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COMUNICAÇÃO OFICIAL

Autor
João Carlos Rodrigues da Silva
exPediente
DIREÇÃO GERAL: PROF. ME. CLÁUDIO FERREIRA BASTOS
DIREÇÃO GERAL ADMINISTRATIVA: PROF. DR. RAFAEL RABELO BASTOS
DIREÇÃO DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS: PROF. DR. CLÁUDIO RABELO BASTOS
DIREÇÃO ACADÊMICA: PROF. DR. VALDIR ALVES DE GODOY
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: PROFA. ESP. MARIA ALICE DUARTE GURGEL SOARES
COORDENAÇÃO NEAD: PROFA. ME. LUCIANA RODRIGUES RAMOS DUARTE

ficha tÉcnica

autoria: JOÃO CARLOS RODRIGUES DA SILVA


design instrucionaL: JOÃO PAULO SOUZA CORREIA
ProJeto gráfico e diagramação: FRANCISCO CLEUSON DO N. ALVES /
LUCIANA RODRIGUES R. DUARTE
caPa e tratamento de imagens: FRANCISCO CLEUSON DO N. ALVES /
autoria de materiaL comPLementar: GISELLY BEZERRA PEREIRA /
ISABELA OLIVEIRA MARTINS / MARIA ANTÔNIA DO SOCORRO RABELO ARAÚJO
reVisão tÉcnica: SILVIA BARBOSA CORREIA / FRANCISCA ANDRA SILVA OLIVEIRA
reVisão metodoLÓgica: MARIA ESTELA APARECIDA GIRO
reVisão ortográfica: KAREN BOMFIM HYPPOLITO /
SORAIA PEREIRA JORGE DE SOUSA VASCONCELOS

ficha cataLográfica

Índice para Catálogo Sistemático


1. Educação Ensino Superior I. Título

FATE : Faculdade Ateneu. Educação superior – graduação e pós-graduação. 1. ed.


Fortaleza, 2017.
ISBN 978-85-64026-38-4
Para alunos de ensino a distância – EAD.

1. Educação Superior I. Título

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por
quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autori-
zação escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do
que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Direção.
Seja bem-vindo!
Caro Estudante,

Este material didático foi produzido para você, que demonstra interesse
pela linguagem, pelo uso da língua portuguesa, ferramenta importante no dia a
dia, tanto na interação pessoal quanto na profissional dentro de uma empresa.
Aliás, talvez a mais importante, pois é pela linguagem que você se situa no mundo,
expressa suas ideias, vontades, desejos e constrói sua identidade.

Outro ponto importante a ser destacado é mais prático: você vai aprender
as nuances das regras da norma culta, as quais são exigidas nas mais diferentes
situações da vida social, como em questões de concursos e em entrevistas para
emprego. Então, diante dos desafios do uso da própria língua, costuma-se dizer
que a pessoa não sabe falar o português, quando, na realidade, ela domina e utili-
za apenas uma de suas variantes: a coloquial.

O objetivo geral desta disciplina consiste em levar o estudante a aplicar


adequadamente os múltiplos recursos disponibilizados pela língua na leitura, pro-
dução e oralização dos gêneros textuais afeitos às atividades do administrador,
em dada situação comunicativa. Espera-se que você esteja apto a dizer que “sabe
português” e, mais do que isso, que sabe empregar as variantes linguísticas nas
distintas situações discursivas, variantes essas materializadas em textos e em
gêneros textuais. Em outras palavras, espero que esta disciplina contribua para
o aprimoramento da sua competência discursiva, que você esteja interessado e
comprometido nessa empreitada. Além disso, consequentemente, possa contribuir
também para o seu sucesso profissional e pessoal.
Sumário
UNIDADE 01
A LINGUÍSTICA E UM NOVO PONTO DE VISTA SOBRE O USO DA LÍNGUA................9
1. LINGUÍSTICA E GRAMÁTICA.......................................................................................10
1.1. LINGUÍSTICA E GRAMÁTICA ONTEM E HOJE........................................................11
1.2. PRESCRIÇÃO E USO COTIDIANO DA LÍNGUA.......................................................11
1.3. FALA E ESCRITA........................................................................................................12
2. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA.............................................................................................13
2.1. AS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS................................................................................14
2.2. ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA ELABORAÇÃO
DE TEXTOS ORAIS E ESCRITOS....................................................................................19
REFERÊNCIAS..................................................................................................................22

UNIDADE 02
CONVENÇÕES DA ESCRITA...........................................................................................23
1. PONTUAÇÃO.................................................................................................................24
1.1. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE OS SINAIS DE PONTUAÇÃO...................24
1.2. O PONTO FINAL.........................................................................................................24
1.3. O PONTO E VÍRGULA................................................................................................25
1.4. A VÍRGULA.................................................................................................................27
2. O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO.............................................................................31
2.1. O QUE MUDOU: ACENTUAÇÃO E USO DO HÍFEN.................................................31
2.1.1. MUDANÇAS NO ALFABETO...................................................................................32
2.1.2. TREMA.....................................................................................................................32
2.1.3. MUDANÇAS NAS REGRAS DE ACENTUAÇÃO....................................................33
2.1.4. USO DO HÍFEN........................................................................................................36
2.2. ORIENTAÇÕES ORTOGRÁFICAS.............................................................................39
2.2.1. USO DE S E Z..........................................................................................................39
2.2.2 USO DE J E G ..........................................................................................................41
2.2.3. USO DE X E CH.......................................................................................................42
2.2.4. SUBSTANTIVOS GRAFADOS COM Ç, SS OU S DERIVADOS DE VERBOS.......43
2.2.5. USO DE E E DE I EM TERMINAÇÕES VERBAIS ..................................................44
2.2.6. PALAVRAS HOMÔNIMAS E PARÔNIMAS.............................................................44
2.2.7. USO E GRAFIA DOS PORQUÊS............................................................................46
REFERÊNCIAS..................................................................................................................47

UNIDADE 03
GRAMÁTICA E PRODUÇÃO TEXTUAL............................................................................49
1. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL: USOS MAIS FREQUENTES......................50
1.1. CONCORDÂNCIA VERBAL........................................................................................50
1.1.1. OUTROS CASOS DE CONCORDÂNCIA VERBAL.................................................54
1.2. CONCORDÂNCIA NOMINAL......................................................................................57
1.2.1. ADJETIVO REFERENTE A VÁRIOS SUBSTANTIVOS..........................................58
1.3. REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL: USOS MAIS FREQUENTES..............................62
1.3.1. REGÊNCIA NOMINAL ............................................................................................63
1.3.2. REGÊNCIA VERBAL E SIGNIFICAÇÃO DOS VERBOS.........................................64
1.3.3. COMPLEMENTOS COMUNS A MAIS DE UM VERBO...........................................65
1.3.4. REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS.........................................................................65
1.3.5. VERBOS INDICATIVOS DE MOVIMENTO X VERBOS DE PERMANÊNCIA.........72
1.4. EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE.......................................................74
1.4.1. USO OBRIGATÓRIO DA CRASE............................................................................76
1.4.2. NÃO HÁ USO DE CRASE........................................................................................77
1.4.3. CASOS ESPECIAIS DE USO DA CRASE...............................................................80
1.4.4. CASOS DE USO FACULTATIVO............................................................................81
REFERÊNCIAS..................................................................................................................83

