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Simpósio Temático: Didática e Formação de professores

( ) Aluno de graduação
( ) Aluno de pós-graduação
(X) Profissional
FORMAÇÃO LEITORA DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL:
VIVÊNCIAS DO PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE
CERTA

Jozaene Maximiano Figueira Alves Faria


Secretaria Municipal de Educação – Prefeitura Municipal de Uberlândia
josy2209@yahoo.com.br

Camila Bernardelli
Secretaria Municipal de Educação – Prefeitura Municipal de Uberlândia
camila_bernardelli@hotmail.com

Fernanda Pereira da Silva Andrade


Secretaria Municipal de Educação – Prefeitura Municipal de Uberlândia
fpsandrade2907@hotmail.com

RESUMO

O presente trabalho relata a vivência da Tertúlia Literária baseada no projeto de


extensão universitária Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (CEALE) da
Faculdade de Educação (FaE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
proposto em todos dos encontros presenciais do Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa/Educação infantil /2018. Implantado pela primeira vez no ano de 2018, o
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) nessa etapa da educação
básica, destina-se a professores em exercício de escolas públicas municipais que atuam
com crianças entre 4 a 5 anos em Uberlândia - MG. A formação concebe a leitura como
uma atividade propícia ao estabelecimento de relações intersubjetivas, levando em
consideração o papel do professor como mediador da leitura literária em sala de aula,
situado no contexto da formação do professor, especificamente no que diz respeito à
prática de leitura nas escolas. Ressalta-se a importância da experiência pessoal do
profissional da educação com a leitura para que essa mediação seja feita de forma
eficiente. Compreende-se nessa atividade um espaço favorável ao resgate da própria
trajetória profissional do professor, que se afirma quando acontece o reencontro de sua
trajetória de leitor, além de estimular a formação do professor como um leitor de
literatura. A partir dessa experiência, realizamos uma pesquisa qualitativa com objetivo
de investigar como a experiência da Tertúlia Literária influenciou na constituição do
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docente leitor. Nesse sentido, adotamos como procedimentos metodológicos a revisão
bibliográfica e entrevista semi-estrturada com um grupo de sete participantes do Pacto.
Diante do material coletado, definimos algumas categorias e analisamos a partir do
referencial teórico atinente importância da literatura na formação docente.

Palavras-chave: Leitura literária; Formação docente; Mediação de leitura

INTRODUÇÃO

O presente artigo almeja expor a vivência formativa de um grupo de professores


e pedagogos que atuam na Educação Infantil em turmas de 4 e 5 anos, que participaram
em 2018 – ao longo do I Semestre letivo, do Plano de Alfabetização na Idade Certa
(PNAIC), promovido a partir de uma parceria com a Universidade Federal de
Uberlândia (UFU) em conjunto com o Ministério da Educação (MEC), 40ª
Superintendência Regional de Ensino do Estado de Minas Gerais e a Secretaria
Municipal de Educação de Uberlândia (SME/PMU).
Refletir sobre como os professores efetivam na prática, as suas próprias leituras,
enquanto facilitadores da leitura escolar, concebendo-a como uma ação potencializada
eficiente para a estimulação e orientação de jovens leitores, além de sua própria
experiência como leitores se torna algo relevante. Ao contextualizar a leitura como uma
ação mediadora, dando ênfase à formação do professor como leitor, descreve-se as
ações formativas realizadas ao longo do PNAIC/Educação Infantil 2018 e suas
implicações diretas na prática escolar para mediação de leitura.
Atualmente, há uma demanda enorme em abordar nos processos de
escolarização, as práticas e finalidades sociais que a língua escrita conquista nos
diferentes contextos sociais que vem movimentando um número cada vez maior de
pesquisadores para a importância da formação de leitores e produtores de textos. Torna-
se um desafio, responder de maneira apropriada o que esses estudos vêm indicando
como sendo uma dificuldade para consolidar uma prática educativa.
A relação que o professor estabelece com a leitura e a escrita na sua vida
cotidiana e a maneira como os cursos de formação lidam com essa relação, torna-se uma
das questões de destaque. Nos seus cursos de formação tanto inicial quanto continuada,
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os professores experimentam situações de aprendizagem voltadas para o ensino da
leitura e da escrita, sem que, no entanto, essas situações contribuam para que se tornem
eles mesmos leitores e produtores de textos.
Nas salas de aula, em relação à linguagem escrita, o professor reproduz com seus
alunos a mesma concepção instrumental. Desde essa perspectiva, a literatura, destituída
assim, da sua dimensão estética, é quase sempre empregada como um pretexto para o
ensino de conteúdos programáticos. Portanto, na sua formação e, mais tarde, na sua
ação profissional, o professor, raramente faz uso da leitura e da escrita como atividades
que implicam um intenso movimento intelectual que demanda dos usuários do sistema
de escrita as capacidades de selecionar, utilizar e modificar os conhecimentos.
Neste texto, relataremos brevemente a experiência Tertúlia Literária como um
recurso didático pedagógico e como ele se insere nas concepções de leitura/leitor aqui
tratadas e seu papel na formação de docentes que atuam na Educação Infantil em turmas
de 4 e 5 anos.

