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ULPIANO
(HTTP://CLA SITE EM CONSTRUÇÃO
capa- (http://claudioulpiano.org.br/wp-
grande- content/uploads/2016/10/Capa-Grande-Aventura.jpg)[Temas
O Aschenbach (Dick Bogard) vai ter uma surpresa incrível com a beleza do Tatzio.
Vamos ver essa cena, para eu poder falar. Daqui a pouco... acho que o tarde demais vai
aparecer. Daqui a pouco vai aparecer o tarde demais aí. Depois a revelação! Tarde demais
primeiro, a revelação depois. Aí eu falo para vocês o que está havendo. (Pode aumentar o
volume agora!) Então, quer dizer, Aschenbach não dá importância ao mundo sensível,
não dá importância ao mundo da carne. Toda a arte dele é intelectual, é cerebral. Essa é a
questão dele. Toda a arte que ele faz é cerebral! Não adianta entrar, porque já é tarde
demais...
Nós vamos ver esse tarde-demais já, já. O Aschenbach/Dick Bogard vai descer [do
quarto] do hotel agora... A questão dele é que ele é um artista, e a arte tem sempre uma
questão, sempre um confronto. A arte é produto do intelecto - se for produto do
intelecto é produto do trabalho humano... Ou a arte é produto da sensibilidade - se for
da sensibilidade, se encontra na natureza: a natureza nos dá a arte ou o intelecto produz
a arte.
Aschenbach é um artista intelectual, para ele a arte é intelectual, é platônica... e ele
vai ter uma revelação: a sensualidade imbatível, a beleza de Tatzio. Aí, inicialmente, nós
vamos pensar que ele está tendo processos homossexuais, o que é equivocado. Ele não
está tendo nenhum processo homossexual, ele está tendo uma revelação, que é a beleza
de Tatzio... a sensualidade de Tadzio. Ele vai car inebriado!...
Agora, eu não posso montar muito bem, vocês têm que veri car.... O lme não é um
lme-ação, é um lme-contemplação - o que já é tempo. Já é tempo! Nós estamos vendo
o lme pelos olhos dele [Aschenbach]: é ele vendo... e a gente vendo pelos olhos dele.
Quem trabalhou muito com essa ideia foi Pasolini (http:// lmescult.com.br/pier-paolo-
pasolini/). Chama-se subjetiva indireta livre, vem da teoria literária, da teoria do discurso.
Então, o olhar dele nos revela o lme.
Um dos momentos mais brilhantes desse lme é essa passagem do hotel... Nela,
[dois elementos] vão se encontrar - o ótico e o sonoro, a transbordância da imagem
visual... e uma valsa, fazendo ela eleger-se em --?? --.
É a revelação que transtorna o músico em Morte em Veneza, ao receber do garoto a
visão daquilo que faltou à sua obra: a beleza sensual. Ele nunca tinha incluído a beleza
sensual em sua obra... Não tinha... e o garoto a revela. É esse o momento do tarde-
demais! É essa a dimensão do tempo [criada]: a dimensão do tempo é o tarde-demais.
Prestem atenção: a revelação puxa para ele criar a imagem-tempo. A imagem tempo
é uma dimensão essencial do tempo: o tempo passa a ter essa dimensão essencial. Não é
um fato psicológico! Eu tenho uma aluna que diz: "sofrido, é muito sofrido...". Não é nada
disso! Tarde demais é uma dimensão do tempo, como se diz passado, presente e futuro.
Pertence ao tempo! Se você quiser [operar] com o tempo saiba que isso vai acontecer: os
paradoxos do tempo, as dialéticas do tempo.
É isso que o Visconti vai trazer, muito semelhante ao Proust. No meio da aula eu
vou tentar passar uma associação com Proust, com o que Proust chama de tempo
reencontrado. O reencontro com o tempo.
Agora o garoto vai fazer uma coisa incrível. [referência ao lme] O garoto é a
exuberância da natureza... o que Aschenbach nunca tinha percebido! A natureza é
exuberante, a natureza não precisa de nada, ela dá tudo. É que ele não via, porque ele
considerava, ele combatia o mal da natureza. [Claudio chama a atenção para o que está
se passando na tela:] Olha só... olha a revelação! Vai enlouquecê-lo, não é? Ele vai entrar
num [processo de] enlouquecimento!