UNIDADE 04
PRODUZINDO OS GÊNEROS TEXTUAIS DA ESFERA ADMINISTRATIVA
1. TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS....................................................................................86
1.1. A DIVERSIDADE DE GÊNEROS................................................................................87
1.2. SEQUÊNCIAS TEXTUAIS: NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO, EXPOSIÇÃO,
ARGUMENTAÇÃO E INJUNÇÃO...............................................................................88
1.2.1. NARRATIVA.............................................................................................................89
1.2.2. DESCRITIVA............................................................................................................90
1.2.3. EXPOSITIVA............................................................................................................90
1.2.4. ARGUMENTATIVA...................................................................................................91
1.2.5. INJUNTIVA...............................................................................................................91
1.3. GÊNEROS E FUNÇÕES: APELATIVO, INFORMATIVO,
EXPRESSIVO, POÉTICO, METALINGUÍSTICO E FÁTICO.......................................92
1.3.1. FUNÇÃO REFERENCIAL OU DENOTATIVA..........................................................93
1.3.2. FUNÇÃO EMOTIVA OU EXPRESSIVA...................................................................94
1.3.3. FUNÇÃO APELATIVA OU CONATIVA....................................................................94
1.3.4. FUNÇÃO POÉTICA..................................................................................................94
1.3.5. FUNÇÃO FÁTICA.....................................................................................................94
1.3.6. FUNÇÃO METALINGUÍSTICA.................................................................................95
2. GÊNEROS OFICIAIS E COMERCIAIS..........................................................................95
2.1. CRITÉRIOS DE DISTINÇÃO ENTRE GÊNEROS OFICIAIS E COMERCIAIS...........97
2.2. OS GÊNEROS OFICIAIS NO MANUAL DE REDAÇÃO DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.................................................................................98
2.3. OS GÊNEROS EMPREGADOS NA INDÚSTRIA E NO COMÉRCIO.......................106
2.3.1. MEMORANDO CIRCULAR....................................................................................106
2.3.2. OFÍCIO...................................................................................................................107
2.3.3. CARTA COMERCIAL.............................................................................................110
2.3.4. ATA.........................................................................................................................112
2.3.5. E-MAIL....................................................................................................................113
2.3.6. CURRICULUM VITAE............................................................................................114
2.3.7. REQUERIMENTO..................................................................................................116
2.3.8. DECLARAÇÃO.......................................................................................................116
REFERÊNCIAS................................................................................................................118

MATERIAL COMPLEMENTAR:
A CONTRIBUIÇÃO DA COMUNICAÇÃO INTERNA NA MOTIVAÇÃO DOS
COLABORADORES: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA PORTO
FREIRE ENGENHARIA....................................................................................................119
Uni

gramática e Produção textuaL


Apresentação

Nesta unidade, você retomará mais assuntos da gramática normativa. Es-


ses assuntos já foram vistos por você no ensino fundamental e no ensino médio.
Agora é hora de uma revisão e, ao mesmo tempo, uma oportunidade a mais para
aprofundamento do estudo. São pontos importantes, porque no dia a dia de uma
empresa – e também no seu próprio dia a dia – você é chamado a produzir textos
diversos, os quais circularão também entre seus superiores. Já imaginou um des-
ses textos produzidos por você sair circulando por aí cheio de “erros de português”,
como se diz? Ainda é tempo de você compreender as regras de concordância
nominal e verbal, da regência e da crase, a fim de aplicá-las posteriormente na
produção de textos da esfera administrativa, tanto orais como escritos. Ao trabalho!

Objetivos de aprendizagem

• Compreender as regras de concordância nominal e verbal, aplicando-as poste-


riormente na produção de textos da esfera administrativa;
• Diferenciar os aspectos sintático-semânticos das regências verbal e nominal;
• Compreender os diferentes usos da regência nominal e verbal;
• Compreender os casos gerais e específicos do uso do sinal indicativo de cra-
ses, à luz da regência verbal;
• Empregar adequadamente as regras do sinal indicativo de crases na produção
textual.

COMUNICAÇÃO OFICIAL 49
1. Concordância verbal e nominal: usos mais frequentes
Concordância é a acomodação das flexões das palavras que se rela-
cionam entre si na frase. Concordância verbal, em termos gerais, consiste na
relação entre verbo e sujeito, em que este deve concordar com seu sujeito em
número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª). Veja a síntese das regras. Co-
mece pelos casos mais comuns de CONCORDÂNCIA VERBAL (BECHARA, 2009;
AZEREDO, 2008; SAVIOLI, 1997).

1.1. Concordância verbal

a) Com sujeito simples: o verbo concorda com o sujeito simples (termos em italic
nos exemplos a seguir) em número e pessoa.
Exemplos:
O gerente pediu dois novos relatórios.
Depois do Natal, vêm as prestações.

b) Com sujeito composto antes do verbo:

• O verbo vai para o plural quando o sujeito é anteposto:


Exemplo: Os novos empregados e seus supervisores reuniram-se ontem.
• O verbo vai para o singular caso os núcleos estejam resumidos por nada, tudo,
ninguém.
Exemplo: Grampeador, durex, calendário, canetas, porta-retrato, tudo estava
espalhado sobre a mesa do chefe.

c) Com sujeito composto posposto depois do verbo: o verbo vai para o plural ou
concorda com o núcleo mais próximo:
Exemplos:
No trabalho, convivem a alegria e a tristeza.
No trabalho, convive a alegria e a tristeza.

d) Com sujeito composto por diferentes pessoas do discurso: o verbo vai para o
plural na pessoa que prevalecer, assim: [eu + tu + ele = nós]
Exemplo: Maria, Francisco e eu formamos uma equipe.; [tu + ele = vós/vocês].

e) Com sujeito representado por substantivo coletivo: verbo no singular.


Exemplo: O bando assaltou um carro de entregas da nossa empresa.
50 COMUNICAÇÃO OFICIAL
Fique atento

Se o coletivo vier seguido de expressão modificadora no plural, admite-se


verbo no singular ou no plural.
Exemplo: Um bando de pombos fez um ninho próximo à minha janela. (verbo
no singular, concorda com “um bando”) ou
Um bando de pombos fizeram um ninho próximo à minha janela (verbo no
plural, concorda com “de pombos”).

f) Com sujeito constituído de pronome de tratamento: verbo fica obrigatoriamente


na terceira pessoa.
Exemplos: Vossa Excelência já assinou o documento?
Vossa Senhoria não me engana.
Vossas Senhorias se enganaram.

g) Com sujeito constituído por nomes próprios só usados no plural:

• Se o nome não for precedido de artigo, o verbo fica no singular:


Exemplos: Minas produz queijo e poetas.
EUA oferece ajuda a aliados.
• Se houver artigo, o verbo vai para o plural:
Exemplos: As Minas Gerais produzem queijos e poetas.
Os EUA oferecem ajuda a aliados.

Memorize

Em títulos de obras, pode-se empregar o singular ou o plural:


Exemplo: Os Sertões são/é um grande livro de Euclides da Cunha sobre
Canudos.

h) Com sujeito constituído por QUE ou QUEM:

• pron. + QUE → verbo concorda com pronome que antecede o QUE.


Exemplos: Sou eu que trago o material.
COMUNICAÇÃO OFICIAL 51
És tu que levas alegria à minha vida.
São eles que levam a culpa.
• pron. + QUEM => verbo fica na 3ª pessoa do singular ou concorda com o pro-
nome que antecede o QUEM.
Exemplo:
Fui eu quem falou/falei as verdades e os colegas não gostaram.

i) Com núcleos do sujeito unidos por OU:

• verbo fica no singular se houver ideia de EXCLUSÃO:


Exemplo:
Anjo ou demônio ali logo se via.
• verbo fica no plural se houver ideia de ADIÇÃO:
Exemplo:
Meu chefe ou meus colegas sempre reclamam de mim.

Fique atento

Quando se quer destacar o primeiro elemento, pode-se deixar no singular.


