Research Paper
2008
PUBLICAÇÕES
ONLINE
ANÁLISE COMPARATÍSTICA
DOS SISTEMAS DE
SEGURANÇA SOCIAL
FRANCESA
E DE
SEGURANÇA SOCIAL
PORTUGUESA
2009
ÍNDICE
CAPÍTULO I
A Segurança Social: um direito fundamental e universal
1. A segurança social: definição..........................................................................4
2. Um direito universal.........................................................................................5
3. Acesso limitado................................................................................................6
4. A segurança social é essencial ao desenvolvimento social e económico a
longo prazo..........................................................................................................6
CAPÍTULO II
A Segurança Social Portuguesa
1. O longo processo de evolução........................................................................8
2. As medidas da Segurança Social..................................................................13
3. Intervenção social..........................................................................................14
4. Organização, inscrição e financiamento........................................................16
A - Instituições da Segurança Social.......................................................16
B – Inscrição............................................................................................17
C – Contribuições....................................................................................18
D – Litígios..............................................................................................19
E – Prestações
(a) – Doença – prestações em espécie........................................20
(b) – Doença – prestações pecuniárias........................................21
(c) – Maternidade, paternidade e adopção...................................23
(d) – Prestações por acidentes de trabalho e doenças
profissionais..................................................................................26
(e) – Subsídios por morte.............................................................28
(f) – Prestações por invalidez.......................................................29
(g) – Pensões por velhice.............................................................31
(h) – Prestações de sobrevivência...............................................32
(i) – Subsídios de desemprego.....................................................34
(j) – Prestações por pré-reforma...................................................36
(k) – Prestações familiares...........................................................38
2
(l) – Prestações pecuniárias especiais de carácter não
contributivo.........................................................................................................41
5. Sustentabilidade da segurança social...........................................................44
6. Conclusão......................................................................................................47
CAPÍTULO III
A Segurança Social Francesa
1. Os diferentes regimes – introdução...............................................................48
2. Breve história................................................................................................51
3. O ramo doença..............................................................................................51
4. O ramo prestações por acidentes de trabalho e doenças profissionais.......56
5. O ramo família..............................................................................................58
6. O ramo velhice..............................................................................................61
7. As prestações de desemprego......................................................................64
8. Contribuições de Segurança Social..............................................................66
9. Contribuições das profissões liberais............................................................67
CAPÍTULO IV
Os dois sistemas: análise e comparação..........................................................70
Conclusão..........................................................................................................75
Bibliografia.........................................................................................................76
Abreviações
DL – Decreto de lei
CRP – Constituição da República Portuguesa
3
CAPÍTULO I
1
Informações retiradas, traduzidas e adaptadas do “International Social Security Association”.
4
2. Um direito universal
“Artigo 63º
(Segurança social e solidariedade)
(...)”
5
3. Acesso limitado
6
função das suas situações e necessidades sócio-económicas próprias.
Todavia, se nos basearmos na experiência europeia, a mensagem para
todos os países em desenvolvimento é clara: os sistemas de segurança
social eficazes e bem organizados são essenciais ao desenvolvimento
social e económico a longo prazo.
7
CAPÍTULO II
A SEGURANÇA SOCIAL PORTUGUESA
8
situações de incapacidade temporária ou permanente do trabalho e a atribuição
de subsídios para funeral.
As insuficiências da protecção social de base mutualista,
designadamente no que se refere à velhice, levaram à criação, ainda nos finais
do século XIX, das primeiras “Caixas de Aposentação” .2
2
MARQUES, SOARES, Evolução e Problemas da Segurança Social em Portugal no Após 25 de
Abril, Edições Cosmos, 1997, pag. 23 e ss e pag. 153 e ss.
9
A reforma da previdência social só se foi concretizando a partir da
publicação da lei n.º 2115, de 15 de Junho de 1962. Como aspecto assinável
desta reforma refere-se o alargamento do campo de aplicação material a
eventualidades não cobertas, tornando-se mais complicado o esquema de
prestações, bem como a manutenção da dominante do financiamento apoiado
em contribuições dos trabalhadores e dos empregadores, sem comparticipação
financeira do Estado.
À margem daquela reforma, mas ainda nos anos 60, foi publicada a
nova lei quadro de protecção social dos acidentes de trabalho e doenças
profissionais, mantendo-se o princípio da responsabilidade dos empregadores,
transferida para companhia de seguros.
Depois deste longo processo de construção, que foi evoluindo
progressivamente, temos nos anos 70 a transição para um sistema unificado
de Segurança Social. Neste período de tempo, praticamente até 1974, houve
uma grande evolução legislativa.
