anatômicas permite conhecer melhor alguns aspectos morfológicos da
Anatomia Humana, colaborando com importantes informações que podem servir de base
didático-pedagógica no ensino da própria Anatomia, além de contribuir para o ensino de
condutas forenses, ginecológicas e médico-cirúrgicas.
70
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Referências Bibliográficas
1. Dangelo JG, Fattini CA. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3.ed. São Paulo: Atheneu,
2007.
2. Tortora GJ, Derrickson B. Principles of anatomy and physiology. 12.ed. 2010 - Copyright ©
2009 John Wiley & Sons. Aptara Corporation, R.R; Donnelley; Phoenix Color Corporation.
Printed in the United States of America.
3. Tortora, GJ. Princípios de Anatomia Humana. 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2007.
4. Gardner E, Gray DJ, O’rahilly R. Anatomia: Estudo regional do corpo humano. 4.ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1978.
5. Junqueira LC, Carneiro J. Histologia básica. 11.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
6. Guyton AC, Hall JE. Textbook of medical physiology. 11.ed. Philadelphia, Pennsylvania.
Elsevier, 2006.
7. Guyton AC, Hall JE. Tratado de Fisiologia médica. 11.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2008.
8. Conceição JC. Ginecologia Fundamental. São Paulo: Atheneu, 2005.
9. Neme B. Obstetrícia Básica. 3.ed. São Paulo: Sarvier, 2005.
10. Keith, LM; T.V.N., Persaud. Embriologia Clínica. 7.ed. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2004.
11. Sobotta J. Atlas de Anatomia Humana. 21.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
12. Sellors JW. Colposcopia e tratamento da neoplasia intra-epitelial cervical: manual para
principiantes. Washington, D.C.: OPAS, © 2004. . - Publicado pelo Centro Internacional de
Pesquisas sobre o Câncer 150 cours Albert Thomas, 69372 Lyon cédex 08, França. Traduzido
para o português e editado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
13. Keith LM. Anatomia orientada para a clínica. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1994.
14. Dangelo JG, Fattini CA. Anatomia humana básica. 2.ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2002.
71
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
15. Brasil. Lei nº 8.501, de 1992. Dispõe sobre a utilização de cadáver não reclamado, para fins
de estudos ou pesquisas científicas e da outras providências. Brasília, DF, 30 de novembro 1992.
16. Guimarães MA. The challenge of identifying deceased individuals in Brazil: from
dictatorship to DNA analysis. Sci Justice. 2003; 43(4):215-17.
17. Espirito Santo AM, Theophilo FV, Fonseca H, Prates JC, Andrade OP; Freire PS. Uso de
cadáveres no estudo de Anatomia Humana nas escolas da área da saúde. Rev Goiana Med
1981; 27(1/2):107-116.
72
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original
DE ANATOMIA HUMANA
Luiz Henrique de Lacerda Abrahão
Professor de História, Filosofia e Historiografia das Ciências do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
75
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
própria punição jurídica: a entrega dos restos mortais do condenado às mesas anatômicas era
parte integrante da pena capital (HIDELBRANDT 2008). Apesar dessa normatização inicial,
alguns fatores ainda contribuíram para a escassez de cadáveres disponíveis entre os séculos
XVIII e XIX. Destacamos três: (i) redução do número de óbitos resultante da melhoria na
terapêutica das lesões (tais como as dilacerações, queimaduras, infecções, perfurações etc.
acarretadas por armas de fogo) (FORREST 1982); (ii) diminuição da aplicação de pena-de-
morte na Europa (AJITA, SINGH 2007); e (iii) formação de novas escolas médicas, hospitais e
enfermarias (SHORTT 1983; McKEOWN 1970). A saída para o problema da demanda por
corpos adveio da violação de túmulos, pilhagem de restos mortais e assassinatos de indivíduos
sem representatividade social. “Médicos da noite” (“ensacadores” ou “ressuscitadores”, como
também ficaram conhecidos) invadiam cemitérios, exumavam os corpos e os encaminhavam
para escolas anatômicas (MAGEE 2001). Nos Estados Unidos, por exemplo, os principais alvos
desses assaltos foram sepulturas de imigrantes, indigentes e outros grupos vulneráveis
(HALPERIN 2007). Todavia, o tráfico de cadáveres atingiu o extremo em Edimburgo quando
Willian Burke e Willian Hare descobriram nesse mercado uma lucrativa fonte de renda
(HULKOWER 2011). A dupla confessou ter matado mais de quinze vítimas (sobretudo
andarilhos e miseráveis, incluindo mulheres e crianças) entre 1827 e 1829, época em que foram
capturados (EVANS 2010). Entretanto, tais condutas não constituem episódios isolados no
desenvolvimento histórico dos estudos empregando cadáveres humanos – J. Duverney, A. von
Haller, J. Hunter, A. Cooper, dentre muitos outros, foram renomados anatomistas os quais
erigiram o conhecimento científico através do financiamento da pilhagem criminosa de corpos
humanos (ORLY 1999).