Exemplo: O Presidente com sua comitiva chegou à cidade.

j) Com núcleos do sujeito unidos por COM: o verbo fica no plural (com = e).
Exemplo: O Presidente com a sua comitiva chegaram à cidade.

k) Sujeito de verbo transitivo direto na forma passiva sintética: o verbo concorda


com o substantivo que é sujeito passivo (se apassivador).
Exemplos:
Ouviram-se as reclamações.
Ouviu-se uma reclamação.
Vende-se casa.
Vendem-se casas.
Corta-se cabelo.
Fazem-se unhas.
Compram-se sucatas.
52 COMUNICAÇÃO OFICIAL
Fique atento

Se o sujeito é indeterminado, o verbo é transitivo indireto (exige preposição)


ou intransitivo fica somente no singular.
Exemplos:
Assiste-se hoje a crimes bárbaros.
Precisa-se de costureiras com experiência.
Trata-se de uma explosão de casos de dengue.
Necessita-se de pedreiros.
Não se morre de raiva.

l) Com sujeito formado por expressões específicas:

• um ou outro: verbo permanece no singular (exclusão).


Exemplos: Um ou outro terá de trabalhar domingo.
Uma ou outra não foi batida neste mês.
• um e outro; nem um nem outro, nem... nem: verbo deve ir para o plural ou
singular, se indicar exclusão.
Exemplos: Um e outro tinham resolvido sair cedo do trabalho.
Nem um nem outro havia previsto as falhas.
Nem um nem outro puderam entrar no local da reunião.
• um dos que: verbo fica, em geral, no plural.
Exemplos: Não sou um dos que acreditam nas novidades da tecnologia.
O meu colega de infância fora um dos que não resistira às tentações.
• mais de; menos de: verbo concorda com o numeral que consta na expressão.
Exemplos: Mais de umeleitor anulou o voto.
Mais de duzentas alunas participaram do concurso.
• quais de nós; quantos de nós; alguns de nós; muitos de nós: verbo concorda
com o pronome indefinido ou interrogativo, ficando na terceira pessoa do plural,
ou concorda com o pronome pessoal.
Exemplos: Quais de nós são/somos corajosos para enfrentar o chefe quando
ele está zangado?
Quantos de nós batalharão/batalharemos pela liberdade de expressão.
Muitos de nós vimos/viram a saída para a iminente falência da empresa.
COMUNICAÇÃO OFICIAL 53
1.1.1. Outros casos de concordância verbal
m) DAR; BATER; SOAR: quando indicam horas, concordam com o numeral (quan-
tidade de horas).
Exemplos: Quando deu uma hora, começaram as palestras.
Soavam duas horas, e o trabalho recomeçava.
Bateram quatro horas no relógio da praça.

n) HAVER; FAZER; TER; ESTAR; IR (como impessoais): ficam na terceira pessoa


do singular.
Exemplos:
Fará 50 anos essa revolução.
Havia jardins e praças bem cuidados na empresa.
Faz cem anos da I Guerra Mundial.
Deveria haver mais jardins e praças bem cuidados na nossa cidade.
Tem horas que me falta a paciência com vocês.
Vai em mais de dois anos que não sei o que são férias.
Está muito quente hoje.

Fique atento

ACONTECER, OCORRER, BASTAR e EXISTIR apresentam, em geral,


sujeito posposto e devem concordar com ele.
Exemplos: Aconteceram muitos escândalos ultimamente no Brasil.
Ocorreu um acidente na Linha Amarela.
Bastam duas indicações para o cargo.
Existem publicações que devemos ler.

o) SER: concorda ora com o sujeito, ora com o predicativo.

I. Concorda com o PREDICATIVO nos seguintes casos:

• nas orações iniciadas por pronomes interrogativos, demonstrativos ou indefinidos.


Exemplos: Que são seis anos?
Quem teriam sido os primeiros colocados?
Tudo são flores.
Isto são fofocas...
54 COMUNICAÇÃO OFICIAL
• quando o sujeito for “o resto” ou “o mais”:
Exemplos: Cultive a honestidade e a lealdade. O resto são atributos sem im-
portância.
Há mansões, mas o mais são casebres.

II. Concorda com o SUJEITO no seguinte caso: quando o sujeito for nome próprio
ou pronome pessoal.
Exemplos: Fernando Pessoa é muitos poetas em um só.
Todo eu era olhos e coração para ela.

III. Nas indicações de data, hora e distância, SER concorda com o numeral.
Exemplos: Eram doze horasquando terminou meu turno.
É uma da manhã! Vá dormir!
São doze metros até o portão.
Hoje é dia 20 de janeiro de 2014.
Hoje são vinte de janeiro.

Fique atento

Um caso especial merece destaque: a locução PARECER + INFINITIVO


admite duas possibilidades de concordância: flexiona-se o primeiro e não o segundo,
ou vice-versa. Exemplo: Neste nosso ambiente, as pessoas parecem murchar. Ou:
as pessoas parece murcharem.

Alguns casos de concordância

Regra geral: o verbo concorda com o núcleo sujeito em pessoa e número.


A primeira fase dos processos seletivos serão no auditório Dr. Manoel Neto.

Sujeito composto após o verbo: verbo fica no plural ou concorda com o núcleo mais próximo:
Atrapalharam nosso desempenho a pressa e a concorrência entre nós mesmos.
Atrapalhou nosso desempenho a pressa e a concorrência entre nós mesmos.

Sujeito com presença de OU/NEM: se houver ideia de exclusão, o verbo fica no singular; se for
de adição, vai para o plural.
Argentina OU Alemanha vencerá a competição.

COMUNICAÇÃO OFICIAL 55
Pressa OU concorrência prejudicam o desempenho.
Nem você nem o João serão escolhidos...
Nem você nem o João se casará com ela.

Verbo + pronome “se”:


• se o verbo e transitivo direto e o pronome é apassivador, então o verbo concorda com o sujeito:
Vendem-se casas. Alugam apartamentos na praia. Compram-se carros usados.

• se o verbo e intransitivo ou transitivo indireto e o pronome é índice de indeterminação do


sujeito, então o verbo fica no singular: Precisa-se de pedreiros. Necessita-se de serventes. Trata-se
de casos isolados. Discorda-se da opinião emitida.

Expressão partitiva + expressão no plural modificando-a:


• verbo no singular ou no plural: a maior parte dos acionistas discordou/discordaram.

Expressão numérica com valor aproximado:


• verbo concorda com o valor do numeral: Mais de dez pessoas reclamaram.

Com os pronomes QUE e QUEM:


• que: verbo concorda com o antecedente deste pronome: Todos sabemos os problemas que
aconteceram. Todos viram o problema que aconteceu.
• quem: verbo concorda com o antecedente ou fica na 3ª pessoa do singular: Foram os auditores
quem descobriram/descobriu a verdade.

Pratique
1. Tendo em vista a concordância verbal, corrija as frases a seguir.
a) Existe pessoas interessadas na compra da casa.
b) Haveriam questões fáceis na prova.
c) Basta duas reuniões para resolvermos o problema.
d) Vende-se casas novas.
e) Neste concurso, devem haver mais de 10 mil candidatos.
f) Se não houvesse surgido tantos pedidos, o estoque estaria bem.
g) Espera-se novas contribuições.

• Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e


colega, na sala virtual.
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56 COMUNICAÇÃO OFICIAL
1.2. Concordância nominal

Concordância nominal é o processo utilizado pela língua para marcar for-


malmente as relações de determinação ou dependência morfossintática, existen-
tes entre os termos dos grupos de palavras (chamados de sintagmas), no interior
das orações. A concordância nominal se estabelece entre o núcleo de um grupo
nominal (e suas flexões de gênero e número) e todos os termos a ele associados
(ABAURRE, 2006).