Relativamente ao regime de previdência dos trabalhadores agrícolas, foram
legalmente definidas as eventualidades abrangidas pelo regime especial de
previdência: doença, maternidade, encargos familiares, invalidez, velhice e
morte. 3
Uma grande inovação foi quanto ao “plafond” contributivo que eliminou o
limite superior das retribuições sujeitas a contribuição para a Caixa Nacional de
Pensões, bem como para as Caixas Sindicais de previdência como entidades
patronais contribuintes constituídas anteriormente à Lei n.º 2115, de 18 de
Junho de 1962. Tal eliminação teria efeitos a partir de 1 de Janeiro de 1974.
3
Decreto de Lei n.º 391/72 de 13 de Outubro
10
de previdência e assistência por um sistema integrado de segurança social”
previsto no DL 203/74 de 15 de Maio.
Esta ideia veio a ter claro acolhimento no n.º2 do artigo 63 de 1976:
“Incube ao Estado organizar, coordenar e subsidiar um sistema de segurança social
unificado e descentralizado, de acordo e com a participação das associações sindicais
e outras organizações das classes trabalhadoras.”
Nos anos 80, Portugal teve uma importante dinâmica estruturante dos
regimes e das prestações de segurança social.
4
Comissão do Livro Branco da Segurança Social pag. 54 e ss.
11
Temos a criação de um sistema de verificação de incapacidades
permanentes, introduzido pelo DL n.º 144/82 de 27 de Abril.
Em 1980, foi aprovado um novo regime jurídico de contribuições,
norteado pelo objectivo essencial de maior rigor no pagamento das
contribuições e das dívidas vencidas.
Entretanto, é concretizado uma nova estrutura orgânica. Foi nesta
efectiva concretização aprovada em 1977 que foi sendo dado suporte a um
sistema unificado previsto na CRP.
5
Lei 28/84, de 14 de Agosto
6
Para mais desenvolvimentos, vide, MARQUES, SOARES, Op. Obra citada.
12
Entretanto, dá-se um crescimento de pressão financeira (anos 90).
Uma medida interessante foi quanto aos pensionistas dos regimes de
segurança social que passaram a receber, além da pensão mensal que lhes
corresponda, uma prestação adicional de igual montante no mês de Julho de
cada ano. Esta medida foi introduzida pela portaria 470/90.
Em 1996, foi revisto o regime dos trabalhadores independentes.
Em finais de 1999, foram definidos os princípios gerais a que deve
obedecer a fixação das tarefas contributivas do regime geral dos trabalhadores
por conta de outrem.
7
Tal se encontra consagrado no artigo 16º da Lei nº4/2007 de 16 de Janeiro.
13
em especial à protecção de grupos mais desprotegidos, nomeadamente
crianças, jovens, pessoas com deficiência e idosos.
Perante a lei de bases, o sistema de segurança social português
assenta, entre outros princípios, no princípio da universalidade e no da
igualdade, permitindo o acesso de todas as pessoas à protecção social,
consagrado no artigo 5º da presente lei. Nela contempla e congrega três
sistemas: sistema de protecção social de cidadania, sistema previdencial e
sistema complementar.
No entanto, adoptaremos a classificação, utilizada pela Prof. Doutoura
Glória Teixeira, de “Pilares”, por nos parecer mais elucidativa.8
3. Intervenção social
8
TEIXEIRA, Glória, Manual de Direito Fiscal, Almedima, 2008, pág. 147 e ss.
9
Vide, artigo 26º da Lei de Bases da Segurança Social, lei n.º 4/2007 de 16 de Janeiro.
14
o O sub-pilar de protecção familiar que visa assegurar
a compensação por encargos familiares acrescidos,
designadamente nos domínios de deficiência e de
dependência.
b) Pilar previdencial
o Este vem presente no artigo 50º e ss. da já referida
Lei de Bases de 2007.
O pilar previdencial, de base contributiva
obrigatória, visa garantir aos seus beneficiários
prestações substitutivas de rendimentos de trabalho
perdido em consequência das eventualidades
legalmente definidas. Integram este pilar os
seguintes regimes:
o Regime geral dos trabalhadores por conta de outrem
o Regime dos trabalhadores independentes
o Regimes especiais
o Regimes de inscrição facultativa
No âmbito deste pilar (previdencial), o regime geral
dos trabalhadores por conta de outrem, bem como o
regime dos trabalhadores independentes na forma
alargada, cobrem as eventualidades seguintes: prestações
em espécie por doença, prestações pecuniárias por
doença, maternidade, paternidade e adopção, acidentes de
trabalho e doenças profissionais, subsídios por morte,
invalidez, velhice e pensões de sobrevivência e
desemprego.
