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FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

Prof. Gérson Miranda


INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO

CAUSAS MAIS FREQUENTES DE PROBLEMAS DE FUNDAÇÕES.

a) AUSÊNCIA DE INVESTIGAÇÕES
 80% dos casos de mau desempenho de obras pequenas e médias

b) INVESTIGAÇÃO INSUFICIENTE
Número insuficiente de sondagens (área extensa ou subsolo variado);
Profundidade de investigação insuficiente;
Propriedade de comportamento não determinada por necessitar de ensaios
especiais (expansibilidade, Colapsividade)
Situações com grande variação de propriedades

c) INVESTIGAÇÃO COM FALHA


Erro na localização do sítio (local)
Procedimentos indevidos ou ensaio não padronizado
Equipamento com defeito ou fora de especificação
Procedimentos fraudulentos
Ensaios de campo-labotarório - representativadade

d) INTERPRETAÇÃO INADEQUADA DOS DADOS


Adoção de valores não representativos ou ausência de identificação de problemas
podem provocar desempenho inadequado das fundações

e) CASOS ESPECIAIS
Influência da vegetação – raízes (umidade)
Colapsividade pc=e/(1+eo); - expansibilidade – grandes recalques
Zonas de mineração – galerias
 
 
 
 
 
 
PROFUNDIDADE INSUFICIENTE DE INVESTIGAÇÃO 
 

 
 

P

 
STANDARD PENETRATION TEST – Ensaio SPT
O reconhecimento das condições do subsolo constitui-se em pré-
requisito para projetos de fundações seguros e econômicos.

EQUIPAMENTO DE SONDAGEM A PERCUSSÃO DO TIPO SPT 

No Brasil o custo envolvido na execução de sondagens de


reconhecimento varia entre 0,2 e 0,5% do custo total da obra
O Standard Penetration Test (SPT) é reconhecidamente a mais popular, rotineira e econômica
ferramenta de investigação em praticamente todo o mundo, servindo como indicativo da
densidade de solos granulares e sendo também aplicado à identificação da consistência de
solos coesivos e mesmo de rochas brandas. Métodos rotineiros de projeto de fundações diretas
e profundas usam sistematicamente os resultados de SPT, especialmente no Brasil.
O ensaio SPT constitui-se em uma medida de resistência dinâmica conjugada a uma
sondagem de simples reconhecimento. A perfuração é obtida por tradagem e circulação de
água utilizando-se um trépano de lavagem como ferramenta de escavação. Amostras
representativas do solo são coletadas a cada metro de profundidade por meio de amostrador
padrão, de diâmetro externo de 50mm. O procedimento de ensaio consiste na cravação deste
amostrador no fundo de uma escavação (revestida ou não), usando a queda de peso de 65,0
kg, caindo de uma altura de 750mm (ver ilustração nas Figuras 2.1 e 2.2). O valor NSPT é o
número de golpes necessário para fazer o amostrador penetrar 300mm, após cravação inicial
de 150mm.

Figura 2.1 Ilustração do ensaio SPT


As vantagens deste ensaio com relação aos demais são: simplicidade do equipamento, baixo
custo e obtenção de um valor numérico de ensaio que pode ser relacionado através de
propostas não sofisticadas, mas diretas, com regras empíricas de projeto. Apesar das críticas
válidas que são continuamente feitas à diversidade de procedimentos utilizados para a
execução do ensaio e à pouca racionalidade de alguns dos métodos de uso e interpretação,
este é o processo dominante ainda usado na prática de Engenharia de Fundações.
O objetivo deste capítulo consiste na apresentação de aspectos relevantes à análise do ensaio e
suas limitações, à luz dos conhecimentos recentes, com o objetivo de esclarecer os usuários
dos cuidados envolvidos no uso e interpretação dos resultados do ensaio, e aumentar o
conhecimento sobre técnicas modernas, à prática brasileira.

(a) Ilustração com dimensões

(b) Foto do amostrador bipartido


Figura 2.2 Amostrador padrão "Raymond" (NBR 6484/80)

 
PERFIS DE SONDAGENS
SP02 

SP 01 
Cópia não autorizada

ABR 1996 NBR 6122


Projeto e execução de fundações

ABNT-Associação
Brasileira de
Normas Técnicas

Sede:
Rio de Janeiro
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Endereço Telegráfico:
NORMATÉCNICA

Procedimento
Origem: Projeto NBR 6122/1994
CB-02 - Comitê Brasileiro de Construção Civil
CE-02:004.08 - Comissão de Estudo de Projeto e Execução de Fundações
NBR 6122 - Foundations - Design and construction - Procedure
Descriptor: Foundation
Copyright © 1996,
ABNT–Associação Brasileira
Esta Norma substitui a NBR 6122/1986
de Normas Técnicas Válida a partir de 30.05.1996
Printed in Brazil/
Impresso no Brasil Palavra-chave: Fundação 33 páginas
Todos os direitos reservados

SUMÁRIO NBR 6489 - Prova de carga direta sobre terreno de


1 Objetivo fundação - Procedimento
2 Documentos complementares
3 Definições NBR 6502 - Rochas e solos - Terminologia
4 Investigações geotécnicas, geológicas e observações
locais
5 Cargas e segurança nas fundações NBR 7190 - Cálculo e execução de estruturas de
6 Fundações superficiais madeira - Procedimento
7 Fundações profundas
8 Escavações NBR 8681 - Ações e segurança nas estruturas - Pro-
9 Observações do comportamento e instrumentação de cedimento
obras de fundação
NBR 8800 - Projeto e execução de estruturas de aço
1 Objetivo de edifícios - Procedimento

Esta Norma fixa as condições básicas a serem observadas NBR 9061 - Segurança de escavação a céu aberto -
no projeto e execução de fundações de edifícios, pontes Procedimento
e demais estruturas.

NBR 9062 - Projeto e execução de estruturas de con-


2 Documentos complementares
creto pré-moldado - Procedimento

Na aplicação desta Norma é necessário consultar:


NBR 9603 - Sondagem a trado - Procedimento
Portaria 3.214 do Ministério do Trabalho
NBR 9604 - Abertura de poço e trincheira de inspeção
NBR 6118 - Projeto e execução de obras de concreto em solo com retirada de amostra deformada e inde-
armado - Procedimento formada - Procedimento

NBR 6484 - Execução de sondagens de simples NBR 9820 - Coleta de amostras indeformadas de
reconhecimento dos solos - Método de ensaio solos em furos de sondagens - Procedimento
Cópia não autorizada
2 NBR 6122/1996

NBR 10905 - Solo - Ensaios de palheta in situ - Méto- 3.7 Sapata corrida
do de ensaio
Sapata sujeita à ação de uma carga distribuída linear-
NBR 12069 - Solo - Ensaio de penetração de cone in mente.
situ (CPT) - Método de ensaio
3.8 Fundação profunda
NBR 12131 - Estacas - Prova de carga estática -
Método de ensaio
Elemento de fundação que transmite a carga ao terreno
pela base (resistência de ponta), por sua superfície lateral
NBR 13208 - Estacas - Ensaio de carregamento di- (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas,
nâmico - Método de ensaio
e que está assente em profundidade superior ao dobro
de sua menor dimensão em planta, e no mínimo 3 m, sal-
3 Definições vo justificativa. Neste tipo de fundação incluem-se as es-
tacas, os tubulões e os caixões.
Para os efeitos desta Norma são adotadas as definições
de 3.1 a 3.30. Nota: Não existe uma distinção nítida entre o que se chama es-
taca, tubulão e caixão. Procurou-se nesta Norma seguir o
3.1 Fundação superficial (ou rasa ou direta) atual consenso brasileiro a respeito.

Elementos de fundação em que a carga é transmitida ao 3.9 Estaca


terreno, predominantemente pelas pressões distribuídas
sob a base da fundação, e em que a profundidade de as- Elemento de fundação profunda executado inteiramente
sentamento em relação ao terreno adjacente é inferior a por equipamentos ou ferramentas, sem que, em qualquer
duas vezes a menor dimensão da fundação. Incluem-se fase de sua execução, haja descida de operário. Os mate-
neste tipo de fundação as sapatas, os blocos, os radier, riais empregados podem ser: madeira, aço, concreto pré-
as sapatas associadas, as vigas de fundação e as sapatas moldado, concreto moldado in situ ou mistos.
corridas.

3.10 Tubulão
3.2 Sapata

Elemento de fundação superficial de concreto armado, Elemento de fundação profunda, cilíndrico, em que, pelo
dimensionado de modo que as tensões de tração nele menos na sua etapa final, há descida de operário. Pode
ser feito a céu aberto ou sob ar comprimido (pneumático)
produzidas não sejam resistidas pelo concreto, mas sim
pelo emprego da armadura. Pode possuir espessura cons- e ter ou não base alargada. Pode ser executado com ou
tante ou variável, sendo sua base em planta normalmente sem revestimento, podendo este ser de aço ou de concreto.
No caso de revestimento de aço (camisa metálica), este
quadrada, retangular ou trapezoidal.
poderá ser perdido ou recuperado.
3.3 Bloco
3.11 Caixão
Elemento de fundação superficial de concreto, dimen-
sionado de modo que as tensões de tração nele produ- Elemento de fundação profunda de forma prismática,
zidas possam ser resistidas pelo concreto, sem necessi- concretado na superfície e instalado por escavação inter-
dade de armadura. Pode ter suas faces verticais, inclina- na. Na sua instalação pode-se usar ou não ar comprimido
das ou escalonadas e apresentar normalmente em planta e sua base pode ser alargada ou não.
seção quadrada ou retangular.
3.12 Estaca cravada por percussão
3.4 Radier
Tipo de fundação profunda em que a própria estaca ou
Elemento de fundação superficial que abrange todos os um molde é introduzido no terreno por golpes de martelo
pilares da obra ou carregamentos distribuídos (por exem- (por exemplo: de gravidade, de explosão, de vapor, de
plo: tanques, depósitos, silos, etc.). diesel, de ar comprimido, vibratório). Em certos casos,
esta cravação pode ser precedida por escavação ou lan-
3.5 Sapata associada (ou radier parcial) çagem.

Sapata comum a vários pilares, cujos centros, em planta, 3.13 Estaca cravada por prensagem
não estejam situados em um mesmo alinhamento.
Tipo de fundação profunda em que a própria estaca ou
3.6 Viga de fundação um molde é introduzido no terreno através de macaco
hidráulico.
Elemento de fundação superficial comum a vários pilares,
cujos centros, em planta, estejam situados no mesmo ali- Nota: As estacas cravadas são atualmente denominadas “es-
nhamento. tacas de deslocamento”.
Cópia não autorizada
NBR 6122/1996 3

3.14 Estaca escavada, com injeção 3.23 Nega

Penetração permanente de uma estaca, causada pela


Tipo de fundação profunda executada através de injeção
aplicação de um golpe do pilão. Em geral é medida por
sob pressão de produto aglutinante, normalmente calda
uma série de dez golpes. Ao ser fixada ou fornecida, deve
de cimento ou argamassa de cimento e areia, onde pro-
ser sempre acompanhada do peso do pilão e da altura
cura-se garantir a integridade do fuste ou aumentar a re-
de queda ou da energia de cravação (martelos automá-
sistência de atrito lateral, de ponta ou ambas. Esta injeção
ticos).
pode ser feita durante ou após a instalação da estaca.
3.24 Repique
3.15 Estaca tipo broca
Parcela elástica do deslocamento máximo de uma seção
da estaca, decorrente da aplicação de um golpe do pilão.
Tipo de fundação profunda executada por perfuração com
trado e posterior concretagem. 3.25 Pressão admissível de uma fundação superficial

3.16 Estaca apiloada Tensão aplicada por uma fundação superficial ao terreno,
provocando apenas recalques que a construção pode
Tipo de fundação profunda executada por perfuração com suportar sem inconvenientes e oferecendo, simultanea-
o emprego de soquete. Nesta Norma, este tipo de estaca mente, segurança satisfatória contra a ruptura ou o escoa-
é tratado também como estaca tipo broca. mento do solo ou do elemento estrutural de fundação.

Nota: Tanto a estaca apiloada como a estaca escavada, com 3.26 Carga admissível sobre uma estaca ou tubulão
injeção, incluem-se em um tipo especial de estacas que isolado
não são cravadas nem totalmente escavadas.
Força aplicada sobre a estaca ou o tubulão isolado, pro-
3.17 Estaca tipo Strauss vocando apenas recalques que a construção pode su-
portar sem inconvenientes e oferecendo, simultanea-
Tipo de fundação profunda executada por perfuração mente, segurança satisfatória contra a ruptura ou o escoa-
através de balde sonda (piteira), com uso parcial ou total mento do solo ou do elemento de fundação.
de revestimento recuperável e posterior concretagem. Nota: As definições de 3.25 e 3.26 esclarecem que as pressões
e as cargas admissíveis dependem da sensibilidade da
3.18 Estaca escavada construção projetada aos recalques, especialmente aos
recalques diferenciais específicos, os quais, de ordinário,
Tipo de fundação profunda executada por escavação me- são os que podem prejudicar sua estabilidade ou funcionali-
cânica, com uso ou não de lama bentonítica, de reves- dade.
timento total ou parcial, e posterior concretagem.
3.27 Efeito de grupo de estacas ou tubulões
3.19 Estaca tipo Franki Processo de interação das diversas estacas ou tubulões
que constituem uma fundação, ao transmitirem ao solo
Tipo de fundação profunda caracterizada por ter uma as cargas que lhes são aplicadas.
base alargada, obtida introduzindo-se no terreno uma
certa quantidade de material granular ou concreto, por 3.28 Recalque
meio de golpes de um pilão. O fuste pode ser moldado no
terreno com revestimento perdido ou não ou ser cons- Movimento vertical descendente de um elemento estru-
tituído por um elemento pré-moldado. tural. Quando o movimento for ascendente, denomina-se
levantamento. Convenciona-se representar o recalque
3.20 Estaca mista com o sinal positivo.

3.29 Recalque diferencial específico


Tipo de fundação profunda constituída de dois (e não
mais do que dois) elementos de materiais diferentes (ma- Relação entre as diferenças dos recalques de dois apoios
deira, aço, concreto pré-moldado e concreto moldado in e a distância entre eles.
loco).
3.30 Viga de equilíbrio
3.21 Estaca "hélice contínua"
Elemento estrutural que recebe as cargas de um ou dois
Tipo de fundação profunda constituída por concreto, mol- pilares (ou pontos de carga) e é dimensionado de modo
dada in loco e executada por meio de trado contínuo e in- a transmiti-las centradas às fundações. Da utilização de
jeção de concreto pela própria haste do trado. viga de equilíbrio resultam cargas nas fundações, diferen-
tes das cargas dos pilares nelas atuantes.
3.22 Cota de arrasamento Notas: a)Quando ocorre uma redução da carga, a fundação
deve ser dimensionada, considerando-se apenas 50%
Nível em que deve ser deixado o topo da estaca ou tu- desta redução.
bulão, demolindo-se o excesso ou completando-o, se for
o caso. Deve ser definido de modo a deixar que a estaca b) Quando da soma dos alívios totais puder resultar tra-
e sua armadura penetrem no bloco com um comprimento ção na fundação do pilar interno, o projeto de fundação
que garanta a transferência de esforços do bloco à estaca. deve ser reestudado.
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4 NBR 6122/1996

4 Investigações geotécnicas, geológicas e 4.1.4 Independentemente da extensão dos ensaios pre-


observações locais liminares que tenham sido realizados, devem ser feitas
investigações adicionais sempre que, em qualquer etapa
4.1 Generalidades da execução da fundação, for constatada uma diferença
entre as condições locais e as indicações fornecidas por
4.1.1 Para fins de projeto e execução de fundações, as in- aqueles ensaios preliminares, de tal sorte que as diver-
vestigações do terreno de fundação constituído por solo, gências fiquem completamente esclarecidas. Em decor-
rocha, mistura de ambos ou rejeitos compreendem: rência da interdependência que há entre as características
do maciço investigado e o projeto estrutural, é recomen-
a) investigações de campo: dável que as investigações sejam acompanhadas pelos
responsáveis que executarão o projeto estrutural e o de
- sondagens a trado, conforme a NBR 9603, poços fundação.
e trincheiras, conforme a NBR 9604, de inspeção
ou de amostragem, sondagens de simples reco- 4.2 Reconhecimento geológico
nhecimento à percussão, sondagens rotativas e
sondagens especiais para retirada de amostras
Sempre que julgado necessário deve ser realizada vis-
indeformadas conforme a NBR 9820;
toria geológica de campo por profissional especializado,
complementada ou não por estudos geológicos adicio-
- ensaios de penetração quase estática ou dinâ-
nais, com consultas a mapas geológicos, bibliografia es-
mica, ensaios in situ de resistência e deforma-
pecializada, fotografias aéreas comuns ou multiespec-
bilidade, conforme a NBR 12069;
trais, etc.
- ensaios in situ de permeabilidade ou determi-
nação da perda d’água; 4.3 Reconhecimento geotécnico

- medições de níveis d’água e de pressões neutras; 4.3.1 Estão compreendidas as sondagens de simples
reconhecimento à percussão, os métodos geofísicos e
- medições dos movimentos das águas subter- qualquer outro tipo de prospecção do solo para fins de
râneas; fundação.

- processos geofísicos de reconhecimento;


4.3.2 As sondagens de reconhecimento à percussão são
indispensáveis e devem ser executadas de acordo com
- realização de provas de carga no terreno ou nos
a NBR 6484, levando-se em conta as peculiaridades da
elementos de fundação;
obra em projeto. Tais sondagens devem fornecer no míni-
mo a descrição das camadas atravessadas, os valores
Nota: Nas investigações de campo, visitas ao local da
dos índices de resistência à penetração (S.P.T.) e as po-
obra são consideradas de importância fundamental.
sições dos níveis de água.
b) investigações em laboratório sobre amostras defor-
madas ou indeformadas, representativas das con- 4.3.3 A utilização dos processos geofísicos de reconhe-
dições locais, ou seja: cimento só deve ser aceita se acompanhada por son-
dagens de reconhecimento à percussão ou rotativas de
- caracterização; confirmação.

- resistência; 4.3.4 No caso de obras fluviais, lacustres e marítimas, a


profundidade da investigação deve considerar as cama-
- deformabilidade; das erodíveis e ultrapassá-las. A profundidade da cama-
da erodível deve ser avaliada por profissional especia-
- permeabilidade; lizado.

- colapsibilidade;
4.4 Sondagens, poços e trincheiras de inspeção e
retirada de amostras indeformadas
- expansibilidade.

4.1.2 A realização de análises físico-químicas sobre amos- 4.4.1 Sempre que o vulto da obra ou a natureza do subsolo
tras de água do subsolo ou livremente ocorrente está exigir, devem ser realizadas sondagens especiais de reco-
compreendida nesta fase de estudos geotécnicos, sem- nhecimento, poços ou trincheiras de inspeção, para per-
pre que houver suspeita de sua agressividade aos ma- mitir a retirada de amostras indeformadas a serem sub-
teriais constitutivos das fundações a executar. metidas aos ensaios de laboratório julgados necessários.

4.1.3 A natureza e a quantidade das investigações a rea- 4.4.2 Em se tratando de maciço rochoso, as amostras cole-
lizar dependem das peculiaridades da obra, dos valores tadas devem representar suas características principais
e tipos de carregamentos atuantes, bem como das carac- que, quase sempre, são governadas pelas descontinui-
terísticas geológicas básicas da área em estudo. dades existentes.
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NBR 6122/1996 5

4.5 Ensaios in situ complementares 4.6.2 Não havendo normalização estabelecida de proce-
dimento para a realização de qualquer investigação ou
4.5.1 Estes ensaios visam reconhecer o terreno de fun- ensaio, podem ser seguidas as especificações contidas
dação, avaliar suas características de resistência, defor- na literatura especializada do processo utilizado; neste
mabilidade e permeabilidade e devem ser realizados dire- caso, é obrigatória a descrição do processo.
tamente sobre o maciço de solo ou de rocha, destacando-
se, entre outros, os seguintes:
4.6.3 De acordo com o tipo de obra e das características a
a) ensaios de penetração de cone (C.P.T.), realizados determinar, são executados, entre outros, os ensaios a
com o penetrômetro estático (mecânico ou elétri- seguir especificados, utilizando-se amostragem e técnica
co), que consistem na cravação no terreno, por de execução mais representativa de cada caso em es-
prensagem, de um cone padronizado, permitindo tudo:
medir separadamente a resistência de ponta e total
(ponta mais atrito lateral) e ainda o atrito lateral a) caracterização:
local (com a luva de atrito) das camadas de inte-
resse; - granulometria por peneiramento com ou sem se-
dimentação, limites de liquidez e plasticidade;
b) ensaios de palheta (vane-test) que consistem em
medir, nas argilas, em profundidades desejadas,
o momento de torção necessário para girar, no b) resistência:
interior do terreno, um conjunto composto por duas
palhetas verticais e perpendiculares entre si, per- - ensaios de compressão simples, cisalhamento
mitindo determinar as características da resistência direto, compressão triaxial;
das argilas;
c) deformabilidade:
c) ensaios pressiométricos que consistem no carre-
gamento lateral do solo por meio de uma sonda
- ensaio oedométrico, compressão triaxial e com-
radialmente dilatável que, pela aplicação de uma
pressão em consolidômetros especiais;
pressão interna crescente, permite a determinação
da relação pressão-deformação lateral a diversas
profundidades; d) permeabilidade:

d) ensaios de permeabilidade que consistem em se - ensaios de permeabilidade em permeâmetros


produzir um regime de percolação no maciço do de carga constante ou variável, ensaio de aden-
solo, obtendo-se o coeficiente de permeabilidade samento;
a partir da vazão, ou da variação da carga hidráu-
lica registrada ao longo do tempo; e) expansibilidade, colapsibilidade:
Nota: No caso de maciços rochosos, as condições de
percolação são determinadas pelo ensaio de perda - ensaios em oedômetros com encharcamento da
d’água. amostra.
e) provas de carga cujo objetivo é determinar as ca-
racterísticas de deformabilidade e resistência do 4.7 Observações de obra
terreno por meio do carregamento dos elementos
estruturais da fundação ou modelos. Para isso, as 4.7.1 Considera-se de especial interesse, não só para o
provas de carga podem ser realizadas com cargas controle da obra em si como também para o progresso da
verticais ou inclinadas, de compressão ou tração, técnica e da melhoria dos conhecimentos obtidos sob
com cargas transversais ou qualquer outro tipo de condições reais, a observação das obras mediante instru-
solicitação destinada a reproduzir as condições mentação adequada no que se refere ao comportamento
da fundação a que se destinam. de suas fundações, bem como à interação estrutura-solo.
Tal determinação pode ser exigida nos casos em que se
4.5.2 Sempre que justificável, as características de resis- julgue necessária a verificação do desempenho de obras
tência, deformabilidade ou permeabilidade do terreno fundadas sob condições especiais, conforme disposto no
podem ser determinadas in situ através de outros ensaios Capítulo 9.
de campo. Da mesma forma, outras características, cujo
conhecimento seja desejável, podem ser determinadas 4.7.2 Qualquer obra de fundação, escavação ou rebai-
por ensaios específicos. xamento de lençol d’água feita próximo a construções
4.5.3 Os ensaios in situ complementares em nenhum caso
existentes deve ser projetada levando em conta seus
eventuais efeitos sobre estas construções, obedecendo-
substituem as sondagens de reconhecimento, as quais
não podem ser dispensadas. se ao disposto no Capítulo 9.

4.6 Ensaios de laboratório 5 Cargas e segurança nas fundações


4.6.1 Estes ensaios visam a determinação de caracterís-
5.1 Generalidades
ticas diversas do terreno de fundação, utilizando amostras
representativas, obtidas nas sondagens de reconheci-
5.1.1 Caso seja fornecido para o projetista da fundação
mento, nos poços ou em trincheiras de inspeção na fase
um único tipo de carregamento sem especificação das
de projeto ou execução da obra.
ações combinadas, aplica-se o disposto em 5.5.
Cópia não autorizada
6 NBR 6122/1996

5.1.2 Caso sejam fornecidas tabelas especificando as mentos que atuam durante as fases de execução da obra.
ações que compõem cada tipo de carregamento, aplica- Incluem-se nestes carregamentos o “atrito negativo” e os
se o disposto em 5.6. esforços horizontais sobre fundações profundas
decorrentes de sobrecargas assimétricas.
5.1.3 Em qualquer dos casos deve ser obedecido o dis-
posto em 5.2, 5.3 e 5.4. 5.5 Cálculo empregando-se fator de segurança global

5.2 Empuxos 5.5.1 Carga admissível em relação à resistência última

5.2.1 O empuxo hidrostático desfavorável deve ser con- As cargas admissíveis em elementos de fundação são
siderado integralmente, enquanto que o empuxo de terra obtidas pela aplicação de fatores de segurança, conforme
(ativo, em repouso ou passivo) deve ser compatível com a Tabela 1, sobre os valores de capacidade de carga
a deslocabilidade da estrutura. obtidos por cálculo ou experimentalmente.

5.2.2 Os efeitos favoráveis à estabilidade, decorrentes de 5.5.2 Carga admissível em relação aos deslocamentos
empuxos de terra ou de água, somente devem ser consi- máximos
derados quando for possível garantir sua atuação contí-
nua e permanente em conjunto com a atuação das Os valores das cargas admissíveis são, neste caso, obtidos
demais solicitações. por cálculo ou experimentalmente, com aplicação de fa-
tor de segurança não inferior a 1,5.
5.2.3 Fica vetada, em obras urbanas, qualquer redução
de cargas em decorrência de efeitos de subpressão. 5.5.3 Combinação de ações e eventual acréscimo de carga
admissível
5.3 Cargas dinâmicas
Quando forem levadas em consideração todas as
No caso de cargas dinâmicas periódicas ou de impacto combinações possíveis entre os diversos tipos de carre-
(denominadas também transientes), devem-se consi- gamento previstos pelas normas estruturais, inclusive a
derar os seguintes efeitos: ação do vento, pode-se, na combinação mais desfavo-
rável, majorar em 30% os valores admissíveis das tensões
a) amplitude das vibrações e possibilidades de no terreno e das cargas admissíveis em estacas e tubu-
ressonância no sistema estrutura-solo-fundação; lões. Entretanto, estes valores admissíveis não podem
ser ultrapassados, quando consideradas apenas as car-
b) acomodação de solos arenosos; gas permanentes e acidentais.

c) transmissão dos efeitos a estruturas ou outros 5.6 Cálculo empregando-se fatores de segurança
equipamentos próximos. parciais

Nota: Nesta análise é permitido considerar os efeitos do uso de A segurança nas fundações deve ser estudada por meio
isoladores destinados a diminuir ou eliminar os efeitos re- de duas análises correspondentes aos estados-limites
tromencionados. últimos e aos estados-limites de utilização. Os estados-
limites últimos podem ser vários (por exemplo: perda de
5.4 Obtenção dos esforços capacidade de carga e instabilidade elástica ou flamba-
gem), assim como os estados-limites de utilização defi-
Para se obterem os esforços nas fundações, deve ser nidos na NBR 8681. Entretanto, em obras correntes de
considerado, além das cargas especificadas no projeto, fundação, estas análises em geral se reduzem à verifi-
o peso próprio dos elementos estruturais de fundação. cação do estado-limite último de ruptura ou deformação
Devem-se levar em conta, igualmente, as variações de plástica excessiva (análise de ruptura) e à verificação do
tensão decorrentes da execução eventual de aterros, estado-limite de utilização caracterizado por deformações
reaterros e escavações, bem como os diferentes carrega- excessivas (análise de deformações).

Tabela 1 - Fatores de segurança globais mínimos

Condição Fator de segurança

Capacidade de carga de fundações superficiais 3,0

Capacidade de carga de estacas ou tubulões sem prova de carga 2,0

Capacidade de carga de estacas ou tubulões com prova de carga 1,6

Nota: No caso de fundações profundas, só é permitido reduzir o fator de segurança quando se dispõe do resultado de um número
adequado de provas de carga e quando os elementos ensaiados são representativos do conjunto da fundação, ou a critério do
projetista. Esta redução só é possível quando as provas de carga são realizadas a priori na obra, e não a posteriori, como ins-
trumento para dirimir dúvidas quanto à qualidade do estaqueamento.
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5.6.1 Estados-limites últimos - Análise de ruptura 5.6.1.5 No primeiro caso, deve-se aplicar o terceiro coefi-
ciente de ponderação conforme a Tabela 3. No segundo
5.6.1.1 Nesta análise, os valores de cálculo das ações na caso, deve-se aplicar um dos primeiros coeficientes de
estrutura no estado-limite último são comparados aos va- ponderação conforme a Tabela 3, dependendo do tipo
lores de cálculo da resistência do solo ou do elemento de de fundação. No terceiro caso, uma vez que os parâmetros
fundação. Os esforços na estrutura devem ser calculados de resistência do solo foram reduzidos por coeficientes
de acordo com a NBR 8681. de ponderação (conforme a Tabela 2) para uso nos
cálculos, o resultado obtido já é valor de cálculo da re-
5.6.1.2 No que concerne aos valores de cálculo da resis- sistência (ou capacidade de carga) do elemento de fun-
tência do elemento estrutural, devem ser obedecidas, dação.
conforme o caso, as prescrições pertinentes aos materiais
constituintes deste elemento (concreto, aço e madeira).
5.6.2 Estados-limites de utilização - Análise de deformação
5.6.1.3 Os valores de cálculo da resistência do solo são
determinados dividindo-se os valores característicos dos 5.6.2.1 A análise de deformações é feita calculando-se os
parâmetros de resistência da coesão C e do ângulo de deslocamentos da fundação submetida aos valores dos
atrito pelos coeficientes de ponderação da Tabela 2. esforços na estrutura no estado-limite de utilização. Os
deslocamentos devem ser suportados pela estrutura sem
5.6.1.4 O valor de cálculo da resistência (ou capacidade danos que prejudiquem sua utilização.
de carga) de um elemento de fundação pode ser deter-
minado de três maneiras:
5.6.2.2 Os deslocamentos admissíveis máximos supor-
tados pela estrutura, sem prejuízo dos estados-limites de
a) a partir de provas de carga, quando se determina
utilização, devem atender às prescrições da NBR 8681.
inicialmente sua resistência (ou capacidade de
carga) característica Pk; Estes deslocamentos, tanto em termos absolutos (por
exemplo: recalques totais) quanto relativos (por exemplo:
b) a partir de método semi-empírico ou empírico, recalques diferenciais), devem ser definidos pelos pro-
quando se determina inicialmente sua resistência jetistas envolvidos.
(ou capacidade de carga) característica nominal;
5.6.2.3 Casos correspondentes a carregamentos ex-
c) quando se empregam métodos teóricos. cepcionais devem ser analisados especificamente.

