a) AUSÊNCIA DE INVESTIGAÇÕES
80% dos casos de mau desempenho de obras pequenas e médias
b) INVESTIGAÇÃO INSUFICIENTE
Número insuficiente de sondagens (área extensa ou subsolo variado);
Profundidade de investigação insuficiente;
Propriedade de comportamento não determinada por necessitar de ensaios
especiais (expansibilidade, Colapsividade)
Situações com grande variação de propriedades
e) CASOS ESPECIAIS
Influência da vegetação – raízes (umidade)
Colapsividade pc=e/(1+eo); - expansibilidade – grandes recalques
Zonas de mineração – galerias
PROFUNDIDADE INSUFICIENTE DE INVESTIGAÇÃO
P
STANDARD PENETRATION TEST – Ensaio SPT
O reconhecimento das condições do subsolo constitui-se em pré-
requisito para projetos de fundações seguros e econômicos.
EQUIPAMENTO DE SONDAGEM A PERCUSSÃO DO TIPO SPT
PERFIS DE SONDAGENS
SP02
SP 01
Cópia não autorizada
ABNT-Associação
Brasileira de
Normas Técnicas
Sede:
Rio de Janeiro
Av. Treze de Maio, 13 - 28º andar
CEP 20003-900 - Caixa Postal 1680
Rio de Janeiro - RJ
Tel.: PABX (021) 210 -3122
Telex: (021) 34333 ABNT - BR
Endereço Telegráfico:
NORMATÉCNICA
Procedimento
Origem: Projeto NBR 6122/1994
CB-02 - Comitê Brasileiro de Construção Civil
CE-02:004.08 - Comissão de Estudo de Projeto e Execução de Fundações
NBR 6122 - Foundations - Design and construction - Procedure
Descriptor: Foundation
Copyright © 1996,
ABNT–Associação Brasileira
Esta Norma substitui a NBR 6122/1986
de Normas Técnicas Válida a partir de 30.05.1996
Printed in Brazil/
Impresso no Brasil Palavra-chave: Fundação 33 páginas
Todos os direitos reservados
Esta Norma fixa as condições básicas a serem observadas NBR 9061 - Segurança de escavação a céu aberto -
no projeto e execução de fundações de edifícios, pontes Procedimento
e demais estruturas.
NBR 6484 - Execução de sondagens de simples NBR 9820 - Coleta de amostras indeformadas de
reconhecimento dos solos - Método de ensaio solos em furos de sondagens - Procedimento
Cópia não autorizada
2 NBR 6122/1996
NBR 10905 - Solo - Ensaios de palheta in situ - Méto- 3.7 Sapata corrida
do de ensaio
Sapata sujeita à ação de uma carga distribuída linear-
NBR 12069 - Solo - Ensaio de penetração de cone in mente.
situ (CPT) - Método de ensaio
3.8 Fundação profunda
NBR 12131 - Estacas - Prova de carga estática -
Método de ensaio
Elemento de fundação que transmite a carga ao terreno
pela base (resistência de ponta), por sua superfície lateral
NBR 13208 - Estacas - Ensaio de carregamento di- (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas,
nâmico - Método de ensaio
e que está assente em profundidade superior ao dobro
de sua menor dimensão em planta, e no mínimo 3 m, sal-
3 Definições vo justificativa. Neste tipo de fundação incluem-se as es-
tacas, os tubulões e os caixões.
Para os efeitos desta Norma são adotadas as definições
de 3.1 a 3.30. Nota: Não existe uma distinção nítida entre o que se chama es-
taca, tubulão e caixão. Procurou-se nesta Norma seguir o
3.1 Fundação superficial (ou rasa ou direta) atual consenso brasileiro a respeito.
3.10 Tubulão
3.2 Sapata
Elemento de fundação superficial de concreto armado, Elemento de fundação profunda, cilíndrico, em que, pelo
dimensionado de modo que as tensões de tração nele menos na sua etapa final, há descida de operário. Pode
ser feito a céu aberto ou sob ar comprimido (pneumático)
produzidas não sejam resistidas pelo concreto, mas sim
pelo emprego da armadura. Pode possuir espessura cons- e ter ou não base alargada. Pode ser executado com ou
tante ou variável, sendo sua base em planta normalmente sem revestimento, podendo este ser de aço ou de concreto.
No caso de revestimento de aço (camisa metálica), este
quadrada, retangular ou trapezoidal.
poderá ser perdido ou recuperado.
3.3 Bloco
3.11 Caixão
Elemento de fundação superficial de concreto, dimen-
sionado de modo que as tensões de tração nele produ- Elemento de fundação profunda de forma prismática,
zidas possam ser resistidas pelo concreto, sem necessi- concretado na superfície e instalado por escavação inter-
dade de armadura. Pode ter suas faces verticais, inclina- na. Na sua instalação pode-se usar ou não ar comprimido
das ou escalonadas e apresentar normalmente em planta e sua base pode ser alargada ou não.
seção quadrada ou retangular.
3.12 Estaca cravada por percussão
3.4 Radier
Tipo de fundação profunda em que a própria estaca ou
Elemento de fundação superficial que abrange todos os um molde é introduzido no terreno por golpes de martelo
pilares da obra ou carregamentos distribuídos (por exem- (por exemplo: de gravidade, de explosão, de vapor, de
plo: tanques, depósitos, silos, etc.). diesel, de ar comprimido, vibratório). Em certos casos,
esta cravação pode ser precedida por escavação ou lan-
3.5 Sapata associada (ou radier parcial) çagem.
Sapata comum a vários pilares, cujos centros, em planta, 3.13 Estaca cravada por prensagem
não estejam situados em um mesmo alinhamento.
Tipo de fundação profunda em que a própria estaca ou
3.6 Viga de fundação um molde é introduzido no terreno através de macaco
hidráulico.
Elemento de fundação superficial comum a vários pilares,
cujos centros, em planta, estejam situados no mesmo ali- Nota: As estacas cravadas são atualmente denominadas “es-
nhamento. tacas de deslocamento”.
Cópia não autorizada
NBR 6122/1996 3
3.16 Estaca apiloada Tensão aplicada por uma fundação superficial ao terreno,
provocando apenas recalques que a construção pode
Tipo de fundação profunda executada por perfuração com suportar sem inconvenientes e oferecendo, simultanea-
o emprego de soquete. Nesta Norma, este tipo de estaca mente, segurança satisfatória contra a ruptura ou o escoa-
é tratado também como estaca tipo broca. mento do solo ou do elemento estrutural de fundação.
Nota: Tanto a estaca apiloada como a estaca escavada, com 3.26 Carga admissível sobre uma estaca ou tubulão
injeção, incluem-se em um tipo especial de estacas que isolado
não são cravadas nem totalmente escavadas.
Força aplicada sobre a estaca ou o tubulão isolado, pro-
3.17 Estaca tipo Strauss vocando apenas recalques que a construção pode su-
portar sem inconvenientes e oferecendo, simultanea-
Tipo de fundação profunda executada por perfuração mente, segurança satisfatória contra a ruptura ou o escoa-
através de balde sonda (piteira), com uso parcial ou total mento do solo ou do elemento de fundação.
de revestimento recuperável e posterior concretagem. Nota: As definições de 3.25 e 3.26 esclarecem que as pressões
e as cargas admissíveis dependem da sensibilidade da
3.18 Estaca escavada construção projetada aos recalques, especialmente aos
recalques diferenciais específicos, os quais, de ordinário,
Tipo de fundação profunda executada por escavação me- são os que podem prejudicar sua estabilidade ou funcionali-
cânica, com uso ou não de lama bentonítica, de reves- dade.
timento total ou parcial, e posterior concretagem.
3.27 Efeito de grupo de estacas ou tubulões
3.19 Estaca tipo Franki Processo de interação das diversas estacas ou tubulões
que constituem uma fundação, ao transmitirem ao solo
Tipo de fundação profunda caracterizada por ter uma as cargas que lhes são aplicadas.
base alargada, obtida introduzindo-se no terreno uma
certa quantidade de material granular ou concreto, por 3.28 Recalque
meio de golpes de um pilão. O fuste pode ser moldado no
terreno com revestimento perdido ou não ou ser cons- Movimento vertical descendente de um elemento estru-
tituído por um elemento pré-moldado. tural. Quando o movimento for ascendente, denomina-se
levantamento. Convenciona-se representar o recalque
3.20 Estaca mista com o sinal positivo.
- medições de níveis d’água e de pressões neutras; 4.3.1 Estão compreendidas as sondagens de simples
reconhecimento à percussão, os métodos geofísicos e
- medições dos movimentos das águas subter- qualquer outro tipo de prospecção do solo para fins de
râneas; fundação.
- colapsibilidade;
4.4 Sondagens, poços e trincheiras de inspeção e
retirada de amostras indeformadas
- expansibilidade.
4.1.2 A realização de análises físico-químicas sobre amos- 4.4.1 Sempre que o vulto da obra ou a natureza do subsolo
tras de água do subsolo ou livremente ocorrente está exigir, devem ser realizadas sondagens especiais de reco-
compreendida nesta fase de estudos geotécnicos, sem- nhecimento, poços ou trincheiras de inspeção, para per-
pre que houver suspeita de sua agressividade aos ma- mitir a retirada de amostras indeformadas a serem sub-
teriais constitutivos das fundações a executar. metidas aos ensaios de laboratório julgados necessários.
4.1.3 A natureza e a quantidade das investigações a rea- 4.4.2 Em se tratando de maciço rochoso, as amostras cole-
lizar dependem das peculiaridades da obra, dos valores tadas devem representar suas características principais
e tipos de carregamentos atuantes, bem como das carac- que, quase sempre, são governadas pelas descontinui-
terísticas geológicas básicas da área em estudo. dades existentes.
Cópia não autorizada
NBR 6122/1996 5
4.5 Ensaios in situ complementares 4.6.2 Não havendo normalização estabelecida de proce-
dimento para a realização de qualquer investigação ou
4.5.1 Estes ensaios visam reconhecer o terreno de fun- ensaio, podem ser seguidas as especificações contidas
dação, avaliar suas características de resistência, defor- na literatura especializada do processo utilizado; neste
mabilidade e permeabilidade e devem ser realizados dire- caso, é obrigatória a descrição do processo.
tamente sobre o maciço de solo ou de rocha, destacando-
se, entre outros, os seguintes:
4.6.3 De acordo com o tipo de obra e das características a
a) ensaios de penetração de cone (C.P.T.), realizados determinar, são executados, entre outros, os ensaios a
com o penetrômetro estático (mecânico ou elétri- seguir especificados, utilizando-se amostragem e técnica
co), que consistem na cravação no terreno, por de execução mais representativa de cada caso em es-
prensagem, de um cone padronizado, permitindo tudo:
medir separadamente a resistência de ponta e total
(ponta mais atrito lateral) e ainda o atrito lateral a) caracterização:
local (com a luva de atrito) das camadas de inte-
resse; - granulometria por peneiramento com ou sem se-
dimentação, limites de liquidez e plasticidade;
b) ensaios de palheta (vane-test) que consistem em
medir, nas argilas, em profundidades desejadas,
o momento de torção necessário para girar, no b) resistência:
interior do terreno, um conjunto composto por duas
palhetas verticais e perpendiculares entre si, per- - ensaios de compressão simples, cisalhamento
mitindo determinar as características da resistência direto, compressão triaxial;
das argilas;
c) deformabilidade:
c) ensaios pressiométricos que consistem no carre-
gamento lateral do solo por meio de uma sonda
- ensaio oedométrico, compressão triaxial e com-
radialmente dilatável que, pela aplicação de uma
pressão em consolidômetros especiais;
pressão interna crescente, permite a determinação
da relação pressão-deformação lateral a diversas
profundidades; d) permeabilidade:
5.1.2 Caso sejam fornecidas tabelas especificando as mentos que atuam durante as fases de execução da obra.
ações que compõem cada tipo de carregamento, aplica- Incluem-se nestes carregamentos o “atrito negativo” e os
se o disposto em 5.6. esforços horizontais sobre fundações profundas
decorrentes de sobrecargas assimétricas.
5.1.3 Em qualquer dos casos deve ser obedecido o dis-
posto em 5.2, 5.3 e 5.4. 5.5 Cálculo empregando-se fator de segurança global
5.2.1 O empuxo hidrostático desfavorável deve ser con- As cargas admissíveis em elementos de fundação são
siderado integralmente, enquanto que o empuxo de terra obtidas pela aplicação de fatores de segurança, conforme
(ativo, em repouso ou passivo) deve ser compatível com a Tabela 1, sobre os valores de capacidade de carga
a deslocabilidade da estrutura. obtidos por cálculo ou experimentalmente.
5.2.2 Os efeitos favoráveis à estabilidade, decorrentes de 5.5.2 Carga admissível em relação aos deslocamentos
empuxos de terra ou de água, somente devem ser consi- máximos
derados quando for possível garantir sua atuação contí-
nua e permanente em conjunto com a atuação das Os valores das cargas admissíveis são, neste caso, obtidos
demais solicitações. por cálculo ou experimentalmente, com aplicação de fa-
tor de segurança não inferior a 1,5.
5.2.3 Fica vetada, em obras urbanas, qualquer redução
de cargas em decorrência de efeitos de subpressão. 5.5.3 Combinação de ações e eventual acréscimo de carga
admissível
5.3 Cargas dinâmicas
Quando forem levadas em consideração todas as
No caso de cargas dinâmicas periódicas ou de impacto combinações possíveis entre os diversos tipos de carre-
(denominadas também transientes), devem-se consi- gamento previstos pelas normas estruturais, inclusive a
derar os seguintes efeitos: ação do vento, pode-se, na combinação mais desfavo-
rável, majorar em 30% os valores admissíveis das tensões
a) amplitude das vibrações e possibilidades de no terreno e das cargas admissíveis em estacas e tubu-
ressonância no sistema estrutura-solo-fundação; lões. Entretanto, estes valores admissíveis não podem
ser ultrapassados, quando consideradas apenas as car-
b) acomodação de solos arenosos; gas permanentes e acidentais.
c) transmissão dos efeitos a estruturas ou outros 5.6 Cálculo empregando-se fatores de segurança
equipamentos próximos. parciais
Nota: Nesta análise é permitido considerar os efeitos do uso de A segurança nas fundações deve ser estudada por meio
isoladores destinados a diminuir ou eliminar os efeitos re- de duas análises correspondentes aos estados-limites
tromencionados. últimos e aos estados-limites de utilização. Os estados-
limites últimos podem ser vários (por exemplo: perda de
5.4 Obtenção dos esforços capacidade de carga e instabilidade elástica ou flamba-
gem), assim como os estados-limites de utilização defi-
Para se obterem os esforços nas fundações, deve ser nidos na NBR 8681. Entretanto, em obras correntes de
considerado, além das cargas especificadas no projeto, fundação, estas análises em geral se reduzem à verifi-
o peso próprio dos elementos estruturais de fundação. cação do estado-limite último de ruptura ou deformação
Devem-se levar em conta, igualmente, as variações de plástica excessiva (análise de ruptura) e à verificação do
tensão decorrentes da execução eventual de aterros, estado-limite de utilização caracterizado por deformações
reaterros e escavações, bem como os diferentes carrega- excessivas (análise de deformações).
Nota: No caso de fundações profundas, só é permitido reduzir o fator de segurança quando se dispõe do resultado de um número
adequado de provas de carga e quando os elementos ensaiados são representativos do conjunto da fundação, ou a critério do
projetista. Esta redução só é possível quando as provas de carga são realizadas a priori na obra, e não a posteriori, como ins-
trumento para dirimir dúvidas quanto à qualidade do estaqueamento.
Cópia não autorizada
NBR 6122/1996 7
5.6.1 Estados-limites últimos - Análise de ruptura 5.6.1.5 No primeiro caso, deve-se aplicar o terceiro coefi-
ciente de ponderação conforme a Tabela 3. No segundo
5.6.1.1 Nesta análise, os valores de cálculo das ações na caso, deve-se aplicar um dos primeiros coeficientes de
estrutura no estado-limite último são comparados aos va- ponderação conforme a Tabela 3, dependendo do tipo
lores de cálculo da resistência do solo ou do elemento de de fundação. No terceiro caso, uma vez que os parâmetros
fundação. Os esforços na estrutura devem ser calculados de resistência do solo foram reduzidos por coeficientes
de acordo com a NBR 8681. de ponderação (conforme a Tabela 2) para uso nos
cálculos, o resultado obtido já é valor de cálculo da re-
5.6.1.2 No que concerne aos valores de cálculo da resis- sistência (ou capacidade de carga) do elemento de fun-
tência do elemento estrutural, devem ser obedecidas, dação.
conforme o caso, as prescrições pertinentes aos materiais
constituintes deste elemento (concreto, aço e madeira).
5.6.2 Estados-limites de utilização - Análise de deformação
5.6.1.3 Os valores de cálculo da resistência do solo são
determinados dividindo-se os valores característicos dos 5.6.2.1 A análise de deformações é feita calculando-se os
parâmetros de resistência da coesão C e do ângulo de deslocamentos da fundação submetida aos valores dos
atrito pelos coeficientes de ponderação da Tabela 2. esforços na estrutura no estado-limite de utilização. Os
deslocamentos devem ser suportados pela estrutura sem
5.6.1.4 O valor de cálculo da resistência (ou capacidade danos que prejudiquem sua utilização.
de carga) de um elemento de fundação pode ser deter-
minado de três maneiras:
5.6.2.2 Os deslocamentos admissíveis máximos supor-
tados pela estrutura, sem prejuízo dos estados-limites de
a) a partir de provas de carga, quando se determina
utilização, devem atender às prescrições da NBR 8681.
inicialmente sua resistência (ou capacidade de
carga) característica Pk; Estes deslocamentos, tanto em termos absolutos (por
exemplo: recalques totais) quanto relativos (por exemplo:
b) a partir de método semi-empírico ou empírico, recalques diferenciais), devem ser definidos pelos pro-
quando se determina inicialmente sua resistência jetistas envolvidos.
