Anda di halaman 1dari 37

A IGREJA DE NOSSA SENHORA DE MONSERRATE

ANÁLISE TIPOLÓGICA MATERIAIS E SISTEMAS CONSTRUSTIVOS


ALUNOS

MONITORIA: XXX

SALVADOR-BA
2018.2
A IGREJA DE NOSSA SENHORA DE MONSERRATE
ANÁLISE TIPOLÓGICA MATERIAIS E SISTEMAS CONSTRUSTIVOS

Atividade apresentada no curso de Arquitetura


e Urbanismo, na disciplina Patrimônio e
Restauro, componente da Atividade da
Unidade I, através de relatórios apresentados
na turma NR01, orientado pela professora Ana
Carolina Valverde.

SALVADOR-BA 2018.2

1
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3
2. CARACTERISTICAS ARQUITETÔNICAS DO BEM .............................................. 5
3. ANÁLISE DOS ELEMENTOS CONSTRUTIVOS ................................................. 12
3.1 ALVENÁRIAS E FUNDAÇÃO ......................................................................... 12
3.2 REVESTIMENTOS ......................................................................................... 13
3.3 TELHADO ....................................................................................................... 14
3.4 PISOS ............................................................................................................. 15
3.5 FORROS ........................................................................................................ 17
3.6 ESCADAS E RAMPA ...................................................................................... 17
3.7 ESQUADRIAS ................................................................................................ 18
5. AVALIAÇÃO DE AUTENTICIDADE DO BEM CULTURAL E RELAÇÃO COM SEU
ENTORNO ................................................................................................................ 31
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 35

2
1. INTRODUÇÃO

Este relatório apresenta uma análise das transformações e permanências da Igreja de


Nossa Senhora de Monte Serrat no decorrer dos anos. É um bem cultural da cidade de
Salvador, localizado na península de Itapagipe, na Rua da Boa Viagem, no bairro do
Monte Serrat em Salvador/BA (Figura 1), tombado em 27 de junho de 1938, pelo SPHAN
– Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –, pelo decreto lei nº 25 de 30 de
novembro de 1937 (AMSB – Carta de Rodrigo M. F. de Andrade, Pasta nº 90, 1938).

LEGENDA

1 Farol de Monte Serrat

2 Igreja N. Sr.ª de Monte


Serrat

3 Parque Regional de
Manutenção

4 Quadra de Esportes

5 Forte N. Sr.ª de Monte


Serrat

6 Campo de Futebol

7 Areia

Imagem 01: Planta de Localização


Fonte: Base SICAR, 1992

O estudo trazido nesta seção corresponde aos levantamentos e sistematização


dos dados e informações consistentes, coletadas com a finalidade de explicitar quanto a
tipologia arquitetônica, os materiais empregados na atualidade da Igreja Nossa Senhora
de Monte Serrat, além dos sistemas e elementos construtivos do mesmo.

Para entender como a edificação chegou ao formato e estado atual, é preciso


compreender as modificações e pré-existências ao longo de sua vida, para isso há um
mapeamento dos elementos para que possamos identificar aqueles que foram
acrescentados, suprimidos, alterados ou mantidos.

3
A análise tem como alicerce, referências históricas encontradas na Fundação
Gregório de Matos, IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPAC
– Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, complementada por visitas
realizadas ao Forte de Monte Serrat.

Os antecedentes históricos apresentam o desenvolvimento organizacional do


Forte desde as suas origens, com destaque para as questões do lugar, os traços de
caráter, os usos e as estratégias utilizadas na concepção do espaço público. A cada
período, consoante a um ideário específico, esses elementos são reajustados,
constituindo as evoluções e transformações da matriz original. Tais fatos, historicamente,
caracterizam o bem cultural atual, em um processo contínuo de transformação.

As questões de percepção da morfologia e da tipologia como instrumentos


fundamentais ao processo de leitura e análise, e grande parte dos argumentos
desenvolvidos a partir dos critérios de análise dos espaços e dos elementos estruturantes
da paisagem, são abordados no trabalho sob o ponto de vista da tipo-morfologia, que
considera a ação cultural sobre os recursos supostamente naturais e as transformações
sofridas pelo bem e seu entorno, consolidadas ou não.

O documento final foi elaborado a partir da verificação dos dados constantes nos
trabalhos anteriores da disciplina de Técnicas Retrospectivas 2017.2 e da turma da
disciplina de Patrimônio e Restauro 2018.1, e complementado com base em documentos
obtidos nas instituições anteriormente citadas.

