In:
SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador.
Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.
INTRODUÇÃO
3
Mais adiante, no tópico “O simbolismo do Eneagrama”, é explicado o significado de cada uma das
partes da figura matemática do eneagrama.
4 A figura 1 está no final do tópico “O simbolismo do Eneagrama”.
5
No corpo do texto são discutidas e explicadas as questões apresentadas nesses itens.
6
PATERHAN, Christian. Eneagrama: um caminho para o seu sucesso individual e
profissional. São Paulo: Madras, 2003.
7
RISO, D. R.; HUDSON, R. A sabedoria do Eneagrama. São Paulo: Cultrix, 1999.
PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In:
SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador.
3
Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.
Rohr e Ebert (1992, p.23)8, afirmam que esse conhecimento foi sintetizado na
forma de um símbolo a partir das descobertas matemáticas dos islâmicos sobre o
valor do zero e o sistema decimal e que o nome Eneagrama só surgiu
posteriormente. A palavra Eneagrama origina-se dos vocábulos gregos Ennea
(nove) e Gramma (pontos, algo escrito, letra, figura ou modelo)9, recebendo a
tradução literal de “figura de nove pontas”, e fazendo referência à arquitetura
geométrica, psicológica e espiritual revelada pelo símbolo ao qual está atrelada.
O Eneagrama chegou à época moderna por meio da tradição oral, sendo
passado de mestre para discípulo por séculos, e, para Maitri (2000, p.219-20)10,
esse é o motivo de suas origens estarem envoltas em mistérios. Contudo, sabe-se
que ele foi levado do Oriente para o Ocidente pelo caucasiano George Ivanovitch
Gurdjieff (1870-1949) e seus seguidores, na década de 1920, e pelo boliviano Oscar
Ichazo, nas décadas de 1960 e 1970.
Riso e Hudson (1999, p.29)11 explicam que Gurdjieff viajou por vários
continentes e países, conhecendo monastérios e santuários remotos e aprendendo
acerca das antigas tradições sapienciais da humanidade. Numa dessas viagens,
possivelmente à Turquia ou ao Afeganistão, teria entrado em contato com uma
ordem secreta sufista12 denominada Fraternidade de Sarmoung (Fraternidade das
Abelhas), com a qual aprendeu sobre o Eneagrama. Este se tornou a base do seu
sistema de transformação da consciência “O Quarto Caminho”, o qual foi ensinado
inicialmente por ele e seus seguidores na década de 1920.
Melendo (2001, p.11)13 esclarece que Gurdjieff referia-se a essa “figura de
nove pontas” como um mapa de processos naturais, sem chamá-lo de Eneagrama,
e que a sua utilização para compreensão de padrões psicológicos obstrutores da
consciência14 só aconteceu a partir da divulgação das idéias de Oscar Ichazo. Rohr
e Ebert (1992, p.25)15 afirmam que Ichazo foi a primeira pessoa a fazer uma
8
ROHR, R; EBERT, A. Eneagrama: as nove faces da alma. Rio de Janeiro: Vozes, 1992.
9
Melendo (2001, p.12) afirma que o vocábulo “grama” vem de “grammos”, significando pontos.
Webb (1998, 11) explica que ele vem de “gramma”, sendo interpretado como “algo escrito”.
Palmer (1999, p.18) mostra que sua raiz está no termo “grama” recebendo o sentido de letra,
figura ou modelo. Por isso, várias traduções são possíveis para essa palavra.
10
Ibid., p.219-220.
11
Ibid., p.29.
12
No próximo tópico é explicada a relação entre o Eneagrama e o sufismo.
13
MELENDO, Maite. O Eneagrama. São Paulo: Loyola, 2001.
14
Nos tempos atuais, esse é o maior uso dado ao Eneagrama.
15
Ibid., p.25.
PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In:
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O ENEAGRAMA E O SUFISMO
16
Ibid., p.11.
17
Ibid., p.22.
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SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador.
5
Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.
18
Ibid., p.23.
19
ZUERCHER, S. A espiritualidade do Eneagrama. São Paulo: Paulus, 2003.
20
Ibid., p.13.
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O SIMBOLISMO DO ENEAGRAMA
A primeira figura geométrica que compõe o símbolo do Eneagrama é um
círculo21, o qual consiste em uma mandala universal presente em quase todas as
culturas (Riso e Hudson, 1999, p.30)22. Algumas informações centrais que ele traz
são: 1) cada ser e o universo são todos complexos com infinitas possibilidades de
manifestações; 2) esses todos se constituem em unidades integradas, apesar de se
manifestarem de diversas maneiras particulares na realidade23; 3) esses processos
de manifestação são expressões concretas da consciência; 4) ser um todo é a
essência de toda individualidade e coletividade e, então, o círculo representa
também a essência.