Ele sempre traz alguma coisa que machuca o burguês: o aristocrata chega de viagem,
almoça ricamente e pede para trazer o piquenique. O burguês não entende! Isso não
deixa de passar como um componente para a constituição da imagem-tempo. Figuras
aristocratas. [referência ao momento da revelação, no lme] Vocês sabem que nós
estamos entrando aí no invisível - só quem está vendo o Tatzio é ele: aquela força da
natureza está se revelando para ele [Aschenbach], para mais ninguém! Estão todos [se
relacionando] normalmente com o Tatzio. Muitos pensam que é uma prática
homossexual, todo mundo confunde muito isso. Mas, no nal, ele enlouqueceu
totalmente, ele piorou, o encontro o degradou. Mas aí, não: aí é uma obra de arte que
está... a essência da obra de arte.
Aluno: Claudio, pode fazer.... numa aula você falou de singularidade e indivíduo,
não é?
Claudio: Pode fazer! Pode: ele tem um encontro com uma singularidade!
Aluno: Enquanto para os outros... eles estão em contato com um indivíduo.
Claudio: Os outros estão em contato com um indivíduo belíssimo, é. Ele, o Tadzio,
é um indivíduo.
[referência ao lme] Olha o que o Tatzio vai fazer... Olha lá! Olha lá! Quer ver?
Terrível, terrível! Perturbou o professor!
Deleuze: "A obra de arte é feita de uma queixa, como com as dores e os sofrimentos de
que tiramos uma estátua. O tarde demais condiciona a obra de arte e condiciona seu êxito, já
que a unidade sensível e sensual da natureza com o homem é por excelência a essência da
obra de arte...". Então, a essência da obra de arte, é o que está acontecendo aí. É o
encontro que o homem faz com a singularidade natural. É a revelação, a essência, a
dimensão da obra de arte. Toda a questão do Visconti...
Agora eu vou contar uma história para vocês entenderem a questão da obra de arte...
qual é exatamente a questão da obra de arte:
Um poeta francês, chamado Gérard de Nerval, tinha como prática de vida,
de nitivamente, a compreensão do que vem a ser uma obra de arte. Em seus momentos
de loucura - porque ele transitava numa loucura muito grande, loucura em tudo: loucura
sexual, loucura... ele tinha todas as loucuras possíveis! - ele fazia encontros com
determinadas imagens saturadas de gases, imagens densas, que não queriam dizer nada;
como mais vulgarmente a gente faz com imagens do sonho, imagens hipnagógicas,
imagens delirantes... E ele fazia encontros com uma imagem; colava-se a ela... e a vida
dele se tornava um agenciamento com essa imagem - não dormia, não comia, não fazia
mais nada! - cava o tempo todo grudado na imagem, para extrair a beleza dela.
Então, o artista é isso: o artista é aquele que se associa ao mais surpreendente. A
obra de arte é alguma coisa com a qual a gente se surpreende - inclusive de ela servir ao
burguês, mas ela serve; e você ca sabendo como: ela serve como um mundo que cerca o
burguês e tal. Não é a questão do artista. A questão do artista é pura e simplesmente criar
essa inutilidade absoluta, que é a obra de arte.
[referência à discussão sobre a arte, que passa em ash-back no lme] A discussão é
linda!
Ele está entrando no tempo através de uma imagem hipnagógica, enlouquecida... É
porque o homem tem diante de si um quadro - um quadro muito nítido - que são as
signi cações: as signi cações sociais, as matérias perceptivas de um tempo histórico.
Porque você é educado para entrar nas signi cações dessa matéria perceptiva. Você entra
nelas. E é onde está a marca do artista: ele não entra. Ele se arrisca em matérias vazias e,
para correr esse risco em matérias vazias, ele tem que utilizar seu pensamento. E ele vai
ao extremo nessa experiência. É uma experiência de vida terrível - porque é uma
experiência de loucura, uma experiência de morte - é uma experiência toda original que o
artista vai fazendo [ao longo de sua obra]. Ele entra nessas dimensões do tempo,
rompendo com as signi cações clássicas, com as percepções ordinárias, com o modelo de
campo social de um determinado tempo histórico.