4
2. CARACTERISTICAS ARQUITETÔNICAS DO BEM

Imagem 02: Vista aérea do forte de N. Sr.ª de Monte Serrat.


Fonte: Jornal Grande Bahia. 1 de maio de 20013.

A arquitetura militar italiana data de meados do século XV e foi fortemente


influenciada pelo renascimento italiano através do conceito de cidade-ideal. Essa
tipologia arquitetônica caracteriza-se principalmente por sua praça central dentro de um
polígono irregular de formas retilíneas com presença de baluartes e barbetas. Segundo
Oliveira, 2004 “os engenheiros italianos puseram em prática as suas ideias muito mais
no exterior do que no seu próprio país, pois eram chamados a colaborar, em diversas
nações da Europa, e nas colônias de além-mar, como é o caso do Brasil.”

Um dos exemplos de arquitetura militar italiana no Brasil é o Forte de Monte Serrat


(imagem 02). Nos registros de Oliveira (2008) indicam que a feição Hexagonal é dada
no período de 1591 à 1602, este projeto é atribuído ao arquiteto italiano Baccio de
Filicaia, e é um dos exemplares da Arquitetura Militar Italiana do período colonial, de
forma que seu desenho italiano é evidenciado, principalmente, pelo seu terrapleno em
formato de hexágono irregular fortificado na mesma linha do polígono, sem flancos, com
torreões cilíndricos em todos os seus ângulos obtusos salientes. Outro aspecto que
também caracteriza o desenho italiano é a presença da barbeta ao longo de toda a
extensão do Forte.

5
Forte possui, desde a sua origem, as inovações típicas da escola renascentista,
como os muros mais baixos e de maior espessura em forma de talude, guaritas de tiro
com seteiras e pontos de artilharia pesada. Além disso, o Forte conta com uma cisterna
(imagem 03), (indicado na planta com a letra G), que consiste em um sistema
responsável pelo armazenamento de água

Imagem 03: Cisterna no centro do terrapleno.

Fonte: Luise Pierote, 2018.

no centro do terrapleno e uma ponte levadiça: mecanismo amplamente utilizado na idade


média e muito comum na arquitetura militar colonial brasileira. Ambos elementos
garantiam certa autonomia à fortificação, caso fosse sitiada.

A estrutura do Forte pode ser dividida, basicamente, entre a casa do comandante e o


terrapleno como pode ser visto na imagem 04. A casa é uma estrutura de dois
pavimentos rodeada por doze esquadrias. A casa do comandante é composta por seis
arcos, sendo que um deles possui a finalidade de passagem principal e os outros cinco
dão acesso à praça alta.

6
Imagem 04: Planta baixa do Forte N. Srª de Monte Serrat e sua configuração atual com os dois
pavimentos da casa do comandante.
Fonte: Edição feita pelos alunos da turma NR-01 em Abril de 2018.1.

Imagem 05: Fachada principal do Forte N. Sr.ª de Monte Serrat.


Fonte: Sabrina Caires, 2018.

O acesso principal ao Forte e a casa é realizado por meio de uma estrutura que
abriga paralelamente uma escada e uma emblemática rampa. Essa estrutura forma um
fechamento sólido nas laterais, somente interrompido por uma passagem arquitravada
localizada abaixo da ponte de acesso (Imagem XX).

Imagem 06: Vista Lateral do Forte N. Sr.ª de Monte Serrat.


Fonte: Sabrina Caires, 2018.

No interior da casa do comandante é possível observar elementos característicos da


arquitetura colonial, como as “conversadeiras” (imagem 07) e o piso em tabuado, comum
ao período colonial. As janelas da casa, ainda que em madeira, possuem diferentes
formatações: enquanto que as do pavimento superior possuem abertura em seu eixo
7
vertical, conhecidas como gelosias (imagem 07), as do pavimento inferior possuem
fechamento externo em grades de ferro (imagem 08).

Imagem 07: Janelas do pavimento superior, Imagem 08: Janelas do térreo da


juntamente com suas conversadeiras. casa do comandante.
Fonte: Luise Pierote, 2018. Fonte: Luise Pierote, 2018.