Após acaloradas reações populares, a promulgação do Ato Anatômico em 1832
(com reformulações posteriores) pretendeu oferecer uma saída governamental para
regulamentar o fornecimento de material para dissecação humana no Reino Unido (MITCHEL
et at. 2011). Doravante, asilos, instituições psiquiátricas, abrigos de pobres e falecidos não-
reclamados por parentes em hospitais públicos proveriam as escolas médicas (HUGHES 2007).
76
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
Em síntese, os cadáveres para estudo anatômico não seriam mais criminosos executados, mas
idosos, indigentes, lunáticos, andarilhos, alijados e outros membros de grupos social, mental ou
economicamente desprotegidos. Tal solução (cuja complexa burocracia provocou a própria
corrupção do sistema de captação de corpos) foi incorporada e seguida por muitos outros países
(SLAKE 1966). Porém, note-se, ela nem resolveu completamente a dificuldade da demanda
legal de cadáveres nem extinguiu práticas de obtenção ilícita ou moralmente protestável de
corpos humanos para estudos científicos (STURROCK 1977; MacDONALD 2009;
HENDERSON, COLLARD, JOHNSON 1996; DEWAR, BODDINGTON 2004). No século
XX, em paralelo ao surgimento de novas metodologias e tecnologias de estudo anatômico, a
principal resposta às diversas críticas que envolvem a utilização de cadáveres e restos mortais no
estudo anatômico veio, destacadamente, com campanhas de programas de doação voluntária de
corpos e tecidos humanos para pesquisas (CHAMPNEY 2011). Em 1968 os Estados Unidos
promulgaram o UAGA (sigla inglês para Ato de Doação Anatômica Uniforme, que passou por
drásticas transformações em 1987, 2006 e 2010) e reconheceu a plenitude da autonomia do
consentimento do doador, em contraste com a polêmica utilização compulsória e forçosa dos
restos mortais de indivíduos incapazes, obliterados ou enjeitados (VERHEIJDE, RADY,
MCGREGOR 2007; MCKEE 2007).
Seria razoável ponderar que esta concepção reflete, em algum nível, os esforços
internacionais que almejam estruturar uma regulamentação ética de normas de pesquisas
envolvendo seres humanos, como o seminal Código de Nuremberg (1947), as várias versões da
Declaração de Helsinque (1964) ou o Relatório de Belmont (1978). Inicialmente, esses
documentos, ao lado de outros similares, visaram reagir às atrocidades cumpridas no contexto
da 2a Guerra Mundial com prisioneiros em campos de concentração (HILDEBRANDT 2009a,
2009b, 2009c) e ao vertiginoso desenvolvimento das biotecnologias (como a bomba oxigenadora
cardiopulmonar) na segunda metade do século passado (ANDREWS, NELKIN 1998). Dentre
muitos outros episódios, três eventos também motivaram reflexões éticas análogas: o polêmico
caso Tuskegee (envolvendo estudo de sífilis na população negra norte-americana entre 1932 e
77
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
1972), o uso, nos anos 1950 a 1970, da população carcerária da prisão de Holmesburg, na
Filadélfia, em testes de produtos dermatológicos, alucinógenos e farmacológicos; e, nos anos
1960, os experimentos clínicos com mulheres ligados à epidemia da Síndrome da Talidomida
(BRANDT 1978; TEIXEIRA 2006; GERRERO 2012; DINIZ, CORRÊA 2001). Porém,
aquela hipótese sobre a gênese das campanhas de programas de doação voluntária de cadáveres
a partir de normatização de normas de pesquisas carece de suporte textual, pois nenhum
daqueles documentos internacionais considera restos mortais como portadores de estatuto
moral, logo dignos de proteção (exceto em razão de efeitos emocionais nos reclamantes). De
todo modo, o emprego de cadáveres no ensino de Anatomia Humana não é alvo de objeções só
no que concerne à truculenta história da captação do material cadavérico (JONES 1994). Como
veremos a seguir, essa escarpada controvérsia científica também é alimentada por considerações
técnicas, administrativas, clínicas, pedagógicas, psico-sociais, dentre outras.
