1. Introdução
Atualmente, com a competição acirrada no mercado de trabalho, as empresas buscam o
aprimoramento sucessivo de seus serviços, visando ampliar cada vez mais sua clientela.
Diante disso, a busca incessante da adoção dos métodos da qualidade se torna não um
diferencial, mas uma necessidade para as organizações se manterem no mercado globalizado.
Neste sentido, com base em uma empresa do ramo de eletrônicos, que é o enfoque do presente
estudo, apontou pontos críticos que poderiam ser melhorados, que por sua vez resultariam em
uma diminuição das despesas do processo de montagem de cartões eletrônicos, utilizando
tecnologia SMD.
O método é uma das práticas mais usadas no meio empresarial para o tratamento de não
conformidades, que pode ser definida como algo que não esteja compatível com os requisitos
estabelecidos. (DANIELEWICZ, 2006).
Para Juram (1991), a qualidade embasa-se nos atributos do produto que caminham em direção
das necessidades dos clientes, e dessa forma, propiciam o apraziamento quanto ao produto.
Segundo Deming (1991), a qualidade baseia-se em “fazer o certo da primeira vez” e para que
isso aconteça, todos devem participar.
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O assunto qualidade é complexo, pois qualquer ação realizada na organização envolve tal
tema.
Conforme tão bem analisa Campos (1999, p. 97), em sua doutrina TQC Controle da
Qualidade Total:
A razão de ser de uma empresa são seus clientes. Portanto, toda sua administração
deve estar voltada para qualidade, que é a busca continua da satisfação das
necessidades dos clientes. Mas recentemente ficou claro que a empresa é um meio
para atingir a satisfação das necessidades de todas as pessoas (clientes, acionistas,
empregados e vizinhos) (CAMPOS, 1999, p. 97).
Uma das acepções para contínua melhoria é o avanço pela perfeição. O doutrinador Moura
(1997) explica a melhoria contínua como o anseio por resultados maiores e condições de
desempenho de processos, produtos e atividades da organização. Ela deve ser o foco do
ambiente organizacional, devendo ser trabalhada e instruída a cada dia, podendo ser concluída
através de ações direcionais ou de modo automático pelos colaboradores.
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cada trabalhador é crucial para que estes possam manter a motivação para o exercício e
expansão das questões relativas à melhoria.
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Campos (1999) ensina que o ciclo PDCA estabelece uma sequência lógica que deve ser
seguida durante a análise e solução de problemas: O 1º passo é Planejar e estabelecer metas
referentes aos itens que serão controlados e traçar o método para atingir o escopo; No 2º passo
é a Execução das atividades, tal qual determinada no plano e coleta de dados. Nesta etapa é
primordial a capacitação no trabalho decorrente da fase de planejamento; Já no 3º passo é a
Verificação a partir dos dados coletados na execução, confrontando o resultado alcançado
com a meta preconcebida; Enfim no 4º passo é a Atuação corretiva, nesta etapa os desvios
foram identificados e o usuário deve atuar no sentido de tomar ações definitivas, de modo que
os problemas não reincidam.
Severo, Melo e Medeiros (2004) ensina que o método de análise e solução de problemas faz
uso do ciclo PDCA, só que ao invés de quatro etapas o ciclo é subdividido em oito. A eficácia
da aplicação deste método, bem como as melhorias alcançadas, deve ser feita de maneira
planejada e organizada, onde é indispensável à participação de todos.
Kume (1993) traz algumas ferramentas da qualidade para assessorar o andamento das etapas
do MASP: fluxograma, diagrama de causa e efeito, análise de Pareto, estratificação,
histograma e diagrama de dispersão.
Segundo Campos (1999), o método é uma série congruente que visa atender a um
determinado objetivo, enquanto ferramentas são aportes para efetivação do método.
3. Estudo de caso
O estudo proposto foi realizado em uma Empresa do ramo eletrônico, situada no Município de
Itajubá, Sul de Minas Gerais. O problema foi notado, analisando-se o indicador de
desempenho da montagem de componentes SMD em cartões eletrônicos, onde constatou-se
que o índice de defeitos na montagem vem mantendo-se acima da meta estipulada nos últimos
meses.