Os restantes regimes deste pilar cobrem apenas algumas
das eventualidades referidas.10
10
Comissão do Livro Branco, pág. 67 e ss.
15
c) Terceiro pilar, o complementar
Vem enunciado nos artigos 81º e ss. da lei nº4/2007. Este pilar, ainda
pouco regulamentado, uma vez que é recente, concretiza-se numa partilha de
responsabilidades sociais e é constituído pelos seguintes regimes:
o Regime público de capitalização, de adesão voluntária e
individual
o Regime complementar, de iniciativa individual e
facultativa, assumindo a forma de planos de poupança-
reforma, seguros de vida, etc.
o Regimes complementares de iniciativa colectiva, a favor
de determinados grupos de pessoas.11
11
Comissão do Livro Branco, pág. 72 e ss.
16
A concessão das prestações de cuidados de saúde compete aos centros de
saúde e unidades hospitalares que fazem parte do Serviço Nacional de Saúde
ou com este se encontram convencionados.
B. Inscrição
17
A entidade empregadora é obrigada a proceder à sua inscrição no Centro
Distrital de Segurança Social que abrange a área onde o trabalhador exerce a
sua actividade profissional. Este deve comunicar ao Centro Distrital que o
abrange o início da actividade profissional ou a vinculação a uma nova
entidade empregadora. Se não o fizer, pode perder prestações. O trabalhador
independente deve inscrever-se no Centro Distrital da sua área de residência.
C. Contribuições
12
PEREIRAS, Freitas, Fiscalidade, pág. 23
13
Guia Fiscal 2008, Boletim do contribuinte, Vida Económica, Grupo Editorial, 2008, pág.14.
18
A inscrição determina o pagamento de contribuições pela entidade
empregadora e de quotizações pelo trabalhador. Em geral, a entidade
empregadora paga ao Centro Distrital a totalidade das contribuições, deduzindo
do salário do trabalhador a quotização que lhe compete. Ou seja, remete
mensalmente ao centro Distrital 34,75% da renumeração, sendo 11% devidos
pelo trabalhador. Os trabalhadores independentes devem pagar quotizações
que se elevam a 25,4% dos seus rendimentos, se estiverem cobertos apenas
pelo seguro obrigatório, ou a 32%, se optarem pelo regime mais amplo.
D. Lítigios
14
TEIXEIRA, Glória, Manual de Direito Fiscal, Almedina, 2008.
19
inscrição no regime geral, pode haver recurso para os tribunais administrativos,
a fim de fazer valer os direitos preteridos.
E. Prestações
20
grávidas e parturientes;
crianças até aos 12 anos;
titulares de uma pensão que recebem uma pensão não superior ao
salário mínimo nacional e respectivos cônjuge e filhos a cargo;
desempregados inscritos nos Centros de Emprego e respectivos
cônjuge e filhos a cargo;
trabalhadores por conta de outrem cujo rendimento mensal não seja
superior ao salário mínimo nacional e respectivos cônjuge e filhos a
cargo;
a maior parte dos inválidos e das pessoas que sofrem de doenças
incuráveis ou prolongadas;
beneficiários do subsídio mensal vitalício.
21
Para haver direito ao subsídio de doença, deve ser cumprido um período
mínimo de seis meses civis, seguidos ou interpolados, com registo de
remunerações. Além disso, deve ter sido cumprido o índice de
profissionalidade de 12 dias com registo de remunerações por actividade
efectivamente prestada durante os 4 meses imediatamente anteriores à data
de início da incapacidade.
22
Para que a prestação seja concedida, o indivíduo deve dirigir-se ao
Centro de Saúde da residência do beneficiário, em que o médico terá de
atestar a incapacidade temporária para o trabalho, enviando de seguida para o
Centro Distrital de Segurança Social.
23
não trabalhadora no período de 120 dias imediatamente a seguir ao parto
também confere ao pai este direito.
O subsídio por maternidade é pago durante 120 dias, dos quais 90 dias são
obrigatoriamente gozados a seguir ao parto. Mediante opção da beneficiária, o
subsídio por maternidade pode ser pago durante 150 dias (caso em que o
período acrescido - 30 dias - tem de ser gozado após o parto). É obrigatório o
gozo de, pelo menos, 6 semanas de licença de maternidade a seguir ao parto.
Em caso de IVG, tem direito a um período mínimo de licença de 14 dias e a um
máximo de 30. Há ainda outras disposições relativas ao nascimento de
24
gémeos, de risco clínico para a mãe ou para a criança e em caso de
internamento hospitalar da mãe ou da criança.
