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Análise Comparatística dos Sistemas de Segurança

Social Francesa e de Segurança Social Portuguesa

Research Paper

Marta Raquel Ribeiro Bessa


Stéphanie Antão

2008

PUBLICAÇÕES
ONLINE
ANÁLISE COMPARATÍSTICA

DOS SISTEMAS DE

SEGURANÇA SOCIAL

FRANCESA

E DE

SEGURANÇA SOCIAL

PORTUGUESA

MARTA RAQUEL RIBEIRO BESSA


STÉPHANIE ANTÃO

2009
ÍNDICE

CAPÍTULO I
A Segurança Social: um direito fundamental e universal
1. A segurança social: definição..........................................................................4
2. Um direito universal.........................................................................................5
3. Acesso limitado................................................................................................6
4. A segurança social é essencial ao desenvolvimento social e económico a
longo prazo..........................................................................................................6

CAPÍTULO II
A Segurança Social Portuguesa
1. O longo processo de evolução........................................................................8
2. As medidas da Segurança Social..................................................................13
3. Intervenção social..........................................................................................14
4. Organização, inscrição e financiamento........................................................16
A - Instituições da Segurança Social.......................................................16
B – Inscrição............................................................................................17
C – Contribuições....................................................................................18
D – Litígios..............................................................................................19
E – Prestações
(a) – Doença – prestações em espécie........................................20
(b) – Doença – prestações pecuniárias........................................21
(c) – Maternidade, paternidade e adopção...................................23
(d) – Prestações por acidentes de trabalho e doenças
profissionais..................................................................................26
(e) – Subsídios por morte.............................................................28
(f) – Prestações por invalidez.......................................................29
(g) – Pensões por velhice.............................................................31
(h) – Prestações de sobrevivência...............................................32
(i) – Subsídios de desemprego.....................................................34
(j) – Prestações por pré-reforma...................................................36
(k) – Prestações familiares...........................................................38

2
(l) – Prestações pecuniárias especiais de carácter não
contributivo.........................................................................................................41
5. Sustentabilidade da segurança social...........................................................44
6. Conclusão......................................................................................................47

CAPÍTULO III
A Segurança Social Francesa
1. Os diferentes regimes – introdução...............................................................48
2. Breve história................................................................................................51
3. O ramo doença..............................................................................................51
4. O ramo prestações por acidentes de trabalho e doenças profissionais.......56
5. O ramo família..............................................................................................58
6. O ramo velhice..............................................................................................61
7. As prestações de desemprego......................................................................64
8. Contribuições de Segurança Social..............................................................66
9. Contribuições das profissões liberais............................................................67

CAPÍTULO IV
Os dois sistemas: análise e comparação..........................................................70
Conclusão..........................................................................................................75
Bibliografia.........................................................................................................76

Abreviações
DL – Decreto de lei
CRP – Constituição da República Portuguesa

3
CAPÍTULO I

A SEGURANÇA SOCIAL: UM DIREITO FUNDAMENTAL


E UNIVERSAL1

A Segurança Social é um direito fundamental, sendo o desenvolvimento


de programas e sistemas de segurança social uma das concretizações que
mais marcaram o século XX no domínio da política social.
Apesar do reforço e extensão da segurança social, vários problemas e desafios
permanecem por resolver.

1. A segurança social: definição

A segurança social pode ser definida como todo e qualquer programa de


protecção social criada por lei ou qualquer outra disposição obrigatória que
tem vista fornecer aos cidadãos uma certa segurança quando confrontados
com velhice, incapacidade, invalidade, desemprego ou encargos devidos a
dependentes.
Esses programas e disposições podem igualmente incluir o acesso a
cuidados médicos curativos ou preventivos. De acordo com a definição da
Associação Internacional da Segurança Social, a segurança social pode
incluir programas de seguros sociais, programas de assistência social,
programas universais, seguros de vida, fundos de providência nacionais e
outras disposições, nomeadamente sistemas orientados para o mercado
que, conforme a legislação ou as práticas nacionais, consituam uma parte
importante do sistema de segurança social de cada país.

1
Informações retiradas, traduzidas e adaptadas do “International Social Security Association”.

4
2. Um direito universal

Os primeiros programas de segurança social baseados no seguro


obrigatório foram introduzidos na Europa no fim do século XIX. Mas foi
somente no decurso do século XX, que os programas nacionais de segurança
social se foram desenvolvendo no mundo inteiro, sobretudo após
descolonizações e criação de novos Estados independentes após a segunda
guerra mundial. O desenvolvimento da segurança social foi promovido por
várias convenções e instrumentos internacionais, e o reconhecimento da
segurança social enquanto direito fundamental do homem foi consagrado na
Declaração Universal dos direito do homem de 1948 de acordo com o seu
Artigo 22.º:

“Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social;


e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais
indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a
organização e os recursos de cada país.”

Num pequeno número de países, por exemplo a Alemanha, o Brasil e


Portugal, a segurança social é um direito garantido pela constituição. De
acordo com a Constituição da República Portuguesa:

“Artigo 63º
(Segurança social e solidariedade)

1. Todos têm direito à segurança social.

(...)”

Actualmente, a maior parte dos países dispõem de um sistema ou outro


de segurança social. Os tipos de programas mais comuns à escala mundial
são as reformas por velhisse, invalidade e sobrevivência, seguidos pelos
programas de prestações nos casos de acidentes do trabalho e doenças
profissionais, doença e maternidade, prestações familiares e desemprego.

5
3. Acesso limitado

De acordo com as estimativas disponíveis, cerca de 50 por cento da


população mundial tem acesso a uma forma ou outra de segurança social,
enquanto que apenas 20 por cento beneficia de uma cobertura suficiente
pela segurança social.

A necessidade de expandir essa cobertura é por isso um desafio


essencial para as organizações de segurança social de todas as regiões.
Ora tal só poderá realizar-se tratando ao mesmo tempo um certo número de
questões políticas de alto interesse, nomeadamente o envelhecimento das
populações, a evolução das estruturas familiares, os impactos da
globalização económica, o crescimento do mercado de trabalho informal, e
os desenvolvimentos epidemiológicos e ambientais.

4. A segurança social é essencial ao desenvolvimento social e


económico a longo prazo

A importância social dos sistemas de segurança social para a


colectividade é, actualmente, largamente reconhecida, enquanto que a
importância económica dos sistemas de segurança social é longe de
originar a unanimidade. No entanto, a ideia segundo a qual os sistemas de
segurança social devem ser considerados como um factor produtivo para o
desenvolvimento económico está a ganhar terreno.

A história da segurança social na Europa revela-se particularmente


instrutiva para fazer valer a importância económica do fornecimento de uma
segurança social. Numerosos países europeus apostaram em programas
de segurança social ainda no início do seu desenvolvimento, mesmo antes
de se terem tornado sociedades ricas. A história europeia prova também
que as economias desempenhadas e os sistemas de segurança social
eficazes podem crescer harmoniosamente, e que estes últimos não
constituam em nada um obstáculo para as primeiras. É evidente que todos
os países devem desenvolver os seus sistemas de segurança social em

6
função das suas situações e necessidades sócio-económicas próprias.
Todavia, se nos basearmos na experiência europeia, a mensagem para
todos os países em desenvolvimento é clara: os sistemas de segurança
social eficazes e bem organizados são essenciais ao desenvolvimento
social e económico a longo prazo.

7
CAPÍTULO II
A SEGURANÇA SOCIAL PORTUGUESA

1. O longo processo de evolução

Desde a fundação da nacionalidade portuguesa, com clara inspiração


nos valores da caridade cristã, por iniciativa dos clérigos, de ordens religiosas,
de monarcas, de membros de famílias reais, de corporações de mestres e de
particulares abastados, assistiu-se ao desenvolvimento de esforços tendentes
a dar corpo ao sentimento do dever moral de protecção contra situações de
necessidade nos planos individual e familiar.

Assim, até ao final da Idade Média, a par de meros impulsos de


beneficiência individual, foi se desenvolvendo uma organização embrionária da
assistência privada, conduzindo à primeira grande reforma, por iniciativa da
rainha D.Leonor que, em Agosto de 1498, fundou, em Lisboa, a primeira
Irmandade da Misericórdia. Este novo tipo de instituições – as Santas Casas da
Misericórdia – multiplicou-se por todo por todo o país, tornando-se no grande
polo da assistência privada, a nível local, nos domínios da saúde e da acção
social e cuja obra multisecular chegou pujante até aos nossos dias.

Com a fundação da Casa Pia de Lisboa, nos finais do século XVIII,


ensaiou-se o primeiro passo no sentido da instauração da assistência pública
que o liberalismo se propôs a estimular, sem grande sucesso. Implantada a
República, foi longo e penoso o caminho até à aprovação do Estatuto de Saúde
e Assistência apontando para a função supletiva do Estado na acção
assistencial que, a nível local, passou a ser coordenada pelas Misericórdias.
Nos principais centros industriais urbanos, assistiu-se a um importante
movimento mutualista que estimulou o rápido crescimento do número de
associações de socorros mútuos e dos respectivos associados. Os principais
fins destas instituições abrangiam a prestação de cuidados médicos e o
fornecimento de medicamentos, a atribuição de prestações pecuniárias nas

8
situações de incapacidade temporária ou permanente do trabalho e a atribuição
de subsídios para funeral.
As insuficiências da protecção social de base mutualista,
designadamente no que se refere à velhice, levaram à criação, ainda nos finais
do século XIX, das primeiras “Caixas de Aposentação” .2

Através de 5 diplomas publicados em 10 de Maio de 1919, assistiu-se à


primeira tentativa de instituição de um sistema de seguros sociais obrigatórios,
destinados a abranger a generalidade dos trabalhadores por conta de outrém,
com salários ou rendimentos inferiores a determinado montante. O campo de
aplicação pessoal foi abrangendo progressivamente os trabalhadores por conta
de outrém, do comércio, indústria e serviços, mantendo-se insignificante o
enquadramento dos trabalhadores independentes, ao passo que os
trabalhadores da agricultura e das pescas passaram a ser gradualmente
enquadrados respectivamente pelas Casas do Povo e pelas Casas dos
Pescadores.
O campo de aplicação material incluía, relativamente aos trabalhadores,
subordinados do comércio, indústria e serviços, a protecção nas
eventualidades de doença, velhice, invalidez e morte, além dos encargos
familiares (o financiamento desta protecção apoiava-se em contribuições
obrigatórias dos trabalhadores e dos empregadores). Aos trabalhadores do
sector agrícola apenas era garantida a cobertura de eventualidades de doença
e de morte (esta garantia dependia das cotas dos sócios das Casas do Povo).
A protecção dos trabalhadores das pescas tinha carácter basicamente
assistencial, pelo que, na medida das disponibilidades financeiras das Casas
dos Pescadores, poderiam contar com a assistência médica, súbsidios de
doença e de nascimento, pensões de invalidez e de reforma, subsídios por
morte e abonos de família. As Casas do Povo e as dos Pescadores ainda
contavam com subsídios atribuídos pelo Estado.
Por exemplo, no caso de doença, era incluído um fundo de reserva e de abono,
em que os eventuais défices eram suportados por um “Fundo Nacional de
Abono de Família”.

2
MARQUES, SOARES, Evolução e Problemas da Segurança Social em Portugal no Após 25 de
Abril, Edições Cosmos, 1997, pag. 23 e ss e pag. 153 e ss.

9
A reforma da previdência social só se foi concretizando a partir da
publicação da lei n.º 2115, de 15 de Junho de 1962. Como aspecto assinável
desta reforma refere-se o alargamento do campo de aplicação material a
eventualidades não cobertas, tornando-se mais complicado o esquema de
prestações, bem como a manutenção da dominante do financiamento apoiado
em contribuições dos trabalhadores e dos empregadores, sem comparticipação
financeira do Estado.
À margem daquela reforma, mas ainda nos anos 60, foi publicada a
nova lei quadro de protecção social dos acidentes de trabalho e doenças
profissionais, mantendo-se o princípio da responsabilidade dos empregadores,
transferida para companhia de seguros.
Depois deste longo processo de construção, que foi evoluindo
progressivamente, temos nos anos 70 a transição para um sistema unificado
de Segurança Social. Neste período de tempo, praticamente até 1974, houve
uma grande evolução legislativa.
Relativamente ao regime de previdência dos trabalhadores agrícolas, foram
legalmente definidas as eventualidades abrangidas pelo regime especial de
previdência: doença, maternidade, encargos familiares, invalidez, velhice e
morte. 3
Uma grande inovação foi quanto ao “plafond” contributivo que eliminou o
limite superior das retribuições sujeitas a contribuição para a Caixa Nacional de
Pensões, bem como para as Caixas Sindicais de previdência como entidades
patronais contribuintes constituídas anteriormente à Lei n.º 2115, de 18 de
Junho de 1962. Tal eliminação teria efeitos a partir de 1 de Janeiro de 1974.

O grande passo foi a transição do modelo parcelar de assistência e de


previdência para um modelo unificado de segurança social. Em obediência aos
princípios de “uma nova política social” definidos pelo Movimento das Forças
Armadas, o Programa do I Governo Provisório, entre o vasto conjunto de
medidas que lhe davam corpo, incluía a “substituição progressiva dos sistemas

3
Decreto de Lei n.º 391/72 de 13 de Outubro

10
de previdência e assistência por um sistema integrado de segurança social”
previsto no DL 203/74 de 15 de Maio.
Esta ideia veio a ter claro acolhimento no n.º2 do artigo 63 de 1976:
“Incube ao Estado organizar, coordenar e subsidiar um sistema de segurança social
unificado e descentralizado, de acordo e com a participação das associações sindicais
e outras organizações das classes trabalhadoras.”

Após o 25 de Abril, foi criado, com carácter experimental, um subsídio de


desemprego a atribuir à generalidade dos trabalhadores por conta de outrem ,
através da aprovação do DL n.º 169-D/75 de 25 de Março.

A partir de 1977, foram sendo dados passos significativos no sentido de


assegurar um contributo necessário em ordem ao imperativo constitucional de
implantação de um sistema de segurança social unificado, descentralizado e
participado, através de uma nova estrutura orgânica que servisse de suporte a
tal objectivo. Neste sentido, começou por se criar o suporte legal que conduziu
à transferência dos serviços médico-sociais da previdência para o âmbito do
sector da saúde, à criação de uma “Autoridade distrital de segurança social”
com funções de direcção e coordenação e, por fim, à criação do Instituto de
Gestão Financeira da Segurança Social.
Como remate do esforço de reorganização assim iniciado, no fim
daquele ano, foi aprovado o diploma DL n.º 549/77 de 31 de Dezembro que
definiu, em termos completos e profundamente inovadoras, a nova estrutura
orgânica da Segurança Social, em obediência a 3 princípios essenciais:
integração, descentralização e participação.
A estrutura orgânica central passou a contar com um conjunto de serviços de
administração directa do Estado e organismos de âmbito nacional dotados de
personalidade jurídica e autonomia administrativa e financeira, que integram
orgãos, serviços e instituições de previdência social e assistência social, no
respectivo âmbito geográfico (distrito).4

Nos anos 80, Portugal teve uma importante dinâmica estruturante dos
regimes e das prestações de segurança social.