(ou capacidade de carga) característica nominal;
5.6.2.3 Casos correspondentes a carregamentos ex-
c) quando se empregam métodos teóricos. cepcionais devem ser analisados especificamente.
(A)
Ensaios CPT, Palheta (Vane, Pressiômetro, conforme a NBR 10905).
(B)
Ensaios SPT, Dilatômetro.
Condição Coeficiente
(A)
Capacidade de carga obtida por método empírico ou semi-empírico.
Cópia não autorizada
8 NBR 6122/1996
g) recalques admissíveis, definidos pelo projetista São considerados métodos empíricos aqueles pelos
da estrutura. quais se chega a uma pressão admissível com base na
descrição do terreno (classificação e determinação da
6.2.1 Metodologia para a determinação da pressão compacidade ou consistência através de investigações
admissível de campo e/ou laboratoriais). Estes métodos apresen-
tam-se usualmente sob a forma de tabelas de pressões
básicas conforme a Tabela 4, onde os valores fixados
A pressão admissível pode ser determinada por um dos servem para orientação inicial.
seguintes critérios:
Nota: Soluções melhores, técnica e economicamente, devem
a) por métodos teóricos; utilizar critérios específicos para cada situação. Seu uso
deve ser restrito a cargas não superiores a 1000 kN por
pilar.
b) por meio de prova de carga sobre placa;
6.2.2 Considerações gerais
c) por métodos semi-empíricos;
Na determinação da pressão admissível, deve-se consi-
derar o disposto em 6.2.2.1 a 6.2.2.7.
d) por métodos empíricos.
6.2.2.1 Fundação sobre rocha
6.2.1.1 Métodos teóricos
Para a fixação da pressão admissível de qualquer fun-
6.2.1.1.1 Uma vez conhecidas as características de dação sobre rocha, deve-se levar em conta a continui-
compressibilidade e resistência ao cisalhamento do solo dade desta, sua inclinação e a influência da atitude da
e outros parâmetros eventualmente necessários, a pres- rocha sobre a estabilidade. Pode-se assentar fundação
são admissível pode ser determinada por meio de teoria sobre rocha de superfície inclinada desde que se prepare,
desenvolvida na Mecânica dos Solos, levando em conta se necessário, esta superfície (por exemplo: chumbamen-
eventuais inclinações da carga do terreno e excentrici- tos, escalonamento em superfícies horizontais), de modo
dades. a evitar deslizamento da fundação.
Cópia não autorizada
NBR 6122/1996 9
Notas:a) Para a descrição dos diferentes tipos de solo, seguir as definições da NBR 6502.
b) No caso de calcário ou qualquer outra rocha cárstica, devem ser feitos estudos especiais.
c) Para rochas alteradas ou em decomposição, têm que ser levados em conta a natureza da rocha matriz e o grau de decom-
posição ou alteração.
d) Os valores da Tabela 4, válidos para largura de 2 m, devem ser modificados em função das dimensões e da profundidade das
fundações conforme prescrito em 6.2.2.5, 6.2.2.6 e 6.2.2.7.
Cópia não autorizada
10 NBR 6122/1996
6.2.2.5 Prescrição especial para solos granulares não maior do que 10 m². Para maiores áreas carregadas
ou na fixação da pressão média admissível sob um
Quando se encontram abaixo da cota da fundação até conjunto de elementos de fundação (ou a totalidade da
uma profundidade de duas vezes a largura da construção construção), devem-se reduzir os valores da Tabela 4,
apenas solos das classes 4 a 9, a pressão admissível po- de acordo com a equação abaixo:
de ser corrigida em função da largura B do corpo da fun-
dação, da seguinte maneira: σadm = σ0 (10/S)½
6.2.2.6 Aumento da pressão admissível com a profundidade Neste dimensionamento devem-se considerar as seguin-
tes solicitações:
Para os solos das classes 4 a 9, as pressões conforme a
Tabela 4 devem ser aplicadas quando a profundidade a) cargas centradas;
da fundação, medida a partir do topo da camada esco-
b) cargas excêntricas;
lhida para seu assentamento, for menor ou igual a 1 m.
Quando a fundação estiver a uma profundidade maior e
c) cargas horizontais.
for totalmente confinada pelo terreno adjacente, os valores
básicos da Tabela 4 podem ser acrescidos de 40% para 6.3.1.1 A área de fundação solicitada por cargas centradas
cada metro de profundidade além de 1 m, limitado ao do- deve ser tal que a pressão transmitida ao terreno, admitida
bro do valor fornecido por esta Tabela. uniformemente distribuída, seja menor ou igual à pressão
admissível conforme disposto em 3.25 e 6.2.
Notas:a) Em qualquer destes casos, pode-se somar à pressão
calculada, mesmo àquela que já tiver sido corrigida
6.3.1.2 Diz-se que uma fundação é solicitada à carga ex-
conforme disposto em 6.2.2.6, o peso efetivo das ca-
madas de solo sobrejacentes, desde que garantida cêntrica quando submetida a:
sua permanência.
a) uma força vertical cujo eixo não passa pelo centro
b) Os efeitos a que se referem o disposto em 6.2.2.5 e de gravidade da superfície de contato da fundação
6.2.2.6 não podem ser considerados cumulativamente com o solo;
se ultrapassarem o valor 2,5 σ0.
b) forças horizontais situadas fora do plano da ba-
6.2.2.7 Prescrição especial para solos argilosos se da fundação;
Para solos das classes 10 a 15, as pressões conforme a c) qualquer outra composição de forças que gerem
Tabela 4 devem ser aplicadas a um elemento de fundação momentos na fundação.
6.3.1.3 No dimensionamento de uma fundação solicitada 6.3.2.1 As sapatas para pilares isolados, as vigas de fun-
por carga excêntrica (V), pode-se considerar a área efetiva dação e as sapatas corridas podem ser calculadas, de-
(A) da fundação, conforme indicado na Figura 2. Nesta pendendo de sua rigidez, como placas ou pelo método
área efetiva atua uma pressão uniformemente distribuída das bielas. Em qualquer dos casos deve-se considerar
(σ), obtida pela equação: que:
ftk = 0,06 fck + 0,7 MPa para fck > 18 MPa 6.4.4 Lastro
Notas: a)Com respeito à distribuição das pressões sob a base 6.4.4.1 Em fundações que não se apoiam sobre rocha,
do bloco, aplica-se o já disposto para as sapatas. deve-se executar anteriormente à sua execução uma
camada de concreto simples de regularização de no mí-
b) As vigas e placas de fundação podem ser calculadas
pelo método do coeficiente de recalque ou por método nimo 5 cm de espessura, ocupando toda a área da cava
que considere o solo como meio elástico contínuo. da fundação.
Onde:
σ = 2 vezes a pressão média
Figura 3 - Distribuição de pressões de fundações apoiadas em rocha
6.4.4.2 Nas fundações apoiadas em rocha, após a prepa- 7.1.2 Carga admissível a partir da segurança à ruptura
ração a que se refere o disposto em 6.2.2.1, deve-se exe-
cutar um enchimento de concreto de modo a se obter A carga admissível a partir da carga de ruptura é determi-
uma superfície plana e horizontal. O concreto a ser utiliza- nada após um cálculo ou verificação experimental, em
do deve ter resistência compatível com a pressão de tra- prova de carga estática, da capacidade de carga na ruptu-
balho da sapata. ra. Esta capacidade de carga é dada pela soma de duas
parcelas:
6.4.5 Fundações em cotas diferentes
Pr = Pl + Pp
6.4.5.1 No caso de fundações próximas, porém situadas
em cotas diferentes, a reta de maior declive que passa Onde :
pelos seus bordos deve fazer, com a vertical, um ângu-
lo α como mostrado na Figura 5, com os seguintes valores: Pr = capacidade de carga na ruptura da estaca ou
tubulão
a) solos pouco resistentes: α ≥ 60°;
Pl = parcela correspondente ao atrito lateral
b) solos resistentes: α = 45°;
Pp = parcela correspondente à resistência de ponta
c) rochas: α = 30°.
Notas: a)Quando a prova de carga não for l evada até a ruptura,
6.4.5.2 A fundação situada em cota mais baixa deve ser
a capacidade de carga deve ser avaliada conforme
executada em primeiro lugar, a não ser que se tomem
disposto em 7.2.2.
cuidados especiais.
b) A partir do valor determinado experimentalmente para
7 Fundações profundas a capacidade de carga na ruptura, a carga admissível
é obtida mediante aplicação de coeficiente de segurança
7.1 Carga admissível
adequado, conquanto não inferior a 2, salvo o disposto
A determinação da carga admissível deve ser feita para em 7.7.
as condições finais de trabalho da estaca, tubulão ou
c) No caso específico de estacas escavadas, face aos
caixão. Esta observação é particularmente importante no elevados recalques necessários para a mobilização
caso de fundações em terrenos passíveis de erosão, em da carga de ponta (quando comparados com os recal-
fundações em que parte fica fora do terreno e no caso de ques necessários para a mobilização do atrito lateral)
fundações próximas a escavações. e por existirem dúvidas sobre a limpeza de fundo, a re-
sistência de atrito prevista na ruptura não pode ser in-
Nota: Tomando por base a definição de 3.26 e respectiva Nota, ferior a 80% da carga de trabalho a ser adotada. Quando
os dois primeiros aspectos da carga admissível de uma a estaca tiver sua ponta em rocha e se puder comprovar
estaca ou tubulão isolado (recalques e segurança à ruptura o contato entre o concreto e a rocha em toda a seção
do solo) definem a carga admissível do ponto de vista transversal da estaca, toda carga pode ser absorvida
geotécnico. O último aspecto (segurança à ruptura do pela resistência de ponta, adotando-se, neste caso,
elemento de fundação) define a carga admissível do ponto um coeficiente de segurança não inferior a 3. É neces-
de vista estrutural. sário comprovar a integridade e continuidade da rocha.
7.1.1 Carga admissível do ponto de vista geotécnico d) No caso de estacas cravadas (estacas de desloca-
mento), o recalque necessário para mobilizar totalmente
A carga admissível do ponto de vista geotécnico é a menor a carga de ponta também é normalmente maior que o
entre as duas cargas determinadas conforme disposto necessário para mobilizar a carga de atrito, fato que
em 7.1.2 e 7.2, ressalvada a ocorrência do atrito negativo, deve ser levado em conta para a fixação da carga
conforme disposto em 7.5.4. admissível.
7.2 Métodos para a avaliação da capacidade de carga 7.2.2.3 O carregamento da estaca ou tubulão de prova
do solo pode não indicar uma carga de ruptura nítida. Isto ocorre
quando não se pretende levar a estaca ou o tubulão à
A capacidade de carga de fundações profundas pode ruptura ou a estaca ou tubulão tem capacidade de resistir
ser obtida por métodos estáticos, provas de carga e mé- a uma carga maior do que aquela que se pode aplicar na
todos dinâmicos. prova (por exemplo, por limitação de reação), ou quando
a estaca é carregada até apresentar um recalque consi-
7.2.1 Métodos estáticos derável, mas a curva carga-recalque não indica uma carga
de ruptura, mas um crescimento contínuo do recalque
7.2.1.1 Podem ser teóricos, quando o cálculo é feito de com a carga. Nos dois primeiros casos, deve-se extrapolar
acordo com teoria desenvolvida dentro da Mecânica dos a curva carga-recalque para se avaliar a carga de ruptura,
Solos, ou semi-empíricos, quando são usadas correla- o que deve ser feito por critérios consagrados na Mecânica
ções com ensaios in situ. dos Solos sobre uma curva de primeiro carregamento.
No terceiro caso, a carga de ruptura pode ser convencio-
7.2.1.2 Os coeficientes de segurança a serem aplicados nada como aquela que corresponde, na curva carga x
devem ser os recomendados pelos autores das teorias deslocamento, mostrada na Figura 6, ao recalque obtido
ou correlações. pela equação a seguir, ou por outros métodos consagra-
dos:
7.2.1.3 Na análise das parcelas de resistência de ponta e
de atrito lateral, é necessário levar em conta a técnica
Pr x L D
executiva e as peculiaridades de cada tipo de estaca ou ∆r = +
tubulão; quando o elemento de fundação tiver base alar- AxE 30
gada, o atrito lateral deve ser desprezado ao longo de
um trecho inferior do fuste (acima do início do alargamento Onde:
da base) igual ao diâmetro da base.
∆r = recalque de ruptura convencional
7.2.2 Provas de carga
Pr = carga de ruptura convencional
7.2.2.1 A capacidade de carga pode ser avaliada por pro-
L = comprimento da estaca
vas de carga executadas de acordo com a NBR 12131.
Neste caso, na avaliação da carga admissível, o fator de A = área da seção transversal da estaca
segurança contra a ruptura deve ser igual a 2, devendo-
se, contudo, observar que durante a prova de carga o E = módulo de elasticidade do material da estaca
atrito lateral será sempre positivo, ainda que venha a ser
negativo ao longo da vida útil da estaca. Tal fato terá re- D = diâmetro do círculo circunscrito à estaca ou, no
percussões diretas conforme o exposto em 7.4. caso de barretes, o diâmetro do círculo de área
equivalente ao da seção transversal desta
7.2.2.2 A capacidade de carga de estaca ou tubulão de
prova deve ser considerada definida quando ocorrer Nota: As unidades devem ser compatíveis com as unidades do
ruptura nítida. módulo de elasticidade.
7.2.2.4 Na interpretação da prova de carga, devem ser 7.5.2 O atrito lateral é considerado negativo no trecho em
consideradas a natureza do terreno, a velocidade de que o recalque do solo é maior que o da estaca ou tu-
carregamento e a estabilização dos recalques; uma prova bulão. Este fenômeno ocorre no caso de o solo estar em
de carga em que não houve estabilização dos recalques processo de adensamento, provocado pelo peso próprio
só indica a carga de ruptura; para que se possa estabele- ou por sobrecargas lançadas na superfície, rebaixamento
cer uma relação carga-recalque, é necessário que haja de lençol d’água, amolgamento decorrente de execução
estabilização dos recalques nos estágios do ensaio, pelo de estaqueamento, etc.
menos até aquela carga.
7.5.3 Recomenda-se calcular o atrito negativo segundo
7.2.2.5 Para as provas de carga, deve-se observar também métodos teóricos que levem em conta o funcionamento
o disposto em 7.4. real do sistema estaca-solo.
7.2.3 Métodos dinâmicos 7.5.4 No caso de estacas em que se prevê a ação do atrito
negativo, a carga de ruptura Pr do ponto de vista geo-
7.2.3.1 São métodos de estimativa da capacidade de carga técnico é determinada pela expressão:
de fundações profundas, baseados na previsão e/ou veri-
ficação do seu comportamento sob ação de carregamento Pr = Pp + Pl (+) = 2.P + 1,5.Pl (-)
dinâmico. Entre os métodos dinâmicos estão as chama-
das “Fórmulas Dinâmicas” e os métodos que usam a Onde :
“Equação da Onda”.
Pp = parcela correspondente à resistência na
7.2.3.2 Para avaliação da capacidade de carga, pode ser
ruptura de ponta
usado o ensaio de carregamento dinâmico, definido como
aquele em que se utiliza uma instrumentação fundamen- Pl (+) = parcela correspondente à resistência na rup-
tada na aplicação da “Equação da Onda” conforme a tura, por atrito lateral positivo (calculado no
NBR 13208 trecho do fuste entre o ponto neutro e a pon-
ta da estaca)
7.2.3.3 Para a fixação da carga admissível, o coeficiente
de segurança não deve ser inferior ao indicado na Ta-
Pl (-) = parcela correspondente ao atrito lateral
bela 1.
negativo
7.2.3.4 As “Fórmulas Dinâmicas” baseadas na nega visam
P = carga que pode ser aplicada no topo da
apenas garantir a homogeneidade das fundações.
estaca
7.3 Carga admissível a partir da ruptura
Notas: a)Considera-se ponto neutro a profundidade da seção
da estaca onde ocorre a mudança do atrito lateral de
A partir do valor calculado ou determinado experimen-
negativo para positivo, ou seja, onde o recalque da
talmente para a capacidade de carga na ruptura, a carga camada compressível é igual ao recalque da estaca.
admissível é obtida mediante aplicação de coeficiente
de segurança adequado, não inferior a 2, salvo o dis- b)O coeficiente de segurança 1,5, ao invés de 2, aplicado
posto em 7.5.4. à parcela Pl (-) decorre do fato de que o fenômeno do
atrito negativo é antes um problema de recalque do
7.4 Carga admissível a partir do recalque que um problema de ruptura.
A verificação do recalque pode ser feita por prova de car- c) Quando o atrito negativo for uma solicitação importante,
ga ou através de cálculo por método consagrado, teórico recomenda-se a realização de provas de carga em
ou semi-empírico, sendo as propriedades do solo obtidas estacas de comprimento tal que o atrito positivo possa
em ensaios de laboratório ou in situ (eventualmente ser considerado igual ao atrito negativo nas estacas
através de correlações) e levando-se em consideração da obra. A prova de carga pode ser feita a tração, des-
de que a estaca tenha armadura adequada.
as modificações nessas propriedades, causadas pela
instalação do elemento de fundação.
d) A ação do atrito negativo deve também ser levada em
consideração na análise de segurança à ruptura do
Notas:a) Quando em um projeto forem especificados o tipo de
elemento da fundação.
estaca ou tubulão, a carga e o recalque admissíveis, a
compatibilidade destes elementos deve ser verificada
através da realização de prova de carga. e) Podem-se utilizar recursos (por exemplo, pintura betu-
minosa especial), visando diminuir os efeitos do atrito
b) No caso de verificação por prova de carga, a carga negativo.
admissível não pode ser superior a 1/1,5 daquela que
produz o recalque admissível, medido no topo da estaca 7.6 Tração e esforços transversais
ou do tubulão.