Tabela 2 - Coeficientes de ponderação das resistências

Parâmetro In situ(A) Laboratório Correlações(B)

Tangente do ângulo de atrito interno 1,2 1,3 1,4

Coesão (estabilidade e empuxo de terra) 1,3 1,4 1,5

Coesão (capacidade de carga de fundações) 1,4 1,5 1,6

(A)
Ensaios CPT, Palheta (Vane, Pressiômetro, conforme a NBR 10905).
(B)
Ensaios SPT, Dilatômetro.

Tabela 3 - Coeficientes de ponderação da capacidade de carga de fundações

Condição Coeficiente

Fundação superficial (sem prova de carga)(A) 2,2

Fundação profunda (sem prova de carga)(A) 1,5

Fundação com prova de carga 1,2

(A)
Capacidade de carga obtida por método empírico ou semi-empírico.
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6 Fundações superficiais 6.2.1.1.2 Faz-se um cálculo de capacidade de carga à


ruptura; a partir desse valor, a pressão admissível é obtida
6.1 Generalidades mediante a introdução de um coeficiente de segurança
igual ao recomendado pelo autor da teoria. O coeficiente
de segurança deve ser compatível com a precisão da
O dimensionamento das fundações superficiais pode ser teoria e o grau de conhecimento das características do
feito de duas maneiras: com o conceito de pressão admis- solo e nunca inferior a 3. A seguir, faz-se uma verificação
sível, ficando válidos o disposto em 6.2, 6.3 e 6.4, ou com de recalques para essa pressão, que, se conduzir a va-
o conceito de coeficientes de segurança parciais, apli- lores aceitáveis (ver 3.2.5), será confirmada como admis-
cando-se o prescrito em 5.6. sível; caso contrário, o valor da pressão deve ser reduzido
até que se obtenham recalques aceitáveis.
6.2 Pressão admissível
6.2.1.2 Prova de carga sobre placa
Devem ser considerados os seguintes fatores na deter-
Ensaio realizado de acordo com a NBR 6489, cujos resul-
minação da pressão admissível:
tados devem ser interpretados de modo a levar em conta
as relações de comportamento entre a placa e a fundação
a) profundidade da fundação; real, bem como as características das camadas de solo
influenciadas pela placa e pela fundação.
b) dimensões e forma dos elementos de fundação;
6.2.1.3 Métodos semi-empíricos

c) características das camadas de terreno abaixo do


São considerados métodos semi-empíricos aqueles em
nível da fundação;
que as propriedades dos materiais são estimadas com
base em correlações e são usadas em teorias de Mecâ-
d) lençol d’água; nica dos Solos, adaptadas para incluir a natureza semi-
empírica do método. Quando métodos semi-empíricos
e) modificação das características do terreno por são usados, devem-se apresentar justificativas, indicando
efeito de alívio de pressões, alteração do teor de a origem das correlações (inclusive referências bibliográ-
umidade ou ambos; ficas). As referências bibliográficas para outras regiões
devem ser feitas com reservas e, se possível, comprova-
das.
f) características da obra, em especial a rigidez da
estrutura; 6.2.1.4 Métodos empíricos

g) recalques admissíveis, definidos pelo projetista São considerados métodos empíricos aqueles pelos
da estrutura. quais se chega a uma pressão admissível com base na
descrição do terreno (classificação e determinação da
6.2.1 Metodologia para a determinação da pressão compacidade ou consistência através de investigações
admissível de campo e/ou laboratoriais). Estes métodos apresen-
tam-se usualmente sob a forma de tabelas de pressões
básicas conforme a Tabela 4, onde os valores fixados
A pressão admissível pode ser determinada por um dos servem para orientação inicial.
seguintes critérios:
Nota: Soluções melhores, técnica e economicamente, devem
a) por métodos teóricos; utilizar critérios específicos para cada situação. Seu uso
deve ser restrito a cargas não superiores a 1000 kN por
pilar.
b) por meio de prova de carga sobre placa;
6.2.2 Considerações gerais
c) por métodos semi-empíricos;
Na determinação da pressão admissível, deve-se consi-
derar o disposto em 6.2.2.1 a 6.2.2.7.
d) por métodos empíricos.
6.2.2.1 Fundação sobre rocha
6.2.1.1 Métodos teóricos
Para a fixação da pressão admissível de qualquer fun-
6.2.1.1.1 Uma vez conhecidas as características de dação sobre rocha, deve-se levar em conta a continui-
compressibilidade e resistência ao cisalhamento do solo dade desta, sua inclinação e a influência da atitude da
e outros parâmetros eventualmente necessários, a pres- rocha sobre a estabilidade. Pode-se assentar fundação
são admissível pode ser determinada por meio de teoria sobre rocha de superfície inclinada desde que se prepare,
desenvolvida na Mecânica dos Solos, levando em conta se necessário, esta superfície (por exemplo: chumbamen-
eventuais inclinações da carga do terreno e excentrici- tos, escalonamento em superfícies horizontais), de modo
dades. a evitar deslizamento da fundação.
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6.2.2.2. Pressão admissível em solos compressíveis pensável determinar experimentalmente a pressão de


expansão, considerando que a expansão depende das
A implantação de fundações em solos constituídos por condições de confinamento.
areias fofas, argilas moles, siltes fofos ou moles, aterros
e outros materiais só pode ser feita após cuidadoso es- 6.2.2.4 Solos colapsíveis
tudo com base em ensaios de laboratório e campo, com-
preendendo o cálculo de capacidade de carga (ruptura), Para o caso de fundações apoiadas em solos de elevada
e a análise da repercussão dos recalques sobre o com- porosidade, não saturados, deve ser analisada a possi-
portamento da estrutura. bilidade de colapso por encharcamento, pois estes solos
são potencialmente colapsíveis. Em princípio devem ser
6.2.2.3 Solos expansivos evitadas fundações superficiais apoiadas neste tipo de
solo, a não ser que sejam feitos estudos considerando-
Solos expansivos são aqueles que, por sua composição se as tensões a serem aplicadas pelas fundações e a
mineralógica, aumentam de volume quando há um au- possibilidade de encharcamento do solo.
mento do teor de umidade. Nestes solos não se pode
deixar de levar em conta o fato de que, quando a pressão Nota: A condição de colapsibilidade deve ser verificada através
de expansão ultrapassa a pressão atuante, podem ocorrer de critérios adequados, não se dispensando a realização
deslocamentos para cima. Por isto, em cada caso, é indis- de ensaios oedométricos com encharcamento do solo.

Tabela 4 - Pressões básicas ( σo)

Classe Descrição Valores (MPa)

1 Rocha sã, maciça, sem laminação ou sinal de decomposição 3,0

2 Rochas laminadas, com pequenas fissuras, estratificadas 1,5

3 Rochas alteradas ou em decomposição ver nota c)

4 Solos granulares concrecionados - conglomerados 1,0

5 Solos pedregulhosos compactos a muito compactos 0,6

6 Solos pedregulhosos fofos 0,3

7 Areias muito compactas 0,5

8 Areias compactas 0,4

9 Areias medianamente compactas 0,2

10 Argilas duras 0,3

11 Argilas rijas 0,2

12 Argilas médias 0,1

13 Siltes duros (muito compactos) 0,3

14 Siltes rijos (compactos) 0,2

15 Siltes médios (medianamente compactos) 0,1

Notas:a) Para a descrição dos diferentes tipos de solo, seguir as definições da NBR 6502.
b) No caso de calcário ou qualquer outra rocha cárstica, devem ser feitos estudos especiais.
c) Para rochas alteradas ou em decomposição, têm que ser levados em conta a natureza da rocha matriz e o grau de decom-
posição ou alteração.
d) Os valores da Tabela 4, válidos para largura de 2 m, devem ser modificados em função das dimensões e da profundidade das
fundações conforme prescrito em 6.2.2.5, 6.2.2.6 e 6.2.2.7.
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6.2.2.5 Prescrição especial para solos granulares não maior do que 10 m². Para maiores áreas carregadas
ou na fixação da pressão média admissível sob um
Quando se encontram abaixo da cota da fundação até conjunto de elementos de fundação (ou a totalidade da
uma profundidade de duas vezes a largura da construção construção), devem-se reduzir os valores da Tabela 4,
apenas solos das classes 4 a 9, a pressão admissível po- de acordo com a equação abaixo:
de ser corrigida em função da largura B do corpo da fun-
dação, da seguinte maneira: σadm = σ0 (10/S)½

a) no caso de construções não sensíveis a recalques, Onde:


os valores da Tabela 4, válidos para a largura de
2 m, devem ser corrigidos proporcionalmente à σ0 = pressões básicas
largura, limitando-se a pressão admissível a 2,5 σo
para uma largura maior ou igual a 10 m; S = área total da parte considerada ou da construção
inteira, em m²
b) no caso de construções sensíveis a recalques,
deve-se fazer uma verificação do eventual efeito 6.3 Dimensionamento
desses recalques, quando a largura for superior a
2 m, ou manter o valor da pressão admissível con- As fundações superficiais devem ser definidas por meio
forme fornecido pela Tabela 4. Para larguras infe- de dimensionamento geométrico e de cálculo estrutural.
riores a 2 m continua valendo a redução propor-
cional, conforme indicado na Figura 1. 6.3.1 Dimensionamento geométrico

6.2.2.6 Aumento da pressão admissível com a profundidade Neste dimensionamento devem-se considerar as seguin-
tes solicitações:
Para os solos das classes 4 a 9, as pressões conforme a
Tabela 4 devem ser aplicadas quando a profundidade a) cargas centradas;
da fundação, medida a partir do topo da camada esco-
b) cargas excêntricas;
lhida para seu assentamento, for menor ou igual a 1 m.
Quando a fundação estiver a uma profundidade maior e
c) cargas horizontais.
for totalmente confinada pelo terreno adjacente, os valores
básicos da Tabela 4 podem ser acrescidos de 40% para 6.3.1.1 A área de fundação solicitada por cargas centradas
cada metro de profundidade além de 1 m, limitado ao do- deve ser tal que a pressão transmitida ao terreno, admitida
bro do valor fornecido por esta Tabela. uniformemente distribuída, seja menor ou igual à pressão
admissível conforme disposto em 3.25 e 6.2.
Notas:a) Em qualquer destes casos, pode-se somar à pressão
calculada, mesmo àquela que já tiver sido corrigida
6.3.1.2 Diz-se que uma fundação é solicitada à carga ex-
conforme disposto em 6.2.2.6, o peso efetivo das ca-
madas de solo sobrejacentes, desde que garantida cêntrica quando submetida a:
sua permanência.
a) uma força vertical cujo eixo não passa pelo centro
b) Os efeitos a que se referem o disposto em 6.2.2.5 e de gravidade da superfície de contato da fundação
6.2.2.6 não podem ser considerados cumulativamente com o solo;
se ultrapassarem o valor 2,5 σ0.
b) forças horizontais situadas fora do plano da ba-
6.2.2.7 Prescrição especial para solos argilosos se da fundação;

Para solos das classes 10 a 15, as pressões conforme a c) qualquer outra composição de forças que gerem
Tabela 4 devem ser aplicadas a um elemento de fundação momentos na fundação.

Figura 1 - Valores de σadm em função da largura B da sapata


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6.3.1.3 No dimensionamento de uma fundação solicitada 6.3.2.1 As sapatas para pilares isolados, as vigas de fun-
por carga excêntrica (V), pode-se considerar a área efetiva dação e as sapatas corridas podem ser calculadas, de-
(A) da fundação, conforme indicado na Figura 2. Nesta pendendo de sua rigidez, como placas ou pelo método
área efetiva atua uma pressão uniformemente distribuída das bielas. Em qualquer dos casos deve-se considerar
(σ), obtida pela equação: que:

V a) quando calculadas como placas, deve-se conside-


σ =
A rar o puncionamento, podendo-se levar em conta
o efeito favorável da reação do terreno sob a fun-
6.3.1.4 A pressão uniformemente distribuída (σ) deve ser dação, na área sujeita ao puncionamento;
comparada à pressão admissível com a qual deve ser
feito o dimensionamento estrutural da fundação.
b) para efeito de cálculo estrutural, as pressões na
6.3.1.5 Para equilibrar a força horizontal que atua sobre base da fundação podem ser admitidas como uni-
uma fundação em sapata ou bloco, pode-se contar com formemente distribuídas, exceto no caso de funda-
o empuxo passivo, observando o disposto em 5.2 e 5.3, e ções apoiadas sobre rocha;
com atrito entre o solo e a base da fundação. O coeficiente
de segurança ao deslizamento deve ser pelo menos igual c) para efeito de cálculo estrutural de fundações
a 1,5. apoiadas sobre rocha, o elemento estrutural deve
ser calculado como peça rígida, adotando-se o dia-
6.3.2 Dimensionamento estrutural
grama de distribuição mostrado na Figura 3.
Deve ser feito de maneira a atender às NBR 6118,
NBR 7190 e NBR 8800. Deve ser observado o disposto
em 6.3.2.1 a 6.3.2.3.

Figura 2 - Área efetiva de fundação com carga excêntrica


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6.3.2.2 Os blocos de fundação podem ser dimensionados 6.4 Disposições construtivas


de tal maneira que o ângulo β , expresso em radianos e
mostrado na Figura 4, satisfaça à equação: 6.4.1 Dimensão mínima

Em planta, as sapatas ou os blocos não devem ter dimen-


tan β σ adm
≥ + 1 são inferior a 60 cm.
β σ ct
6.4.2 Profundidade mínima
Onde:
A base de uma fundação deve ser assente a uma profun-
σadm = tensão admissível do terreno, em MPa didade tal que garanta que o solo de apoio não seja in-
fluenciado pelos agentes atmosféricos e fluxos d’água.
σct = tensão de tração no concreto
Nas divisas com terrenos vizinhos, salvo quando a funda-
(σct = 0,4 ftk ≤ 0,8 MPa)
ção for assente sobre rocha, tal profundidade não deve
ftk = resistência característica à tração do concreto, ser inferior a 1,5 m.
cujo valor pode ser obtido a partir da resistência
6.4.3 Fundações em terrenos acidentados
característica à compressão (fck) pelas equa-
ções:
Nos terrenos com topografia acidentada, a implantação
de qualquer obra e de suas fundações deve ser feita de
fck maneira a não impedir a utilização satisfatória dos terre-
ftk = para fck ≤ 18 MPa
10 nos vizinhos.

ftk = 0,06 fck + 0,7 MPa para fck > 18 MPa 6.4.4 Lastro

Notas: a)Com respeito à distribuição das pressões sob a base 6.4.4.1 Em fundações que não se apoiam sobre rocha,
do bloco, aplica-se o já disposto para as sapatas. deve-se executar anteriormente à sua execução uma
camada de concreto simples de regularização de no mí-
b) As vigas e placas de fundação podem ser calculadas
pelo método do coeficiente de recalque ou por método nimo 5 cm de espessura, ocupando toda a área da cava
que considere o solo como meio elástico contínuo. da fundação.

Onde:
σ = 2 vezes a pressão média
Figura 3 - Distribuição de pressões de fundações apoiadas em rocha

Figura 4 - Ângulo β nos blocos


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6.4.4.2 Nas fundações apoiadas em rocha, após a prepa- 7.1.2 Carga admissível a partir da segurança à ruptura
ração a que se refere o disposto em 6.2.2.1, deve-se exe-
cutar um enchimento de concreto de modo a se obter A carga admissível a partir da carga de ruptura é determi-
uma superfície plana e horizontal. O concreto a ser utiliza- nada após um cálculo ou verificação experimental, em
do deve ter resistência compatível com a pressão de tra- prova de carga estática, da capacidade de carga na ruptu-
balho da sapata. ra. Esta capacidade de carga é dada pela soma de duas
parcelas:
6.4.5 Fundações em cotas diferentes
Pr = Pl + Pp
6.4.5.1 No caso de fundações próximas, porém situadas
em cotas diferentes, a reta de maior declive que passa Onde :
pelos seus bordos deve fazer, com a vertical, um ângu-
lo α como mostrado na Figura 5, com os seguintes valores: Pr = capacidade de carga na ruptura da estaca ou
tubulão
a) solos pouco resistentes: α ≥ 60°;
Pl = parcela correspondente ao atrito lateral
b) solos resistentes: α = 45°;
Pp = parcela correspondente à resistência de ponta
c) rochas: α = 30°.
Notas: a)Quando a prova de carga não for l evada até a ruptura,
6.4.5.2 A fundação situada em cota mais baixa deve ser
a capacidade de carga deve ser avaliada conforme
executada em primeiro lugar, a não ser que se tomem
disposto em 7.2.2.
cuidados especiais.
b) A partir do valor determinado experimentalmente para
7 Fundações profundas a capacidade de carga na ruptura, a carga admissível
é obtida mediante aplicação de coeficiente de segurança
7.1 Carga admissível
adequado, conquanto não inferior a 2, salvo o disposto
A determinação da carga admissível deve ser feita para em 7.7.
as condições finais de trabalho da estaca, tubulão ou
c) No caso específico de estacas escavadas, face aos
caixão. Esta observação é particularmente importante no elevados recalques necessários para a mobilização
caso de fundações em terrenos passíveis de erosão, em da carga de ponta (quando comparados com os recal-
fundações em que parte fica fora do terreno e no caso de ques necessários para a mobilização do atrito lateral)
fundações próximas a escavações. e por existirem dúvidas sobre a limpeza de fundo, a re-
sistência de atrito prevista na ruptura não pode ser in-
Nota: Tomando por base a definição de 3.26 e respectiva Nota, ferior a 80% da carga de trabalho a ser adotada. Quando
os dois primeiros aspectos da carga admissível de uma a estaca tiver sua ponta em rocha e se puder comprovar
estaca ou tubulão isolado (recalques e segurança à ruptura o contato entre o concreto e a rocha em toda a seção
do solo) definem a carga admissível do ponto de vista transversal da estaca, toda carga pode ser absorvida
geotécnico. O último aspecto (segurança à ruptura do pela resistência de ponta, adotando-se, neste caso,
elemento de fundação) define a carga admissível do ponto um coeficiente de segurança não inferior a 3. É neces-
de vista estrutural. sário comprovar a integridade e continuidade da rocha.

7.1.1 Carga admissível do ponto de vista geotécnico d) No caso de estacas cravadas (estacas de desloca-
mento), o recalque necessário para mobilizar totalmente
A carga admissível do ponto de vista geotécnico é a menor a carga de ponta também é normalmente maior que o
entre as duas cargas determinadas conforme disposto necessário para mobilizar a carga de atrito, fato que
em 7.1.2 e 7.2, ressalvada a ocorrência do atrito negativo, deve ser levado em conta para a fixação da carga
conforme disposto em 7.5.4. admissível.

Figura 5 - Fundações próximas, mas em cotas diferentes


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7.2 Métodos para a avaliação da capacidade de carga 7.2.2.3 O carregamento da estaca ou tubulão de prova
do solo pode não indicar uma carga de ruptura nítida. Isto ocorre
quando não se pretende levar a estaca ou o tubulão à
A capacidade de carga de fundações profundas pode ruptura ou a estaca ou tubulão tem capacidade de resistir
ser obtida por métodos estáticos, provas de carga e mé- a uma carga maior do que aquela que se pode aplicar na
todos dinâmicos. prova (por exemplo, por limitação de reação), ou quando
a estaca é carregada até apresentar um recalque consi-
7.2.1 Métodos estáticos derável, mas a curva carga-recalque não indica uma carga
de ruptura, mas um crescimento contínuo do recalque
7.2.1.1 Podem ser teóricos, quando o cálculo é feito de com a carga. Nos dois primeiros casos, deve-se extrapolar
acordo com teoria desenvolvida dentro da Mecânica dos a curva carga-recalque para se avaliar a carga de ruptura,
Solos, ou semi-empíricos, quando são usadas correla- o que deve ser feito por critérios consagrados na Mecânica
ções com ensaios in situ. dos Solos sobre uma curva de primeiro carregamento.
No terceiro caso, a carga de ruptura pode ser convencio-
7.2.1.2 Os coeficientes de segurança a serem aplicados nada como aquela que corresponde, na curva carga x
devem ser os recomendados pelos autores das teorias deslocamento, mostrada na Figura 6, ao recalque obtido
ou correlações. pela equação a seguir, ou por outros métodos consagra-
dos:
7.2.1.3 Na análise das parcelas de resistência de ponta e
de atrito lateral, é necessário levar em conta a técnica
Pr x L D
executiva e as peculiaridades de cada tipo de estaca ou ∆r = +
tubulão; quando o elemento de fundação tiver base alar- AxE 30
gada, o atrito lateral deve ser desprezado ao longo de
um trecho inferior do fuste (acima do início do alargamento Onde:
da base) igual ao diâmetro da base.
∆r = recalque de ruptura convencional
7.2.2 Provas de carga
Pr = carga de ruptura convencional
7.2.2.1 A capacidade de carga pode ser avaliada por pro-
L = comprimento da estaca
vas de carga executadas de acordo com a NBR 12131.
Neste caso, na avaliação da carga admissível, o fator de A = área da seção transversal da estaca
segurança contra a ruptura deve ser igual a 2, devendo-
se, contudo, observar que durante a prova de carga o E = módulo de elasticidade do material da estaca
atrito lateral será sempre positivo, ainda que venha a ser
negativo ao longo da vida útil da estaca. Tal fato terá re- D = diâmetro do círculo circunscrito à estaca ou, no
percussões diretas conforme o exposto em 7.4. caso de barretes, o diâmetro do círculo de área
equivalente ao da seção transversal desta
7.2.2.2 A capacidade de carga de estaca ou tubulão de
prova deve ser considerada definida quando ocorrer Nota: As unidades devem ser compatíveis com as unidades do
ruptura nítida. módulo de elasticidade.

Figura 6 - Carga de ruptura convencional


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7.2.2.4 Na interpretação da prova de carga, devem ser 7.5.2 O atrito lateral é considerado negativo no trecho em
consideradas a natureza do terreno, a velocidade de que o recalque do solo é maior que o da estaca ou tu-
carregamento e a estabilização dos recalques; uma prova bulão. Este fenômeno ocorre no caso de o solo estar em
de carga em que não houve estabilização dos recalques processo de adensamento, provocado pelo peso próprio
só indica a carga de ruptura; para que se possa estabele- ou por sobrecargas lançadas na superfície, rebaixamento
cer uma relação carga-recalque, é necessário que haja de lençol d’água, amolgamento decorrente de execução
estabilização dos recalques nos estágios do ensaio, pelo de estaqueamento, etc.
menos até aquela carga.
7.5.3 Recomenda-se calcular o atrito negativo segundo
7.2.2.5 Para as provas de carga, deve-se observar também métodos teóricos que levem em conta o funcionamento
o disposto em 7.4. real do sistema estaca-solo.

7.2.3 Métodos dinâmicos 7.5.4 No caso de estacas em que se prevê a ação do atrito
negativo, a carga de ruptura Pr do ponto de vista geo-
7.2.3.1 São métodos de estimativa da capacidade de carga técnico é determinada pela expressão:
de fundações profundas, baseados na previsão e/ou veri-
ficação do seu comportamento sob ação de carregamento Pr = Pp + Pl (+) = 2.P + 1,5.Pl (-)
dinâmico. Entre os métodos dinâmicos estão as chama-
das “Fórmulas Dinâmicas” e os métodos que usam a Onde :
“Equação da Onda”.
Pp = parcela correspondente à resistência na
7.2.3.2 Para avaliação da capacidade de carga, pode ser
ruptura de ponta
usado o ensaio de carregamento dinâmico, definido como
aquele em que se utiliza uma instrumentação fundamen- Pl (+) = parcela correspondente à resistência na rup-
tada na aplicação da “Equação da Onda” conforme a tura, por atrito lateral positivo (calculado no
NBR 13208 trecho do fuste entre o ponto neutro e a pon-
ta da estaca)
7.2.3.3 Para a fixação da carga admissível, o coeficiente
de segurança não deve ser inferior ao indicado na Ta-
Pl (-) = parcela correspondente ao atrito lateral
bela 1.
negativo
7.2.3.4 As “Fórmulas Dinâmicas” baseadas na nega visam
P = carga que pode ser aplicada no topo da
apenas garantir a homogeneidade das fundações.
estaca
7.3 Carga admissível a partir da ruptura
Notas: a)Considera-se ponto neutro a profundidade da seção
da estaca onde ocorre a mudança do atrito lateral de
A partir do valor calculado ou determinado experimen-
negativo para positivo, ou seja, onde o recalque da
talmente para a capacidade de carga na ruptura, a carga camada compressível é igual ao recalque da estaca.
admissível é obtida mediante aplicação de coeficiente
de segurança adequado, não inferior a 2, salvo o dis- b)O coeficiente de segurança 1,5, ao invés de 2, aplicado
posto em 7.5.4. à parcela Pl (-) decorre do fato de que o fenômeno do
atrito negativo é antes um problema de recalque do
7.4 Carga admissível a partir do recalque que um problema de ruptura.

A verificação do recalque pode ser feita por prova de car- c) Quando o atrito negativo for uma solicitação importante,
ga ou através de cálculo por método consagrado, teórico recomenda-se a realização de provas de carga em
ou semi-empírico, sendo as propriedades do solo obtidas estacas de comprimento tal que o atrito positivo possa
em ensaios de laboratório ou in situ (eventualmente ser considerado igual ao atrito negativo nas estacas
através de correlações) e levando-se em consideração da obra. A prova de carga pode ser feita a tração, des-
de que a estaca tenha armadura adequada.
as modificações nessas propriedades, causadas pela
instalação do elemento de fundação.
d) A ação do atrito negativo deve também ser levada em
consideração na análise de segurança à ruptura do
Notas:a) Quando em um projeto forem especificados o tipo de
elemento da fundação.
estaca ou tubulão, a carga e o recalque admissíveis, a
compatibilidade destes elementos deve ser verificada
através da realização de prova de carga. e) Podem-se utilizar recursos (por exemplo, pintura betu-
minosa especial), visando diminuir os efeitos do atrito
b) No caso de verificação por prova de carga, a carga negativo.
admissível não pode ser superior a 1/1,5 daquela que
produz o recalque admissível, medido no topo da estaca 7.6 Tração e esforços transversais
ou do tubulão.
7.6.1 No caso de prova de carga a tração ou carga hori-
7.5 Atrito lateral zontal, vale o coeficiente de segurança 2 à ruptura e o
coeficiente de segurança 1,5 em relação à carga corres-
7.5.1 O atrito lateral é considerado positivo no trecho do pondente ao deslocamento compatível com a estrutura.
fuste da estaca ou tubulão ao longo do qual o elemento Numa prova de carga com cargas transversal e vertical, a
de fundação tende a recalcar mais que o terreno circun- seqüência de carregamento deve reproduzir, da melhor
dante. forma possível, o trabalho da estaca na obra.
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7.6.2 Em estruturas sujeitas a esforços cíclicos, as even- 7.8 Peculiaridades dos diferentes tipos de fundação
tuais provas de carga devem ser programadas de modo profunda
a verificar a influência deste tipo de carregamento. Esta
programação deve ficar a critério do projetista estrutural. 7.8.1 Estacas de madeira1)

7.7 Efeito de grupo 7.8.1.1 Características gerais

7.7.1 Entende-se por efeito de grupo de estacas ou tu- 7.8.1.1.1 A ponta e o topo devem ter diâmetros maiores
bulões o processo de interação das diversas estacas ou que 15 cm e 25 cm, respectivamente.
tubulões que constituem uma fundação ou parte de uma
fundação, ao transmitirem ao solo as cargas que lhes 7.8.1.1.2 A reta que une os centros das seções da ponta e
são aplicadas. Esta interação acarreta uma superposição do topo deve estar integralmente dentro da estaca.
de tensões, de tal sorte que o recalque do grupo de estacas
ou tubulões para a mesma carga por estaca é, em geral, 7.8.1.1.3 Os topos das estacas devem ser convenien-
diferente do recalque da estaca ou tubulão isolado. O re- temente protegidos para não sofrerem danos durante a
calque admissível da estrutura deve ser comparado ao cravação; entretanto, quando, durante a cravação, ocorrer
recalque do grupo e não ao do elemento isolado da fun- algum dano na cabeça da estaca, a parte afetada deve
dação. ser cortada.

7.7.2 A carga admissível de um grupo de estacas ou tu-


7.8.1.1.4 As estacas de madeira devem ter seus topos
bulões não pode ser superior à de uma sapata de mesmo (cota de arrasamento) permanentemente abaixo do nível
contorno que o do grupo, e assente a uma profundidade d’água; em obras provisórias ou quando as estacas re-
acima da ponta das estacas ou tubulões igual a 1/3 do
cebem tratamento de eficácia comprovada, esta exigência
comprimento de penetração na camada suporte, como pode ser dispensada.
mostrado na Figura 7, sendo a distribuição de pressões
calculada por um dos métodos consagrados na Mecânica
Nota: Entende-se como obra provisória aquela com utilização
dos Solos. Em particular, deve ser feita uma verificação por um período compatível com a durabilidade da madeira
de recalques, que é, sobretudo, importante quando hou- empregada nas estacas naquelas condições.
ver uma camada compressível abaixo da camada onde
se assentam as estacas. 7.8.1.1.5 Em águas livres, as estacas de madeira devem
ser protegidas contra o ataque de organismos.
7.7.3 No caso particular de conjunto de tubulões de base
alargada, a verificação deve ser feita em relação a uma 7.8.1.1.6 Em terrenos com matacões, devem ser evitadas
sapata que envolva as bases alargadas e seja apoiada as estacas de madeira.
na mesma cota de apoio dos tubulões.
7.8.1.1.7 Quando se tiver que penetrar ou atravessar ca-
7.7.4 Pode-se adotar qualquer outro método consagrado
madas resistentes, as pontas devem ser protegidas por
de cálculo, desde que se levem em conta as características ponteira de aço.
reais do comportamento do solo.
7.8.1.1.8 As estacas de madeira podem ser emendadas,
7.7.5 Atendida a consideração de 7.7.2, o espaçamento
desde que estas emendas resistam a todas as solici-
mínimo entre estacas ou tubulões fica condicionado ape-
tações que possam ocorrer durante o manuseio, cravação
nas a razões de ordem executiva.
e trabalho da estaca. As emendas podem ser feitas por
7.7.6 As considerações de 7.7.2 não são válidas para sambladuras, por anel metálico, por talas de junção ou
blocos apoiados em fundações profundas com elementos qualquer outro processo que garanta a integridade da
inclinados. estaca.