PARTE II
Quando Deleuze introduz aqui o tempo reencontrado, ele está introduzindo uma
ideia proustiana. Visconti aqui começou a fazer uma associação com Proust. E é muito
interessante, que Deleuze diz aqui uma coisa que eu nem sabia: pois parece que Visconti
teria traduzido Proust, teria feito um trabalho sobre Proust.
Deleuze vai dizer assim: "Podemos listar os temas que ligam Visconti a Proust" - uma
coisa muito clara, todo mundo sabe, não precisa nem ter lido Proust para saber - o
mundo dos aristocratas. Proust só trabalha com aristocratas. Mas só que Deleuze fala - o
mundo cristalino dos aristocratas. Quando Deleuze fala "mundo cristalino dos aristocratas",
é que ele está opondo cristalino a órgão; ao organismo do burguês. Ele vai fazer essa
oposição.
Aluno: --? --- Proust sempre opõe o aristocrata ao burguês --? --
Claudio: O confronto? O Barão de Charlus é um exemplo, (não é?) Sendo que o
Proust leva isso ao paroxismo, porque, no mundo de Proust, vai aparecer um aristocrata,
como Charlus, que inclui a loucura. Porque... uma coisa fantástica, que o Proust marca, é
que todo mundo pensa que Charlus é um homem mau e tem horror dele; mas quando
descobrem que ele não é mau, que é louco, é aí que as pessoas correm: ele apavora, ele
enlouquece!
Bem, primeiro elemento da entrada no tempo: o mundo cristalino dos aristocratas.
Segundo elemento, terrível: decomposição interna. Para gerar a imagem tempo, ele tem
que puxar o mundo aristocrata e introduzir a decomposição.
Olhem, aqui vocês podem pensar assim: não há diferença para um cozinheiro que
está fazendo um bife - um bife... tem-se que colocar manteiga e sal; para gerar a imagem-
tempo, ele tem que entrar com o mundo aristocrata e produzir decomposição: ele tem
que decompor.
(Assustou um pouco, não é? Isso cou um pouco perdido!..)
Prestam bem atenção: ele está construindo alguma coisa - a imagem-tempo; então...
é assim que ele está construindo a imagem-tempo!
Foi o que eu disse no começo da aula: há momentos em que o Visconti "fracassa"
nos lmes dele, ele mesmo se esquece. Porque, se vocês lerem a Crítica da Razão Pura
(http://claudioulpiano.org.br/wp-content/uploads/2016/10/critica_da_razao_pura.pdf ), Kant
vai dizer com todas as letras: quando um pensador produz alguma coisa - por exemplo,
quando Platão produz a teoria das Idéias - o pensamento dele está tão tomado por
aquela produção que ele não tem muito domínio: o próprio Visconti não tinha muito
domínio sobre o que ele fazia. Aquilo escapa: escapa ao artista. Por isso, o comentador
tem muito mais potência do que o próprio gerador. Kant, quando fala nos ideais
platônicos, fala com muito mais facilidade que o próprio Platão.
Deleuze vai dizer que os elementos que vão produzir a imagem-tempo são: o mundo
cristalino dos aristocratas; a decomposição interna e a história; e nalmente o "tarde
demais" do tempo perdido, mas que também cria a unidade da arte e o reencontro do
tempo. Então, a unidade da arte vai implicar na presença do "tarde demais", (tá?)
Creio que agora posso parar um pouco com o Visconti e dar um pouquinho de
Proust, a m de que vocês possam associar e compreender de nitivamente o que é a
produção da obra de arte. Por exemplo...
Greenaway pode ser considerado um artista? Se ele for um artista, ele está
convivendo com o tempo - parece que é o que o Ca. quer dizer -, ele tem que ter
produzido uma dimensão essencial, deve ter produzido, ali dentro, alguma coisa da
essência do tempo, senão [surge] o caos. O artista vai produzir o caos? Não! Caos é o que
ele recebe. Ele entra ali e produz alguma coisa. Alguma coisa emerge. O cientista produz
atratores estranhos, produz balanças, produz equações. O artista também produz alguma
coisa: por afeto.