7.6.1 No caso de prova de carga a tração ou carga hori-
7.5 Atrito lateral zontal, vale o coeficiente de segurança 2 à ruptura e o
coeficiente de segurança 1,5 em relação à carga corres-
7.5.1 O atrito lateral é considerado positivo no trecho do pondente ao deslocamento compatível com a estrutura.
fuste da estaca ou tubulão ao longo do qual o elemento Numa prova de carga com cargas transversal e vertical, a
de fundação tende a recalcar mais que o terreno circun- seqüência de carregamento deve reproduzir, da melhor
dante. forma possível, o trabalho da estaca na obra.
Cópia não autorizada
16 NBR 6122/1996
7.6.2 Em estruturas sujeitas a esforços cíclicos, as even- 7.8 Peculiaridades dos diferentes tipos de fundação
tuais provas de carga devem ser programadas de modo profunda
a verificar a influência deste tipo de carregamento. Esta
programação deve ficar a critério do projetista estrutural. 7.8.1 Estacas de madeira1)
7.7.1 Entende-se por efeito de grupo de estacas ou tu- 7.8.1.1.1 A ponta e o topo devem ter diâmetros maiores
bulões o processo de interação das diversas estacas ou que 15 cm e 25 cm, respectivamente.
tubulões que constituem uma fundação ou parte de uma
fundação, ao transmitirem ao solo as cargas que lhes 7.8.1.1.2 A reta que une os centros das seções da ponta e
são aplicadas. Esta interação acarreta uma superposição do topo deve estar integralmente dentro da estaca.
de tensões, de tal sorte que o recalque do grupo de estacas
ou tubulões para a mesma carga por estaca é, em geral, 7.8.1.1.3 Os topos das estacas devem ser convenien-
diferente do recalque da estaca ou tubulão isolado. O re- temente protegidos para não sofrerem danos durante a
calque admissível da estrutura deve ser comparado ao cravação; entretanto, quando, durante a cravação, ocorrer
recalque do grupo e não ao do elemento isolado da fun- algum dano na cabeça da estaca, a parte afetada deve
dação. ser cortada.
1)
Aplicam-se às estacas de madeira as prescrições de 7.9.
Cópia não autorizada
NBR 6122/1996 17
7.8.1.2 Carga estrutural admissível 7.8.2.2.3 As estacas de aço podem ser emendadas, desde
que as emendas resistam a todas as solicitações que
As estacas de madeira têm sua carga estrutural admissível possam ocorrer durante o manuseio, a cravação e o tra-
calculada, sempre em função da seção transversal míni- balho da estaca, conquanto que seu eixo respeite a con-
ma, adotando-se tensão admissível compatível com o tipo dição de 7.8.2.1.2.
e a qualidade da madeira, conforme a NBR 7190.
7.8.2.2.4 Na emenda por solda de estacas de aço, o ele-
7.8.1.3 Cravação trodo a ser utilizado deve ser compatível com a compo-
sição química do material da estaca. O uso de talas para-
A cravação é normalmente executada com martelo de fusadas ou soldadas é obrigatório nas emendas, devendo
queda livre, cuja relação entre o peso do martelo e o ser dimensionadas conforme a NBR 8800.
peso da estaca seja a maior possível, respeitando-se a
relação mínima de 1,0. Aplica-se às estacas de madeira 7.8.2.2.5 Atenção deve ser dada aos esforços de tração
o disposto em 7.8.3.2.3, com relação ao uso de suple- decorrentes da cravação por percussão ou vibração.
mento.
7.8.2.3 Carga estrutural admissível
7.8.1.4 Preparo de cabeças e ligação com o bloco de
coroamento 7.8.2.3.1 No cálculo dos esforços resistentes, devem ser
obedecidas as prescrições da NBR 8800, ao tipo de aço
Deve ser cortado o trecho danificado durante a cravação constituinte da estaca. No caso de utilização de perfis
ou o excesso em relação à cota de arrasamento. Caso a usados, deve-se levar em conta a seção real mínima.
nova cota de topo esteja abaixo da cota de arrasamento
previsto, deve-se fazer uma emenda de acordo com o 7.8.2.3.2 Quando a estaca trabalhar total e permanente-
disposto em 7.8.1.1.8. mente enterrada em solo natural, deve-se descontar da
sua espessura 1,5 mm por face que possa vir a entrar em
7.8.2 Estacas de aço2) contato com o solo, excetuando-se as estacas que dis-
põem de proteção especial de eficiência comprovada à
7.8.2.1 Características gerais corrosão.
7.8.2.1.1 As estacas de aço podem ser constituídas por 7.8.2.4 Preparo de cabeças e ligação com o bloco de
perfis laminados ou soldados, simples ou múltiplos, tubos coroamento
de chapa dobrada (seção circular, quadrada ou retan-
gular), tubo sem costura e trilhos. 7.8.2.4.1 Deve ser cortado o trecho danificado durante a
cravação ou o excesso em relação à cota de arrasamento,
7.8.2.1.2 As estacas de aço devem ser retilíneas. Para recompondo-se, quando necessário, o trecho de estaca
isto, o raio de curvatura, em qualquer ponto do eixo, deve até esta cota, ou adaptando-se o bloco.
ser maior que 400 m ou apresentar flecha máxima de
0,3% do comprimento do perfil. 7.8.2.4.2 Quando as estacas de aço constituídas por perfis
laminados ou soldados trabalharem a compressão, basta
7.8.2.1.3 As estacas de aço devem resistir à corrosão pela uma penetração de 20 cm no bloco. Pode-se, eventual-
própria natureza do aço ou por tratamento adequado. mente, fazer uma fretagem, através de espiral, em cada
Quando inteiramente enterradas em terreno natural, estaca neste trecho.
independentemente da situação do lençol d’água, as
estacas de aço dispensam tratamento especial. Havendo, 7.8.2.4.3 No caso de estacas metálicas trabalhando a tra-
porém, trecho desenterrado ou imerso em aterro com ma- ção, deve-se soldar uma armadura capaz de transmitir
teriais capazes de atacar o aço, é obrigatória a proteção ao bloco de coroamento as solicitações correspondentes.
deste trecho com um encamisamento de concreto ou ou-
7.8.2.4.4 No caso de estacas tubulares, ou se utiliza o
tro recurso adequado (por exemplo: pintura, proteção ca-
tódica, etc.). disposto em 7.8.2.4.2 ou, se a estaca for cheia de concreto
até cota tal que transmita a carga por aderência à camisa,
Nota: Em obras especiais (por exemplo: marítimas, subesta- o disposto em 7.8.3.4.4 como estaca de concreto.
ções, Metrô, etc.), cuidados especiais para sua proteção
podem ser necessários. 7.8.3 Estacas pré-moldadas de concreto3)
7.8.2.2.1 No caso de estacas para carga admissível de até As estacas pré-moldadas podem ser de concreto armado
1000 kN, quando empregado martelo de queda livre, a ou protendido, vibrado ou centrifugado, e concretadas
relação entre o peso do pilão e o peso da estaca deve ser em formas horizontais ou verticais. Devem ser executadas
a maior possível, não se usando relação menor que 0,5 com concreto adequado, além de serem submetidas à
nem martelo com peso inferior a 10 kN. cura necessária para que possuam resistência compatível
com os esforços decorrentes do transporte, manuseio,
Nota: No caso de perfis metálicos, o uso de martelos de peso instalação e a eventuais solos agressivos.
elevado pode provocar cravação excessiva.
Nota: Para a finalidade desta Norma, as estacas pré-fabricadas
7.8.2.2.2 Aplica-se às estacas metálicas o prescrito em são consideradas como estacas pré-moldadas, dentro do
7.8.3.2.3 em relação ao uso de suplemento. conceito da NBR 9062.
2)
Aplicam-se às estacas de aço as prescrições de 7.9.
3)
Aplicam-se às estacas pré-moldadas as prescrições de 7.9.
Cópia não autorizada
18 NBR 6122/1996
7.8.3.2.6 O sistema de cravação deve estar sempre bem 7.8.3.4.4 Em estacas cuja armadura não tiver função
ajustado e com todos os seus elementos constituintes, resistente após a cravação, não há necessidade de sua
tanto estruturais quanto acessórios, em perfeito estado, a penetração no bloco de coroamento (isto não significa
fim de evitar quaisquer danos às estacas durante a cra- que necessariamente devam ser cortados os ferros das
vação. estacas que penetram no bloco). Caso contrário, a arma-
dura deve penetrar suficientemente no bloco, a fim de
7.8.3.2.7 Os equipamentos acessórios, como capacetes, transmitir a solicitação correspondente.
coxins e suplementos, devem possuir geometria ade-
quada à seção da estaca e não apresentar folgas maiores 7.8.3.4.5 Em estacas vazadas, antes da concretagem do
que aquelas necessárias ao encaixe das estacas, nem bloco, o furo central deve ser convenientemente tampo-
danificá-las. nado.
Cópia não autorizada
NBR 6122/1996 19
7.8.3.5 Cálculo estrutural aquela calculada como peça estrutural de concreto ar-
mado ou protendido, restringindo-se a 35 MPa a resistên-
7.8.3.5.1 Os esforços resistentes devem ser calculados cia característica do concreto.
obedecendo-se às seguintes prescrições:
Notas: a) Entende-se por verificação da capacidade de carga a
a) as estacas imersas em solos moles devem ser ve- realização de provas de carga estáticas segundo a
NBR 12131 e o disposto em 7.2.2 ou a realização de
rificadas à flambagem, levando-se em conta as
ensaios de carregamento dinâmico segundo
características dos solos atravessados e as con- a NBR 13208 e o disposto em 7.2.3.
dições de vinculação da estaca;
7.8.3.5.2 As estacas pré-moldadas podem ter quaisquer c) Os ensaios de carregamento dinâmico devem ser
geometria e dimensões, contanto que sejam dimensio- executados em número de 3% do conjunto de estacas
nadas não só para suportar os esforços atuantes nelas de mesmas características na obra, respeitando-se o
como elemento estrutural de fundação, como também mínimo de três estacas instrumentadas. Os resultados
aqueles que decorram do seu manuseio, transporte, le- dos métodos simplificados que forem utilizados para
vantamento e cravação. interpretação dos dados de instrumentação de cada
conjunto de estacas de mesmas características devem
ser aferidos por métodos numéricos baseados na
7.8.3.5.3 O içamento de estacas na obra deve obedecer
equação da onda em pelo menos uma recravação de
às prescrições do fabricante, cabendo a este fornecer a estaca ou aferidos por uma prova de carga estática.
informação correspondente.
d) Recomenda-se ainda que todas as estacas da obra
7.8.3.5.4 Nas duas extremidades da estaca, deve-se fazer sejam controladas através da medida do repique, que
um reforço da armação transversal, para levar em conta por si só não constitui uma instrumentação.
as tensões que surgem durante a cravação.
7.8.3.6.3 Na capacidade de carga de estacas trabalhando
7.8.3.5.5 Devem-se levar em conta, no dimensionamento, a tração, deve ser desprezada qualquer resistência da
os cobrimentos recomendados pelas NBR 6118 e ponta da estaca.
NBR 9062.
7.8.3.6 Carga de trabalho de estacas isoladas 7.8.3.6.6 Quando a emenda das estacas for realizada por
luva, a previsão da capacidade de carga a tração deve
7.8.3.6.1 Nas estacas comprimidas, quando não é feita a ser feita levando-se em conta apenas o elemento
verificação da capacidade de carga através de prova de superior da estaca.
carga ou de instrumentação, pode-se adotar como carga
de trabalho aquela obtida a partir da tensão média atuante 7.8.4 Estacas moldadas in loco
na seção de concreto, limitada ao máximo de 6 MPa.
7.8.4.1 Características gerais
Notas: a) Para efeito da seção de concreto, consideram-se as
estacas vazadas como maciças, respeitando-se o
disposto em 3.26. As estacas moldadas in loco são executadas enchendo-
se de concreto perfurações previamente executadas no
b) A fixação do valor 6 MPa é artificial e visa apenas terreno, através de escavações ou de deslocamento do
estabelecer um critério, embora, na realidade, não se solo pela cravação de soquete ou de tubo de ponta fe-
deva confundir carga do elemento de fundação com chada. Estas perfurações, quando escoradas, podem ter
tensão admissível no concreto. suas paredes suportadas por revestimento a ser recu-
perado ou a ser perdido, ou por lama tixotrópica. Só se
7.8.3.6.2 Nas estacas comprimidas, quando é feita a veri- admite a perfuração não suportada em terrenos coesivos,
ficação da capacidade de carga através de prova de carga acima do lençol d’água, natural ou rebaixado. Estas es-
ou de instrumentação, a carga de trabalho máxima é tacas podem ainda apresentar base alargada.
Cópia não autorizada
20 NBR 6122/1996
7.8.4.2 Variantes quanto à concretagem 7.8.4.3 Preparo da cabeça e ligação com o bloco de
coroamento
Nas estacas moldadas in loco, admitem-se as seguintes
Para cada tipo de estaca moldada in situ, devem ser aten-
variantes de concretagem:
didos os seguintes requisitos:
a) perfuração não suportada isenta d’água, quando a) as estacas moldadas no solo devem ser execu-
o concreto é simplesmente lançado do topo da tadas com um excesso de concreto em relação à
perfuração, através de tromba (funil) de compri- cota de arrasamento, o qual deve ser retirado com
mento adequado, sendo suficiente que o compri- os cuidados indicados em 7.8.3.4.1;
mento do tubo do funil seja de cinco vezes o seu
diâmetro interno; b) é indispensável que o desbastamento do excesso
de concreto seja levado até se atingir concreto de
boa qualidade, ainda que isto venha a ocorrer abai-
b) perfuração suportada com revestimento perdido, xo da cota de arrasamento, recompondo-se, a se-
isenta d’água, quando o concreto é simplesmente guir, o trecho de estaca até esta cota, ou adaptan-
lançado do topo da perfuração, sem necessidade do-se o bloco.
de tromba;
7.8.5 Estacas tipo broca 4 )
c) perfuração suportada com revestimento perdido
7.8.5.1 Perfuração
ou a ser recuperado, cheia d’água, quando é ado-
tado um processo de concretagem submersa, com É executada com trado manual ou mecânico, sem uso de
o emprego de tremonha, ou outro método devi- revestimento. A escavação deve prosseguir até a profun-
damente justificado; didade prevista. Quando for atingida a profundidade, faz-
se a limpeza do fundo com a remoção do material desa-
d) perfuração suportada com revestimento a ser gregado eventualmente acumulado durante a escavação.
recuperado, isenta d’água, quando a concretagem Dadas as condições de execução, estas estacas só
pode ser feita de acordo com as modalidades a podem ser utilizadas abaixo do nível de água se o furo
seguir: puder ser seco antes da concretagem.
4)
Aplicam-se às estacas tipo broca as prescrições de 7.9.
5)
Aplicam-se às estacas tipo "hélice contínua"as prescrições de 7.9.
Cópia não autorizada
NBR 6122/1996 21
Notas:a)Caso as características do terreno o permitam, o Nota: No caso de solicitação a tração, vale o prescrito em
revestimento com o tubo pode ser parcial. 7.8.9.9.3.
6)
Aplicam-se às estacas tipo Strauss as prescrições de 7.9.
7)
Aplicam-se às estacas tipo Franki as prescrições de 7.9.
Cópia não autorizada
22 NBR 6122/1996
7.8.8.1.2 Na cravação à percussão por queda livre, as re- 7.8.8.5 Carga estrutural admissível
lações entre o diâmetro da estaca, a massa e o diâmetro
do pilão devem atender aos valores mínimos indicados Para a fixação da carga estrutural admissível, não pode
na Tabela 5. ser adotado fck maior do que 20 MPa e γc = 1,5.
Com o consumo mínimo de cimento de 350 kg/m3, a con- Nota: É desejável que a perfuração seja contínua até sua
cretagem do fuste pode ser feita em uma das alternativas conclusão; caso não seja possível, o efeito da interrupção
deve ser analisado e a estaca eventualmente aprofundada,
descritas em 7.8.4.2-d).
de modo a garantir a carga admissível prevista no projeto.
8)
Aplicam-se às estacas escavadas com uso de lama as prescrições de 7.9.
Cópia não autorizada
NBR 6122/1996 23
Requisito Valor
Decantação da suspensão a 6% em 24 h ≤ 2%
7.8.9.6 Nível da lama bentonítica em relação ao lençol 7.8.9.9.3 No caso de solicitação à tração, a estaca deve
freático ser armada pela NBR 6118, admitindo-se uma redução
de 2 mm no diâmetro das barras longitudinais. Caso se
A fim de garantir o bom funcionamento da lama bentonítica prefira fazer a verificação à fissuração, fica dispensada
na estabilização das paredes, exige-se que o nível da esta redução. Em ambos os casos deve-se garantir um
lama na escavação seja mantido acima do nível de água coeficiente de segurança global não inferior a 2.
do terreno. Esta diferença de nível deve ser no mínimo
igual a duas vezes o diâmetro da estaca ou a duas vezes 7.8.10 Estacas escavadas, com injeção9)
a largura da estaca tipo diafragma (barrete), respeitando
7.8.10.1 Considerações gerais
o mínimo de 2 m.