Figura 7 - Grupo de elementos de fundação profunda

1)
Aplicam-se às estacas de madeira as prescrições de 7.9.
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7.8.1.2 Carga estrutural admissível 7.8.2.2.3 As estacas de aço podem ser emendadas, desde
que as emendas resistam a todas as solicitações que
As estacas de madeira têm sua carga estrutural admissível possam ocorrer durante o manuseio, a cravação e o tra-
calculada, sempre em função da seção transversal míni- balho da estaca, conquanto que seu eixo respeite a con-
ma, adotando-se tensão admissível compatível com o tipo dição de 7.8.2.1.2.
e a qualidade da madeira, conforme a NBR 7190.
7.8.2.2.4 Na emenda por solda de estacas de aço, o ele-
7.8.1.3 Cravação trodo a ser utilizado deve ser compatível com a compo-
sição química do material da estaca. O uso de talas para-
A cravação é normalmente executada com martelo de fusadas ou soldadas é obrigatório nas emendas, devendo
queda livre, cuja relação entre o peso do martelo e o ser dimensionadas conforme a NBR 8800.
peso da estaca seja a maior possível, respeitando-se a
relação mínima de 1,0. Aplica-se às estacas de madeira 7.8.2.2.5 Atenção deve ser dada aos esforços de tração
o disposto em 7.8.3.2.3, com relação ao uso de suple- decorrentes da cravação por percussão ou vibração.
mento.
7.8.2.3 Carga estrutural admissível
7.8.1.4 Preparo de cabeças e ligação com o bloco de
coroamento 7.8.2.3.1 No cálculo dos esforços resistentes, devem ser
obedecidas as prescrições da NBR 8800, ao tipo de aço
Deve ser cortado o trecho danificado durante a cravação constituinte da estaca. No caso de utilização de perfis
ou o excesso em relação à cota de arrasamento. Caso a usados, deve-se levar em conta a seção real mínima.
nova cota de topo esteja abaixo da cota de arrasamento
previsto, deve-se fazer uma emenda de acordo com o 7.8.2.3.2 Quando a estaca trabalhar total e permanente-
disposto em 7.8.1.1.8. mente enterrada em solo natural, deve-se descontar da
sua espessura 1,5 mm por face que possa vir a entrar em
7.8.2 Estacas de aço2) contato com o solo, excetuando-se as estacas que dis-
põem de proteção especial de eficiência comprovada à
7.8.2.1 Características gerais corrosão.
7.8.2.1.1 As estacas de aço podem ser constituídas por 7.8.2.4 Preparo de cabeças e ligação com o bloco de
perfis laminados ou soldados, simples ou múltiplos, tubos coroamento
de chapa dobrada (seção circular, quadrada ou retan-
gular), tubo sem costura e trilhos. 7.8.2.4.1 Deve ser cortado o trecho danificado durante a
cravação ou o excesso em relação à cota de arrasamento,
7.8.2.1.2 As estacas de aço devem ser retilíneas. Para recompondo-se, quando necessário, o trecho de estaca
isto, o raio de curvatura, em qualquer ponto do eixo, deve até esta cota, ou adaptando-se o bloco.
ser maior que 400 m ou apresentar flecha máxima de
0,3% do comprimento do perfil. 7.8.2.4.2 Quando as estacas de aço constituídas por perfis
laminados ou soldados trabalharem a compressão, basta
7.8.2.1.3 As estacas de aço devem resistir à corrosão pela uma penetração de 20 cm no bloco. Pode-se, eventual-
própria natureza do aço ou por tratamento adequado. mente, fazer uma fretagem, através de espiral, em cada
Quando inteiramente enterradas em terreno natural, estaca neste trecho.
independentemente da situação do lençol d’água, as
estacas de aço dispensam tratamento especial. Havendo, 7.8.2.4.3 No caso de estacas metálicas trabalhando a tra-
porém, trecho desenterrado ou imerso em aterro com ma- ção, deve-se soldar uma armadura capaz de transmitir
teriais capazes de atacar o aço, é obrigatória a proteção ao bloco de coroamento as solicitações correspondentes.
deste trecho com um encamisamento de concreto ou ou-
7.8.2.4.4 No caso de estacas tubulares, ou se utiliza o
tro recurso adequado (por exemplo: pintura, proteção ca-
tódica, etc.). disposto em 7.8.2.4.2 ou, se a estaca for cheia de concreto
até cota tal que transmita a carga por aderência à camisa,
Nota: Em obras especiais (por exemplo: marítimas, subesta- o disposto em 7.8.3.4.4 como estaca de concreto.
ções, Metrô, etc.), cuidados especiais para sua proteção
podem ser necessários. 7.8.3 Estacas pré-moldadas de concreto3)

7.8.2.2 Cravação 7.8.3.1 Características gerais

7.8.2.2.1 No caso de estacas para carga admissível de até As estacas pré-moldadas podem ser de concreto armado
1000 kN, quando empregado martelo de queda livre, a ou protendido, vibrado ou centrifugado, e concretadas
relação entre o peso do pilão e o peso da estaca deve ser em formas horizontais ou verticais. Devem ser executadas
a maior possível, não se usando relação menor que 0,5 com concreto adequado, além de serem submetidas à
nem martelo com peso inferior a 10 kN. cura necessária para que possuam resistência compatível
com os esforços decorrentes do transporte, manuseio,
Nota: No caso de perfis metálicos, o uso de martelos de peso instalação e a eventuais solos agressivos.
elevado pode provocar cravação excessiva.
Nota: Para a finalidade desta Norma, as estacas pré-fabricadas
7.8.2.2.2 Aplica-se às estacas metálicas o prescrito em são consideradas como estacas pré-moldadas, dentro do
7.8.3.2.3 em relação ao uso de suplemento. conceito da NBR 9062.

2)
Aplicam-se às estacas de aço as prescrições de 7.9.
3)
Aplicam-se às estacas pré-moldadas as prescrições de 7.9.
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7.8.3.2 Cravação 7.8.3.2.8 As estacas pré-moldadas podem ser emendadas,


desde que resistam a todas as solicitações que nelas
7.8.3.2.1 A cravação de estacas pré-moldadas de concreto ocorram durante o manuseio, a cravação e a utilização
pode ser feita por percussão, prensagem ou vibração. A da estaca. Cuidado especial deve ser tomado para garan-
escolha do equipamento deve ser feita de acordo com o tir a axialidade dos elementos emendados.
tipo e dimensão da estaca, características do solo, con-
dições de vizinhança, características de projeto e pe- 7.8.3.2.9 As estacas pré-moldadas devem ser emendadas
culiaridades do local. através de solda. O uso de luva de encaixe é tolerado
desde que não haja tração, seja na cravação, seja na
7.8.3.2.2 A cravação de estacas através de terrenos resis- utilização. O topo do elemento inferior, quando danificado,
tentes à sua penetração pode ser auxiliada com jato deve ser recomposto após o término de sua cravação. A
d’água ou ar (processo denominado “lançagem”) ou atra- cravação só pode ser retomada após o tempo necessário
vés de perfurações. Estas perfurações podem ter suas à cura da recomposição.
paredes suportadas ou não, e o suporte pode ser um re-
vestimento a ser recuperado ou a ser perdido, ou lama 7.8.3.2.10 Quando forem previstos ou observados esforços
estabilizante. De qualquer maneira, quando se tratar de significativos de tração decorrentes da cravação, o siste-
estacas trabalhando à compressão, a cravação final deve ma de cravação deve ser ajustado de modo a minimizar
ser feita sem uso destes recursos, cujo emprego deve ser tais esforços, para não colocar em risco o elemento es-
devidamente levado em consideração na avaliação da trutural.
capacidade de carga das estacas e também na análise
do resultado da cravação. 7.8.3.3 Desempenho das estacas

7.8.3.3.1 O fabricante de estacas pré-moldadas deve apre-


7.8.3.2.3 No caso em que a cota de arrasamento estiver
abaixo da cota do plano de cravação, pode-se utilizar um sentar resultados de ensaios de resistência do concreto
elemento suplementar, denominado prolonga ou suple- das estacas, nas várias idades, bem como curvas de in-
mento, desligado da estaca propriamente dita, que deve teração flexocompressão e flexotração do elemento estru-
ser retirado após a cravação. Caso não sejam usados tural. Em cada estaca deve constar a data de sua mol-
dispositivos especiais devidamente comprovados, que dagem.
garantam o posicionamento da estaca e a eficiência da
7.8.3.4 Preparo de cabeças e ligação com o bloco de
cravação, fica limitado a 2,5 m o comprimento do su-
coroamento
plemento.
7.8.3.4.1 O topo da estaca, danificado durante a cravação
7.8.3.2.4 O sistema de cravação deve ser dimensionado
ou acima da cota de arrasamento, deve ser demolido. A
de modo a levar a estaca até a profundidade prevista
seção resultante deve ser plana e perpendicular ao eixo
para sua capacidade de carga, sem danificá-la. Com esta
da estaca e a operação de demolição deve ser executada
finalidade, o uso de martelos mais pesados, com menor
de modo a não causar danos à estaca. Nesta operação
altura de queda, é mais eficiente do que o de martelos
podem ser utilizados ponteiros ou marteletes leves, tra-
mais leves, com grande altura de queda, mantido o mes-
balhando com pequena inclinação, para cima, em relação
mo conjunto de amortecedores.
à horizontal. Para estacas cuja seção de concreto for in-
ferior a 2000 cm², o preparo da cabeça somente pode ser
7.8.3.2.5 No caso de estacas para carga admissível de até
feito com ponteiro.
1 MN, quando empregado martelo de queda livre, a
relação entre o peso do martelo e o peso da estaca deve 7.8.3.4.2 No caso de estacas danificadas até abaixo da
ser a maior possível, não se devendo adotar martelos cota de arrasamento ou estacas cujo topo resulte abaixo
cujo peso seja inferior a 15 kN, nem relação entre o peso da cota de arrasamento prevista, deve-se fazer a
do martelo e o peso da estaca inferior a 0,7. demolição do comprimento necessário da estaca, de
modo a expor o comprimento de transpasse da armadura
Notas: a) No uso de martelos automáticos ou vibratórios, devem-
e recompô-lo até a cota de arrasamento. A armadura da
se seguir as recomendações dos fabricantes.
estaca deve ser prolongada dentro deste trecho,
atendendo-se ao prescrito em 7.8.3.4.4.
b) Para estacas cuja carga de trabalho seja superior a
1MN, a escolha do sistema de cravação deve ser
analisada em cada caso. Se houver dúvidas, os resul- 7.8.3.4.3 O material a ser utilizado na recomposição das
tados devem ser controlados através de ensaios ou estacas deve apresentar resistência não inferior à do
de provas de carga estáticas. concreto da estaca.

7.8.3.2.6 O sistema de cravação deve estar sempre bem 7.8.3.4.4 Em estacas cuja armadura não tiver função
ajustado e com todos os seus elementos constituintes, resistente após a cravação, não há necessidade de sua
tanto estruturais quanto acessórios, em perfeito estado, a penetração no bloco de coroamento (isto não significa
fim de evitar quaisquer danos às estacas durante a cra- que necessariamente devam ser cortados os ferros das
vação. estacas que penetram no bloco). Caso contrário, a arma-
dura deve penetrar suficientemente no bloco, a fim de
7.8.3.2.7 Os equipamentos acessórios, como capacetes, transmitir a solicitação correspondente.
coxins e suplementos, devem possuir geometria ade-
quada à seção da estaca e não apresentar folgas maiores 7.8.3.4.5 Em estacas vazadas, antes da concretagem do
que aquelas necessárias ao encaixe das estacas, nem bloco, o furo central deve ser convenientemente tampo-
danificá-las. nado.
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7.8.3.5 Cálculo estrutural aquela calculada como peça estrutural de concreto ar-
mado ou protendido, restringindo-se a 35 MPa a resistên-
7.8.3.5.1 Os esforços resistentes devem ser calculados cia característica do concreto.
obedecendo-se às seguintes prescrições:
Notas: a) Entende-se por verificação da capacidade de carga a
a) as estacas imersas em solos moles devem ser ve- realização de provas de carga estáticas segundo a
NBR 12131 e o disposto em 7.2.2 ou a realização de
rificadas à flambagem, levando-se em conta as
ensaios de carregamento dinâmico segundo
características dos solos atravessados e as con- a NBR 13208 e o disposto em 7.2.3.
dições de vinculação da estaca;

b) As provas de carga estáticas devem ser executadas


b) devem-se sempre levar em conta os esforços de em número de 1% do conjunto de estacas de mesmas
tração que podem decorrer da cravação da própria características na obra, respeitando-se o mínimo de
estaca ou de estacas vizinhas. uma prova de carga.

7.8.3.5.2 As estacas pré-moldadas podem ter quaisquer c) Os ensaios de carregamento dinâmico devem ser
geometria e dimensões, contanto que sejam dimensio- executados em número de 3% do conjunto de estacas
nadas não só para suportar os esforços atuantes nelas de mesmas características na obra, respeitando-se o
como elemento estrutural de fundação, como também mínimo de três estacas instrumentadas. Os resultados
aqueles que decorram do seu manuseio, transporte, le- dos métodos simplificados que forem utilizados para
vantamento e cravação. interpretação dos dados de instrumentação de cada
conjunto de estacas de mesmas características devem
ser aferidos por métodos numéricos baseados na
7.8.3.5.3 O içamento de estacas na obra deve obedecer
equação da onda em pelo menos uma recravação de
às prescrições do fabricante, cabendo a este fornecer a estaca ou aferidos por uma prova de carga estática.
informação correspondente.
d) Recomenda-se ainda que todas as estacas da obra
7.8.3.5.4 Nas duas extremidades da estaca, deve-se fazer sejam controladas através da medida do repique, que
um reforço da armação transversal, para levar em conta por si só não constitui uma instrumentação.
as tensões que surgem durante a cravação.
7.8.3.6.3 Na capacidade de carga de estacas trabalhando
7.8.3.5.5 Devem-se levar em conta, no dimensionamento, a tração, deve ser desprezada qualquer resistência da
os cobrimentos recomendados pelas NBR 6118 e ponta da estaca.
NBR 9062.

7.8.3.6.4 A capacidade de carga a tração deve ser com-


7.8.3.5.6 Para a fixação da carga estrutural admissível,
provada por prova de carga em pelo menos 1% do con-
deve ser adotado um coeficiente de minoração da resis-
junto de estacas de mesmas características, respeitando-
tência característica do concreto γc = 1,3, quando se uti-
se o mínimo de uma prova de carga.
liza controle sistemático. Caso contrário, γc deve ser ado-
tado igual a 1,4.
7.8.3.6.5 Se durante a prova de carga à tração ficar caracte-
7.8.3.5.7 No caso de solicitação à tração, valem as rizada a ruptura do contato entre a estaca e o solo, a es-
recomendações dispostas em 7.8.9.9.3. taca deve ser recravada.

7.8.3.6 Carga de trabalho de estacas isoladas 7.8.3.6.6 Quando a emenda das estacas for realizada por
luva, a previsão da capacidade de carga a tração deve
7.8.3.6.1 Nas estacas comprimidas, quando não é feita a ser feita levando-se em conta apenas o elemento
verificação da capacidade de carga através de prova de superior da estaca.
carga ou de instrumentação, pode-se adotar como carga
de trabalho aquela obtida a partir da tensão média atuante 7.8.4 Estacas moldadas in loco
na seção de concreto, limitada ao máximo de 6 MPa.
7.8.4.1 Características gerais
Notas: a) Para efeito da seção de concreto, consideram-se as
estacas vazadas como maciças, respeitando-se o
disposto em 3.26. As estacas moldadas in loco são executadas enchendo-
se de concreto perfurações previamente executadas no
b) A fixação do valor 6 MPa é artificial e visa apenas terreno, através de escavações ou de deslocamento do
estabelecer um critério, embora, na realidade, não se solo pela cravação de soquete ou de tubo de ponta fe-
deva confundir carga do elemento de fundação com chada. Estas perfurações, quando escoradas, podem ter
tensão admissível no concreto. suas paredes suportadas por revestimento a ser recu-
perado ou a ser perdido, ou por lama tixotrópica. Só se
7.8.3.6.2 Nas estacas comprimidas, quando é feita a veri- admite a perfuração não suportada em terrenos coesivos,
ficação da capacidade de carga através de prova de carga acima do lençol d’água, natural ou rebaixado. Estas es-
ou de instrumentação, a carga de trabalho máxima é tacas podem ainda apresentar base alargada.
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7.8.4.2 Variantes quanto à concretagem 7.8.4.3 Preparo da cabeça e ligação com o bloco de
coroamento
Nas estacas moldadas in loco, admitem-se as seguintes
Para cada tipo de estaca moldada in situ, devem ser aten-
variantes de concretagem:
didos os seguintes requisitos:

a) perfuração não suportada isenta d’água, quando a) as estacas moldadas no solo devem ser execu-
o concreto é simplesmente lançado do topo da tadas com um excesso de concreto em relação à
perfuração, através de tromba (funil) de compri- cota de arrasamento, o qual deve ser retirado com
mento adequado, sendo suficiente que o compri- os cuidados indicados em 7.8.3.4.1;
mento do tubo do funil seja de cinco vezes o seu
diâmetro interno; b) é indispensável que o desbastamento do excesso
de concreto seja levado até se atingir concreto de
boa qualidade, ainda que isto venha a ocorrer abai-
b) perfuração suportada com revestimento perdido, xo da cota de arrasamento, recompondo-se, a se-
isenta d’água, quando o concreto é simplesmente guir, o trecho de estaca até esta cota, ou adaptan-
lançado do topo da perfuração, sem necessidade do-se o bloco.
de tromba;
7.8.5 Estacas tipo broca 4 )
c) perfuração suportada com revestimento perdido
7.8.5.1 Perfuração
ou a ser recuperado, cheia d’água, quando é ado-
tado um processo de concretagem submersa, com É executada com trado manual ou mecânico, sem uso de
o emprego de tremonha, ou outro método devi- revestimento. A escavação deve prosseguir até a profun-
damente justificado; didade prevista. Quando for atingida a profundidade, faz-
se a limpeza do fundo com a remoção do material desa-
d) perfuração suportada com revestimento a ser gregado eventualmente acumulado durante a escavação.
recuperado, isenta d’água, quando a concretagem Dadas as condições de execução, estas estacas só
pode ser feita de acordo com as modalidades a podem ser utilizadas abaixo do nível de água se o furo
seguir: puder ser seco antes da concretagem.

Nota: Recomenda-se para as estacas tipo broca um diâmetro


- o concreto é lançado em pequenas quantidades, mínimo de 20 cm e máximo de 50 cm.
que são compactadas sucessivamente, à medida
que se retira o tubo de revestimento; deve-se 7.8.5.2 Concretagem
empregar um concreto com fator água-cimento
baixo; O concreto deve ser lançado do topo da perfuração com
o auxílio de funil, devendo apresentar fck não inferior a
15 MPa, consumo de cimento superior a 300 kg/m3 e con-
- o tubo é inteiramente cheio de concreto plástico sistência plástica.
e, em seguida, é retirado com utilização de pro-
cedimentos que garantam a integridade do fuste 7.8.5.3 Armadura
da estaca;
Em geral, estas estacas não são armadas, utilizando-se
e) perfuração suportada por lama, quando é adotado somente ferros de ligação com o bloco. Quando neces-
um processo de concretagem submersa, utili- sário, a estaca pode ser armada para resistir aos esforços
zando-se tremonha; no caso de uso de bomba de da estrutura.
concreto, ela deve despejar o concreto no topo da 7.8.5.4 Carga estrutural admissível
tremonha, sendo vedado bombear diretamente
para o fundo da estaca. Para a fixação da carga estrutural admissível, não pode
ser adotado fck superior a 15 MPa, adotando-se um coe-
Notas: a) Nos casos em que, apesar dos cuidados mencionados, ficiente de minoração de resistência γc = 1,8, tendo em
não se possa garantir a integridade da estaca, estes vista as condições de concretagem.
processos devem ser revistos.
Nota: No caso de solicitação a tração, vale a prescrição de
7.8.9.9.3.
b) Em cada caso, o concreto deve ter plasticidade
adaptada à modalidade de execução e atender aos re- 7.8.6 Estacas tipo "hélice contínua"5)
quisitos de resistência.
7.8.6.1 Perfuração
c) Quando houver camadas de argilas moles abaixo do
nível d’água, devem-se tomar cuidados especiais, Consiste na introdução, até a profundidade estabelecida
variáveis em função do tipo de estaca, com a finalidade em projeto, por rotação da hélice contínua, sem a retirada
de garantir a seção mínima projetada para a estaca. do solo escavado.

4)
Aplicam-se às estacas tipo broca as prescrições de 7.9.
5)
Aplicam-se às estacas tipo "hélice contínua"as prescrições de 7.9.
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7.8.6.2 Concretagem 7.8.7.2.2 Para a execução do fuste, o concreto é lançado


dentro da linha de tubos e, à medida que é apiloado, vão
Uma vez atingida a profundidade de projeto, é iniciada a sendo retirados os tubos com o emprego do guincho ma-
injeção de concreto pela haste central do trado, com a re- nual. Para garantia de continuidade do fuste, deve ser
tirada simultânea da hélice contínua contendo o material mantida dentro da linha de tubos, durante o apiloamento,
escavado, e sem rotação. O concreto utilizado deve apre- uma coluna de concreto suficiente para que este ocupe
sentar resistência característica fck de 20 MPa, ser bom- todo o espaço perfurado e eventuais vazios e deformações
beável e composto de cimento, areia, pedrisco e pedra 1, no subsolo. O pilão não deve ter oportunidade de entrar
com consumo mínimo de cimento de 350 kg/m3, sendo em contato com o solo da parede ou base da estaca, para
facultativa a utilização de aditivos. não provocar desabamento ou mistura de solo com o
concreto; este cuidado deve ser reforçado no trecho even-
tualmente não revestido.
7.8.6.3 Armadura
7.8.7.2.3 O concreto utilizado deve apresentar fck não
A armadura neste tipo de estaca só pode ser instalada inferior a 15 MPa, consumo de cimento superior a
depois da concretagem. 300 kg/m3 e consistência plástica.

7.8.7.2.4 Caso ao final da perfuração exista água no fundo


7.8.6.4 Carga estrutural admissível
do furo que não possa ser retirada pela sonda, deve-se
lançar um volume de concreto seco para obturar o furo.
Para a fixação da carga estrutural admissível, não pode Neste caso, deve-se desprezar a contribuição da ponta
ser adotado fck maior do que 20 MPa, adotando-se um da estaca na sua capacidade de carga.
fator de redução de resistência γ c =1,8, tendo em vista as
condições de concretagem. 7.8.7.3 Armadura

7.8.7.3.1 As estacas Strauss podem ser armadas. Neste


Nota: No caso de solicitação a tração, vale a prescrição de
7.8.9.9.3. caso, a ferragem longitudinal deve ser confeccionada com
barras retas, sem esquadro na ponta, e os estribos devem
permitir livre passagem ao soquete de compactação e
7.8.7 Estacas tipo Strauss6)
garantir um cobrimento da armadura,não inferior a 3 cm.

7.8.7.1 Perfuração 7.8.7.3.2 Quando não armadas, deve-se providenciar uma


ligação com o bloco através de uma ferragem que é sim-
É iniciada com um soquete, até uma profundidade de 1 m plesmente cravada no concreto, dispensando-se, neste
caso, o uso de estribos.
a 2 m. O furo feito com o soquete serve de guia para intro-
dução do primeiro tubo de revestimento, dentado na extre-
7.8.7.4 Carga estrutural admissível
midade inferior, chamado “coroa”. Após a introdução da
coroa, o soquete é substituído pela sonda (piteira), a qual,
7.8.7.4.1 Para a fixação da carga estrutural admissível não
por golpes sucessivos, vai retirando o solo do interior e
pode ser adotado fck maior do que 15 MPa, adotando-se
abaixo da “coroa”, que vai sendo introduzida no terreno.
um coeficiente de minoração de resistência γ c = 1,8, tendo
Quando a coroa estiver toda cravada, é rosqueado o tu-
em vista as condições de concretagem.
bo seguinte, e assim por diante, até que se atinja a pro-
fundidade prevista para a perfuração ou as condições 7.8.7.4.2 A determinação da carga estrutural deve ser feita
previstas para o terreno. Imediatamente antes da concre- utilizando-se a seção da estaca, determinada pelo diâ-
tagem, deve ser feita a limpeza completa do fundo da metro do tubo de revestimento, quando a estaca for total-
perfuração, com total remoção da lama e da água even- mente revestida, ou pelo diâmetro da piteira, quando a
tualmente acumuladas durante a perfuração. estaca for parcialmente revestida.

Notas:a)Caso as características do terreno o permitam, o Nota: No caso de solicitação a tração, vale o prescrito em
revestimento com o tubo pode ser parcial. 7.8.9.9.3.

7.8.8 Estacas tipo Franki7)


b) Recomenda-se que as estacas Strauss tenham o seu
diâmetro limitado a 500 mm.
7.8.8.1 Características gerais

7.8.7.2 Concretagem 7.8.8.1.1 As estacas tipo Franki são executadas enchendo-


se de concreto perfurações previamente executadas no
7.8.7.2.1 Com o furo completamente esgotado e limpo, é terreno, através da cravação de tubo de ponta fechada,
lançado o concreto em quantidade suficiente para se ter recuperado e possuindo base alargada. Este fechamento
uma coluna de aproximadamente 1m. Sem puxar a linha pode ser feito no início da cravação do tubo ou em etapa
de tubos de revestimento, apiloa-se o concreto, para for- intermediária, por meio de material granular ou peça pré-
mar uma espécie de bulbo. fabricada de aço ou de concreto.

6)
Aplicam-se às estacas tipo Strauss as prescrições de 7.9.
7)
Aplicam-se às estacas tipo Franki as prescrições de 7.9.
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22 NBR 6122/1996

7.8.8.1.2 Na cravação à percussão por queda livre, as re- 7.8.8.5 Carga estrutural admissível
lações entre o diâmetro da estaca, a massa e o diâmetro
do pilão devem atender aos valores mínimos indicados Para a fixação da carga estrutural admissível, não pode
na Tabela 5. ser adotado fck maior do que 20 MPa e γc = 1,5.

Nota: No caso de solicitação a tração, vale a prescrição de


7.8.8.2 Base alargada 7.8.9.9.3.

7.8.9 Estacas escavadas com uso de lama 8)


Na confecção da base alargada, é necessário que os
últimos 0,15 m3 de concreto sejam introduzidos com uma 7.8.9.1 Características gerais
energia mínima de 2,5 MNm, para as estacas de diâmetro
inferior ou igual a 450 mm, e 5 MNm, para as estacas de As estacas escavadas com o uso de lama, sejam circu-
diâmetro superior a 450 mm. No caso do uso de volume lares ou alongadas (estacas diafragma ou barretes), pela
diferente, a energia deve ser proporcional ao volume. sua técnica executiva, têm sua carga admissível, em gran-
de parte, dependente do atrito ao longo do fuste, enquanto
Nota: A energia é obtida pelo produto do peso do pilão pela altura a resistência de ponta é mobilizada apenas depois de re-
de queda (constante entre 5 m e 8 m) e pelo número de calques elevados.
golpes, controlando-se o volume injetado pela marca do
cabo do pilão em relação ao topo do tubo. 7.8.9.2 Perfuração

O equipamento deve ser localizado de maneira a garantir


7.8.8.3 Armadura
a centralização da estaca. No caso de estacas de seção
circular, deve ser usado tubo-guia de diâmetro 50 mm
7.8.8.3.1 Mesmo que as solicitações a que a estaca venha maior que o da estaca. No caso de outra forma da seção
a ser submetida não indiquem a necessidade de armadu- transversal da estaca, deve ser usada mureta-guia de
ra neste tipo de estaca, usa-se uma armadura mínima concreto ou de aço com dimensões 50 mm maiores que
necessária por motivos de ordem construtiva, salvo em as da estaca projetada. O comprimento enterrado do
casos especiais, em que esta pode ser dispensada. tubo-guia ou da mureta-guia não deve ser inferior a 1 m.
Em qualquer dos casos, a perfuração é feita com ferra-
7.8.8.3.2 A quantidade de armadura, seja longitudinal, seja menta capaz de garantir a verticalidade da peça, concomi-
transversal, deve levar em conta as condições de concre- tantemente com o lançamento da lama bentonítica, até a
tagem inerentes a este tipo de estaca. cota prevista no projeto ou até material impenetrável. Caso
este material impenetrável esteja acima da cota prevista
no projeto, este deve ser reavaliado e adequado às no-
7.8.8.4 Concretagem vas condições.

Com o consumo mínimo de cimento de 350 kg/m3, a con- Nota: É desejável que a perfuração seja contínua até sua
cretagem do fuste pode ser feita em uma das alternativas conclusão; caso não seja possível, o efeito da interrupção
deve ser analisado e a estaca eventualmente aprofundada,
descritas em 7.8.4.2-d).
de modo a garantir a carga admissível prevista no projeto.

Tabela 5- Características dos pilões para execução de estacas tipo Franki

Diâmetro da estaca Massa mínima do pilão Diâmetro mínimo do pilão

(mm) (t) (mm)

300 1,0 180

350 1,5 220

400 2,0 250

450 2,5 280

520 2,8 310

600 3,0 380

Nota: As massas indicadas nesta Tabela representam as mínimas aceitáveis. No caso de


estacas de comprimento acima de 15 m, a massa mínima deve ser aumentada.

8)
Aplicam-se às estacas escavadas com uso de lama as prescrições de 7.9.
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7.8.9.3 Concretagem 7.8.9.4.2 A bentonita a ser utilizada para o preparo de la-


mas tixotrópicas deve atender às especificações da Ta-
7.8.9.3.1 Deve ser feita através de tremonha, usando-se bela 6.
concreto que satisfaça às seguintes exigências:
7.8.9.5 Lama bentonítica
3
a) consumo de cimento não inferior a 400 kg/m ; 7.8.9.5.1 É preparada misturando-se bentonita (normal-
mente embalada em sacos de 50 kg) com água pura, em
b) abatimento ou slump igual a ( 200 ± 20 ) mm; misturadores de alta turbulência, com uma concentração
variável em função da viscosidade e da densidade que
c) diâmetro máximo do agregado não superior a 10% se pretende obter.
do diâmetro interno do tubo tremonha;
7.8.9.5.2 A lama bentonítica possui as seguintes carac-
d) o embutimento da tremonha no concreto durante terísticas :
toda a concretagem não pode ser inferior a
1,50 m.
a) estabilidade produzida pelo fato de a suspensão
de bentonita se manter por longo período;
7.8.9.3.2 A concretagem deve ser contínua e feita logo
após o término da perfuração, sendo tomadas as provi-
dências referentes à lama bentonítica e à ferragem. Caso b) capacidade de formar nos vazios do solo e espe-
haja uma interrupção na concretagem, os recursos a cialmente junto à superfície lateral da escavação
serem adotados, ou até mesmo o abandono da estaca, uma película impermeável (cake);
devem ser avaliados.
c) tixotropia, isto é, ter um comportamento fluido
7.8.9.4 Bentonita quando agitada, porém capaz de formar um “gel”
quando em repouso.
7.8.9.4.1 É uma argila produzida a partir de jazidas na-
turais, sofrendo, em alguns casos, um beneficiamento. O 7.8.9.5.3 A lama bentonítica deve atender aos parâmetros
argilo mineral predominante é a montmorilonita sódica, o da Tabela 7, para estar em condições de ser utilizada
que explica sua tendência ao inchamento. nas escavações.