Contextualização do PNAIC

O Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa – PNAIC – é uma estratégia


adotada pelo poder público em todas as esferas (federal, estadual e municipal) com o
objetivo de atender à meta 5 do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê a
obrigatoriedade de alfabetizar todas as crianças até o final do 3º ano do ensino
fundamental. Este pacto foi introduzido em 2012, com a formação de profissionais das
séries iniciais do ensino fundamental.
Em 2017, o PNAIC não ofereceu a formação que vinha sendo realizada nos anos
anteriores. Entretanto, nos últimos meses daquele ano, foi apresentada às secretarias de
educação e profissionais, uma nova estrutura do Pacto, que em 2018 passaria a envolver
os profissionais da Educação Infantil, especialmente, os que atuam na pré-escola e os
profissionais que atuam no Programa Novo Mais Educação.
Sendo assim, em 2018, o PNAIC, foi ofertado para profissionais (professores e
especialistas de educação básica) que atuam com crianças na faixa etária entre 4 e 5
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anos da Educação Infantil, no Programa Novo Mais Educação, além das turmas de 1º, 2º
e 3º anos do ensino fundamental.
Nessa experiência inovadora, de trazer os profissionais da educação infantil para
a formação do PNAIC, o objetivo principal foi o de fomentar “a formação de
professoras de Educação Infantil para que possam desenvolver, com qualidade, o
trabalho com a linguagem oral e escrita, em creches e pré-escolas”. (Caderno 0 –
PNAIC, p. 29).
O PNAIC/Educação Infantil foi estruturado em nove cadernos de formação:
Caderno 0: Leitura e Escrita na Educação Infantil – Apresentação; Caderno 1: Ser
docente na Educação Infantil: entre o ensinar e o aprender; Caderno 2: Ser criança na
Educação Infantil: infância e linguagem; Caderno 3: Linguagem oral e linguagem
escrita na Educação Infantil: práticas e interações; Caderno 4: Bebês como leitores e
autores; Caderno 5: Crianças como leitoras e autoras; Caderno 6: Currículo e linguagem
na Educação Infantil; Caderno 7: Livros infantis: acervos, espaços e mediações;
Caderno 8: Diálogo com as famílias: a leitura dentro e fora da escola.
Cada um desses cadernos é composto por três unidades seguindo a seguinte
estrutura: iniciando o diálogo, corpo do texto/unidade (trazendo a fundamentação
teórica), compartilhando experiências, reflexão e ação, aprofundando o tema, ampliando
o diálogo e referências.
Enfatizaremos aqui o Caderno 1, pois é nele que trata da proposta da Tertúlia
Literária e traz importantes reflexões sobre as relações entre docência, linguagem e
cultura escrita na educação infantil. Este caderno está subdivido em três unidades
temáticas, a saber:
Unidade 1 – Infância e linguagem – apresenta o afeto e conhecimento são
essenciais para o desenvolvimento qualitativo das interações das crianças entre si e com
os adultos que as cercam. Favorecendo sobremaneira os processos de ensino e
aprendizagem, inclusive no desenvolvimento da linguagem oral e escrita.
Unidade 2 – Infância e produção cultural – o expõe uma reflexão sobre a
apropriação que as crianças fazem da produção cultural em suas diversas formas e das
diferentes mídias presentes em seu cotidiano.
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Unidade 3 – Desenvolvimento cultural da criança – esta unidade aponta
algumas possibilidades de apropriação pelas crianças da cultura no mundo
contemporâneo, tornando-se personagens ativos na construção e reprodução de
elementos culturais em suas diferentes expressões.