Sob este título estão englobados vários tipos de estacas
7.8.9.7 Aditivos perfuradas e moldadas in loco, com técnicas diferentes
como a seguir descritas:
7.8.9.7.1 O uso de aditivos plastificantes é normalmente
desnecessário e, de qualquer modo, eles só são acei- a) microestacas, que incluem as pressoancoragens,
táveis se seu tempo de eficácia não for inferior ao tempo executadas com tecnologia de tirantes injetados
total entre a colocação do aditivo e o final da concretagem em múltiplos estágios, utilizando-se em cada está-
da estaca. gio pressão que garanta a abertura das manchetes
e posterior injeção;
7.8.9.7.2 O uso de aditivos retardadores, embora normal-
mente desnecessário, não tem qualquer inconveniente. b) estacas tipo raiz, onde a injeção é utilizada para
moldar o fuste. Imediatamente após a moldagem
7.8.9.8 Carga estrutural admissível do fuste, é aplicada pressão no topo, com ar com-
primido, uma ou mais vezes durante a retirada do
Para a fixação da carga estrutural admissível, não pode tubo de revestimento. Não se usa tubo de válvulas
ser utilizado fck maior do que 20 MPa, adotando-se um múltiplas, mas usam-se pressões baixas (inferiores
fator de redução de resistência γc = 1,9, tendo em vista as a 0,5 MPa) que visam apenas garantir a integridade
condições de concretagem. da estaca.
7.8.9.9 Estacas submetidas apenas à compressão ou à Nota: Em ambos os casos, o fuste é constituído de armadura de
tração barras e/ou tubo metálico, sendo os vazios do furo pre-
enchidos com calda de cimento ou argamassa.
Quando as estacas escavadas com uso de lama forem
7.8.10.2 Perfuração
submetidas apenas a esforços de compressão ou de
tração, deve-se observar o disposto em 7.8.9.9.1 a É executada por perfuratriz, com ou sem lama estabilizante
7.8.9.9.3. até a profundidade especificada no projeto. Pode ser ou
não revestida, sendo que as estacas tipo raiz são reves-
7.8.9.9.1 Se a tensão média de compressão for inferior a
tidas, pelo menos em parte do seu comprimento. De qual-
5 MPa, a armação é desnecessária, podendo-se, entre-
quer maneira é preciso garantir a estabilidade da esca-
tanto, adotar uma armadura, por motivos executivos.
vação.
7.8.9.9.2 Se a tensão média de compressão for superior a Nota: É importante frisar que a utilização de lama estabilizante
5 MPa, a estaca deve ser armada, segundo a pode afetar a aderência entre a estaca e o solo. Normal-
NBR 6118, no trecho em que a tensão média é superior a mente uma lavagem com água pura é suficiente para
5 MPa até a profundidade na qual a transferência de car- eliminar esse inconveniente, sendo imprescindível verificar
ga por atrito lateral diminua a compressão no concreto o resultado final do uso da lama através de prova de
para uma tensão média inferior a 5 MPa. carga, a menos que haja experiência com este tipo de
estaca no terreno da região.
pH 7 a 11 Papel de pH
7.8.10.3 Carga admissível como elemento estrutural 7.8.10.4.4 Para efeito de verificação da capacidade de carga
à compressão, é válido o ensaio a tração, executado de
7.8.10.3.1 Quando for utilizado aço com resistência de até acordo com a NBR 12131 e interpretado por este método
500 MPa e a percentagem de aço for menor ou igual a para o ensaio a compressão.
6%, a peça deve ser dimensionada como pilar de concreto
7.8.11 Estacas mistas10)
armado, levando-se em conta a verificação de flambagem,
com a devida consideração do confinamento do solo, to- 7.8.11.1 A estaca mista deve satisfazer aos requisitos cor-
mando-se para a argamassa (que, neste caso, deve ter respondentes aos dois tipos de materiais associados, con-
consumo de cimento não inferior a 600 kg/m3 ) um valor forme considerados anteriormente em estacas de um úni-
de fck compatível com as técnicas executivas e de controle co elemento estrutural.
não superior a 20 MPa. Quanto ao coeficiente de minora-
ção γc da argamassa, este deve ser adotado igual a 1,6, 7.8.11.2 A ligação entre os dois tipos de estaca deve impedir
tendo em vista as condições de cura da argamassa. sua separação, manter o alinhamento e suportar a carga
prevista com a segurança necessária.
7.8.10.3.2 Para efeito de cálculo, a área de argamassa a
7.8.12 Tubulões não revestidos
ser considerada é igual à área da seção transversal da
estaca, descontando-se a área da seção transversal da Estes elementos de fundação são executados com esca-
armadura. Para este fim, a área deve ser calculada a vação manual ou mecânica conforme 7.8.12.1 a 7.8.12.3.
partir do diâmetro da ferramenta de corte, no caso do tre-
cho não revestido, ou do diâmetro externo da sapata cor- 7.8.12.1 Os tubulões escavados manualmente podem ser
tante, no caso de uso de tubo de revestimento. dotados de base alargada tronco-cônica, só podendo ser
executados acima do nível d’água, natural ou rebaixado,
7.8.10.3.3 Quando for utilizado aço com resistência superior ou em casos especiais em que abaixo do seu nível seja
a 500 MPa ou a percentagem de aço for superior a 6%, possível bombear a água sem que haja risco de desmo-
toda a carga deve ser resistida pelo aço. ronamento ou perturbação no terreno de fundação.
10)
Aplicam-se às estacas mistas as prescrições de 7.9.
Cópia não autorizada
26 NBR 6122/1996
7.8.13.3.2 Caso durante estas operações seja atingido o 7.8.14.6 A camisa metálica, no caso de não ter sido con-
lençol d’água do terreno e não seja possível esgotá-lo siderada no dimensionamento estrutural do tubulão, pode
com bombas, deve ser adaptado ao tubulão um equipa- ser recuperada à medida da concretagem, ou posterior-
mento pneumático que permita a execução a seco dos mente. Nestes casos, a peça deve ser armada em todo o
trabalhos, sob pressão conveniente de ar comprimido. comprimento, inclusive a base, com taxa não inferior a
0,5% da seção necessária.
7.8.13.3.3 Atingida a cota prevista para a implantação da
camisa, procede-se, se for o caso, às operações de aber- 7.8.14.7 A camisa metálica deve ser dimensionada para
tura da base alargada; durante esta operação, a camisa resistir aos esforços de instalação, de tal maneira que as
deve ser escorada de modo a evitar sua descida. pressões externas não provoquem deformações sen-
síveis.
7.8.13.3.4 Em obras dentro d’água (rios, lagos, etc.), a ca-
misa pode ser concretada no próprio local, sobre estrutura 7.8.14.8 Quando o tubulão é total e permanentemente en-
provisória e descida até o terreno com auxílio de equipa- terrado, a corrosão é limitada, descontando-se 1,5 mm
mento, ou concretada em terra e transportada para o local de espessura da chapa em todos os cálculos de verifi-
de implantação. cação de resistência. No caso de terrenos de grande
agressividade, devem ser feitos estudos especiais. Quan-
do o tubulão apresentar parte desenterrada, ao longo
7.8.13.3.5 Em casos especiais, principalmente em obras
desta, a camisa é totalmente desprezada nos cálculos de
em que se passa diretamente da água para rocha, as ca- resistência, a menos que receba algum tratamento es-
misas podem ser já confeccionadas com alargamento de pecial anticorrosivo.
modo a facilitar a execução da base alargada; neste caso
devem ser previstos recursos que garantam a ligação de
7.8.14.9 O comportamento do tubulão na ruptura é dife-
todo o perímetro da base com a superfície da rocha, a fim
rente do comportamento sob a ação das cargas normais
de evitar fuga ou lavagem do concreto; nesta etapa, pode-
de utilização (carga de serviço). Em conseqüência, a
se, em certos casos, se necessário, colocar uma ferragem
verificação de resistência deve ser feita, segundo as pres-
adicional no núcleo, principalmente na ligação fuste-base.
crições de segurança, nos dois estados-limites, estado-
limite de ruptura (segurança referida à ruptura), e estado-
7.8.13.3.6 Terminado o alargamento, concretam-se a base limite de utilização (comportamento em serviço).
e o núcleo do tubulão, sendo que, dependendo do projeto,
a concretagem do núcleo pode ser parcial. 7.8.14.10 Na verificação no estado-limite de ruptura rea-
lizado com as cargas de utilização multiplicadas pelo coe-
7.8.14 Tubulões revestidos com camisa de aço ficiente de majoração γf, considera-se a camisa de aço
como armadura longitudinal. As resistências caracterís-
Nos tubulões revestidos com camisa de aço, deve-se ticas fyk e fck do aço e do concreto são respectivamente
observar o disposto em 7.8.14.1 a 7.8.14.12. divididas pelos coeficientes de minoração γs e γc, multi-
plicando-se além disso a resistência característica do
concreto pelo coeficiente de minoração11) 0,85.
7.8.14.1 A camisa de aço é utilizada do mesmo modo que
a camisa de concreto, a fim de manter aberto o furo e
Nota: Recomendam-se os seguintes valores: γf = 1,4 ; γs = 1,15
garantir a integridade do fuste do tubulão. Ela pode ser e γc = 1,5.
introduzida no terreno por cravação com bate-estacas,
por vibração ou através de equipamento especial que
7.8.14.11 A verificação no estado-limite de utilização é fei-
imprima ao tubo um movimento de vai-e-vem, simultâneo
ta com as cargas de utilização, sem coeficiente de majo-
a uma força de cima para baixo.
ração (isto é, γf = 1), e desprezando-se qualquer contri-
buição da camisa de aço para a resistência. Considera-
7.8.14.2 Qualquer que seja o processo de instalação da se nula a resistência a tração do concreto; a resistência
camisa, o equipamento deve ser dimensionado para característica a compressão do concreto é dividida por
possibilitar a cravação do tubo até a profundidade prevista, um coeficiente de minoração Po inferior ao adotado na
sem deformá-lo longitudinal ou transversalmente. verificação no estado-limite último, recomendando-se
γc = 1,3.
7.8.14.3 A escavação interna, manual ou mecânica, pode
ser feita à medida da penetração do tubo ou de uma só 7.8.14.12 Para os tubulões com camisa de aço, valem as
vez, quando completada a sua cravação. prescrições de 7.8.19 e 7.8.20.
7.8.14.4 Quando assim previsto, pode-se executar um alar- 7.8.15 Concretagem de tubulões revestidos
gamento da base; em seguida o tubulão é concretado, o
qual pode ser executado manualmente sob ar comprimido Neste caso, admitem-se as duas variantes de concre-
ou não. tagem descritas em 7.8.15.1 e 7.8.15.2.
7.8.14.5 No caso de uso de ar comprimido, a camisa deve 7.8.15.1 No caso de tubulão seco, o concreto é simples-
ser ancorada ou receber contrapeso de modo a evitar mente lançado da superfície, sem necessidade de tromba
sua subida. ou funil.
11)
Este coeficiente leva em conta a diferença entre os resultados de ensaios rápidos de laboratório e a resistência sob a ação de cargas de
longa duração.
Cópia não autorizada
NBR 6122/1996 27
Nota: O ângulo β indicado nesta Figura deve ser tal que as tensões de tração que venham a ocorrer no concreto possam ser absor-
vidas por este material. Quando, por alguma razão, for preciso adotar um ângulo menor que o indicado, deve-se armar a base do
tubulão. Desde que a base esteja embutida no material idêntico ao de apoio, no mínimo 20 cm, um ângulo β igual a 60o pode ser
adotado, independentemente da taxa, sem necessidade de armadura.
Figura 8 - Base de tubulões
Cópia não autorizada
28 NBR 6122/1996
7.8.18 Dimensionamento do fuste dos tubulões nando como armadura longitudinal. A ferragem é cravada
após a concretagem da base, sendo o comprimento de
Para efeito de dimensionamento do fuste, cabe distinguir ancoragem das barras dessa armadura calculado de
os dois casos descritos em 7.8.18.1 e 7.8.18.2. acordo com a NBR 6118. Além disto, o comprimento de
justaposição das barras e da camisa de aço não deve ser
menor que o calculado, considerando-se o perímetro
7.8.18.1 No caso dos tubulões sem revestimento, o dimen- interno da camisa e a tensão de aderência entre barras
sionamento estrutural é feito como o de uma peça de lisas e concreto.
concreto simples ou armado, conforme o caso. Quanto
ao coeficiente de minoração γc do concreto, este deve ser
Nota: Para calcular este comprimento, basta substituir, na equa-
tomado igual a 1,6, tendo em vista as condições de con-
ção do comprimento de ancoragem de barras lisas, o diâ-
cretagem do tubulão.
metro das barras por quatro vezes a espessura da ca-
misa.
7.8.18.2 No caso de tubulões com revestimento de concreto
armado, há dois pormenores a considerar: 7.8.20 Preparo da cabeça do tubulão e sua ligação com o
bloco de coroamento
a) a armadura necessária pode ser colocada total-
mente no revestimento ou parte no revestimento e
7.8.20.1 O topo dos tubulões apresenta normalmente, de-
parte no núcleo; no trabalho a compressão, o nú-
pendendo do tipo de concretagem, concreto não satis-
cleo e a camisa de concreto devem ser conside- fatório, o qual deve ser removido até que se atinja material
rados, constituindo a seção plena; no caso de fle-
adequado, ainda que abaixo da cota de arrasamento pre-
xão, entretanto, deve-se admitir o concreto do nú-
vista, reconcretando-se a seguir o trecho eventualmente
cleo agindo monoliticamente com a camisa, tor- cortado abaixo desta cota.
nando-se necessário assegurar a aderência entre
os dois, tomando para tanto as necessárias me-
didas de limpeza da superfície interna da camisa 7.8.20.2 Tubulões sujeitos apenas a esforços de com-
e, se for o caso, de apicoamento, previamente à pressão não precisam de ferragem de ligação com o blo-
concretagem do núcleo; co de coroamento.
b) tendo em vista o trabalho sob ar comprimido, 7.8.20.3 Em qualquer caso, deve ser garantida a trans-
quando for o caso, a armadura transversal (estri- ferência adequada da carga do pilar para o tubulão.
bos) é calculada imaginando-se o tubulão sob ar
comprimido a uma pressão igual a 1,3 vez a má- Nota: Aplicam-se aos tubulões revestidos e não revestidos as
xima de trabalho prevista, sem pressão externa prescrições de 7.9.
de terra e sem água; além disso, cuidado especial
deve ser dado à armadura de fixação da cam- 7.9 Considerações gerais válidas para fundações
pânula à camisa. profundas
7.9.1.2 No caso em que for constatado levantamento da 7.9.2.1.3 Quando a nova nega for inferior à obtida ao final
estaca, cabe adotar providência capaz de anular o seu da cravação, devem-se realizar no máximo duas séries
efeito sobre a capacidade de carga da estaca e, eventual- de dez golpes para evitar repetição do fenômeno de perda
mente, sobre sua integridade. Os seguintes casos devem momentânea da resistência ou danificação da estaca.
ser considerados:
7.9.2.1.4 A realização das provas de carga sobre estacas
a) se a estaca for de madeira, metálica ou pré- deve ser feita após algum tempo da execução da estaca.
moldada, ela deve ser recravada; Este intervalo depende do tipo de estaca e da natureza
do terreno. Quanto ao solo, ele varia de poucas horas
b) se a estaca for moldada no solo, armada, com para os solos não coesivos a alguns dias para os solos
revestimento recuperado, a execução de uma es- argilosos. Em se tratando de estacas moldadas no solo,
taca requer que todas as situadas em um círculo deve-se aguardar que o concreto atinja a resistência
de raio igual a seis vezes o diâmetro da estaca te- necessária.
nham sido concretadas há pelo menos 24 h. Esta
exigência é dispensada caso se comprove que 7.9.2.2 Estacas escavadas
uma técnica especial de execução pode diminuir
ou até mesmo eliminar o risco de levantamento 7.9.2.2.1 Valem as recomendações de 7.8.9.2 e 7.8.9.3.
(pré-furo, por exemplo). As estacas deste tipo, em
que for constatado o levantamento, só devem ser 7.9.3 Bloco de coroamento
aceitas após análise e justificativa de cada caso.
Se a estaca tiver base alargada, o fuste deve ser É obrigatório o uso de lastro de concreto magro com es-
ancorado à base pela armação; pessura não inferior a 5 cm para a execução do bloco de
coroamento de estaca ou tubulão. No caso de estacas
Nota: É possível recravar, por prensagem ou percussão, de concreto ou madeira e tubulões, o topo desta camada
estacas que sofram levantamento, desde que devi- deve ficar 5 cm abaixo do topo acabado da estaca ou
damente estudada a operação; no caso de recra- tubulão. No caso de estacas metálicas vale o prescrito
vação por percussão, é obrigatória a utilização de em 7.8.2.4.
provas de carga comprobatórias.
7.9.4 Flambagem
c) estacas moldadas no solo, não armadas, não po-
dem ser utilizadas se constatado o levantamento Quando as estacas ou tubulões forem submetidos a car-
da estaca ou do solo circundante. gas de compressão e tiverem sua cota de arrasamento
acima do nível do terreno, levada em conta a eventual
Nota: Os cuidados anteriormente mencionados devem ser to-
mados tanto na cravação quanto na recravação das es-
erosão, ou atravessarem solos moles, devem ser verifi-
tacas, posto que a recravação de uma estaca pode im- cados à flambagem, levando-se em conta as caracterís-
plicar novo levantamento de estacas já recravadas. ticas dos solos atravessados e as condições de vínculo
com a estrutura.