4
Comissão do Livro Branco da Segurança Social pag. 54 e ss.

11
Temos a criação de um sistema de verificação de incapacidades
permanentes, introduzido pelo DL n.º 144/82 de 27 de Abril.
Em 1980, foi aprovado um novo regime jurídico de contribuições,
norteado pelo objectivo essencial de maior rigor no pagamento das
contribuições e das dívidas vencidas.
Entretanto, é concretizado uma nova estrutura orgânica. Foi nesta
efectiva concretização aprovada em 1977 que foi sendo dado suporte a um
sistema unificado previsto na CRP.

Em 14 de Agosto de 1984, foi aprovada a lei de Bases da Segurança


5
Social da qual se destacam alguns pontos: a nível de objectivos, o sistema
perfilha 2 níveis, o de garantir protecção dos trabalhadores e das suas famílias
nas situações de falta ou diminuição de capacidade para o trabalho, de
desemprego e de morte, bem como compensar os encargos familiares. Por
outro lado, pretendia proteger socialmente as pessoas que se encontrem “em
situações de falta ou diminuição de meios de subsistência”.
Este sistema obedece a princípios como a universalidade, unidade,
igualdade, eficácia, descentralização, garantia judiciária, solidariedade e
participação.
A administração prevista nesta lei compete ao Estado.
O financiamento do sistema é assegurado “basicamente por
contribuições dos beneficiários e das entidades empregadoras e por
transferências do Estado”.
Os regimes patentes na lei eram o regime geral e o regime não
contributivo.
A acção social pretendida pelo sistema tinha como principal objectivo “a
prevenção de situações de carência, disfunção e marginalização social e a
integração comunitária”.
Para além do regime principal, podia ser instituído, por iniciativa dos
interessados, esquemas de prestações complementares das que são
garantidas pelo regime geral ou das prestações correspondentes a
eventualidades não cobertas pelo regime.6

5
Lei 28/84, de 14 de Agosto
6
Para mais desenvolvimentos, vide, MARQUES, SOARES, Op. Obra citada.

12
Entretanto, dá-se um crescimento de pressão financeira (anos 90).
Uma medida interessante foi quanto aos pensionistas dos regimes de
segurança social que passaram a receber, além da pensão mensal que lhes
corresponda, uma prestação adicional de igual montante no mês de Julho de
cada ano. Esta medida foi introduzida pela portaria 470/90.
Em 1996, foi revisto o regime dos trabalhadores independentes.
Em finais de 1999, foram definidos os princípios gerais a que deve
obedecer a fixação das tarefas contributivas do regime geral dos trabalhadores
por conta de outrem.

2. As medidas da Segurança Social

Cabe-nos agora aprofundar as mais recentes medidas da Segurança


Social.
Actualmente, o principal papel do Estado é garantir a assistência social a
todos os cidadãos como se pode verificar no artigo 9º alínea d) da nossa Lei
Fundamental.
O sistema de segurança social é público, universal e único, pois abarca
todos os cidadaõs e assume-se um regime unificado7. A segurança social
constitui um direito e um dever social como se compreende aquando da leitura
do artigo 63º da CRP. Atendendo ao n.º 3 do mesmo artigo, podemos verificar
que a intervenção estatal verifica-se com mais intensidade em situações de
ausência de meios de subsistência ou falta de capacidade laboral. Assim a
maioria dos benefícios fiscais têm como objectivo providenciar o chamado
“mínimo social” aos indíviduos de modo a que possam suportar os custos de
uma vida nornal.
A protecção desenvolvida pelo sistema de segurança social tem como
objectivos fundamentais a prevenção e a reparação de situações de carência e
desigualdade sócio-económica, de dependência ou vulnerabilidades sociais,
bem como a integração e promoção comunitárias das pessoas e o
desenvolvimento das respectivas capacidades. Estes objectivos destinam-se

7
Tal se encontra consagrado no artigo 16º da Lei nº4/2007 de 16 de Janeiro.

13
em especial à protecção de grupos mais desprotegidos, nomeadamente
crianças, jovens, pessoas com deficiência e idosos.
Perante a lei de bases, o sistema de segurança social português
assenta, entre outros princípios, no princípio da universalidade e no da
igualdade, permitindo o acesso de todas as pessoas à protecção social,
consagrado no artigo 5º da presente lei. Nela contempla e congrega três
sistemas: sistema de protecção social de cidadania, sistema previdencial e
sistema complementar.
No entanto, adoptaremos a classificação, utilizada pela Prof. Doutoura
Glória Teixeira, de “Pilares”, por nos parecer mais elucidativa.8

3. Intervenção social

a) Pilar da protecção social da cidadania:9


o O sub-pilar da acção social que visa a participação
na implementação de programas específicos e/ou de
disponibilização de equipamentos sociais, combater
a pobreza, disfunção, marginalização e exclusão
sociais e conceder eventuais prestações em espécie
ou pecuniárias em condições de excepcionalidade.
o O sub-pilar de solidariedade visa a assegurar
direitos essenciais de forma a prevenir e a erradicar
situações de probeza e de exclusão, bem como
garantir prestações não incluídas no sistema
previdencial, em situações de comprovada
necessidade pessoal e/ou familiar. Este sub-pilar
abrange o regime não contributivo, o regime
especial de segurança social das actividades
agrícolas e os regimes transitórios ou outros
formalmente equiparados a não contributivos.

8
TEIXEIRA, Glória, Manual de Direito Fiscal, Almedima, 2008, pág. 147 e ss.
9
Vide, artigo 26º da Lei de Bases da Segurança Social, lei n.º 4/2007 de 16 de Janeiro.

14
o O sub-pilar de protecção familiar que visa assegurar
a compensação por encargos familiares acrescidos,
designadamente nos domínios de deficiência e de
dependência.

b) Pilar previdencial
o Este vem presente no artigo 50º e ss. da já referida
Lei de Bases de 2007.
O pilar previdencial, de base contributiva
obrigatória, visa garantir aos seus beneficiários
prestações substitutivas de rendimentos de trabalho
perdido em consequência das eventualidades
legalmente definidas. Integram este pilar os
seguintes regimes:
o Regime geral dos trabalhadores por conta de outrem
o Regime dos trabalhadores independentes
o Regimes especiais
o Regimes de inscrição facultativa
No âmbito deste pilar (previdencial), o regime geral
dos trabalhadores por conta de outrem, bem como o
regime dos trabalhadores independentes na forma
alargada, cobrem as eventualidades seguintes: prestações
em espécie por doença, prestações pecuniárias por
doença, maternidade, paternidade e adopção, acidentes de
trabalho e doenças profissionais, subsídios por morte,
invalidez, velhice e pensões de sobrevivência e
desemprego.
Os restantes regimes deste pilar cobrem apenas algumas
das eventualidades referidas.10

10
Comissão do Livro Branco, pág. 67 e ss.

15
c) Terceiro pilar, o complementar

Vem enunciado nos artigos 81º e ss. da lei nº4/2007. Este pilar, ainda
pouco regulamentado, uma vez que é recente, concretiza-se numa partilha de
responsabilidades sociais e é constituído pelos seguintes regimes:
o Regime público de capitalização, de adesão voluntária e
individual
o Regime complementar, de iniciativa individual e
facultativa, assumindo a forma de planos de poupança-
reforma, seguros de vida, etc.
o Regimes complementares de iniciativa colectiva, a favor
de determinados grupos de pessoas.11

4. Organização, Inscrição e Financiamento

A. Instituições da Segurança Social

A concessão das prestações de segurança social cabe ao Centro Nacional


de Pensões e aos Centros Distritais de Segurança Social (CDSS) que são
serviços do Instituto da Segurança Social, I.P. O primeiro concede aos
beneficiários todas as prestações a que têm direito por motivos de invalidez e
de velhice e pensões de sobrevivência em caso de morte de um assegurado.

Praticamente todas as outras prestações são concedidas através dos


Centros Distritais de Segurança Social.

A cobertura das doenças profissionais é efectuada através de uma


instituição própria, o Centro Nacional de Protecção contra os Riscos
Profissionais.

11
Comissão do Livro Branco, pág. 72 e ss.

16
A concessão das prestações de cuidados de saúde compete aos centros de
saúde e unidades hospitalares que fazem parte do Serviço Nacional de Saúde
ou com este se encontram convencionados.

Em caso de acidente de trabalho, os cuidados de saúde necessários estão


a cargo da companhia de seguros com a qual a entidade patronal celebrou o
respectivo contrato.

Na Região Autónoma da Madeira, são competentes o Centro de Segurança


Social da Madeira, em matéria de prestações de segurança social, e o Centro
Regional de Saúde, em matéria de cuidados de saúde.

Na Região Autónoma dos Açores, são competentes o Centro de Prestações


Pecuniárias do Instituto de Gestão de Regimes de Segurança Social onde o
beneficiário se encontra inscrito, em matéria de prestações pecuniárias de
doença e maternidade e prestações familiares, e o Centro Coordenador de
Prestações Diferidas do Instituto de Gestão de Regimes de Segurança Social,
em matéria de prestações de invalidez, velhice e morte.

O Departamento de Acordos Internacionais de Segurança Social é a


instituição que representa, a nível internacional, o sistema de segurança social
português, coordenando a aplicação dos instrumentos internacionais de
segurança social em que Portugal é parte e exercendo competências próprias
como organismo de ligação entre os serviços e as instituições de segurança
social portugueses e os seus homólogos estrangeiros. Compete-lhe informar os
interessados que tenham, tenham tido ou esperem vir a ter uma carreira
profissional em Estados com os quais Portugal seja parte num instrumento
internacional de segurança social.

B. Inscrição

Os trabalhadores só têm direito a prestações se estiverem inscritos nos


regimes de segurança social. A inscrição é válida para toda a vida, mesmo
depois de o trabalhador ter deixado de trabalhar.

17
A entidade empregadora é obrigada a proceder à sua inscrição no Centro
Distrital de Segurança Social que abrange a área onde o trabalhador exerce a
sua actividade profissional. Este deve comunicar ao Centro Distrital que o
abrange o início da actividade profissional ou a vinculação a uma nova
entidade empregadora. Se não o fizer, pode perder prestações. O trabalhador
independente deve inscrever-se no Centro Distrital da sua área de residência.

C. Contribuições

Para Freitas Pereira, no aspecto económico-financeiro “as contribuições são


vistas como imposto para efeito de cálculo do nível de fiscalidade, sendo tidas
pela entidade também como tal para efeitos de cálculo de mão-de-obra. Para o
trabalhador por conta de outrém, em termos de rendimento disponível, as
retenções na fonte das contribuições para a segurança social não se
distinguem das retenções do imposto pessoal do rendimento.” Disto nos dá
conta Freitas Pereira que não ignorando as objecções habitualmente tecidas
considera-se que o facto das respectivas receitas estarem consignadas a
determinados fins específicos não parece decisivo para, nesta perspectiva
(económico-financeira), lhe atribuir natureza diferente dos impostos.12 13

REGIME BENEFICIÁRIO ENTIDADE PATRONAL


Regime Geral –
Trabalhadores por conta de 11% 23,75%
outrem
Serviço doméstico – sem
protecção no desemprego 9,3% 17.4%
- com protecção no
desemprego 11% 20, 6%
Entidades sem fim lucrativo 11% 20,6%
Profissionais independentes
- Esquema obrigatório 25,4% -
- Esquema alargado 32% -
Membros dos órgãos
estatutários de pessoas 10% 21,25%
colectivas
Jovens em 1º emprego e
desmpregados de longa 11% Isenção nos primeiros 3 anos
duração
Trabalhadores deficientes 11% 12,5%

12
PEREIRAS, Freitas, Fiscalidade, pág. 23
13
Guia Fiscal 2008, Boletim do contribuinte, Vida Económica, Grupo Editorial, 2008, pág.14.

18
A inscrição determina o pagamento de contribuições pela entidade
empregadora e de quotizações pelo trabalhador. Em geral, a entidade
empregadora paga ao Centro Distrital a totalidade das contribuições, deduzindo
do salário do trabalhador a quotização que lhe compete. Ou seja, remete
mensalmente ao centro Distrital 34,75% da renumeração, sendo 11% devidos
pelo trabalhador. Os trabalhadores independentes devem pagar quotizações
que se elevam a 25,4% dos seus rendimentos, se estiverem cobertos apenas
pelo seguro obrigatório, ou a 32%, se optarem pelo regime mais amplo.

Este regime deveria ser revisto, introduzindo-se um sistema mais justo e


equitativo, baseado no rendimento real ou líquido do contribuinte,
abandonando-se o critério do hipoteticamente auferido e adoptar critérios de
rendimento efectivo, de modo a evitar a evasão e a fraude. Assim, factores de
igualdade e justiça impõe uma mudança legislativa tal como fundamenta a Prof.
Doutoura Glória Teixeira em muitas das suas obras, particularmente na mais
recente.14

A lei fixa contribuições inferiores para certas situações, nomeadamente


para entidades empregadoras sem fins lucrativos e para actividades
economicamente débeis.

O financiamento do seguro contra acidentes do trabalho cabe


inteiramente à entidade patronal, e é também obrigatório para os trabalhadores
independentes, enquanto que os cuidados de saúde que não resultam de
acidente de trabalho são financiados pelo Orçamento de Estado.

D. Lítigios

Se o segurado considerar que os seus direitos de segurado foram


desrespeitados, pode apresentar reclamação ao organismo competente para a
concessão da prestação. Se ao trabalhador for recusada uma prestação ou a

14
TEIXEIRA, Glória, Manual de Direito Fiscal, Almedina, 2008.

19
inscrição no regime geral, pode haver recurso para os tribunais administrativos,
a fim de fazer valer os direitos preteridos.

E. Prestações

As prestações podem ser atribuídas aos cidadãos quer sejam


contribuintes ou não, em espécie ou pecunariamente. Em seguida
trataremos separadamente as prestações do regime contributivo e depois
as do regime não contributivo.

(a) Doença – prestações em espécie

As prestações de saúde abrangem os cuidados preventivos e curativos,


incluindo as consultas e visitas de clínica geral e de especialistas, os cuidados
de enfermagem, os elementos complementares de diagnóstico, os tratamentos
especializados, os produtos farmacêuticos, os aparelhos complementares
terapêuticos, como óculos, próteses oculares e próteses dentárias, o
internamento hospitalar, etc.

Em geral, os cuidados de saúde são prestados nos centros de saúde e


suas extensões. Em caso de urgência, o doente pode dirigir-se ao Serviço de
Atendimento Permanente (S.A.P.) mais próximo e/ou a um estabelecimento
hospitalar oficial. Se o período de espera para a admissão num hospital público
for superior a três meses, o doente tem o direito de recorrer a uma clínica
privada.