"Os signos da arte e a essência" [em Proust e os signos
(http://claudioulpiano.org.br/wp-content/uploads/2016/10/1964-Proust-e-os-
signos.pdf)do Deleuze] - esse capítulo parece que... (Entender uma leitura, entender, eu
não gosto de criticar ninguém, perder tempo com críticas, mas... as leituras são muito
mal feitas; porque, para poder entender, você tem que sobrepor uma leitura a outra. Se
você quer entender um texto desses... [referência ao capítulo "Os cristais do tempo", em
Imagem-Tempo (http://claudioulpiano.org.br/wp-content/uploads/2016/10/1985-
Cinema-2-A-imagem-tempo.pdf)do Deleuze] sem uma leitura de "Os signos da arte e a
essência"... você não entende!)
Bom, o Proust vai dizer aqui... - acho que esta frase também é muito de nitiva, está
entre aspas - Proust está falando:
"Só pela arte podemos sair de nós mesmos, saber o que vê outrem, de seu universo que
não é o nosso (é exatamente pela arte que nós estamos vendo o Visconti nos mostrar a
"revelação" da beleza sensual), cujas paisagens nos seriam tão estranhas como as que
porventura existem na lua. Graças à arte, em vez de se contemplar um só mundo, o nosso,
vemo-lo multiplicar-se, e dispomos de tantos mundos quantos artistas originais existem, mais
diversos entre si do que os que rolam no in nito. Se não houvesse a arte, nós estaríamos
prisioneiros de um mundo só."
Nas práticas sociais, é a coisa mais fácil de vocês entenderem: o homem comum está
preso a um mundo só, ele não consegue quebrar aquilo de jeito nenhum, ele vive ali em
torno, supondo que aquilo é a essência da natureza. Sem saber que a natureza não tem
essência: ela... cria a essência dela: a arte cria!
(http://claudioulpiano.org.br/doacoes/ajude-nos-a-preservar-e-difundir-o-acervo-
de-aulas/)
Então, a arte produz sistemas individuados. Ela produz, gera, e aí nos dá a
possibilidade de viver em múltiplos mundos. Isso é muito fácil de entender, se vocês
forem ver qualquer coisa da passagem do século XIX para o século XX.
Se vocês forem estudar o Modigliani, vocês se lembram dos olhos azuis que ele
pintava, aqueles olhos que ele fazia - azuis - "aquela coisa"? A psicologia nos revelou
isso. [Aqueles olhos azuis] produziram um diferencial na sensibilidade. A sensibilidade
se alterou - como esses jogos que o meu neto joga alteram a sensibilidade; como a
psicodelia altera a sensibilidade. Alteração de percepção! A arte está muito associada
com a alteração de percepção.
(http://claudioulpiano.org.br/wp-content/uploads/2016/10/woman-with-blue-eyes-1918.jpg)
Woman With Blue Eyes, 1918. Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, Paris, France
Em outro nível, o Paul Veyne e o Foucault sempre disseram isso: o que você vê no
século XVI você não vê no século XX. O seu olho não vê qualquer coisa em qualquer
tempo. E quem produz essas modi cações são essas singularidades que produzem novos
sistemas individuados.
Então, é bobagem pensar-se que a arte é apenas para tomar o chá das cinco... Não é
nada disso! A arte produz mundos. A arte é uma coisa seríssima - produz mundos!
Não sei se vocês entenderam isso. Não é só para quem vai ao Museu de Belas Artes,
não - é para todos! Nela, [encontram-se] novos mundos. Sem ela... é difícil viver. Acho
que é impossível. Impossível! Porque você caria preso a um sistema de mundo só e isso
geraria uma sufocação... e você se submeteria à tirania de um ideário, geralmente
totalitário, - daí a associação da arte com a política -, e se tornaria impossível a vida. A
vida tem que ter essa relação com a prática artística. Aconselho a leitura deste texto: "Os
signos da arte e a essência" [Capítulo IV do livro Proust e os Signos
(http://claudioulpiano.org.br/wp-content/uploads/2016/10/1964-Proust-e-os-signos.pdf ), de
Gilles Deleuze]. É muito fácil esse texto. Com isso daí vocês vão começar a compreender o
que é a arte.