Com toda sua robustez por sua volumetria hexagonal, o forte conta também com
torreões e suas cúpulas em cada um dos vértices do hexágono e na parte frontal uma
volumetria em formato retangular contando com uma cobertura de 4 águas na qual
possui um conjunto de 5 arcadas que dão acesso ao terrapleno juntamente com conjunto
de 10 janelas em seu pavimento superior e duas janelas no pavimento térreo. A
imponência do forte não está tão somente em sua forma e proporções, mas também pelo
seu valor cultural, histórico e arquitetônico.

Para melhor compreensão da quanto as características do estilo da arquitetura militar,


já citadas anteriormente, segue o estudo da identificação dos elementos das fachadas
do bem cultural.

8
9
PEITORIL

10
PEITORIL

11
3. ANÁLISE DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Neste tópico será mostrado de forma mais detalhada os sistemas construtivos,


elementos e materiais empregados em alvenarias, fundação, revestimentos, telhado, pisos,
forros, escadas, esquadrias e fachadas, que caracterizam a tipologia do Igreja Nossa
Senhora de Monte Serrat.

3.1 ALVENÁRIAS E ESTRUTURA

De acordo com os dados obtidos no relatório de 2001 feito pela empresa RELOC –
Restauro e Construtora, e também no plano de revitalização de Monte Serrat realizado pelo
IPHAN, foi observado que a alvenaria é composta de pedras na parte de fundação, tijolos
nas paredes, e pedra e tijolos na parte onde há o encontro da parede e a fundação (misto),
foi adicionado também paredes em alvenaria de bloco cerâmico, mais especificamente
onde foram criados banheiros. As alvenarias possuem larguras entre 50 a 110cm. A
estrutura originalmente em madeira, entretanto, foi preciso se criar uma sinta de concreto
na alvenaria, para que essa pudesse receber um novo barroteamento, além disso foi
colocado também sobre a sinta, uma viga metálica, também para servir de apoio ao
barroteamento como mostram as figuras abaixo.

Figura 01: Azulejos Artísticos. Figura 02: Azulejos Artísticos.


Fonte: Relatório da Empresa RELOC, 2001. Fonte: Relatório da Empresa RELOC, 2001.
Figura 03: Azulejos Artísticos. Figura 04: Azulejos Artísticos.
Fonte: Relatório da Empresa RELOC, 2001. Fonte: Relatório da Empresa RELOC, 2001.

Figura 05: Azulejos Artísticos. Figura 06: Azulejos Artísticos.


Fonte: Relatório da Empresa RELOC, 2001. Fonte: Relatório da Empresa RELOC, 2001.

3.2 REVESTIMENTOS
restauro RELOC, em 2001, revestimentos contidos na edificação são de argamassa em
cal hidráulica e pintura PVA nos ambientes internos como na Capela Mór, assim como
azulejos artísticos. No ambiente externo não foi encontrado nenhum documento que
relatasse sobre este item. Em proposta de restauração da Igreja Nossa Senhora de Monte
Serrat realizado pela empresa de

Figura 07: Azulejos Artísticos. Figura 08: Azulejos Artísticos.


Fonte: Relatório da Empresa RELOC, 2001. Fonte: Relatório da Empresa RELOC, 2001.
3.3 TELHADO

Foram encontradas apenas poucos dados sobre a cobertura, os dados mostrados a


seguir são resultado de pesquisa in-loco e dados segundo o Plano de Revitalização de
Monte Serrat (IPHAN). A cobertura é composta de telhas capa-canal tipo colonial, águas
com inclinação média, estrutura de cobertura em madeira, possui contraventamentos
para firmar ainda mais a estrutura.

Imagem 09: Madeiramento da cobertura da edificação.


Fonte: Acervo do IPHAN, 2001.

Imagem 10: Cobertura da edificação.


Fonte: Acervo do IPHAN, 2001.
3.4 PISOS

Foram observados 3 tipos de piso na Igreja Nossa Senhora de Monte Serrat, são eles,
piso em madeira, piso em ladrilho e o piso em pedra.

A maior parte da edificação possui piso de madeira, principalmente no pavimento


superior, do tipo tabuado corrido, que se encontra em estado de degradação por conta
da humidade e do desgaste natural de uso. O piso de ladrilho é encontrado ao longo da
Nave e do Altar Mor, ele é composto por ladrilho hidráulico. Já o piso em pedra é
encontrado em algumas áreas, como soleiras.