A concessão da maior parte dos cuidados de saúde, nomeadamente as


consultas (num centro de saúde ou num hospital) e os elementos
complementares de diagnóstico, é feita mediante o pagamento de uma taxa
moderadora. Todas as despesas que excedam essa taxa moderadora ficam a
cargo do serviço de saúde. Todavia, muitas pessoas estão isentas do
pagamento da taxa moderadora, nomeadamente as seguintes categorias:

20
 grávidas e parturientes;
 crianças até aos 12 anos;
 titulares de uma pensão que recebem uma pensão não superior ao
salário mínimo nacional e respectivos cônjuge e filhos a cargo;
 desempregados inscritos nos Centros de Emprego e respectivos
cônjuge e filhos a cargo;
 trabalhadores por conta de outrem cujo rendimento mensal não seja
superior ao salário mínimo nacional e respectivos cônjuge e filhos a
cargo;
 a maior parte dos inválidos e das pessoas que sofrem de doenças
incuráveis ou prolongadas;
 beneficiários do subsídio mensal vitalício.

O internamento em regime de enfermaria nos hospitais está sujeito ao


pagamento de taxas moderadoras do 1.º ao 10.º dia.

Quanto aos medicamentos, eles são prescritos pelas entidades que


asseguram os cuidados de saúde podendo ser adquiridos em qualquer
farmácia mediante apresentação da receita. O Estado paga uma certa
percentagem do preço de cada medicamento, devendo o restante ser pago
pelo doente. A percentagem paga pelo Estado depende da classificação de
cada medicamento num de quatro escalões e varia entre 15% e 95%. No caso
de medicamentos considerados indispensáveis para a sobrevivência dos
doentes, a comparticipação do Estado é de 100%. No que se refere aos
aparelhos complementares terapêuticos e às próteses (por exemplo, óculos), o
serviço de saúde contribui para o seu custo até um certo montante, segundo
determinadas percentagens e condições.

(b) Doença – prestações pecuniárias

A incapacidade para o trabalho por uma causa que não resulte de


acidente de trabalho ou de doença profissional pode dar direito a um subsídio
de doença.

21
Para haver direito ao subsídio de doença, deve ser cumprido um período
mínimo de seis meses civis, seguidos ou interpolados, com registo de
remunerações. Além disso, deve ter sido cumprido o índice de
profissionalidade de 12 dias com registo de remunerações por actividade
efectivamente prestada durante os 4 meses imediatamente anteriores à data
de início da incapacidade.

O subsídio não é pago durante os três primeiros dias de incapacidade,


excepto em caso de tuberculose ou de hospitalização, em que o subsídio é
pago a partir do primeiro dia.

O subsídio tem a duração máxima de 1095 dias, após os quais o


beneficiário passa a estar coberto pelo regime de seguro de invalidez. Em caso
de tuberculose, o subsídio é pago enquanto o trabalhador continuar
incapacitado para o trabalho.

O subsídio de doença para os trabalhadores independentes que optaram


pelo esquema alargado de protecção tem a duração máxima de 365 dias
(excepto em caso de tuberculose) e não é pago durante os primeiros 30 dias
de incapacidade, excepto em caso de hospitalização e de tuberculose.

O montante do subsídio de doença varia em função da duração e da


natureza da doença do beneficiário. Assim, é igual a 65% da sua remuneração
média diária (dos 6 meses que antecedem o segundo mês anterior ao mês em
que a incapacidade ocorreu), nas situações de incapacidade temporária para o
trabalho de duração igual ou inferior a 90 dias, e a 70% nas situações de
incapacidade para o trabalho superiores a 90 dias e iguais ou inferiores a 365
dias. Se o período de incapacidade exceder 365 dias consecutivos, a
percentagem é aumentada para 75%. Em caso de tuberculose, o subsídio é
igual a 80% ou a 100% da referida remuneração (conforme a composição do
agregado familiar). O subsídio não pode ser inferior a 30% do salário mínimo, a
não ser que a remuneração média anterior fosse inferior a esse salário. Neste
caso, o montante do subsídio é igual a essa remuneração.

22
Para que a prestação seja concedida, o indivíduo deve dirigir-se ao
Centro de Saúde da residência do beneficiário, em que o médico terá de
atestar a incapacidade temporária para o trabalho, enviando de seguida para o
Centro Distrital de Segurança Social.

(c) Maternidade, paternidade e adopção

A incapacidade ou indisponibilidade para o trabalho por motivo de gravidez,


maternidade, paternidade, adopção, assistência a filhos menores ou
deficientes, assistência a deficientes profundos ou doentes crónicos e por
nascimento de netos podem conferir direito às seguintes prestações:

 subsídio por maternidade;


 subsídio por paternidade;
 subsídio por adopção;
 subsídio para assistência na doença a descendentes menores ou
deficientes;
 subsídio para assistência a deficientes profundos e doentes crónicos;
 subsídio por licença parental;
 subsídio por faltas especiais dos avós;
 subsídio por riscos específicos;
 cuidados de saúde.

As trabalhadoras abrangidas por regimes contributivos de segurança social


têm direito ao subsídio por maternidade.

Os pais que sejam trabalhadores por conta de outrem têm direito a um


subsídio por licença de paternidade, no primeiro mês a seguir ao nascimento
do filho. Têm ainda direito, bem como os trabalhadores independentes, ao
subsídio por paternidade quando, na sequência do parto, a mãe interrompe a
licença de maternidade, devido a incapacidade física ou psíquica ou por morte
(o período mínimo assegurado ao pai é de 30 dias) e também em caso de
decisão conjunta dos pais (a mãe trabalhadora goza obrigatoriamente um
período de 6 semanas). A morte ou incapacidade física ou psíquica de mãe

23
não trabalhadora no período de 120 dias imediatamente a seguir ao parto
também confere ao pai este direito.

A adopção por um beneficiário (homem ou mulher) de menor de 15 anos


confere direito ao subsídio por adopção.

A mãe ou o pai de uma criança menor de 10 anos ou, independentemente


da idade, de uma criança deficiente, têm direito a um subsídio para assistência
em caso de doença ou de acidente do filho.

Os trabalhadores por conta de outrem têm direito a um subsídio para


assistência a filhos, adoptados ou enteados que sejam deficientes profundos
ou doentes crónicos com idade igual ou inferior a 12 anos.

Os pais que sejam trabalhadores por conta de outrem têm direito a um


subsídio por licença parental durante os primeiros 15 dias, desde que gozados
imediatamente a seguir à licença de maternidade ou paternidade.

Os trabalhadores podem faltar a seguir ao nascimento de netos que sejam


filhos de adolescentes com idade até aos 16 anos, desde que estes consigo
vivam em comunhão de mesa e habitação.

As trabalhadoras têm direito a um subsídio por riscos específicos que se


destina a compensar a perda de remuneração durante o período de dispensa
das mulheres grávidas, puérperas e lactantes, em caso de risco para a saúde e
segurança das mulheres e em caso de dispensa de trabalho nocturno. O direito
às prestações pecuniárias acima referidas é condicionado ao cumprimento de
um período de garantia de seis meses civis com registo de remunerações.

O subsídio por maternidade é pago durante 120 dias, dos quais 90 dias são
obrigatoriamente gozados a seguir ao parto. Mediante opção da beneficiária, o
subsídio por maternidade pode ser pago durante 150 dias (caso em que o
período acrescido - 30 dias - tem de ser gozado após o parto). É obrigatório o
gozo de, pelo menos, 6 semanas de licença de maternidade a seguir ao parto.
Em caso de IVG, tem direito a um período mínimo de licença de 14 dias e a um
máximo de 30. Há ainda outras disposições relativas ao nascimento de

24
gémeos, de risco clínico para a mãe ou para a criança e em caso de
internamento hospitalar da mãe ou da criança.

O subsídio por licença de paternidade tem uma duração de 5 dias, seguidos


ou interpolados, e o subsídio por licença parental é de 15 dias, desde que
gozados imediatamente a seguir à licença de maternidade ou paternidade.

O subsídio por adopção é pago durante 100 dias (acrescido de 30 dias por
cada criança adoptada, no caso de adopção de mais do que um menor) e o
subsídio para assistência a menores doentes ou deficientes tem uma duração
máxima de 30 dias por ano e por cada filho.

A duração do subsídio para assistência a deficientes profundos ou doentes


crónicos é de 6 meses prorrogáveis até um limite de 4 anos e do subsídio por
faltas especiais dos avós é de um máximo de 30 dias.

O subsídio por riscos específicos é pago durante o período necessário para


evitar a exposição ao risco e durante 112 dias correspondentes à dispensa de
trabalho nocturno.

O montante dos subsídios de maternidade, de paternidade, por licença


parental e por faltas especiais dos avós é igual a 100% da remuneração média
dos seis meses que antecedem o segundo mês anterior ao mês em que
adquiriu direito à prestação. Nos casos em que tenha havido opção pela
licença de 150 dias, o montante do subsídio por maternidade ou de paternidade
é de 80% da remuneração de referência. Os subsídios não podem ser
inferiores a 50% do salário mínimo.

O montante dos subsídios para assistência na doença a descendentes


menores ou deficientes, para assistência a deficientes profundos ou doentes
crónicos e por riscos específicos é de 65% da remuneração de referência.

O subsídio para assistência a deficientes profundos e doentes crónicos não


pode ser superior ao valor da retribuição mínima mensal garantida.

25
As prestações devem ser requeridas ao Centro Distrital de Segurança
Social no prazo de seis meses a contar do primeiro dia de falta ao trabalho sem
remuneração, utilizando os formulários próprios para esse efeito. Quando
apresenta o pedido, o requerente deve comprovar as situações e os factos que
conferem direito às prestações. Deve também apresentar declarações dos
serviços de saúde e/ou certidões de registo civil.

(d) Prestações por acidentes de trabalho e doenças profissionais

É obrigação da entidade empregadora assegurar a protecção dos seus


trabalhadores contra o risco de acidentes de trabalho. Em regra, a
responsabilidade é transferida para companhias de seguros, uma vez que os
regimes de segurança social não abrangem este risco.

Os trabalhadores independentes também são obrigados a subscrever


um seguro que os proteja em caso de acidente de trabalho. Em contrapartida, o
regime geral de segurança social abrange a protecção em caso de doença
profissional. Apesar desta diferença de responsáveis pela reparação destes
diferentes riscos, as prestações concedidas em caso de acidente de trabalho
são quase idênticas às concedidas em caso de doença profissional. As
prestações incluem:

 assistência médica, cirúrgica e medicamentos e outros cuidados de


saúde, como hospitalização, cuidados no domicílio, etc.;
 indemnização por incapacidade temporária;
 pensão provisória;
 indemnização em capital e pensões por incapacidade permanente;
 subsídio por situação de elevada incapacidade permanente;
 subsídio por morte e subsídio para despesas de funeral;
 pensões por morte;

 prestação suplementar à pensão;


 prestações adicionais nos meses de Julho e Dezembro;

26
 subsídio para adaptação da habitação;
 subsídio para frequência de cursos de formação profissional.

Têm direito às prestações os trabalhadores por conta de outrem em


qualquer actividade profissional, lucrativa ou não, os trabalhadores
independentes e, em caso de morte, os membros das suas famílias

Em regra, para que se considere que existiu um acidente de trabalho, este


deve ter ocorrido no local e durante o horário de trabalho e causar uma lesão
física, uma perturbação funcional ou uma doença de que resulte a morte ou a
redução da capacidade de trabalho ou de ganho, temporária ou permanente,
parcial ou total.

Em caso de doença profissional, as prestações podem ser concedidas se o


trabalhador contraiu uma doença profissional por ter estado exposto a um risco
associado à sua actividade ou ao seu ambiente de trabalho habitual. Além
disso, a doença deve ter-se manifestado durante um período fixado na lista
oficial de doenças profissionais15. As prestações continuam a ser pagas
enquanto os efeitos do acidente ou da doença perdurarem.

O montante das prestações pecuniárias depende do grau e da natureza da


incapacidade para o trabalho de que sofre o interessado, da sua remuneração
base anterior e, em certos casos, do facto de ter ou não membros da família a
cargo.

Em caso de acidente de trabalho, deve o interessado dirigir-se à companhia


de seguros para a qual a sua entidade empregadora transferiu a
responsabilidade ou ao organismo por esta indicado.

Se contrair uma doença profissional, o interessado deverá dirigir o seu


pedido ao Centro Nacional de Protecção contra os Riscos Profissionais.

15
Aprovada pelo Decreto Regulamentar n.º 6/2001 de 5 de Maio, publicado no
Diário da República n.º 104, I Série-B, consultável em http://www.dre.pt.

27
Normalmente, os cuidados de saúde são prestados pelos serviços públicos
de saúde. O médico determinará se a doença é de natureza profissional; essa
confirmação é essencial para a concessão das prestações em questão.

Se o interessado pedir prestações relacionadas com um falecimento,


deverá apresentar a certidão de óbito e uma factura das despesas de funeral.

(e) Subsídios por morte

A morte de beneficiários dos regimes contributivos de segurança social


pode conferir aos seus sobrevivos os direitos a seguir enumerados.

O subsídio por morte é atribuído aos familiares do beneficiário,


independentemente de qualquer período mínimo ou “prazo de garantia”.

Na falta de familiares com direito ao subsídio, pode ser pago um


subsídio para despesas de funeral a quem prove tê-las efectuado. Tem direito
ao subsídio de funeral o requerente das despesas de funeral de qualquer
membro do agregado familiar ou de qualquer outra pessoa, residente em
território nacional. Para isso é necessário que prove ter efectuado as despesas
com o funeral e que o cidadão falecido tenha sido residente e não enquadrado
por regime obrigatório de protecção social que confira direito a subsídio por
morte.

O subsídio por morte, pago de uma só vez, é igual a seis vezes um


salário de referência que não pode ser inferior ao salário mínimo nacional.
Metade do montante é pago ao cônjuge ou ex-cônjuge e metade aos filhos ou
equiparados. Se uma destas categorias de sobrevivos não existir, o montante
total do subsídio por morte é pago à outra categoria.

O interessado pode requerer uma pensão de sobrevivência e/ou um


subsídio por morte através do impresso adequado, que deve remeter para o
Centro Nacional de Pensões ou para o Centro Distrital de Segurança Social da
área da sua residência.

28
(f) Prestações por invalidez

A incapacidade permanente pode conferir direito a uma pensão por


invalidez.

Pode requerer uma pensão por invalidez o trabalhador que sofrer de


incapacidade permanente para o trabalho que não lhe permita ganhar mais de
um terço da remuneração que receberia normalmente se exercesse a sua
actividade a tempo inteiro.

Não tem direito a pensão se a invalidez resultar de um acidente de


trabalho ou de uma doença profissional, ou se preencher as condições de
concessão de uma pensão de reforma.

As prestações de invalidez são concedidas a todos os trabalhadores


seguros num regime contributivo de segurança social.

Os titulares de uma pensão por invalidez em situação de dependência


podem ter direito a um complemento por dependência.

Para ter direito a uma pensão por invalidez, o trabalhador deve ter
cumprido pelo menos 5 anos com registo de remunerações. Para este efeito,
só são tidos em conta os anos com pelo menos 120 dias de remuneração
registada. O reconhecimento do direito à pensão depende ainda da certificação
da situação de invalidez pelo Serviço de Verificação de Incapacidades.
Continua a ter direito às prestações enquanto subsistirem as razões que
motivaram o reconhecimento da invalidez, mas no máximo até que a sua
pensão seja convertida em pensão por velhice.