7.9.1.3 Sempre que o terreno não for conhecido para o
executor, deve ser feita uma verificação dos fenômenos 7.9.5 Carga admissível estrutural
citados. Para isto, por um procedimento topográfico ade-
quado, é feito o controle (segundo a vertical e duas di- 7.9.5.1 Estacas de concreto armado ou protendido
reções horizontais ortogonais) do deslocamento, assu-
mindo especial importância no caso dos solos coesivos A carga admissível estrutural é determinada aplicando-
saturados do topo de uma estaca à medida que as vi- se o conceito de coeficientes de segurança parciais, onde
zinhas são cravadas. as cargas são majoradas por um coeficiente γf =1,4 e as
resistências do aço e do concreto são minoradas, respec-
7.9.1.4 O efeito do deslocamento lateral deve ser analisa- tivamente, pelos coeficientes γs = 1,15 e γc estipulados
do em cada caso. Os cuidados descritos em 7.9.1.2-b) nos itens específicos de cada tipo de estaca. Além disto,
são especialmente indicados quando há evidências de à resistência característica do concreto fck deve ser aplica-
danos ao fuste de estacas moldadas in loco por defor- do um fator redutor de 0,85, para levar em conta a diferença
mação horizontal. entre os resultados de ensaios rápidos de laboratório e
a resistência sob a ação de cargas de longa duração.
7.9.2 Influência do tempo de execução
7.9.5.2 Estacas de madeira, estacas metálicas e tubulões
7.9.2.1 Estacas cravadas
Aplicam-se, respectivamente, as prescrições de 7.8.1.2,
7.9.2.1.1 Quando da cravação de estacas pré-moldadas, 7.8.2.3 e 7.8.18.
metálicas ou de madeira, em terreno de comportamento
conhecido para cravação de estacas do tipo considerado, 7.9.6 Cálculos adicionais
a nega final deve ser obtida quando do término da cra-
vação e nunca após uma interrupção. 7.9.6.1 Além dos cálculos mencionados em 7.9.4 e 7.9.5,
a peça estrutural de qualquer fundação profunda deve
7.9.2.1.2 Em terreno cujo comportamento não é conhe- ser verificada para atender ao coeficiente de segurança
cido, nova nega deve ser determinada após alguns dias global não inferior a 2, de modo a permitir a aplicação do
do término da cravação. Quando a nova nega for superior dobro da carga de trabalho da estaca ou do tubulão,
à obtida no final da cravação, as estacas devem ser re- quando da realização de prova de carga estática sobre a
cravadas. estaca ou tubulão, conforme recomenda a NBR 12131.
Cópia não autorizada
30 NBR 6122/1996
h) comportamento da armadura, no caso de estacas h) anotação rigorosa dos horários de início e fim da
tipo Franki armadas; escavação;
i) volume de base e diagrama de execução; i) anotação rigorosa dos horários de início e fim de
cada etapa de concretagem;
j) deslocamento e levantamento de estacas por efeito
de cravação de estacas vizinhas;
j) no caso de uso de lama bentonítica, controlar ainda
suas características em várias etapas executivas
k) anormalidades de execução. e comparar com as prescrições de 7.8.9.4 e 7.8.9.5.
7.9.7.1.3 Quando se tratar de estacas moldadas in loco, a 7.9.7.2.3 Sempre que houver dúvida sobre uma estaca,
fiscalização deve exigir que um certo número de estacas a fiscalização deve exigir comprovação de seu compor-
seja escavado abaixo da cota de arrasamento e, se possí- tamento satisfatório. Se esta comprovação não for julgada
vel, até o nível d’água, para verificação da integridade suficiente, e dependendo da natureza da dúvida, a es-
da estaca. taca deve ser substituída ou seu comportamento compro-
vado por prova de carga.
7.9.7.1.4 Sempre que houver dúvida sobre uma estaca,
a fiscalização deve exigir comprovação de seu comporta- 7.9.7.2.4 Em obras com mais de 100 estacas para cargas
mento satisfatório. Se esta comprovação não for julgada de trabalho acima de 3000 kN, recomenda-se a execução
suficiente, dependendo da natureza da dúvida, a estaca de pelo menos uma prova de carga, de preferência em
deve ser substituída ou seu comportamento comprovado uma estaca instrumentada.
por prova de carga.
7.9.7.1.5 No caso de uma prova de carga ter dado resulta- 7.9.7.2.5 No caso de uma prova de carga ter dado resul-
do não satisfatório, deve ser reestudado o programa de tado não satisfatório, deve ser reestudado o programa de
provas de carga, de modo a permitir o reexame das car- provas de carga, de modo a permitir o reexame das car-
gas admissíveis, do processo executivo e até do tipo de gas admissíveis, do processo executivo e até do tipo de
fundação. fundação.
7.9.7.1.6 As provas de carga devem ter início juntamente 7.9.7.2.6 As provas de carga devem ter seu início simulta-
com o início da cravação das primeiras estacas, de forma neamente com o início da execução das primeiras esta-
a permitir providências cabíveis em tempo hábil, ressal- cas, de forma a permitir providências cabíveis em tempo
vado o disposto em 7.2.2. hábil, ressalvado o disposto em 7.2.2.
Cópia não autorizada
NBR 6122/1996 31
7.9.7.3 De estacas escavadas, com injeção 7.9.7.4.2 Sempre que houver dúvida sobre um tubulão
ou caixão, a fiscalização deve exigir comprovação de seu
A execução deve ser acompanhada da apresentação de comportamento satisfatório. Se esta comprovação for
boletins de execução, constando no mínimo os seguintes julgada insuficiente, e dependendo da natureza da
dados para cada estaca: dúvida, o tubulão ou o caixão deve ser substituído ou seu
comportamento comprovado por prova de carga.
7.9.7.4.1 Na execução de uma fundação em tubulões ou Para excentricidade na direção do plano das estacas ou
em caixões, devem ser anotados os seguintes elemen- dos tubulões, deve ser verificada a solicitação nas estacas
tos, conforme o tipo de tubulão ou caixão: ou tubulões, admitindo-se, sem correção, um acréscimo
de no máximo 15% sobre a carga admissível da estaca e
de 10% na carga admissível do tubulão. Acréscimos su-
a) cotas de apoio e de arrasamento;
periores a estes devem ser corrigidos mediante acréscimo
de estacas ou de tubulões, ou recurso estrutural.
b) dimensões reais da base alargada;
Nota: Para excentricidade na direção normal ao plano das estacas
e dos tubulões, é válido o critério de 7.9.7.5.1.
c) material de apoio;
7.9.7.5.4 Conjunto de estacas ou tubulões não alinhados
d) equipamento usado nas várias etapas;
Deve ser verificada a solicitação em todas as estacas ou
e) deslocamento e desaprumo; tubulões, admitindo-se, sem correção, um acréscimo de
no máximo 15% sobre a carga admissível da estaca mais
solicitada e de 10% na carga admissível do tubulão mais
f) consumo de material durante a concretagem e solicitado. Acréscimos superiores a estes devem ser corri-
comparação com o volume previsto; gidos mediante acréscimo de estacas ou tubulões, ou
recurso estrutural.
g) qualidade dos materiais;
7.9.7.6 Tolerâncias quanto ao desaprumo de estacas e
tubulões
h) anormalidades de execução e providências toma-
das;
7.9.7.6.1 Sempre que uma estaca ou tubulão apresentar
desvio angular em relação à posição projetada, deve
i) inspeção por profissional responsável do terreno ser feita verificação de estabilidade, tolerando-se, sem
de assentamento da fundação. medidas corretivas, um desvio de 1:100. Desvios maiores
requerem detalhe especial.
Cópia não autorizada
32 NBR 6122/1996
Notas:a) Recomenda-se fazer uma verificação posterior da c) ampliar a experiência local quanto ao comporta-
estrutura, quanto às conseqüências das tolerâncias mento do solo sob determinados tipos de funda-
referidas em 7.9.7.5, 7.9.7.6 e 7.9.7.7. ções e carregamentos;
Devem ser observadas as recomendações de 4.7.2 e 9.2.1 Nas obras em que as cargas mais importantes são
as prescrições da NBR 9061. verticais, a medição dos recalques constitui o recurso
fundamental para a observação do comportamento da
9 Observações do comportamento e instrumentação obra.
de obras de fundação
9.2.2 Esta medição consiste na medição dos desloca-
9.1 Generalidades mentos verticais de pontos da estrutura (pinos), normal-
mente localizados em pilares, em relação a um ponto
9.1.1 A observação do comportamento e a instrumentação fixo, denominado referência de nível (bench-mark). Esta
de fundações são feitas com um ou mais dos objetivos referência de nível deve ser instalada de forma a não so-
abaixo: frer influência da própria obra ou outras causas que
possam comprometer sua indeslocabilidade.
a) acompanhar o desempenho da fundação, durante
e após a execução da obra, para permitir tomar, 9.2.3 A medição dos deslocamentos pode ser feita por
em tempo, as providências eventualmente neces- nivelamento ótico ou por meio de nível d’água (nível de
sárias, a fim de garantir a utilização e a segurança Terzaghi), com leituras com exatidão de ± 0,01 mm, pre-
da obra; ferencialmente com poligonais fechadas.
Cópia não autorizada
NBR 6122/1996 33
9.2.4 Há casos em que não se pode realizar nenhum cir- 9.3 Abertura de fissuras
cuito fechado no nivelamento. Em outros casos, pelas
condições locais, somente um circuito fechado é formado
O acompanhamento da abertura de fissuras constitui um
e os demais circuitos ficam em aberto. Nestes e em outros
recurso mais simples e mais expedito para se ter uma
casos semelhantes, não cabe utilizar nos cálculos de es-
idéia do comportamento de uma obra, sobretudo quando
critório o método dos mínimos quadrados. Faz-se tão
ela estiver sujeita a perturbações de evolução mais ou
somente a distribuição do erro de fechamento em cada
menos rápida no tempo (por exemplo, durante a execução
circuito pelo número de pinos deste circuito, desde que o
de obra vizinha). Este acompanhamento é feito medindo-
erro de fechamento seja inferior a 0,017 η, em milímetros,
se periodicamente as diagonais de um retângulo traçado,
sendo η o número de pinos lidos na referida poligonal.
de sorte a ser cortado pela fissura ou através de fissurô-
9.2.5 Os relatórios de medições de recalques devem con- metro ou qualquer outro instrumento de precisão de
ter pelo menos os seguintes elementos: medida.
f) no primeiro relatório, deve ser apresentado o Todas as medidas devem ser acompanhadas de infor-
bench-mark em detalhe, inclusive a descrição geo- mações sobre fatores que possam influenciá-las: variação
técnica das camadas atravessadas e de apoio. de temperatura, vento, umidade, vibrações próximas, etc.
FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
SAPATA; BLOCO; RADIER
Fundação é o elemento estrutural que transmite para o terreno as ações atuantes na estrutura.
Uma fundação deve transferir e distribuir seguramente as ações da superestrutura ao solo, de
modo que não cause recalques diferenciais prejudiciais ao sistema estrutural, ou ruptura do
solo.
Fundação superficial
Fundação profunda
Elemento de fundação que transmite as ações ao terreno pela base (resistência de ponta), por
sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas e que está assente
em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta e no mínimo 3m. Neste
tipo de fundação incluem-se as estacas, os tubulões e os caixões.
HISTÓRICO
Até o meados do século XIX, muitas sapatas eram construídas de alvenaria. A evolução da
arquitetura, com projetos cada vez mais arrojados, trouxe os edifícios altos e de grande peso
próprio, resultando, portanto, em difíceis casos de fundações, despertando maior interesse em
projeto nessa área. As sapatas, para suportarem maiores ações, tornaram-se mais largas,
profundas e, portanto, com maior peso próprio, contribuindo com uma grande parte do peso
da estrutura. Uma solução encontrada para o problema do peso das fundações foi a construção
de grelhas, executadas em camadas perpendiculares entre si, constituídas de madeira ou aço
(figura 1.1). As sapatas convencionais de alvenaria eram construídas sobre estas grelhas.
Utilizadas primeiro em Chicago (EUA), no final do século XIX, essas grelhas, principalmente
as de aço, representaram um importante avanço na diminuição de peso e profundidade das
sapatas. Com o desenvolvimento do concreto armado no início do século XX, o custo das
fundações diminuiu consideravelmente, substituindo, portanto, as sapatas com grelhas.
Um significativo avanço na área de fundações foi obtido com a concepção de que a área da
fundação deveria ser proporcional à ação aplicada e que o centro de aplicação deveria ser
alinhado com o centro de gravidade da sapata. Esta grande contribuição foi dada por
Frederick Baumann em Chicago, no ano de 1873.
PILAR ALVENARIA
DE
PEDRA
GRELHA
DE
MADEIRA
Sapatas
Sapatas isoladas
Transmitem ações de um único pilar. É o tipo de sapata mais freqüentemente utilizado. Estas
podem receber ações centradas ou excêntricas. Podem ser quadradas, retangulares ou
circulares. E podem ainda ter a altura constante conforme figura 1.2 ou variável indicada na
figura 1.2b.
Planta
Lastro de Concreto
Vista frontal
Transmitem ações de dois ou mais pilares adjacentes. São utilizadas quando a distância entre
as sapatas é relativamente pequena, onde este tipo de fundação oferece uma opção mais
econômica. Com condições de carregamento similares, podem ser assentes em uma sapata
corrida simples (figura 1.3), mas quando ocorrem variações consideráveis de carregamento,
um plano de base trapezoidal satisfaz mais adequadamente à imposição de coincidir o centro
geométrico da sapata com o centro das ações. Podem ser adotadas também no caso de pilares
de divisa, quando há um pilar interno próximo, onde a utilização de viga-alavanca não é
necessária (figura 1.4); a viga de rigidez funciona também como viga de equilíbrio (ou viga-
alavanca).
A
A
Planta
Pilar Viga de Rigidez
A
Planta
Pilar Viga de Rigidez
No caso de pilares posicionados junto a divisa do terreno (figura 1.5), o momento produzido
pelo não alinhamento da ação com a reação, deve ser absorvido por uma viga, chamada viga
de equilíbrio, apoiada nas sapatas junto a divisa e em sapata construída para pilar interno. A
NBR 6122 [1996] indica que, quando ocorre uma redução das ações, caso do projeto da
sapata interna, esta sapata deve ser dimensionada, considerando-se apenas 50% da redução da
força; e quando da soma dos alívios totais puder resultar tração na fundação do pilar interno, o
projeto deve ser reestudado.
Pilar
DIVISA
VIGA−ALAVANCA
Planta
Sapata
Vista Lateral
Os pilares são locados freqüentemente em uma fila com espaçamentos relativamente curtos,
de maneira que, se fossem utilizadas sapatas isoladas, estas se aproximariam ou mesmo se
sobreporiam a uma base adjacente. Uma sapata corrida contínua é então desenvolvida na linha
dos pilares (figura 1.6).
Planta
A figura 1.8 apresenta uma sapata com pedestal vazado para posicionamento e vinculação de
pilares pré-moldados, podendo a sapata com o pedestal também ser pré-moldada. O
dimensionamento da sapata é feito de modo idêntico aos casos de sapatas moldadas no local.
O pedestal, se houver ações horizontais e ou momento aplicado no pé do pilar, é
dimensionado com os critérios usados para consolos. As ranhuras nas faces internas do
pedestal e/ou nas faces do pé do pilar São necessárias para melhoras a aderência quando se
lança graute para fazer a ligação dos dois elementos.
CUNHA
DE
MADEIRA CONCRETO
Quando as áreas das bases das sapatas totalizam mais de 70% da área do terreno, é
recomendado o emprego de radier. Trata-se de uma sapata associada, formando uma laje
espessa, que abrange todos os pilares da obra ou ações distribuídas. O radie pode ser
executado sem vigas ou com vigas inferiores ou superiores (figura 1.9).
Pilar
Laje
A A
Vigas
Planta
Vigas
Laje
Corte A-A
Pela relação entre suas dimensões, uma sapata pode ser rígida ou flexível. Em MONTOYA
[1973], diz-se que a sapata é flexível, quando > 2h e rígida quando 2h (figura 1.11). A
h
h
Nas sapatas flexíveis, o comportamento estrutural é de uma peça fletida, devendo-se, além de
dimensionar a peça para absorver o momento fletor, verificar o cisalhamento oriundo da força
cortante e o puncionamento. Já nas sapatas rígidas não é necessária a verificação da punção.
DETALHES CONSTRUTIVOS
A face de contato de uma sapata deve ser assente a uma profundidade tal que garanta que o
solo de apoio não seja influenciado pelos agentes atmosféricos e fluxos d’água. Na divisa com
terrenos vizinhos, salvo quando a fundação for assente sobre rocha, tal profundidade não deve
ser inferior a 1,5m. E na escolha do nível da base da sapata, devem ser considerados os
seguintes fatores:
a) altura da sapata;
d) necessidade de espaço acima das sapatas para passagem de dutos, pisos rebaixados,
etc.;
e) profundidade da camada de solo de apoio;
A altura da sapata pode ser variável, linearmente decrescente, da face do pilar até a
extremidade livre da sapata, proporcionando uma economia no volume de concreto. No
entanto, a altura h0 (figura 1.11) é limitada a um valor tal, que o cobrimento seja suficiente
nas zonas de ancoragem, e no mínimo 15 cm; e o ângulo das superfícies laterais inclinadas do
tronco de pirâmide não dificulte a concretagem. Segundo MONTOYA [1973] este ângulo não
deve ultrapassar 30, que corresponde aproximadamente ao ângulo do talude natural do
concreto fresco.