O que é a Tertúlia Literária?

No contexto da formação continuada de profissionais da Educação Infantil,


proposta pelo PNAIC, tornou-se fundamental a valorização da leitura como instrumento
de liberdade e de construção de um pensamento crítico e socialmente referenciado.
A formação dos profissionais da Educação Infantil, ultrapassa os limites do
conhecimento científico e é delineada por complexos arranjos socioafetivos. Pois é
sabido que as crianças aprendem mais e melhor quando criam vínculos afetivos com os
professores que ensinam (PNAIC, 2018)
A Unidade 3 do caderno 1, faz referência a diferentes tipos de expressões
culturais, como instrumentos de apropriação de conhecimento e construção de uma
visão de mundo ampla, que favorece o desenvolvimento da criança em múltiplas
habilidades sociais, cognitivas e afetivas. Nesse contexto, o texto do caderno propõe
uma atividade prática, inicialmente voltada para os profissionais. Esta atividade é a
Tertúlia Literária, que será descrita a seguir.
A proposta da “Tertúlia Literária” é baseada no projeto de extensão universitária
intitulado Tertúlia Literária: quem lê também tem muito a dizer desenvolvido pelo
Grupo de Pesquisa e Estudos sobre o Letramento Literário (GPELL), do Centro de
Alfabetização, Leitura e Escrita (CEALE) da Faculdade de Educação (FaE) da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A essência desse projeto é ter um
espaço voltado para o compartilhamento de experiências após a leitura de livros
literários.
Tendo como referência o projeto da Tertúlia Literária, a proposta apresentada
pelo PNAIC 2017/2018 foi de que a cada encontro presencial alguns participantes do
curso apresentassem a leitura de um livro para os demais participantes com o objetivo
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de instigá-los também a lerem essa obra literária, com isso estimulando o hábito da
leitura. Assim, observamos a riqueza dessa experiência, pois os colegas começaram a
trocar os livros entre si, levaram o projeto para suas escolas e com isso a rede de
professores leitores começou a ser tecida.