Se a incapacidade permanente for determinada após o decurso do


período máximo de concessão do subsídio de doença (1 095 dias), o
beneficiário pode passar para o regime de seguro de invalidez.

Para ter direito ao complemento por dependência, é necessário


depender da assistência permanente de outra pessoa para satisfação das
necessidades básicas. A situação de dependência é certificada pelo Sistema

29
de Verificação de Incapacidades, que a considera de 1.º ou 2.º grau conforme a
maior ou menor gravidade.

De acordo com as regras de cálculo aprovadas em 2002, o montante da


pensão por velhice tem por base os rendimentos do trabalho revalorizados de
toda a carreira contributiva, com o limite de 40 anos.

Para os beneficiários com carreiras contributivas de 20 ou menos anos,


a taxa de formação da pensão obtém-se multiplicando 2% pelo número de
anos civis relevantes, com o limite mínimo de 30% de taxa de formação.

Para os beneficiários com 21 ou mais anos de carreira contributiva, há


lugar a uma taxa regressiva de formação da pensão, que varia entre 2,3% e
2% por referência à parcela correspondente da respectiva remuneração de
referência, indexada ao valor da retribuição mínima mensal garantida (RMMG)
que vigorar à data do início da pensão (respectivamente, de 1,1 vezes a
RMMG, para a primeira parcela, a valores superiores a 8 vezes a RMMG, no
caso da quinta e última parcela).

Nos meses de Julho e Dezembro, os titulares de uma pensão recebem,


além da pensão, um montante adicional de igual valor.

A cumulação da pensão por invalidez do regime geral com outras


pensões de invalidez ou de velhice de outros regimes de protecção social,
designadamente os relativos a acidentes de trabalho e a doenças profissionais,
é permitida.

A cumulação da pensão por invalidez com rendimentos do trabalho é


igualmente permitida. Todavia, a soma da pensão com o rendimento de uma
actividade profissional não pode exceder o valor da remuneração média que
serviu de base para o cálculo da pensão. Se este limite for ultrapassado, a
pensão é reduzida do montante em excesso.

O montante do complemento por dependência para os titulares de uma


pensão do regime geral corresponde a 50% do montante da pensão social do

30
regime não contributivo nas situações de dependência de 1.º grau e a 90% nas
situações de dependência de 2.º grau.

(g) Pensões por velhice

A velhice pode conferir direito a uma pensão por velhice.

Têm direito às prestações de velhice todos os trabalhadores inscritos


num regime contributivo de segurança social.

Os titulares de uma pensão por velhice em situação de dependência


podem ter direito ao complemento por dependência.

Podem ainda ter direito ao complemento solidário para idosos, prestação


de natureza não contributiva e sujeita a condição de recursos.

Têm direito a uma pensão por velhice as pessoas que atingiram a idade
da reforma e cumpriram o período mínimo exigido de quinze anos de
remunerações registadas.

Para este efeito, apenas são tidos em conta os anos com pelo menos
120 dias de remunerações registadas.

Se requerer a pensão depois dos 65 anos (desde que tenha completado


40 anos civis com registo de remunerações), tem direito a uma bonificação que
acresce ao valor da pensão.

Existem disposições que permitem a reforma antecipada de


determinadas categorias de trabalhadores. Sob certas condições, os
desempregados podem antecipar o pedido da pensão por velhice para os 62
anos.

A pensão por velhice é paga até à morte do pensionista.

No que se refere ao complemento por dependência, aplicam-se


condições idênticas às da pensão por invalidez.

31
De acordo com as regras de cálculo aprovadas em 2002, o montante da
pensão por velhice tem por base os rendimentos do trabalho revalorizados de
toda a carreira contributiva, com o limite de 40 anos.

Para os beneficiários com carreiras contributivas de 20 ou menos anos,


há lugar a uma taxa regressiva de formação da pensão, que se obtém
multiplicando 2% pelo número de anos civis relevantes, com o limite mínimo de
30%.

Para os beneficiários com 21 ou mais anos de carreira contributiva, a


taxa de formação da pensão varia entre 2,3% e 2% por referência à parcela
correspondente da respectiva remuneração de referência, indexada ao valor da
retribuição mínima mensal garantida (RMMG) que vigorar à data do início da
pensão (respectivamente, de 1,1 vezes a RMMG para a primeira parcela, a
valores superiores a 8 vezes a RMMG, para a quinta e última parcela).

Nos meses de Julho e Dezembro, os pensionistas recebem, além da


pensão, um montante adicional de igual valor.

A cumulação da pensão por velhice com rendimentos do trabalho é


permitida.

(h) Prestações de sobrevivência

A morte de beneficiários dos regimes contributivos de segurança social


pode conferir aos seus sobrevivos direito a uma pensão de sobrevivência.

Têm direito às prestações de sobrevivência, em primeiro lugar, o


cônjuge, ex-cônjuge ou pessoa em situação idêntica à do cônjuge e os filhos ou
equiparados. Na falta destes, os ascendentes ou afins que estavam a cargo do
beneficiário à data da morte podem ter direito às prestações.

Os titulares de uma pensão de sobrevivência em situação de


dependência podem ter direito ao complemento por dependência. Podem ainda

32
ter direito ao complemento solidário para idosos, prestação de natureza não
contributiva e sujeita a condição de recursos.

O direito a uma pensão de sobrevivência depende do cumprimento de


várias condições pelo segurado falecido e pelos seus sobrevivos. O segurado
deve ter cumprido pelo menos 36 meses com registo de remunerações à data
da morte. Quanto aos sobrevivos, o cônjuge ou ex-cônjuge deve, em princípio,
ter estado casado com o falecido durante pelo menos um ano e, nas situações
de separação ou divórcio, o cônjuge ou ex-cônjuge deve receber à data da
morte uma pensão de alimentos. O direito da pessoa em situação de união de
facto depende de ter vivido durante mais de 2 anos em situação idêntica à dos
cônjuges e de lhe ter sido reconhecido judicialmente o direito a uma pensão de
alimentos. Os filhos ou equiparados têm direito à pensão até completarem 18
anos, mantendo-se o direito até aos 25 ou até aos 27 anos, se frequentarem
determinados cursos, e sem limite de idade tratando-se de deficientes que
nessa qualidade sejam destinatários de prestações familiares.

Para ter direito ao complemento por dependência, é necessário


depender da assistência permanente de outra pessoa para satisfação das
necessidades básicas. A situação de dependência é certificada pelo Sistema
de Verificação de Incapacidades, que a considera de 1.º ou 2.º grau conforme a
maior ou menor gravidade.

O montante da pensão de sobrevivência consiste numa percentagem da


pensão que o segurado recebia ou teria recebido se estivesse inválido ou
reformado à data do falecimento. Esta percentagem eleva-se a

 60% para o cônjuge ou ex-cônjuge, ou 70% para ambos;


 20%, 30% ou 40% para os filhos ou equiparados, consoante sejam um,
dois ou mais. Estas percentagens são aumentadas para 40%, 60% ou
80% quando não existe cônjuge ou ex-cônjuge sobrevivo.

Nos meses de Julho e Dezembro, os titulares de uma pensão recebem,


além da pensão, um montante adicional de igual valor.

33
O montante do complemento por dependência dos titulares de uma pensão
do regime geral corresponde a 50% do montante da pensão social do regime
não contributivo nas situações de dependência de 1.º grau e a 90% nas
situações de dependência de 2.º grau.

(i) Subsídios de desemprego

A situação de desemprego involuntário pode dar origem a três prestações:

 subsídio de desemprego;
 subsídio social de desemprego;
 subsídio de desemprego parcial.

Para ter direito a estas prestações, o interessado deve estar em condições


de trabalhar e estar disponível para o trabalho. Além disso, deve estar inscrito
no seu centro local de emprego.

Tem direito ao subsídio de desemprego se trabalhou por conta de outrem


durante, pelo menos, 450 dias nos 24 meses imediatamente anteriores à data
do desemprego.

Tem direito ao subsídio social de desemprego se trabalhou por conta de


outrem durante 180 dias durante os 12 meses imediatamente anteriores à data
do desemprego. Este subsídio é também concedido a pessoas que ainda estão
desempregadas no fim do período de concessão do subsídio de desemprego.
Todavia, o subsídio social de desemprego só é concedido a trabalhadores cujo
rendimento familiar per capita não exceda 80% do salário mínimo.

A duração do subsídio de desemprego depende da idade do trabalhador e


do número de meses com registo de remunerações em qualquer regime de
inscrição obrigatória no âmbito da segurança social, no período imediatamente
anterior à data do desemprego.

O subsídio social de desemprego é concedido durante o mesmo período,


salvo se for concedido na sequência do subsídio de desemprego, caso em que

34
a duração é reduzida a metade. A concessão do subsídio social de
desemprego pode ser prolongada até o beneficiário atingir a idade de acesso à
pensão por velhice antecipada, desde que cumulativamente satisfaça as
seguintes condições: ter 52 ou mais anos à data do desemprego e ter
completado as condições de atribuição do subsídio social de desemprego à
data do início do prolongamento.

O direito ao subsídio de desemprego parcial depende de o beneficiário estar


a receber subsídio de desemprego, de celebrar contrato de trabalho a tempo
parcial e de outras condições relativas ao montante da remuneração do
trabalho a tempo parcial e do número de horas de trabalho.

É devido desde a data do início do contrato de trabalho a tempo parcial e


tem a duração correspondente a período igual ao remanescente do subsídio de
desemprego em curso.

O montante diário do subsídio de desemprego é igual a 65% da


remuneração de referência, correspondente à remuneração média diária do
total das remunerações dos primeiros 12 meses civis que precedem o segundo
mês anterior ao da data do desemprego. No entanto, não pode ser inferior à
retribuição mínima mensal garantida (a não ser que a remuneração de base
fosse inferior a essa remuneração), nem superior a três vezes esse montante.

O montante do subsídio social de desemprego é de 80% ou 100% da


retribuição mínima mensal garantida, conforme se trate de beneficiários
isolados ou com agregado familiar, e não pode ser superior ao valor da
remuneração de referência.

O montante do subsídio de desemprego parcial corresponde à diferença


entre o valor do subsídio de desemprego, acrescido de 35%, e o da
remuneração por trabalho a tempo parcial.

As prestações de desemprego devem ser requeridas no Centro Distrital de


Segurança Social que o abrange, no prazo de 90 dias consecutivos a contar da
data do desemprego, em impresso de modelo próprio, acompanhado de
declaração da entidade empregadora comprovativa da situação do

35
desemprego e da data da última remuneração paga, bem como de declaração
do centro de emprego da área de residência, comprovativa da avaliação da
capacidade e da disponibilidade para o trabalho.

(j) Prestações por pré-reforma

A pré-reforma está sujeita a um acordo entre a entidade patronal e o


trabalhador:

 para ajudar os trabalhadores a partir de certa idade a adaptarem-se às


novas tecnologias e métodos de trabalho; ou
 para ajudar as empresas em situação económica difícil ou contribuir
para projectos de reestruturação em alguns sectores.

A entidade patronal deve enviar o acordo escrito ao centro local da


segurança social, acompanhado pela folha de pagamento correspondente ao
mês da sua aplicação. O resumo deve referir os seguintes aspectos:

 data de início da pré-reforma;


 montante da prestação por pré-reforma;
 a repartição das horas de trabalho, se estas forem reduzidas;
 o montante do último salário recebido.

A sua entidade patronal é responsável pelo pagamento das contribuições.


Este pagamento pode ser partilhado com o Instituto do Emprego e Formação
Profissional numa percentagem de até 50% e durante um período de seis
meses. Este período pode ser prolongado até doze meses, no máximo, se o
acordo for celebrado no âmbito supracitado e se a entidade patronal estiver
numa situação económica e financeira instável.

Os trabalhadores por conta de outrem cobertos pelo sistema geral de


segurança social, excepto aqueles que, embora cobertos por este sistema, não
tenham seguro de invalidez, velhice e morte.

 Ter atingido os 55 anos de idade.

36
 O trabalhador e a entidade patronal terem celebrado um acordo de pré-
reforma.

O montante é determinado no acordo celebrado entre o trabalhador e a


entidade patronal e não pode ser inferior a 25% do último salário recebido, nem
superior a este montante.

O montante da prestação é reavaliado todos os anos, utilizando o mesmo


coeficiente aplicável ao salário que o beneficiário teria recebido se ainda
trabalhasse a tempo inteiro ou, caso esse coeficiente não exista, aplicando a
taxa de inflação, a menos que o acordo de pré-reforma preveja outro sistema.

Prestações por doença, maternidade, paternidade e desemprego:

 (i) Quando a pré-reforma implicar uma paragem da actividade, a pessoa


em causa deixa de ter direito a estas prestações.
 (ii) Quando houver redução das horas de trabalho prestadas, ou se as
quotizações forem pagas com base noutro emprego, a pessoa em causa
conserva os seus direitos com base nos seus rendimentos profissionais.

Invalidez ou reforma:

 O direito às prestações de pré-reforma é suprimido.

Outras prestações da segurança social:

 Podem ser acumuladas com as prestações de pré-reforma.

O trabalhador por conta de outrem em situação de pré-reforma é


considerado requerente da pensão por velhice assim que atingir a idade legal
de reforma, a menos que a situação de pré-reforma já não exista nessa data.

A pré-reforma é interrompida

 se o beneficiário ficar inválido ou se tornar pensionista;


 se o trabalhador for reintegrado nas suas funções;
 no termo do contrato de trabalho,

37
 se a prestação por pré-reforma não for paga ou o seu pagamento sofrer
um atraso superior a 30 dias. Neste caso, o trabalhador pode ser
reintegrado nas suas funções sem prejuízo para o seu processo de
seguro, ou rescindir o contrato tendo direito a um subsídio
correspondente ao montante total das prestações de pré-reforma que
deveria receber até à idade legal de passagem à reforma.

(k) Prestações familiares

A protecção associada aos encargos familiares compreende as seguintes


prestações:

 abono de família a crianças e jovens;


 subsídio para despesas funerárias;

e, no âmbito da deficiência e dependência:

 subsídio por frequência de estabelecimento de educação especial;


 subsídio mensal vitalício;
 subsídio por assistência de terceira pessoa.

Têm direito ao abono de família as crianças e jovens residentes em território


nacional, que se insiram em agregados familiares cujos rendimentos de
referência não sejam superiores a 5 x RMMG (retribuição mínima mensal
garantida) x 14, que não exerçam actividade laboral e que se enquadrem nos
limites etários estabelecidos. Ao abono de família a crianças e jovens acresce
uma bonificação em caso de deficiência.

Os titulares do direito ao abono de família a crianças e jovens,


correspondente ao 1.º escalão de rendimentos, de idade compreendida entre 6
e 16 anos durante o ano civil que estiver em curso, têm direito a receber, no
mês de Setembro, além do subsídio que lhes corresponde, um montante
adicional de igual quantitativo que visa compensar as despesas com encargos
escolares, desde que matriculados em estabelecimento de ensino.