78
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
mortais no ensino de Anatomia Humana por metodologias mais modernas e eticamente menos
dúbias (PAALMAN 2000). A redução de anatomistas profissionais e as dificuldades de
obtenção e manutenção legal de corpos também exercem uma pressão considerável neste
processo (BAY, LING 2007). Assim, algumas faculdades de medicina dos Estados Unidos,
Reino Unido, Portugal, Espanha e Canadá dispensaram totalmente os meios comuns de ensino
anatômico (ELIZONDO-OMAÑA, GUSMÁN-LÓPES, GARCÍA-RODRÍGUEZ 2005).
Outras renomadas instituições norte-americanas – como UNY, UCSF, UC-Davis e as
universidades de Harvard, Washington e Hawaii –, após reavaliarem seus currículos e excluírem
por algum tempo a dissecação, retomaram o modelo tradicional (conjugando-o, todavia, com
novas formas de ensino), sob alegação de que o contato direto com cadáveres comporta
qualidades consideradas “essenciais” e “insubstituíveis” (RIZZOLO, STEWART 2006).
Os céticos tradicionalistas são autores do campo anatômico que ressaltam limitações de
tecnologias (programas computacionais, bonecos sintéticos ou simuladores) no desenvolvimento
de competências psicossociais próprias às biociências (DYER, THORNDIKE 2000).
Asseveram que aquelas opções pedagógico-cognitivas também não estruturam habilidades
imprescindíveis ao manuseio competente de instrumentos e aparelhos (GUNDERMAN,
WILSON 2005). Sublinham, ademais, que o conhecimento anatômico advindo da dissecação
constitui o fundamento da comunicação e da prática médica, sendo base irrevogável da
formação de cirurgiões e clínicos (TURNEY 2007). O que observamos, então, é uma recusa da
possibilidade de formação médica plena centrada em cyber anatomia e uma ênfase na
artificialidade das tecnologias quanto à representação fidedigna das reais estruturas fisiológicas.
Alguns teóricos dessa linha salientam, ainda, que o contato com restos mortais humanos em
laboratório instrui o estudante para o trabalho em equipe e para o enfrentamento do fenômeno
natural da morte (HASAN 2011). Portanto, o grupo tradicionalista argumenta que manusear o
material cadavérico aprimora habilidades cirúrgicas, instrui acerca de patologias e ensina
questões morais, seja no contato com o “primeiro paciente” (o cadáver) seja na reflexão sobre a
condição humana (PARKER 2002). Por tudo isso, afirma-se, a prática de dissecação de
cadáveres transpõe os séculos e supera o rigoroso “teste do tempo” (PRAKASH et al. 2007).
79
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
8. Aprendizado tridimensional e
organização da estrutura do corpo SIM X SIM X SIM
humano
9. Introduz a relação médico-pacinte
(otimização do aprendizado) SIM X SIM SIM X
Tabela 1 – Cruzamento dos argumentos de ASHRAF AZIZ et al. (2002), ELLIS (2001), GRANGER (2004), KORF et al. (2008) e
LEMMP (2005) sobre as vantagens do método tradicional (dissecação de cadáveres) de estudo anatômico.
Não existem revisões de literatura que unifiquem os argumentos dos céticos para
advogar a conservação do uso de cadáveres humanos no ensino anatômico. Para tanto, na Tab.