Tabela 6 - Especificação da bentonita

Requisito Valor

Resíduos em peneira nº 200 ≤ 1%

Teor de umidade ≤ 15%

Limite de liquidez ≥ 440

Viscosidade Marsh 1500/1000 da suspensão a 6° em água destilada ≥ 40

Decantação da suspensão a 6% em 24 h ≤ 2%

Água separada por pressofiltração de 450 cm3 da suspensão a 6% nos ≤ 18 cm3


primeiros 30 min, à pressão de 0,7 MPa

pH da água filtrada 7a9

Espessura do cake no filtroprensa ≤ 2,5 mm


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7.8.9.6 Nível da lama bentonítica em relação ao lençol 7.8.9.9.3 No caso de solicitação à tração, a estaca deve
freático ser armada pela NBR 6118, admitindo-se uma redução
de 2 mm no diâmetro das barras longitudinais. Caso se
A fim de garantir o bom funcionamento da lama bentonítica prefira fazer a verificação à fissuração, fica dispensada
na estabilização das paredes, exige-se que o nível da esta redução. Em ambos os casos deve-se garantir um
lama na escavação seja mantido acima do nível de água coeficiente de segurança global não inferior a 2.
do terreno. Esta diferença de nível deve ser no mínimo
igual a duas vezes o diâmetro da estaca ou a duas vezes 7.8.10 Estacas escavadas, com injeção9)
a largura da estaca tipo diafragma (barrete), respeitando
7.8.10.1 Considerações gerais
o mínimo de 2 m.
Sob este título estão englobados vários tipos de estacas
7.8.9.7 Aditivos perfuradas e moldadas in loco, com técnicas diferentes
como a seguir descritas:
7.8.9.7.1 O uso de aditivos plastificantes é normalmente
desnecessário e, de qualquer modo, eles só são acei- a) microestacas, que incluem as pressoancoragens,
táveis se seu tempo de eficácia não for inferior ao tempo executadas com tecnologia de tirantes injetados
total entre a colocação do aditivo e o final da concretagem em múltiplos estágios, utilizando-se em cada está-
da estaca. gio pressão que garanta a abertura das manchetes
e posterior injeção;
7.8.9.7.2 O uso de aditivos retardadores, embora normal-
mente desnecessário, não tem qualquer inconveniente. b) estacas tipo raiz, onde a injeção é utilizada para
moldar o fuste. Imediatamente após a moldagem
7.8.9.8 Carga estrutural admissível do fuste, é aplicada pressão no topo, com ar com-
primido, uma ou mais vezes durante a retirada do
Para a fixação da carga estrutural admissível, não pode tubo de revestimento. Não se usa tubo de válvulas
ser utilizado fck maior do que 20 MPa, adotando-se um múltiplas, mas usam-se pressões baixas (inferiores
fator de redução de resistência γc = 1,9, tendo em vista as a 0,5 MPa) que visam apenas garantir a integridade
condições de concretagem. da estaca.
7.8.9.9 Estacas submetidas apenas à compressão ou à Nota: Em ambos os casos, o fuste é constituído de armadura de
tração barras e/ou tubo metálico, sendo os vazios do furo pre-
enchidos com calda de cimento ou argamassa.
Quando as estacas escavadas com uso de lama forem
7.8.10.2 Perfuração
submetidas apenas a esforços de compressão ou de
tração, deve-se observar o disposto em 7.8.9.9.1 a É executada por perfuratriz, com ou sem lama estabilizante
7.8.9.9.3. até a profundidade especificada no projeto. Pode ser ou
não revestida, sendo que as estacas tipo raiz são reves-
7.8.9.9.1 Se a tensão média de compressão for inferior a
tidas, pelo menos em parte do seu comprimento. De qual-
5 MPa, a armação é desnecessária, podendo-se, entre-
quer maneira é preciso garantir a estabilidade da esca-
tanto, adotar uma armadura, por motivos executivos.
vação.
7.8.9.9.2 Se a tensão média de compressão for superior a Nota: É importante frisar que a utilização de lama estabilizante
5 MPa, a estaca deve ser armada, segundo a pode afetar a aderência entre a estaca e o solo. Normal-
NBR 6118, no trecho em que a tensão média é superior a mente uma lavagem com água pura é suficiente para
5 MPa até a profundidade na qual a transferência de car- eliminar esse inconveniente, sendo imprescindível verificar
ga por atrito lateral diminua a compressão no concreto o resultado final do uso da lama através de prova de
para uma tensão média inferior a 5 MPa. carga, a menos que haja experiência com este tipo de
estaca no terreno da região.

Tabela 7 - Parâmetros para a lama bentonítica

Parâmetros Valores Equipamento para ensaio

Densidade 1,025 g/cm3 a 1,10 g/cm3 Densímetro

Viscosidade 30 s a 90 s Funil Marsh

pH 7 a 11 Papel de pH

Cake 1,0 mm a 2,0 mm Filter press

Teor de areia até 3% Baroid sand content ou similar


Notas: a)A espessura do cake deve ser determinada ao menos uma vez por partida de bentonita.
b) Os demais parâmetros devem ser determinados em amostras retiradas do fundo de cada estaca, imediatamente antes da
concretagem.
c) Em casos especiais, pode ser necessário adicionar produtos químicos à lama bentonítica, destinados a melhorar suas condi-
ções, corrigindo a acidez da água, aumentando a sua densidade de massa, etc.
9)
Aplicam-se às estacas escavadas, com injeção, as prescrições de 7.9.
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7.8.10.3 Carga admissível como elemento estrutural 7.8.10.4.4 Para efeito de verificação da capacidade de carga
à compressão, é válido o ensaio a tração, executado de
7.8.10.3.1 Quando for utilizado aço com resistência de até acordo com a NBR 12131 e interpretado por este método
500 MPa e a percentagem de aço for menor ou igual a para o ensaio a compressão.
6%, a peça deve ser dimensionada como pilar de concreto
7.8.11 Estacas mistas10)
armado, levando-se em conta a verificação de flambagem,
com a devida consideração do confinamento do solo, to- 7.8.11.1 A estaca mista deve satisfazer aos requisitos cor-
mando-se para a argamassa (que, neste caso, deve ter respondentes aos dois tipos de materiais associados, con-
consumo de cimento não inferior a 600 kg/m3 ) um valor forme considerados anteriormente em estacas de um úni-
de fck compatível com as técnicas executivas e de controle co elemento estrutural.
não superior a 20 MPa. Quanto ao coeficiente de minora-
ção γc da argamassa, este deve ser adotado igual a 1,6, 7.8.11.2 A ligação entre os dois tipos de estaca deve impedir
tendo em vista as condições de cura da argamassa. sua separação, manter o alinhamento e suportar a carga
prevista com a segurança necessária.
7.8.10.3.2 Para efeito de cálculo, a área de argamassa a
7.8.12 Tubulões não revestidos
ser considerada é igual à área da seção transversal da
estaca, descontando-se a área da seção transversal da Estes elementos de fundação são executados com esca-
armadura. Para este fim, a área deve ser calculada a vação manual ou mecânica conforme 7.8.12.1 a 7.8.12.3.
partir do diâmetro da ferramenta de corte, no caso do tre-
cho não revestido, ou do diâmetro externo da sapata cor- 7.8.12.1 Os tubulões escavados manualmente podem ser
tante, no caso de uso de tubo de revestimento. dotados de base alargada tronco-cônica, só podendo ser
executados acima do nível d’água, natural ou rebaixado,
7.8.10.3.3 Quando for utilizado aço com resistência superior ou em casos especiais em que abaixo do seu nível seja
a 500 MPa ou a percentagem de aço for superior a 6%, possível bombear a água sem que haja risco de desmo-
toda a carga deve ser resistida pelo aço. ronamento ou perturbação no terreno de fundação.

7.8.12.2 Os tubulões escavados mecanicamente devem


7.8.10.3.4 Quando forem utilizados aços diferentes, as empregar equipamento adequado, podendo, neste caso,
tensões de cada um deles devem ser determinadas pela a base alargada ser aberta manual ou mecanicamente,
compatibilidade de deformação. A argamassa de enchi- quando em seco.
mento deve prover o confinamento que deve ser levado
em conta apenas na verificação da flambagem. Nota: Em ambos casos, quando houver riscos de desmoro-
namento, pode-se utilizar, total ou parcialmente, escora-
7.8.10.3.5 No caso de estacas solicitadas a tração, quando mento de madeira, aço ou concreto.
armadas com até 6%, aplica-se o prescrito em 7.8.9.9.3. 7.8.12.3 Dependendo do processo executivo empregado
No caso de armadura superior a 6%, a verificação deve na escavação do tubulão, podem-se adotar as seguintes
ser feita como peça metálica. Em qualquer caso, deve variantes na concretagem:
ser levado em conta o comprimento de transpasse das
barras ou as características das emendas utilizadas. a) escavação seca: quando o concreto é simples-
mente lançado da superfície, através de tromba
7.8.10.4 Carga admissível como elemento de fundação (funil) com comprimento do tubo do funil não inferior
a cinco vezes seu diâmetro interno;
7.8.10.4.1 As estacas escavadas com injeção, quando não
b) escavação com água: quando o concreto é lan-
penetrarem em rocha, devem ser dimensionadas levando
çado através de tremonha ou outro processo de
em conta apenas o atrito, utilizando-se alguns dos mé-
eficiência comprovada.
todos consagrados na técnica. Este dimensionamento é
válido tanto à compressão quanto à tração. Nota: É desaconselhável o uso de vibrador em tubulões não
revestidos; por esta razão o concreto deve ter plasticidade
7.8.10.4.2 No caso de estacas que penetram em rocha, é adequada.
lícito somar a resistência de atrito à resistência de ponta
7.8.13 Tubulões revestidos com camisa de concreto
na rocha, no caso de estacas de compressão, desde que
se garanta um embutimento mínimo de três diâmetros. Nos tubulões revestidos com camisa de concreto arma-
do, deve-se observar o disposto em 7.8.13.1 a 7.8.13. 6.
Nota: Estes valores devem sempre ser confirmados por provas
de carga em número adequado, realizadas o mais cedo 7.8.13.1 A camisa é concretada sobre a superfície do ter-
possível. reno ou em uma escavação preliminar de dimensões ade-
quadas, por trechos de comprimento convenientemente
7.8.10.4.3 É obrigatório fazer provas de carga sobre no dimensionados e introduzidos no terreno, depois que o
mínimo 1% das estacas, sendo o número mínimo de três concreto esteja com resistência adequada à operação
provas de carga. Considera-se adequado aumentar o por meio de escavação interna; depois de arriado um
número de provas de carga para 5% do número das elemento, em seguida, concreta-se o elemento seguinte,
estacas com carga de trabalho entre 600 kN e 1000 kN e e assim por diante, até se atingir o comprimento final pre-
10%, caso se ultrapasse este valor. visto.

10)
Aplicam-se às estacas mistas as prescrições de 7.9.
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26 NBR 6122/1996

7.8.13.3.2 Caso durante estas operações seja atingido o 7.8.14.6 A camisa metálica, no caso de não ter sido con-
lençol d’água do terreno e não seja possível esgotá-lo siderada no dimensionamento estrutural do tubulão, pode
com bombas, deve ser adaptado ao tubulão um equipa- ser recuperada à medida da concretagem, ou posterior-
mento pneumático que permita a execução a seco dos mente. Nestes casos, a peça deve ser armada em todo o
trabalhos, sob pressão conveniente de ar comprimido. comprimento, inclusive a base, com taxa não inferior a
0,5% da seção necessária.
7.8.13.3.3 Atingida a cota prevista para a implantação da
camisa, procede-se, se for o caso, às operações de aber- 7.8.14.7 A camisa metálica deve ser dimensionada para
tura da base alargada; durante esta operação, a camisa resistir aos esforços de instalação, de tal maneira que as
deve ser escorada de modo a evitar sua descida. pressões externas não provoquem deformações sen-
síveis.
7.8.13.3.4 Em obras dentro d’água (rios, lagos, etc.), a ca-
misa pode ser concretada no próprio local, sobre estrutura 7.8.14.8 Quando o tubulão é total e permanentemente en-
provisória e descida até o terreno com auxílio de equipa- terrado, a corrosão é limitada, descontando-se 1,5 mm
mento, ou concretada em terra e transportada para o local de espessura da chapa em todos os cálculos de verifi-
de implantação. cação de resistência. No caso de terrenos de grande
agressividade, devem ser feitos estudos especiais. Quan-
do o tubulão apresentar parte desenterrada, ao longo
7.8.13.3.5 Em casos especiais, principalmente em obras
desta, a camisa é totalmente desprezada nos cálculos de
em que se passa diretamente da água para rocha, as ca- resistência, a menos que receba algum tratamento es-
misas podem ser já confeccionadas com alargamento de pecial anticorrosivo.
modo a facilitar a execução da base alargada; neste caso
devem ser previstos recursos que garantam a ligação de
7.8.14.9 O comportamento do tubulão na ruptura é dife-
todo o perímetro da base com a superfície da rocha, a fim
rente do comportamento sob a ação das cargas normais
de evitar fuga ou lavagem do concreto; nesta etapa, pode-
de utilização (carga de serviço). Em conseqüência, a
se, em certos casos, se necessário, colocar uma ferragem
verificação de resistência deve ser feita, segundo as pres-
adicional no núcleo, principalmente na ligação fuste-base.
crições de segurança, nos dois estados-limites, estado-
limite de ruptura (segurança referida à ruptura), e estado-
7.8.13.3.6 Terminado o alargamento, concretam-se a base limite de utilização (comportamento em serviço).
e o núcleo do tubulão, sendo que, dependendo do projeto,
a concretagem do núcleo pode ser parcial. 7.8.14.10 Na verificação no estado-limite de ruptura rea-
lizado com as cargas de utilização multiplicadas pelo coe-
7.8.14 Tubulões revestidos com camisa de aço ficiente de majoração γf, considera-se a camisa de aço
como armadura longitudinal. As resistências caracterís-
Nos tubulões revestidos com camisa de aço, deve-se ticas fyk e fck do aço e do concreto são respectivamente
observar o disposto em 7.8.14.1 a 7.8.14.12. divididas pelos coeficientes de minoração γs e γc, multi-
plicando-se além disso a resistência característica do
concreto pelo coeficiente de minoração11) 0,85.
7.8.14.1 A camisa de aço é utilizada do mesmo modo que
a camisa de concreto, a fim de manter aberto o furo e
Nota: Recomendam-se os seguintes valores: γf = 1,4 ; γs = 1,15
garantir a integridade do fuste do tubulão. Ela pode ser e γc = 1,5.
introduzida no terreno por cravação com bate-estacas,
por vibração ou através de equipamento especial que
7.8.14.11 A verificação no estado-limite de utilização é fei-
imprima ao tubo um movimento de vai-e-vem, simultâneo
ta com as cargas de utilização, sem coeficiente de majo-
a uma força de cima para baixo.
ração (isto é, γf = 1), e desprezando-se qualquer contri-
buição da camisa de aço para a resistência. Considera-
7.8.14.2 Qualquer que seja o processo de instalação da se nula a resistência a tração do concreto; a resistência
camisa, o equipamento deve ser dimensionado para característica a compressão do concreto é dividida por
possibilitar a cravação do tubo até a profundidade prevista, um coeficiente de minoração Po inferior ao adotado na
sem deformá-lo longitudinal ou transversalmente. verificação no estado-limite último, recomendando-se
γc = 1,3.
7.8.14.3 A escavação interna, manual ou mecânica, pode
ser feita à medida da penetração do tubo ou de uma só 7.8.14.12 Para os tubulões com camisa de aço, valem as
vez, quando completada a sua cravação. prescrições de 7.8.19 e 7.8.20.

7.8.14.4 Quando assim previsto, pode-se executar um alar- 7.8.15 Concretagem de tubulões revestidos
gamento da base; em seguida o tubulão é concretado, o
qual pode ser executado manualmente sob ar comprimido Neste caso, admitem-se as duas variantes de concre-
ou não. tagem descritas em 7.8.15.1 e 7.8.15.2.

7.8.14.5 No caso de uso de ar comprimido, a camisa deve 7.8.15.1 No caso de tubulão seco, o concreto é simples-
ser ancorada ou receber contrapeso de modo a evitar mente lançado da superfície, sem necessidade de tromba
sua subida. ou funil.

11)
Este coeficiente leva em conta a diferença entre os resultados de ensaios rápidos de laboratório e a resistência sob a ação de cargas de
longa duração.
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7.8.15.2 No caso de tubulão a ar comprimido, o concreto é 7.8.17 Alargamento da base


lançado sob ar comprimido, no mínimo até altura justifi-
cadamente capaz de resistir à subpressão hidrostática, Durante os serviços de alargamento da base dos tubulões
sem necessidade de uso de tromba ou funil. deve-se observar o prescrito em 7.8.17.1 a 7.8.17.7.
7.8.16 Trabalhos sob ar comprimido
7.8.17.1 Os tubulões devem ser dimensionados de ma-
7.8.16.1 No caso de utilização de ar comprimido em qual-
neira a evitar alturas de base superiores a 2 m. Em casos
quer etapa de execução de tubulões, deve-se observar
excepcionais, devidamente justificados, admitem-se al-
que o equipamento deve permitir que se atenda rigorosa-
turas maiores.
mente os tempos de compressão e descompressão
prescritos pela boa técnica e pela legislação em vigor
(Norma Regulamentadora nº 15, Anexo 16, da Portaria 7.8.17.2 Quando as características do solo indicarem que
3.214 do Ministério do Trabalho). o alargamento da base é problemático, deve-se prever o
uso de injeções, aplicações superficiais de cimento, ou
7.8.16.2 Só se admitem trabalhos sob pressões superiores mesmo escoramento, a fim de evitar desmoronamento
a 0,15 MPa quando as seguintes providências forem to- da base. Quando a base do tubulão for assente sobre
madas: rocha inclinada, vale o exposto em 6.2.2.1.
a) equipe permanente de socorro médico à disposi-
ção na obra; 7.8.17.3 Deve-se evitar que entre o término da execução
do alargamento da base de um tubulão e sua concretagem
b) câmara de descompressão equipada disponível decorra tempo superior a 24 h.
na obra;
c) compressores e reservatórios de ar comprimido 7.8.17.4 De qualquer modo, sempre que a concretagem
de reserva; não for feita imediatamente após o término do alarga-
mento e sua inspeção, nova inspeção deve ser feita por
d) renovação de ar garantida, sendo o ar injetado ocasião da concretagem, limpando-se cuidadosamente
em condições satisfatórias para o trabalho huma- o fundo da base e removendo-se a camada eventualmente
no. amolecida pela exposição ao tempo ou por águas de in-
7.8.16.3 Tratando-se de tubulão com camisa metálica, a filtração.
campânula deve ser ancorada ou lastreada para evitar
sua subida devido à pressão. Esta ancoragem, ou lastrea- 7.8.17.5 Quando previstas cotas variáveis de assen-
mento, pode ser obtida por meio de pesos colocados so- tamento entre tubulões próximos, a execução deve ser
bre a campânula, entre esta e a camisa ou qualquer outro iniciada pelos tubulões mais profundos, passando-se a
sistema. seguir para os mais rasos.
7.8.16.4 Tratando-se de camisa de concreto armado, esta
deve ser escorada convenientemente, interna ou exter- 7.8.17.6 Deve-se evitar trabalho simultâneo em bases alar-
namente, durante os trabalhos de alargamento da base gadas em tubulões cuja distância, de centro a centro,
para evitar sua descida. seja inferior a duas vezes o diâmetro da maior base. Esta
indicação é válida seja quanto à escavação seja quanto
7.8.16.5 Nenhum tubulão de camisa de concreto pode ser à concretagem, sendo especialmente importante quando
comprimido enquanto o concreto não tiver atingido a resis- se tratar de fundações executadas sob ar comprimido.
tência especificada no projeto. Esta exigência visa impedir o desmoronamento de bases
abertas ou danos a concreto recém-lançado.
7.8.16.6 Deve-se evitar trabalho com excesso de pressão
que possa ocasionar desconfinamento do tubulão e per-
da de sua resistência de atrito. Por isto é desaconselhável 7.8.17.7 Havendo base alargada, esta deve ter a forma de
eliminar, através de pressão, a água eventualmente acu- tronco de cone (com base circular ou de falsa elipse),
mulada no tubulão, devendo esta ser retirada através da superposto a um cilindro de no mínimo 20 cm de altura,
campânula. conforme a Figura 8.

Nota: O ângulo β indicado nesta Figura deve ser tal que as tensões de tração que venham a ocorrer no concreto possam ser absor-
vidas por este material. Quando, por alguma razão, for preciso adotar um ângulo menor que o indicado, deve-se armar a base do
tubulão. Desde que a base esteja embutida no material idêntico ao de apoio, no mínimo 20 cm, um ângulo β igual a 60o pode ser
adotado, independentemente da taxa, sem necessidade de armadura.
Figura 8 - Base de tubulões
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28 NBR 6122/1996

7.8.18 Dimensionamento do fuste dos tubulões nando como armadura longitudinal. A ferragem é cravada
após a concretagem da base, sendo o comprimento de
Para efeito de dimensionamento do fuste, cabe distinguir ancoragem das barras dessa armadura calculado de
os dois casos descritos em 7.8.18.1 e 7.8.18.2. acordo com a NBR 6118. Além disto, o comprimento de
justaposição das barras e da camisa de aço não deve ser
menor que o calculado, considerando-se o perímetro
7.8.18.1 No caso dos tubulões sem revestimento, o dimen- interno da camisa e a tensão de aderência entre barras
sionamento estrutural é feito como o de uma peça de lisas e concreto.
concreto simples ou armado, conforme o caso. Quanto
ao coeficiente de minoração γc do concreto, este deve ser
Nota: Para calcular este comprimento, basta substituir, na equa-
tomado igual a 1,6, tendo em vista as condições de con-
ção do comprimento de ancoragem de barras lisas, o diâ-
cretagem do tubulão.
metro das barras por quatro vezes a espessura da ca-
misa.
7.8.18.2 No caso de tubulões com revestimento de concreto
armado, há dois pormenores a considerar: 7.8.20 Preparo da cabeça do tubulão e sua ligação com o
bloco de coroamento
a) a armadura necessária pode ser colocada total-
mente no revestimento ou parte no revestimento e
7.8.20.1 O topo dos tubulões apresenta normalmente, de-
parte no núcleo; no trabalho a compressão, o nú-
pendendo do tipo de concretagem, concreto não satis-
cleo e a camisa de concreto devem ser conside- fatório, o qual deve ser removido até que se atinja material
rados, constituindo a seção plena; no caso de fle-
adequado, ainda que abaixo da cota de arrasamento pre-
xão, entretanto, deve-se admitir o concreto do nú-
vista, reconcretando-se a seguir o trecho eventualmente
cleo agindo monoliticamente com a camisa, tor- cortado abaixo desta cota.
nando-se necessário assegurar a aderência entre
os dois, tomando para tanto as necessárias me-
didas de limpeza da superfície interna da camisa 7.8.20.2 Tubulões sujeitos apenas a esforços de com-
e, se for o caso, de apicoamento, previamente à pressão não precisam de ferragem de ligação com o blo-
concretagem do núcleo; co de coroamento.

b) tendo em vista o trabalho sob ar comprimido, 7.8.20.3 Em qualquer caso, deve ser garantida a trans-
quando for o caso, a armadura transversal (estri- ferência adequada da carga do pilar para o tubulão.
bos) é calculada imaginando-se o tubulão sob ar
comprimido a uma pressão igual a 1,3 vez a má- Nota: Aplicam-se aos tubulões revestidos e não revestidos as
xima de trabalho prevista, sem pressão externa prescrições de 7.9.
de terra e sem água; além disso, cuidado especial
deve ser dado à armadura de fixação da cam- 7.9 Considerações gerais válidas para fundações
pânula à camisa. profundas

7.8.19 Armadura do núcleo e ferragem de ligação


No caso de estacas cravadas por prensagem, a plataforma
fuste-base
de reação ou cargueira e os demais elementos de crava-
ção devem ser preparados para uma carga não inferior
7.8.19.1 Nos tubulões com revestimento de concreto ar- a 1,5 vez a carga de projeto da estaca.
mado, deve ser considerado que:
7.9.1 Seqüência executiva de estacas
a) toda a armadura longitudinal deve ser colocada,
preferencialmente, na camisa. Caso não seja pos-
7.9.1.1 Quando as estacas fazem parte de grupos, devem-
sível, deve ser acrescentada uma armadura no
se considerar os efeitos desta execução sobre o solo, a
núcleo, a qual deve ser montada de maneira que
saber, seu levantamento e deslocamento lateral, e suas
seja suficientemente rígida, de modo a não ser
conseqüências sobre as estacas já executadas. Tais efei-
deformada durante o manuseio e concretagem;
tos devem ser reduzidos, na medida do possível, pela
escolha conveniente do tipo de estaca, seu espaçamento
b) a armadura de ligação fuste-base deve ser proje- e técnica executiva. Alguns tipos de solos, particularmente
tada e executada de modo a garantir concretagem os aterros e as areias fofas, são compactados pela cra-
satisfatória da base alargada. A malha constituída vação das estacas e a seqüência de execução destas
de ferros verticais e os estribos devem ter dimen- estacas, em um grupo, deve evitar a formação de um
sões não inferiores a 30 cm x 30 cm, usando-se, bloco de solo compactado capaz de impedir a execução
se necessário, feixes de barras ao invés de barras das demais estacas. Havendo necessidade de atravessar
isoladas. camadas resistentes, pode-se recorrer à perfuração (solos
argilosos) ou à lançagem (solos arenosos), tendo-se o
7.8.19.2 Nos tubulões com revestimento de aço, a veri- cuidado de não descalçar as estacas já executadas. Em
ficação de resistência da armadura de transição fuste- qualquer caso, a seqüência de execução deve ser do
base é feita apenas no estado-limite último, devendo ser centro do grupo para a periferia, ou de um bordo em dire-
pelo menos igual à da camisa de aço, suposta funcio- ção ao outro e seguindo a recomendação de 7.8.3.2.2.
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NBR 6122/1996 29

7.9.1.2 No caso em que for constatado levantamento da 7.9.2.1.3 Quando a nova nega for inferior à obtida ao final
estaca, cabe adotar providência capaz de anular o seu da cravação, devem-se realizar no máximo duas séries
efeito sobre a capacidade de carga da estaca e, eventual- de dez golpes para evitar repetição do fenômeno de perda
mente, sobre sua integridade. Os seguintes casos devem momentânea da resistência ou danificação da estaca.
ser considerados:
7.9.2.1.4 A realização das provas de carga sobre estacas
a) se a estaca for de madeira, metálica ou pré- deve ser feita após algum tempo da execução da estaca.
moldada, ela deve ser recravada; Este intervalo depende do tipo de estaca e da natureza
do terreno. Quanto ao solo, ele varia de poucas horas
b) se a estaca for moldada no solo, armada, com para os solos não coesivos a alguns dias para os solos
revestimento recuperado, a execução de uma es- argilosos. Em se tratando de estacas moldadas no solo,
taca requer que todas as situadas em um círculo deve-se aguardar que o concreto atinja a resistência
de raio igual a seis vezes o diâmetro da estaca te- necessária.
nham sido concretadas há pelo menos 24 h. Esta
exigência é dispensada caso se comprove que 7.9.2.2 Estacas escavadas
uma técnica especial de execução pode diminuir
ou até mesmo eliminar o risco de levantamento 7.9.2.2.1 Valem as recomendações de 7.8.9.2 e 7.8.9.3.
(pré-furo, por exemplo). As estacas deste tipo, em
que for constatado o levantamento, só devem ser 7.9.3 Bloco de coroamento
aceitas após análise e justificativa de cada caso.
Se a estaca tiver base alargada, o fuste deve ser É obrigatório o uso de lastro de concreto magro com es-
ancorado à base pela armação; pessura não inferior a 5 cm para a execução do bloco de
coroamento de estaca ou tubulão. No caso de estacas
Nota: É possível recravar, por prensagem ou percussão, de concreto ou madeira e tubulões, o topo desta camada
estacas que sofram levantamento, desde que devi- deve ficar 5 cm abaixo do topo acabado da estaca ou
damente estudada a operação; no caso de recra- tubulão. No caso de estacas metálicas vale o prescrito
vação por percussão, é obrigatória a utilização de em 7.8.2.4.
provas de carga comprobatórias.
7.9.4 Flambagem
c) estacas moldadas no solo, não armadas, não po-
dem ser utilizadas se constatado o levantamento Quando as estacas ou tubulões forem submetidos a car-
da estaca ou do solo circundante. gas de compressão e tiverem sua cota de arrasamento
acima do nível do terreno, levada em conta a eventual
Nota: Os cuidados anteriormente mencionados devem ser to-
mados tanto na cravação quanto na recravação das es-
erosão, ou atravessarem solos moles, devem ser verifi-
tacas, posto que a recravação de uma estaca pode im- cados à flambagem, levando-se em conta as caracterís-
plicar novo levantamento de estacas já recravadas. ticas dos solos atravessados e as condições de vínculo
com a estrutura.
7.9.1.3 Sempre que o terreno não for conhecido para o
executor, deve ser feita uma verificação dos fenômenos 7.9.5 Carga admissível estrutural
citados. Para isto, por um procedimento topográfico ade-
quado, é feito o controle (segundo a vertical e duas di- 7.9.5.1 Estacas de concreto armado ou protendido
reções horizontais ortogonais) do deslocamento, assu-
mindo especial importância no caso dos solos coesivos A carga admissível estrutural é determinada aplicando-
saturados do topo de uma estaca à medida que as vi- se o conceito de coeficientes de segurança parciais, onde
zinhas são cravadas. as cargas são majoradas por um coeficiente γf =1,4 e as
resistências do aço e do concreto são minoradas, respec-
7.9.1.4 O efeito do deslocamento lateral deve ser analisa- tivamente, pelos coeficientes γs = 1,15 e γc estipulados
do em cada caso. Os cuidados descritos em 7.9.1.2-b) nos itens específicos de cada tipo de estaca. Além disto,
são especialmente indicados quando há evidências de à resistência característica do concreto fck deve ser aplica-
danos ao fuste de estacas moldadas in loco por defor- do um fator redutor de 0,85, para levar em conta a diferença
mação horizontal. entre os resultados de ensaios rápidos de laboratório e
a resistência sob a ação de cargas de longa duração.
7.9.2 Influência do tempo de execução
7.9.5.2 Estacas de madeira, estacas metálicas e tubulões
7.9.2.1 Estacas cravadas
Aplicam-se, respectivamente, as prescrições de 7.8.1.2,
7.9.2.1.1 Quando da cravação de estacas pré-moldadas, 7.8.2.3 e 7.8.18.
metálicas ou de madeira, em terreno de comportamento
conhecido para cravação de estacas do tipo considerado, 7.9.6 Cálculos adicionais
a nega final deve ser obtida quando do término da cra-
vação e nunca após uma interrupção. 7.9.6.1 Além dos cálculos mencionados em 7.9.4 e 7.9.5,
a peça estrutural de qualquer fundação profunda deve
7.9.2.1.2 Em terreno cujo comportamento não é conhe- ser verificada para atender ao coeficiente de segurança
cido, nova nega deve ser determinada após alguns dias global não inferior a 2, de modo a permitir a aplicação do
do término da cravação. Quando a nova nega for superior dobro da carga de trabalho da estaca ou do tubulão,
à obtida no final da cravação, as estacas devem ser re- quando da realização de prova de carga estática sobre a
cravadas. estaca ou tubulão, conforme recomenda a NBR 12131.
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30 NBR 6122/1996

7.9.7 Controle executivo 7.9.7.2 De estacas escavadas

7.9.7.1 De estacas cravadas 7.9.7.2.1 Anotar os seguintes elementos, conforme o tipo


de estaca:
Devem-se observar as prescrições descritas em 7.9.7.1.1
a 7.9.7.1.6.
a) comprimento real da estaca abaixo do arrasa-
mento;
7.9.7.1.1 Anotar os seguintes elementos, conforme o tipo
de estaca:
b) desvio de locação;
a) comprimento real da estaca abaixo da cota de
arrasamento; c) características do equipamento de escavação;

b) suplemento utilizado - tipo e comprimento;


d) qualidade dos materiais utilizados;
c) desaprumo e desvio de locação;
e) consumo de materiais por estaca e comparação
d) características do equipamento de cravação; trecho a trecho do consumo real em relação ao
teórico;
e) negas ou repiques no final de cravação e na re-
cravação, quando houver; f) controle de posicionamento da armadura durante
a concretagem;
f) qualidade dos materiais utilizados;
g) anormalidades de execução;
g) consumo de materiais por estaca;

h) comportamento da armadura, no caso de estacas h) anotação rigorosa dos horários de início e fim da
tipo Franki armadas; escavação;

i) volume de base e diagrama de execução; i) anotação rigorosa dos horários de início e fim de
cada etapa de concretagem;
j) deslocamento e levantamento de estacas por efeito
de cravação de estacas vizinhas;
j) no caso de uso de lama bentonítica, controlar ainda
suas características em várias etapas executivas
k) anormalidades de execução. e comparar com as prescrições de 7.8.9.4 e 7.8.9.5.