Fundamentação teórica
O ato de ler é complexo, pois por meio dele há interação consigo mesmo, com o
outro e com o conhecimento, desse modo “a leitura é uma habilidade indispensável à
vida social. É através dela que entendemos o mundo e interagimos com o outro, seja nos
estudos, na nossa comunicação, na forma de nos expressarmos, nos conhecimentos que
ela nos proporciona.” (CAVALCANTE FILHO, 2011, p. 1721)
Sendo assim, a língua não pode ser compreendida como estática, acabada, por isso
Bakhtin concebe-a “como organismo vivo, repleto de significações ideológicas e
constituído histórica e socialmente. A língua só pode ser entendida e estabelecida no
fluxo da comunicação verbal.” (RÉ, 2014, p. 23)
Desse modo, o ato de ler não pode ser considerado como algo mecânico, mas
sim provido de significados dados pelas vivências e experiências do leitor a partir de
suas interações sociais. Assim, de acordo com Bakhtin/Volochínov (2009, p.127) “A
interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua.”
Ao compreender que a constituição do sujeito se dá por meio das interações
sociais, podemos citar a teoria histórico-cultural de Vygostky. Nessa perspectiva, “o
desenvolvimento humano é compreendido [...] através de trocas recíprocas, que se
estabelecem durante toda a vida, entre indivíduo e meio, cada aspecto influindo sobre o
outro.” (REGO, 1995, p.95)
Ainda sobre a importância da leitura na formação humana, não podemos deixar
de citar Paulo Freire, um educador brasileiro que acreditava em uma educação
libertadora, na qual defende que o sujeito aprende a partir de suas vivências, pelo que
faz sentido e tem significado para ele. Sendo que o conhecimento de mundo estabelece
uma relação dialética com o processo de que aquisição da linguagem; nesse sentido “a
leitura de mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa
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prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem
dinamicamente.” (FREIRE, 2008, p. 11).
Desse modo, Freire considera importante a compreensão crítica do texto e o
contexto cultural do sujeito e não apenas sua decodificação. Tanto Freire (2008) quanto
Vygotsky (1991) concebem a palavra como “[...] um signo mediador, que guarda
relação com o meio onde se encontra o sujeito e tem o seu sentido fornecido por este
último.” (MUNIZ, 1999, p. 262)
A partir dessa compreensão de leitura, podemos considerá-la como
emancipatória a com uma postura crítica do indivíduo com vistas à transformação da
realidade social. Nesse sentido, a partir da concepção de Freire “Ler, para ele, não é
“caminhar sobre as letras”, e sim uma tomada de consciência para melhor interpretação
do mundo e intervenção na realidade pela ação. Esta perspectiva daria à leitura e à
escrita o caráter de práticas libertárias.” (SODRÉ, 2012, p. 140)
Diante dessa complexidade do ato de ler, precisamos discutir a importância do
hábito de leitura na formação docente e na prática pedagógica. Assim propomos a
reflexão de quanto tempo os professores, destinam a leitura de livros literários no
cotidiano e de como formar leitores se não experimentam o hábito e prazer pela leitura.
Nessa perspectiva Andrade (2016, p. 90) destaca que “Dentre todas as formas de leitura
a serem postas em prática entre docentes e crianças nas instituições educacionais, a
leitura literária tem um espaço irrefutável, pois é nessa forma de leitura que o sujeito
leitor tem seu lugar mais destacado.”
A partir dessa inquietude, a pesquisa de Barros e Gomes (2008) apresenta que a
maioria dos educadores possuem uma relação pouco favorável com a leitura. Essa
postura influencia diretamente nas práticas de leitura e escrita na sala da aula. “Ao
desejar formar bons leitores é necessário gostar de ler e realizar leituras prazerosas. Tais
dados mostram que, é fundamental que os professores e demais mediadores de leitura
modifiquem a sua postura em relação à leitura.” (2008, p. 339), Portanto, o docente
precisa ter momentos que favoreçam o hábito de ler como um momento de deleite,
contribuindo tanto para a sua formação quanto de seus alunos.

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Quem lê tem muito a dizer...
As formações do PNAIC Educação Infantil foram estruturadas da seguinte
forma: os formadores locais, escolhidos através de processo seletivo organizado pela
Secretaria Municipal de Educação de Uberlândia, participaram de encontros de
formação realizados na Universidade Federal de Uberlândia – UFU, em conjunto com
formadores de diversos municípios das regiões do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e
Noroeste de Minas.
Nesses encontros a proposta era a troca de experiências fundamentada na leitura
dos oito cadernos que compunham a bibliografia básica do PNAIC Educação Infantil.
Além disso, os formadores regionais, responsáveis pela formação dos formadores
locais, orientavam sobre as melhores estratégias e metodologias para a realização dos
encontros com professores e pedagogos participantes do Pacto que, em Uberlândia,
foram realizados entre os meses de abril e julho, no Centro Municipal de Estudos e
Pesquisas em Educação Julieta Diniz (CEMEPE).
A partir de nossa experiência com a Tertúlia literária nos encontros presenciais
do PNAIC/2018 da educação infantil, consideramos pertinente investigar as
contribuições da Tertúlia para a formação de professores leitores. Para tanto, adotamos
como metodologia a abordagem qualitativa, haja vista que é “processo de reflexão e
análise da realidade através da utilização de métodos e técnicas para compreensão
detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico e/ou segundo sua estruturação.”
(OLIVEIRA, 2007, p. 37).
Nessa perspectiva de estudo, consideramos também que esse tipo de pesquisa
nos revela a singularidade de cada situação apresentada considerando indícios, nem
sempre perceptíveis ao primeiro olhar. Assim, “a abordagem da investigação qualitativa
exige que o mundo seja examinado com ideia de que nada é trivial, que tudo tem
potencial para constituir uma pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais
esclarecedora do nosso objecto de estudo.” (BOGDAN; BIKLEN, 1999, p. 49).
Portanto, a pesquisa qualitativa foi adotada por considerar os múltiplos caminhos que
podemos percorrer para se analisar um determinado objeto de estudo.