1 elencamos o cerne da posição tradicionalista a partir dos fundamentais textos de Ellis (2001),
Asharaf Aziz et al. (2002), Granger (2004), Lemmp (2005) e Korf et al. (2008). O cruzamento
das perspectivas indica o seguinte: (1) todos eles concordam que dissecação desenvolve destreza
manual e habilidades cognitivas; (2) quatro que ela ensina a variação biológico-anatômica; (3)
três consideram que ela auxilia (3a) na aquisição da linguagem médica, (3b) no reconhecimento
80
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
81
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
82
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
universalmente adotadas pela comunidade anatômica (OH, KIM, CHOE 2009; MEHRA,
CHOUDHARY, TULI 2003; GUIMARÃES DA SILVA, MATERA, RIBEIRO 2004). (2)
Preservar, remover, transladar, armazenar e descartar cadáveres (cuja vida útil em laboratório é
estimada em cerca de 4 anos) é administrativamente dispendioso e burocraticamente lento
(MELO, PINHEIRO 2010). Autoridades sanitárias exigem prédio próprio com estrutura física
padronizada (rede elétrica, sistema de esgoto, revestimento, iluminação, ventilação etc.),
instalação de câmaras frigoríficas, aquisição de microbicidas e saneantes, contratação de técnicos
para laboratório etc. (3) Diversas pesquisas científicas apontam riscos de contaminação – dos
técnicos em patologia e demais usuários – por doenças infecciosas cujos agentes não são
eliminados pela preparação dos cadáveres (BURTON 2003; DEMIRUÜREK,
BAYRAMOGLU, USTAÇELEBI 2002). Casos documentados incluem, dentre outras
enfermidades, doenças como hepatite B e C, HIV-Aids, tuberculose, meningite, síndrome GSS
(doença de Gerstmann-Straussler-Scheiker) e CJD (doença de Creutzfeldt-Jakob) (DE
CRAEMER 1994; HEALING, HOFFMAN, YOUNG 1995; BELL, IRONSIDE 1993;
HILLIER, SALMON 2000). (4) Os processos de socialização de estudantes com a prática de
dissecação anatômica propiciam condutas inadequadas de violação de privacidade do cadáver.
Essas atitudes vão desde inocentes narrativas de estórias envolvendo a identidade ou
proveniência dos restos mortais, pilhagem de partes dos corpos, utilização das peças
(especialmente genitálias) em “trotes”, além de gravações, registros fotográficos e exposições
públicas não-consentidas dos corpos na internet ou outros meios (HAFFERTY 1988). (5)
Estudiosos apontam uma correlação entre o alto índice de esquecimento do conteúdo
anatômico (nomes, funções, estruturas etc.) por parte dos estudantes e o fato de que, na maioria
das vezes, a matéria é ensinada como conteúdo pré-clínico, além do que cadáveres não são
responsivos e maleáveis (MCLACHLAN, DE BERE 2004; MCLACHLAN 2003;
QUINTANA et at. 2008, p. 9). (6) Finalmente, inúmeras análises assinalam que uma
porcentagem considerável de estudantes de biociências apresenta reações psico-emocionais
decorrentes do contato direto com restos mortais humanos, incluindo transtornos alimentares,
83
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
(1) Efeitos físico-químicos (reações alérgicas e BENDINO (2004); OH, KIM, CHOE (2009); MEHRA,
deterioração do material); CHOUDHARY, TULI (2003); GUIMARÃES DA SILVA,
MATERA, RIBEIRO, (2004);
IV – Observações finais
Poucas investigações empíricas abrangentes abordam o impacto das novas
tecnologias de ensino na formação anatômica (WINKELMANN 2007). Alguns estudos
apontam que grupos instruídos utilizando material cadavérico apresentam resultados mais
satisfatórios do que amostras de alunos formados, por exemplo, em alternativas pedagógicas
computadorizadas (BIASUTTO, CAUSSA, CRIADO DEL RÍO 2006). Outros sublinham que
estudantes que dissecaram cadáveres mostram melhor desempenho nas avaliações do que
colegas sem essa vivência (ANYANWU, UGOCHUKWU 2010).
84
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
Referências Bibliográficas
GNIHOTRI, G.; SAGOO, M. (2010), Reactions of first year students to dissection hall
experience.NJIRM, v. 1, n. 4.
AJITA, R.; SINGH, I. (2007), Body donation and its relevance in Anatomy Learning – A
review. J. Anat. Soc. Índia, 56 (1): 44-47.
ALMEIDA NETO, J. B. et. al. (2008), O valor social do cadáver humano: personalidade,
pesquisa científica, doação de órgãos e corpos. Direito&Justiça, Porto Alegre, v. 34, n. 1, p. 60-
73, jan./jun.
ANASTASSIOS, I et al. (2008), Cranio-maxillofacial injuries in Homer's Iliad. Journal of
Cranio-Maxillofacial Surgery, v. 36 (1), Jan.:1-7.
ANDREWS, L.; NELKIN, D. (1998), Whose body is it anyway? Disputes over body tissue in a
biotechnology age. Lancet, 351: 53–57.