Eu sempre disse e repito para todo mundo: a arte não vai trazer nada: nada, nada,
nada. A arte é... uma experimentação. Não sei quem disse isso, talvez o Rilke, é o estilo
dele, não tenho certeza: a arte é uma revelação de experiência. Mas não é experiência de
você, porque... a magia é que faz mais experiência, viaja mais, vai mais a Paris, vai mais a
Nova York, não! É uma experiência nessas essências!
Então quando vocês virem um poema, não pensem que um poema é apenas uma
exibição de palavras: é uma experimentação de sentidos que nunca emergiram. Então, é
uma coisa louca! São sentidos que nunca viriam a um sistema individuado se não
houvesse o artista para extraí-lo. Em Bergson vocês encontram isso. Bergson diz que o
passado é em si, que o sentido é em si, que a idéia é em si. O pensamento vai lá e gera
alguma coisa. Vai produzir ali algo de fundamental para a vida.
A vida engasga. A arte é superior à vida - essa é a tese do Proust. A vida engasga.
Chega a um ponto em que ela se torna suicidária. Não há mais como passá-la.
A melhor idade para se começar a lidar com arte é [aos] onze anos. Como nós
estamos muito infestados pelos valores burgueses, nós nos decepcionamos com esse
enunciado sobre a arte, e achamos que é muito pouco. Mas não é muito pouco. Fernando
Pessoa, de quem meu aluno C. gosta muito, escrevia que ele se considerava um homem
em estado de sacrifício para salvar a humanidade... fazendo poemas. Quando o Fernando
Pessoa diz isso, o homem comum morre de rir, "que sujeito idiota!", "que imbecilidade!"
Realmente é uma prática que ele está fazendo, de querer dar um desvio e um caminho
para a vida. E ele se dizia um sacri cado. "Eu não quero nada da vida, vou sacri car
inteiramente a minha vida a favor da humanidade" - e faz aqueles poemas dele: "O
Guardador de Rebanhos (http://claudioulpiano.org.br/wp-content/uploads/2016/10/O-
Guardador-de-Rebanhos.pdf)"
O meu olhar é nítido como um girassol.
PARTE III
(Então é melhor deixar passar o lme, não é? Aí, vocês vão ser inundados de signos.
Na hora em que despertar alguma coisa..., pára!)
Aluno: Engraçado que, ao que parece, ele apresenta dois tipos de revelação: uma
revelação com a madeleine - ele tem uma revelação, mas está preso num objeto sensível;
e uma segunda revelação, que já é o tempo puro direto...
Claudio: Olha, o Deleuze não diz bem assim. É possível ser dito como você está
dizendo... o Deleuze vai mais fundo nisso. Está bem dito, mas o Deleuze aprofunda mais
o que você acabou de falar quando ele diz aqui assim...
"Fórmula proustiana: um pouco de tempo em estado puro." O que Proust quer ao dizer
isso? Como é que vocês diriam? A fórmula proustiana: "um pouco de tempo em estado
puro." O que quer dizer isso? (Quem não decifrar vai morrer enforcado. Quem não se
arriscar... morre enforcado!..)
"Um pouco de tempo em estado puro" - ele está dizendo que há tempo que não está
em estado puro. Proust está dizendo o quê? Proust está dizendo que existe um tempo
para o estado puro. Esse tempo, que está fora do estado puro, é exatamente isso que você
acabou de falar: é um tempo que pode ser apreendido pela memória, pela imaginação -
[enquanto que] o tempo em estado puro... só o pensamento pode apreender.
Então, ele diz aqui: "A fórmula proustiana, um pouco de tempo em estado puro, designa
em primeiro lugar o ser em si do passado, isto é, a síntese erótica do tempo, mas, designa
mais profundamente a forma pura e o vazio do tempo."
Por que ele diz isso? Porque ele quer o tempo puro, o tempo puro é vazio, e todas as
teses sobre o tempo, inclusive as do Bergson, misturam o tempo com Eros, misturam o
tempo com Narciso, o tempo do Narciso, o tempo do erótico, e Proust quer tempo puro,
tempo vazio - que é a mesma coisa de Visconti - é vazio! (Não sei se vocês entenderam!)
