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18 de julho, 2017

A condenação de Lula e o tabuleiro para 2018


Vejo Doria como o grande favorecido dos recentes acontecimentos

A condenação do ex-presidente Lula pelo juiz Sergio Moro gerou muitos


questionamentos e tentativas de entender os impactos a curto, médio e longo prazo.
Tentarei esclarecer os principais pontos de sua condenação e quais as consequências
para as eleições de 2018. 

1. Lula ficou inelegível? Não. Apenas uma eventual condenação em segunda


instância o impossibilitaria de ser candidato.

2. Até quando Lula poderia ser condenado e ficar inelegível? Até o registro de sua
candidatura. Pela Lei Eleitoral nº 9.504/1997, o registro pode ser feito até o dia 15 de
agosto do ano da eleição.

3. Se for condenado após o dia 15 de agosto, poderia concorrer? Em tese, sim.


Mas não é possível antecipar a posição da Justiça Eleitoral.  Em 2014, o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) negou o registro da candidatura ao governador José Roberto
Arruda com base no artigo 15 da Lei Complementar nº 64/1990. Diz o artigo: "Transitada
em julgado ou publicada a decisão proferida por órgão colegiado que declarar a
inelegibilidade do candidato, ser-lhe-á negado registro, ou cancelado, se já tiver sido

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feito, ou declarado nulo o diploma, se já expedido". Entretanto, em 2016, o tribunal
mudou o entendimento alegando o direito de ampla defesa do candidato.

4. Em caso de vitória, se Lula for condenado entre sua eleição e sua diplomação,
o que acontece? Caberá ao TSE analisar a questão. Pelo artigo 15 da Lei
Complementar, a Justiça poderia impedir sua diplomação. Politicamente, entretanto,
consideramos ser pouco provável que a Segunda Turma condene o ex-presidente depois
de sua eventual eleição. Se isso vier a acontecer, o segundo colocado seria declarado
vitorioso.

5. Lula poderia perder o mandato se a condenação ocorresse após a posse como


presidente da República? Não.

6. Caso seja condenado em 2018, mas mesmo assim consiga ser candidato e
diplomado, poderia concorrer à reeleição em 2022? Não.

E do ponto de vista eleitoral, como a condenação afeta o tabuleiro político para 2018? 

Sem dúvida alguma, aumenta a fragilidade do ex-presidente. Mesmo que não perca
intenção de voto em pesquisas, sua rejeição aumentará, e sua candidatura se
aproximará ainda mais do Lula "pré-Presidência", ou seja, cada vez mais radical e à
esquerda. O ex-presidente provavelmente se colocaria como vítima de um golpe "das
elites" e do Poder Judiciário. 

Não o descarto completamente. É carismático, tem o apoio de um partido decadente,


mas mesmo assim organizado e motivado. Além disso, para um parte considerável do
eleitorado, Lula ainda traz lembranças de uma época econômica pujante. 

Porém, as mudanças comportamentais, eleitorais e políticas que Lula teve entre suas
derrotas em 89, 94 e 98 para a sua vitória em 2002, hoje seriam impossíveis de replicar.
O Lula derrotado por Collor, e duas vezes por FHC, era um candidato exagerado,
antimercado e anti-imprensa. 

E o que Lula fez de diferente para ganhar em 2002? Escutou José Dirceu e se
aproximou do mercado, dos bancos e da grande imprensa. Colocou um terno, aparou a
barba. Escreveu a famosa "Carta ao Povo Brasileiro". Trouxe Henrique Meirelles e
manteve a equipe de Armínio Fraga no BC nos primeiros meses de mandato. Lula
venceu porque virou establishment e conseguiu atrair votos do centro. 

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Hoje, Lula seria incapaz de tais movimentos. O Lula de hoje dificilmente atrairá eleitores
de fora do seu espectro ideológico e partidário, como fez em 2002 e 2006. É incapaz de
trazer um novo José Alencar para a vice-presidência. Fica cada vez mais claro que, ao
se enclausurar na esquerda e no radicalismo, seu destino provavelmente será parecido
com o que ele já vivenciou em 89, 94 e 98.

A fragilidade e o discurso mais radical de Lula poderão levar os potenciais candidatos


que estão mais ao centro e à direita, como o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB),
e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), a radicalizaram seus discursos,
explorando o sentimento anti-Lula.

Caso Lula seja candidato, prevejo que candidaturas de centro-esquerda, como a da ex-
senadora Marina Silva (Rede) e a do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) tenham dificuldade
de deslanchar. Além da óbvia dificuldade que encontrariam, por conta de seus partidos
com baixa capilaridade nacional, ambos teriam dificuldade de se encontrar no espectro
ideológico. Lula poderia concentrar os votos da esquerda e centro-esquerda. 

O sentimento anti-Lula, que deve crescer, também favorece João Doria, o político
tucano mais agressivo contra o ex-presidente. Em um ambiente de radicalização, o
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e seu discurso conciliatório
perderiam espaço. 

Sem Lula, aumenta a imprevisibilidade, mas Marina poderia se beneficiar por ter recall,
carregar a bandeira da ética com certa destreza e por ter um bom posicionamento entre
os eleitores mais à esquerda. Caso consiga trazer o ex-presidente do Supremo Tribunal
Federal Joaquim Barbosa para a sua chapa, Marina poderá ganhar musculatura. Seu
minúsculo partido, com pouco tempo de televisão e capilaridade quase inexistente, seria
a principal barreira.

Bolsonaro também continuaria bem posicionado, disputando o voto de centro-direita


com Doria. Porém, tenho dúvidas de que o deputado do PSC tenha fôlego e estrutura
partidária para durar.

A imprevisibilidade é imensa, e a pulverização também será. Sem Lula, não descarto


um embate com duas alternativas da centro-direita. 

Quanto ao surgimento de um outsider, não descarto, mas acho difícil. Ganharia força
caso um partido tradicional abrisse suas portas, como o PSDB fez com Doria no ano

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passado. Sem força partidária, responsável por tempo de televisão e apoio de prefeitos,
um outsider dificilmente conseguiria, em 30 dias, se conectar com os eleitores. 

Vejo Doria como o grande favorecido dos recentes acontecimentos. Caso consiga unir o
PSDB, montar uma forte coalizão ao seu lado, com PMDB e "centrão", e conseguir o
apoio organizado da grande imprensa, o prefeito de São Paulo transforma-se em um
candidato fortíssimo.

É o único outsider dentro de um partido já consolidado. É capaz de criticar a política e,


ao mesmo, se beneficiar dela para ter tempo de televisão e uma rede de prefeitos ao seu
lado. Consegue, com naturalidade, criticar Lula e ser seu antagonista natural.  E por
último, mas não menos importante, tem o trunfo de não ter sido alvejado pela Lava Jato.

Um abraço,

Lucas de Aragão

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ANALISTA RESPONSÁVEL
Felipe Miranda, CNPI*

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