Fundamenta-se toda a pesquisa em torno do Quadro 1, uma vez que esta apresenta de forma
muito clara e bem elaborada todas as etapas do método de analise e solução de problemas.
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Para o presente caso, foram utilizadas quatro ferramentas da qualidade, sendo elas:
Estratificação, Analise de Pareto, Diagrama de causa e efeito e 5W e 2H. Cada ferramenta foi
utilizada em uma etapa do processo.
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Depois da estratificação, foi realizada uma coleta de dados, afim de levantar a frequência de
cada item, que pode ser visto no quadro 3.
Nesta etapa, deve-se ficar atento por diversos motivos, dentre os quais anotações errôneas;
amostragens imperfeitas, critérios de avaliação indefinidos e instrumentos de medição não
calibrados.
Após a etapa anterior foi utilizado o diagrama de pareto, que visa representar graficamente de
forma ordenada a estratificação.
Segundo Campos (1999 p. 202), em seu livro TQC Controle da Qualidade Total (No Estilo
Japonês):
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Através do gráfico de Pareto (Figura 1), foram selecionados os maiores problemas para serem
tratados, os três maiores infortúnios correspondem a 67% sendo representado pela análise de
Pareto como 67/30, ou seja, se 30% das causas forem atacadas, resolveremos 67% dos
problemas.
Para analisar as causas priorizadas no diagrama de Pareto foi utilizado o diagrama de causa e
efeito, com intuito de estruturar hierarquicamente as causas dos problemas.
A próxima ferramenta, trata-se do 5W 2H, que se refere a uma lista de trabalhos que precisam
ser realizadas com o máximo de transparência pelos colaboradores. Esta ferramenta funciona
como um esquema, onde se estabelecerá o que será feito e todas as finalidades pelas quais a
execução será realizada.
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Conforme analisa Campos (1999), em sua doutrina TQC Controle da Qualidade Total (No
Estilo Japonês), a análise de processo tem como objetivo, buscar a raiz do problema, e ainda
compreender as causas que se deseja monitorar.
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Como meta para este trabalho, definiu-se reduzir o índice de defeitos para 1500 ppm ou seja
mantê-lo abaixo da meta aceitável pela empresa. O cronograma abaixo apresenta
detalhadamente as etapas a serem seguidas e suas respectivas datas de conclusão (Figura 3).
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através de sua identificação será elaborado um plano de ação com o objetivo de eliminar e/ou
reduzir o problema.
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5. Plano de ação
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Nesta etapa, deve-se elaborar a estratégia de ação, onde devemos realizar um debate com os
envolvidos, afim de traçar as melhores e mais apropriadas ações, estas devem ser implantadas
sobre as causas raízes e não sobre o efeito (CAMPOS, 1999).
Para as causas potenciais foram definidos planos de ação, com intuito de atuar na causa raiz
do problema, que do ponto de vista dos envolvidos são causas de suprema importância para
serem tratadas, pois tem efeito direto no problema objeto de estudo. O quadro abaixo destaca
as ações, bem como prazos e responsáveis por implantá-las (Quadro 3).
Na reunião da produção, foram divulgados os planos de ação aos envolvidos, onde todos
puderam realizar uma analise critica das ações, e observou-se o interesse por parte de todos
em auxiliar na implantação e realização das ações.
7. Verificação
Kume (1993) apresenta esta etapa, como sendo de validação que o problema não ocorrerá
novamente, para ele, ainda deve ser realizada uma comparação entre o anterior e posterior, a
fim de determinar em que grau os resultados insatisfatórios foram diminuídos.
O gráfico abaixo mostra uma comparação entre os índices de outubro, novembro, dezembro
de 2013 e janeiro de 2014 com resultados obtidos em fevereiro e março 2014, comparando os
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índice alcançados após a implantação das ações, podem observar uma melhoria significativa,
embora não tenham sido implantadas todas as ações propostas.
Na figura 7, pode ser observado que o desempenho mostra-se satisfatório, tendo em vista a
redução do número de defeitos no período fevereiro e março de 2014.
8. Padronização:
Após a confirmação da eficácia das ações, com o auxílio da etapa de verificação, deve-se
buscar a padronização como forma de obter ganhos e benefícios. A padronização pode ser
realizada através de um procedimento documentado, ou através de uma revisão de um
procedimento já existente (CERQUEIRA, 2007).