Figura 01: Diagrama da concordância nominal.

ADJETIVOS SUBSTANTIVOS
PRON. ADJETIVOS CONCORDAM EM GÊNERO PRONOMES
ARTIGOS NUMERAIS E NÚMERO COM NUMERAIS
PARTICÍPIOS SUBSTANTIVOS

OS MEUS DOIS ANTIGOS PROFESSORES CATEDRÁTICOS

1444442444443
SINTAGMA NOMINAL
Fonte: Produzido pelo autor.

Concordância do adjetivo com mais de um substantivo é influenciada:

• pela posição do adjetivo: antes ou depois dos substantivos;


• pelo gênero e número dos substantivos com os quais o adjetivo concorda; e
• pela função sintática do adjetivo: adjunto adnominal ou predicativo.

Daí, você pode escrever a seguinte regra geral: O artigo, o pronome, o


numeral e o adjetivo devem concordar em gênero e número com o substantivo ao
qual se referem. Veja o exemplo esquematizado a seguir:

Exemplo:
Os nossos dois brinquedos preferidos estão quebrados.

artigo pronome numeral substantivo adjetivo


(masc. pl) (masc. pl) (masc. pl) (masc. pl) (masc. pl)

COMUNICAÇÃO OFICIAL 57
1.2.1. Adjetivo referente a vários substantivos
a) Quando o adjetivo vier DEPOIS de dois ou mais substantivos do mesmo gênero, há
duas possibilidades de concordância: o adjetivo assume o gênero do substantivo
e vai para o plural, ou concorda em gênero e número com o mais próximo.

Exemplos:
secretário espanhol.
O governador recebeu ministro e123 123

O governador recebeu1
ministro
442 e secretário
443 123 espanhois.
masculino/plural

b) Quando o adjetivo estiver ANTES de dois ou mais substantivos de gêneros diferen-


tes, também há duas possibilidades de concordância: o adjetivo vai para o masculino
plural OU concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo.

Exemplos:
justos
O advogado apresentou1 23 argumentos
14424 e4
razão.
3
masculino/plural
O juiz apresentou justo 1
argumento e razão.
Concordou com o
123 23
substantivo mais próximo.

justa 123
O juiz apresentou 123 razão e argumento.
concordou com o
substantivo mais próximo.

Dois ou mais adjetivos referentes a um substantivo determinado por artigo


admitem duas possibilidades:

• O substantivo fica no singular e põe-se o artigo também antes do segundo adjetivo.


Exemplo: Meu professor ensina a língua inglesa e a francesa.

• O substantivo fica no plural e omite-se o artigo antes do segundo adjetivo:


Exemplo: Meu professor ensina as línguas inglesa e francesa.

c) Quando o adjetivo vier anteposto a dois ou mais substantivos, concordará com


o mais próximo, se funcionar como adjunto adnominal; entretanto se funcionar
como predicativo, haverá duas possibilidades: poderá ir para o plural ou con-
cordar com o mais próximo.
58 COMUNICAÇÃO OFICIAL
adjetivo substantivo substantivo

Ex.: Nunca vi tamanho desrespeito e ingratidão.

adjunto adnominal

Ex.: Permaneceu fechada a porta e o portão.

predicativo do sujeito (concorda com o mais próximo)

Ex.: Permaneceram fechados a porta e o portão.

predicativo do sujeito (masculino plural)

@
CO
NE
CT
E -S
E

• Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tutori@conectada.
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Fique atento

E se os substantivos forem antônimos? Quando isso acontecer, o adjetivo


irá obrigatoriamente para o plural. Exemplos:
• Passei dia e noite tensos no trabalho.
• Esse pessoal é de extremos: tem coragem e preguiça grandiosas.

COMUNICAÇÃO OFICIAL 59
Agora veja algumas palavras muito usadas – seja na fala seja na escrita –
e que sempre trazem dúvidas quanto à concordância:

d) MENOS, ALERTA e PSEUDO são advérbios e ficam INVARIÁVEIS.


Exemplos: Os soldados estavam alerta.
Há menos pessoas do que prevíamos.

e) As expressões é proibido, é necessário, é bom, é preciso quando se referem


a palavras desacompanhadas de determinantes (artigos, por exemplo), tomadas,
portanto, em sua generalidade, ficam invariáveis.
Exemplos: É proibido entrada.
Cerveja é bom.
Coragem é necessário.
Porém, COM determinante, HAVERÁ A CONCORDÂNCIA.
Exemplos: É proibido a entrada.
A cerveja é boa.
A coragem é necessária.

f) As palavras BASTANTE, MEIO, POUCO, MUITO, CARO, BARATO:



• Quando apresentam a FUNÇÃO de adjetivo, FLEXIONAM-SE, ou seja, REA-
LIZAM A CONCORDÂNCIA:
Exemplos: Serviu-nos meia porção de arroz.
Conversamos bastantes vezes a esse respeito.
Os automóveis estão caros.
As frutas estão baratas.
Já é meio-dia e meia.
• Quando têm valor de advérbio ficam invariáveis.
Exemplos: Maria está meio aborrecida.
Os alunos são bastante estudiosos.
Esses automóveis custam caro.
As laranjas custam barato.
Estamos muito cansadas.

g) Os adjetivos ANEXO, OBRIGADO, INCLUSO, MESMO, PRÓPRIO, SÓ, LESO,


QUITE concordam com o substantivo a que se referem.
60 COMUNICAÇÃO OFICIAL
Exemplos: Seguem anexos os documentos da partilha de bens.
A carta segue anexa.
Os documentos estão inclusos.
Ela mesma redigiu a carta.
Eles estão sós.
Estou quite com você.
Muito obrigada – disse ela.

Fique atento

Os advérbios só (equivalente a somente), menos e alerta e as expressões


em anexo e a sós são invariáveis, isto é, só têm essa forma. Não devo escrever,
por exemplo, “Seguem em anexos os relatórios”.

Outros exemplos:
Elas só esperam uma nova oportunidade.
Leia a carta e veja as fotografias em anexo.
Os operários ficaram a sós com o chefe.

DICAS:

I. Quando só equivaler a sozinho, será adjetivo e concordará com o substantivo.


Exemplos: Joana ficou só em casa. (sozinha)
Lúcia e Lívia ficaram sós. (sozinhas)
II. Quando só equivaler a somente, será advérbio e ficará INVARIÁVEL
Exemplos: Depois da guerra só restaram cinzas. (apenas, somente)
Eles queriam ficar só na sala. (apenas, somente)
III. Quando bastante equivaler a muiotos/muitas, será adjetivo e concordará com
o substantivo.
Exemplos: Há bastantes motivos para sua ausência. (adjetivo)
Os alunos falam bastante. (advérbio)
IV. Meio equivalente a metade = adjetivo, logo concorda com o substantivo.
Exemplo: Ela romou meia garrafa de vinho. (adjetivo)
V. Meio equivalendo a um pouco é advérbio e não varia.
Exemplo: As candidatas pareciam meios nervosas. (advérbio)
COMUNICAÇÃO OFICIAL 61
Alguns casos de concordância nominal

• Anexo, incluso, obrigado: concordam com a palavra a que se referem. Estão inclusas as
cópias que o Sr. pediu. Nós mulheres somos obrigadas a fazer isso também?

• Bastante: fica no singular quando for igual a muito/a e no plural quando for igual a muitos/as.
Você pediu bastantes cópias! Ficamos bastante irritadas com seu pedido.

• Meio: não tem plural quando é igual a “mais ou menos/um pouco”. A assessora ficou meio
chateada porque ninguém a ouviu.