7.9.7.1.2 Em cada estaqueamento deve-se elaborar o dia-


grama de cravação em pelo menos 10% das estacas, 7.9.7.2.2 No caso de estacas escavadas executadas com
sendo obrigatoriamente incluídas aquelas mais próximas auxílio de lama bentonítica, recomenda-se a realização
aos furos de sondagem. de ensaios de integridade em todas as estacas da obra.

7.9.7.1.3 Quando se tratar de estacas moldadas in loco, a 7.9.7.2.3 Sempre que houver dúvida sobre uma estaca,
fiscalização deve exigir que um certo número de estacas a fiscalização deve exigir comprovação de seu compor-
seja escavado abaixo da cota de arrasamento e, se possí- tamento satisfatório. Se esta comprovação não for julgada
vel, até o nível d’água, para verificação da integridade suficiente, e dependendo da natureza da dúvida, a es-
da estaca. taca deve ser substituída ou seu comportamento compro-
vado por prova de carga.
7.9.7.1.4 Sempre que houver dúvida sobre uma estaca,
a fiscalização deve exigir comprovação de seu comporta- 7.9.7.2.4 Em obras com mais de 100 estacas para cargas
mento satisfatório. Se esta comprovação não for julgada de trabalho acima de 3000 kN, recomenda-se a execução
suficiente, dependendo da natureza da dúvida, a estaca de pelo menos uma prova de carga, de preferência em
deve ser substituída ou seu comportamento comprovado uma estaca instrumentada.
por prova de carga.

7.9.7.1.5 No caso de uma prova de carga ter dado resulta- 7.9.7.2.5 No caso de uma prova de carga ter dado resul-
do não satisfatório, deve ser reestudado o programa de tado não satisfatório, deve ser reestudado o programa de
provas de carga, de modo a permitir o reexame das car- provas de carga, de modo a permitir o reexame das car-
gas admissíveis, do processo executivo e até do tipo de gas admissíveis, do processo executivo e até do tipo de
fundação. fundação.

7.9.7.1.6 As provas de carga devem ter início juntamente 7.9.7.2.6 As provas de carga devem ter seu início simulta-
com o início da cravação das primeiras estacas, de forma neamente com o início da execução das primeiras esta-
a permitir providências cabíveis em tempo hábil, ressal- cas, de forma a permitir providências cabíveis em tempo
vado o disposto em 7.2.2. hábil, ressalvado o disposto em 7.2.2.
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7.9.7.3 De estacas escavadas, com injeção 7.9.7.4.2 Sempre que houver dúvida sobre um tubulão
ou caixão, a fiscalização deve exigir comprovação de seu
A execução deve ser acompanhada da apresentação de comportamento satisfatório. Se esta comprovação for
boletins de execução, constando no mínimo os seguintes julgada insuficiente, e dependendo da natureza da
dados para cada estaca: dúvida, o tubulão ou o caixão deve ser substituído ou seu
comportamento comprovado por prova de carga.

a) descrição do método executivo, com apresenta- 7.9.7.5 Tolerâncias quanto à excentricidade


ções de esquemas elucidativos;
7.9.7.5.1 Estacas e tubulões isolados não travados
b) diâmetro da perfuração;
No caso de estacas e tubulões isolados não travados em
duas direções aproximadamente ortogonais (caso que
c) diâmetro, espessura e profundidade do revesti- deve, tanto quanto possível, ser evitado), é tolerado, sem
mento a ser recuperado ou a ser perdido; qualquer correção, um desvio entre os eixos de estaca e
o ponto de aplicação da resultante das solicitações do
d) uso ou não de lama bentonítica; pilar de 10% do diâmetro do fuste da estaca ou do tu-
bulão. Para desvios superiores a este, deve ser feita uma
e) armadura longitudinal e estribos; verificação estrutural, devido à nova solicitação de flexão
composta. Caso o dimensionamento da estaca ou do tu-
bulão seja insuficiente para esta nova solicitação, deve-
f) profundidade da perfuração; se corrigir a excentricidade total mediante recurso estru-
tural.
g) pressões de injeção em cada cota;
Nota: É obrigatório, na verificação de segurança a flambagem
do pilar, levar em conta um acréscimo de comprimento
h) volume de calda ou argamassa injetada em cada de flambagem dependente das condições de engastamento
estágio ou válvula, quando usado tubo de válvulas da estaca ou do tubulão.
múltiplas ou o volume total, em caso contrário;
7.9.7.5.2 Estacas ou tubulões isolados travados
i) características da calda ou argamassa e maneira
de preparo (traço, fator água/cimento, aditivos e Neste caso, as vigas de travamento devem ser dimensio-
marca e tipo do cimento utilizado). nadas para a excentricidade real, quando esta ultrapassar
o valor citado em 7.9.7.5.1.

7.9.7.4 De tubulões e caixões 7.9.7.5.3 Conjunto de estacas ou tubulões alinhados

7.9.7.4.1 Na execução de uma fundação em tubulões ou Para excentricidade na direção do plano das estacas ou
em caixões, devem ser anotados os seguintes elemen- dos tubulões, deve ser verificada a solicitação nas estacas
tos, conforme o tipo de tubulão ou caixão: ou tubulões, admitindo-se, sem correção, um acréscimo
de no máximo 15% sobre a carga admissível da estaca e
de 10% na carga admissível do tubulão. Acréscimos su-
a) cotas de apoio e de arrasamento;
periores a estes devem ser corrigidos mediante acréscimo
de estacas ou de tubulões, ou recurso estrutural.
b) dimensões reais da base alargada;
Nota: Para excentricidade na direção normal ao plano das estacas
e dos tubulões, é válido o critério de 7.9.7.5.1.
c) material de apoio;
7.9.7.5.4 Conjunto de estacas ou tubulões não alinhados
d) equipamento usado nas várias etapas;
Deve ser verificada a solicitação em todas as estacas ou
e) deslocamento e desaprumo; tubulões, admitindo-se, sem correção, um acréscimo de
no máximo 15% sobre a carga admissível da estaca mais
solicitada e de 10% na carga admissível do tubulão mais
f) consumo de material durante a concretagem e solicitado. Acréscimos superiores a estes devem ser corri-
comparação com o volume previsto; gidos mediante acréscimo de estacas ou tubulões, ou
recurso estrutural.
g) qualidade dos materiais;
7.9.7.6 Tolerâncias quanto ao desaprumo de estacas e
tubulões
h) anormalidades de execução e providências toma-
das;
7.9.7.6.1 Sempre que uma estaca ou tubulão apresentar
desvio angular em relação à posição projetada, deve
i) inspeção por profissional responsável do terreno ser feita verificação de estabilidade, tolerando-se, sem
de assentamento da fundação. medidas corretivas, um desvio de 1:100. Desvios maiores
requerem detalhe especial.
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32 NBR 6122/1996

7.9.7.6.2 Em se tratando de grupo de estacas ou tubulões, b) esclarecer anormalidades constatadas em obras


a verificação deve ser feita para o conjunto, levando-se já concluídas, inclusive no que diz respeito a cons-
em conta a contenção do solo e as ligações estruturais. truções existentes nas proximidades;

Notas:a) Recomenda-se fazer uma verificação posterior da c) ampliar a experiência local quanto ao comporta-
estrutura, quanto às conseqüências das tolerâncias mento do solo sob determinados tipos de funda-
referidas em 7.9.7.5, 7.9.7.6 e 7.9.7.7. ções e carregamentos;

b)Tratando-se especificamente de tubulões, ao se d) permitir a comparação de valores medidos com


constatar, durante sua execução, desaprumo supe- valores calculados, visando o aperfeiçoamento
rior a 1%, deve ser reforçado mediante armadura
dos métodos de previsão de recalques e de fixação
adequadamente calculada, levando-se em conta a
contenção do terreno apenas no trecho em que esta
das cargas admissíveis de empuxos, etc.
contenção possa ser garantida. Entretanto, nenhuma
medida de correção pode ser adotada sem que seja 9.1.2 Esta Norma recomenda que os resultados obtidos,
aprovada pela fiscalização, que para isto deve levar quaisquer que eles sejam, venham a ser divulgados. A
em conta os critérios adotados no projeto e a influência observação do comportamento de uma obra compreende
dos trabalhos de correção sobre o comportamento três tipos de informações:
futuro do tubulão. Esta verificação é particularmente
importante no que diz respeito às características de
contenção lateral do terreno. a) deslocamentos (horizontais e verticais) de determi-
nados pontos da obra;
c)Em qualquer tubulão desaprumado em que esteja pre-
vista a execução de base alargada, esta deve ser re- b) carregamentos atuantes correspondentes e sua
dimensionada, levando-se em conta o desaprumo. evolução no tempo;

d) Se das operações de correção de desaprumo em c) registro de anormalidades (fissuras, aberturas de


tubulão revestido resultar perda de contenção, deve- juntas, etc.) na obra em observação, em decor-
se prever injeção entre o solo e a camisa, para recons- rência de causas intrínsecas ou devido a trabalhos
tituir as condições previstas no projeto. Como alterna- de terceiros, bem como anormalidades provoca-
tiva, pode-se recompor o terreno ao redor do tubulão,
das pela obra sobre terceiros.
escavando-se um anel circular de diâmetro externo
2 d (não inferior a d + 1,60 m) e altura de 1,5 d (sendo
“d” o diâmetro externo do fuste) e preenchendo-se 9.1.3 Nas obras que constituem o objeto desta Norma, as
com solo-cimento compactado ou concreto magro. medições mais importantes são:

7.9.7.7 Quanto à ovalização de camisas metálicas de a) deslocamentos verticais;


tubulões
b) aberturas de fissuras;
Se constatada a ovalização de camisa metálica, deve-se
verificar se a área resultante é satisfatória, tendo em vis- c) esforços em escoras ou ancoragens.
ta o cálculo estrutural do tubulão. Caso isto não aconteça,
estuda-se o reforço de ferragem para compensar a perda 9.1.4 O uso de prumos, principalmente em prédios altos,
de seção de concreto ou, se esta solução for inviável, a
é recurso auxiliar importante, dado o fato de que o prumo
extração e/ou substituição da camisa. multiplica o efeito dos recalques diferenciais.

8 Escavações 9.2 Medições de recalques

Devem ser observadas as recomendações de 4.7.2 e 9.2.1 Nas obras em que as cargas mais importantes são
as prescrições da NBR 9061. verticais, a medição dos recalques constitui o recurso
fundamental para a observação do comportamento da
9 Observações do comportamento e instrumentação obra.
de obras de fundação
9.2.2 Esta medição consiste na medição dos desloca-
9.1 Generalidades mentos verticais de pontos da estrutura (pinos), normal-
mente localizados em pilares, em relação a um ponto
9.1.1 A observação do comportamento e a instrumentação fixo, denominado referência de nível (bench-mark). Esta
de fundações são feitas com um ou mais dos objetivos referência de nível deve ser instalada de forma a não so-
abaixo: frer influência da própria obra ou outras causas que
possam comprometer sua indeslocabilidade.
a) acompanhar o desempenho da fundação, durante
e após a execução da obra, para permitir tomar, 9.2.3 A medição dos deslocamentos pode ser feita por
em tempo, as providências eventualmente neces- nivelamento ótico ou por meio de nível d’água (nível de
sárias, a fim de garantir a utilização e a segurança Terzaghi), com leituras com exatidão de ± 0,01 mm, pre-
da obra; ferencialmente com poligonais fechadas.
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NBR 6122/1996 33

9.2.4 Há casos em que não se pode realizar nenhum cir- 9.3 Abertura de fissuras
cuito fechado no nivelamento. Em outros casos, pelas
condições locais, somente um circuito fechado é formado
O acompanhamento da abertura de fissuras constitui um
e os demais circuitos ficam em aberto. Nestes e em outros
recurso mais simples e mais expedito para se ter uma
casos semelhantes, não cabe utilizar nos cálculos de es-
idéia do comportamento de uma obra, sobretudo quando
critório o método dos mínimos quadrados. Faz-se tão
ela estiver sujeita a perturbações de evolução mais ou
somente a distribuição do erro de fechamento em cada
menos rápida no tempo (por exemplo, durante a execução
circuito pelo número de pinos deste circuito, desde que o
de obra vizinha). Este acompanhamento é feito medindo-
erro de fechamento seja inferior a 0,017 η, em milímetros,
se periodicamente as diagonais de um retângulo traçado,
sendo η o número de pinos lidos na referida poligonal.
de sorte a ser cortado pela fissura ou através de fissurô-
9.2.5 Os relatórios de medições de recalques devem con- metro ou qualquer outro instrumento de precisão de
ter pelo menos os seguintes elementos: medida.

a) data da leitura; 9.4 Medição de esforços em escoras ou tirantes


b) recalques parciais (entre duas leituras consecu-
tivas) e totais (entre uma leitura qualquer e a pri- Sempre que possível é desejável que nas obras de con-
meira leitura), convencionando-se como positivo tenção sejam medidos os esforços nas escoras ou tirantes,
o deslocamento vertical para baixo; ao longo do tempo nas diferentes fases de execução da
escavação. Por meio de células de pressão pode-se ainda
c) velocidade de recalque e aceleração no período medir o empuxo de terras contra o anteparo, o que constitui
entre duas leituras; um dado valioso para a construção dos diagramas reais
de empuxo. Pode também ser inferido por medidas de
d) descrição do estado de carregamento da obra;
deformação do anteparo feitas por vários tipos de equipa-
e) metodologia utilizada nas medidas, traçado do mentos.
caminhamento, eventual erro de fechamento e sua
compensação, menção de possíveis anorma- 9.5 Influências
lidades constatadas e comentários a seu respeito.

f) no primeiro relatório, deve ser apresentado o Todas as medidas devem ser acompanhadas de infor-
bench-mark em detalhe, inclusive a descrição geo- mações sobre fatores que possam influenciá-las: variação
técnica das camadas atravessadas e de apoio. de temperatura, vento, umidade, vibrações próximas, etc.
FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
SAPATA; BLOCO; RADIER

 
Fundação é o elemento estrutural que transmite para o terreno as ações atuantes na estrutura.
Uma fundação deve transferir e distribuir seguramente as ações da superestrutura ao solo, de
modo que não cause recalques diferenciais prejudiciais ao sistema estrutural, ou ruptura do
solo.

De acordo com a NBR-6122 [1996], podem-se ter as seguintes classes de fundações:

Fundação superficial

Elemento de fundação em que a ação é transmitida predominantemente pelas pressões


distribuídas sob a base da fundação, e em que a profundidade de assentamento em relação ao
terreno adjacente é inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação. Este tipo de
fundação também é chamada de direta ou rasa.

Fundação profunda

Elemento de fundação que transmite as ações ao terreno pela base (resistência de ponta), por
sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas e que está assente
em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta e no mínimo 3m. Neste
tipo de fundação incluem-se as estacas, os tubulões e os caixões.

HISTÓRICO

Segundo LEONARDS [1962], as sapatas indubitavelmente representam o modo mais antigo


de fundações. As sapatas isoladas, que serão abordadas neste trabalho, surgiram durante a
idade média, com o desenvolvimento da arquitetura gótica e, conseqüentemente, das colunas
individuais. Nenhuma regra de projeto era seguida. A largura da sapata freqüentemente era
determinada a partir da resistência do solo. Portanto, para solos mais resistentes,
empregavam-se sapatas com áreas menores do que para solos de maior resistência. Raramente
se associava o tamanho da sapata à ação que essa iria receber, e sim ao espaço disponível e à
forma da coluna ou parede que ela suportava. Na ocorrência de falhas, alargavam-se as
fundações afetadas. Nesse tipo de fundação era freqüente ocorrer grandes recalques.

Até o meados do século XIX, muitas sapatas eram construídas de alvenaria. A evolução da
arquitetura, com projetos cada vez mais arrojados, trouxe os edifícios altos e de grande peso
próprio, resultando, portanto, em difíceis casos de fundações, despertando maior interesse em
projeto nessa área. As sapatas, para suportarem maiores ações, tornaram-se mais largas,
profundas e, portanto, com maior peso próprio, contribuindo com uma grande parte do peso
da estrutura. Uma solução encontrada para o problema do peso das fundações foi a construção
de grelhas, executadas em camadas perpendiculares entre si, constituídas de madeira ou aço
(figura 1.1). As sapatas convencionais de alvenaria eram construídas sobre estas grelhas.
Utilizadas primeiro em Chicago (EUA), no final do século XIX, essas grelhas, principalmente
as de aço, representaram um importante avanço na diminuição de peso e profundidade das
sapatas. Com o desenvolvimento do concreto armado no início do século XX, o custo das
fundações diminuiu consideravelmente, substituindo, portanto, as sapatas com grelhas.

Um significativo avanço na área de fundações foi obtido com a concepção de que a área da
fundação deveria ser proporcional à ação aplicada e que o centro de aplicação deveria ser
alinhado com o centro de gravidade da sapata. Esta grande contribuição foi dada por
Frederick Baumann em Chicago, no ano de 1873.

PILAR ALVENARIA
DE
PEDRA

GRELHA
DE
MADEIRA

Figura 1.1 - Sapatas com grelhas

Ainda, segundo LEONARDS[1962], a engenharia de fundações progrediu rapidamente, com


o desenvolvimento da mecânica dos solos. Muito deste avanço deve-se a Karl Terzaghi
quando, em 1925, publicou um trabalho, fornecendo a primeira análise integrada do
comportamento dos solos e particularmente dos recalques, encontrando solução para muitos
problemas de fundações.

Na engenharia estrutural, os processos de cálculo vêm se desenvolvendo. No entanto poucos


ensaios experimentais são realizados, para melhoria dos atuais modelos de cálculo. Com o
advento do computador, os métodos numéricos ganham espaço para o dimensionamento
automatizado. Hoje, muitos softwares, trazem rotinas para dimensionamento de fundações.
TIPOLOGIA DAS FUNDAÇÕES RASAS

Sapatas

São elemento de fundação superficial, posicionados em nível próximos da superfície do


terreno, construídos em concreto armado, dimensionado de modo que as tensões de tração
nele produzidas não sejam resistidas pelo concreto, mas sim pelo emprego da armadura.

As sapatas podem ser divididas como a seguir se expõe.

Sapatas isoladas

Transmitem ações de um único pilar. É o tipo de sapata mais freqüentemente utilizado. Estas
podem receber ações centradas ou excêntricas. Podem ser quadradas, retangulares ou
circulares. E podem ainda ter a altura constante conforme figura 1.2 ou variável indicada na
figura 1.2b.
Planta

Lastro de Concreto
Vista frontal

a) altura constante b) altura variável


Figura 1.2 - Sapatas isoladas

Sapatas associadas ou combinadas


 

Transmitem ações de dois ou mais pilares adjacentes. São utilizadas quando a distância entre
as sapatas é relativamente pequena, onde este tipo de fundação oferece uma opção mais
econômica. Com condições de carregamento similares, podem ser assentes em uma sapata
corrida simples (figura 1.3), mas quando ocorrem variações consideráveis de carregamento,
um plano de base trapezoidal satisfaz mais adequadamente à imposição de coincidir o centro
geométrico da sapata com o centro das ações. Podem ser adotadas também no caso de pilares
de divisa, quando há um pilar interno próximo, onde a utilização de viga-alavanca não é
necessária (figura 1.4); a viga de rigidez funciona também como viga de equilíbrio (ou viga-
alavanca).
A

A
Planta
Pilar Viga de Rigidez

Vista Lateral Corte A-A

Figura 1.3 - Sapata associada retangular


A

A
Planta
Pilar Viga de Rigidez

Vista lateral Corte A-A

Figura 1.4 - Sapata associada em divisa

Sapatas com vigas de equilíbrio

No caso de pilares posicionados junto a divisa do terreno (figura 1.5), o momento produzido
pelo não alinhamento da ação com a reação, deve ser absorvido por uma viga, chamada viga
de equilíbrio, apoiada nas sapatas junto a divisa e em sapata construída para pilar interno. A
NBR 6122 [1996] indica que, quando ocorre uma redução das ações, caso do projeto da
sapata interna, esta sapata deve ser dimensionada, considerando-se apenas 50% da redução da
força; e quando da soma dos alívios totais puder resultar tração na fundação do pilar interno, o
projeto deve ser reestudado.
Pilar
DIVISA

VIGA−ALAVANCA
Planta

Sapata

Vista Lateral

Figura 1.5 - Sapata com viga de equilíbrio

Sapatas corridas para pilares

Os pilares são locados freqüentemente em uma fila com espaçamentos relativamente curtos,
de maneira que, se fossem utilizadas sapatas isoladas, estas se aproximariam ou mesmo se
sobreporiam a uma base adjacente. Uma sapata corrida contínua é então desenvolvida na linha
dos pilares (figura 1.6).

Sapatas corridas sob carregamento contínuo


Semelhantes às anteriores, no entanto suporta ação de paredes ou muros (figura 1.7).
A

VIGA DE RIGIDEZ A PILAR

Planta

Vista lateral Corte A-A

Figura 1.6 - Sapata corrida para pilares

Planta Corte A-A


Figura 1.7 - Sapata corrida sob carregamento contínuo

Sapatas para pilares pré-moldados

A figura 1.8 apresenta uma sapata com pedestal vazado para posicionamento e vinculação de
pilares pré-moldados, podendo a sapata com o pedestal também ser pré-moldada. O
dimensionamento da sapata é feito de modo idêntico aos casos de sapatas moldadas no local.
O pedestal, se houver ações horizontais e ou momento aplicado no pé do pilar, é
dimensionado com os critérios usados para consolos. As ranhuras nas faces internas do
pedestal e/ou nas faces do pé do pilar São necessárias para melhoras a aderência quando se
lança graute para fazer a ligação dos dois elementos.
CUNHA
DE
MADEIRA CONCRETO

Figura 1.8 - Sapata pré- fabricada


Radier

Quando as áreas das bases das sapatas totalizam mais de 70% da área do terreno, é
recomendado o emprego de radier. Trata-se de uma sapata associada, formando uma laje
espessa, que abrange todos os pilares da obra ou ações distribuídas. O radie pode ser
executado sem vigas ou com vigas inferiores ou superiores (figura 1.9).

Pilar

Laje
A A

Vigas

Planta

Vigas

Laje

Corte A-A

Figura 1.9 - Radier com vigas superiores


Blocos

São elementos de grande rigidez, executados com concreto simples ou ciclópico,


dimensionados de modo que as tensões de tração neles produzidas possam ser resistidas pelo
concreto. Podem ter suas faces verticais, inclinadas ou escalonadas e apresentar em planta
seção quadrada ou retangular (figura 1.10).

a) altura constante b)altura variável

Figura 1.10 – Blocos apoiados diretamente no terreno


 
Ops ! - Afinal, a tensão admissível é
400 ou 500 kPa ???

h>= 0,866*[(a-a0) ou (b-b0)]


RIGIDEZ DA SAPATA

Pela relação entre suas dimensões, uma sapata pode ser rígida ou flexível. Em MONTOYA
[1973], diz-se que a sapata é flexível, quando  > 2h e rígida quando   2h (figura 1.11). A

rigidez influi, principalmente, no processo adotado para determinação das armaduras.

Um outro fator determinante na definição da rigidez da sapata é a resistência do solo. Para


baixas tensões indica-se sapata flexível, e para tensões maiores sapata rígida. ANDRADE
[1989] sugere a utilização de sapatas flexíveis para solos com tensão admissível abaixo de
150 kN/m2.

h
h

Figura 1.11 - Dimensões da sapata

Nas sapatas flexíveis, o comportamento estrutural é de uma peça fletida, devendo-se, além de
dimensionar a peça para absorver o momento fletor, verificar o cisalhamento oriundo da força
cortante e o puncionamento. Já nas sapatas rígidas não é necessária a verificação da punção.

DETALHES CONSTRUTIVOS

A face de contato de uma sapata deve ser assente a uma profundidade tal que garanta que o
solo de apoio não seja influenciado pelos agentes atmosféricos e fluxos d’água. Na divisa com
terrenos vizinhos, salvo quando a fundação for assente sobre rocha, tal profundidade não deve
ser inferior a 1,5m. E na escolha do nível da base da sapata, devem ser considerados os
seguintes fatores:

a) altura da sapata;

b) altura dos baldrames;

c) dificuldades de execução das fôrmas e das concretagens;

d) necessidade de espaço acima das sapatas para passagem de dutos, pisos rebaixados,
etc.;
e) profundidade da camada de solo de apoio;

f) volume de terra resultante das escavações;

g) presença de água subterrânea;

h) necessidade de aumentar as cargas permanentes.

A altura da sapata pode ser variável, linearmente decrescente, da face do pilar até a
extremidade livre da sapata, proporcionando uma economia no volume de concreto. No
entanto, a altura h0 (figura 1.11) é limitada a um valor tal, que o cobrimento seja suficiente
nas zonas de ancoragem, e no mínimo 15 cm; e o ângulo das superfícies laterais inclinadas do
tronco de pirâmide não dificulte a concretagem. Segundo MONTOYA [1973] este ângulo não
deve ultrapassar 30, que corresponde aproximadamente ao ângulo do talude natural do
concreto fresco.

As sapatas de altura constante são mais fáceis de construir, mas como o consumo de concreto
é maior são indicadas quando há a necessidade de um volume elevado para aumentar o peso
próprio e quando as sapatas têm de pequenas dimensões.

No caso de sapatas de altura variável, no topo da sapata deve existir uma folga para apoio e
vedação da fôrma do pilar.

No caso de sapatas próximas, porém situadas em cotas diferentes, a reta de maior declive que
passa pelos seus bordos deve fazer, com a vertical, um ângulo  como mostrado na figura
1.12, com os seguintes valores:

solos pouco resistentes:   60;

solos resistentes:  = 45;

rochas:  = 30;

A fundação situada em cota mais baixa deve ser executada em primeiro lugar, a não ser que se
tomem cuidados especiais.
Figura 1.12 – Fundações próximas, mas em cotas diferentes NBR 6122 (1996)

Deve ser executada uma camada de concreto simples de 5cm a 10cm, ocupando toda a área da
cava da fundação. Essa camada serve para nivelar o fundo da cava, como também serve de
fôrma da face inferior da sapata. Em fundações apoiadas em rocha, após o preparo da
superfície (chumbamento ou escalonamento em superfícies horizontais), deve-se executar um
enchimento de concreto de modo a se obter uma superfície plana e horizontal, nesse caso, o
concreto a ser utilizado deve ter resistência compatível com a pressão de trabalho da sapata.

O cobrimento utilizado para as sapatas deve ser igual ou maior que 5 cm, visto que se
encontram num meio agressivo. Em terrenos altamente agressivos aconselha-se executar um
revestimento de vedação.

Dimensionamento Geotécnico de Fundações Superficiais 

As dimensões em planta necessárias para uma sapata isolada com força centrada são obtidas a
partir da divisão da ação característica atuante no pilar pela tensão admissível do terreno. Para
levar em conta o peso próprio da sapata, deve-se considerar um acréscimo nominal na ação do
pilar. Esse acréscimo pode ser de 5% para sapatas flexíveis e 10% no caso das sapatas rígidas.

Segundo ALONSO [1983], conhecida a área da superfície de contato, a escolha do par de


valores a e b (figura 2.1), para o caso de sapatas isoladas, deve ser feita de modo que:

a) o centro de gravidade da sapata deve coincidir com o centro de aplicação da ação do pilar;
b) a sapata não deverá ter nenhuma dimensão menor que 60 cm;

c) sempre que possível, a relação entre “a” e “b” deverá ser menor ou, no máximo, igual a 2,5;

d) regularmente, os valores a e b devem ser escolhidos de modo que os balanços  da sapata,

em relação às faces do pilar, sejam iguais nas duas direções.

 ao 

y

bo b

y

Figura 2.1 - Dimensões de uma sapata em planta

Em conseqüência do item d, a forma da sapata fica condicionada a geometria do pilar; se não


existirem limitações de espaço, podem ser distinguidos os casos vistos a seguir.

1. Caso: Pilar de seção transversal quadrada ou circular

Neste caso, quando não existe limitação de espaço, a sapata mais indicada é a de planta
quadrada, cujo lado é igual a:

Fv
a (2.1)
 adm

onde Fv é a ação vertical do pilar e adm a tensão admissível do solo.

2. Caso: Pilar de seção transversal retangular


Neste caso, com base na figura 2.1, quando não existe limitação de espaço, pode-se escrever:
Fv
ab  (2.2)
adm
Para um dimensionamento econômico, consideram-se os balanços iguais nas duas direções,
portanto:

a  a0  b  b0 (2.3)

Com esta condição, as seções de armaduras resultam aproximadamente iguais nas duas
direções.

3.Caso: Pilar de seção transversal em forma de L, Z, U etc.

Este caso recai facilmente no caso anterior ao se substituir a seção transversal do pilar por
uma seção retangular equivalente, circunscrita à mesma, e que tenha seu centro de gravidade
coincidente com o centro de ação do pilar em questão (figura 2.2).

 ao 

y

bo b

y

Figura 2.2 - Pilar de seção transversal em forma de L


EXERCÍCIOS
DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES NA SAPATA

As principais variáveis que regem a distribuição das tensões sobre o solo em contato com uma
sapata são a natureza do solo (rocha, areia ou argila) e a rigidez da fundação (rígida ou
flexível).