38
A concessão do subsídio por frequência de estabelecimento de educação
especial, do subsídio mensal vitalício e do subsídio por assistência de terceira
pessoa depende da existência de registo de remunerações, em nome do
beneficiário, nos 12 meses que precedem o 2.º mês anterior ao da data da
entrega do requerimento ou da verificação do facto determinante da concessão
(esta condição não é exigida aos titulares de uma pensão). Depende ainda de
o familiar estar a cargo do beneficiário e não exercer actividade profissional
abrangida por regime de protecção social obrigatório.

O abono de família a crianças e jovens é concedido aos descendentes até


perfazerem 16 anos (ou 24 anos, se se tratar de deficientes). No entanto, pode
ser concedido a partir dos 16 anos até aos 18, 21 ou 24 desde que estejam
matriculados no ensino básico, secundário ou superior, respectivamente, ou em
curso de formação profissional e desde que não beneficiem de bolsas de
estudo, subsídios de formação ou remunerações de estágio (superiores a 2/3
do salário mínimo).

A bonificação por deficiência destina-se aos descendentes portadores de


deficiência com idade inferior a 24 anos que frequentem ou estejam internados
em estabelecimento especializado ou necessitem de apoio individualizado
pedagógico e ou terapêutico específico.

O subsídio por frequência de estabelecimento de educação especial é


atribuído aos descendentes portadores de deficiência com idade inferior a 24
anos que frequentem estabelecimento de educação especial particular com ou
sem fins lucrativos e que necessitem de apoio individualizado fora do
estabelecimento.

O subsídio mensal vitalício é atribuído a descendentes com idade igual ou


superior a 24 anos, portadores de deficiência que os impossibilite de assegurar
a sua subsistência através do exercício de uma actividade profissional. Os
titulares deste subsídio beneficiam ainda do complemento extraordinário de
solidariedade, que é uma prestação mensal que acresce ao subsídio e cujo
montante varia conforme o titular tenha menos de 70 anos ou idade igual ou

39
superior a 70. Podem ainda ter direito ao complemento solidário para idosos,
prestação de natureza não contributiva e sujeita a condição de recursos.

O subsídio por assistência de terceira pessoa é concedido aos


descendentes que estejam a receber o subsídio familiar a crianças e jovens
com bonificação por deficiência ou o subsídio mensal vitalício e dependam e
tenham assistência de terceira pessoa de, pelo menos, 6 horas diárias, para
assegurar as suas necessidades básicas.

A duração das prestações de concessão continuada é variável.

A partir do momento em que o filho faz 16 anos, o abono de família a


crianças e jovens só continua a ser pago se se continuar a provar a frequência
dos vários graus de ensino acima indicados.

O subsídio por deficiência é concedido até aos 24 anos e o subsídio mensal


vitalício pode ser concedido por um período indeterminado, enquanto o filho
deficiente não receber uma pensão por invalidez não contributiva.

O montante do abono de família a crianças e jovens é determinado em


função do nível de rendimento de referência do agregado familiar em que se
insere, de acordo com os seguintes escalões de rendimentos indexados ao
valor anual da retribuição mínima mensal garantida (RMMG) x 14:

 1.º escalão - rendimentos iguais ou inferiores a 0,5 x RMMG x 14;


 2.º escalão - rendimentos superiores a 0,5 x RMMG x 14 e iguais ou
inferiores a 1 x RMMG x 14;
 3.º escalão – rendimentos superiores a 1 x RMMG x 14 e iguais ou
inferiores a 1,5 x RMMG x 14;
 4.º escalão - rendimentos superiores a 1,5 x RMMG x 14 e iguais ou
inferiores a 2.5 x RMMG x 14;
 5.º escalão - rendimentos superiores a 2.5 x RMMG x 14 e iguais ou
inferiores a 5 x RMMG x 14.

O montante da bonificação por deficiência é variável em função de três


escalões etários e o montante do subsídio por frequência de estabelecimento

40
de educação especial varia de acordo com o valor da mensalidade e do
rendimento do agregado familiar. Os montantes das restantes prestações são
fixos e todos eles são actualizados periodicamente, normalmente uma vez por
ano.

(l) Prestações pecuniárias especiais de carácter não contributivo

Fazem parte do âmbito material do regime não contributivo de segurança


social as seguintes prestações:

 invalidez: pensão social de invalidez;


 velhice: pensão social de velhice;
 morte:
o pensão de viuvez;
o pensão de orfandade;
 prestações familiares:
o subsídio familiar a crianças e jovens com bonificação por
deficiência;
o subsídio para frequência de estabelecimento de educação
especial;
o subsídio por assistência de terceira pessoa;
 rendimento social de inserção;
 complemento solidário para idosos.

Desde que reunidas determinadas condições, têm direito a uma pensão do


regime não contributivo as pessoas de idade igual ou superior a 65 anos e as
pessoas maiores de 18 anos que sofram de incapacidade permanente para
toda e qualquer profissão. Os titulares de uma pensão de pensão social de
invalidez e de velhice têm direito ao complemento extraordinário de
solidariedade, que acresce ao montante das respectivas pensões e varia
conforme o titular tenha menos de 70 anos ou 70 e mais anos.

41
O complemento por dependência é concedido aos titulares das pensões de
invalidez, velhice e viuvez não contributivas que preencham as condições em
relação a esta prestação.

Têm direito à pensão de viuvez os cônjuges de pensionistas falecidos que,


antes da morte, recebiam uma pensão não contributiva, se o interessado não
tiver direito a uma pensão própria. A pensão de orfandade é concedida aos
órfãos menores.

As prestações familiares não contributivas são concedidas às mesmas


categorias de crianças e jovens que têm direito às prestações paralelas.

O rendimento social de inserção destina-se a indivíduos e agregados


familiares em situação de grave carência económica, estando a sua concessão
dependente de residência legal em Portugal, de ter idade superior a 18 anos
(ou inferior, em determinadas situações) e de outras condições. A situação de
grave carência é avaliada em função de certos parâmetros (por exemplo,
quando os rendimentos de um indivíduo isolado forem inferiores a 100% do
valor da pensão social).

O complemento solidário para idosos destina-se a titulares de pensões de


invalidez e velhice de qualquer sistema de protecção nacional, residentes
legalmente em território nacional, a cidadãos nacionais que não reúnam as
condições de atribuição da pensão social por não preencherem a condição de
recursos e a titulares do subsídio mensal vitalício que preencham as condições
de atribuição.

Em geral, as prestações atrás referidas só podem ser concedidas a


pessoas que não estejam abrangidas pelos regimes contributivos ou que, ainda
que o estejam, não preencham as condições exigidas para a cobertura do
risco. Além disso, as prestações só são concedidas a pessoas residentes em
Portugal que se encontram em condições económicas difíceis, isto é, cujos
rendimentos não ultrapassem determinadas percentagens da retribuição
mínima mensal garantida.

42
A duração das prestações depende, em primeiro lugar, da continuação das
condições para a sua concessão ao abrigo do regime não contributivo. Em
segundo lugar, as pensões e as prestações familiares cessam de forma
idêntica às do regime contributivo, devido, designadamente, à idade, à
escolaridade, à cessação da invalidez e à morte.

Para ter direito ao complemento solidário para idosos, deve ter idade igual
ou superior a 70 anos no ano de 2007, e a 65 ou mais anos no ano de 2008,
residir em território nacional pelo menos nos últimos 6 anos imediatamente
anteriores à data da apresentação do requerimento da prestação e ter recursos
inferiores ao valor de referência para atribuição do complemento.

O montante das pensões sociais de invalidez e de velhice não contributivas


é fixo, sendo normalmente actualizado uma vez por ano.

O montante do complemento extraordinário de solidariedade acresce às


pensões e varia conforme o titular tenha menos de 70 anos ou 70 e mais anos.
O montante da pensão de orfandade é igualmente fixo, mas depende do
número de filhos. A pensão de viuvez é igual a 60% da pensão por velhice não
contributiva.

Nos meses de Julho e Dezembro, os pensionistas recebem, além da


pensão, um montante adicional de igual valor.

O montante das prestações familiares é concedido nos mesmos termos


estabelecidos para o regime geral de segurança social.

O complemento por dependência é atribuído de acordo com as seguintes


percentagens: situação de dependência de 1.º grau – 45% do valor da pensão
social; situação de dependência do 2.º grau – 85% do valor da pensão social.

O montante do rendimento social de inserção é indexado ao valor da


pensão social do regime não contributivo e varia em função do agregado
familiar e dos respectivos rendimentos, sendo igual à diferença entre o valor
estabelecido como rendimento mínimo da família e o valor dos seus
rendimentos.

43
O montante do complemento solidário para idosos corresponde à diferença
entre o montante dos recursos do requerente e o valor de referência do
complemento, actualizado anualmente.

5. Sustentabilidade da segurança social

A profunda reforma da segurança social é, não apenas inevitável, como


urgente.

Como quaqluer reforma sustentada, tem de se basear no justo equilibrio


entre criação e distribuição de riqueza nacional e numa aboradagem
aproximativa. Mas, simultaneamente, atem de ser visível a longo prazo,
simples de entender e pragmática na execução.

As reformas sociais exigem muito tempo para produzir em pleno os seus


resultados de equidade e de eficiência. E exactamente porque são geracionais,
devem ser inadiáveis.

Os diagnósticos estão todos feitos:


- a falência do sistema da segurança social pode acontecer brevemente. Esta é
a principal conclusão de um estudo coordenado pelo Dr. Carlos Pereira da
Silva. Este afirma que vai haver uma ruptura inevitável em 2026, se, até lá, o
sistema não for devidamente remodelado.
- a maturação das carreiras que se aproximará dos 36 anos futuramente,
(actualmente os novos reformados chegam à idade da reforma com uma
carreira de 27 anos), e a longevidade das populações à idade da reforma,
aumentando o peso dos mais idosos na população reformada, contribuirão
assim para um acréscimo da susbtancial do peso das pensões, para além de
prestações de apoio à terceira idade com assistência em lares e outros apoios
previstos na lei. A consideração de emigrantes não altera o problema de fundo,
porque eles também acabarão por se reformar. A curto prazo, o slado da conta
melhora se as famílias destes imigrantes não vierem para Portugal.

44
Para além do facto demográfico, central nesta problemática, os outros
factores que podem pôr em causa o equilíbrio económico, e não apenas
financeiro, sã as mudanças das formas de trabalho, mais trabalho atípico e em
profissão liberal, a falência de empresas de mão de obra intensiva, as fraudes
não antecipadas e despistadas e as manipulações políticas de curto prazo,
como a utilização dos excedentes da segurança social, que vão continuar a
ocorrer.

A inversão da situação financeira prevista passa pela introdução de


mecanismos estruturais de correcção que limitem os gastos futuros, uma vez
que, do ponto de vista das receitas, não se pode agravar o custo do factor
trabalho, sob pena de pôr em causa a competitividade das empresas. Essa
limitação passa necessariamente pela introdução de um relação directa entre o
custo de prestação futura e o seu financiamento, pelo menos no que se refere
a uma parte da pensão de reforma. Isto significa que a taxa de contribuição de
uma dada geração de activos deve ser suficiente para pagar as pensões
vitalícias de reforma dessa mesma geração.

Como gerações diferentes podem ter custos diferentes, devido a


questões económicas, demografícas ou outras relevantes, então a taxa de
contribuição é diferente e não constante como se verifica actualmente. Por
outro lado, “Para o cálculo da primeira pensão dos activos com menos de 55
anos, deve ser considerada toda a carreira contributiva, numa transição
faseada (aumento entre 1 e 1,5 anos por cada ano de carreira futura),
actualizada em função da inflação, de forma a evitar manipulação na parte final
da carreira.” – refere o Dr. Pereira da Silva.

O problema demográfico deve ser encarado numa dupla perspectiva.


Não só se assiste a uma alteração significativa no rácio da população
activa/população pensionista como também a esperança média de vida tem
vindo a aumentar (presentemente 65 anos). Note-se que a tradicional idade de
reforma (é de 65 anos quer para homens quer para mulheres16), não tem

16
Vide DL n.º 187/2007 de 10 de Maio

45
acompanhado esta tendência. O resultado destes factos traduzir-se-á no
aumento de custos sociais num futuro próximo, principalmente anível de saúde
e da educação.

Concluindo e reafirmando Glória Teixeira, num projectar no futuro e se


“gastarmos a mesma quantia média em toda a população activa, teremos que
adoptar o sistema de modo a observar uma alteração no rácio daqueles que
recebem para aqueles que gastam, facto que decorre da nossa população
estar a envelhecer de forma significativa.”17

6. Conclusão

É tempo de se avançar na reforma, com coragem e com sentido de


se encontrar o maior denominador comum na sociedade portuguesa.
Não se poderá iludir a reforma com medidas avulsas, que quase
sempre tornam os sistemas mais opacos e incoerentes, ou assumir um
espírito de mudar cosmeticamente algo para que tudo fique
substancialmente na mesma.

Em traços necessariamente gerais e programáticos, a reforma da


segurança social passaria por: introduzir gradualmente o princípio da
corresponsabilização social do Estado, das empresas e das famílias, o
que significa que se tomem medidas que tornem viável uma crescente e
harmoniosa cultura e prática de partilha de riscos.

Por outro lado, importa promover e consolidar uma nova dimensão ética
das relações e transferências sociais fundada nos princípios da solidariedade,
da subsidariedade, de proporcionalidade dos meios e da subsunção aos novos
desafios e respostas sociais.
A solidariedade, enquanto valor e fundamento inalienável da dignidade
humana; a subsidariedade, enquanto afirmação de uma cultura passiva de
dependência; a proporcionalidade de meios, tendo em atenção a sintonia entre

17
TEIXEIRA, Glória, (coordenação), Tributação do rendimento do trabalho dependente, Vida
económica, 2000, pág. 42.

46
as macro-políticas e as micro-iniciativas e o justo equilíbrio entre a riqueza e a
sua distribuição.
Assim, é essencial a concretização de uma reforma global, faseada,
coerente e articulada da segurança social que permita um justo equilíbrio entre
direitos e deveres, entre a resposta política e contratual, entre a equidade
social, a eficiência económica e a liberdade de escolha, criando condições de
sustentabilidade geracional de segurança social pública.

47
CAPÍTULO III

A SEGURANÇA SOCIAL FRANCESA18

A França fez a escolha, desde 1945, de um regime geral de Segurança


Social para a protecção solidária de qualquer faixa etária da população
francesa tanto a nível da saúde como a nível económico, ou seja dos
rendimentos dos seus cidadãos.

1. Os diferentes regimes – introdução

O sistema de segurança social francês abrange os seguintes regimes:

 o regime geral, que cobre a maioria dos trabalhadores assalariados,


bem como estudantes, beneficiários de algumas prestações, simples
residentes;
 os regimes especiais dos trabalhadores assalariados, alguns dos quais
cobrem todos os riscos e outros unicamente o seguro de velhice
dependendo assim os nacionais do regime geral em relação aos outros
riscos;
 o regime agrícola, que engloba todos os riscos, mas com duas gestões
distintas: os agricultores e os assalariados agrícolas;
 os regimes dos trabalhadores independentes não agrícolas: três regimes
autónomos de seguro de velhice (artesãos, comerciantes e industriais,
profissões liberais) e um regime de seguro de doença;
 os regimes de seguro de desemprego.