9. Resultados
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Embora não tenham sido implantadas todas as ações propostas, pois algumas envolvem
investimentos e são planejamentos a longo prazo podemos observar que houve uma redução
considerável no índice de defeitos nos dois meses posteriores a implantação de algumas das
ações propostas.
Pode-se destacar algumas das ações propostas implantadas como: 1) Fazer levantamento dos
stencils que não estiverem em condições de uso e solicitar a confecção de novos, 2) Treinar os
operadores a fazerem verificação da deposição da pasta de solda na printer automática de
modo a garantir sua perfeita regulagem, 3) Revisar instrução de limpeza de stencil, 4)
Adquirir novos feeders e realizar manutenção nos que estiverem defeituosos, 5) Definir os
produtos críticos que não devem ser montados manualmente.
Por meio deste artigo, ainda que incompleto, podemos afirmar que ele alcançou resultados
satisfatórios, uma vez que o índice de defeitos foi reduzido em média 43%, após a
implantação das duas ações pendentes conforme Quadro 4 o processo será reavaliado.
10. Conclusão
Com atual cobrança dos clientes, a confecção de produtos de qualidade se tornou vital para
sobrevivência da empresa, e atrelado a essa nova modalidade de produção observa-se a
necessidade das organizações em reduzir seus custos, uma vez que isso é de suma importância
para se manter no mercado.
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Embora possamos observar o ganho encontrado nas atividades descritas acima, é importante
ressaltar que este trabalho se encerrará apenas em dezembro de 2014, com a conclusão que é a
ultima etapa do MASP, onde todo processo será reavaliado com intuito de verificar a
efetividade da sistemática implantada, e após essa análise dar-se-á a aplicação do método
PDCA para reavaliar todo processo.
Com base no exposto neste trabalho observa-se que o objetivo específico que era o de reduzir
o índice de defeitos foi atingido, embora na média o indicador ainda esteja acima da meta
Quadro 3, o objetivo geral poderá ser observado após a conclusão das etapas do MASP que se
dará no final do segundo semestre do ano de 2014 com a última etapa, a conclusão.
Referências
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Desenvolvimento Gerencial, 1999.
CANOSSA, S. MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, São Paulo: Sercan, 2011.
CERQUEIRA, J. P. A Metodologia de Análise e Solução de Problemas. São Paulo, editora Pioneira, 1997.
COLENGHI, V. M. O & M e qualidade total: uma integração perfeita. Vitor Mature Colenghi – 3. ed. –
Uberetama: Ed. V. M. Colenghi; 2007.
DANIELEWICZ, M. Procedimentos para rastreabilidade das não conformidades no processo produtivo. 169 p.
Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.
DEMING, W.E. A nova Economia para Indústria, o Governo e a Educação. Rio de Janeiro: Qualitymark
Editora Ltda., 1991.
FEIGENBAUM, A. V.; Controle Total da Qualidade: Aplicação nas empresas, volume IV. São Paulo, editora
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CROSBY, P. B.; Liderança: A arte de torna-se um executivo. São Paulo, editora Markron Books do Brasil, Ltda.
e McGraw-Hill, Ltda., 1991.
JURAM, J. M. Planejando para a qualidade. São Paulo: Editora Markron Books, 1991.
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KUME, H. Métodos Estatísticos para Melhoria da Qualidade. São Paulo, Editora Gente, 1993.
MIGUEL, P.A.C. Qualidade: enfoques e ferramentas. 1 ed. São Paulo: Artliber, 2006.
MOURA, L. R. Qualidade simplesmente total: uma abordagem simples e prática da gestão da qualidade. Rio
de Janeiro: Editora Qualitymark, 1997.
PACHECO, R. F.; PAIXÃO, J. N. V. Uma investigação Sobre o Índice de Perdas de Embalagens em uma
Indústria Farmacêutica. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Fortaleza: ABEPRO, 2006, p.26.
SHIBA, S; Graham, A. & Walden, D. TQM: quatro revoluções na gestão da qualidade. Artes Médicas. Porto
Alegre: 1997
WERKEMA, M. C.C. Ferramentas Estatísticas Básicas para o Gerenciamento de Processos. Minas Gerais:
Editora Fundação Christiano Ottoni, 1995.
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