Imagem 11: Piso de Madeira. Imagem 12: Piso de Ladrilho Hidráulico.


Fonte: Acervo pessoal, 2018. Fonte: Acervo pessoal, 2018.

Imagem 13: Piso de Pedra.


Fonte: Acervo pessoal, 2018.

15
3.5 FORROS

Na edificação o forro utilizado em alguns ambientes, são eles, Celas, Salas de


Reunião, Corredores e Hall de Entrada do Mosteiro, o forro é de madeira, e a junta é do
tipo “saia e camisa”. O forro original teve de ser removido e trocado, por estar bastante
degradado devido a humidade.

Imagem 14: Forro de uma das Salas da Igreja Nossa Senhora de Monte Serrat.
Fonte: Acervo Próprio, 2018.

3.6 ESCADAS E RAMPA

A igreja possui duas escadas, primeira que se localiza no corredor central da igreja
que dá acesso do público ao corredor andar superior, e a segunda que dá acesso da
portaria localizada no lado da fachada leste da igreja, vai dar também no corredor central
superior. As duas são em madeira, desde a estrutura até o piso e espelho, sendo que a
que está localizada no corredor central é a única das duas que possui corrimão (também
em madeira).

17
Imagem 15: Escada do corredor central. Imagem 16: Escada do corredor
Fonte: Acervo Próprio, 2018. central.
Fonte: Acervo Próprio, 2018.

Imagem 17: Escada da portaria. Imagem 18: Escada da portaria.


Fonte: Acervo Próprio, 2018. Fonte: Acervo Próprio, 2018.

3.7 ESQUADRIAS

As esquadrias da igreja são bem parecidas, elas alternam entre os tipos guilhotina
com caixilharia de madeira e escudo interno, simples com caixilharia de madeira e tipo
basculante com caixilharia em madeira para as janelas. As portas são também em
madeira, a da entrada principal é composta por duas folhas engradadas com
almofadas, tem mais de 3m de altura e 1,7m de largura. O restante das esquadrias
será detalhado a seguir através das figuras abaixo:

18
Imagem 19: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro e escudo com
Fonte: Acervo Próprio, 2018.

Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.


Fonte: Acervo Próprio, 2018.

19
Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.
Fonte: Acervo Próprio, 2018.

Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.


Fonte: Acervo Próprio, 2018.

20
.

Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.


Fonte: Acervo Próprio, 2018.

Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.


Fonte: Acervo Próprio, 2018.

21
Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.
Fonte: Acervo Próprio, 2018.

Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.


Fonte: Acervo Próprio, 2018.

22
Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.
Fonte: Acervo Próprio, 2018.

Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.


Fonte: Acervo Próprio, 2018.

23
Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.
Fonte: Acervo Próprio, 2018.

Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.


Fonte: Acervo Próprio, 2018.

24
Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.
Fonte: Acervo Próprio, 2018.

Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.


Fonte: Acervo Próprio, 2018.

25
Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.
Fonte: Acervo Próprio, 2018.

Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.


Fonte: Acervo Próprio, 2018.

26
Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.
Fonte: Acervo Próprio, 2018.

Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.


Fonte: Acervo Próprio, 2018.

27
Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.
Fonte: Acervo Próprio, 2018.

Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.


Fonte: Acervo Próprio, 2018.

28
Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.
Fonte: Acervo Próprio, 2018.

Imagem 20: Esquadria tipo guilhotina com caixilharia em madeira e vidro.


Fonte: Acervo Próprio, 2018.

29
4. MAPEAMENTO DOS ELEMENTOS SUPRIMIDOS, ALTERADOS E CONSTRUIDOS

30
5. AVALIAÇÃO DE AUTENTICIDADE DO BEM CULTURAL E
RELAÇÃO COM SEU ENTORNO

Antes mesmo da urbanização chegar a esta área o forte de Nossa Senhora de


Monte Serrat já estava lá. Situado a 18 metros a cima do nível do mar, a beira da Baía
de Todos os Santos, quase no extremo norte da península itapagipana encontra-se esta
fortaleza com toda sua imponência. Erguido sobre um pequeno monte, servindo de
sentinela para possíveis ataques, e sim, ele foi palco de muitas batalhas mas hoje se
tornou um admirável mirante com toda sua elegância senhorial proveniente de toda sua
memória e marcas do tempo e dos usos passados por ele.