A segunda figura do Eneagrama é um triângulo eqüilátero24, cujas pontas
tocam o círculo25 formando os pontos 9, 6 e 3 desse mapa de consciência. Ele está
relacionado com o que Gurdjieff chamava de “Lei de Três”: tudo resulta da interação
de três forças principais, ou seja, o todo que cada ser e o universo são apresenta
três aspectos centrais. Riso e Hudson (1999, p.31)26 dizem:
Surpreendentemente, quase todas as grandes religiões pregam que o
universo não é a manifestação de uma dualidade, como ensina a lógica
ocidental, mas sim de uma trindade. Nossa forma usual de ver a realidade
baseia-se em pares de opostos, como bom e mau, preto e branco, macho e
fêmea, introvertido e extrovertido, e assim por diante. As antigas tradições,
por sua vez, não vêem o homem e a mulher, mas homem, mulher e criança.
As coisas não são classificáveis segundo o preto ou o branco, mas segundo
o preto, o branco e o cinza.
21
Ver a representação do círculo na figura 1, no final desse tópico.
22
Ibid., p.30.
23
Cada ser manifesta-se no mundo de maneira individual e específica, apesar de fazer parte de um
todo maior que a sua individualidade.
24
Triângulo eqüilátero é aquele com três lados iguais. Ver sua representação na figura 1, no final
desse tópico.
25
Ver a representação do triângulo no círculo na figura 1, no final desse tópico.
26
Ibid., p.31.
27
Ibid., p.30.
28
Ibid., p.43.
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SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador.
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29
A héxade é uma figura geométrica com seis pontas, ou seja, um hexágono incompleto. Ver a sua
representação na figura 1, no final desse tópico.
30
Ver a representação da héxade no círculo na figura 1, no final desse tópico.
31
Ver o símbolo completo do Eneagrama na figura 1, no final desse tópico.
32
Ibid., p.31.
PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In:
SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador.
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ENEAGRAMA E CONSCIÊNCIA
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A denominação do que é a essência é diferente em cada tradição, podendo ser chamada também
de Deus, Ser, Natureza Búdica; Vazio Criativo; Consciência Superior; Todo Auto-consciente;
Verdadeira Natureza.
34
WILBER, Ken. Uma breve história do universo: de Buda a Freud. Rio de Janeiro: Nova Era,
2001.
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SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador.
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NARANJO, Cláudio. Os nove tipos de personalidade: um estudo do caráter humano através
do Eneagrama. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
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Ibid., p.50.
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Trata-se de um padrão habitual de reação que ele utiliza para lidar com a vida.
Daniels e Price (2000, p.15)37 afirmam:
Cada um dos nove padrões baseia-se numa tendência explícita de
percepção. Essa tendência, ou filtro, determina os objetos aos quais você
presta atenção e o modo pelo qual você dirige o uso da sua energia. Cada
um dos nove padrões é um postulado básico, uma crença, acerca do que é
necessário para a sobrevivência e a satisfação na vida.
O Traço Principal de cada pessoa (assim como seus outros traços) foi
formado para proteger um aspecto particular do seu ser o qual parecia ameaçado
durante a fase de formação da personalidade38. Ele atua como um “piloto
automático” entrando em ação sempre que o indivíduo afasta-se da sua essência,
perdendo a base de como atuar a partir do seu ser. Embora toda pessoa manifeste-
se pelos nove pontos do Eneagrama, o Traço Principal representa seus maiores
dilemas e dificuldades e o modo que mais obstrui sua consciência.
Para as pessoas identificadas com o Traço 1 a questão que mais afeta é a
procura de um estado ideal de perfeição. Na busca de crescerem e se
transformarem acabam construindo padrões de retidão e conduta moralmente
exigentes, os quais, muitas vezes, são inatingíveis. Reduzem a sua consciência
ficando frustradas, ressentidas e irritadas por não serem como queriam, os outros
não agirem como deveriam e por acharem que o mundo é injusto. Dessa forma,
perdem a serenidade necessária para seguir a dinâmica do cotidiano com
flexibilidade e criatividade.
Para as pessoas identificadas com o Traço 2 a questão que mais afeta é a
tentativa de corresponderem as expectativas dos outros. Na busca de servirem,
atendendo atenciosa e agradavelmente as necessidades alheias, distanciam-se do
que realmente precisam e almejam. Reduzem a sua consciência sentindo-se
orgulhosas por serem úteis e depois ficando magoadas e cobrando porque ninguém
as valoriza como merecem. Dessa forma, perdem a humildade para saber quando
devem doar a si mesmas e quando devem doar-se para os outros.
37
DANIELS, D.; PRICE, V. A essência do Eneagrama. São Paulo: Pensamento, 2000.
38
A personalidade é formada durante os 30 primeiros anos de vida do ser humano a partir de três
tipos de influências: genética; ambiental; escolhas da pessoa. A determinação genética predispõe
o indivíduo para certos tipos de temperamentos ao invés de outros. A determinação ambiental o
ensina valores e crenças culturais, as quais são reveladas pelos grupos sociais de sua
convivência. As escolhas da pessoa referem-se a uma autodeterminação, ou seja, cada um reage
as suas circunstâncias de vida de um modo. Seguindo ou não as predisposições genéticas,
aceitando ou refutando os padrões apresentados pelo seu meio e escolhendo comportar-se de
certa maneira diante da existência, o indivíduo vai construindo a sua personalidade, o seu modo
próprio de sentir, pensar e agir.
PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In:
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REFERÊNCIAS
WILBER, Ken. Uma breve história do universo: de Buda a Freud. Rio de Janeiro:
Nova Era, 2001.