A distribuição real não é uniforme, mas por aproximação admite-se na maioria dos casos uma
distribuição uniforme para as pressões do solo, representada pelas linhas tracejadas (figuras
2.3 e 2.4). No dimensionamento estrutural, esta consideração eleva os valores dos esforços
solicitantes quando comparados com a situação em que se usa a distribuição real.

A NBR 6122 [1996] indica que para efeito de cálculo estrutural de sapatas sobre rocha, o
elemento estrutural deve ser calculado como peça rígida, adotando-se o diagrama bitriangular
de distribuição (figura 2.3-a).

Nas sapatas sobre solos coesivos, a distribuição uniforme de tensões não difere muito da
distribuição real, o que pode ser observado nas figuras 2.3-b e 2.4-b.

No caso de sapatas flexíveis apoiadas sobre solo arenoso, o diagrama triangular de


distribuição é o mais indicado (figura 2.4-c).

Para o Projeto de Revisão da NBR 6118 (2000), sendo “a” a dimensão da sapata em uma
direção e “ap” a do pilar nessa mesma direção, define-se como sapata rígida aquela em que a
altura da sapata (h) respeita a seguinte condição:

a - ap Avalie as alturas mínimas para as sapatas dos exercícios


h (2 e 3) - sendo as mesmas consideradas RÍGIDAS !
3

Quando a altura (h) ficar menor do que o valor calculado com essa expressão diz-se que a
sapata é flexível.

É permitido por essa Norma admitir plana a distribuição de tensões normais no contato
sapata-terreno, se a sapata for rígida.

As sapatas rígidas são comumente adotadas nos projetos estruturais quando o terreno possui
boa resistência em camadas próximas da superfície, as sapatas flexíveis, embora de uso
bastante mais raro, são adotadas para pilares com cargas pequenas e nos casos de solos com
baixas resistências.
 
a. Rocha b. Argila c. Areia
Figura 2.3 - Distribuição de tensões nas sapatas rígidas [Guerrin, 1980]

a. Rocha b. Argila c. Areia


Figura 2.4 - Distribuição de tensões nas sapatas flexíveis [Guerrin, 1980]

Sapatas sob ações excêntricas

No caso de ação axial, a tensão admissível a ser adotada no dimensionamento da sapata é


considerada em seu total. No entanto, a sapata pode ser sujeita a carregamento excêntrico
(figura 2.5a) e, quando a excentricidade é muito grande, tensões de tração podem ocorrer em
um lado da sapata, o que não é aceitável, pois entre o solo e a sapata não pode haver tensões
de tração.

Diz-se que uma fundação é solicitada à ação excêntrica quando submetida a:

a. uma força vertical cujo eixo não passa pelo centro de gravidade da superfície de
contato da sapata com o solo;
b. forças horizontais situadas fora do plano da base da fundação;
c. qualquer outra composição de forças que gerem momentos na fundação.
FV
M

(a) Ações
Núcleo
Central

b/6
b

a/6

(b) Núcleo central de inércia


Figura 2.5 - Sapata sob ação excêntrica

As vigas de equilíbrio devem ser empregadas, como uma solução estrutural, para absorver o
momento fletor oriundo da excentricidade nos casos de sapatas dos pilares situados nas
divisas de terrenos.

O núcleo central de inércia é uma área cujo centro geométrico coincide com o centro
geométrico da sapata, onde se a força normal estiver localizada, em qualquer ponto do núcleo,
não ocorrerá tensões de tração na sapata. A área do núcleo central é determinada
geometricamente pelas retas onde a força pode estar localizada e provocar tensões nulas nos
vértices da seção como mostra a figura 2.5-b.

Limitação das tensões admissíveis do terreno, no caso de ações excêntricas


O valor da tensão máxima na borda mais comprimida da sapata deve ser limitado ao valor da
tensão admissível do solo, com a qual deve ser feito o dimensionamento estrutural da
fundação.
Conforme a NBR 6122 [1996], quando forem levadas em consideração todas as combinações
possíveis entre os diversos tipos de carregamentos previstos pelas normas estruturais,
inclusive a ação do vento, poder-se-á, na combinação mais desfavorável, majorar 30% os
valores admissíveis das pressões no terreno, logo   1,3adm. Entretanto, esses valores
admissíveis não podem ser ultrapassados quando consideradas apenas as ações permanentes e
acidentais .

O valor da tensão máxima é obtido através de princípios básicos da resistência dos materiais,
relacionados ao caso geral de ação excêntrica. A distribuição de tensões depende do ponto de
aplicação da ação; no entanto este ponto limita-se a uma região, de modo que não ocorram
tensões de tração entre o solo e a sapata.

a. Excentricidade em uma direção


a.1- Caso em que o ponto de aplicação da ação está dentro do núcleo central de inércia

Este caso, que pode ser observado na figura 2.6a, ocorre quando e  a / 6 .

A partir da fórmula de flexão composta da Resistência dos Materiais, tem-se:

Fv M.y
  (2.4)
A I
sendo,

Fv M.y
 (2.5)
A I
onde,
A = área da base da sapata;
M = momento aplicado ou devido à excentricidade da ação;

I  = momento de inércia da base da sapata, calculado em relação ao eixo que 
passa pelo C. G. e é perpendicular ao plano de ação de M;
y = distância do eixo central ao ponto onde a tensão está sendo calculada.

Considerando A = a . b, M = Fv . e, I = b . a3 / 12 e y = a / 2, e fazendo-se a
substituição na equação (2.4). obtem-se:

Fv  6.e x 
 1   (2.6)
a.b  a 
Onde a tensão máxima é dada por:
Fv  6.e x 
 max  1   (2.7)
a.b  a 
A tensão mínima calcula-se com:

Fv  6.e x 
 min  1   (2.8)
a.b  a 
a.2- Caso em que o ponto de aplicação da ação está no limite do núcleo central de inércia
Este caso, como pode ser observado na figura 2.6b, ocorre quando e = a/6.
O valor da tensão máxima é obtido através da expressão 2.9, fazendo ex=a /6.

Fv
 max  2  (2.9)
a.b
Neste caso tem-se:

Fv M.y
 (2.10)
A I
a.3- Caso em que o ponto de aplicação da ação está fora do núcleo central de inércia
Esta situação ocorre quando tem-se e > a/6. Apenas parte da sapata está comprimida. Para
que não ocorram tensões de tração entre o solo e a sapata, o ponto de aplicação da ação
deve estar alinhado com o centro de gravidade do diagrama triangular de pressões.
Portanto, a largura do triângulo de pressões é igual a três vezes a distância desse ponto a
extremidade direita da sapata (Figura 2.6 c).
A tensão máxima é dada por:

2Fv
 max  (2.11)
a 
3b  e 
2 
 

a a a
a) e  b) e  c) e 
6 6 6
Figura 2.6 - Tensões máximas para as ações excêntricas

b. Excentricidade nas duas direções (solicitação oblíqua)


O equilíbrio é obtido com o diagrama linear das pressões atuando em apenas uma parte da
seção (figura 2.7). Tem-se portanto:

Fv M x .y M y .z
   (2.12)
A I I

Ação

ey
ex b

a
Figura 2.7 - Excentricidade nas duas direções

Segundo CAPUTO [1978], dividindo-se a área da base da sapata em regiões conforme


indicado na figura 2.8, a obtenção da tensão máxima depende das coordenadas ex e ey que
definem o ponto de aplicação da ação e caracteriza a zona na qual está sendo aplicada tal
ação.

a/4 a/4
a/6 a/6 a/6

b/4 b/6
2 4
b/6
b/4 5
b/6 3 1
b

a  

Figura 2.8 - Zonas de aplicação da ação

b.1- Zona 1
Esta região corresponde ao núcleo central de inércia da sapata, aplicando‐se a expressão 2.7 
adaptada para o caso de flexão composta oblíqua. 

Fv  6.e x 6.e y 
 max  1    (2.13)
a.b  a b 

b.2- Zona 2
É inaceitável a aplicação da ação nesta região, pois o centro de gravidade da sapata estaria na região 
tracionada. 
b.3- Zona 3
A região comprimida corresponde à área hachurada na figura 2.9a. O eixo neutro fica
definido pelos parâmetros s e  (figura 2.9):
O valor de s é obtido através da seguinte equação:

b  b b2 

s    12 (2.14)
12  e y 2
ey 
 
 pode ser obtido da seguinte equação:
3 a  2.e x
tg   (2.15)
2 s  ey
A tensão máxima é dada por:
12.Fv b  2.s
 max   2 (2.16)
b.tg b  12.s 2

b.4- Zona 4
A região comprimida corresponde à área hachurada na figura 2.9b. O eixo neutro fica
definido pelos parâmetros t e :
O valor de t é obtido através da seguinte equação:

a  a a2 

t    12 (2.17)
12  e x e 2x 

enquanto  é obtido da equação:

3 b  2.e y
tg    (2.18)
2 t  ex
A tensão máxima é dada por:

12.Fv a  2.t
 max   2 (2.19)
a.tg a  12.t 2

b.5- Zona 5
Neste caso, a região comprimida corresponde à área hachurada na figura 2.9c e a tensão
máxima será calculada pela fórmula aproximada:

 12  3,96  1  1  2   2,3  2 


Fa
 max  (2.20)
a.b

ex ey
Onde    (2.21)
a b

tomando-se ex e ey sempre com o sinal positivo.

a) Zona 3 b)Zona 4 c) Zona 5


Figura 2.9 - Parâmetros das áreas comprimidas
O cálculo da pressão máxima e da extensão da área comprimida pode ser facilitado pelo
emprego do ábaco da figura 2.10 ou tabela 2.1
Figura 2.10 – Ábaco para determinação das tensões máximas nas sapatas

Retangulares rígidas para ação com dupla excentricidade. [MONTOYA (1973)] 


Tabela 2.1 – Coeficientes ke de pressão máxima no solo, em função de ex/a

/b ( ã d l t i id d ) PFEIL (1983)
CRITÉRIOS PARA DIMESIONAMENTO DAS SAPATAS (Estrutural)

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Este capítulo apresenta o processo utilizado para o dimensionamento de sapatas rígidas e


flexíveis, como também critérios de verificação da segurança estrutural.

O dimensionamento de sapatas deve ser feito no estado limite último, onde duas condições
devem ser satisfeitas:

a. a resistência de cálculo tem que ser maior do que a solicitação de cálculo. Para isto, as
deformações dos materiais concreto e aço não devem ultrapassar valores limites;

b. equilíbrio estático da estrutura, que considera os riscos de tombamento e deslizamento das


sapatas em condições desfavoráveis, que é o caso das sapatas isoladas submetidas a ações
horizontais e ações excêntricas.

As solicitações internas são as resultantes de tensões normais - momentos fletores e as


resultantes de tensões tangenciais, tais como: esforço cortante, punção, aderência e ancoragem
das armaduras.

O dimensionamento das sapatas sob ação de momento fletor é baseado na mesma teoria
aplicada às vigas submetidas à flexão simples.

As sapatas podem ser consideradas rígidas ou flexíveis em função da relação entre a altura e o
comprimento do balanço, conforme já definido no item 1.4. A altura da sapata em relação ao
comprimento do balanço a caracteriza como sapata rígida ou flexível.

O Projeto de Revisão da NBR 6118 (2000) define o comportamento estrutural de cada uma
delas como indicado na seqüência.

As sapatas rígidas podem ser caracterizadas pelas indicações a e b a seguir.

a. Trabalho à flexão nas duas direções, admitindo-se que, para cada uma delas, a tração na
flexão seja uniformemente distribuída na largura correspondente da sapata. Essa hipótese não
se aplica à compressão na flexão, que se concentra mais na região do pilar que se apóia na
sapata e não se aplica também ao caso de sapatas muito alongadas em relação à forma do
pilar.
b. Trabalho ao cisalhamento também em duas direções, não apresentando ruptura por tração
diagonal, e sim compressão diagonal. Isso ocorre porque a sapata rígida fica inteiramente
dentro do cone hipotético de punção, não havendo portanto possibilidade física de punção.

As sapatas flexíveis podem ter o comportamento estrutural definido por:

c. Trabalho à flexão nas duas direções, não sendo possível admitir tração na flexão
uniformemente distribuída na largura correspondente da sapata. A concentração de tensões
junto ao pilar deve ser, em princípio, avaliada.

d. Trabalho ao cisalhamento que pode ser descrito pelo fenômeno da punção.

e. A validade de considerar plana a distribuição de tensões no contato sapata-solo deve ser


verificada.

Para modelo de cálculo e dimensionamento de sapatas podem ser adotados modelos


tridimensionais lineares ou não e modelos biela-tirante tridimensionais. Esses modelos devem
contemplar adequadamente os aspectos descritos anteriormente.Em casos excepcionais esses
modelos precisam levar em conta a interação solo estrutura.

DIMENSIONAMENTO DA SAPATA – TENSÕES NORMAIS

Recomendações do CEB-FIP/1970

Tais critérios são aplicáveis a sapatas rígidas com a seguinte relação geométrica:
h
   2h (3.1)
2

Onde  é a medida do comprimento do menor balanço.

O momento fletor com o qual se determina a armadura posicionada junto a face inferior da
sapata é calculado, em cada direção principal, em relação a uma seção de referência S1 (figura
3.1), situada entre as faces do pilar, a uma distância 0,15a0 na direção x e 0,15b0 na direção
y, medida no sentido perpendicular à seção considerada. Esta recomendação deve-se ao fato
de que no caso dos pilares de seção alongada o valor do momento fletor pode crescer
sensivelmente além da seção situada na face do pilar.
A altura útil d da seção S1 é tomada igual à altura da seção paralela a S1 e situada na face do
pilar, salvo se esta altura exceder 1,5 vez o comprimento do balanço da sapata (1,5), medida

perpendicularmente a S1. Neste último caso, a altura útil deve ser limitada a 1,5 vez o
comprimento do balanço.

Para as sapatas flexíveis adota-se a mesma seção de referência para determinação do


momento fletor.

Área da seção transversal da armadura

O cálculo da área da seção da armadura que atravessa S1 é feito a partir das características
geométricas da seção de referência S1, definidas no item anterior, e do momento fletor
calculado.

No caso de distribuição ortogonal de armaduras, a relação das áreas das seções transversais
das barras correspondentes a cada direção deve pelo menos ser igual a 1/5.

0,15ao

S1
ao

Figura 3.1 - Seção S1 para o cálculo do momento fletor

Disposição da armadura

Em todos os casos as barras da armadura devem ser prolongadas sem redução de seção sobre
toda extensão da sapata.

No caso das sapatas de base quadrada, a armadura pode ser distribuída, paralelamente aos
lados do quadrado, localizando maior densidade de armadura nas faixas paralelas aos lados do
quadrado, centradas sob o pilar e de largura a0 + 2h (figura 3.2).
Figura 3.2 - Disposição de armadura nas sapatas quadradas
 

Nas sapatas de base retangular a armadura é distribuída conforme figura 3.2. No entanto se
b  a 0  2h , As1 é calculada por:

2  a 0  2h
A s1  A s             (3.2) 
a  a 0  2h

e deve ser distribuída na faixa de largura a0 + 2h.

Verificação da aderência das barras da armadura

Para não haver escorregamento das barras, a verificação pode ser feita calculando-se a tensão
de aderência e comparando-a com valores últimos, fixados por norma. O cálculo da tensão de
aderência é feito considerando-se o equilíbrio das forças atuantes na barra e no concreto que a
envolve. O resultado é a tensão de aderência relacionada com a tensão atuante na barra, com
suas características geométricas.

A resistência do concreto tem uma grande influência no valor da tensão limite de aderência (
bd,lim ). Os resultados experimentais indicam que bd é proporcional à resistência do
concreto à tração.

A partir dos esforços apresentados na figura 3.3 pode-se obter a seguinte equação para o
cálculo da tensão de aderência nas peças fletidas:

VSd
 bd  (3.3)
0,9  d  n    

VSd   =  força cortante de cálculo na face do pilar por unidade de largura; 

n   = número de barras por unidade de largura; 

 = diâmetro da barra.
Figura 3.3 ‐ Tensão de aderência em peças fletidas 

Nas sapatas rígidas, em uma dedução baseada no método das bielas, pode-se obter a tensão de
aderência a partir dos esforços apresentados na figura 3.4. Tem-se:

Fvd a  a0
 bd   (3.4)
2n ad

A NBR 6118 [1978] limita o valor da tensão de aderência em:

 bu  0,74  f cd 
2/3
(fcd em MPa) (3.5)

Figura 3.4 - Transmissão dos esforços para a barra através da aderência


 

Quando se adotar barras de diâmetro maior ou igual a 25 mm é necessário verificar o


fendilhamento em plano horizontal, para evitar que possa ocorrer o destacamento de toda a
malha de armadura.
Ancoragem das barras da armadura

Todas as barras das armaduras deverão ser ancoradas com segurança no concreto,
transmitindo a esse as forças que o solicita. O Projeto de Revisão da NBR 6118(2000) indica
que as barras devem conter ganchos nas extremidades. Para barras com diâmetros maiores do
que 20mm os ganchos devem ter inclinação de 135° ou 180°. 

De acordo com o CEB-FIP [1970], no fascículo onde são tratadas as sapatas de fundações, se
a aba  da sapata não exceder à altura h, a armadura inferior deve ser totalmente ancorada na

vizinhança imediata da borda da sapata (figura 3.5a); o comprimento de ancoragem deve ser
medido a partir da extremidade da parte retilínea das barras. Neste caso, o raio de dobramento
deve ser correspondente ao de barras curvadas e deve respeitar os limites fixados por norma.

Se a aba  da sapata exceder à altura h, a armadura inferior deve ser totalmente ancorada além

da seção situada à distância h da face do pilar (figura 3.5b). O comprimento de ancoragem


deve ser calculado, considerando-se a barra com gancho na extremidade.

Em nenhum caso, a armadura pode ser interrompida antes de ter atingido a borda da sapata.

a)  < h b)  > h
Figura 3.5 - Comprimento de ancoragem
 
DIMENSIONAMENTO DA SAPATA – TENSÕES TANGENCIAIS

Punção

O Projeto de Revisão da NBR 6118 (2000) define punção como sendo o Estado Limite
Último determinado por cisalhamento no entorno de cargas concentradas. Ela é diferente do
Estado Limite Último determinado por cisalhamento em seções planas solicitadas à força
cortante. A punção basicamente é a tendência a perfuração de uma placa em função das altas
tensões de cisalhamento, provocadas por forças concentradas.

Por causa dos fatores construtivos e econômicos é recomendado evitar sapatas com armadura
transversal, adotando-se uma altura suficiente para que não ocorra ruptura por punção.
Portanto, o efeito da punção geralmente determina a altura da sapata.

Nas sapatas rígidas para pilares isolados não há necessidade de verificação à punção, no
entanto nas flexíveis não se pode deixar de verificar esse efeito.

Alguns parâmetros interferem na punção das sapatas isoladas sem armadura transversal; entre
os quais podem ser destacados:

a. a resistência ao cisalhamento da sapata é proporcional à resistência à compressão do


concreto;

b. a resistência ao cisalhamento da sapata cresce proporcionalmente à quantidade de armadura


longitudinal, representada pela taxa de armadura de flexão;

c. com o aumento da altura da sapata a tensão solicitante de cisalhamento diminui.

No dimensionamento das sapatas, quando o valor da tensão de cisalhamento ultrapassa os


valores limites indicados em norma, costuma-se aumentar a altura da sapata, visto que o
aumento da taxa de armadura longitudinal é antieconômico, e o aumento da resistência à
compressão do concreto é pouco eficiente.

Recomendações da NBR 6118 [1978]

Para que se dispense a colocação de armadura transversal de punção, a tensão nominal de


cálculo deve ser comparada à tensão resistente de cálculo, logo:

FSd 
 Sd   Rd               (3.6) 
ud 2
u = perímetro do contorno crítico distante d/2 da face do pilar (figura 3.6);

d = altura útil da sapata ao longo do contorno crítico;

FSd = ação concentrada de cálculo.

A tensão Rd é determinada através da seguinte expressão: 

0,63
 Rd  f ck   (fck em MPa)          (3.7) 
c

onde c = 1,4. 

Figura 3.6 - Perímetro do contorno crítico

Recomendações do Projeto de Revisão da NBR 6118 (2000)


Em sapatas rígidas, onde a relação (a-ap)/2d  1,5, dispensa-se a verificação da
punção. No caso de sapata flexível essa verificação é necessária se a relação supera 2.

O modelo de cálculo é essencialmente empírico, correspondendo à verificação do


cisalhamento em duas ou mais superfícies críticas, conforme figura 3.7.

Na primeira superfície crítica, dada pelo perímetro C, do pilar ou da carga


concentrada, verifica-se indiretamente a tensão de compressão diagonal do concreto, através
de uma tensão de cisalhamento.

Na segunda superfície crítica, dada pelo perímetro C’, afastado 2d do pilar ou carga
concentrada, verifica-se a capacidade de ligação a punção, associada à resistência à tração
diagonal. Esta verificação também se faz através de uma tensão de cisalhamento, no perímetro
C’. Caso haja necessidade, a ligação será reforçada por armadura transversal.
A terceira superfície crítica, perímetro C”, só é utilizada quando é necessário colocar
armadura transversal.

A tensão atuante (solicitante) nas superfícies críticas C e C’, no caso de sapata flexível
com distribuição de tensões no solo considerada simétrica, é dada por:

FSd
 Sd                  (3.8) 
ud

onde:

Sd = tensão atuante de cálculo;

d = altura útil da laje ( no caso, sapata flexível ) ao longo do contorno


crítico C', externo ao contorno C da área de aplicação da força e deste distante 2d no plano da
laje

d = (dx + dy) / 2 , sendo dx e dy as alturas úteis nas duas direções


ortogonais

u = perímetro do contorno crítico C'

ud = área da superfície crítica

FSd = força ou reação concentrada, de cálculo

A força de punção FSd pode ser reduzida da força distribuída aplicada na face oposta
da laje, dentro do perímetro considerado na verificação, C ou C'.

Figura 3.7 - Perímetro crítico em pilares internos

 
A verificação da tensão resistente visa quantificar a máxima resistência que uma ligação pode
atingir. Ela deve ser feita no contorno C, tanto para sapatas sem armadura de punção, como
sapatas com essa armadura.

Sd  Rd2 = 0,27  fcd (3.9)

onde:

 = (1 - fck/250); (3.10)

fcd = resistência de cálculo do concreto à compressão;

sd = tensão atuante de cálculo, com uO = u, perímetro do contorno C.

A tensão resistente na superfície crítica C’ em peças ou trechos sem armadura de punção é


dada pela expressão:

 
 Sd   Rd1  0 ,13 1 20 d 100  f ck 1 3 (3.11)

onde:

d = altura útil da laje ao longo do contorno crítico C' da área de aplicação da força,
em centímetros

d = (dx + dy) / 2, sendo dx e dy as alturas úteis nas duas direções ortogonais

 = taxa geométrica de armadura de flexão aderente;

x y
 = , sendo x e y as taxas de armadura nas duas direções ortogonais,
calculadas com a largura igual à dimensão do pilar, ou da área carregada, mais 3d para cada
um dos lados (ou até a borda da laje, se esta estiver mais próxima).

Essa verificação deve ser feita no contorno crítico C'.

Se houver necessidade de armadura de punção na sapata por não ser possível aumentar a
altura, o dimensionamento deve se basear nas indicações do Projeto de Revisão da NBR 6118
(2000).
Força cortante

Armadura para absorver a força cortante raramente é utilizada nas sapatas isoladas pelas
mesmas razões do caso de punção. Portanto, as sapatas isoladas são dimensionadas de modo
que a força cortante seja resistida pelo concreto.

A verificação é feita determinando-se a força cortante solicitante de cálculo (VSd) como


sendo o produto da tensão do solo pela área da sapata limitada por uma seção de referência,
que está a uma certa distância do pilar, definida segundo o critério de cálculo a ser utilizado.
O valor de VSd não deve ultrapassar o valor limite também fixado pelo regulamento a ser
adotado e levando em consideração a ausência de armadura transversal.

Os parâmetros que influem na resistência ao esforço cortante das sapatas, sem armadura
transversal, são os mesmos indicados para punção. Portanto, a melhor alternativa para se
evitar armadura transversal é aumentar a altura da sapata, nos casos em que a altura escolhida,
a principio, não satisfaça os limites fixados pela norma utilizada.

Recomendações do CEB - FIP [1970]

A força cortante é verificada numa seção S2 (figura 3.8), perpendicular à superfície de apoio
da sapata, distante d/2 da face do pilar, considerando-se a resultante das tensões no terreno
que atua à direita da seção S2, na região hachurada, e sua largura é dada por:

b2  b0  d (3.12)

Figura 3.8 - Definição da seção de referência S2.


No caso em que a base da sapata e a seção transversal do pilar são quadradas, concêntricas e
uniformemente carregadas, as características da seção de referência S2 são tais que conduzem
às mesmas disposições previstas nas recomendações para as superfícies de punção.

Nas sapatas alongadas (x >1,5b), a seção de referência S2, relativa à força cortante VSd, fica

situada na face do pilar e perpendicular à direção de  (figura 3.9).

Figura 3.9 - Sapatas alongadas

Na verificação da força cortante na seção crítica, a seguinte condição deve ser satisfeita:

VSd  VRd (3.13)

onde:

VSd força cortante solicitante de cálculo, determinada na seção crítica;

VRd força resistente de cálculo.

VRd é o menor valor obtido através das seguintes equações:

4,7  b 2  d 2
VRd   f ck
c (fck em MPa ) (3.14)

ou,

0,47  b 2  d 2
VRd  f ck
c (fck em MPa ) (3.15)
sendo:

As
  0,01
b 2  d2 (3.16)

 taxa de armadura de tração na seção S2;

b2 largura da seção crítica em m;

d2 altura útil da seção crítica em m.

Os coeficientes de majoração das ações e minoração da resistência do concreto são iguais a


1,5.

Recomendações do Anexo da NBR 7197 (1989)

Os critérios da NBR 7197 [1989] utilizados para verificação da força cortante nas sapatas são
baseados naqueles adotados para lajes maciças.

Quando não se pretende dispor de armadura transversal a tensão de cisalhamento de


referência, devida à força cortante, não deve ultrapassar o valor de wu1, ou seja:

 wd   wu1 (3.17)

wd = tensão de cisalhamento de cálculo atuante na seção de referência;

wu1 = tensão de cisalhamento última de cálculo na seção sem armadura.

O valor de wd é obtido através da seguinte expressão:

VSd
 wd 
bw  d (3.18)

No caso das sapatas de altura variável pode-se considerar o efeito favorável da variação da
seção, logo tem-se:

MSd
VSd  tg
 wd,  d
red
bw  d (3.19)
onde:

h  h0
tg 
a  a 0  / 2 (3.20)

MSd momento solicitante de cálculo na seção adjacente à face do pilar.

O valor da tensão de cisalhamento última de cálculo wu1 é dado por:

 wu1   4 f ck
(3.21)

 4 f ck
Limita-se a 1,0 MPa, onde 4 assume os seguintes valores:

k
 4  0,12
3d
1
L (d > L/20) (3.22)

 4  0,14    k (d  L/20) (3.23)

L é igual à dimensão da sapata perpendicular à seção que está sendo verificada.

Os coeficientes  e k são dados pelas seguintes expressões:

  1  50   1,5 (3.24)

k  1,6  d  1 (com d em metros) (3.25)

onde:

 taxa de armadura longitudinal de tração, perpendicular à seção que está sendo

verificada.

Limita-se o valor de k a 1,75.

Recomendações do Projeto de Revisão NBR 6118 (2000)

São usados os critérios indicados para lajes maciças.


Permite-se prescindir da armadura transversal para resistir aos esforços de tração oriundos da
força cortante quando a tensão convencional de cisalhamento ficar menor ou igual a tensão
resistente de cálculo de referência, ou seja:

VSd
  Rd1
bwd (3.26)

em que:

VSd = força cortante de cálculo, considerados os efeitos decorrentes da variação de altura


da peça;

Rd1 = f ck (1 + 50   ) (1,6 - d)  q (MPa)


3
(3.27)

com:

q = coeficiente que depende do tipo e da natureza de carregamento, como segue:

q = 0,097 para cargas lineares paralelas ao apoio, permitindo-se a redução, na proporção


a/3d, da parcela de força cortante decorrente de cargas diretas cujo afastamento “a” do eixo do
apoio seja inferior ao triplo da altura útil “d”

q = 0,14 / (1 - 3d/L) para cargas distribuídas, podendo adotar-se q = 0,17 quando d


L/20, sendo L o menor vão teórico das lajes apoiadas ou o dobro do comprimento teórico do
balanço.

(1,6 - d)  1, sendo d a altura útil da peça expressa em metros;

(1 + 50 )  2, em que  é a taxa geométrica de armadura longitudinal aderente a uma

distância 2d da face do apoio, considerando-se as barras do vão efetivamente ancoradas no


apoio.

Nos casos em que é necessário usar armadura transversal devem ser adotados os critérios
indicados para vigas usuais.

No caso de lajes (sapatas ) com espessura superior a 35cm pode ser usada a resistência dos
estribos fywd  435 MPa. Para lajes com espessura até 15cm essa resistência deve ser
limitada a 250 MPa. Permite-se interpolar linearmente entre esses dois valores.
TRANSMISSÃO DOS ESFORÇOS DO PILAR PARA A SAPATA - ACI 318 [1995]

A sapata deve ter altura suficiente para permitir a ancoragem da armadura de arranque. Nessa
ancoragem pode-se considerar o efeito favorável da compressão transversal às barras
decorrente da flexão da sapata.

As forças na base do pilar são transmitidas para a sapata através das tensões de compressão no
concreto e também pela armadura de ligação, que transmite à sapata tensões de compressão e
de possíveis esforços de tração (figura 3.10).

No estado limite último considerado no projeto de sapatas, na transmissão de esforços do pilar


para a sapata, o colapso pode surgir em três situações diferentes:

a. esmagamento do concreto na base do pilar por insuficiência de área da seção transversal da


armadura de ligação;

b. esmagamento do concreto na sapata por falha de aderência da armadura de ligação dentro


da sapata;

c. falha nas emendas por traspasse entre as barras da armadura de ligação e as barras da
armadura do pilar.

Na base do pilar deve ser verificada a seguinte condição:

Fvd  0,85  f ck  A c 0  (3.28)

onde  = 0,70.