RELAÇÃO COM O ENTORNO

O forte encontrasse inserido nos limites do conjunto arquitetônico e paisagístico


tombado pelo IPHAN em 1938, o perímetro do tombamento é dos Mares e da Penha:
Praça Adriano Gordilho, ruas Rio Araguaçu e Rio Almada, faixa marítima até à Praça
Adriano Gordilho. A salvaguarda do edifício e do seu entorno é de extrema importância,
pois caso não houvesse esse tipo de intervenção o descaso com o bem cultural seria
maior.

A apropriação do espaço do forte hoje é mais de cunho turístico, o mesmo


encontra-se aberto durante a semana mas só há acesso livre ao terrapleno e sanitários
que ficam na parte térrea do forte. O seu entorno tem grande dinâmica urbana nos finais
de semana, momento que o forte encontra-se fechado. Muitos que vem de longe se
reúnem para ver o pôr do sol no gramado que circunda o forte e os que estão perto
aproveitam dos campos e da praia para o lazer.

O comercio informal de alimentos é presente no local, entretanto a predominância


de atuação é marcante aos finais de semana. Identificamos que no local existe uma
barraca, localizado na lateral esquerda de quem entra no Forte, que funciona quase que
todos os dias da semana. Uma construção de porte pequeno e gabarito baixo, com
aproximadamente 10m². Não temos informações de quando ela foi construída, nem se
houve autorização para a sua construção, mas ela está aparentemente inserida no
contexto e serve a população que frequenta o local.

31
Imagem 21: Barraca de coco.
Fonte: Igor Cardoso, 2018.

Visto que este equipamento está mais relacionado a praia do que ao Forte, pode
ser que neste caso, o ideal fosse tentar ajustar a sua localização, transferindo-a para
uma área mais próxima da praia. Além disso, precisaria haver melhores condições de
higiene e organização, bem como uma análise do tráfego, afim de evitar que a
movimentação no comércio gere conflito para os pedestres que querem frequentar o
Forte.

Para melhoria da acessibilidade e enquadramento aos preceitos normativos


vigentes é fundamental que as calçadas sejam requalificadas, visto que muitas delas não
possuem rampas para acesso a cadeirantes e piso tátil para deficiente visual. Nota-se
em alguns trechos que os passeios estão em aceitável estado de conservação e bom
espaçamento, contudo, em outros, existem desgastes, buracos, descontinuidade da
adequada largura e conflitos à caminhabilidade provocados por arvores, poste de
iluminação e distribuição de energia elétrica devido a inexistência de facha de serviço
nas caçadas e até mesmo diferença na declividade entre calçadas, dificultando a
caminhada. Outro quesito preponderante para melhoria da acessibilidade/mobilidade no
entorno do Forte é a implantação de faixas de pedestre e a complementação na
sinalização de trânsito, pois apesar de termos trafegabilidade veicular de
aproximadamente 40 Km/h, acreditamos que o devido tratamento para tais questões
trará conforto e segurança para todos.

32
Com relação ao tráfego, tanto de veículos quanto de pedestres, observamos que
durante a semana ele pode ser considerado bastante tranquilo e de pequeno fluxo,
Porém nos finais de semana, quando o local é mais visitado, este tráfego se intensifica,
o que acaba gerando alguns conflitos, inclusive com carros estacionados em locais
proibido. Este problema tanto dificulta o acesso dos pedestres ao Forte, como causa
certa poluição visual na paisagem. Isto ocorre principalmente pela falta de
estacionamento próximo à praia, que é o local mais frequentado nos finais de semana.
Além disso, nota-se que existem poucas opções de pontos de ônibus nesta localização,
o que talvez pudesse diminuir a quantidade de veículos nestes períodos.

AUTENTICIDADE DO OBJETO DE ESTUDO

A proteção e a valorização dos patrimônios culturais são uma contribuição


essencial ao desenvolvimento humano por manter viva a identidade cultural e sua
memória. Num mundo onde é cada vez mais nítida a presença da globalização na
homogeneização da identidade e dos valores culturais, a autenticidade aparece como o
fator de qualificação do respeito aos valores de determinado bem. Na conservação do
patrimônio cultural, são requisitos básicos para a avaliação dos aspectos de
autenticidade o conhecimento e a compreensão das fontes de informação relativas as
características originais e subsequentes do patrimônio cultural e do seu significado,
julgadas sempre dentro do contexto cultural a que pertence. A capacidade de
compreendermos esses valores, dependente do grau de veracidade das fontes de
informações. Por essa razão é importante que dentro de cada cultura haja um
reconhecimento dos valores culturais, bem como da fidelidade das fontes de
informações, permitindo o uso dessas fontes, sejam elas relacionadas ao desenho e a
forma, ao uso e a função ou aos materiais e substâncias, por exemplo, na caracterização
da dimensão artística, histórica, social e científica de determinado bem a ser estudado.
O Forte de Nossa Senhora de Monte Serrat pode ser considerado um modelo da
arquitetura militar de grande importância no Brasil, tanto pela conservação ao longo do
tempo, quanto pela morfologia topográfica e a conformidade com o entorno.