ANYANWU, G.; UGOCHUKWU, A. (2010), Impact of the use of cadaver on student’s ability
to pass anatomy examination. Anatomy, v. 4: 28-34.
ASHRAF AZIZ, M. et al. (2002), The human cadaver in the age of biomedical informatics. The
Anatomical Record (New Anat.), v. 269B: 20-32.
AUDEN, G. A. (1928), The Gild of Barber Surgeons of the City of York. Proceedings of the
Royal Society of Medicine, v. 21, n. 2: 1400-1406.
BAY, B.; LING, E. (2007), Teaching of Anatomy in the new Millennium. Singapore Med J. 48
(3): 182.
BAGWEL, C. (2005), "Respectful Image” – Revenge of the Barber Surgeon. Ann. Surg. June;
241(6): 872–878.
BATES, S. (2010), Bodies Impolitic? Reading cadavers. Int. J. Comm., v. 4: 198-219.
BAY, N.; BAY, B.-H. (2010), Greek anatomist Herophilus: the father of anatomy. Anat. Cell
Biol. Dec./43(4): 280–283.
BEAUCHAMP, T.; CHILDRESS, J. (2002) Princípios de Ética Biomédica. São Paulo: Loyola.
87
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
COPEMAN, WSC. (1963), The Evolution of Anatomy and Surgery under the Tudors. Ann. R.
Coll. Surg. Engl. 32 (1): 1–21.
DE CRAEMER, D. (1994), Postmortem viability of human immunodeficiency virus –
implications for the teaching of anatomy. The New England Journal of Medicine, v. 331, n. 19:
1315.
DEMIRUÜREK, D.; BAYRAMOGLU, A.; USTAÇELEBI, S. (2002), Infective agents in fixed
human cadavers: a brief review and suggested guidelines. The Anatomical Record (New Anat.),
v. 269: 194-197.
DEMPSER, M. et al. (2006), Appraisal and consequences of cadaver dissection. Med. Edu.
Online, v. 11: 16.
DEWAR, S.; BODDINGTON, P. (2004), Returning to Alder Hey report and its reporting:
adressing confusions and improving inquires. J, Med. Ethics., v. 30: 463-469.
DINIZ, D.; CORRÊA, M. (2001), Declaração de Helsinki: relativismo e vulnerabilidade. Cad.
Saúde Pública, RJ, 17 (3): 679-688.
DOOLEY, D. (1973), A dissection of Anatomy. Ann. Roy. Coll. Surg. Eng., v. 53: 13-26;
DRANE, J.; PESSINI, L. (2005), Bioética, Medicina e Tecnologia – desafios éticos na fronteira
do conhecimento humano. São Paulo: Edições Loyola.
DYER, G.; THORNDIKE, M. (2000), Quidne Mortui Vivos Docent? The envolving purpose
of human dissection in medical education.Academic Medicine, v. 75, n. 10/Oct.: 969-979.
DUBHASHI, S. et al. (2011), Medical students react to cadaveric dissections, Recent Research
in Science and Technology, v. 3, n. 1: 135-138.
EDELSTEIN, L. (1987), The history of anatomy in Antiquity. In: Ancient Medicine – selected
papers of Ludwig Edelstein. Baltmore/London: The Johns Hopkins University Press: 247-301.
ELLIS, H. (2001), Teaching in the dissectiong room. Clinical Anatomy, v. 14: 149-151.
ELIZONDO-OMAÑA, R.; GUSMÁN-LÓPES, S.; GARCÍA-RODRÍGUEZ, M. (2005),
Dissection as a teaching tool: past, present, and future. The Anatomical Record (Part B: New
Anat), 285B: 11-15.
89
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
EVANS, A. (2010), William Hare the murder. International Jornal of Epidemiology, v. 39:
1190-1192.
FORREST, R. (1982), Early history of wound treatment.Journal of the Royal Society of
Medicine.Volume 75: 198-205.
FRATI, P. et. al. (2006), Neuroanatomy and cadaver dissection in Italy: history, medico-logical
issues, and neurosurgical perspectives. J Neurosurg 105:789-796.
FRIEDMAN, M; FRIEDLAND, G. (2006), As dez maiores descobertas da medicina. São
Paulo: Cia. das Letras.
GARRISON, F. (1927), The Principles of Anatomic Illustration Before Vesalius: Na Inquiry
Into the Rationale of Autistic Anatomy. The American Journal of the Medical Sciences, May
1927, v. 173/n.5, 726.