As sapatas de altura constante são mais fáceis de construir, mas como o consumo de concreto
é maior são indicadas quando há a necessidade de um volume elevado para aumentar o peso
próprio e quando as sapatas têm de pequenas dimensões.
No caso de sapatas de altura variável, no topo da sapata deve existir uma folga para apoio e
vedação da fôrma do pilar.
No caso de sapatas próximas, porém situadas em cotas diferentes, a reta de maior declive que
passa pelos seus bordos deve fazer, com a vertical, um ângulo como mostrado na figura
1.12, com os seguintes valores:
rochas: = 30;
A fundação situada em cota mais baixa deve ser executada em primeiro lugar, a não ser que se
tomem cuidados especiais.
Figura 1.12 – Fundações próximas, mas em cotas diferentes NBR 6122 (1996)
Deve ser executada uma camada de concreto simples de 5cm a 10cm, ocupando toda a área da
cava da fundação. Essa camada serve para nivelar o fundo da cava, como também serve de
fôrma da face inferior da sapata. Em fundações apoiadas em rocha, após o preparo da
superfície (chumbamento ou escalonamento em superfícies horizontais), deve-se executar um
enchimento de concreto de modo a se obter uma superfície plana e horizontal, nesse caso, o
concreto a ser utilizado deve ter resistência compatível com a pressão de trabalho da sapata.
O cobrimento utilizado para as sapatas deve ser igual ou maior que 5 cm, visto que se
encontram num meio agressivo. Em terrenos altamente agressivos aconselha-se executar um
revestimento de vedação.
Dimensionamento Geotécnico de Fundações Superficiais
As dimensões em planta necessárias para uma sapata isolada com força centrada são obtidas a
partir da divisão da ação característica atuante no pilar pela tensão admissível do terreno. Para
levar em conta o peso próprio da sapata, deve-se considerar um acréscimo nominal na ação do
pilar. Esse acréscimo pode ser de 5% para sapatas flexíveis e 10% no caso das sapatas rígidas.
a) o centro de gravidade da sapata deve coincidir com o centro de aplicação da ação do pilar;
b) a sapata não deverá ter nenhuma dimensão menor que 60 cm;
c) sempre que possível, a relação entre “a” e “b” deverá ser menor ou, no máximo, igual a 2,5;
ao
y
bo b
y
Neste caso, quando não existe limitação de espaço, a sapata mais indicada é a de planta
quadrada, cujo lado é igual a:
Fv
a (2.1)
adm
a a0 b b0 (2.3)
Com esta condição, as seções de armaduras resultam aproximadamente iguais nas duas
direções.
Este caso recai facilmente no caso anterior ao se substituir a seção transversal do pilar por
uma seção retangular equivalente, circunscrita à mesma, e que tenha seu centro de gravidade
coincidente com o centro de ação do pilar em questão (figura 2.2).
ao
y
bo b
y
As principais variáveis que regem a distribuição das tensões sobre o solo em contato com uma
sapata são a natureza do solo (rocha, areia ou argila) e a rigidez da fundação (rígida ou
flexível).
A distribuição real não é uniforme, mas por aproximação admite-se na maioria dos casos uma
distribuição uniforme para as pressões do solo, representada pelas linhas tracejadas (figuras
2.3 e 2.4). No dimensionamento estrutural, esta consideração eleva os valores dos esforços
solicitantes quando comparados com a situação em que se usa a distribuição real.
A NBR 6122 [1996] indica que para efeito de cálculo estrutural de sapatas sobre rocha, o
elemento estrutural deve ser calculado como peça rígida, adotando-se o diagrama bitriangular
de distribuição (figura 2.3-a).
Nas sapatas sobre solos coesivos, a distribuição uniforme de tensões não difere muito da
distribuição real, o que pode ser observado nas figuras 2.3-b e 2.4-b.
Para o Projeto de Revisão da NBR 6118 (2000), sendo “a” a dimensão da sapata em uma
direção e “ap” a do pilar nessa mesma direção, define-se como sapata rígida aquela em que a
altura da sapata (h) respeita a seguinte condição:
Quando a altura (h) ficar menor do que o valor calculado com essa expressão diz-se que a
sapata é flexível.
É permitido por essa Norma admitir plana a distribuição de tensões normais no contato
sapata-terreno, se a sapata for rígida.
As sapatas rígidas são comumente adotadas nos projetos estruturais quando o terreno possui
boa resistência em camadas próximas da superfície, as sapatas flexíveis, embora de uso
bastante mais raro, são adotadas para pilares com cargas pequenas e nos casos de solos com
baixas resistências.
a. Rocha b. Argila c. Areia
Figura 2.3 - Distribuição de tensões nas sapatas rígidas [Guerrin, 1980]
a. uma força vertical cujo eixo não passa pelo centro de gravidade da superfície de
contato da sapata com o solo;
b. forças horizontais situadas fora do plano da base da fundação;
c. qualquer outra composição de forças que gerem momentos na fundação.
FV
M
(a) Ações
Núcleo
Central
b/6
b
a/6
As vigas de equilíbrio devem ser empregadas, como uma solução estrutural, para absorver o
momento fletor oriundo da excentricidade nos casos de sapatas dos pilares situados nas
divisas de terrenos.
O núcleo central de inércia é uma área cujo centro geométrico coincide com o centro
geométrico da sapata, onde se a força normal estiver localizada, em qualquer ponto do núcleo,
não ocorrerá tensões de tração na sapata. A área do núcleo central é determinada
geometricamente pelas retas onde a força pode estar localizada e provocar tensões nulas nos
vértices da seção como mostra a figura 2.5-b.
O valor da tensão máxima é obtido através de princípios básicos da resistência dos materiais,
relacionados ao caso geral de ação excêntrica. A distribuição de tensões depende do ponto de
aplicação da ação; no entanto este ponto limita-se a uma região, de modo que não ocorram
tensões de tração entre o solo e a sapata.
Este caso, que pode ser observado na figura 2.6a, ocorre quando e a / 6 .
Fv M.y
(2.4)
A I
sendo,
Fv M.y
(2.5)
A I
onde,
A = área da base da sapata;
M = momento aplicado ou devido à excentricidade da ação;
I = momento de inércia da base da sapata, calculado em relação ao eixo que
passa pelo C. G. e é perpendicular ao plano de ação de M;
y = distância do eixo central ao ponto onde a tensão está sendo calculada.
Considerando A = a . b, M = Fv . e, I = b . a3 / 12 e y = a / 2, e fazendo-se a
substituição na equação (2.4). obtem-se:
Fv 6.e x
1 (2.6)
a.b a
Onde a tensão máxima é dada por:
Fv 6.e x
max 1 (2.7)
a.b a
A tensão mínima calcula-se com:
Fv 6.e x
min 1 (2.8)
a.b a
a.2- Caso em que o ponto de aplicação da ação está no limite do núcleo central de inércia
Este caso, como pode ser observado na figura 2.6b, ocorre quando e = a/6.
O valor da tensão máxima é obtido através da expressão 2.9, fazendo ex=a /6.
Fv
max 2 (2.9)
a.b
Neste caso tem-se:
Fv M.y
(2.10)
A I
a.3- Caso em que o ponto de aplicação da ação está fora do núcleo central de inércia
Esta situação ocorre quando tem-se e > a/6. Apenas parte da sapata está comprimida. Para
que não ocorram tensões de tração entre o solo e a sapata, o ponto de aplicação da ação
deve estar alinhado com o centro de gravidade do diagrama triangular de pressões.
Portanto, a largura do triângulo de pressões é igual a três vezes a distância desse ponto a
extremidade direita da sapata (Figura 2.6 c).
A tensão máxima é dada por:
2Fv
max (2.11)
a
3b e
2
a a a
a) e b) e c) e
6 6 6
Figura 2.6 - Tensões máximas para as ações excêntricas
Fv M x .y M y .z
(2.12)
A I I
Ação
ey
ex b
a
Figura 2.7 - Excentricidade nas duas direções
a/4 a/4
a/6 a/6 a/6
b/4 b/6
2 4
b/6
b/4 5
b/6 3 1
b
a
b.1- Zona 1
Esta região corresponde ao núcleo central de inércia da sapata, aplicando‐se a expressão 2.7
adaptada para o caso de flexão composta oblíqua.
Fv 6.e x 6.e y
max 1 (2.13)
a.b a b
b.2- Zona 2
É inaceitável a aplicação da ação nesta região, pois o centro de gravidade da sapata estaria na região
tracionada.
b.3- Zona 3
A região comprimida corresponde à área hachurada na figura 2.9a. O eixo neutro fica
definido pelos parâmetros s e (figura 2.9):
O valor de s é obtido através da seguinte equação:
b b b2
s 12 (2.14)
12 e y 2
ey
pode ser obtido da seguinte equação:
3 a 2.e x
tg (2.15)
2 s ey
A tensão máxima é dada por:
12.Fv b 2.s
max 2 (2.16)
b.tg b 12.s 2
b.4- Zona 4
A região comprimida corresponde à área hachurada na figura 2.9b. O eixo neutro fica
definido pelos parâmetros t e :
O valor de t é obtido através da seguinte equação:
a a a2
t 12 (2.17)
12 e x e 2x
enquanto é obtido da equação:
3 b 2.e y
tg (2.18)
2 t ex
A tensão máxima é dada por:
12.Fv a 2.t
max 2 (2.19)
a.tg a 12.t 2
b.5- Zona 5
Neste caso, a região comprimida corresponde à área hachurada na figura 2.9c e a tensão
máxima será calculada pela fórmula aproximada:
ex ey
Onde (2.21)
a b
/b ( ã d l t i id d ) PFEIL (1983)
CRITÉRIOS PARA DIMESIONAMENTO DAS SAPATAS (Estrutural)
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O dimensionamento de sapatas deve ser feito no estado limite último, onde duas condições
devem ser satisfeitas:
a. a resistência de cálculo tem que ser maior do que a solicitação de cálculo. Para isto, as
deformações dos materiais concreto e aço não devem ultrapassar valores limites;
O dimensionamento das sapatas sob ação de momento fletor é baseado na mesma teoria
aplicada às vigas submetidas à flexão simples.
As sapatas podem ser consideradas rígidas ou flexíveis em função da relação entre a altura e o
comprimento do balanço, conforme já definido no item 1.4. A altura da sapata em relação ao
comprimento do balanço a caracteriza como sapata rígida ou flexível.
O Projeto de Revisão da NBR 6118 (2000) define o comportamento estrutural de cada uma
delas como indicado na seqüência.
a. Trabalho à flexão nas duas direções, admitindo-se que, para cada uma delas, a tração na
flexão seja uniformemente distribuída na largura correspondente da sapata. Essa hipótese não
se aplica à compressão na flexão, que se concentra mais na região do pilar que se apóia na
sapata e não se aplica também ao caso de sapatas muito alongadas em relação à forma do
pilar.
b. Trabalho ao cisalhamento também em duas direções, não apresentando ruptura por tração
diagonal, e sim compressão diagonal. Isso ocorre porque a sapata rígida fica inteiramente
dentro do cone hipotético de punção, não havendo portanto possibilidade física de punção.
c. Trabalho à flexão nas duas direções, não sendo possível admitir tração na flexão
uniformemente distribuída na largura correspondente da sapata. A concentração de tensões
junto ao pilar deve ser, em princípio, avaliada.
Recomendações do CEB-FIP/1970
Tais critérios são aplicáveis a sapatas rígidas com a seguinte relação geométrica:
h
2h (3.1)
2
O momento fletor com o qual se determina a armadura posicionada junto a face inferior da
sapata é calculado, em cada direção principal, em relação a uma seção de referência S1 (figura
3.1), situada entre as faces do pilar, a uma distância 0,15a0 na direção x e 0,15b0 na direção
y, medida no sentido perpendicular à seção considerada. Esta recomendação deve-se ao fato
de que no caso dos pilares de seção alongada o valor do momento fletor pode crescer
sensivelmente além da seção situada na face do pilar.
A altura útil d da seção S1 é tomada igual à altura da seção paralela a S1 e situada na face do
pilar, salvo se esta altura exceder 1,5 vez o comprimento do balanço da sapata (1,5), medida
perpendicularmente a S1. Neste último caso, a altura útil deve ser limitada a 1,5 vez o
comprimento do balanço.
O cálculo da área da seção da armadura que atravessa S1 é feito a partir das características
geométricas da seção de referência S1, definidas no item anterior, e do momento fletor
calculado.
No caso de distribuição ortogonal de armaduras, a relação das áreas das seções transversais
das barras correspondentes a cada direção deve pelo menos ser igual a 1/5.
0,15ao
S1
ao
Figura 3.1 - Seção S1 para o cálculo do momento fletor
Disposição da armadura
Em todos os casos as barras da armadura devem ser prolongadas sem redução de seção sobre
toda extensão da sapata.
No caso das sapatas de base quadrada, a armadura pode ser distribuída, paralelamente aos
lados do quadrado, localizando maior densidade de armadura nas faixas paralelas aos lados do
quadrado, centradas sob o pilar e de largura a0 + 2h (figura 3.2).
Figura 3.2 - Disposição de armadura nas sapatas quadradas
Nas sapatas de base retangular a armadura é distribuída conforme figura 3.2. No entanto se
b a 0 2h , As1 é calculada por:
2 a 0 2h
A s1 A s (3.2)
a a 0 2h
Para não haver escorregamento das barras, a verificação pode ser feita calculando-se a tensão
de aderência e comparando-a com valores últimos, fixados por norma. O cálculo da tensão de
aderência é feito considerando-se o equilíbrio das forças atuantes na barra e no concreto que a
envolve. O resultado é a tensão de aderência relacionada com a tensão atuante na barra, com
suas características geométricas.
A resistência do concreto tem uma grande influência no valor da tensão limite de aderência (
bd,lim ). Os resultados experimentais indicam que bd é proporcional à resistência do
concreto à tração.
A partir dos esforços apresentados na figura 3.3 pode-se obter a seguinte equação para o
cálculo da tensão de aderência nas peças fletidas:
VSd
bd (3.3)
0,9 d n
VSd = força cortante de cálculo na face do pilar por unidade de largura;
n = número de barras por unidade de largura;
= diâmetro da barra.
Figura 3.3 ‐ Tensão de aderência em peças fletidas
Nas sapatas rígidas, em uma dedução baseada no método das bielas, pode-se obter a tensão de
aderência a partir dos esforços apresentados na figura 3.4. Tem-se:
Fvd a a0
bd (3.4)
2n ad
bu 0,74 f cd
2/3
(fcd em MPa) (3.5)
Todas as barras das armaduras deverão ser ancoradas com segurança no concreto,
transmitindo a esse as forças que o solicita. O Projeto de Revisão da NBR 6118(2000) indica
que as barras devem conter ganchos nas extremidades. Para barras com diâmetros maiores do
que 20mm os ganchos devem ter inclinação de 135° ou 180°.
De acordo com o CEB-FIP [1970], no fascículo onde são tratadas as sapatas de fundações, se
a aba da sapata não exceder à altura h, a armadura inferior deve ser totalmente ancorada na
vizinhança imediata da borda da sapata (figura 3.5a); o comprimento de ancoragem deve ser
medido a partir da extremidade da parte retilínea das barras. Neste caso, o raio de dobramento
deve ser correspondente ao de barras curvadas e deve respeitar os limites fixados por norma.
Se a aba da sapata exceder à altura h, a armadura inferior deve ser totalmente ancorada além
Em nenhum caso, a armadura pode ser interrompida antes de ter atingido a borda da sapata.
a) < h b) > h
Figura 3.5 - Comprimento de ancoragem
DIMENSIONAMENTO DA SAPATA – TENSÕES TANGENCIAIS
Punção
O Projeto de Revisão da NBR 6118 (2000) define punção como sendo o Estado Limite
Último determinado por cisalhamento no entorno de cargas concentradas. Ela é diferente do
Estado Limite Último determinado por cisalhamento em seções planas solicitadas à força
cortante. A punção basicamente é a tendência a perfuração de uma placa em função das altas
tensões de cisalhamento, provocadas por forças concentradas.
Por causa dos fatores construtivos e econômicos é recomendado evitar sapatas com armadura
transversal, adotando-se uma altura suficiente para que não ocorra ruptura por punção.
Portanto, o efeito da punção geralmente determina a altura da sapata.
Nas sapatas rígidas para pilares isolados não há necessidade de verificação à punção, no
entanto nas flexíveis não se pode deixar de verificar esse efeito.
Alguns parâmetros interferem na punção das sapatas isoladas sem armadura transversal; entre
os quais podem ser destacados:
FSd
Sd Rd (3.6)
ud 2
u = perímetro do contorno crítico distante d/2 da face do pilar (figura 3.6);
A tensão Rd é determinada através da seguinte expressão:
0,63
Rd f ck (fck em MPa) (3.7)
c
onde c = 1,4.
Na segunda superfície crítica, dada pelo perímetro C’, afastado 2d do pilar ou carga
concentrada, verifica-se a capacidade de ligação a punção, associada à resistência à tração
diagonal. Esta verificação também se faz através de uma tensão de cisalhamento, no perímetro
C’. Caso haja necessidade, a ligação será reforçada por armadura transversal.
A terceira superfície crítica, perímetro C”, só é utilizada quando é necessário colocar
armadura transversal.