Na verificação do concreto no topo da sapata, como o pilar descarrega diretamente sobre a


sapata, onde a superfície de suporte é maior que a área da base do pilar, o código permite que
A c 0 A c1
a tensão máxima de compressão dada pela equação (3.28) seja multiplicada por ,
no entanto este valor não pode ser maior que 2. Ac0 é a área carregada e Ac1 é
geometricamente similar e concêntrica à área carregada. Ac1 é a maior área homotética de
Ac0, e com o centro de gravidade no mesmo eixo vertical, que se pode inscrever na área total
do elemento, ou seja, é a maior área que pode ser obtida com uma inclinação 2:1 das faces
laterais do tronco de pirâmide (2 na horizontal, 1 na vertical) (figura 3.11). Essa inclinação
visa garantir a existência de um volume suficiente de concreto na região da área Ac0, onde
atuam tensões elevadas, não devendo ser confundida com a inclinação das superfícies de
espalhamento de tensões.

Figura 3.10 - Ligação pilar-sapata


 

Figura 3.11 - Definição de Ac0 e Ac1


Caso a condição da expressão (3.28) seja satisfeita deve-se adotar uma armadura mínima de
ligação dada por:

A sl,  0,005  A c
min (3.29)

onde Ac é a área da seção transversal da base do pilar.

Na situação em que isso não aconteça, é necessário calcular a área de armadura para resistir
aos esforços excedentes (Fvd, exc). No entanto, se tal valor for inferior ao dado pela equação
(3.29), adota-se a armadura mínima, logo:

Fvd,exc
A sl   A sl,
f y min
(3.30)

Esta redução da área da seção transversal de armadura na ligação pilar - sapata diminui a
aglomeração de aço na base do pilar e só foi permitida a partir do ACI 318 [1971], baseando-
se em diversas experiências.

Quando, além da ação axial, são transmitidos momentos, geralmente isso leva a não redução
de aço na ligação pilar-sapata.

COMPRIMENTO DE ANCORAGEM DA ARMADURA DE LIGAÇÃO

As barras que forem apenas comprimidas deverão ser ancoradas dentro da sapata com
ancoragem retilínea (sem gancho), e o comprimento de ancoragem deverá ser calculado como
no caso de tração. Já no caso de armadura sujeita a esforços de tração, seu comprimento de
ancoragem deve ser calculado considerando-se o gancho na extremidade, dentro da sapata.
Tal comprimento influi na determinação da altura da sapata, no entanto, pode-se considerar
apenas 60% desse total.

O comprimento de ancoragem da armadura de ligação no interior do pilar deve ser igual ao


comprimento das barras no interior da sapata e deverão ser emendadas às barras longitudinais
do pilar por traspasse segundo indicações da NBR 6118[1978].
VERIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE

Para evitar que as sapatas possam estar sujeitas a movimentos de tombamento e deslizamento,
suas dimensões a e b devem ser determinadas de modo a satisfazer às condições de
estabilidade.

SEGURANÇA AO TOMBAMENTO

Segundo MONTOYA [1973], a primeira verificação que deve ser feita em sapatas submetidas
a momentos ou forças horizontais (figura 3.12) é a segurança ao tombamento. O momento de
tombamento majorado por um coeficiente de segurança deve ser inferior ao momento das
forças que se opõem ao tombamento, logo:

M  Fh  h1    1  Fv  G pp   a
2 (3.31)

Gpp peso próprio da sapata;

1 coeficiente de segurança ao tombamento que segundo MONTOYA [1973]= 1,5.

FV

FH M

h
G

Figura 3.12 - Sapata submetida a momento e força horizontal


A pressão do solo não é levada em consideração porque não existe na iminência do
tombamento.

SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO

Para sapatas isoladas com ação horizontal, o deslizamento é evitado pelo atrito entre a base da
sapata e o terreno ou a coesão do mesmo. O empuxo passivo sobre a superfície lateral da
sapata é desprezado, a menos que se garanta sua ação permanentemente.

Deve-se verificar a seguinte condição:

F v  G pp   tg  d   2  Fh
(solos arenosos) (3.32)

A  c d   2  Fv (solos argilosos) (3.33)

Onde:

2
d  
3 ;

c d  0,5  c

d = ângulo de atrito de cálculo (minorado);

cd = valor de cálculo da coesão (minorado);

A = área da base da sapata;

2 = coeficiente de segurança ao deslizamento que, segundo MONTOYA [1973],


pode-se tomar o valor de 1,5.
Dimensionamento de Fundações por Sapatas 
 

Como as tensões admissíveis à compressão do concreto são muito superiores às tensões


admissíveis dos solos em geral, as seções dos pilares, próximas à superfície do terreno, são
alargadas, de forma que a pressão aplicada ao terreno seja compatível com sua tensão
admissível, formando então a sapata.

O valor da adm pode ser obtida das seguintes maneiras:

a) Fórmulas Teóricas (Terzaghi, Vesic, Meyerhof, Hansen, etc)


b) Prova de Carga
c) Valores Tabelados (NBR 6122) Quadro 2.4, item 2
d) Sondagem SPT adm=0,02.Nmédio (MPa) (entre outras formulações)

No Quadro 2.4 são apresentadas pressões básicas (0) de vários tipos de solos de acordo com
a NBR6122/1996.
Quadro 2.4 – Pressões básicas dos solos (NBR6122/1996).

Classe Descrição Valores (MPa)

1 3,0
Rocha sã, maciça, sem lamina ou sinal de decomposição
2 Rochas laminadas, com pequenas fissuras, estratificadas 1,5

3 Rochas alteradas ou em decomposição Ver Norma

4 Solos granulados concrecionados – conglomerados 1,0

5 Solos pedregulhosos compactos a muito compactos 0,6

6 Solos pedregulhosos fofos 0,3

7 Areias muito compactas 0,5

8 Areias compactas 0,4

9 Areias medianamente compactas 02

10 Argilas duras 0,3

11 Argilas rijas 0,2

12 Argilas médias 0,1

13 Siltes duros (muitos compactos) 0,3

14 Siltes rijos (compactos) 0,2

15 Siltes médios (medianamente compactos) 0,1


Para a descrição dos diferentes tipos de solo, seguir as definições da NBR 6502.

Os valores do Quadro 2.4, válidos para largura de 2m devem ser modificados em função das
dimensões e da profundidade conforme prescrito nos itens 6.2.2.5 a 6.2.2.7 da
NBR6122/1996.

Sondagem

SPT B
13
N.A

AREIA FINA E 16 ~ 1,5B


MÉDIA CINZA
11
13  16  11 ~
Nmédio   13
14 3

8
a= 0,02.N= 0,02.13= 0,26MPa
ARGILA SILTOSA
VARIEGADA
5

AREIA DE GRANUL. 20
VARIADA AMARELA

40

Figura 4.1 – Procedimento para determinação do Nmédio.

Sapatas Isoladas

Sejam ao e bo as dimensões do pilar, P a carga que ele transmite e adm a tensão admissível
do terreno. A área de contato da sapata com o solo deve ser:

P
As 
adm

Além disso, devem ser obedecidos os seguintes requisitos no dimensionamento de uma


fundação por sapatas.
Distribuição Uniforme de Tensões - O centro de gravidade da área da sapata deve coincidir
com o centro de gravidade do pilar, para que as pressões de contato aplicadas pela sapata ao
terreno tenham distribuição uniforme.

C.G

P d d

b B
d


trab adm
Figura 4.2 – Distribuição de tensões na sapata.

b) Dimensionamento Econômico - as dimensões L e B das sapatas, e  e b dos pilares, devem


estar convenientemente relacionadas a fim de que o dimensionamento seja econômico. Isto
consiste em fazer com que as abas (distância d da Figura 4.3) sejam iguais, resultando
momentos iguais nos quatro balanços e secção da armadura da sapata igual nos dois sentidos.
Para isso, é necessário que L-B=  - b

Sabe-se ainda que L x B = Asapata, o que facilita a resolução do sistema.

P
L

2,5 Mesa
2,5 d
2,5

B b
 d


Figura 4.3 – Detalhe construtivo de sapata.
Dimensionamento:

P
A  B.L =
 adm

L-B=  - b

b 1
B  A    b 2
2 4

L=A / B

Exemplo de cálculo:

Dados:

P=3800kN;

Pilar=110 x 25cm

adm=350kPa

3800
A  10,86m2
350

 - b = 10-25=85cm

Solução: B=2,90m e L=3,75m

Recalques Diferenciais - as dimensões das sapatas vizinhas devem ser tais que eliminem, ou
minimizem, o recalque diferencial entre elas. Sabe-se que os recalques das sapatas dependem
das dimensões das mesmas.

d) Sapatas apoiadas em Cotas Diferentes - No caso de sapatas vizinhas, apoiadas em cotas


diferentes, elas devem estar dispostas segundo um ângulo não inferior a  com a vertical, para
que não haja superposição dos bulbos de pressão. A sapata situada na cota inferior deve ser
construída em primeiro lugar. Podem ser adotados,  = 60º para solos e  = 30º para rochas.

Figura 4.4 – Sapatas apoiadas em cotas diferentes.

Dimensões mínimas - sapatas isoladas = 80cm e sapatas corridas = 60cm.

Pilares em L - A sapata deve estar centrada no eixo de gravidade do pilar.

4,40

2,00
2,70

0,20
CG
1,50

0,20

Figura 4.5 – Sapata executada em pilar L.


Sapatas Associadas

Casos em que as cargas estruturais são muito altas em relação à tensão admissível do solo ou
haver superposição de áreas. A sapata deverá estar centrada no centro de carga dos pilares.
Quando há superposição das áreas de sapatas vizinhas, procura-se associá-las por uma única
sapata, sendo os pilares ligados por uma viga.

Sendo P1 e P2 as cargas dos dois pilares, a área da sapata associada será:

P P R
A 1 2 
adm adm R = P1 + P2

CG

P1 P2 P1 P2
CG

xa xa
 

P1 P2

P1+ P2

VIGA
PILAR

VIGA

Vista Frontal Vista Lateral

Figura 4.6 – Geometria de sapata associada.

P
xa  2 . 
O centro da gravidade das cargas será definido por R

A sapata associada deverá ser centrada em relação a este centro de gravidade das cargas.
Sapatas de Divisa
Quando o pilar está situado junto à divisa do terreno, e não é possível avançar com a sapata
no terreno vizinho, a sapata fica excêntrica em relação ao pilar. A distribuição das tensões na
superfície de contato não é mais uniforme.

P  6.e 
 1 
A sapata   

                                        
R  

Figura 4.7 – Excentricidade da carga.

Para fazer com que a resultante R na base da sapata fique centrada, são empregadas vigas de
equilíbrio ou vigas alavancas, de maneira que fique compensado o momento proveniente da
excentricidade e.
b
Divisa

a P1
Viga Alavanca

P2

P1 P2

e
R1 R2

 

Figura 4.8 – Esquema estático. 

a
x

Aparalelogramo= a.h
 

Figura 4.9 – Forma da sapata de divisa.


Observações:

O CG da sapata de divisa deve estar sobre o eixo da viga alavanca.

As faces laterais (sentido da menor dimensão) da sapata de divisa sevem ser paralelas a da
viga alavanca.

O sistema pode ser calculado para a viga sobre 2 apoios (R1 e R2), recebendo as duas cargas
P1 e P2, sendo R1 > P1 e, portanto R2 < P2.

Tomando-se os momentos em relação ao eixo P2 R2, tem-se:

P1   R1  e
P
R1  1
  e
 R1 
R1 A S  
 adm 
Como a área da sapata AS é função de , devemos conhecer R1. Porém, pela
equação acima, R1 é função da excentricidade e; que por sua vez depende do lado B, que é
uma das dimensões procuradas. É um problema típico de solução por tentativas.

Como é sabido que R1 > P1, toma-se um valor estimado de R1 (> P1), para uma primeira
tentativa. Geralmente, toma-se L/B=2 a 3; e a 1a tentativa para R1 de 1,10 P a 1,30 P.

SEQUÊNCIA SIMPLIFICADA PARA DIMENSIONAMENTO

Adota-se R1 maior que P1 geralmente R1 = 1,10.P1

 B b
R1  P1 e
Calcula-se e através de   e ; Calcula-se B através de 2

R1 L
 L.B
Calcula-se L através da área da sapata
 adm ; Calcula-se a relação B
Sempre que possível [ 2≤ (L/B) ≤ 3], para sapata ser econômica

Se (L/B) diferente deste intervalo adota-se novo valor de R1


Em caso particular quando não for possível a sapata econômica aceita-se (L/B) fora do
intervalo, porém o mais próximo deste

1
R2  P2  P
Calcula-se a sapata de P2 através de 2 , sendo P = R1 - P1 e área da sapata 2
como:

1
P2  P
R2 2
A2  
 adm  adm

Observação: No caso da viga alavanca não ser ligada a um pilar central (logo P2 = 0), é
necessário utilizar bloco de contrapeso ou estacas de tração para absorver o alívio P. Neste
caso, a prática recomenda que seja considerado o alívio total, ou seja, P = R1 – P1, a favor
da segurança.
Divisa

Figura 4.10 – Duas sapatas de divisa.

 
BOLETIM FOTOGRÁFICO DE SAPATAS EXECUTADAS

Figura 4.11 – Vista de obra de fundação por sapatas.

Figura 4.12 – Detalhe da armadura e gabarito de sapata isolada.

 
Figura 4.13 - Detalhe da armadura e gabarito de sapatas de divisa.

Figura 4.14 – Concretagem da sapata


 

Figura 4.15 – Detalhe da sapata após concretagem.

AGORA É A SUA VEZ DE TRABALHAR!


 

 
 
 
Calcule inicialmente:
A carga média dos pilares e a área média em planta
Calcule a tensão média
Calcule o centro de carga !
Centro de Gravidade:
n n

 X .A i i  Y .A
i 1
i i

X i 1
Y
A i
;
A i

Centro de Massa:
n n

 X .P
i 1
i i  Y .P
i 1
i i
X Y
P i
;
P i

Exemplos:
a) Calcular o centro de massa do poço de elevador:

Inicialmente calculamos o CG de cada pilar:


X
X A i i

8438cm3
 12,5 cm
A i 675cm2

Por simetria X  Y  12,5cm

X
X Ai i

36000cm3
 9, 25 cm Por simetria X  Y  9,5cm
A i 3900cm 2

Tendo calculado os CG’s passamos ao cálculo do CM:


Cálculo do Centro de Massa

34197,5tf .cm
X  106,9 cm
320tf

Y  115 cm

* Em fundações associadas usa-se (CM) como centro da sapata.


* Em fundações isoladas usa-se CG como centro.
Sapata de Divisa

P1
AFUND 
 adm
sendo P1  F  1,2

Segundo De Mello:
L1
2,5  3
L2

L1
Segundo livro Texto: 2
L2

Como  adm , L1 L , AFUND  L1eL2


2

P1 , CG  R2 , R3

R 2   atuante :    adm ?

( P3  0,5R3 )
R3  A fuste 
 adm
Soluções para pilar no canto:
Cálculo do pilar de canto:

Dado:  adm  30tf / m 2  0, 3 MPa  300 kPa

Iniciaremos pela sapata P24:

165  1,2
AF 24   6,6m 2
30
Esquema Estrutural:
125  1,2
Sapata P32: AF 24   5,0m 2  2,3  2,3m
30
Em escala, na planta de fundações de forma a se ter o CG P25

Esquema Estrutural:

Caso a área seja aumentada seu CG também irá aumentar proporcionalmente,


aumentado R2. Como R2proj ≈ Qsup podemos considerar a área calculada como suficiente
(visto já ter sido introduzida a majoração de 20% na carga do pilar). Outra solução,
porém, seria a de aumentar a CAF se modo a se aumentar a  adm

Cálculo da sapata P25

Força de alívio = 33+20,8tf (não majorada)

Logo para este pilar, considerando o máximo do alívio permitido em norma, a sapata
requerida tem dimensões (3,6x3,2)m.
Cálculo da Sapata Associada:

 adm  30tf / m 2

Como os pilares tem CG conhecidos, passamos ao cálculos do C.M:

(125  155)  1,05


Af   9,8m 2
30

9,8m2 a ser distribuída a partir do C.M.

Lado = 1,86+0,15+0,1=2,11≈2,15m ; Logo:

Teremos então:
 

Admitindo 5 cm de 
recobrimento da 
armação, a altura da 
sapata será de 80 cm 
 
 
 
 
Capacidade de Carga de Fundação Direta

A capacidade de carga de um solo, r, é a pressão que, aplicada ao solo através de uma
fundação direta, causa a sua ruptura. Alcançada essa pressão, a ruptura é caracterizada por
recalques incessantes, sem que haja aumento da pressão aplicada.

A pressão admissível adm de um solo, é obtida dividindo-se a capacidade de carga r por um


coeficiente de segurança, , adequado a cada caso.


adm  r

A determinação da tensão admissível dos solos é feita através das seguintes formas:

Pelo cálculo da capacidade de carga, através de fórmula teóricas;

Pela execução de provas de carga;

Pela adoção de taxas advindas da experiência acumulada em cada tipo de região


razoavelmente homogênea.

Os coeficientes de segurança em relação à ruptura, no caso de fundações rasas, situam-se


geralmente entre 3 (exigidos em casos de cálculos e estimativas) e 2 (em casos de
disponibilidade de provas de carga ).

Portanto, no geral:

2 provas de carga e   3 fórmula teóricas

A capacidade de carga dos solos varia em função dos seguintes parâmetros:

Do tipo e do estado do solo (areias e argilas nos vários estados de compacidade e


consistência).

Da dimensão e da forma da sapata (sapatas corridas, retangulares, quadradas ou circulares).

Da profundidade da fundação (sapata rasa ou profunda).


Fórmulas de Capacidade de Carga

Existem várias fórmulas para o cálculo da capacidade de carga dos solos, todas elas
aproximadas, porém de grande utilidade para o engenheiro de fundações, e conduzindo a
resultados satisfatórios para o uso geral.

Para a utilização dessas fórmulas, é necessário o conhecimento adequado da resistência ao


cisalhamento do solo em estudo, ou seja, S = c +  tg 

Fórmula Geral de Terzaghi (1943 )

Terzaghi, em 1943, propôs três fórmulas para a estimativa da capacidade de carga de um solo,
abordando os casos de sapatas corridas, quadradas e circulares, apoiadas à pequena abaixo da
superfície do terreno (H  B), conforme Figura 2.1.

R
H
  45-/2

Figura 2.1 – Hipótese de Terzaghi.

Mediante a introdução de um fator de correção para levar em conta a forma da sapata, as


equações de Terzaghi podem ser resumidas em uma só, mais geral.

r = c Nc Sc + q Nq Sq + ½  B N S

coesão sobrecarga atrito

onde: c coesão do solo.

Nc, Nq, N coeficientes de capacidade de carga f ()


Sc, Sq, S fatores de forma (Shape factors)

q  .H pressão efetiva de terra à cota de apoio da sapata.

 peso específico efetivo do solo na cota de apoio da sapata.

B menor dimensão da sapata.

Terzaghi chegou a essa equação através das seguintes considerações:

Que r depende do tipo e resistência do solo, da fundação e da profundidade de apoio na


camada.

As várias regiões consideradas por Terzaghi são:

PQP’ – Zona em equilíbrio (solidária à base da fundação)

PQR – Zona no estado plástico

PRS – Zona no estado elástico

Terzaghi introduz o efeito decorrente do atrito entre o solo e a base da sapata, ou: sapata de
base rugosa.

Os coeficientes da capacidade de carga dependem do ângulo de atrito  do solo e são


apresentados no Quadro 2.1.
Quadro 2.1 – Coeficientes de capacidade de carga.

RUPTURA GERAL RUPTURA LOCAL

 Nc Nq N N’c N’q N’

0 5,7 1,0 0,0 5,7 1,0 0,0

5 7,3 1,6 0,5 6,7 1,4 0,2

10 9,6 2,7 1,2 8,0 1,9 0,5

15 12,9 4,4 2,5 9,7 2,7 0,9

20 17,7 7,4 5,0 11,8 3,9 1,7

25 25,1 12,7 9,7 14,8 5,6 3,2

30 37,2 22,5 19,7 19,0 8,3 5,7

34 52,6 36,5 35,0 23,7 11,7 9,0

35 57,8 41,4 42,4 25,2 12,6 10,1

40 95,7 81,3 100,4 34,9 20,5 18,8

Para solos em que a ruptura pode se aproximar da ruptura local, a equação é modificada para
r = c’ N’c Sc + q N’q Sq + ½  B N’ S ,

onde:

c’ coesão reduzida (c’  2/3 c)

 ângulo de atrito reduzido, dado por tg ’ = 2/3 tg 

N’c, N’q, N’ fatores de capacidade de carga reduzida, obtidos a partir de ’ .

Os fatores de forma são apresentados no Quadro 2.2 .


Quadro 2.2 – Fatores de forma.

FATORES DE FORMA
FORMA DA SAPATA
Sc Sq S

Corrida 1,0 1,0 1,0

Quadrada 1,3 1,0 0,8

Circular 1,3 1,0 0,6

 L B 
 
Para sapatas retangulares  L  3B a 5B) 

Pode-se admitir

Sc = 1,1 Sq = 1,0 S = 0,9

Fórmula de Skempton (1951) - Argilas

Skempton, analisando as teorias para cálculo de capacidade de carga das argilas, a partir de
inúmeros casos de ruptura de fundações, propôs em 1951 a seguinte equação para o caso das
argilas saturadas (  = 0º ), resistência constante com a profundidade.

r = c Nc + q

onde,

c coesão da argila (ensaio rápido)

Nc coeficiente de capacidade de carga, onde Nc=f(H/B), considera-se a relação H/B, onde


(Quadro 2.3):

H – profundidade de embutimento da sapata.

B – menor dimensão da sapata.


Quadro2.3 – Coeficiente de Capacidade de Carga (Skempton)

Nc
H/B
QUADRADA OU CIRCULAR CORRIDA

0 6,2 5,14

0,25 6,7 5,6

0,5 7,1 5,9

0,75 7,4 6,2

1,0 7,7 6,4

1,5 8,1 6,5

2,0 8,4 7,0

2,5 8,6 7,2

3,0 8,8 7,4

4,0 9,0 7,5

 4,0 9,0 7,5

Para sapatas retangulares deve-se utilizar a seguinte equação:


Nc_retangular= [1+0,2.(B/L)].Nc_corrida

Prova de Carga em Fundação Direta ou Rasa

Para a realização deste ensaio, deve-se utilizar uma placa rígida qual distribuirá as tensões ao
solo. A área da placa não deve ser inferior a 0,5 m2. Comumente, é usada uma placa de  =
0,80 m (Figura 2.2).
Figura 2.2 – Prova de carga sobre placa.

- A prova de carga é executada em estágios de carregamento onde em cada estágio são


aplicados  20% da taxa de trabalho presumível do solo.

- Em cada estágio de carregamento, serão realizadas leituras das deformações logo após a
aplicação da carga e depois em intervalos de tempos de 1, 2, 4, 8, 15, 30 minutos, 1 hora, 2, 4,
8, 15 horas, etc..

Os carregamentos são aplicados até que:

- ocorra ruptura do terreno

- a deformação do solo atinja 25 mm

- a carga aplicada atinja valor igual ao dobro da taxa de trabalho presumida para o solo.

Último estágio de carga pelo menos 12 horas, se não houver ruptura do terreno. O
descarregamento deverá ser feito em estágios sucessivos não superiores a 25% da carga total,
medindo-se as deformações de maneira idêntica a do carregamento. Os resultados devem ser
apresentados como mostra a Figura 2.3.
Tensão (kPa)
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
0

Recalque (mm) 10

15

20

25

30

35

Figura 2.3 – Curva tensão x recalque de prova de carga sobre placa.

- Geralmente, para solos de alta resistência, prevalece o critério da ruptura, pois as


deformações são pequenas.

- Para solos de baixa resistência, prevalece o critério de recalque admissível, pois as


deformações do solo serão sempre grandes.

Os casos extremos, descritos por Terzaghi como de ruptura geral e ruptura local, são
indicados na Figura 2.4..

Figura 2.4 – Curvas de ruptura local e geral.


Tensão admissível de um solo deve ser fixada pelo valor mais desfavorável entre os critérios:

rup máx  25mm


adm  [ ; ; ]
2 2 2

No Quadro 2.4 são apresentadas pressões básicas (0) de vários tipos de solos de acordo com
a NBR6122/1996.

Quadro 2.4 – Pressões básicas dos solos (NBR6122/1996).

Valores
Classe Descrição
(MPa)

1 Rocha sã, maciça, sem lamina ou sinal de decomposição 3,0

2 Rochas laminadas, com pequenas fissuras, estratificadas 1,5

3 Rochas alteradas ou em decomposição Ver Norma

4 Solos granulados concrecionados – conglomerados 1,0

5 Solos pedregulhosos compactos a muito compactos 0,6

6 Solos pedregulhosos fofos 0,3

7 Areias muito compactas 0,5

8 Areias compactas 0,4

9 Areias medianamente compactas 02

10 Argilas duras 0,3

11 Argilas rijas 0,2

12 Argilas médias 0,1

13 Siltes duros (muitos compactos) 0,3

14 Siltes rijos (compactos) 0,2

15 Siltes médios (medianamente compactos) 0,1


Obs.:

Para a descrição dos diferentes tipos de solo, seguir as definições da NBR 6502.

Os valores do Quadro 2.4, válidos para largura de 2m devem ser modificados em função das
dimensões e da profundidade conforme prescrito nos itens 6.2.2.5 a 6.2.2.7 da
NBR6122/1996.

2.3. Influência das Dimensões das Fundações nos Resultados de Provas de Carga

Quando as dimensões das sapatas forem diferentes que as da placa utilizada para a execução
da prova de carga, os recalques elásticos das sapatas serão diferentes dos recalques elásticos
sofridos pela placa utilizada na prova de carga, devido principalmente às diferentes
distribuições de tensões no solo (bulbo de pressões).

Para uma análise simplificada do problema, serão adotadas as hipóteses enumeradas a seguir:

a) As placas e as sapatas, de largura B e nB respectivamente, apoiam-se à mesma


profundidade H, e aplicam a mesma pressão .

b) Os bulbos de pressão com influência nos cálculos serão substituídos por retângulos de
larguras B e nB, e alturas D enD, respectivamente.

c) A deformação “unitária” a qualquer profundidade Z é proporcional ao acréscimo de carga


devido à pressão aplicada pela sapata, isto é,


Ez  z ,
M z tensão vertical à profundidade z, devida a 

onde M é o módulo de deformabilidade do solo.

Define-se então,

 z médio

Ezmédio  , como deformação “unitária” média.


M

Serão estudados os casos de solos argilosos (M constante com a profundidade) e solos


arenosos (M aumentando linearmente com a profundidade).
Solos Argilosos

O módulo de deformabilidade é constante com a profundidade.

B – dimensão da placa

nB – dimensão da sapata

Sp – recalque elástico da placa, metros.

SF – recalque da fundação de dimensão nD, em metros.

C .
Sp  1 .D
Para a placa: M

C . 
SF  1 .nD
Para a sapata: M

A relação entre o recalque apresentado pela sapata de fundação e o da placa será

C1.
. nD SF BF
SF
Sp
 M
C1.
n 
.D Sp Bp  
M

Portanto, no caso das argilas, em que o módulo de deformabilidade é constante com a


profundidade, o recalque elástico é diretamente proporcional à largura da sapata de fundação
(ou a sua menor dimensão).

Solos Arenosos

Nos solos arenosos, em que o módulo de deformabilidade aumenta linearmente com a


profundidade, dedução análoga ao caso das argilas poderia ser feita. Porém, além das
hipóteses simplificadoras já introduzidas, teriam que ser adotadas outras, que levariam a
resultados não muito confiáveis.
Por isso, serão apresentados dois casos, baseados na teoria e em observações, que dão bons
resultados na prática.

Fórmula de Terzaghi-Peck (Areias)

Terzaghi e Peck, em 1948, propuseram a seguinte equação para sapatas apoiadas em solos
arenosos.

2
SF  2 BF 
 
Sp BF  0,30 

onde:

SF recalque elástico da sapata da largura BF, em metros

Sp recalque da placa utilizada na prova de carga, de dimensões 0,30m x 0,30m.

A fórmula acima vale para placas de 30cm x 30cm, apoiadas em solos arenosos.

- Fórmula de Sowers

Para o caso genérico, em que a placa apresenta dimensões diferentes de 30cm x 30cm, Sowers
(1962), baseado na fórmula anterior e em seus próprios trabalhos, propôs a seguinte
correlação.


SF  BF Bp  0,3 

2

Sp Bp BF  0,3   

Para placas de 30cm x 30cm, deve-se empregar a seguinte equação:

2
SF  2BF 
 
Sp BF  0,30 
Nos Resultados das Fórmulas de Capacidade de Carga

Seja a fórmula geral de Terzaghi:

1
r  c. Nc. Sc  . H.Nq Sq  .. B. N S
2

Serão considerados 2 casos, ou seja, argilas puras e areias puras.

2.4.1. Argilas

  0 o  Nc  5,7 , Nq  1,0 , N  0

Assim:

r  5,7 . c. Sc   .H .Sq

Pode-se notar que a capacidade de carga das argilas não depende das dimensões da sapata de
fundação. Por outro lado, esta capacidade de carga aumenta com a profundidade, porém este

aumento é muito pequeno e equivale à pressão de peso da terra ( .H ) na profundidade de


apoio da fundação.

Areias

No caso das sapatas apoiadas nas areias, temos c = 0. Então

1
r  . H.Nq . Sq  .. B.N .S
2

Portanto, para as areias, a capacidade de carga aumenta tanto com a dimensão da sapata,
como com a profundidade de apoio da sapata.
Recalques de Fundações Diretas

A equação geral o cálculo aos recalques de uma fundação pode ser expressa por:

S = Si + Sa + Scs

onde:

S = recalque total

Si ou Se = recalque imediato (Si) ou recalque elástico (Se)

Sa = recalque por adensamento

Scs = recalque por compressão secundária

O recalque elástico Si (Se) é devido às deformações elásticas do solo, ocorre imediatamente


após a aplicação das cargas e é muito importante nos solos arenosos (e relativamente
importante nas argilas não saturadas).

O recalque por adensamento é devido à expulsão da água e ar dos vazios, ocorre mais
lentamente, depende da permeabilidade do solo, e é muito importante nos solos argilosos.

O recalque por compressão secundária é devido ao rearranjo estrutural causado por tensões de
cisalhamento, ocorre muito lentamente nos solos argilosos, e é geralmente desprezado no
cálculo de fundações, salvo em casos particulares, quando assume importância decisiva.

Recalques de Estruturas

Para o dimensionamento de uma estrutura, verifica-se que, além dos critérios de segurança à
ruptura, critérios de deformações limites devem ser também satisfeitos para o comportamento
adequado das fundações. Na maioria dos problemas correntes, os critérios de deformações é
que condicionam a solução.

Serão apresentadas a seguir algumas definições relativas ao assunto.

Recalque diferencial  - corresponde à diferença entre os recalques de dois pontos quaisquer


da fundação (Figura 3.1).

P

Figura 3.1 – Efeitos do recalque diferencial na estruturas.

Recalque Total - H (H1, Hm, HM, H2 ... ).

Recalque Total Máximo - HM

Recalque Total Mínimo - Hm

Recalque Diferencial -  ( 1, 2... ).