18
Informações retiradas, traduzidas e adaptadas do site “la Sécurité Sociale en France”.

48
Estes diferentes regimes são colocados sob a tutela dos ministros
responsáveis pela segurança social, do ministro responsável pela agricultura e
do ministro responsável pelo trabalho.

O regime geral está organizado em quatro ramos:

 o ramo doença que inclui maternidade, invalidez e morte, sendo


denominados seguros sociais;
 o ramo prestações por acidentes de trabalho e doenças profissionais;
 o ramo velhice;
 o ramo família.

A Caisse Nationale d'Assurance Maladie des Travailleurs Salariés [Caixa


Nacional de Seguro de Doença dos Trabalhadores Assalariados] (CNAMTS)
gere os dois primeiros ramos de maneira distinta. A nível local e sob a tutela da
CNAMTS, existem dois tipos de organismos sem relação hierárquica entre si:
as caixas regionais de seguro de doença e as caixas primárias de seguro de
doença.

O ramo velhice é gerido pela Caisse nationale d’assurance vieillesse [Caixa


nacional de seguro de velhice] (CNAV ), que delegou algumas das suas
atribuições nas caixas regionais de seguro de doença.

Devem ser satisfeitos dois condicionalismos para que haja enquadramento


obrigatório no regime geral :

 o pagamento de uma remuneração dando origem à cobrança de


contribuições ;
 a existência de vínculo de subordinação entre o trabalhador e uma ou
mais entidades empregadoras.

O ramo família é gerido pela Caisse nationale des allocations familiales


[Caixa nacional de abonos de família] (CNAF ), que tutela as caixas de abonos
de família.

49
A cobrança das quotizações é efectuada a nível local pelas Unions de
recouvrement des cotisations de sécurité sociale et d'allocations familiales
[uniões para a cobrança das quotizações de segurança social e de subsídios
de família] (URSSAF), que se encontram sob a tutela da ACOSS (Agence
centrale des organismes de sécurité sociale ) [Agência central dos organismos
de segurança social], incumbida de acompanhar o fluxo de tesouraria de cada
ramo em matéria de previsão e realização contabilística.

O regime convencional de seguro de desemprego é gerido por organismos


paritários: as “Associations pour l'emploi dans l'industrie et le commerce”
[Associações para o Emprego na Indústria e no Comércio] (Assédic), com a
Union nationale interprofessionnelle pour l'emploi dans l'industrie et le
commerce [União Nacional Interprofissional para o Emprego na Indústria e no
Comércio] (Unedic ) à cabeça, que asseguram igualmente a cobrança das
quotizações.

O seguro de velhice de base é completado por regimes complementares


obrigatórios por lei, em sistema de repartição para os trabalhadores
assalariados (regimes convencionais ARRCO e AGIRC ) e para os
trabalhadores independentes.

Por último, existem regimes colectivos suplementares, com inscrição


obrigatória ou voluntária, estabelecidos no âmbito profissional (empresas ou
ramo), principalmente para a velhice, a doença ou a invalidez.

Se não estiver de acordo com uma decisão da sua caixa de seguro (caisse),
o interessado pode recorrer para a comissão de recurso (Commision de
recours amiable, CRA) da caixa em que está inscrito, no prazo de dois meses a
contar da notificação da decisão com a qual não está de acordo. Se a CRA
rejeitar o pedido, o interessado pode recorrer para o tribunal da segurança
social (Tribunal des affaires de sécurité sociale), no prazo de dois meses.
Decorrido este prazo, a decisão da comissão de recurso da sua caixa passa a
ser definitiva.Estes diferentes regimes podem ser completados a título pessoal
por seguros individuais.

50
2. Breve História19

Criada em 1945, a Segurança Social «é a garantia dada a cada um que


em quaisquers circunstâncias terá acesso aos meios necessários para
assegurar a sua subsistência e a da sua família em condições decentes»20.
Ela assenta no princípio da solidariedade garantindo a cada um uma
protecção financeira contra os acasos da vida.21

3. O ramo doença

O seguro de doença francês inclui prestações em espécie (cuidados de


saúde,) e prestações pecuniárias (prestações diárias), concedidas em caso de
incapacidade para o trabalho por motivo de doença. Existem ainda prestações
de maternidade e de paternidade.

O seguro de doença toma em conta:

 As despesas de medicina geral e especial,


 As despesas de cuidados de saúde e próteses dentárias,
 As despesas farmacéuticas e aparelhos,
 As despesas de análises e exames laboratoriais,
 As despesas de hospitalização e tratamentos intensivos nos
estabelecimentos de saúde, de readaptação funcional e de reeducação
ou educação profissional,
 As despesas de exame prénatal,

19
Michel Dreyfus, “Traité de Sécurité sociale” (direction Yves Saint –Jours) ,L.G.D.J.
1990.
20
Exposição dos motivos do pedido do 4 de Outubro de 1945 relativo a ciação da
Segurança Social
21
Informações retiradas, traduzidas e adaptadas do site “Représentation des Institutions
Françaises de sécurité sociale” (números chave da segurança social)

51
 As despesas relativas as vacinas afixadas no plano nacional de saúde
obrigatório,
 As despesas de alojamento e tratamento de crianças ou adolescentes
deficientes nos estabelecimentos de educação especial e profissional,
 As despesas de transporte de doentes nas condições e limites tendo em
conta o estado do doente e o custo do transporte.

Em casos de baixa devido a doença, o seguro de doença concede,


quando a legislação o prevé, prestações diárias ao assegurado que se
encontra em incapacidade física comprovada pelo médico que lida com a
continuação ou retorno ao trabalho.
A prestações diária é igual a uma fracção do ganho diário majorado em
função do número de crianças dependentes.
Na maior parte dos regimes, as caixas de doença gerem também,
quando existem riscos:
 Maternidade: quanto as despesas pre e pos-natais prestações
diárias durante a licença de maternidade,
 Invalidez: atribuição de uma pensão quando o assegurado
apresenta uma invalidez que reduza a sua capacidade de
trabalho ou de ganhos nas proporções determinadas,
 Morte: pagamento de um capital igual a um múltiplo de ganho
diário de base no caso de morte do assegurado.

Âmbito material de protecção:


Para serem tidos em conta pelo seguro de doença, os cuidados e
produtos devem preencher os seguintes requisitos:
 Serem fornecidos por um estabelecimento público ou privado
autorizado ou por profissionais paramedicais devidamente
habilitados para o exercício das suas funções,
 Constar da nomenclatura dos actos profissionais ou da lista dos
medicamentos e produtos reembolsáveis.

52
O seguro doença intervém na base das tarifas afixadas por convenção
ou autoridade. Todo o valor que ultrapassa o das tarifas afixadas fica a cargo
do assegurado ou de uma protecção complementar.
É o caso dos médicos que optaram pelo sector convencional 2 praticando
assim tarifas superiores a tarifa convencionada. O seguro de doença não tem
em conta a totalidade da despesa nos limites das tarifas que servem de base
ao cálculo das prestações.
Uma participação ou ticket moderador, é deixado a iniciativa do assegurado.
Ela pode ser proporcional e variar consoante as categorias de prestações.
Todavia, esta participação é limitada ou eliminada quanto a cuidados de saúde
muito dispendiosos moneadamente em casos de hospitalização ou quando o
beneficiário reconhece ser atingido por um tratamento prolongado e uma
terapia particularmente dispendiosa.
Essa participação não deve ser confundida com o taxa diária exigida em casos
de estadia em estabelecimento não tido em conta pelo seguro de doença.
Em princípio, o assegurado é quem tem de pagar pelos custos, a segurança
social reembolsando o assegurado. Mas, existam numerosas convenções de
“tiers-payant” (terço pagamento) prevendo o pagamento directo pela caixa ao
prestador de serviços.

Os beneficiários do seguro de doença do assegurado são os seguintes:


 O seu conjûge, companheiro de facto ou um “pacsé” (associado civil
num pacto de solidariedade) quando ele não beneficia de um regime de
segurança social,
 As crianças menores dependentes ou dependentes dos acima citados
até 20 anos no máximo,
 Toda a pessoa dependente de forma efectiva e permanente que não
beneficie de um regime de protecção social.

A lei de 27 de Julho leva a criação de uma cobertura de doença universal, a


partir de 1 de Janeiro de 2000, que leva a aplicação de dois princípios
fundamentais para o acesso aos cuidados de saúde:

53
 Um direito imediato ao seguro de doença para toda a pessoa em
residência estável e regular no território, metropolitano ou nos
departamentos de além-mar (DOM),
 Um direito para os mais desfavorecidos, sob condição de rendimentos
ou recursos, à uma cobertura complementar gratuita, com isenção de
pagamento de tarifas ou taxas (“tiers payant”).

O primeiro caso, para a cobertura de base, amelhora o acesso aos


cuidados de saúde de pessoas em situação de exclusão, mas também de
numerosas pessoas momentaneamente ou a longo prazo desprovidas de
direito ao seguro de doença.
Ele simplifica igualmente numerosas situações, com base no princípio de
continuidade de direitos: uma caixa não poderá deixar de atribuir prestações
somente se outra caixa a substitua nessa tarefa ou se o assegurado deixa o
território nacional.
A lei sobre a cobertura de doença universal prevê para as pessoa vinculadas a
um seguro pessoal que é eliminado uma vinculação ou afiliação ao regime
geral de acordo com os critérios de residência. Somente os interessados cujos
rendimentos fiscais ultrapassem o limite estabelecido, pagarão uma cotisação,
calculada a partir dos rendimentos que excedam esse limite.

O segundo caso, a criação de uma cobertura complementar gratuita, a


título de solidariedade nacional, é adicionada aos cuidados de saúde
suportados pelo seguro de doença.
Esta reforma afecta cerca de 10% dos mais desfavorecidos da população,
respondendo a critérios de rendimentos e de residência.

Qualquer uma destas formalidades deverá ser tratada na caixa de


seguro de doença da área de residência.

É da competência das CPAM - Caisse Primaire d’Assurance Maladie


(caixas primárias de seguro de doença), a atribuição das pensões do seguro de

54
invalidez e, na região parisiense, da CRAMIF- Caisse Régionale d'Assurance
Maladie d'Île-de-France (caixa regional de seguro de doença de Île-de-France)

No prolongamento do seguro de doença, o seguro de invalidez tem por


objectivo conceder ao beneficiário inválido uma pensão que venha compensar
a perda de salário resultante da redução de capacidade de trabalho ou de
ganho.

É considerado inválido o beneficiário da Segurança Social com idade


inferior a 60 anos, que não se encontre em condições de angariar, em relação
a toda e qualquer profissão, um salário superior ao terço da remuneração
normal da profissão que exercia antes da baixa médica ou da verificação da
situação de invalidez.

À semelhança das prestações do seguro de doença e maternidade, o


beneficiário deve ter pago determinado montante de contribuições ou ter
prestado um certo número de horas de trabalho por conta de outrem, à data da
baixa médica ou da verificação da situação de invalidez. Também deve estar
inscrito na segurança social há mais de 1 ano .

Montante mínimo : qualquer que seja a situação, a pensão de invalidez


não poderá ser inferior a um montante mínimo garantido cujo valor em 1 de
Janeiro de 2009 é de 3 .122,04 € por ano.

O titular de pensão de invalidez beneficia das prestações em espécie do


seguro de doença e maternidade, bem como os membros do seu agregado
familiar, sem aplicação de taxa moderadora relativamente ao próprio
pensionista. Porém, o referido titular deve pagar as taxas de montante fixo por
cada acto médico, cada serviço paramédico, medicamentos e transporte, mas
fica exonerado do pagamento da taxa de 18 euros pelos actos de terapêuticas
pesadas.

É da competência das CPAM – Caisse Primaire d'Assurance Maladie


(caixas primárias do seguro de doença e, na região parisiense, da CRAMIF –
Caisse Régionale d’Assurance Maladie d’île-de-France (caixa regional de
seguro de doença), a atribuição da pensão de invalidez de viúva ou de viúvo ao

55
cônjuge sobrevivo do beneficiário que se encontrava reformado por invalidez
ou velhice ou poderia vir a receber um destes benefícios.

Para poder habilitar-se a este benefício, o cônjuge sobrevivo deverá ter


idade inferior a 55 anos, encontrar-se em situação de invalidez permanente que
determine uma limitação avaliada a 2/3 para a sua capacidade de trabalho ou
de ganho e não ter recursos que ultrapassem determinado plafond (valor limite
superior).

O valor da pensão é igual a 54 % da pensão que recebia ou poderia vir a


receber o cônjuge falecido.

4. O ramo prestações por acidentes de trabalho e doenças


profissionais

Os trabalhadores assalariados (agrícolas e não agrícolas) e os agricultores


estão cobertos, a título obrigatório, por um seguro de acidentes de trabalho.

O seguro de acidentes de trabalho e doenças profissionais cobre os


acidentes de trabalho ocorridos durante o exercício ou devido ao seu trabalho,
os acidentes no trajecto do e para o trabalho e as doenças contraídas no
trabalho que constam das listas oficiais de doenças profissionais ou
directamente causadas pelo trabalho habitual, após peritagem por um comité
de reconhecimento das doenças profissionais.

Este ramo constitui um ramo da segurança social muitas vezes geridas


pelos mesmos organismos que o ramo doença. É a legislação mais antiga da
segurança social: ela releva de princípios que remontem ao ano de 1898 e que
foram retomados pela lei do 31 de Dezembro de 1946.

Distinguem-se 3 noções que têm as mesmas consequências para os


assegurados, quer dizer uma prestação mais favorável que aquela que
concede o seguro de doença:

56
 O accidente do trabalho é o accidente que seja qual for a causa, tendo
superveniente pelo facto ou ocasionamento de um trabalho a qualquer
pessoa assalariada ou trabalhando, a qualquer título ou em qualquer
sítio, por um ou vários empregadores ou chefes de empresa.
 O accidente de trajecto é o accidente superveniente as mesmas
pessoas no trajecto entre o local de trabalho e o domicílio ou na ocasião
de um recado ou missão efectuada por ordem do empregador.
 Uma doença profissional é uma doença presumida de origem
profissional quando ela esteja inscrita numa lista apresentada sob forma
de tabela que contem indicações de um lado das afeições consideradas
como profissionais de outra, dos trabalhos suscetíveis de a provocar e
da duração de incubação. Para as doenças não inscritas na lista, é da
obrigação do assegurado apresentar prova, por investigação individual,
o caso adequado, da sua origem profissional.

Quando devidamente comprovados, estes acidentes da vítima levem a que


a segurança social suporte na totalidade as despesas relativas aos cuidados de
saúde e acções de reeducação funcional e profissional. As prestações diariás
são majoradas. Em casos de reducção definitiva de capacidade de trabalho, a
vítima tem direito:
 A um capital, quando a taxa dessa incapacidade é inferior a 10%,
 A uma renda, quando a taxa dessa incapacidade é igual ou superior a
10%.
Em caso de morte do assegurado, os herdeiros (conjûge e dependentes)
recebem a renda.