O subsídio por adopção é pago durante 100 dias (acrescido de 30 dias por
cada criança adoptada, no caso de adopção de mais do que um menor) e o
subsídio para assistência a menores doentes ou deficientes tem uma duração
máxima de 30 dias por ano e por cada filho.
25
As prestações devem ser requeridas ao Centro Distrital de Segurança
Social no prazo de seis meses a contar do primeiro dia de falta ao trabalho sem
remuneração, utilizando os formulários próprios para esse efeito. Quando
apresenta o pedido, o requerente deve comprovar as situações e os factos que
conferem direito às prestações. Deve também apresentar declarações dos
serviços de saúde e/ou certidões de registo civil.
26
subsídio para adaptação da habitação;
subsídio para frequência de cursos de formação profissional.
15
Aprovada pelo Decreto Regulamentar n.º 6/2001 de 5 de Maio, publicado no
Diário da República n.º 104, I Série-B, consultável em http://www.dre.pt.
27
Normalmente, os cuidados de saúde são prestados pelos serviços públicos
de saúde. O médico determinará se a doença é de natureza profissional; essa
confirmação é essencial para a concessão das prestações em questão.
28
(f) Prestações por invalidez
Para ter direito a uma pensão por invalidez, o trabalhador deve ter
cumprido pelo menos 5 anos com registo de remunerações. Para este efeito,
só são tidos em conta os anos com pelo menos 120 dias de remuneração
registada. O reconhecimento do direito à pensão depende ainda da certificação
da situação de invalidez pelo Serviço de Verificação de Incapacidades.
Continua a ter direito às prestações enquanto subsistirem as razões que
motivaram o reconhecimento da invalidez, mas no máximo até que a sua
pensão seja convertida em pensão por velhice.
29
de Verificação de Incapacidades, que a considera de 1.º ou 2.º grau conforme a
maior ou menor gravidade.
30
regime não contributivo nas situações de dependência de 1.º grau e a 90% nas
situações de dependência de 2.º grau.
Têm direito a uma pensão por velhice as pessoas que atingiram a idade
da reforma e cumpriram o período mínimo exigido de quinze anos de
remunerações registadas.
Para este efeito, apenas são tidos em conta os anos com pelo menos
120 dias de remunerações registadas.
31
De acordo com as regras de cálculo aprovadas em 2002, o montante da
pensão por velhice tem por base os rendimentos do trabalho revalorizados de
toda a carreira contributiva, com o limite de 40 anos.
32
ter direito ao complemento solidário para idosos, prestação de natureza não
contributiva e sujeita a condição de recursos.
33
O montante do complemento por dependência dos titulares de uma pensão
do regime geral corresponde a 50% do montante da pensão social do regime
não contributivo nas situações de dependência de 1.º grau e a 90% nas
situações de dependência de 2.º grau.
subsídio de desemprego;
subsídio social de desemprego;
subsídio de desemprego parcial.
34
a duração é reduzida a metade. A concessão do subsídio social de
desemprego pode ser prolongada até o beneficiário atingir a idade de acesso à
pensão por velhice antecipada, desde que cumulativamente satisfaça as
seguintes condições: ter 52 ou mais anos à data do desemprego e ter
completado as condições de atribuição do subsídio social de desemprego à
data do início do prolongamento.
35
desemprego e da data da última remuneração paga, bem como de declaração
do centro de emprego da área de residência, comprovativa da avaliação da
capacidade e da disponibilidade para o trabalho.
36
O trabalhador e a entidade patronal terem celebrado um acordo de pré-
reforma.
Invalidez ou reforma:
A pré-reforma é interrompida
37
se a prestação por pré-reforma não for paga ou o seu pagamento sofrer
um atraso superior a 30 dias. Neste caso, o trabalhador pode ser
reintegrado nas suas funções sem prejuízo para o seu processo de
seguro, ou rescindir o contrato tendo direito a um subsídio
correspondente ao montante total das prestações de pré-reforma que
deveria receber até à idade legal de passagem à reforma.
38
A concessão do subsídio por frequência de estabelecimento de educação
especial, do subsídio mensal vitalício e do subsídio por assistência de terceira
pessoa depende da existência de registo de remunerações, em nome do
beneficiário, nos 12 meses que precedem o 2.º mês anterior ao da data da
entrega do requerimento ou da verificação do facto determinante da concessão
(esta condição não é exigida aos titulares de uma pensão). Depende ainda de
o familiar estar a cargo do beneficiário e não exercer actividade profissional
abrangida por regime de protecção social obrigatório.