Recalque Diferencial Específico -  /  1/, 2 / ... .

Recalque Diferencial de Desaprumo -  = H2 - H1

Recalque diferencial específico  /   é a relação entre o recalque diferencial  e a distância

horizontal  , entre dois pontos quaisquer da fundação.

Recalque total H  corresponde ao recalque final a que estará sujeito um determinado ponto

ou elemento da fundação (S1 + Sa).

Recalque admissível de uma edificação  é o recalque limite que uma edificação pode tolerar,

sem que haja prejuízo a sua utilização.


Efeito de Recalques em Estruturas

Os efeitos dos recalques nas estruturas podem ser classificados em 3 grupos.

Danos estruturais  são os danos causados à estrutura propriamente dita (pilares, vigas e

lajes).

Danos arquitetônicos  são os danos causados à estética da construção, tais como trincas em

paredes e acabamentos, rupturas de painéis de vidro ou mármore, etc.

Danos funcionais  são os causados à utilização da estrutura com refluxo ou ruptura de

esgotos e galerias, emperramento das portas e janelas, desgaste excessivo de elevadores


(desaprumo da estrutura), etc.

Segundo extensa pesquisa levada a efeito por Skempton e MacDonald (1956), na qual foram
estudados cerca de 100 edifícios, danificados ou não, os danos funcionais dependem
principalmente da grandeza dos recalques totais; já os danos estruturais e arquitetônicos
dependem essencialmente dos recalques diferenciais específicos.

Ainda segundo os mesmos autores, no caso de estruturas normais (concreto ou aço), com
painéis de alvenaria, o recalque diferencial específico não deve ser maior que

1:300 – para evitar danos arquitetônicos

1:150 – para evitar danos estruturais

Recalques Admissíveis das Estruturas

A grandeza dos recalques que podem ser tolerados por uma estrutura, depende
essencialmente:

Dos materiais constituintes da estrutura  quanto mais flexíveis os materiais, tanto maiores as

deformações toleráveis.
Da velocidade de ocorrência do recalque  recalques lentos (devidos ao adensamento de uma

camada argilosa, por exemplo) permitem uma acomodação da estrutura, e esta passa a
suportar recalques diferenciais maiores do que suportaria se os recalques ocorressem mais
rapidamente.

Da finalidade da construção  um recalque de 30mm pode ser aceitável para um piso de um

galpão industrial, enquanto que 10mm pode ser exagerado para um piso que suportar
máquinas sensíveis a recalques.

Da localização da construção – recalques totais normalmente admissíveis na cidade do


México ou em Santos, seriam totalmente inaceitáveis em São Paulo, por exemplo.

Causas de Recalques

Rebaixamento do Lençol Freático  caso haja presença de solo compressível no subsolo,

ocorre aumento das pressões geostáticas nessa camada, independente da aplicação de


carregamentos externos.

Solos Colapsíveis  solos de elevadas porosidades, quando entram em contato com a água,

ocorre a destruição da cimentação intergranular, resultando um colapso súbito deste solo.

Escavações em áreas adjacentes à fundação  mesmo com paredes ancoradas, podem ocorrer

movimentos, ocasionando recalques nas edificações vizinhas.

Vibrações  oriundas da operação de equipamentos como: bate-estacas, rolos-compactadores

vibratórios, tráfego viário etc.

Escavação de Túneis – qualquer que seja o método de execução, ocorrerão recalques da


superfície do terreno.
Recalques Limites (Bjerrum – 1963)

1:100 1:200 1:300 1:400 1:500 1:600 1:700 1:800 1:900 1:1000

Dificuldades com máquinas


sensíveis a recalques

Perigo para estruturas


aporticadas com diagonais

Limite de segurança para edifícios onde


não são permitidas fissuras

Limite onde deve ser esperada a primeira trinca


em paredes de alvenaria
Limite onde devem ser esperadas dificuldades
com pontes rolantes
Limite onde o desaprumo de edifícios
altos pode se tornar sensível

Trincas consideráveis em paredes de alvenaria


Limite de segurança para paredes flexíveis de tijolos (h/L < 1/4)
Limite onde devem ser temidos danos na estrutura de edifícios comuns

Figura 3.2 – Recalque diferencial específico  /  .

Além dos critérios apresentados, existem outros, como por exemplo os do “Design Manual,
NAVDOCKS DM-7”, da Marinha Americana, e os Boston, Nova York, Chigado, etc.).

Da análise das recomendações de várias publicações existentes, deve ficar bem claro que o
estudo de uma fundação não pode, em hipótese alguma, ser feito sem considerar as
características da superestrutura e de sua sensibilidade a recalques.

Na prática, a estimativa de recalques é dificultada por fatores muitas vezes fora do controle do
engenheiro. Alguns aos fatores:

Heterogeneidade do subsolo  normalmente a análise é feita para um perfil inferido de pontos

investigados, e o subsolo pode apresentar heterogeneidades não detectadas num programa de


investigação.
Variações nas cargas previstas para a fundação  advindas de imprecisão nos cálculos, cargas

acidentais imprevisíveis, redistribuição de esforços, etc.

Imprecisão dos métodos de cálculo  apesar do presente estágio de mecânica dos solos, os

métodos disponíveis ainda não são satisfatórios.

3.3. Pressões de Contato e Recalques

A forma da distribuição das pressões de contato, aplicadas por um placa uniformemente


carregada ao terreno de fundação depende do tipo de solo e da rigidez da placa.

K  0,1Flexível K  0,05 Fléxivel


PlacaCircular R PlacaCorrida R
 KR  5 Rígida  KR  10 Rígida

Solos Arenosos

Nos solos arenosos, as deformações são predominantemente de natureza cisalhante.


Consideremos os casos de placas totalmente flexíveis e totalmente rígidas.

Placas totalmente flexíveis KR=0 (Placa Infinitamente Flexível)

Uma placa totalmente flexível, uniformemente carregada, aplica à superfície do solo uma
pressão também uniforme. Como a resistência ao cisalhamento de uma areia é diretamente
proporcional à pressão confinante, então no centro da área carregada (ponto C) a areia é
dotada de maior resistência, e conseqüentemente sofrerá menores deformações.

B C B

Figura 3.3 – Placa flexível – solo arenoso.


 
Ec t 
3
 Circular   
11  2 Ec t 
3
 Corrida
 
2
KR  1     KR  .  
E  R 6 1  2c E  B 

t= espessura da placa

R= raio da placa

B= menor lado da placa

No entanto, num ponto B, mais próximo das bordas da área carregada, o confinamento é
menor, a resistência ao cisalhamento diminui, e as deformações ( recalques ) são maiores.

Decorre então que, para uma placa flexível, uniformemente carregada, apoiada numa areia, os
recalques será maiores nas bordas e menores no centro, e as pressões de contato serão
uniformes em toda a área carregada.

Placas totalmente rígidas KR= (Placa Infinitamente Rígida)

Uma placa infinitamente rígida, uniformemente carregada, produzirá deformações (recalques)


uniformes na superfície do terreno. Comparando-se com o caso anterior (placas flexíveis),
conclui-se que as pressões no centro (altas pressões confinantes) são muito maiores que nas
bordas (baixas pressões confinantes), para que aconteça a uniformidade dos recalques. A
distribuição das pressões de contato tomará a forma aproximada de uma parábola.

Figura 3.4 – Placa rígida – solo arenoso.


Solos Argilosos

Nos solos argilosos (coesivos), predominam as deformações volumétricas, estimadas através


da teoria do adensamento.

Placas totalmente flexíveis KR=0 (Placa Infinitamente Flexível)

Uma placa totalmente flexível, uniformemente carregada, aplica à superfície do solo uma
pressão também uniforme. A distribuição de pressões, na superfície, introduz maiores
pressões nos pontos do solo situados na vertical que passa pelo eixo da placa, e pressões
menores nos pontos do solo afastados deste eixo. Logo, como as pressões nos pontos do solo
mais próximo ao eixo vertical são maiores do que aquelas nos pontos mais afastados,
decorrem maiores recalques no centro da placa e menores nas bordas da mesma, conforme
Figura 3.5.

B C B

Figura 3.5 – Placa flexível – solo argiloso.

Placas totalmente rígidas KR= (Placa Infinitamente Rígida)

Uma placa infinitamente rígida, uniformemente carregada, induzirá deformações (recalques)


obrigatoriamente uniformes na superfície do terreno carregado. Isto significa que a placa
rígida acaba por promover uma redistribuição de pressões na superfície da área carregada, de
tal maneira que as pressões transmitidas a qualquer ponto, situado no interior da massa do
solo coesivo, próximo ou distante do eixo vertical de carregamento, sejam uniformes. Logo,
as pressões na superfície de contato deverão ter maior intensidade nas bordas que no centro
do carregamento.
B C B

Figura 3.6 – Placa rígida – solo argiloso.

Cálculo dos Recalques

Ainda que existam dificuldade e imprecisões como as já apontadas anteriormente, a


estimativa dos recalques de uma fundação é um fator de grande importância na orientação do
engenheiro, para solução de problemas de fundação. A seguir serão abordados procedimentos
para estimativa de recalques elásticos de uma fundação, assim como de recalques devidos ao
adensamento dos solos.

Recalques por Adensamento – Solos Argilosos

Os recalques devidos às deformações de solos coesivos saturados, são estimados a partir da


teoria do adensamento. A teoria do adensamento prevê uma diminuição no índice de vazios,
devido a um acréscimo de pressão . Partindo-se da curva e x log , obtida do ensaio de
adensamento numa amostra indeformada do solo, chega-se à expressão para o cálculo dos
recalques (como já visto em Mecânica dos Solos).
Índice de vazios

Ramo de
pré-adensamento

e 0

e a
Ramo virgem

Cc

(logarítimica)
y0 a (Tensão de
pré-adensamento)

Figura 3.7 – Teoria de adensamento.


1   
h  .Cc.H.log vo
1 eo  vo , onde

eo = índice de vazios inicial

Cc = índice de compressão

H = espessura da camada de argila

vo= pressão inicial na camada

 = pressão Aplicada

No cálculo dos recalques por adensamento, muitas vezes é importante conhecer a evolução
destes recalques com o tempo. Os recalques e os tempos em que eles ocorrem estão
relacionados através das expressões seguintes:

h – recalque total

St = Ut x h e Ut = f (t)

Cv
T .t
Hd2

onde:

h = recalque total (m)

St = recalque que ocorre no tempo t (m)

U = porcentagem de adensamento verificada

Ut = porcentagem de adensamento verificada no tempo t.

T = fator tempo, calculado como indicado a seguir

Hd = altura drenante da camada argilosa (m)

Cv = coeficiente de adensamento, obtido no ensaio de adensamento (cm2/s).

t = tempo de ocorrência dos recalques (s)


Resumindo

   U% 
2
  , U%  55%
U  f T T  
4  100 
T  1,781 - 0,933 log 100 - U% , U%  55%

Recalque Elástico

Os recalques elásticos ou imediatos são devidos a deformações elásticas do solo de apoio de


uma fundação, e ocorrem logo após a aplicação das cargas. É de se notar que a velocidade de
evolução das deformações é um fator muito importante para as estruturas, sendo que as
deformações que se processam mais rapidamente são as mais críticas. Portanto, daí, o
particular interesse no estudo dos recalques elásticos, preponderantes nos solos arenosos ou
nos solos não saturados. Os recalques elásticos podem ser estimados a partir da seguinte
expressão, fundamentada na teoria da elasticidade.

 1  2 
Si  .B I
 ES  w
 

Si = recalque elástico

 = intensidade da pressão de contato

B = menor dimensão da sapata

 = coeficiente de Poisson

ES = módulo de elasticidade do solo

Iw = fator de influência, dependente da forma e dimensões da sapata.

A seguir, são apresentados alguns valores típicos de  e ES para vários tipos de solos, e de Iw
para várias formas de sapatas, e para os recalques do canto e centro das mesmas.
Quadro 3.1 – Valores de coeficiente de Poisson do solo ().

Tipo de Solo Coeficiente de Poisson ()

Saturada 0,4 a 0,5

ARGILA Não saturada 0,1 a 0,3

Arenosa 0,2 a 0,3

SILTE 0,3 a 0,35

AREIA Compacta 0,2 a 0,4

Grossa (e =0,4 a 0,7) 0,15

Fina (e =0,4 a 0,7) 0,25

ROCHA Depende do tipo 0,1 a 0,4

Quadro 3.2 – Módulo de elasticidade do solo (ES)

Tipo de Solo ES (kPa)

Muito mole 300 a 3000

Mole 2000 a 4000

ARGILA Média 4000 a 9000

Dura 7000 a 18000

Arenosa 30000 a 42000

Siltosa 7000 a 20000

Fofa 10000 a 25000


AREIA
Compacta 50000 a 85000

( pedregulho + areia ) compacta 98000 a 200000


Quadro 3.3 – Fator de Influência (IW)

FORMA DA SAPATA FLEXÍVEL RÍGIDA


CENTRO CANTO MÉDIO
CIRCULAR 1,00 0,64 0,85 0,88
QUADRADA 1,12 0,56 0,95 0,82
1,5 1,36 0,68 1,20 1,06
RETANGULAR 2,0 1,53 0,77 1,31 1,20
5,0 2,10 1,05 1,83 1,70
L/B =
10,0 2,52 1,26 2,25 2,10
100 3,38 1,69 2,96 3,40

Apesar de terem sido apresentados no Quadro 3.2. alguns valores típicos de ES para vários
tipos de solo, é recomendável que este parâmetro seja determinado através de ensaios
especiais (triaxial), que possibilitem a obtenção da curva tensão x deformação.
RECALQUE DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS:

Métodos baseados no SPT

Método de Terzaghi e Peck (1948, 1967)

Num trabalho pioneiro sobre o uso do ensaio SPT na previsão de recalques e de tensão
admissível de sapatas em areia, Terzaghi e Peck (1948, 1967) indicaram que a tensão provoca
um recalque de 1 polegada pode ser obtida com

 n  3  B  1' 
2

q adm  4,4  
 10  2 B 

onde qadm = tensão, em kgf/cm², que produz w = 1”

B = menor dimensão em pés (B ≥ 4’)

N = número de golpes no ensaio SPT

Terzaghi e Peck (1948, 1967) recomendaram que, se houvese um nível d’água superficial (Dw =

0), qadm deveria ser reduzida à metade.

Esta proposta, apresentada também na forma de um ábaco, é muito conservadora e foi


posteriormente revista por alguns pesquisadores. Numa destas revisões, feita por Peck e
colaboradores, foram propostos os ábacos da Figura 5.19, que levam em canta a profundidade
da sapata (através da razão D/B).

Fig. 5.19 – Ábaco para obtenção de tensão de trabalho de sapatas em areia (Peck et al., 1947)
Método de Meyerhof (1965)

Segundo Meyerhof (1965), pode-se relacionar a tensão aplicada e o recalque de sapatas em


areia pela expressão

N .wadm
q adm  para B ≤ 1,2 m
8

 B  1' 
2
N .wadm
q adm    para B > 1,2 m
8  B 

Método de Alpan

O método de Alpan (1964) baseia-se na previsão de recalque de uma placa quadrada de 1 pé


(30 cm) no nível da fundação, usando valores de N corrigidos para a tensão geostática no nível
do ensaio, e na penetração desse recalque (wb) para a estrutura real (wB). Na extrapolação
seria usada a relação empírica de Terzaghi & Peck (1948):

2
 2B 
w B  wb  
Bb

O recalque da placa quadrada de 1 pé (30 cm) é dado por:

wB  a 0 q

onde q = tensão transmitida pela fundação

a0 = inverso do coeficiente de reação vertical (kv) para uma placa de 30 cm

Para fundações que não sejam quadradas ou circulares, wb deve ser multiplicado pelo
fator de forma m dado na Tabela 5.3.

L/B 1,0 1,5 2,0 3,0 5,0 10,0

m 1,0 1,21 1,37 1,60 1,94 2,36

Tabela 5.3 – Fatores de forma


O procedimento do método é o seguinte:

(i) corrigir o valor de N ao nível da fundação para a tensão efetiva geostática, usando a
Figura 5.20a (escolhe-se a linha de densidade relativa correspondente a N e σ’v,0,
segue-se esta linha até a curva de Terzaghi e Peck e tira-se na vertical o valor de N
corrigido);

(ii) usar o valor de N corrigido na Figura 5.20b para obter a0 ( verificar na Figura 5.20b
se a combinação de N com q cai dentro do domínio linear);

Fig. 5.20 – ábacos para (a) correção do valor de N para a tensão efetiva geostática e (b)
determinação de a0 a partir de N (Alpan, 1964)
(i) Obter o recalque pelas equações (5.26) e (5.27), aplicando-se o fator m se
necessário.
Ao aplicar um método semi-empírico baseado no SPT freqüentemente se encontra a situação
em que o N varia com a profundidade. Quando o método não indica como proceder, pode-se
fazer uma média ponderada até a profundidade atingida pelo bulbo de pressões, usando-se
como fator de ponderação o acréscimo de tensão provocado pela fundação (Fig. 5.21a).

Fig. 5.21 – Procedimentos para obtenção de N representativo: (a) por média


ponderada(Lopes et al.,1994) e (b) pela média na profundidade de influência
(Burland & Burbidge, 1985)
Método de Burland & Burbidge (1985)

Segundo Burland & Burbidge (1985), o recalque das fundações podem ser estimados
partir do SPT com:

1,71
w  qB 0,7 f s fl
N 1, 4

onde w = recalque em mm;

q = pressão aplicada em kN/m2;

B = menor dimensão da fundação em m;

N = média do número de golpes no SPT na profundidade de influência Z1

fs = fator de forma dado por:

 L 
 1,25 B 
fs   
 L  0,25 
 B 

fl = fator de espessura compressível (H) dado por:

H H
fl   2  
Z1  Z1 

sendo que para H > Z1, fl = 1,0

A profundidade de influência Z1 é dada pelo ábaco da Figura 5.21b.

Os autores fazem as seguintes observações:

(a) Em areias pré-comprimidas ou fundações implantadas no fundo de escavações, os


recalques podem ser até 3 vezes menores (se  ' v , f   ' v ,a ). Nestes casos deve-se

usar:

 2  1,71
w   q   ' v ,a  B 0, 7 1, 74 f s f l
 3  N
(b) N não precisa ser corrigido para a tensão efetiva vertical geostática.
(c) Se N for maior do que 15 em areias finas ou siltosas submersas, deve ser feita a
correção (de Terzaghi e Peck, 1948):

N corr  15  0,5( N  15)

e no caso de decorrência de pedregulhos:

N corr  1,25N

Para se estimar o recalque com o tempo deve-se multiplicar o recalque inicial por um
t
fator: f t  1  R3  Rt log
3

onde R3 = índice de recalque adicional que ocorrer nos primeiros 3 anos (sugerem 0,3
para cargas estáticas e 0,7 para cargas que variam)

Rt = índice de recalque adicional que ocorrer por cada ciclo logaritmo de tempo
após 3 anos (sugerem 0,2 para cargas estáticas e 0,8 para cargas que variam)

t = número de anos (maior que 3 anos).

(Exemplo: para t= 30 anos, se cargas estatísticas: wf = 1,5 w; se cargas variáveis, wf = 2,5


w).

Fig. 5.21 – Procedimentos para obtenção de N representativo: (b) pela média na


profundidade de influência (Burland & Burbidge, 1985)
Métodos baseados em Redes Neurais

Nos últimos anos, o estudo de Redes Neurais Artificiais (RNA) tem sido aplicado a muitos
problemas geotécnicos com demonstrações de sucesso na maioria das aplicações. As RNAs
podem ser consideradas uma ferramenta relativamente nova na previsão geotécnica.

Shahin et al. (2002a) apresentaram um estudo em que 189 casos de fundações rasas foram
avaliados. Na Equação (10) abaixo tem-se a equação sugerida para o cálculo do recalque em
solos não coesivos com base nestes estudos.

 120,4 
wi  0,6   0,3120, 725tanh x1 2,984 tanh x2   (10)
1  e 
 L  Df 
x1  0,1  10 3 3,8 B  0,7q  4,1N  1,8   19 

 B  B 

 L  Df 
x2  10  3 0 ,7  41B  1,6 q  75 N  52   740 
 B  B 

Em estudos semelhantes, Rezânia & Javadi (2008) apresentaram o chamado método da


regressão polinomial evolucionária (EPR) para prever o recalque de fundações rasas. Este
método tem suas bases no estudo de redes neurais. Em geral, o critério de limitação de
recalques, em detrimento da capacidade de suporte (carga) controla o projeto de fundações
rasas com dimensão (B>1 m).

Os autores Rezânia & Javadi (2007, 2008) estudaram um conjunto de dados de 170 casos
históricos e avaliaram, via EPR, expressões para avaliação do recalque.

Nas análises, é geralmente aceito que cinco parâmetros têm o efeito mais significante sobre o
cálculo do recalque. São eles: Largura (Diâmetro) B; Tensão líquida aplicada na base da
fundação q’=(q-v); Compressibilidade do solo na região em que o bulbo de tensões é de
interesse e no qual pode ser representado pelo valor do índice de resistência à penetração
Nspt; Comprimento da Fundação L e embutimento (Df) da fundação.

Ainda, os autores usaram faixas de valores dos parâmetros anteriormente descritos conforme
Tabela (11).
Tabela (11) Faixa de valores dos parâmetros

Parâmetro Valor mínimo Valor máximo

B (m) 0,9 55

L (m) 0,9 101

q’ (kPa) 18,32 697

Nspt 4 60

Df (m) 0 10,7

w (mm) 0,6 121

As Equações 11 (Rezânia & Javadi, 2007) e 12 (Rezânia & Javadi, 2008), após análises de
diferentes modelos alternativos e considerações práticas, foram consideradas as mais robustas
na previsão do recalque

q( 1,80 B  4 ,62 )  346 ,15 Df 11,22 L  11,11


wc   (11)
N² L

B1,88 q  24 ,76 D f   731,74 136 ,45


wc    0 ,0013Bq  6 ,26 (12)
N² NL²

Para a equação 11 os autores observaram que o valor do coeficiente de determinação r² foi


igual a 0,94 (± 7,71 mm) e para a equação 12 r² foi igual a 0,98 (± 4,31 mm).

O estudo de Rezânia & Javadi (2007, 2008) permitiu também avaliar a sensitividade dos
parâmetros envolvidos na análise usando a EPR. Na Figura (01a) têm-se os resultados de forma
gráfica para cada um dos parâmetros.
Figura (01a) Análise de sensitividade para o método EPR

Analisando a Figura (01a) vê-se que o recalque aumenta a medida que (B e q) aumentam e
com a diminuição do Nspt e do embutimento. Ainda, os parâmetros Nspt, B e q têm os
maiores efeitos sobre o valor do recalque. As análises sugerem que o efeito do comprimento
da fundação (L) sobre o recalque parece ser negligenciável. Há apenas um leve aumento no
recalque com o aumento do comprimento até aproximadamente 5B, para qualquer outro
aumento de comprimento, nenhum efeito foi notado sobre o recalque.

Para efeito de comparação, os autores avaliaram os métodos de Schmertmann et al. (1978),


Shultze & Sherif (1973) e Meyerhof (1965). Os valores do comparativo constam na Tabela 12
para
Tabela (12) Comparação entre metodologias clássicas e EPR

Método Critério de desempenho

r² Erro médio absoluto

EPR 0,98 4,31

Schmertmann et al. (1978) 0,47 23,63

Shultze & Sherif (1973) 0,62 20,04

Meyerhof (1965) 0,44 24,25

Rezânia & Javadi (2007, 2008) ainda comentam que a aplicação de métodos tradicionais na
avaliação do recalque pode levar a erro da ordem de 300% em função das inúmeras
simplificações que os mesmos possuem.

Em recente trabalho de Maciel & Dias (2008) verificou-se que o método


de Shain 2002 é o mais eficiente em termos de acurácia, por meio da
média, quanto da precisão, por meio do desvio padrão da relação
(valores calculados/medidos) de recalque.

RETORNE AO PROJETO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS E AVALIE


O RECALQUE IMEDIATO DE TODAS AS SAPATAS DO PROJETO
CONFORME PROPOSIÇÃO DE SHAIN (2002a).

 120,4 
wi  0,6   0,3120, 725tanh x1 2,984 tanh x2  
1  e 
 L  Df 
x1  0,1  10 3 3,8 B  0,7q  4,1N  1,8   19 

 B  B 

 L  Df 
x2  10  3 0 ,7  41B  1,6 q  75 N  52   740 
 B  B 
ATENÇÃO ! CAPACIDADE DE CARGA:

Kp=  
  

 
RECALQUE DE FUNDAÇÃO SUPERFICIAL 
Edifício de 10 pavimentos com sapatas apoiadas na camada superior de areia
sobrejacente a camada de argila orgânica mole (perfil típico da orla de Santos).

 
EXEMPLO

Determine o tamanho de uma sapata quadrada para suportar uma carga de 500 kN. O perfil de
solo é mostrado na figura abaixo.

O recalque total tolerável é 20 mm. O nível d’água (N.A) está a 3 m abaixo da superfície do
terreno e o embutimento da sapata é 1,5 m. Sazonalmente, o N.A pode elevar-se até a
superfície do terreno. Assuma que a teoria de consolidação unidimensional é adequada ao
problema em questão.

RESOLUÇÃO:

Atenção ao Perfil – Presença de solo mole – Pode levar a que o recalque governe o projeto.
Neste caso, determine uma largura que satisfaça o recalque e então avalie a capacidade de
carga. O problema na realidade é interativo: Assume-se uma largura, calcula-se o recalque e
repete-se este procedimento até o critério de recalque seja atingido (recalque total = 20 mm).
Estratigrafia variável – atenção a avaliação do acréscimo de tensão.
Passo 1: Assume uma largura (3 m) e uma forma (por simplicidade –Quadrada):

Passo 2:

Sand
 ' p  37,  'cs  32,   16kN / m3 ,  sat  17kN / m3 ;

E '  40MPa, v '  0, 45, Cr  0.09, w  55%, Gs  2, 7  

Recalque Imediato:

Df  4 B 
 'emb  1  0, 08 1  
B  3 L
L L
I s  0, 62 ln    1,12   1  centro
B B
L L
I s  0,31ln    0,56   1  aresta
B B
qs B 1   v '  P 1   v ' 
2 2

e    I '    I '
s emb s emb
E' E'L  
 

Df  4 B  1,5  4 
 'emb  1  0, 08 1    1  0, 08 1  1  0,91
B  3 L 3  3 
L
I s  0, 62 ln    1,12  1,12
B
qs B 1   v '  P 1   v ' 
2 2

e    I '    I '
s emb s emb
E' E'L
500 1  0,352 
  1,12  0,91  3, 7  103  3, 7 mm
40  10  3
3
 
Argila

A partir do embutimento (z=1,5 m) encontra-se o tamanho equivalente da sapata no topo da


camada de argila. Usando o Método 2:1: (Aceitável desde que z >B).

A largura equivalente – topo da argila = B + Z = 3 + 2.5 = 5.5 m (B=L)

2,5  4 
 'emb  1  0, 08  1   1  0,92
5,5  3 

Para o cálculo do recalque imediato na argila – usa-se parâmetros não drenados: v = vu = 0.5.

   u  0,5
P 1  u2  500 1  0,5 
e  I s  'emb   1,12  0,92  8,8  103  8,8mm
Eu L 8000  5,5  
Passo 3 - Calcule o recalque de consolidação da argila.

e  wGs  0,55  2, 7  1, 49
Gs  e 2, 7  1, 49
 sat  w   9,8  16,5kN / m ³
1 e 1  1, 49

Tensão efetiva no centro da camada de argila.

 'zo  3 16  117  9,8  116,5  9,8   61,9kPa

Calcula-se o acréscimo de tensão no centro da camada de argila (z = 3.5 m).

3
 
m  n     0, 43 ; I z  0, 068
2
3,5

500
 z  4   0, 068  15,1kPa

 'zo   z  61,9  15,1  77kPa
 'zc  OCR   'zo  1,3  61,9  80,5kPa   'zo   z
H  '   z
 pc  o Cr log zo
1  eo  'zo
2 77
  0, 09 log  6,9 103 m  6,9mm
1  1, 49 61,9

Passo 4 – Encontre o recalque total

Recalque Total:
   e  sand   c clay   pc  3, 7  8,8  6,9  19, 4mm  20mm

Tem-se que a medida escolhida (B = 3m) resultou em conformidade com relação


ao recalque, resta agora avaliar a capacidade de suporte (em problemas desta
natureza, em geral não é problema).
Passo 5: Avaliar a capacidade de carga.

O efeito do Nível d’água deve ser levado em consideração (z_água_menor que 3 m)

Calcule a capacidade de carga pelo método de Meyerhof (poderia ser Vésic ?; Terzaghi ?
Hansen ? Balla ? etc).

Areia (Análise em Termos de Tensão efetiva)

1  sin 32
Kp   3, 25;
1  sin 32
sq  s  1  0,1 3, 25  1,33;
1,5
d q  d  1  0,1 3, 25   1, 09
3
 32 
N q  e tan 32 tan ²  45    23, 2;
 3 
N q  1  23, 2  1  22, 2
N   N q  1 tan 1, 4  32   22, 0

Calcule a capacidade de carga para o pior cenário de nível d’água (N.A na superfície do
terreno).

qult   D f  N q  1 sq d q  0,5   B  N s d ;
   '  16  9,8  6, 2kN / m³
qult  7, 2 1,5  22, 2 1,33 1, 09  0,5  7, 2  3  22  1,33  1, 09  692kPa
500
 a max   55, 6kPa

qult 692
FS    15, 4  1,5(ok !)
 a max   D f 55, 6  7, 2 1,5
L arg ura _ Equivalente
B  z1  3  2,5  5,5m
500
  max   16,5kPa
5,5²
Argila (Análise em Termos de Tensão Total)

Uso da Equação de Skempton:

 D  B
qult  5su 1  0, 2 f 1  0, 2 
 B  L
 4  3
 5  40  1  0, 2  1  0, 2   304kPa
 3  3
304
FS   18, 4  3(ok !)
16,5

Argila (Análise em Termos de Tensão Efetiva)

Método de Meyerhof:

1  sin 20
Kp   2;
1  sin 20
sq  s  1  0,1 2  1, 2;
4
d q  d  1  0,1 2   1,19
3
 20 
N q  e tan 20 tan ²  45    6, 4;
 2 
N q  1  6, 4  1  5, 4
N   N q  1 tan 1, 4  20   2,9
 '   sat   w  16,5  9,8  6, 7kN / m³
qult  6, 7  4  5, 4 1, 2 1,19  0,5  6, 7  2,9  1, 2  1,19  221kPa
221
FS   13, 4  1,5(ok !)
16,5

O RECALQUE APRESENTOU MENORES FATORES DE SEGURANÇA-


LOGO ESTE GOVERNA O PROJETO.

Capacidade de carga↔Recalque TEM DE SER AVALIADOS SEMPRE


EXERCÍCIOS – FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

ELEMENTOS DE PROJETO
K=Cc

εi=eo

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