Essas regras aplicam-se aos sectores profissionais cobertos pelo ramo


de accidentes do trabalho e doenças profissionais, mas também por agentes
não titulares da função pública, aos trabalhadores do Estado do ministério da
defesa, aos agentes da SNCF (CTP em Portugal), aos agentes das indústrias
electricas e de gás, aos agentes da direcção autonóma dos transportes
parisienses e do regime mineiro. Pelo contrário, os funcionários do Estado, dos

57
hospitais e das colectividades territoriais relevem outros sistemas de
prestações.

Para qualquer um destes assuntos, os interessados deverão dirigir-se a


caixa primária de seguro de doença (CPAM ).

5. O ramo família

As prestações familiares são atribuidas a qualquer pessoa francesa ou


estrangeira residente em França, que tenha uma ou várias crianças
dependentes com menos de 20 anos de idade (ou 21 anos para alocação de
habitação e complemento familiar).

As caixas de subsídios familiares pagam as prestações familiares a toda a


população, com excepção dos nacionais do regime agrícola, que recebem as
suas prestações das caixas mútuas sociais agrícolas.

As prestações familiares compreendem:

 As abonos de família (AF) atribuidos a partir do 2º dependente, num


montante fixo por criança a partir do 3º

 A prestação de acolhimento da jovem criança atribuida as crianças


nascidas ou adoptadas antes do 1º de Janeiro de 2004. Ela
compreende:
a) Um prémio no nascimento ou na adopção atribuida ao casal ou pessoa
cujos rendimentos não ultrapassem um determinado limite por cada
criança nascida ou para nascer; é atribuida no 7º mês de gravidez ou na
chegada da criança ao lar dos pais adoptivos;
b) Uma alocação de base atribuida ao casal ou a pessoa cujos
rendimentos não ultrapassem um determinado limite por cada criança
nascida ou para nascer nas mesmas condições que o prémio no
nascimento ou na adopção; é atribuida no mês do nascimento da

58
criança até perfazer os 3 anos de idade ou no mês da sua adopção num
período de 36 meses;
c) Um complemento de livre escolha de actividades atribuida em pleno ao
progenitor que não exerça mais uma actividade profissional ou
parcialmente ao progenitor que exerça uma actividade profissional ou
uma formação profissional renumerada em part-time para poder ocupar-
se de uma criança com menos de 3 anos. É atribuida por um período de
6 meses quando diz respeito ao primeiro filho e até aos 3 anos de idade
da criança a um segundo nascimento. Em casos de nascimentos
múltiplos de pelo menos 3 crianças, ela é atribuida até ao 6º aniversário
das crianças desse nascimento múltiplo. Este complemento beneficia
qualquer pessoa que tenha que preenche o requisito de actividade
anterior de 2 anos ao longo de um período de referência que varia
consoante o grau atribuida a situação da criança;
d) Um complemento de livre escolha de guarda atribuida ao casal ou a
pessoa exercendo uma actividade profissional e que contrata uma
educadora de infância certificada ou uma guarda ou ama a domicilio
para a guarda da criança com menos de 3 anos. Este complemento é
atribuido a taxa reduzida para as crianças com idades entre os 3 e os 6
anos. É composto a totalidade ou parcialidade das cotizações e
contribuições sociais devidas pelo emprego e de um montante que tem
em conta 85% do salário num limite variável em função dos rendimentos
da família. Portanto, este complemento será atribuído as pessoas que
recorram a um organismo privado para assegurar a guarda das suas
crianças de acordo com modalidades específicas no momento que elas
preenchem os critérios estabelecidos para obtençao de direito deste
complemento e que a criança seja guardada um mínimo de horas.

 O complemento familiar (CF) atribuido ao casal ou pessoa cujos


rendimentos não excedam o limite e que assegura o sustento do
número de crianças que tenham todos pelo menos a idade além
da qual o abono para a jovem criança não pode ser prolongada,

59
 O abono de educação especial atribuida a qualquer pessoa que
tenha a seu cargo uma criança deficiente até aos seus 20 anos
de idade ou até aos 16 se esta receber 55% do salário mínimo,
 O abono de apoio familiar atribuida ao conjûge sobrevivente ou
progenitor isolado ou a familia de acolhimento para educar uma
criança orfã ou en casos de não pagamento da pensão de
alimentos,
 O abono de regresso as aulas atribuida em função dos
rendimentos para as crianças com menos de 18 anos que
continuem a estudar ou que se encontrem em formação e não
auferem mais do que 55% do salário mínimo,
 O abono de progenitor isolado atribuida em função dos
rendimentos as pessoas que assumem sozinhas os encargos de
pelo menos uma criança ou estando grávida sem outra criança a
seu cargo,
 O abono para habitação de carácter familiar atribuida em função
dos rendimentos, de salubridade e das pessoas residentes na
habitação as familias que consoante os casos:
o Recebem uma prestação familiar,
o Não têm direito a prestação familiar mas têm
uma criança a seu cargo,
o São casados há pelo menos 5 anos,
o Têm a seu cargo um ascendente com idade
superior a 65 anos (ou 60 anos nos casos de
incapacidade para trabalhar),
o Têm a seu cargo um ascendente,
descendente ou colateral deficiente
 O abono para habitação de cáracter social atribuida em função
dos rendimentos, de salubridade e das pessoas residentes na
habitação, as pessoas idosas, as pessoas deficientes, a alguns
desempregados, aos beneficiarios do rendimento de inserção.

60
Em França, existem caixa de abonos de família (Caisse d'Allocations
Familiales) do local de residência dos interessados destinadas a este ramo.

6. O ramo velhice

O seguro de velhice é aplicável aos trabalhadores assalariados do sector


privado que beneficiam de uma prestação de base paga pelo regime geral, ou
pelo regime agrícola, e de uma prestação complementar paga pelas
instituições agrupadas no âmbito da Associação geral das instituições de
aposentação dos quadros (AGIRC) e da Associação dos regimes de pensão
complementares (ARRCO ). A inscrição no regime complementar é obrigatória.

A atribuição das pensões de velhice de base do regime geral é da


competência das CRAM -Caisse Régionale d'Assurance Maladie (caixas
regionais do seguro de doença), da CNAVTS - Caisse Nationale d'Assurance
Vieillesse des Travailleurs Salariés d'Île-de-France (caixa nacional do seguro
de velhice dos trabalhadores assalariados), na região parisiense, bem como da
CRAV de Strasbourg - Caisse Régionale d'Assurance Vieillesse d'Alsace-
Moselle (caixa regional de seguro de velhice de Estrasburgo), na região de
Alsácia-Mosela.

A reforma que entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2004, mantém a idade


legal de reforma por velhice aos 60 anos e introduz também medidas que
permitem, por um lado, passar à situação de pensionista por velhice antes da
idade de 60 anos, e, por outro, facultar a continuação da actividade profissional
dos seniores.

A idade legal para requerer a liquidação da pensão de velhice está fixada


aos 60 anos de idade. O interessado não é obrigado a requerer logo aos 60
anos a liquidação da pensão a que tem direito, pode apresentar o seu pedido
mais tarde. Existem possibilidades para obter uma reforma antecipada antes
dos 60 anos se houver carreira contributiva de longa duração ou deficiência. O
beneficiário que continua a exercer uma actividade profissional após os 60
anos de idade e além do prazo de garantia fixado para a liquidação a taxa

61
máxima, poderá obter, consoante o ano em que nasceu, uma bonificação do
valor da pensão a que tem direito.

Desde 1 de Janeiro de 2004, é concedida aos beneficiários que perfazem


um determinado prazo mínimo de carreira contributiva, a possibilidade de se
reformarem por velhice antes dos 60 anos de idade, levando em conta a data
em que nasceram e a idade em que se reformam.

Aos beneficiários com menos de 65 anos de idade, que requerem a


liquidação da pensão de velhice e que não perfazem a duração de carreira
contributiva exigida para obter a pensão à taxa máxima, é aplicado um
coeficiente de penalidade (décote) incidindo sobre a taxa de formação de
pensão. Este coeficiente de penalidade é determinado em função da idade e do
número de trimestres de seguro na duração da carreira contributiva na
passagem à reforma.

As pessoas que apresentam, em relação ao ano em que nasceram, o


tempo de seguro necessário para obter a liquidação da pensão com aplicação
da taxa de formação máxima e continuam a trabalhar após 60 anos de idade,
beneficiam de uma bonificação da pensão de velhice.

Aos beneficiários que têm idade superior a 65 anos e que não apresentam,
no âmbito de todos os regimes de base, a duração de carreira contributiva
exigida relativamente ao ano em que nasceram, é concedida uma bonificação
de 2,5 % por cada trimestre contributivo suplementar após a idade de 65 anos.

A atribuição da pensão de sobrevivência e do subsídio de viuvez é da


competência das CRAM Caisse Régionale d’Assurance Maladie (caixa
regional do seguro de doença) na região de Île de France, da CNAV - Caisse
Nationale d’Assurance Vieillesse (caixa nacional do seguro velhice) e na região
de Alsácia-Mosela da CRAV – Caisse Régionale d’Assurance Vieillesse (caixa
regional de seguro velhice de Estrasburgo).

A reforma das pensões de velhice prevê , a partir de 1 de Julho de 2004 , a


supressão progressiva do subsídio de viuvez e a atribuição de pensão de
sobrevivência sem condições de duração de casamento e, a partir de 2011,

62
sem condições de idade. A lei de financiamento da segurança social do ano
2009 reconsiderou a reforma de 2004 e introduziu novamente a condição de
idade para obter a pensão de sobrevivência.

A atribuição de pensões de sobrevivência aos cônjuges sobrevivos não é


automática . É concedida mediante determinadas condições relativas aos
recursos e à idade.

Poderá ter direito à pensão de sobrevivência, o cônjuge sobrevivo ou o ex-


cônjuge divorciado que tenha completado 55 anos de idade e não disponha de
recursos superiores a um determinado plafond (valor limite superior). São
considerados os rendimentos pessoais e os do novo agregado se houver novo
casamento, PACS ou união de facto.

O valor da pensão de sobrevivência não pode exceder 54 % do valor da


pensão a que tinha direito ou que poderia vir receber.

Poderá ser concedido um subsídio por descendente a cargo cujo valor é de


89,42 € por mês, quando o cônjuge sobrevivo tem a seu cargo pelo menos um
filho com idade inferior a 16 anos.

O montante da pensão também será acrescido de 10 %, se o titular tiver


criado pelo menos três filhos.

As pessoas que não preencherem os requisitos de idade para beneficiar da


pensão de sobrevivência podem, se tal for o caso, requerer o subsídio de
viuvez.

Quanto ao subsídio de viuvez, ele garante ao cônjuge sobrevivo do


beneficiário falecido, sob determinadas condições, o benefício de um subsídio
de carácter temporário, atribuído com o fim de lhe proporcionar condições para
uma inserção ou reinserção na vida profissional. Este subsídio é pago a título
temporário a toda a pessoa que não reúne as condições de idade para
beneficiar da pensão de sobrevivência e não disponha de recursos próprios
superiores a determinado valor. O valor do subsídio de viuvez é de 699,42 €
por mês.

63
Para que o direito ao subsídio de viuvez seja reconhecido a favor do
cônjuge sobrevivo, o beneficiário falecido deve ter descontado para o seguro
de velhice no decurso do ano imediatamente anterior ao falecimento, com
excepção do mês em que este terá ocorrido.

7. As prestações de desemprego

O regime de seguro de desemprego decorre de uma convenção celebrada


entre os parceiros sociais . Todavia a liberdade de negociação dos parceiros
sociais é duplamente delimitada:

 a lei determina a estrutura do dispositivo ;


 as medidas de aplicação destas disposições legais resultam do acordo
estabelecido entre os parceiros sociais . A convenção celebrada com os
parceiros sociais só poderá entrar em vigor após ter sido aprovada pelos
poderes públicos. Na falta de acordo ou de aprovação, as medidas de
aplicação são fixadas por decreto pelo Conselho de Estado.

O funcionamento do serviço público do emprego é reorganizado com todos


os parceiros sociais em duas estruturas: a UNEDIC – Union Nationale
Professionnelle pour l’Emploi dans l’Industrie et le Commerce (união nacional
profissional para o emprego na indústria e no comércio) gerida pelos parceiros
sociais que continuam a administrar o regime do seguro de desemprego e a
fixar as modalidades de indemnização e a ANPE - Agence Nationale pour
l’Emploi. O novo organismo pólo do emprego agrupará finalmente a rede das
ASSEDIC com a das ANPE.

O pólo do emprego criado a partir da fusão da ANPE com a UNEDIC tem


como objectivo a centralização, no mesmo lugar, de toda a assistência na
procura de um emprego. O pólo do emprego vai criar balcões únicos para
assegurar o atendimento, orientação, formação e colocação das pessoas que
procuram emprego e atribuir-lhes rendimentos de substituição.

64
O financiamento do regime de seguro de desemprego é assegurado
mediante contribuições de 6, 4 % que incidem sobre o salário (4 % suportados
pela entidade patronal e 2,40 % suportados pelo trabalhador por conta de
outrem), no limite de quatro vezes o plafond da segurança social(valor limite
superior) ou seja, 11 .436 € por mês.

O regime aplica-se a todos os trabalhadores por conta de outrem das


empresas abrangidas pelo âmbito de aplicação territorial da convenção.

As prestações de desempregro dependem, relativamente ao seu princípio,


valor e duração, do tempo de enquadramento no regime e da entrada de
contribuições.

Para se beneficiar das prestações de desemprego é necessário verificar-se


:

 ruptura do vínculo laboral por motivos de despedimento, caducidade de


um contrato a termo certo , ruptura por mútuo acordo ou rescisão com
justa causa;
 aptidões físicas para o exercício de uma actividade profissional ;
 inscrição junto do pólo do emprego, como candidato a emprego ;
 cumprimento de tentativas positivas na procura de emprego ;
 determinada duração de enquadramento no regime (seis meses no
mínimo no decurso dos vinte e dois meses imediatamente anteriores à
data do desemprego ) ;
 A pessoa que procura emprego deve aceitar o trabalho conveniente que
lhe é proposto, caso recuse duas propostas de emprego, poderá ser
sancionada.

O subsídio diário de desemprego é calculado, em parte, com base no


salário diário de referência, sendo este constituído pelas remunerações em que
incidiram contribuições , reportadas aos doze meses civis imediatamente
anteriores ao último dia de trabalho pago, no limite de quatro vezes o plafond
da Segurança Social (valor limite superior), ou seja, 11.436 € por mês.

65
O montante da prestação diária é igual :

 à soma de uma fracção variável correspondente a 40,4 % do salário


diário de referência com uma parte fixa igual a 10, 93 € ;
 ou então a 57,4 % do salário diário de referência, se esta modalidade de
cálculo for mais favorável ao beneficiário.

O montante do subsídio diário não poderá ser inferior a 26,01 € nem


superior a 75 % do salário diário de referência.
Todos os dias da semana são subsidiados. É aplicado um prazo de espera,
equiparado a subsídio de férias, ao qual se acrescenta um prazo de espera
específico com duração máxima de setenta e cinco dias , determinado
conforme a indemnização extra-legal de ruptura do contrato de trabalho, bem
como um diferimento de pagamento de subsídio de sete dias.