39
superior a 70. Podem ainda ter direito ao complemento solidário para idosos,
prestação de natureza não contributiva e sujeita a condição de recursos.
40
de educação especial varia de acordo com o valor da mensalidade e do
rendimento do agregado familiar. Os montantes das restantes prestações são
fixos e todos eles são actualizados periodicamente, normalmente uma vez por
ano.
41
O complemento por dependência é concedido aos titulares das pensões de
invalidez, velhice e viuvez não contributivas que preencham as condições em
relação a esta prestação.
42
A duração das prestações depende, em primeiro lugar, da continuação das
condições para a sua concessão ao abrigo do regime não contributivo. Em
segundo lugar, as pensões e as prestações familiares cessam de forma
idêntica às do regime contributivo, devido, designadamente, à idade, à
escolaridade, à cessação da invalidez e à morte.
Para ter direito ao complemento solidário para idosos, deve ter idade igual
ou superior a 70 anos no ano de 2007, e a 65 ou mais anos no ano de 2008,
residir em território nacional pelo menos nos últimos 6 anos imediatamente
anteriores à data da apresentação do requerimento da prestação e ter recursos
inferiores ao valor de referência para atribuição do complemento.
43
O montante do complemento solidário para idosos corresponde à diferença
entre o montante dos recursos do requerente e o valor de referência do
complemento, actualizado anualmente.
44
Para além do facto demográfico, central nesta problemática, os outros
factores que podem pôr em causa o equilíbrio económico, e não apenas
financeiro, sã as mudanças das formas de trabalho, mais trabalho atípico e em
profissão liberal, a falência de empresas de mão de obra intensiva, as fraudes
não antecipadas e despistadas e as manipulações políticas de curto prazo,
como a utilização dos excedentes da segurança social, que vão continuar a
ocorrer.
16
Vide DL n.º 187/2007 de 10 de Maio
45
acompanhado esta tendência. O resultado destes factos traduzir-se-á no
aumento de custos sociais num futuro próximo, principalmente anível de saúde
e da educação.
6. Conclusão
Por outro lado, importa promover e consolidar uma nova dimensão ética
das relações e transferências sociais fundada nos princípios da solidariedade,
da subsidariedade, de proporcionalidade dos meios e da subsunção aos novos
desafios e respostas sociais.
A solidariedade, enquanto valor e fundamento inalienável da dignidade
humana; a subsidariedade, enquanto afirmação de uma cultura passiva de
dependência; a proporcionalidade de meios, tendo em atenção a sintonia entre
17
TEIXEIRA, Glória, (coordenação), Tributação do rendimento do trabalho dependente, Vida
económica, 2000, pág. 42.
46
as macro-políticas e as micro-iniciativas e o justo equilíbrio entre a riqueza e a
sua distribuição.
Assim, é essencial a concretização de uma reforma global, faseada,
coerente e articulada da segurança social que permita um justo equilíbrio entre
direitos e deveres, entre a resposta política e contratual, entre a equidade
social, a eficiência económica e a liberdade de escolha, criando condições de
sustentabilidade geracional de segurança social pública.
47
CAPÍTULO III
18
Informações retiradas, traduzidas e adaptadas do site “la Sécurité Sociale en France”.
48
Estes diferentes regimes são colocados sob a tutela dos ministros
responsáveis pela segurança social, do ministro responsável pela agricultura e
do ministro responsável pelo trabalho.
49
A cobrança das quotizações é efectuada a nível local pelas Unions de
recouvrement des cotisations de sécurité sociale et d'allocations familiales
[uniões para a cobrança das quotizações de segurança social e de subsídios
de família] (URSSAF), que se encontram sob a tutela da ACOSS (Agence
centrale des organismes de sécurité sociale ) [Agência central dos organismos
de segurança social], incumbida de acompanhar o fluxo de tesouraria de cada
ramo em matéria de previsão e realização contabilística.
Se não estiver de acordo com uma decisão da sua caixa de seguro (caisse),
o interessado pode recorrer para a comissão de recurso (Commision de
recours amiable, CRA) da caixa em que está inscrito, no prazo de dois meses a
contar da notificação da decisão com a qual não está de acordo. Se a CRA
rejeitar o pedido, o interessado pode recorrer para o tribunal da segurança
social (Tribunal des affaires de sécurité sociale), no prazo de dois meses.
Decorrido este prazo, a decisão da comissão de recurso da sua caixa passa a
ser definitiva.Estes diferentes regimes podem ser completados a título pessoal
por seguros individuais.
50
2. Breve História19
3. O ramo doença
19
Michel Dreyfus, “Traité de Sécurité sociale” (direction Yves Saint –Jours) ,L.G.D.J.