A tensão atuante (solicitante) nas superfícies críticas C e C’, no caso de sapata flexível
com distribuição de tensões no solo considerada simétrica, é dada por:
FSd
Sd (3.8)
ud
onde:
A força de punção FSd pode ser reduzida da força distribuída aplicada na face oposta
da laje, dentro do perímetro considerado na verificação, C ou C'.
A verificação da tensão resistente visa quantificar a máxima resistência que uma ligação pode
atingir. Ela deve ser feita no contorno C, tanto para sapatas sem armadura de punção, como
sapatas com essa armadura.
onde:
= (1 - fck/250); (3.10)
Sd Rd1 0 ,13 1 20 d 100 f ck 1 3 (3.11)
onde:
d = altura útil da laje ao longo do contorno crítico C' da área de aplicação da força,
em centímetros
x y
= , sendo x e y as taxas de armadura nas duas direções ortogonais,
calculadas com a largura igual à dimensão do pilar, ou da área carregada, mais 3d para cada
um dos lados (ou até a borda da laje, se esta estiver mais próxima).
Se houver necessidade de armadura de punção na sapata por não ser possível aumentar a
altura, o dimensionamento deve se basear nas indicações do Projeto de Revisão da NBR 6118
(2000).
Força cortante
Armadura para absorver a força cortante raramente é utilizada nas sapatas isoladas pelas
mesmas razões do caso de punção. Portanto, as sapatas isoladas são dimensionadas de modo
que a força cortante seja resistida pelo concreto.
Os parâmetros que influem na resistência ao esforço cortante das sapatas, sem armadura
transversal, são os mesmos indicados para punção. Portanto, a melhor alternativa para se
evitar armadura transversal é aumentar a altura da sapata, nos casos em que a altura escolhida,
a principio, não satisfaça os limites fixados pela norma utilizada.
A força cortante é verificada numa seção S2 (figura 3.8), perpendicular à superfície de apoio
da sapata, distante d/2 da face do pilar, considerando-se a resultante das tensões no terreno
que atua à direita da seção S2, na região hachurada, e sua largura é dada por:
b2 b0 d (3.12)
Nas sapatas alongadas (x >1,5b), a seção de referência S2, relativa à força cortante VSd, fica
Na verificação da força cortante na seção crítica, a seguinte condição deve ser satisfeita:
onde:
4,7 b 2 d 2
VRd f ck
c (fck em MPa ) (3.14)
ou,
0,47 b 2 d 2
VRd f ck
c (fck em MPa ) (3.15)
sendo:
As
0,01
b 2 d2 (3.16)
Os critérios da NBR 7197 [1989] utilizados para verificação da força cortante nas sapatas são
baseados naqueles adotados para lajes maciças.
wd wu1 (3.17)
VSd
wd
bw d (3.18)
No caso das sapatas de altura variável pode-se considerar o efeito favorável da variação da
seção, logo tem-se:
MSd
VSd tg
wd, d
red
bw d (3.19)
onde:
h h0
tg
a a 0 / 2 (3.20)
wu1 4 f ck
(3.21)
4 f ck
Limita-se a 1,0 MPa, onde 4 assume os seguintes valores:
k
4 0,12
3d
1
L (d > L/20) (3.22)
onde:
verificada.
VSd
Rd1
bwd (3.26)
em que:
com:
Nos casos em que é necessário usar armadura transversal devem ser adotados os critérios
indicados para vigas usuais.
No caso de lajes (sapatas ) com espessura superior a 35cm pode ser usada a resistência dos
estribos fywd 435 MPa. Para lajes com espessura até 15cm essa resistência deve ser
limitada a 250 MPa. Permite-se interpolar linearmente entre esses dois valores.
TRANSMISSÃO DOS ESFORÇOS DO PILAR PARA A SAPATA - ACI 318 [1995]
A sapata deve ter altura suficiente para permitir a ancoragem da armadura de arranque. Nessa
ancoragem pode-se considerar o efeito favorável da compressão transversal às barras
decorrente da flexão da sapata.
As forças na base do pilar são transmitidas para a sapata através das tensões de compressão no
concreto e também pela armadura de ligação, que transmite à sapata tensões de compressão e
de possíveis esforços de tração (figura 3.10).
c. falha nas emendas por traspasse entre as barras da armadura de ligação e as barras da
armadura do pilar.
onde = 0,70.
A sl, 0,005 A c
min (3.29)
Na situação em que isso não aconteça, é necessário calcular a área de armadura para resistir
aos esforços excedentes (Fvd, exc). No entanto, se tal valor for inferior ao dado pela equação
(3.29), adota-se a armadura mínima, logo:
Fvd,exc
A sl A sl,
f y min
(3.30)
Esta redução da área da seção transversal de armadura na ligação pilar - sapata diminui a
aglomeração de aço na base do pilar e só foi permitida a partir do ACI 318 [1971], baseando-
se em diversas experiências.
Quando, além da ação axial, são transmitidos momentos, geralmente isso leva a não redução
de aço na ligação pilar-sapata.
As barras que forem apenas comprimidas deverão ser ancoradas dentro da sapata com
ancoragem retilínea (sem gancho), e o comprimento de ancoragem deverá ser calculado como
no caso de tração. Já no caso de armadura sujeita a esforços de tração, seu comprimento de
ancoragem deve ser calculado considerando-se o gancho na extremidade, dentro da sapata.
Tal comprimento influi na determinação da altura da sapata, no entanto, pode-se considerar
apenas 60% desse total.
Para evitar que as sapatas possam estar sujeitas a movimentos de tombamento e deslizamento,
suas dimensões a e b devem ser determinadas de modo a satisfazer às condições de
estabilidade.
SEGURANÇA AO TOMBAMENTO
Segundo MONTOYA [1973], a primeira verificação que deve ser feita em sapatas submetidas
a momentos ou forças horizontais (figura 3.12) é a segurança ao tombamento. O momento de
tombamento majorado por um coeficiente de segurança deve ser inferior ao momento das
forças que se opõem ao tombamento, logo:
M Fh h1 1 Fv G pp a
2 (3.31)
FV
FH M
h
G
SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO
Para sapatas isoladas com ação horizontal, o deslizamento é evitado pelo atrito entre a base da
sapata e o terreno ou a coesão do mesmo. O empuxo passivo sobre a superfície lateral da
sapata é desprezado, a menos que se garanta sua ação permanentemente.
F v G pp tg d 2 Fh
(solos arenosos) (3.32)
Onde:
2
d
3 ;
c d 0,5 c
No Quadro 2.4 são apresentadas pressões básicas (0) de vários tipos de solos de acordo com
a NBR6122/1996.
Quadro 2.4 – Pressões básicas dos solos (NBR6122/1996).
1 3,0
Rocha sã, maciça, sem lamina ou sinal de decomposição
2 Rochas laminadas, com pequenas fissuras, estratificadas 1,5
Os valores do Quadro 2.4, válidos para largura de 2m devem ser modificados em função das
dimensões e da profundidade conforme prescrito nos itens 6.2.2.5 a 6.2.2.7 da
NBR6122/1996.
Sondagem
SPT B
13
N.A
8
a= 0,02.N= 0,02.13= 0,26MPa
ARGILA SILTOSA
VARIEGADA
5
AREIA DE GRANUL. 20
VARIADA AMARELA
40
Sapatas Isoladas
Sejam ao e bo as dimensões do pilar, P a carga que ele transmite e adm a tensão admissível
do terreno. A área de contato da sapata com o solo deve ser:
P
As
adm
C.G
P d d
b B
d
trab adm
Figura 4.2 – Distribuição de tensões na sapata.
P
L
2,5 Mesa
2,5 d
2,5
B b
d
Figura 4.3 – Detalhe construtivo de sapata.
Dimensionamento:
P
A B.L =
adm
L-B= - b
b 1
B A b 2
2 4
L=A / B
Exemplo de cálculo:
Dados:
P=3800kN;
Pilar=110 x 25cm
adm=350kPa
3800
A 10,86m2
350
- b = 10-25=85cm
Recalques Diferenciais - as dimensões das sapatas vizinhas devem ser tais que eliminem, ou
minimizem, o recalque diferencial entre elas. Sabe-se que os recalques das sapatas dependem
das dimensões das mesmas.
4,40
2,00
2,70
0,20
CG
1,50
0,20
Casos em que as cargas estruturais são muito altas em relação à tensão admissível do solo ou
haver superposição de áreas. A sapata deverá estar centrada no centro de carga dos pilares.
Quando há superposição das áreas de sapatas vizinhas, procura-se associá-las por uma única
sapata, sendo os pilares ligados por uma viga.
P P R
A 1 2
adm adm R = P1 + P2
CG
P1 P2 P1 P2
CG
xa xa
P1 P2
P1+ P2
VIGA
PILAR
VIGA
P
xa 2 .
O centro da gravidade das cargas será definido por R
A sapata associada deverá ser centrada em relação a este centro de gravidade das cargas.
Sapatas de Divisa
Quando o pilar está situado junto à divisa do terreno, e não é possível avançar com a sapata
no terreno vizinho, a sapata fica excêntrica em relação ao pilar. A distribuição das tensões na
superfície de contato não é mais uniforme.
P 6.e
1
A sapata
R
Para fazer com que a resultante R na base da sapata fique centrada, são empregadas vigas de
equilíbrio ou vigas alavancas, de maneira que fique compensado o momento proveniente da
excentricidade e.
b
Divisa
a P1
Viga Alavanca
P2
P1 P2
e
R1 R2
a
x
Aparalelogramo= a.h
As faces laterais (sentido da menor dimensão) da sapata de divisa sevem ser paralelas a da
viga alavanca.
O sistema pode ser calculado para a viga sobre 2 apoios (R1 e R2), recebendo as duas cargas
P1 e P2, sendo R1 > P1 e, portanto R2 < P2.
P1 R1 e
P
R1 1
e
R1
R1 A S
adm
Como a área da sapata AS é função de , devemos conhecer R1. Porém, pela
equação acima, R1 é função da excentricidade e; que por sua vez depende do lado B, que é
uma das dimensões procuradas. É um problema típico de solução por tentativas.
Como é sabido que R1 > P1, toma-se um valor estimado de R1 (> P1), para uma primeira
tentativa. Geralmente, toma-se L/B=2 a 3; e a 1a tentativa para R1 de 1,10 P a 1,30 P.
B b
R1 P1 e
Calcula-se e através de e ; Calcula-se B através de 2
R1 L
L.B
Calcula-se L através da área da sapata
adm ; Calcula-se a relação B
Sempre que possível [ 2≤ (L/B) ≤ 3], para sapata ser econômica
1
R2 P2 P
Calcula-se a sapata de P2 através de 2 , sendo P = R1 - P1 e área da sapata 2
como:
1
P2 P
R2 2
A2
adm adm
Observação: No caso da viga alavanca não ser ligada a um pilar central (logo P2 = 0), é
necessário utilizar bloco de contrapeso ou estacas de tração para absorver o alívio P. Neste
caso, a prática recomenda que seja considerado o alívio total, ou seja, P = R1 – P1, a favor
da segurança.
Divisa
BOLETIM FOTOGRÁFICO DE SAPATAS EXECUTADAS
Figura 4.13 - Detalhe da armadura e gabarito de sapatas de divisa.
Calcule inicialmente:
A carga média dos pilares e a área média em planta
Calcule a tensão média
Calcule o centro de carga !
Centro de Gravidade:
n n
X .A i i Y .A
i 1
i i
X i 1
Y
A i
;
A i
Centro de Massa:
n n
X .P
i 1
i i Y .P
i 1
i i
X Y
P i
;
P i
Exemplos:
a) Calcular o centro de massa do poço de elevador:
X
X Ai i
36000cm3
9, 25 cm Por simetria X Y 9,5cm
A i 3900cm 2
34197,5tf .cm
X 106,9 cm
320tf
Y 115 cm
P1
AFUND
adm
sendo P1 F 1,2
Segundo De Mello:
L1
2,5 3
L2
L1
Segundo livro Texto: 2
L2
P1 , CG R2 , R3
R 2 atuante : adm ?
( P3 0,5R3 )
R3 A fuste
adm
Soluções para pilar no canto:
Cálculo do pilar de canto:
165 1,2
AF 24 6,6m 2
30
Esquema Estrutural:
125 1,2
Sapata P32: AF 24 5,0m 2 2,3 2,3m
30
Em escala, na planta de fundações de forma a se ter o CG P25
Esquema Estrutural:
Logo para este pilar, considerando o máximo do alívio permitido em norma, a sapata
requerida tem dimensões (3,6x3,2)m.
Cálculo da Sapata Associada:
adm 30tf / m 2
Teremos então:
Admitindo 5 cm de
recobrimento da
armação, a altura da
sapata será de 80 cm
Capacidade de Carga de Fundação Direta
A capacidade de carga de um solo, r, é a pressão que, aplicada ao solo através de uma
fundação direta, causa a sua ruptura. Alcançada essa pressão, a ruptura é caracterizada por
recalques incessantes, sem que haja aumento da pressão aplicada.
adm r
A determinação da tensão admissível dos solos é feita através das seguintes formas:
Portanto, no geral:
Existem várias fórmulas para o cálculo da capacidade de carga dos solos, todas elas
aproximadas, porém de grande utilidade para o engenheiro de fundações, e conduzindo a
resultados satisfatórios para o uso geral.
Terzaghi, em 1943, propôs três fórmulas para a estimativa da capacidade de carga de um solo,
abordando os casos de sapatas corridas, quadradas e circulares, apoiadas à pequena abaixo da
superfície do terreno (H B), conforme Figura 2.1.
R
H
45-/2
r = c Nc Sc + q Nq Sq + ½ B N S
Terzaghi introduz o efeito decorrente do atrito entre o solo e a base da sapata, ou: sapata de
base rugosa.
Para solos em que a ruptura pode se aproximar da ruptura local, a equação é modificada para
r = c’ N’c Sc + q N’q Sq + ½ B N’ S ,
onde:
FATORES DE FORMA
FORMA DA SAPATA
Sc Sq S
L B
Para sapatas retangulares L 3B a 5B)
Pode-se admitir
Skempton, analisando as teorias para cálculo de capacidade de carga das argilas, a partir de
inúmeros casos de ruptura de fundações, propôs em 1951 a seguinte equação para o caso das
argilas saturadas ( = 0º ), resistência constante com a profundidade.
r = c Nc + q
onde,
Nc
H/B
QUADRADA OU CIRCULAR CORRIDA
0 6,2 5,14
Para a realização deste ensaio, deve-se utilizar uma placa rígida qual distribuirá as tensões ao
solo. A área da placa não deve ser inferior a 0,5 m2. Comumente, é usada uma placa de =
0,80 m (Figura 2.2).
Figura 2.2 – Prova de carga sobre placa.
- Em cada estágio de carregamento, serão realizadas leituras das deformações logo após a
aplicação da carga e depois em intervalos de tempos de 1, 2, 4, 8, 15, 30 minutos, 1 hora, 2, 4,
8, 15 horas, etc..
- a carga aplicada atinja valor igual ao dobro da taxa de trabalho presumida para o solo.
Último estágio de carga pelo menos 12 horas, se não houver ruptura do terreno. O
descarregamento deverá ser feito em estágios sucessivos não superiores a 25% da carga total,
medindo-se as deformações de maneira idêntica a do carregamento. Os resultados devem ser
apresentados como mostra a Figura 2.3.
Tensão (kPa)
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
0
Recalque (mm) 10
15
20
25
30
35
Os casos extremos, descritos por Terzaghi como de ruptura geral e ruptura local, são
indicados na Figura 2.4..
No Quadro 2.4 são apresentadas pressões básicas (0) de vários tipos de solos de acordo com
a NBR6122/1996.
Valores
Classe Descrição
(MPa)
Para a descrição dos diferentes tipos de solo, seguir as definições da NBR 6502.
Os valores do Quadro 2.4, válidos para largura de 2m devem ser modificados em função das
dimensões e da profundidade conforme prescrito nos itens 6.2.2.5 a 6.2.2.7 da
NBR6122/1996.
2.3. Influência das Dimensões das Fundações nos Resultados de Provas de Carga
Quando as dimensões das sapatas forem diferentes que as da placa utilizada para a execução
da prova de carga, os recalques elásticos das sapatas serão diferentes dos recalques elásticos
sofridos pela placa utilizada na prova de carga, devido principalmente às diferentes
distribuições de tensões no solo (bulbo de pressões).
Para uma análise simplificada do problema, serão adotadas as hipóteses enumeradas a seguir:
b) Os bulbos de pressão com influência nos cálculos serão substituídos por retângulos de
larguras B e nB, e alturas D enD, respectivamente.
Ez z ,
M z tensão vertical à profundidade z, devida a
Define-se então,
z médio
B – dimensão da placa
nB – dimensão da sapata
C .
Sp 1 .D
Para a placa: M
C .
SF 1 .nD
Para a sapata: M
C1.
. nD SF BF
SF
Sp
M
C1.
n
.D Sp Bp
M
Solos Arenosos
Terzaghi e Peck, em 1948, propuseram a seguinte equação para sapatas apoiadas em solos
arenosos.
2
SF 2 BF
Sp BF 0,30
onde:
A fórmula acima vale para placas de 30cm x 30cm, apoiadas em solos arenosos.
- Fórmula de Sowers
Para o caso genérico, em que a placa apresenta dimensões diferentes de 30cm x 30cm, Sowers
(1962), baseado na fórmula anterior e em seus próprios trabalhos, propôs a seguinte
correlação.