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Dentro dessa abordagem qualitativa serão utilizados dois procedimentos
metodológicos: pesquisa bibliográfica e entrevista semi-estruturada. Com intuito de
estabelecer referenciais teóricos recorremos ao levantamento bibliográfico que
possibilita destacar aspectos referentes a importância da leitura na formação de
professores e alunos leitores Nessa perspectiva, “Fazer uma revisão da literatura em
torno de uma questão é, para o pesquisador, revisar todos os trabalhos disponíveis,
objetivando selecionar tudo que possa servir sua pesquisa,” (LAVILLE; DIONNE,
1999, p. 112)
As entrevistas foram realizadas com um grupo de sete professores e pedagogos
que atuam na rede municipal de ensino de Uberlândia e que participaram da formação
do PNAIC/Educação Infantil. Para citar os depoimentos utilizaremos codinomes
contendo a letra P, de professor e números para diferenciá-los.
O principal objetivo da pesquisa foi investigar como a experiência da Tertúlia
Literária influenciou na constituição do docente leitor. Nesse sentido, a questão central
da entrevista foi: Quais as contribuições da experiência da Tertúlia Literária para sua
formação enquanto professor leitor? A partir do material coletado, definimos algumas
categorias e analisamos as falas dos entrevistados de acordo com a bibliografia atinente
importância da literatura na formação docente.
Alguns docentes relataram que essa proposta possibilitou rememorar leituras que
já haviam sido realizadas anteriormente, remetendo às memórias deixadas por elas e que
reflete em quem somos hoje. Assim, “a leitura [...] tem a ver com aquilo que nos faz ser
o que somos” (LARROSA, 2002, p. 134). Nesse sentido a professora (P01) afirmou:

Bom para mim a Tertúlia Literária foi um momento de reflexão sobre o que
já havia lido, retomando anos atrás, tendo outra concepção do que havia lido
no passado [...]. Muito interessante e incentivador este momento
reconhecendo as marcas que determinada literatura deixou em nós
independente do tempo que passou. (P01)

Ainda seguindo essa concepção de que a leitura permeia nossa constituição


enquanto seres humanos, a professora (P03) considera:

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A tertúlia literária era um momento diferenciado da formação, em que
oportunizava momentos de reflexões referentes aos livros literários ou outros
que marcaram a história de vida de cada docente. Era interessante poder
ouvir das colegas suas impressões e olhares diferenciados a cerca de diversas
obras literárias.
Anotei muitas sugestões interessantes que pretendo adquirir para leituras
posteriores.
Alguns exemplos que ressalto foram os livros de Paulo Freire, outros de
autoestima de Augusto Cury, alguns literários que marcaram a juventude de
colegas, bem como outros sobre livros de literatura infantil que falam sobre
as diversidades humanas para o compartilhamento com as crianças, entre
outros demais.