GUERRERO, J. (2010), Los presos como sujetos de investigación biomédica. Cuad. Bioét.,
XXI/2a: 185-198.
GRANGER, N. (2004), Dissection laboratory is vital to medical Gross anatomy education. The
Anatomical Record (Part B: New Anat.), v. 281B: 6-8
GUIMARÃES DA SILVA, R.; MATERA, J.; RIBEIRO, (2004), A. Preservation of cadavers
for surgical technique training. Veterinary surgery.
GUNDERMAN, R.; WILSON, P. (2005), Exploring the human interior: the roles of cadaver
dissection and radiologic imaging in teaching anatomy. Academic Medicine, v. 80, n. 8: 745-749.
HAFFERTY, F. (1988), Cadaver Stories and the Emotional Socialization of medical
Students.Journal of Health and Social Behaviour, v. 29, n. 4: 344-356.
HANCOCK, D.; WILLIAMS, M. (2004), Impact of cadáver dissection on medical
students.New Zealand Journal of Psycology, v. 33, n. 1: 17-27.
HALPERIN, E. (2007), The poor, the Black, and the marginalized as the source of cadavers in
United States anatomical education. Clinical Anatomy, v. 20: 489-495.
HASAN, T. (2011), Is dissection humane? Journal of Medical Ethics and History of
Medicine.4:4.
90
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
HEALING, T.; HOFFMAN, P.; YOUNG, S. (1995), The infection hazards of human
cadavers.CDR Review, v. 5, n. 5: 61-68.
HENDERSON, D.; COLLARD, M.; JOHNSON, D. (1996), A. Archaeological evidence for
18th-century medical practice in the Old Town of Edinburgh: excavations at 13 Infirmary Street
and Surgeons' Square. Proc. Soc. Antiq. Scot, 126: 929-941
HIDELBRANDT, S. (2008), Capital Punishment and Anatomy: History and Ethics of an
Ongoing Association. Clinical Anatomy, v. 21: 5-14.
HILDEBRANDT, S. (2009a), Anatomy in the Third Reich: An Outline, Part 1. National
Socialist Politics, Anatomical Institutions, and Anatomists. Clinical Anatomy,22: 883–893.
HILDEBRANDT, S. (2009b), Anatomy in the Third Reich: An Outline, Part 2. Bodies for
Anatomy and Related Medical Disciplines.Clinical Anatomy,22: 894–905.
HILDEBRANDT, S. (2009c), Anatomy in the Third Reich: An Outline, Part 3. The Science
and Ethics of Anatomy in National Socialist Germany and Postwar Consequences. Clinical
Anatomy, 22: 906–915.
HILDEBRANDT, S. (2008), Capital Punishment and Anatomy: history and ethics of an
ongoing association. Clin Anat. Jan; 21(1):5-14.
HILLIER, C.; SALMON, R. (2000), Is there evidence for exogenous risk factors in the
aetiology and spread of Creutzfeldt-Jakob disease? Q. J. Med., v. 93: 617-631.
HILOOWALA, A. (2000), Anatomy and Art of Archaic Greece. The Anatomical Record (New
Anat..) 261: 50-56.
HULKOWER, R. (2011), From Sacrilege to Privilege: the tale of body procurement for
anatomical dissection in United States. The Einstein Journal of Biology and Medicine: 23-26.
IQBAL, K. (2010), Impact of dissection: under and post graduate study in medical colleges.
Professional Med. J., v. 17, n. 3: 490-492.
IZUNYA, A.; OAIKHENA, G.; NWAOPARA, A. (2010), Attitudes to cadaver dissection in a
Nigerian Medical School. Asian Journal of Medical Sciences, v. 2, n. 3: 89-94.
JAVADNIA, F. et al. (2006), How to decrease the emotional impact of cadaver dissection in
medical students. Pak. J. Med. Sci., v. 22. n. 2: 200-203.
91
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
92
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
MALOMO, A.; IDOWU, O.; OSUAGWU, F. (2009), Lessons from History: Human
Anatomy, from the Origin to Renaissance. Int. J. Morphol., 24 (1): 99-104.
MARTINEZ-VIDAL, A.; PARDO-TOMAS, J. (2005), Anatomical Theatres and the Teaching
of Anatomy in Early Modern Spain. Med Hist. July 1; 49(3): 251–280.