1.3. Regência nominal e verbal: usos mais frequentes

Denomina-se regência a relação de interdependência estabelecida entre


palavras (termo regente e termo regido) em um grupo nominal ou verbal (BE-
CHARA, 2009; AZEREDO, 2008). Você estudará aqui a regência estabelecida por
intermédio de uma preposição (lembra-se das preposições? Não? Então, aqui está
a lista completa delas: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para,
perante, por, sem, sobre, sob, trás). A escolha da preposição depende da signifi-
cação de cada uma e da relação estabelecida com o vocábulo regente. Observe o
exemplo detalhado a seguir:
Exemplo:
Concordei com você ontem, mas hoje não.
Termo Preposição Termo

@
regente regido

E
E -S
CT
NE
CO
• Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tutori@conectada.
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62 COMUNICAÇÃO OFICIAL
1.3.1. Regência nominal

A regência nominal estuda a relação entre os nomes (substantivos, ad-


jetivos e advérbios) e os termos regidos por eles. Essa relação é sempre regida
por preposição. É válido lembrar que muitos nomes derivados (cognatos) apresen-
tam o mesmo regime dos verbos de que derivam. Assim sendo, o conhecimento
da regência de certos verbos permite que se conheça a regência dos nomes
cognatos, como o substantivo “obediência”, o adjetivo “obediente”, e o advérbio
“obedientemente”, que exigem a preposição a, exatamente como ocorre com o
verbo “obedecer”, que lhes deu origem (BECHARA, 2009; AZEREDO, 2008; SA-
VIOLI, 1997; ROCHA LIMA, 1996). Segue uma pequena relação de substantivos e
adjetivos acompanhados das preposições mais usadas.

SUBSTANTIVOS
admiração por, perante. ciente de
adepto de devoção a, por
alheio a dúvida acerca de, de, em, sobre
afeição por habilidade de, em, para
aversão a, por liberdade para, de
atentado a, contra manutenção de, em
compatibilidade entre obediência a
conformidade com ojeriza a
capacidadede, para respeito a, por

Observação: Preposição pode ser omitida antes de oração desenvolvida.


Exemplo: Não há dúvida (de) que você é o mais indicado para o serviço.

ADJETIVOS
acostumado a, com habituado a, com
agradável a, para, de imbuído de, em
ansioso por, para Impróprio para
apto para Insensível a, para, com
ávido por passível de, a
capaz de prestes a
compatível com próximo, junto a, de
contemporâneo a relacionado a, com
contraditório a residente em
diferente de satisfeito com, por
essencial a, para semelhante a, em
fácil para, de sensível a, para
favorável a, para sito em
hábil em, para

COMUNICAÇÃO OFICIAL 63
Observação: Preposição pode ser omitida antes de oração desenvolvida.
Exemplo: Estava ansioso que o expediente acabasse.

Fique atento

Os verbos que não indicam movimento exigem a preposição em. Alguns


exemplos: morar em, residir em, estar em. O mesmo acontece com o adjetivo
relacionado ao verbo “situar”: sito em. Por isso não devo escrever:
José da Silva, residente à rua B, casa 10, vem requerer 2ª chamada de prova.

Advérbios

Os advérbios terminados em–mente, em geral, seguem a mesma regência


dos adjetivos dos quais derivam.
Exemplos: análogo a – analogamente a; contrário a – contrariamente a;
contraditório com – contraditoriamente com; diferente de – diferentemente de;
favorável a – favoravelmente a; relativo a – relativamente a.

1.3.2. Regência verbal e significação dos verbos

Enquanto os nomes (regência nominal) podem apresentar duas ou mais


preposições sem alterar o significado, alguns verbos modificam o significado de
acordo com a preposição, ou seja, alguns verbos apresentam sentidos diferentes
conforme a preposição utilizada. Essa é uma diferença significativa entre regência
nominal e verbal, por isso, o estudo da sintaxe de regência verbal é bem mais
complexo do que o de regência nominal. Há, entretanto, verbos que admitem
mais de uma regência sem ter seu sentido alterado.
Exemplo: Falar sobre o assunto. Falar do assunto. Falar acerca do as-
sunto. Ele não tarda em chegar. Ele não tarda a chegar. (ABAURRE; PONTARA,
2006; SAVIOLI, 1997; BECHARA, 2009; ROCHA LIMA, 1996).

Em algumas construções, a preposição é usada para acrescentar dife-


rentes nuances de significação aos verbos. Veja os casos a seguir:

Cumpri o dever. / Cumpri com o dever. – O verbo é originalmente transitivo


direto (primeiro exemplo). A preposição serve para acentuar a ideia de cuidado, zelo.
64 COMUNICAÇÃO OFICIAL
Fiz que ele fosse aprovado./ Fiz com que ele fosse aprovado. – O verbo
fazer é transitivo direto. A preposição emprega valor de dedicação, esforço.

Comi o bolo. / Comi do bolo. – Apenas um pedaço do bolo, e não todo ele
foi comido.

Fique atento

Quando dois ou mais verbos com regências diferentes em relação a um


mesmo elemento, a gramática normativa exige que se apresentem os dois objetos
distintos: Entrei e saí da sala com extrema rapidez.
Correção: Entrei na sala e saí dela com extrema rapidez.

1.3.3. Complementos comuns a mais de um verbo

Se existir um mesmo complemento para uma sequência de verbos com a


mesma regência, você pode repeti-lo (valorizando cada um dos verbos) ou omiti-
-lo (dando ênfase ao conjunto de ações).

Exemplos: Gosto de meus amigos. Eu muito os admiro e os respeito.

Gosto de meus amigos. Eu muito os admiro e respeito.

Os verbos admirar e respeitar são transitivos diretos, o que possibilita essa


construção.

1.3.4. Regência de alguns verbos

Agora, você estudará a sintaxe de regência de alguns verbos. Lembre-


-se sempre que você deve ficar atento ao significado do verbo associado a uma
preposição ou a outra. Lembre-se, ainda, que esse estudo sempre deve ser
aplicado na produção de textos relacionados à esfera administrativa, ou seja,
na hora em que você for produzir ofícios, memorandos, atas, requerimentos,
declarações etc.
COMUNICAÇÃO OFICIAL 65
Agradar

a) No sentido de acariciar, acarinhar, é transitivo direto.


Exemplo: Com a sua habitual calma, Chico agradava o filho.

b) No sentido de satisfazer, contentar, é transitivo indireto.


Exemplo: As palavras do professor agradaram ao público que o ouvia.

Aspirar

a) No sentido de respirar, sorver, é transitivo direto.


Exemplo: Em Guaramiranga, aspiramos o ar puro da serra.

b) No sentido de desejar, pretender, buscar, é transitivo indireto (com preposição A).


Exemplo: Camila aspira ao cargo de gerente.

Fique atento

Segundo a gramática normativa, não se usa “aspiro-lhe”, e sim aspiro a


ele(s), a ela(s).
Exemplo: Camila aspira ao cargo de gerente? Sim, aspira a ele.

Assistir

a) No sentido de ver, testemunhar, presenciar, estar presente, é transitivo indireto.


Exemplos: Assistimos a um bom filme motivador.
Assistirei à peça com Miguel Falabella.

Fique atento

Da mesma forma que o verbo aspirar, o verbo assistir não deve ser usado
com o pronome lhe. Você deve usar a preposição a. Veja:
Exemplo: – Vocês assistiram ao filme motivador?
– Assistimos a ele sim.

66 COMUNICAÇÃO OFICIAL
b) No sentido de prestar assistência, confortar, ajudar, proteger ou servir, pode ser
empregado sem preposição ou com preposição “a”.
Exemplo: O enfermeiro assiste os doentes./ O enfermeiro assiste aos doentes.

c) No sentido de caber, pertencer de direito ou razão, é transitivo indireto.