O forte é um dos poucos exemplares que não possuem tantas alterações mesmo
transcorridos 435 anos desde sua implantação. O mesmo conseguiu manter suas
principais características e valores trazidos pela escola italiana mesmo havendo
transformações bastante questionáveis. As maiores agressões ao bem cultural em

33
questão aconteceram no séc. XX, com a chegada do cimento. O forte acabou sendo
vítima da falta de bom senso e cuidado, a falta de criatividade dos arquitetos solicitados
para planejar e executar os ditos “restauros” fez com que o uso dado ao forte fosse mais
importante que o mesmo. Janelas foram substituídas, pontes concretadas, escadas pré
moldadas, guaritas se tornaram sanitários, arcadas foram vedadas, terrapleno e guaritas
cimentados, para arrematar a injuria ao bem, lajes de concreto armado são introduzidas
para abrigar banheiros e suportar tanques. Mas também houve intervenções que deram
significância para os elementos como na retirada das alvenarias das arcadas (projeto de
2007 realizado pela TABA)

Além do uso e manutenção diária, o pertencimento, respeito, conhecimento e


reconhecimento dado a um bem cultural faz com que o mesmo sobreviva por mais tempo.
É certo de que há vários meios de intervir em um bem cultural, mas quando essas
qualidades são empregadas pelo interventor de fato haverá empatia e melhor atenção
nas mediações do projeto a ser executado.

34
REFERÊNCIAS

Arquivo Público do Estado da Bahia, Ladeira Quintas dos Lázaros, 50 – Baixa de Quintas,
Salvador-BA, 40300-315. Visitado em: 06 de abril de 2018.

BAHIA, Secretaria da Cultura e Turismo IPAC – BA: Inventário de proteção do acervo


cultural da Bahia; Monumentos do Município do Salvador, v.1, 1997.

CAMPOS, João da Silva. Fortificações da Bahia. Serviço do patrimônio histórico e


artístico nacional – Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro, n.7, 1940.

FONSECA, Fernando Luiz da. Arquitetura militar da cidade do Salvador. 1971, 84 f.


Tese (Prof. Titular em Arquitetura). FAU-UFBA – Faculdade de Arquitetura da
Universidade Federal da Bahia. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 1971.

Fundação Gregório de Mattos, R. Chile, 31 – Centro, Salvador-BA, 40020-000. Visitado


em: 04 de abril de 2018.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTISTICO NACIONAL. Acervo


Digital. Salvador, BA, 2018
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTISTICO NACIONAL. Arquivo.
Salvador, BA, 2018
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTISTICO NACIONAL. Biblioteca.
Salvador, BA, 2018
IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia, Tv. 28 de
Setembro, 15, Centro, Salvador-BA, 40323-710. Visitado em: 04 de abril de 2018.

IPAC. Projeto de Restauro elaborado pelo Escritório TABA – Arquitetura, Ideias e


Soluções. Salvador, Desembro de 2010.
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Visconde de Itaparica, 8,
Barroquinha, Salvador-BA, 40024-082. Visitado em: 28 de março de 2018.

Museu Tempostal – R. Gregório de Matos, 33, Pelourinho, Salvador-BA, 40026-240.


Visitado em: 04 de abril de 2018.

OLIVEIRA, Mário Mendonça de. As fortalezas e a defesa de Salvador. Brasília-DF:


IPHAN/Programa Monumenta, 2008.

OLIVEIRA, Mendonça Mário. As Fortificações Portuguesas de Salvador Quando Cabeça


do Brasil. Salvador, 2004;
35
SIMAS, Eduardo Furtado. Relatório Sibre Vistoria Realizada à Fortaleza de Monte Serrat.
10 de

36

Anda mungkin juga menyukai