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A teoria do conto de

Cortázar
Julio Cortázar admitia que escrever contos e poemas é algo
parecido, quase um estado de transe. Dizia o autor argentino:
[…]
> ​Por ​RINALDO DE FERNANDES
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Julio Cortázar admitia que escrever contos e poemas é algo
parecido, quase um estado de transe. Dizia o autor argentino:
“…se o ato poético me parece uma espécie de magia de
segundo grau, tentativa de posse ontológica e não já física
como na magia propriamente dita, o conto não tem intenções
essenciais. A gênese do conto e do poema é […] a mesma,
nasce de um repentino estranhamento, de um d​ eslocar-se​ que
altera o regime ‘normal’ da consciência”. Cortázar, num passo
feliz, chega a formular: o conto é uma “síntese implacável de
uma certa condição humana” ou mesmo um “símbolo candente
de uma ordem social ou histórica”. Cortázar discute ainda três
aspectos importantes acerca do conto. Para o autor de B​ estiário​,
as narrativas curtas necessitam ter: 1) s​ ignificação​ — o conto,
como a fotografia, “recorta um fragmento da realidade”,
devendo, portanto, ser “significativo”, ou seja, ser capaz de
uma “abertura” que projete a inteligência e a sensibilidade do
leitor para além da história narrada. No cinema e no romance,
a captação da realidade “mais ampla e multiforme é alcançada
mediante o desenvolvimento de elementos parciais,
acumulativos”; 2) ​tensão e intensidade​ — o conto “parte da noção de
limite e, em primeiro lugar, de limite físico, de tal modo que, na
França, quando um conto ultrapassa as vinte páginas, toma já
o nome de n​ ouvelle​”. O conto, assim, deve conter, compactar as
situações, uma vez que os desenvolvimentos narrativos cabem
mais à novela e, como foi dito, ao romance. Deve ser uma
“máquina de gerar interesse”, ou seja, ter a capacidade de
prender a atenção do leitor; 3) c​ apacidade de desprender-se do autor​ — o
conto deve ser alheio ao escritor enquanto “demiurgo”. O leitor
do conto deve ter a sensação de que “de certo modo está
lendo algo que nasceu por si mesmo, em si mesmo e até de si
mesmo, em todo caso com a mediação mas jamais com a
presença manifesta do demiurgo”. A narrativa deve se
desprender do autor “como uma bolha de sabão do pito de
gesso”. A teoria do conto de Cortázar parece fixar mesmo as
coordenadas principais do gênero — pelo menos como o
conhecemos desde o século 19.
RINALDO DE FERNANDES

É escritor e professor de literatura da Universidade Federal da Paraíba. Autor de ​O


perfume de Roberta​, entre outros. Vive em João Pessoa (PB).

http://rascunho.com.br/a-teoria-do-conto-de-cortazar/

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