MCLACHLAN, J. (2003), Using models to enhance the intellectual content of learning in
developmental biology. Int. J. Dev. Biol., v. 47: 225-229.
MCLACHLAN, J. (2004), New path to teaching anatomy: living anatomy and medical imaging
vs. Dissection. The Anatomical Record (Part B: New Anat.), 281B: 4-5.
MCLACHLAN, J.; DE BERE, S. (2004), How to teach anatomy without cadavers. The Clinical
Teacher, v. 1, n. 2/Dec.: 49-52.
MCLACHLAN, J. et al. (2004), Teaching anatomy without cadavers. Medical Education, v. 38:
418-424.
MCLACHLAN, J.; PATTEN, D. (2006), Anatomy teaching: ghosts of the past, present and
future. Medical Education, v. 40: 242-253.
MCKEE, T. (2007). Resurrecting the Rights of the Unclaimed Dead: A Case for Regulating the
New Phenomenon of Cadaver Trafficking. Stetson Law Review, 36(3), pp. 843-879.
MCKEOWN, T. (1970), A sociological approach to the history of medicine. Med. Hist.
Oct;14(4):342–351.
MARTINS E MELO, E.; PINHEIRO, J. (2010), Procedimentos legais e protocolos para
utilização de cadáveres no ensino de anatomia em Pernambuco. Revista Brasileira de Educação
Médica, 34 (2): 315-323.
MEHRA, S.; CHOUDHARY, R.;TULI, A. (2003), Dry preservation of cadaveric hearts: an
innovative Trial. J. Int. Soc. Plastination, v. 18: 34-36.
McKEOWN, T. (1970) A Sociological approach to history of medicine. Medical History.
MILLER, M. I; GRENANDER, U. (1998), Computational anatomy: An emerging discipline.
Quarterly of Applied Mathematics. V. 56, Issue: 4, Publisher: American Mathematical Society:
617-694.
93
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
MISSIOS, S. (2007), Hippocrates, Galen, and the Uses of Trepanation in the Ancient Classical
World. Neurosurg. Focus. 23(1): E11.
MITCHEL, P. et at. (2011), The Study of Anatomy in England from 1700 to the early 20th
century. Jounal of Anatomy, v. 219: 91-99.
MOORE, C.; BROWN, M. (2004a), Gunther Von Hagens and Body Worlds Part 1: the
anatomist as prosektor and proplastiker. The Anatomical Record (Part B: New Anat.), 276B: 8-
14.
MOORE, C.; BROWN, M. (2004b), Gunther Von Hagens and Body Worlds Part 2: the
anatomist as priest and prophet. The Anatomical Record (Part B: New Anat.), 227B: 14-20.
NAYAY, S. et al. (2008), Teaching anatomy in a problem-based learning (PBL) curriculum.
Neuroanatomy, v. 5: 2-3.
NEVES, F. et al. (2008), Impacto da introdução de mídia eletrônica num curso de patologia
geral. Revista brasileira de educação médica, v. 32, n. 4: 431-436.
O’CARROL, R. et al. (2002), Assessing the emotional impact of cadaver dissection on medical
students. Medical Education, v. 36: 550-554.
OH, C.-S.;KIM, J.-Y.; CHOE, Y. (2009), Learning of cross-sectional anatomy using Clay
models. Anat. Sci. Edu., v. 2: 156-159.
ORLY, R. (1999), Body Snatchers; the hidden side of the history of anatomy.J. Int. Soc.
Plastination, v. 14, n. 2: 6-9.
OSUAGWU, F.; IMOSEMI, I.; OLADEJO, O. (2004), Sources of cadaver used for dissection
at the Idaban Medical School, Nigeria – analyses of a three-year data. African Journal of
Biomedical Research, v. 7: 93-95.
PAALMAN, M. (2000), Why teach anatomy? Anatomists respond. The Anatomical Record
(New Anat.), 261: 1-2.
PAWLINA, W. et. al. (2011), The Hand that Gives the Rose.Mayo Clin. Proc., v. 86, n. 2: 139-
144.
PARKER, L. (2002), Anatomical dissection: why are we cutting it out? Dissection in
undergraduate teaching.ANZ. .J. Surg., v. 72: 910-912.
94
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
PATTEN, D. (2007), What lies beneath: the use of three-dimensional projection in living
anatomy teaching. The Clinical Teacher, v. 4: 10-14.