Outro aspecto importante ressaltado pelas professoras foi à possibilidade de


interação entre elas através da literatura. Nesse sentindo, podemos citar
Volochinov/Bakhtin (2017, p.205) ao compreender que a palavra se constitui como
fruto da relação entre os sujeitos, ou seja, “[...] ela é justamente o produto das inter-
relações do falante com o ouvinte. Toda palavra serve de expressão ao “um” em relação
ao outro. Na palavra, eu dou forma a mim mesmo do ponto de vista do outro [...].”

Para mim a Tertúlia Literária é um momento privilegiado para promover o


diálogo e favorecer a construção coletiva e significativa do conhecimento,
propiciando aproximação do mesmo com a cultura. Nossos momentos
favoreceram a troca de experiência e de sentimentos, a identificação do eu em
relação à cultura de forma geral, sempre primando pelo respeito, confiança e
apoio. (P04)

Eu não conhecia o projeto da Tertúlia literária até fazer o PNAIC com vocês.
A Tertúlia nos permitiu conhecer diversas obras, ouvir e dar opinião sobre
diversos assuntos, foi uma troca de conhecimento e interação que muito
contribuiu para o nosso crescimento pessoal e profissional. (P05)

O maior desafio da proposta era despertar o prazer pela leitura dos professores
que atuam na educação infantil. Em relação a esse aspecto Barros e Gomes (2008)
afirmam que “É muito importante considerar as condições afetivas, interesse e
motivação em relação ao ato de ler, para que se possa garantir prazer e gosto pela leitura
no dia-a-dia da vida.” (p.336). Nessa perspectiva acreditamos que pudemos contribuir
para leitura como um momento de deleite a partir dos seguintes depoimentos:

Foi um momento muito interessante ao qual pudemos utilizar a imaginação,


identificado naquele momento das falas do leitor seu prazer em narrar o que

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havia lido. Incentivando a leitura da obra compartilhada, com prazer e
autoconhecimento. (P01)

Quanto à Tertúlia Literária, eu gostei muito porque às vezes você foca mais
num tipo de leitura que tem afeição, mas quando uma colega coloca outra
leitura que ela também tem afeição às vezes a maneira como o outro coloca te
renova alguma coisa que faz com que você queira ler também, que sinta
vontade em fazer aquela leitura. (P02)

Sugeri um livro de Imbernón sobre as novas tendências da formação


continuada colaborativa, o qual gerou uma discussão positiva sobre a
temática e relatei sobre um outro que marcou a minha juventude, do autor
Paulo Coelho. Dessa forma, foram momentos muito produtivos, em que todas
as professoras tiveram a oportunidade de compartilhar experiências literárias
diversas. (P03)

Foi muito válido a Tertúlia Literária porque houve envolvimento de todas e


despertou o interesse de conhecer novos autores e ler livros diferentes, do
nosso contexto. A maioria das vezes lemos livros científicos, de estudos. Mas
com Tertúlia Literária despertou o interesse de ler histórias de aventura, de
romance.
Me recordo de uma colega que apresentou a obra de Dom Quixote em outra
sobre a língua. Realmente foi uma riqueza de conhecimentos que tivemos.
Até mesmo trouxe a valorização das obras literárias, com que o
reconhecimento dos autores. (P06)

Participamos de alguns momentos significativos durante o curso do PNAIC,


realizado pela Prefeitura de Uberlândia. A Tertúlia Literária foi um desses,
onde em poucos instantes nos deliciamos em ouvir a história de algumas
obras. Foi um momento rico de conhecimento que instigou nossa curiosidade
e até mesmo o hábito pela leitura. Ouvir histórias é sempre muito bom, por
um instante paramos para refletir e vivenciar desejos da nossa imaginação.
As organizadoras fizeram uma boa aposta ao pensar sobre a Tertúlia
Literária, com certeza nos deleitamos nesse momento. (P07)

Nossa experiência como formadoras locais e algumas considerações


A participação como formadoras locais do PNAIC da Educação Infantil foi
muito gratificante ao refletir sobre as falas e avaliações dos docentes e especialistas em
educação que participaram no curso; vivências que elas já tinham em sala de aula e do
aprendizado delas refletido na prática pedagógica. Ao mesmo tempo trouxe desafios,
inquietações a partir de situações apresentadas acerca da realidade das escolas. Para
isso, o planejamento de cada encontro era flexível, partindo dos cadernos de formação.