SF BF Bp 0,3
2
Sp Bp BF 0,3
2
SF 2BF
Sp BF 0,30
Nos Resultados das Fórmulas de Capacidade de Carga
1
r c. Nc. Sc . H.Nq Sq .. B. N S
2
2.4.1. Argilas
0 o Nc 5,7 , Nq 1,0 , N 0
Assim:
r 5,7 . c. Sc .H .Sq
Pode-se notar que a capacidade de carga das argilas não depende das dimensões da sapata de
fundação. Por outro lado, esta capacidade de carga aumenta com a profundidade, porém este
Areias
1
r . H.Nq . Sq .. B.N .S
2
Portanto, para as areias, a capacidade de carga aumenta tanto com a dimensão da sapata,
como com a profundidade de apoio da sapata.
Recalques de Fundações Diretas
A equação geral o cálculo aos recalques de uma fundação pode ser expressa por:
S = Si + Sa + Scs
onde:
S = recalque total
O recalque por adensamento é devido à expulsão da água e ar dos vazios, ocorre mais
lentamente, depende da permeabilidade do solo, e é muito importante nos solos argilosos.
O recalque por compressão secundária é devido ao rearranjo estrutural causado por tensões de
cisalhamento, ocorre muito lentamente nos solos argilosos, e é geralmente desprezado no
cálculo de fundações, salvo em casos particulares, quando assume importância decisiva.
Recalques de Estruturas
Para o dimensionamento de uma estrutura, verifica-se que, além dos critérios de segurança à
ruptura, critérios de deformações limites devem ser também satisfeitos para o comportamento
adequado das fundações. Na maioria dos problemas correntes, os critérios de deformações é
que condicionam a solução.
Recalque total H corresponde ao recalque final a que estará sujeito um determinado ponto
Recalque admissível de uma edificação é o recalque limite que uma edificação pode tolerar,
Danos estruturais são os danos causados à estrutura propriamente dita (pilares, vigas e
lajes).
Danos arquitetônicos são os danos causados à estética da construção, tais como trincas em
Segundo extensa pesquisa levada a efeito por Skempton e MacDonald (1956), na qual foram
estudados cerca de 100 edifícios, danificados ou não, os danos funcionais dependem
principalmente da grandeza dos recalques totais; já os danos estruturais e arquitetônicos
dependem essencialmente dos recalques diferenciais específicos.
Ainda segundo os mesmos autores, no caso de estruturas normais (concreto ou aço), com
painéis de alvenaria, o recalque diferencial específico não deve ser maior que
A grandeza dos recalques que podem ser tolerados por uma estrutura, depende
essencialmente:
Dos materiais constituintes da estrutura quanto mais flexíveis os materiais, tanto maiores as
deformações toleráveis.
Da velocidade de ocorrência do recalque recalques lentos (devidos ao adensamento de uma
camada argilosa, por exemplo) permitem uma acomodação da estrutura, e esta passa a
suportar recalques diferenciais maiores do que suportaria se os recalques ocorressem mais
rapidamente.
galpão industrial, enquanto que 10mm pode ser exagerado para um piso que suportar
máquinas sensíveis a recalques.
Causas de Recalques
Solos Colapsíveis solos de elevadas porosidades, quando entram em contato com a água,
Escavações em áreas adjacentes à fundação mesmo com paredes ancoradas, podem ocorrer
1:100 1:200 1:300 1:400 1:500 1:600 1:700 1:800 1:900 1:1000
Além dos critérios apresentados, existem outros, como por exemplo os do “Design Manual,
NAVDOCKS DM-7”, da Marinha Americana, e os Boston, Nova York, Chigado, etc.).
Da análise das recomendações de várias publicações existentes, deve ficar bem claro que o
estudo de uma fundação não pode, em hipótese alguma, ser feito sem considerar as
características da superestrutura e de sua sensibilidade a recalques.
Na prática, a estimativa de recalques é dificultada por fatores muitas vezes fora do controle do
engenheiro. Alguns aos fatores:
Imprecisão dos métodos de cálculo apesar do presente estágio de mecânica dos solos, os
Solos Arenosos
Uma placa totalmente flexível, uniformemente carregada, aplica à superfície do solo uma
pressão também uniforme. Como a resistência ao cisalhamento de uma areia é diretamente
proporcional à pressão confinante, então no centro da área carregada (ponto C) a areia é
dotada de maior resistência, e conseqüentemente sofrerá menores deformações.
B C B
t= espessura da placa
R= raio da placa
No entanto, num ponto B, mais próximo das bordas da área carregada, o confinamento é
menor, a resistência ao cisalhamento diminui, e as deformações ( recalques ) são maiores.
Decorre então que, para uma placa flexível, uniformemente carregada, apoiada numa areia, os
recalques será maiores nas bordas e menores no centro, e as pressões de contato serão
uniformes em toda a área carregada.
Uma placa totalmente flexível, uniformemente carregada, aplica à superfície do solo uma
pressão também uniforme. A distribuição de pressões, na superfície, introduz maiores
pressões nos pontos do solo situados na vertical que passa pelo eixo da placa, e pressões
menores nos pontos do solo afastados deste eixo. Logo, como as pressões nos pontos do solo
mais próximo ao eixo vertical são maiores do que aquelas nos pontos mais afastados,
decorrem maiores recalques no centro da placa e menores nas bordas da mesma, conforme
Figura 3.5.
B C B
Ramo de
pré-adensamento
e 0
e a
Ramo virgem
Cc
(logarítimica)
y0 a (Tensão de
pré-adensamento)
Cc = índice de compressão
= pressão Aplicada
No cálculo dos recalques por adensamento, muitas vezes é importante conhecer a evolução
destes recalques com o tempo. Os recalques e os tempos em que eles ocorrem estão
relacionados através das expressões seguintes:
h – recalque total
St = Ut x h e Ut = f (t)
Cv
T .t
Hd2
onde:
U%
2
, U% 55%
U f T T
4 100
T 1,781 - 0,933 log 100 - U% , U% 55%
Recalque Elástico
1 2
Si .B I
ES w
Si = recalque elástico
= coeficiente de Poisson
A seguir, são apresentados alguns valores típicos de e ES para vários tipos de solos, e de Iw
para várias formas de sapatas, e para os recalques do canto e centro das mesmas.
Quadro 3.1 – Valores de coeficiente de Poisson do solo ().
Apesar de terem sido apresentados no Quadro 3.2. alguns valores típicos de ES para vários
tipos de solo, é recomendável que este parâmetro seja determinado através de ensaios
especiais (triaxial), que possibilitem a obtenção da curva tensão x deformação.
RECALQUE DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS:
Num trabalho pioneiro sobre o uso do ensaio SPT na previsão de recalques e de tensão
admissível de sapatas em areia, Terzaghi e Peck (1948, 1967) indicaram que a tensão provoca
um recalque de 1 polegada pode ser obtida com
n 3 B 1'
2
q adm 4,4
10 2 B
Terzaghi e Peck (1948, 1967) recomendaram que, se houvese um nível d’água superficial (Dw =
Fig. 5.19 – Ábaco para obtenção de tensão de trabalho de sapatas em areia (Peck et al., 1947)
Método de Meyerhof (1965)
N .wadm
q adm para B ≤ 1,2 m
8
B 1'
2
N .wadm
q adm para B > 1,2 m
8 B
Método de Alpan
2
2B
w B wb
Bb
wB a 0 q
Para fundações que não sejam quadradas ou circulares, wb deve ser multiplicado pelo
fator de forma m dado na Tabela 5.3.
(i) corrigir o valor de N ao nível da fundação para a tensão efetiva geostática, usando a
Figura 5.20a (escolhe-se a linha de densidade relativa correspondente a N e σ’v,0,
segue-se esta linha até a curva de Terzaghi e Peck e tira-se na vertical o valor de N
corrigido);
(ii) usar o valor de N corrigido na Figura 5.20b para obter a0 ( verificar na Figura 5.20b
se a combinação de N com q cai dentro do domínio linear);
Fig. 5.20 – ábacos para (a) correção do valor de N para a tensão efetiva geostática e (b)
determinação de a0 a partir de N (Alpan, 1964)
(i) Obter o recalque pelas equações (5.26) e (5.27), aplicando-se o fator m se
necessário.
Ao aplicar um método semi-empírico baseado no SPT freqüentemente se encontra a situação
em que o N varia com a profundidade. Quando o método não indica como proceder, pode-se
fazer uma média ponderada até a profundidade atingida pelo bulbo de pressões, usando-se
como fator de ponderação o acréscimo de tensão provocado pela fundação (Fig. 5.21a).
Segundo Burland & Burbidge (1985), o recalque das fundações podem ser estimados
partir do SPT com:
1,71
w qB 0,7 f s fl
N 1, 4
L
1,25 B
fs
L 0,25
B
H H
fl 2
Z1 Z1
usar:
2 1,71
w q ' v ,a B 0, 7 1, 74 f s f l
3 N
(b) N não precisa ser corrigido para a tensão efetiva vertical geostática.
(c) Se N for maior do que 15 em areias finas ou siltosas submersas, deve ser feita a
correção (de Terzaghi e Peck, 1948):
N corr 1,25N
Para se estimar o recalque com o tempo deve-se multiplicar o recalque inicial por um
t
fator: f t 1 R3 Rt log
3
onde R3 = índice de recalque adicional que ocorrer nos primeiros 3 anos (sugerem 0,3
para cargas estáticas e 0,7 para cargas que variam)
Rt = índice de recalque adicional que ocorrer por cada ciclo logaritmo de tempo
após 3 anos (sugerem 0,2 para cargas estáticas e 0,8 para cargas que variam)
Nos últimos anos, o estudo de Redes Neurais Artificiais (RNA) tem sido aplicado a muitos
problemas geotécnicos com demonstrações de sucesso na maioria das aplicações. As RNAs
podem ser consideradas uma ferramenta relativamente nova na previsão geotécnica.
Shahin et al. (2002a) apresentaram um estudo em que 189 casos de fundações rasas foram
avaliados. Na Equação (10) abaixo tem-se a equação sugerida para o cálculo do recalque em
solos não coesivos com base nestes estudos.
120,4
wi 0,6 0,3120, 725tanh x1 2,984 tanh x2 (10)
1 e
L Df
x1 0,1 10 3 3,8 B 0,7q 4,1N 1,8 19
B B
L Df
x2 10 3 0 ,7 41B 1,6 q 75 N 52 740
B B
Os autores Rezânia & Javadi (2007, 2008) estudaram um conjunto de dados de 170 casos
históricos e avaliaram, via EPR, expressões para avaliação do recalque.
Nas análises, é geralmente aceito que cinco parâmetros têm o efeito mais significante sobre o
cálculo do recalque. São eles: Largura (Diâmetro) B; Tensão líquida aplicada na base da
fundação q’=(q-v); Compressibilidade do solo na região em que o bulbo de tensões é de
interesse e no qual pode ser representado pelo valor do índice de resistência à penetração
Nspt; Comprimento da Fundação L e embutimento (Df) da fundação.
Ainda, os autores usaram faixas de valores dos parâmetros anteriormente descritos conforme
Tabela (11).
Tabela (11) Faixa de valores dos parâmetros
B (m) 0,9 55
Nspt 4 60
Df (m) 0 10,7
As Equações 11 (Rezânia & Javadi, 2007) e 12 (Rezânia & Javadi, 2008), após análises de
diferentes modelos alternativos e considerações práticas, foram consideradas as mais robustas
na previsão do recalque
O estudo de Rezânia & Javadi (2007, 2008) permitiu também avaliar a sensitividade dos
parâmetros envolvidos na análise usando a EPR. Na Figura (01a) têm-se os resultados de forma
gráfica para cada um dos parâmetros.
Figura (01a) Análise de sensitividade para o método EPR
Analisando a Figura (01a) vê-se que o recalque aumenta a medida que (B e q) aumentam e
com a diminuição do Nspt e do embutimento. Ainda, os parâmetros Nspt, B e q têm os
maiores efeitos sobre o valor do recalque. As análises sugerem que o efeito do comprimento
da fundação (L) sobre o recalque parece ser negligenciável. Há apenas um leve aumento no
recalque com o aumento do comprimento até aproximadamente 5B, para qualquer outro
aumento de comprimento, nenhum efeito foi notado sobre o recalque.
Rezânia & Javadi (2007, 2008) ainda comentam que a aplicação de métodos tradicionais na
avaliação do recalque pode levar a erro da ordem de 300% em função das inúmeras
simplificações que os mesmos possuem.
120,4
wi 0,6 0,3120, 725tanh x1 2,984 tanh x2
1 e
L Df
x1 0,1 10 3 3,8 B 0,7q 4,1N 1,8 19
B B
L Df
x2 10 3 0 ,7 41B 1,6 q 75 N 52 740
B B
ATENÇÃO ! CAPACIDADE DE CARGA:
Kp=
RECALQUE DE FUNDAÇÃO SUPERFICIAL
Edifício de 10 pavimentos com sapatas apoiadas na camada superior de areia
sobrejacente a camada de argila orgânica mole (perfil típico da orla de Santos).
EXEMPLO
Determine o tamanho de uma sapata quadrada para suportar uma carga de 500 kN. O perfil de
solo é mostrado na figura abaixo.
O recalque total tolerável é 20 mm. O nível d’água (N.A) está a 3 m abaixo da superfície do
terreno e o embutimento da sapata é 1,5 m. Sazonalmente, o N.A pode elevar-se até a
superfície do terreno. Assuma que a teoria de consolidação unidimensional é adequada ao
problema em questão.
RESOLUÇÃO:
Atenção ao Perfil – Presença de solo mole – Pode levar a que o recalque governe o projeto.
Neste caso, determine uma largura que satisfaça o recalque e então avalie a capacidade de
carga. O problema na realidade é interativo: Assume-se uma largura, calcula-se o recalque e
repete-se este procedimento até o critério de recalque seja atingido (recalque total = 20 mm).
Estratigrafia variável – atenção a avaliação do acréscimo de tensão.
Passo 1: Assume uma largura (3 m) e uma forma (por simplicidade –Quadrada):
Passo 2:
Sand
' p 37, 'cs 32, 16kN / m3 , sat 17kN / m3 ;
Recalque Imediato:
Df 4 B
'emb 1 0, 08 1
B 3 L
L L
I s 0, 62 ln 1,12 1 centro
B B
L L
I s 0,31ln 0,56 1 aresta
B B
qs B 1 v ' P 1 v '
2 2
e I ' I '
s emb s emb
E' E'L
Df 4 B 1,5 4
'emb 1 0, 08 1 1 0, 08 1 1 0,91
B 3 L 3 3
L
I s 0, 62 ln 1,12 1,12
B
qs B 1 v ' P 1 v '
2 2
e I ' I '
s emb s emb
E' E'L
500 1 0,352
1,12 0,91 3, 7 103 3, 7 mm
40 10 3
3
Argila
2,5 4
'emb 1 0, 08 1 1 0,92
5,5 3
Para o cálculo do recalque imediato na argila – usa-se parâmetros não drenados: v = vu = 0.5.
u 0,5
P 1 u2 500 1 0,5
e I s 'emb 1,12 0,92 8,8 103 8,8mm
Eu L 8000 5,5
Passo 3 - Calcule o recalque de consolidação da argila.
e wGs 0,55 2, 7 1, 49
Gs e 2, 7 1, 49
sat w 9,8 16,5kN / m ³
1 e 1 1, 49
3
m n 0, 43 ; I z 0, 068
2
3,5
500
z 4 0, 068 15,1kPa
3²
'zo z 61,9 15,1 77kPa
'zc OCR 'zo 1,3 61,9 80,5kPa 'zo z
H ' z
pc o Cr log zo
1 eo 'zo
2 77
0, 09 log 6,9 103 m 6,9mm
1 1, 49 61,9
Recalque Total:
e sand c clay pc 3, 7 8,8 6,9 19, 4mm 20mm
Calcule a capacidade de carga pelo método de Meyerhof (poderia ser Vésic ?; Terzaghi ?
Hansen ? Balla ? etc).
1 sin 32
Kp 3, 25;
1 sin 32
sq s 1 0,1 3, 25 1,33;
1,5
d q d 1 0,1 3, 25 1, 09
3
32
N q e tan 32 tan ² 45 23, 2;
3
N q 1 23, 2 1 22, 2
N N q 1 tan 1, 4 32 22, 0
Calcule a capacidade de carga para o pior cenário de nível d’água (N.A na superfície do
terreno).
qult D f N q 1 sq d q 0,5 B N s d ;
' 16 9,8 6, 2kN / m³
qult 7, 2 1,5 22, 2 1,33 1, 09 0,5 7, 2 3 22 1,33 1, 09 692kPa
500
a max 55, 6kPa
3²
qult 692
FS 15, 4 1,5(ok !)
a max D f 55, 6 7, 2 1,5
L arg ura _ Equivalente
B z1 3 2,5 5,5m
500
max 16,5kPa
5,5²
Argila (Análise em Termos de Tensão Total)
D B
qult 5su 1 0, 2 f 1 0, 2
B L
4 3
5 40 1 0, 2 1 0, 2 304kPa
3 3
304
FS 18, 4 3(ok !)
16,5
Método de Meyerhof:
1 sin 20
Kp 2;
1 sin 20
sq s 1 0,1 2 1, 2;
4
d q d 1 0,1 2 1,19
3
20
N q e tan 20 tan ² 45 6, 4;
2
N q 1 6, 4 1 5, 4
N N q 1 tan 1, 4 20 2,9
' sat w 16,5 9,8 6, 7kN / m³
qult 6, 7 4 5, 4 1, 2 1,19 0,5 6, 7 2,9 1, 2 1,19 221kPa
221
FS 13, 4 1,5(ok !)
16,5
ELEMENTOS DE PROJETO
K=Cc
εi=eo