Exemplo: Ao consumidor assiste-lhe o direito de trocar a mercadoria com defeito.

d) No sentido de morar, residir, usa-se a preposição EM.


Exemplo: Muitos brasileiros gostam de assistir em condomínios fechados.

Memorize

O uso do verbo assistir como sinônimo de residir é arcaico, isto é, antigo.


É raro que se use assim hoje em dia.

Atender

a) Pode ser empregado com ou sem preposição “a”:


Exemplos: O diretor atendeu os/aos funcionários.
O governador não atende as/às reivindicações dos funcionários em greve.
Marta, atenda o/ao telefone, por favor!!

Chamar

a) No sentido de chamar a presença de alguém, emprega-se sem preposição:


Eu chamei meu assessor e pedi um favor.
Ninguém o chamou aqui, seu Joaquim.
b) No sentido de pedir auxílio ou atenção, utiliza-se a preposição “por”.
Exemplo: A secretária foi à sala e disse à amiga que a filha chamava por ela.
c) Com o sentido de apelidar, dar nome, qualificar, pode ser empregado de acordo
com as seguintes construções:
Chamaram-no fofoqueiro.
Chamaram-no de fofoqueiro.
Chamaram-lhe fofoqueiro.
Chamaram-lhe de fofoqueiro.
COMUNICAÇÃO OFICIAL 67
Custar
a) No sentido de ser custoso, difícil ou complicado, tem como sujeito aquilo que
é difícil.
Exemplos: Custa-me o seu silêncio. (O seu silêncio é custoso para mim).
Custa-me dizer que você será despedido.

b) No sentido de causar, acarretar consequências, emprega-se da seguinte forma:


Exemplo: A imprudência custou-lhe uma séria repreensão.

c) No sentido de indicar preço, não se emprega com preposição.


Exemplo: Nosso novo escritório custou 50 mil reais.

Memorize

Esse verbo apresenta usos completamente diferentes quando se compara


à fala cotidiana com o que manda a gramática normativa. Veja:

Veja mais alguns verbos que admitem dupla regência, ou seja, dependem do
complemento que se usa: “coisa” ou “pessoa”, ou ainda ambos ao mesmo tempo.

Avisar

Pode ser empregado das seguintes formas:


Exemplos: Avisei a empresa do acidente. / Avisei o acidente à empresa.
A empresa foi avisada do acidente. O acidente foi avisado à empresa.

Comunicar

Esse verbo apresenta a sintaxe direta para coisa e indireta para pessoa =
comunicar algo a alguém.
Exemplo: Comunicamos ao diretor a decisão do grupo de estudo.
68 COMUNICAÇÃO OFICIAL
Cientificar

Emprega-se direto para pessoa e indireto para coisa:


Exemplo: Cientificamos o diretor da decisão do grupo.

Informar

Informamos alguma coisa a alguém (direto para coisa e indireto para pessoa)
ou informar alguém de/sobre alguma coisa (direto para pessoa e indireto para
coisa).

Assim:
Exemplos: O presidente informou o povo sobre as novidades na economia.
O presidente informou as novidades na economia ao povo.

Esquecer / Lembrar

Esses verbos admitem três construções diferentes:

• Esqueci o nome dele.


• Esqueci-me do nome dele.
• Esqueceu-me o nome dele.
• Lembro o acontecimento.
• Lembro-me do acontecimento.
• Lembra-me o acontecimento.

Implicar

a) No sentido de ter implicância com, mostrar má disposição para com alguém,


usamos a preposição “com”.
Exemplo: Implicou com os colegas.

b) No sentido de comprometer-se, enredar-se, envolver-se em situações emba-


raçosas, é acompanhado de pronome reflexivo e de complemento introduzido
pela preposição EM.
Exemplo: Atualmente muitas autoridades que se implicam em negociatas.

c) No sentido de trazer como consequência, acarretar, usa-se sem preposição.


Exemplo: Pouco estudo geralmente implica subemprego.
COMUNICAÇÃO OFICIAL 69
Obedecer/desobedecer
a) São verbos transitivos indiretos, ou seja, exigem preposição “a”.
Exemplos: Meu auxiliar não é capaz de obedecer às minhas ordens.
Obedeça à sinalização.

b) Mesmo sendo um verbo transitivo indireto, modernamente admite voz passiva:


Exemplos: A sinalização deve ser obedecida.
Idêntica caso ocorre com desobedecer.

Pedir
a) Usa-se sem preposição, exceto se houver a preposição para subentendida, e
entre o verbo e a preposição houver uma palavra como licença, autorização,
permissão.
Exemplos: Pedimos que sejam observadas as regras de convivência nessa
empresa.
Os rapazes pediram para sair mais cedo.

Perdoar – Pagar – Agradecer

a) Na língua culta, constroem-se com objeto direto em relação à coisa e objeto


indireto em relação à pessoa.
Exemplos: Perdoei o pecado que você cometeu.
Agradeça ao seu amigo a dica fornecida.
Já paguei as contas a meus credores.

Preferir

a) Deve ser usado sem termos que indiquem comparação (mais que, menos que,
mais do que). A sintaxe original é: PREFERIR ALGO A OUTRA COISA.
Exemplos: Prefiro praia a serra.
Prefiro uma reunião longa a redigir um relatório chato.

Proceder

a) No sentido de ter fundamento, portar-se, conduzir-se, não se usa preposição


(intransitivo).
Exemplos: Seu pedido não procede.
Sr. Macedo procedia brilhantemente em público.
70 COMUNICAÇÃO OFICIAL
b) No sentido de provir, originar-se, descender, usa-se a preposição “de”.
Exemplo: A língua portuguesa procede do latim.

c) Usa-se com preposição “a” no sentido de dar início, realizar.


Exemplo: Proceder-se-á a uma sindicância para apurar o caso.

Responder
a) A regência padrão exige que se use preposição “a”:
Exemplos: Os alunos devem responder às perguntas e ao questionário.

b) Esse verbo aceita a construção na voz passiva:


Exemplo: As perguntas e os questionários devem ser respondidos.

Simpatizar/antipatizar
a) O verbo simpatizar não é pronominal, ou seja, não deve ser usado nenhum
pronome junto a ele. Pede objeto indireto regido da preposição com.
Exemplos: Simpatizei com meu novo colega de trabalho. (correto)
Simpatizei-me com ele. (errado)
Não simpatizei com ele nem com suas ideias.

Visar

a) No sentido de fazer pontaria, apontar arma de fogo contra algo ou alguém, e


ainda no sentido de pôr o visto, assinar ou rubricar, não exige preposição.
Exemplos: Visei o alvo.
As autoridades visaram o passaporte.

b) No sentido de terem vista um fim, pretender, deve-se empregar de preferência


com a preposição “a”.
Exemplo: Nossa empresa não visa somente ao lucro.

Fique atento

Se após o verbo “visar” vier outro no infinitivo, então não precisa usar preposição:
Ex.: As equipes de venda visam alcançar suas metas. (E não: “...visam a
alcançar”...)

COMUNICAÇÃO OFICIAL 71
Pratique
2. Escreva nos parênteses (C) para correto ou (E) para errado, considerando a
regência verbal culta.
( ) Assiste todos o direito de lutar por justiça.
( ) Vou à serra aspirar o ar puro da montanha.
( ) Avisei-lhe da chegada das mercadorias.
( ) Pagamos os fornecedores ontem.
( ) Perdoamos os erros dos ignorantes.
( ) Obedeci ao que me foi ordenado.
( ) Notificaram os alunos sobre as provas.
( ) O novo prédio situa-se à rua Crisalda, 17.
( ) Pagamos ao banco ontem.
( ) Pisaram nos meus calos!

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colega, na sala virtual.