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O material utilizado no Pacto compõe um conjunto integrado de programas,
materiais didáticos e referências curriculares e pedagógicas disponibilizados pelo MEC
que contribuem para a alfabetização e o letramento, tendo como eixo principal a
formação continuada dos professores alfabetizadores, mas com atividades que
possibilitavam discussões do que os docentes e coordenadores traziam. Proporcionaram,
além do aprendizado, oportunidade de reflexão sobre a prática alfabetizadora, pois,
como fruto do trabalho desenvolvido por eles, professores que alfabetizam, é de suma
importância, que a criança tenha acesso aos diferentes gêneros e suportes textuais e que
o professor desenvolva ações voltadas ao planejamento das situações didáticas e o uso
das obras literárias distribuídas pelo MEC.
Os professores devem ser, eles mesmos, leitores proficientes e, sobretudo,
participantes ativos da cultura letrada, para que a relação entre crianças e textos
literários seja mediatizada de forma competente e adequada. Nessa perspectiva, se
insere a experiência com a Tertúlia Literária como um recurso didático pedagógico
como uma ação de formação continuada voltada para docentes que atuam na Educação
Infantil com estudantes de 4 e 5 anos. De maneira que, além de estimular a formação do
professor como um leitor de literatura, concebe a prática da leitura como uma atividade
propícia ao estabelecimento de relações intersubjetivas. Trata-se de uma perspectiva de
leitura dialógica a qual requer a ampliação dos espaços de circulação de textos escritos e
promova experiências diversificadas entre leitores, como define Soler (2003).
Essa ação formativa busca, pois, promover o (re)encontro do professor com o
texto literário. Como esta foi a primeira edição do PNAIC/Educação Infantil demonstra
que o contato dos professores com o texto literário possibilita a reflexão sobre suas
histórias pessoais. Nas trajetórias individuais marcadas, pelas leituras literárias e pelo
impacto delas na formação das subjetividades, se dá a configuração profissional, que em
certa medida, coincide com o regaste de uma vida, na qual aspectos profissionais e
pessoais se cruzam, através do resgate da experiência de leitura de literatura.

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REFERÊNCIAS

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na educação básica. In: Ser docente na educação infantil: entre o ensinar e o aprender /
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. - 1.ed. - Brasília: MEC /SEB,
2016.

BAKHTIN, M. M./ VOLOCHINOV, V. N. Marxismo e filosofia da linguagem:


problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. Tradução de Michel
Lahud e Yara Frateschi Vieira, com colaboração de Lúcia Teixeira Wisnik e Carlos
Henrique D. Chagas Cruz. 13.ed. – São Paulo: Hucitec, 2009.

BARROS, Tristana Nascimento; GOMES, Erissandra. O perfil dos professores


leitores nas séries iniciais e prática de leitura em sala de aula. Rev CEFAC, São
Paulo, v.10, n.3, 332-342, jul-set, 2008. Disponível em <
http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v10n3/v10n3a08> Acesso em 29 out 2018.

BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à


teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1999.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à


Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: Caderno de
apresentação. 1.ed.- Brasília: MEC/SEB, 2016.

_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à


Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: Ser docente na
educação infantil: entre o ensinar e o aprender. Caderno 1.1.ed. - Brasília: MEC /SEB,
2016.

CAVALCANTE FILHO, Urbano. Estratégias de leitura, análise e interpretação de


textos na universidade: da decodificação à leitura crítica. Cadernos do CNLF, Vol.
XV, Nº 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011. Disponível em
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FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 48 ed. São Paulo: Cortez, 2008.
LARROSA, J. Literatura, experiência e formação. In: COSTA, M. V. (Org.) Caminhos
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Programa de Pós-Graduação em Educação - Faculdade de Educação


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