PORTER, R. (2004), Das tripas coração. São Paulo/Rio de Janeiro: Editora Record.
PRAKASH, P.;PRABHU, L.; RAI, R.; D’COSTA, S.; JIJI, P.; SINGH, G. (2007), Cadavers as
teachers in medical education: knowledge is the ultimate gift of body donors. Singapore Med. J.,
v. 48, n. 3: 186.
PRIORESCHI, P. (2006), Anatomy in Medieval Islam. JISHIM: 2-5.
PRINCE, K. et al. (2003), Does problem-based learning lead to deficiences in basic science
knowledge? An empirical case on anatomy. Medical Education, v. 37: 15-21.
QUINTANA, A. et al. (2008), A angustia na formação dos estudantes de medicina. Revista
brasileira de Educação Médica, v. 32, n. 1: 7-14.
RAINSBURY, R. (2007), Supporting modern postgraduate surgical training programs in the
United Kingdom through greater use of cadaveric material. Eur. J. Anat., v. 11 (Supp. 1): 105-
109.
REBOLLO, Regina Andrés. A Escola Médica de Pádua: medicina e filosofia no período
moderno. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.17, n.2, abr.-jun. 2010,
p.307-331.
SHANKS, N.; AL-KALAI, D. (1984), Arabian medicine in the Middle Ages. J. Royal Soc.
Med. 77: 60-65.
RETIEF, F.; CILLIERS, L. (2005), The evolution of hospitals from antiquity to the
Renaissance. Acta Theologica Supplementum, Vol. 7: 213-232.
RIZZOLO, L.; STEWART, W. (2006), Should we continue teaching anatomy by dissecation
when…?. The Anatomical Record (Part B: New Anat.), 289B: 215-218.
SAALU, L.; ABRAHAM, A.; AINA, W. (2010), Quantitative evaluation of third year medical
students’ perception and satisfaction from problem based learning in anatomy: a pilot studu of
the introduction of problem based learning into the traditional didact medical curriculum in
Nigeria. Educational Research and Reviews, v. 5, n. 4/ Apr.: 193-200.
95
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
SEHIRLI, U.; SAKA, E.; SARIKAYA, Ö. (2004), Attitudes of Turkish anatomists toward
cadaver donation.Clinical Anatomy. Vol. 17: 677-681.
SCHUMACHER, G.-H. (2007), Theatrum Anatomicum in History and Today. Int. J.
Morphol. vol.25, n.1, pp. 15-32.
SHIN, E.; MEALS, R. (2005), The historical importance of the hand in advancing the study of
human anatomy. Journal of Hand Surgery. Volume 30, Issue 2: 209-221.
SHORTT, S. (1983), Physicians, science, and status: issue in the professionalization of anglo-
american medicine in the nineteenth century. Medical History, 27: 51-68.
SHOJA, M.; TUBBS, S. (2007), The history of anatomy in Persia. J. Anat. 210: 359-378.
SIDDIQUEY, A. K.; HUSAIN, S.; LAILA, S.Z. (2008), History of Anatomy. Bangladesh J
Anat. 6 (2): 1-3.
SINGER, P. Ética prática. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
SLAKE, J. (1955), The development of American Acts. Journal of Medical Education, v. 30, n.
8: 431-439.
STIMEC, B; DRASKIC, M.; FASEL, J. (2010), Cadaver procurement for anatomy teaching:
legislative challenges in a transition-related enviroment. Medicine, Science and the Law, v. 50:
45-49.
ŠTRKALJ, G.; CHORN,D.(2008),Herophilus of Chalcedon and the practice of dissection in
Hellenistic Alexandria. SAMJ. February 2008 Vol. 98, No. 2.
STURROCK, R. (1977), The Anatomy Department at University College, Dundee, 1888-1954.
Medical History, 21: 310-315.
SUGAND, K.; ABRAHAMS, P. KHURANA, A. (2010), The anatomy of anatomy: review for
its modernization. Anat. Sci. Educ., v. 3: 83-93.
TAI FU, LK. (1999), The Origins of surgery: 1. From prehistory to Renaissance. Ann. Coll.
Surg., v. 4: 127-136.
TEIXEIRA, M. (2006), Comissão de consultores dos EUA para revisar regras para pesquisas
nas prisões. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., IX, 4: 676-681.
96
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A
97
O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
O ANATOMISTA
REVISTA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANATOMIA
98