1.3.5. Verbos indicativos de movimento x verbos de permanência

Verbos que indicam deslocamento, movimento (chegar, ir, voltar, etc.) cons-
troem-se com a preposição “a”, em contraste com os que indicam permanência
(morar, residir, etc.), que se constroem com a preposição “em”.

Exemplos: Ele chegou ao trabalho muito cedo.


O presidente veio ao Rio de janeiro de carro.
Ele mora na rua Coletor Gadelha.
Ficarei no escritório até mais tarde.

Veja alguns verbos para sintetizar a regência. Lembre-se de que o uso na


fala cotidiana é muito diferente daquele que a gramática normativa exige.

VERBO SENTIDO/USO E REGÊNCIA


= RESPIRAR: sem preposição. Aspirou fumaça e tossiu muito.
ASPIRAR
= DESEJAR: rege preposição “a”. Aspirou ao cargo de gerente.
= VER: rege preposição “a”. Assisti ao novo filme de Padilha.
ASSISTIR
= AJUDAR: indiferente. Assisto os/aos necessitados.

72 COMUNICAÇÃO OFICIAL
= DESLOCAMENTO TEMPORÁRIO: rege preposição “a”. Cheguei/irei ao trabalho cedo.
IR / CHEGAR
= DESLOCAMENTO DEFINITIVO: rege preposição “para”. Irei para o Rio de Janeiro.
PAGAR / = OBJETO É GENTE: rege preposição “a”. Paguei ao credor.
PERDOAR = OBJETO É NÃO-GENTE: sem preposição. Paguei o cartão.
OBEDECER / Regem preposição “a”. Obedeça/desobedeça à sinalização.Aceitam passiva: A sinalização
DESOBEDECER deve ser obedecida/desobedecida.
SIMPATIZAR / Não se deve usar pronome oblíquo (me, te, se, nos, vos...).Simpatizei com você. (E não
ANTIPATIZAR “Simpatizei-me com você”)
= MIRAR ou ASSINAR: sem preposição. Visei o alvo e atirei.
VISAR
= DESEJAR: rege preposição “a”. Viso a um alto cargo na empresa.
Todos eles exigem dois complementos, organizados de duas formas:
AVISAR
1ª) Avisar/informar/notificar/prevenir alguma coisa a alguém.A empresa notificou o problema
INFORMAR
aos clientes.
NOTIFICAR
2ª) Avisar/informar/notificar/prevenir alguém de/sobre alguma coisa.Prevenimos os nossos
PREVENIR
colaboradores sobre as dificuldades.
Não usar termo que indique comparação de inferioridade ou inferioridade (mais do que,
PREFERIR
menos do que, mais que...).Prefiro carne a peixe.

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Pratique

3. Coloque “C” para as frases cuja regência verbal esteja de acordo com a norma
padrão da língua e “E” para as frases cuja regência esteja incorreta. Reescreva
as frases incorretas, corrigindo-as.
COMUNICAÇÃO OFICIAL 73
a. ( ) Carlito aspirou ao aroma das flores do campo.
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b. ( ) Lembrei de trazer a gramática para a aula de revisão.
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c. ( ) O diretor do espetáculo não lhes informou que a verba tinha sido cortada.
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d. ( ) O direito de se defender assiste ao réu.
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e. ( ) Todos os dias eu assisto a novela Malhação.
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f. ( ) Salomão já namorou com todas as garotas de sua turma.
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1.4. Emprego do sinal indicativo de crase

? ?

Curiosidade
A palavra crase tem origem no termo grego (krasis) e significa mistura, fusão.

Na língua portuguesa, crase é a junção de duas vogais idênticas: o + o


(em coordenação, cooperação); a + a = à. Na escrita, a identificação da crase se
dá pela presença do acento grave ( ` ), especificamente nos casos de contração
ou fusão da preposição a com os artigos definidos femininos (a, as) ou com os
pronomes demonstrativos aquele, aquela, aquilo.

Exemplos:
Devo obediênciaa + alei.
Devo obediência à lei.

Observe que a palavra à esquerda é o termo regente e a palavra à


direita é o termo regido:
74 COMUNICAÇÃO OFICIAL
Retornaremos à cidade hoje.
Termo Termo
regente regido

Uma vez que você tenha aprendido isso, deve estar se perguntando como
saberá se usa ou não o acento indicativo de crase. Para responder a essa pergun-
ta, entenda algumas regras práticas:

Veja o caso desta frase:

A rua da minha casa é paralela a rodovia.

• Há ou não crase no “a” antes de rodovia?


• Para saber, você deve seguir o seguinte raciocínio:

Primeiro – Veja se o termo regente (palavra à esquerda do “a”) exige ou


não preposição “a”. Se exigir, já tem 50% de chance de haver crase. No caso, a
regência da palavra “paralelo” nos diz que exige um “a” (Quem é “paralelo é para-
lelo” a algo). Se não souber a regência, troque a palavra “rodovia” por qualquer um
masculino, assim: “paralelo ao caminho”. Você viu que “apareceu” um “a”. Esse “a”
é a preposição exigida por “paralelo”.

Segundo – Veja agora se o termo regido (palavra à direita do “a”) aceita


artigo feminino “a”. Se aceitar, é preciso colocar o acento indicativo de crase,
porque você viu que o termo regente exige preposição “a”. Você tem na frase em
estudo que “rodovia” é uma palavra do gênero feminino e aceita artigo, logo há dois
“AA”, por isso a crase.

Agora a frase fica assim:

A rua da minha casa é paralela à rodovia.

Memorize
Outros exemplos para você raciocinar:
Poucos convidados compareceram à festa.
Depois do almoço, ninguém retornou à sede empresa.
Atentos às modificações, os moradores discordaram do novo regulamento.
Colocamos os móveis junto à parede.

COMUNICAÇÃO OFICIAL 75
Fique atento

Outra regra prática:


No caso de nome de lugar (cidade, país, etc.), substitua o a ou as por para.
Se der para usar para a, ponha o acento indicativo de crase:
• Irão à Colômbia (irão para a Colômbia).
• Voltou a Fortaleza (voltou para Fortaleza, e não para a Fortaleza sem crase).
• Pode-se igualmente usar a forma voltar de: se o de se transformarem da,
há crase.
• Retornou à Argentina (voltou da Argentina).
Foi a Roma (voltou de Roma e não da Roma).

1.4.1. Uso obrigatório da crase

a) Nas locuções adverbiais, prepositivas ou conjuntivas com substantivo


feminino: à vista, às pressas, às vezes, à risca, à noite, à direita, à esquerda, à
frente, à maneira de, à moda de, à procura de, à mercê de, à custa de, à medida
que, à proporção que, à força de, à espera de etc.

Exemplos:
• Chegou às pressas.
• Preço à vista: 234,00.
• Ele ainda vive à custa do pai.
• Maria estava à espera do irmão.
• Minha ansiedade aumentava à medida que o tempo passava.
• Pedi filé à moda da casa.

Fique atento

Com a locução prepositiva “à moda de”, você pode ter a omissão de


“moda de”. Fica, então, somente o “à”: Neymar fez um gol à Pelé.
Esse caso também é típico de menu de restaurantes:
76 COMUNICAÇÃO OFICIAL
Exemplos:
• Bife à milanesa.
• Peixe à baiana.
• Mas se a palavra depois do “a” for masculino então não pode haver crase:
• Bife a cavalo. (não é bife à moda do cavalo!!)

b) Nas formas àquela, àquele, àquelas, àqueles, àquilo, àqueloutro (e derivados):

Exemplos:
• Cheguei àquele (a + aquele) lugar que você me indicou.
• Vou àquelas cidades históricas de Minas.
• Referiu-se àqueles livros da lista dos mais vendidos.
• Não deu importância àquilo que a deixava preocupada.

c) Nas indicações de horas, desde que determinadas:

Exemplos:
• Chegou ao trabalho pontualmente às 8 horas.
• Saí da balada à uma da madrugada.
• Horário das aulas: 18h50 às 21h50
• O horário de verão termina à zero hora.
• O horário de verão termina à meia-noite.