A duração do pagamento do subsídio ( de sete a trinta e seis meses) varia


em função da duração prévia do enquadramento e da idade do desempregado.

No âmbito da nova convenção do desemprego que entra em vigor no


princípio do ano 2009, o prazo subsidiado será igual ao prazo do
enquadramento no seguro de desemprego, no limite de 24 ou 36 meses para
os assalariados com mais de 50 anos. O enquadramento é avaliado no decurso
de um período de referência de 28 meses imediatos à data final do contrato de
trabalho.

8. Contribuições de Segurança Social

As taxas das contribuições destinadas ao financiamento das prestações


de doença - velhice - subsídios familiares - acidente do trabalho comporta
uma parte patronal e uma parte salarial. De acordo com os casos, podem
se aplicar sobre a totalidade do salário (base) ou sobre um montante
máximo. 22

22
http://www.tpe-pme.com/gestion/social/cotisations_sociales/0270-cotisations-de-securite-sociale.php

66
Por SID Imprensa, o 02/02/2009
Abril de 2009
Empregador
Base Assalariado
(1)
Seguro de
Totalidade 0,75 % (2) 12,80 %
doença
Velhice
Sujeita a limites Fracção A 6,65 % 8,30 %
máximos
Velhice não
sujeita a limtes Totalidade 0,10 % (4) 1,60 %
máximos
Prestações
Totalidade - 5,40 %
Familiares
Acidentes do
Totalidade - (3)
trabalho

(1) uma redução geral de contribuições patronais de Segurança Social se aplique aos
salários inferiores ou iguais à 160% do SMIC sob certas condições.
(2) para os departamentos Haut-Rhin, Bas-Rhin e a Mosela, a parte salarial é aumentada
de uma contribuição suplementar de 1,60% desde 1 Janeiro de 2008.
(3) Taxa variável de acordo com a importância e a actividade da empresa.
(4) desde 1 Julho de 2004, a contribuição de seguro viuvez é afectado ao risco velhice.

9. Contribuições das profissões liberais

Os rendimentos das profissões liberais sujeito à contribuições cujo


montante varia anualmente de acordo com as profissões, excluído a
contribuição do regime de seguro de velhice básico que, desde 1 Janeiro de

67
2004, é único e determinado em percentagem dos rendimentos
23
profissionais não assalariados.

Por SID Imprensa, o 09/03/2008


Contribuições invalidez-falecimento
Montantes para 2009*
Contribuição
Secção profissional anual Caixa
2009
Contabilistas, tesoureiros aprovados e Comissários
de contas
138 €
- Classe 1
276 € CAVEC
- Classe 2
552 €
- Classe 3
828 €
- Classe 4

Oficiais ministeriais, oficiais públicos e companhias


CAVOM
judiciais - Classe 1 (classe de referência)
190 €
Médicos
CARMF
- Contribuição única 680 €
Cirurgiões-dentistas
- Nos termos de incapacidade permanente e1 059 €
CARCDSF
falecimentos
- Nos termos de incapacidade profissional temporária 222 €
Parteiras
CARCDSF
- Classifica A (classe de referência) 101 €
Arquitectos, aprovados em arquitectura, engenheiros,
técnicos, géomètres, peritos e conselhos, artista-
autores, professores, profissionais do desporto, o CIPAV
turismo e as relações públicas - Classifica A (classe
de referência) 76 €
Auxiliares médicos CARPIMKO

23
http://www.tpe-pme.com/gestion/social/chiffres-cles/0674-cotisations-des-professions-liberales.php

68
- Contribuição única 654 €
Veterinários
CARPV
- Classe 1 398,40 €
Farmacêuticos
CAVP
- Contribuição única 504€
Agentes gerais de seguro - 1% das comissões brutas
CAVAMAC
compreendidas entre 32.659 € e 391.908 €

* sob reserva de confirmação oficial por decreto no final do ano.

69
Os dois sistemas: análise e comparação

Tendo já concretamente discriminado os sistemas em que se funda esta


investigação, iremos agora prosseguir com a análise comparatística entre
ambos.

O acatamento do Artigo 22.º consagrado na Declaração Universal dos


direitos do Homem de 1948, constata-se pela efectiva concretização na criação
dos sistemas da segurança social pelos respectivos estados.
Como se pode verificar na análise do mesmo artigo:

“Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social;


e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais
indispensáveis,(...)”

Daqui decorre que os sistemas da segurança social portuguesa e


francesa baseiam-se nos mesmos princípios inerentes à figura da Segurança
Social, como é hoje vista a nível internacional, tais como: o principio da
universalidade, a protecção dos cidadãos perante certas eventualidades, o
princípio da equidade, justiça social...
Perante estes princípios, podemos constatar que os sistemas em análise
se confundem em muitos dos seus objectivos a que se propuseram seguir
quando decidiram criar um sistema para fazer face a necessidades crescentes.
Assim, estes dois países europeus têm uma aproximidade substancial,
quer pela presença de uma democracia que os caracteriza, quer pela
consagração de um Estado de Direito. Isto, leva a que as suas sociedades se
fundem num princípio basilar, a Dignidade Humana.
Sendo assim, e como não poderia deixar de ser, todo o âmbito implicado
pela Segurança Social deve ser concretizado harmoniosamente, para que não
haja disparidades legislativas referentes aos sistemas. Pois, se tal se
verificasse, a sua amplitude não seria tão abrangente como actualmente.
Podendo levar a discriminações não fundadas dos (e)imigrantes, que na

70
prestação de trabalho não seriam abrangidos por um dos sistemas, isto
consequentemente levaria à fraude fiscal e assim sucessivamente.
Apontando, seguidamente algumas das mais relevantes diferenças entre
os sistemas temos:
No sistema de segurança social francesa, as diferentes taxas estão
consiganadas a determinadas eventualidades, pelo que as taxas são variáveis,
dependendo as situações para o que se está a contribuir. Assim, está dividida
em caixas em que cada uma gere as suas receitas e despesas.
Em Portugal, os sistema funciona de modo diferente, uma vez que a
taxa é única e o cidadão está a contribuir para qualquer eventualidade de que
no futuro venha a beneficiar de acordo com o que está estabelecido na lei.
Esta distrinça pode se ter conta devido ao salário mínimo nacional que
por sua vez na França é maior (3 vezes superior) do que em Portugal, o que se
traduz numa carga contributiva maior para o cidadão residente em França.
Isto pode-se traduzir no facto de, a França ter um nível económico-
financeiro superior a Portugal, e que terá como consequência uma gestão de
fundos mais equilibrada num presente e num futuro. Enquanto que em
Portugal, esta vertente tem vindo a decair, o que se vem a reflectir numa queda
em precipício na sua balança económica, fazendo com que as receitas
presentes não cobram as despesas futuras.
Descrevendo a situação com um exemplo, temos que, um trabalhador
dependente, exercendo a sua profissão em França terá que que contribuir
fraccionariamente para as eventualidades existentes em cada um dos ramos
da segurança social. Enquanto que um trabalhador por conta de outrém em
Portugal, será sobrecarregado com uma taxa única para qualquer das
eventualidades que venha futuramente a necessitar, não necessitando de
somar as taxas que recaem em cada eventualidade para fazer a contribuição
total, como ocorre em França.
Como se pode verificar, pelas referências feitas anteriormente, o sistema
francês está dividido por 4 ramos, comportando cada um deles várias
eventualidades mas que se encaixam num dado âmbito, referentemente ao
ramo da doença inclui-se a eventualidade de invalidez e de morte por exemplo.

71
Contrariamente se passa em Portugal, em que o sistema funciona de
forma unitária, pelo que a unidade é um dos princípios enunciados na Lei de
Bases da Segurança Social.24

Relativamente ao funcionamento dos sistemas em causa, podemos


constatar que em França, o atendimento ao público em geral é feito por caixas
dependendo do âmbito em que se insira a necessidade a tratar, já em Portugal
o sistema funciona de forma uniformizada sendo feita não especificadamente
de acordo com alguma eventualidade, tal como um abono de família por
exemplo, mas sim, em atendimento geral independentemente da situação a
tratar.
A razão desta distrinça deve-se à fraccionariedade de um dos sistemas
(francês), e por outro lado de a organização em Portugal não estar repartida
por secções internamente. Portugal, apenas consagra a repartição de
competências mas num prisma hierárquico.

A nível de litígios, o interessado pode recorrer às entidades competentes


tanto num sistema como no outro, para fazer valer os seus direitos mas
também deveres. No entanto, caso o seu pedido seja rejeitado, em Portugal
terá de recorrer perante os Tribunais Administrativos, enquanto que na França
foi criado um tribunal próprio para resolver este tipo de litígios, sendo este
intitulado de Tribunal des affaires de la sécurité sociale. Isto, mostra que a
jurisdição em França não é comum, ou seja, não se congregam com outras
jurisdicões, mostrando assim, maior independência que em Portugal.

A nível de saúde, Portugal considere-a como pública e universal no artigo


da CRP:

“Artigo 64º
(Saúde) 1. Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover. 2. O
direito à protecção da saúde é realizado: a) Através de um serviço nacional de saúde universal
e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente
gratuito; (...)”

24
Lei nº4/2007 de 16 de Janeiro

72
Enquanto que em França, os centros de saúde são substituídos por
hospitais que têm um funcionamento diferente comparatisticamente com
Portugal. Vejamos, caso os doentes se encontrem em situação de necessidade
médica, não têm que recorrer directamente a um hospital, pois estes só
funcionam em stuações de maior gravidade (por exemplo: cirurgia). Logo, os
doentes podem recorrer a um médico de família privado, sendo posteriormente
reembolsados total ou parcalmente, pelo custo despendido na consulta. Este
reembolso fica a cargo da segurança social pelo que o hospital público em
França não funciona como em Portugal, daí deduzindo-se que a segurança
social tem maior comparticipação a nível de saúde em França, sendo neste
aspecto mais desfavorável em Portugal.

O nível de vida em França torna-se um factor muito importante para o


diferenciar do sistema português, que por sua vez, é considerado um dos
países mais pobres a nível europeu. Assim, denota-se que a intervenção social
terá de ser com maior efectividade e em maior amplitude em Portugal.

Quanto às prestações de nível familiar, verifica-se que em Portugal o abono


de família será atribuido com a condição de o beneficiário ter até 16 anos de
idade, e entre os 16 e os 24 anos será atribuido na dependência de ser
estudante, mas que não aufira rendimentos. Estas 2 situações ainda estão
sujeitas ao requisito de o agregado económico-familiar não ultrapassar o limite
máximo estabelecido de rendimentos auferidos. Enquanto que em França, o
abono de família só será atribuído a partir do 2º dependente.

Na nossa opinião, esta atribuição de abono a familías com 2 ou mais filhos


(cujo valor é, por sinal, substancialmente mais elevado do que em Portugal)
tem em vista incentivar e aumentar a taxa de natalidade para não acompanhar
e dessa forma contrariar o envelhecimento demográfico que tem vindo
tendencialmente a crescer nos países europeus.No entanto, caso os segurados
não recebam abono de familia, sao concedidos subsidios complementares para
cobrir os encargos familares.

O problema de compensação dos encargos familares está ligado ao


problema dos salários: é certo que a renumeração dos trabalhadores tem em

73
conta as necessidades, tornando-se essencial o aspecto das familias. Este
aspecto serve para encorajar a natalidade, o montante é constituido com base
numa percentagem dos rendimentos ficticios obtido pelos rendimentos
auferidos pelos agregados familiares.

Outra das diferenças significativas é que a idade de atribuições de reforma


em França atinge-se aos 60 anos, já em Portugal é mais tarde, aos 65 anos. O
encurtar da idade para a reforma seria uma boa forma de diminuir o
desemprego, de modo a evitar as assimetrias entre população activa/passiva.
Estas disparidades entre as percentagens de população que contribuem
presentemente para encargos futuros, faz com que as receitas não sejam
suficientes para acompanhar as despesas.

Estas são algumas das diferenças mais significativas que detectamos


aquando da análise dos sitemas.

74
Conclusão

Chegados ao fim da análise comparatistica entre os sistemas da


Segurança Social Portuguesa e Francesa, concluimos de modo breve que
o elemento nuclear de qualquer sistema de segurança social é o direito de
acesso à segurança social, que pode ser definido como o poder e faculdade,
reconhecido pela ordem jurídica, de que dispõe uma pessoa para exigir a
concessão de prestações, pecuniárias ou em espécie, como resposta a
qualquer das seguintes eventualidades em que se encontre: interrupção,
redução, ou cessação dos rendimentos do trabalho; ocorrência de
determinados encargos, como os relativos à educação dos filhos e à satisfação
das necessidades em matéria de saúde; insuficiência de rendimentos, por
serem inferiores a um determinado nível mínimo, considerado pela lei como
exigência de dignidade humana e fronteira da pobreza.25
A Europa conseguiu concretizar os principios que estiveram na base da
construção da União Europeia e assim, criar sistemas essenciais ao bom
desenvolvimento humano, proporcionando-lhes um modo de vida equitativo e
justo para que possam fazer face às adversidades humanas e económicas. O
quotidiano de cada cidadão tem de ter como garantido o minimo de existência
e foi com este objectivo que foram criados os programas de protecção social.

25
Definição de Segurança Social, retirada da Enciclopédia Verbo Edição Século XXI, Volume 26,
Março 2003.

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Bibliografia:
Este trabalho foi baseado nos seguintes livros, documentação e sites:

 Direito Tributário Internacional, Aberto Xavier, Almedina, 1997


 A fiscalidade directa na união europeia, Pinheiro, Gabriela,
Universidade Católica Portuguesa,1998
 PEREIRA, Freitas; WILLIAMS, David; PLEIJSIER, Arthur,
TEIXEIRA, Glória (Coordenação) –Tributação dos Rendimentos
do Trabalho Dependente – Relação com as Contribuições para a
Segurança Social, Porto, Vida Económica, 2000.
 MARQUES, SOARES, Evolução e Problemas da Segurança
Social em Portugal no Após 25 de Abril, Edições Cosmos, 1997
 Comissão do Livro Branco de Segurança Social
 Michel Dreyfus, “Traité de Sécurité sociale” (direction Yves Saint –
Jours) ,L.G.D.J. 1990
 Exposição dos motivos do pedido do 4 de Outubro de 1945
relativo a ciação da Segurança Social (França)
 Enciclopédia Verbo Edição Século XXI, Volume 26, Março 2003
 Comissão do Livro Branco da Segurança Social, 1998
 TEIXEIRA, Glória, Manual de Direito Fiscal, Almedima, 2008
 PEREIRAS, Freitas, Fiscalidade, Almedina, 2005
 Guia Fiscal 2008, Boletim do contribuinte, Vida Económica, Grupo
Editorial, 2008
 http://www.securite-sociale.fr/
 http://www.tpe-pme.com/index.php
 http://www.issa.int/fre/
 http://www.reif-eu.org/rubriques/reif/presentation.php?langue=fr
 Comissão Europeia
 Emprego, Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades

Tradução:
A tradução, dos textos mencionados como tal, foi realizada por Stéphanie
Antão.

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