O Processo de Supervisão é elemento integrante do Projeto de
Formação Profissional, que deverá ser expressão deste, compreender
essencialmente suas orientações teóricas e direção social, pois faz parte dele de modo inerente.
O estágio supervisionado em Serviço Social e, com ele, o processo
de supervisão, acompanha o movimento sócio histórico, teórico-metodológico e as condições éticas e políticas que envolvem a profissão, desde os seus primórdios na realidade brasileira. O debate sobre a supervisão de estágio no Serviço Social é efervescente nos tempos hodiernos, sobretudo considerando: a maturidade intelectual da categoria, a perspectiva de indissociabilidade entre formação e exercício profissional, as lutas travadas na defesa da educação de qualidade e a resistência com relação à precarização da educação superior e suas ressonâncias no Serviço Social. Sobretudo, no que diz respeito à modalidade de Ensino à distância para graduação; preocupação diante da ofensiva neoliberal e enfim o compromisso com a consolidação do Projeto Ético- Político da Profissão.
A dimensão teórico-ético-política oferece pressupostos para as
atividades operativas dos estagiários nas instituições, direcionando, assim, as competências e habilidades à compreensão de que o técnico e o político são dimensões tratadas de forma unívoca. Nesses documentos são apontadas a sistemática da supervisão e a presença dos supervisores, acadêmico e de campo, principalmente deste último, cuja ausência constitui falta ética. Portanto, a responsabilidade quanto à supervisão por parte das unidades de ensino no processo de formação do assistente social, cuja falta implica até mesmo denúncia ao Ministério Público.
A análise crítica do trabalho desenvolvido pelo assistente social,
particularmente no estágio supervisionado, permite- nos perceber às contradições nele presentes, principalmente no que se refere à supervisão como algo alheio ao trabalho profissional. No entanto, o processo de supervisão deve estar organizado de modo a propiciar ao estagiário vivenciar e analisar criticamente o exercício dos processos de trabalho do assistente social, em todas as suas faces e dimensões, investigativa, propositiva e interventiva. O desafio seria justamente trabalhar para que o caráter investigativo adquira sentido para os sujeitos envolvidos no processo, realizando, assim uma intervenção mais qualificada. Diante disso, uma das possíveis armadilhas contidas nas proposições de boa parte das instituições que oferecem campos de estágio é a de demandarem uma relação imediatista e pragmática do significado e do sentido da aprendizagem, dominando essa aprendizagem a um utilitarismo alienante no cotidiano da sociedade capitalista contemporânea.
A formação da atitude crítica do aluno depende tanto da
apropriação do conhecimento já produzido como do processo de produção desse conhecimento. A criticidade é um modo de relação com a informação que supera o modo espontâneo e irrefletido de conhecer. Entretanto, a direção orientada pela lógica dos serviços dificulta a intervenção dos estagiários e do supervisor, num processo que se apresenta adverso ao projeto profissional.
No processo de trabalho da supervisão, o tempo de trabalho é
constituinte do processo de formação do aluno e do trabalho dos supervisores. A duração e a distribuição designada pela universidade são expressas pelas horas-aulas de trabalho, além de que também administrativamente a supervisão acadêmica assume status da disciplina.
Além desses fatores, também compromete o processo de trabalho
a visualização da figura do estagiário como funcionário com autonomia administrativa e profissional, o que revela a presença de um caráter voluntarista no processo da supervisão de estágio do campo.
Quanto ao assistente social supervisor do campo, percebo que a
carga horária também pode avançar na medida em que responder às demandas do processo de supervisão. De fato, a orientação de um estagiário é tarefa de responsabilidade muitas vezes não reconhecida institucionalmente, tanto que não se destinam carga horária para isso nem remuneração extra.
Portanto, a reflexão ética permite que o aluno identifique o
compromisso no seu saber-fazer profissional e revela, também, a supervisão como espaço potencializador de reflexão na formação profissional, em virtude da relação que o estagiário estabelece de forma sistemática com os usuários nesse período.