Fique atento

A indeterminação afasta a crase:


Chegarei a qualquer hora.

1.4.2. Não há uso de crase

a) Palavra masculina:

Exemplos:
• Andar a pé ou a cavalo é um bom exercício.
• Aceitamos pagamento a prazo.
COMUNICAÇÃO OFICIAL 77
• Caminhadas a esmo.
• Você está cheirando a suor podre.
• Vamos à festa de fim de ano vestidos a caráter.
• Vendas a prazo.

Fique atento

Sempre use o sinal indicativo de crase quando estiver subentendido (elíp-


tico) um substantivo feminino:
Exemplos:
Referiu-se à Apollo. (à nave Apollo).
Dirigiu-se à Gustavo Barroso. (fragata Gustavo Barroso)
Vou à Melhoramentos. (Editora Melhoramentos)
Fez alusão à Isto é. (revista Isto é)

b) Nome de lugar (cidade, estado, país, etc.) que não aceite artigo “a”, mesmo
sendo substantivo feminino:

Exemplos:
• Chegou a Brasília.
• Irei a Roma esteano.
• Vou a Fortaleza.
• Retornaremos a Paris.
• Vamos Trinidad e Tobago.

Fique atento

Há crase quando se atribui uma qualidade ao local:


Exemplos:
Irei à Roma dos Césares.
Referia-me à bela Lisboa.
Chegamos à Brasília das mordomias.
Chegamos à velha e boa Londres.
Iremos à Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.

78 COMUNICAÇÃO OFICIAL
c) Verbo/perífrase verbal:

Exemplos:
• A partir de hoje, passaremos a ter mais um amigo.
• Começou a fazer frio hoje.
• Pôs-se a falar sem parar.

d) Palavras repetidas:

Exemplo:
Dia a dia, mês a mês, cara a cara, frente a frente, gota a gota, de ponta a ponta,
um a um etc.

e) Pronomes que não aceitam artigo “a”:

Exemplos:
• Pediram a ela que saísse um pouco mais tarde.
• Cheguei a esta conclusão: é muito complicado fechar uma empresa.
• Dedicou o livro a essa colega nossa.
• Não diga nada a ninguém.
• Peça a alguém para lhe dar esclarecimentos.
• Parti a toda velocidade.
• Pedi a cada um que desse opinião sincera.
• Referi-me a tudo que sabia.
• Peço a você que me escute.
• Você é contrário a alguma decisão minha?
• Recomendamos a Vossa Senhoria que acesse nosso site e faça o pedido online.

Fique atento

Os pronomes SENHORA e SENHORITA aceitam artigo “a”, logo é preciso


usar crase quando o contexto exigir.
Exemplos:
Recomendamos à Sra. Maria do Socorro que fizesse um novo curso.
Peço à senhora que não me contrarie em público.

COMUNICAÇÃO OFICIAL 79
Pratique
4. Justifique a não ocorrência de crase nos seguintes casos:
a) O SAC dá ouvidos a reclamações.
b) Não me referi a mulheres, mas a meninas.
c) A pena para esse caso pode ir de advertência a multa.

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f) Numerais:
Exemplos:
• O número de admitidos este mês chegou a oito.
• Nasci a 23 de junho.
• Fiz visitas a cinco empresas.
• Período de aplicação de provas: 2 a 6 de dezembro.

Fique atento

Se o numeral for do gênero feminino e admitir artigo, então é possível a crase:


Exemplo: Crianças morrem às centenas de fome e doenças pelo mundo.

1.4.3. Casos especiais de uso da crase

a) As palavras distância e casa: sem crase se não houver modificador; com crase
se houver:
80 COMUNICAÇÃO OFICIAL
Exemplos: A polícia ficou a distância dos manifestantes.
A polícia ficou à distância de dois quarteirões dos manifestantes. (o trecho
sublinhado modifica, especifica o quanto distante estava a polícia)
Vou a casa cedo.
Vou à casa de um amigo. (o trecho sublinhado modifica, especifica a casa)
Voltou à casa dos pais.

b) A palavra terra: se indicar o planeta ou o lugar de origem (nascimento) admite


artigo, por isso exige a crase.
Exemplos:
Os astronautas regressaram à Terra.
Meu plano é retornar à terra de onde saí.
O navio estava chegando a terra. (Sentido de terra firme, não recebe crase)
O marinheiro foi a terra. (Não há artigo com outras preposições.
Ex.: O marinheiro viajou por terra).
1.4.4. Casos de uso facultativo

a) Antes de pronome possessivo:


Exemplos:
Levou a encomenda a sua (ou à sua) tia.
Não fez menção a nossa empresa (ou à nossa empresa).
Nesses casos, a crase evita a ambiguidade.

b) Antes de nomes de mulheres:


Exemplos:
Faremos uma visita a Joana (ou à Joana).
Declarou-se a Joana (ou à Joana).

Em geral, se a pessoa for íntima de quem fala, usa-se a crase; caso con-
trário, não.

c) Com até:
Exemplo:
Os meninos foram até a praça. (ou até à praça)
COMUNICAÇÃO OFICIAL 81
Pratique
5. Escreva nos parênteses (C) para correto ou (E) para errado, considerando o
emprego do sinal indicativo de crase, segundo a norma culta.
( ) À uma hora da madrugada, não se deve perturbar o sono alheio.
( ) Diga à ela que preciso da resposta ao convite.
( ) Cuidado, obras à 100 metros.
( ) Estou visando à promoção da minha vida.
( ) Essa foto agradou a minha mãe.
( ) Alertei à moça que o celular havia caído.
( ) O gerente saiu às pressas para uma reunião.
( ) O período de férias será de 2 à 30 de outubro.
( ) Funcionaremos de segunda à sexta.

• Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e


colega, na sala virtual.

Relembre

Caros estudante, vejam os pontos principais desa unidade.


Conceito de crase: fusão de dois “AA” (a + a), o primeiro é preposição; o se-
gundo, artigo.
Método prático para saber se há crase: troca-se a palavra do gênero
feminino por uma masculina equivalente. Se aparecer “ao(s)”, é porque se deve
usar a crase.
É proibido usar crase: quando a palavra à direita do “a” é substantivo
masculino ou verbo ou pronomes ou existem palavras repetidas; quando o nome
de lugar (cidade, estado, país) não admitir artigo “a”.
É obrigatório usar crase: nas locuções adverbiais femininas que indicam
tempo (horas), lugar e modo; nas locuções prepositivas e nas conjuntivas.
Crase opcional (facultativa): antes de pronomes possessivos femininos,
antes de nomes de mulher e depois da palavra “até”.

82 COMUNICAÇÃO OFICIAL
Referências

ABAURRE, M. L. M; PONTARA, M. Gramática – texto: análise e construção de


sentido. São Paulo: Moderna, 2006.

AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 2. ed. São Paulo:


Publifolha, 2008.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. São Paulo: Nova Fron-
teira, 2009.

ROCHA LIMA, C. H. Gramática normativa da língua portuguesa. 33. ed. Rio de


Janeiro: José Olympio, 1996.

SAVIOLI, Francisco. P. Gramática em 44 lições. 13. ed. São Paulo: Ática, 1997.

Anotações
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COMUNICAÇÃO OFICIAL 83
Anotações
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Nead – Núcleo de Educação a Distância


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