1990.
20
Exposição dos motivos do pedido do 4 de Outubro de 1945 relativo a ciação da
Segurança Social
21
Informações retiradas, traduzidas e adaptadas do site “Représentation des Institutions
Françaises de sécurité sociale” (números chave da segurança social)
51
As despesas relativas as vacinas afixadas no plano nacional de saúde
obrigatório,
As despesas de alojamento e tratamento de crianças ou adolescentes
deficientes nos estabelecimentos de educação especial e profissional,
As despesas de transporte de doentes nas condições e limites tendo em
conta o estado do doente e o custo do transporte.
52
O seguro doença intervém na base das tarifas afixadas por convenção
ou autoridade. Todo o valor que ultrapassa o das tarifas afixadas fica a cargo
do assegurado ou de uma protecção complementar.
É o caso dos médicos que optaram pelo sector convencional 2 praticando
assim tarifas superiores a tarifa convencionada. O seguro de doença não tem
em conta a totalidade da despesa nos limites das tarifas que servem de base
ao cálculo das prestações.
Uma participação ou ticket moderador, é deixado a iniciativa do assegurado.
Ela pode ser proporcional e variar consoante as categorias de prestações.
Todavia, esta participação é limitada ou eliminada quanto a cuidados de saúde
muito dispendiosos moneadamente em casos de hospitalização ou quando o
beneficiário reconhece ser atingido por um tratamento prolongado e uma
terapia particularmente dispendiosa.
Essa participação não deve ser confundida com o taxa diária exigida em casos
de estadia em estabelecimento não tido em conta pelo seguro de doença.
Em princípio, o assegurado é quem tem de pagar pelos custos, a segurança
social reembolsando o assegurado. Mas, existam numerosas convenções de
“tiers-payant” (terço pagamento) prevendo o pagamento directo pela caixa ao
prestador de serviços.
53
Um direito imediato ao seguro de doença para toda a pessoa em
residência estável e regular no território, metropolitano ou nos
departamentos de além-mar (DOM),
Um direito para os mais desfavorecidos, sob condição de rendimentos
ou recursos, à uma cobertura complementar gratuita, com isenção de
pagamento de tarifas ou taxas (“tiers payant”).
54
invalidez e, na região parisiense, da CRAMIF- Caisse Régionale d'Assurance
Maladie d'Île-de-France (caixa regional de seguro de doença de Île-de-France)
55
cônjuge sobrevivo do beneficiário que se encontrava reformado por invalidez
ou velhice ou poderia vir a receber um destes benefícios.
56
O accidente do trabalho é o accidente que seja qual for a causa, tendo
superveniente pelo facto ou ocasionamento de um trabalho a qualquer
pessoa assalariada ou trabalhando, a qualquer título ou em qualquer
sítio, por um ou vários empregadores ou chefes de empresa.
O accidente de trajecto é o accidente superveniente as mesmas
pessoas no trajecto entre o local de trabalho e o domicílio ou na ocasião
de um recado ou missão efectuada por ordem do empregador.
Uma doença profissional é uma doença presumida de origem
profissional quando ela esteja inscrita numa lista apresentada sob forma
de tabela que contem indicações de um lado das afeições consideradas
como profissionais de outra, dos trabalhos suscetíveis de a provocar e
da duração de incubação. Para as doenças não inscritas na lista, é da
obrigação do assegurado apresentar prova, por investigação individual,
o caso adequado, da sua origem profissional.
57
hospitais e das colectividades territoriais relevem outros sistemas de
prestações.
5. O ramo família
58
criança até perfazer os 3 anos de idade ou no mês da sua adopção num
período de 36 meses;
c) Um complemento de livre escolha de actividades atribuida em pleno ao
progenitor que não exerça mais uma actividade profissional ou
parcialmente ao progenitor que exerça uma actividade profissional ou
uma formação profissional renumerada em part-time para poder ocupar-
se de uma criança com menos de 3 anos. É atribuida por um período de
6 meses quando diz respeito ao primeiro filho e até aos 3 anos de idade
da criança a um segundo nascimento. Em casos de nascimentos
múltiplos de pelo menos 3 crianças, ela é atribuida até ao 6º aniversário
das crianças desse nascimento múltiplo. Este complemento beneficia
qualquer pessoa que tenha que preenche o requisito de actividade
anterior de 2 anos ao longo de um período de referência que varia
consoante o grau atribuida a situação da criança;
d) Um complemento de livre escolha de guarda atribuida ao casal ou a
pessoa exercendo uma actividade profissional e que contrata uma
educadora de infância certificada ou uma guarda ou ama a domicilio
para a guarda da criança com menos de 3 anos. Este complemento é
atribuido a taxa reduzida para as crianças com idades entre os 3 e os 6
anos. É composto a totalidade ou parcialidade das cotizações e
contribuições sociais devidas pelo emprego e de um montante que tem
em conta 85% do salário num limite variável em função dos rendimentos
da família. Portanto, este complemento será atribuído as pessoas que
recorram a um organismo privado para assegurar a guarda das suas
crianças de acordo com modalidades específicas no momento que elas
preenchem os critérios estabelecidos para obtençao de direito deste
complemento e que a criança seja guardada um mínimo de horas.
59
O abono de educação especial atribuida a qualquer pessoa que
tenha a seu cargo uma criança deficiente até aos seus 20 anos
de idade ou até aos 16 se esta receber 55% do salário mínimo,
O abono de apoio familiar atribuida ao conjûge sobrevivente ou
progenitor isolado ou a familia de acolhimento para educar uma
criança orfã ou en casos de não pagamento da pensão de
alimentos,
O abono de regresso as aulas atribuida em função dos
rendimentos para as crianças com menos de 18 anos que
continuem a estudar ou que se encontrem em formação e não
auferem mais do que 55% do salário mínimo,
O abono de progenitor isolado atribuida em função dos
rendimentos as pessoas que assumem sozinhas os encargos de
pelo menos uma criança ou estando grávida sem outra criança a
seu cargo,
O abono para habitação de carácter familiar atribuida em função
dos rendimentos, de salubridade e das pessoas residentes na
habitação as familias que consoante os casos:
o Recebem uma prestação familiar,
o Não têm direito a prestação familiar mas têm
uma criança a seu cargo,
o São casados há pelo menos 5 anos,
o Têm a seu cargo um ascendente com idade
superior a 65 anos (ou 60 anos nos casos de
incapacidade para trabalhar),
o Têm a seu cargo um ascendente,
descendente ou colateral deficiente
O abono para habitação de cáracter social atribuida em função
dos rendimentos, de salubridade e das pessoas residentes na
habitação, as pessoas idosas, as pessoas deficientes, a alguns
desempregados, aos beneficiarios do rendimento de inserção.
60
Em França, existem caixa de abonos de família (Caisse d'Allocations
Familiales) do local de residência dos interessados destinadas a este ramo.
6. O ramo velhice
61
máxima, poderá obter, consoante o ano em que nasceu, uma bonificação do
valor da pensão a que tem direito.
Aos beneficiários que têm idade superior a 65 anos e que não apresentam,
no âmbito de todos os regimes de base, a duração de carreira contributiva
exigida relativamente ao ano em que nasceram, é concedida uma bonificação
de 2,5 % por cada trimestre contributivo suplementar após a idade de 65 anos.
62
sem condições de idade. A lei de financiamento da segurança social do ano
2009 reconsiderou a reforma de 2004 e introduziu novamente a condição de
idade para obter a pensão de sobrevivência.
63
Para que o direito ao subsídio de viuvez seja reconhecido a favor do
cônjuge sobrevivo, o beneficiário falecido deve ter descontado para o seguro
de velhice no decurso do ano imediatamente anterior ao falecimento, com
excepção do mês em que este terá ocorrido.
7. As prestações de desemprego
64
O financiamento do regime de seguro de desemprego é assegurado
mediante contribuições de 6, 4 % que incidem sobre o salário (4 % suportados
pela entidade patronal e 2,40 % suportados pelo trabalhador por conta de
outrem), no limite de quatro vezes o plafond da segurança social(valor limite
superior) ou seja, 11 .436 € por mês.
65
O montante da prestação diária é igual :
22
http://www.tpe-pme.com/gestion/social/cotisations_sociales/0270-cotisations-de-securite-sociale.php
66
Por SID Imprensa, o 02/02/2009
Abril de 2009
Empregador
Base Assalariado
(1)
Seguro de
Totalidade 0,75 % (2) 12,80 %
doença
Velhice
Sujeita a limites Fracção A 6,65 % 8,30 %
máximos
Velhice não
sujeita a limtes Totalidade 0,10 % (4) 1,60 %
máximos
Prestações
Totalidade - 5,40 %
Familiares
Acidentes do
Totalidade - (3)
trabalho
(1) uma redução geral de contribuições patronais de Segurança Social se aplique aos
salários inferiores ou iguais à 160% do SMIC sob certas condições.
(2) para os departamentos Haut-Rhin, Bas-Rhin e a Mosela, a parte salarial é aumentada
de uma contribuição suplementar de 1,60% desde 1 Janeiro de 2008.
(3) Taxa variável de acordo com a importância e a actividade da empresa.
(4) desde 1 Julho de 2004, a contribuição de seguro viuvez é afectado ao risco velhice.
67
2004, é único e determinado em percentagem dos rendimentos
23
profissionais não assalariados.
23
http://www.tpe-pme.com/gestion/social/chiffres-cles/0674-cotisations-des-professions-liberales.php
68
- Contribuição única 654 €
Veterinários
CARPV
- Classe 1 398,40 €
Farmacêuticos
CAVP
- Contribuição única 504€
Agentes gerais de seguro - 1% das comissões brutas
CAVAMAC
compreendidas entre 32.659 € e 391.908 €
69
Os dois sistemas: análise e comparação
70
prestação de trabalho não seriam abrangidos por um dos sistemas, isto
consequentemente levaria à fraude fiscal e assim sucessivamente.
Apontando, seguidamente algumas das mais relevantes diferenças entre
os sistemas temos:
No sistema de segurança social francesa, as diferentes taxas estão
consiganadas a determinadas eventualidades, pelo que as taxas são variáveis,
dependendo as situações para o que se está a contribuir. Assim, está dividida
em caixas em que cada uma gere as suas receitas e despesas.
Em Portugal, os sistema funciona de modo diferente, uma vez que a
taxa é única e o cidadão está a contribuir para qualquer eventualidade de que
no futuro venha a beneficiar de acordo com o que está estabelecido na lei.
Esta distrinça pode se ter conta devido ao salário mínimo nacional que
por sua vez na França é maior (3 vezes superior) do que em Portugal, o que se
traduz numa carga contributiva maior para o cidadão residente em França.
Isto pode-se traduzir no facto de, a França ter um nível económico-
financeiro superior a Portugal, e que terá como consequência uma gestão de
fundos mais equilibrada num presente e num futuro. Enquanto que em
Portugal, esta vertente tem vindo a decair, o que se vem a reflectir numa queda
em precipício na sua balança económica, fazendo com que as receitas
presentes não cobram as despesas futuras.
Descrevendo a situação com um exemplo, temos que, um trabalhador
dependente, exercendo a sua profissão em França terá que que contribuir
fraccionariamente para as eventualidades existentes em cada um dos ramos
da segurança social. Enquanto que um trabalhador por conta de outrém em
Portugal, será sobrecarregado com uma taxa única para qualquer das
eventualidades que venha futuramente a necessitar, não necessitando de
somar as taxas que recaem em cada eventualidade para fazer a contribuição
total, como ocorre em França.
Como se pode verificar, pelas referências feitas anteriormente, o sistema
francês está dividido por 4 ramos, comportando cada um deles várias
eventualidades mas que se encaixam num dado âmbito, referentemente ao
ramo da doença inclui-se a eventualidade de invalidez e de morte por exemplo.
71
Contrariamente se passa em Portugal, em que o sistema funciona de
forma unitária, pelo que a unidade é um dos princípios enunciados na Lei de
Bases da Segurança Social.24
“Artigo 64º
(Saúde) 1. Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover. 2. O
direito à protecção da saúde é realizado: a) Através de um serviço nacional de saúde universal
e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente
gratuito; (...)”
24
Lei nº4/2007 de 16 de Janeiro
72
Enquanto que em França, os centros de saúde são substituídos por
hospitais que têm um funcionamento diferente comparatisticamente com
Portugal. Vejamos, caso os doentes se encontrem em situação de necessidade
médica, não têm que recorrer directamente a um hospital, pois estes só
funcionam em stuações de maior gravidade (por exemplo: cirurgia). Logo, os
doentes podem recorrer a um médico de família privado, sendo posteriormente
reembolsados total ou parcalmente, pelo custo despendido na consulta. Este
reembolso fica a cargo da segurança social pelo que o hospital público em
França não funciona como em Portugal, daí deduzindo-se que a segurança
social tem maior comparticipação a nível de saúde em França, sendo neste
aspecto mais desfavorável em Portugal.
73
conta as necessidades, tornando-se essencial o aspecto das familias. Este
aspecto serve para encorajar a natalidade, o montante é constituido com base
numa percentagem dos rendimentos ficticios obtido pelos rendimentos
auferidos pelos agregados familiares.
74
Conclusão
25
Definição de Segurança Social, retirada da Enciclopédia Verbo Edição Século XXI, Volume 26,
Março 2003.
75
Bibliografia:
Este trabalho foi baseado nos seguintes livros, documentação e sites:
Tradução:
A tradução, dos textos mencionados como tal, foi realizada por Stéphanie
Antão.
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