(Se vocês não souberem perguntar, é que a questão talvez não tenha passado bem.)
[É preciso] entender isso: O rompimento, quando Deleuze aponta para Proust e critica
Bergson, é [que] Bergson está prisioneiro do tempo misturado com Eros, misturado com
Narciso - um tempo todo penetrado de coisas!... Para se tornar um pensador... é preciso
querer o tempo puro.
Aluno: Eu acho que é aí que eu tenho di culdade...
Claudio: É muito simples, há uma maneira de dar conta disso... - confronta
pensamento e inteligência. Qual de nós aqui não é inteligente? Todos nós somos. Qual de
nós não quer ser inteligente? Não ser enganado no troco, ganhar juros no "centrão",
arranjar um bom emprego, obter sucesso na vida?! - isso chama-se ter inteligência. E com
que nós confundimos isso?
Aluno: Com o pensamento!?
Claudio: Com o pensamento!..- não tem nada a ver! A inteligência vive no campo
social, no campo comunicativo, no campo intersubjetivo - o pensamento é aquilo que
lida com o tempo puro. É a coisa mais simples!
Aluno: A imagem da ampulheta é muito forte, Claudio! É quando acaba... e ele vê:
quando ele vê o vazio da ampulheta - ele fala que o pensamento quer entrar, mas que,
a nal, é tarde demais...
Claudio: Mas entra!
Aluno: Mas entra!?
Claudio: O tarde demais entra! O tarde demais não é um estado do homem. É uma
dimensão [do tempo]. Isso é o trágico! Tarde demais é o trágico; o transcendental! Esse
enunciado que eu z aqui sobre a diferença entre Proust e Bergson... é que o Bergson não
foi atrás do tempo puro... - quem foi atrás dele foi Artaud, foi Proust - que é o tempo sem
penetração de nenhum fantasma, de nenhum deus, de nada! Por isso, Proust... eu vou ler
aqui, que você vai ter a compreensão do que você citou... "A experiência proustiana tem
evidentemente uma estrutura totalmente distinta das epifanias de Joyce, mas trata-se também
de duas séries (olha a marcação: duas séries!), a de um antigo presente (o antigo presente é
aquilo que está no nosso passado), Combray tal como foi vivida, e a de um presente atual.
(duas séries!) Sem dúvida, permanecendo numa primeira dimensão da experiência, há uma
semelhança entre as duas séries: a madeleine, a refeição da manhã, e mesmo a identidade e o
sabor com qualidade não somente semelhante, mas idêntica nos dois momentos. Todavia não
está aí o segredo. O sabor só tem poder porque ele envolve alguma coisa igual a x."
Quer dizer: alguma coisa igual a x - para vocês que não estudam loso a...
[referência aos bailarinos e atores presentes], para eles que estudam loso a, é matar
vocês: matar! Por quê? É exatamente a experimentação que se faz nesse trabalho daqui -
para se fazer um trabalho desses..., para encontrar Proust, você tem que sair do plano da
identidade - que é o plano da inteligência. A inteligência só trabalha se ela tiver o
princípio de identidade submetido por ela, senão ela não trabalha. A inteligência não
suportaria dizer "S. está sentada e está em pé". Ela precisa da identidade para se sustentar!
O que Deleuze está dizendo aqui é que, para entrar na arte, é preciso encontrar um tal de
objeto - "alguma coisa igual a x" - que não mais se de ne pela identidade: de ne-se pela
sua própria diferença essencial.
É como se você fosse posto para fora de casa: "Vai embora, não ca mais aqui, você
agora tem que arranjar tua comida, tem que se cobrir de noite, vai se virar, cara! Sai dessa
segurança idiota que você está tendo aqui e vai se virar". Ou seja, é rompido tudo aquilo - e
se você quiser fazer a prática de arte, a prática do pensamento, tudo aquilo que você
supunha que era o fundamento, não é! (Não sei se vocês estão entendendo bem...)
Aluno¹: Claudio, o Bergson chegou a de nir só as duas primeiras sínteses, quem
de niu a terceira, foi o Deleuze?
Claudio: Não. Não foi o Deleuze... O Deleuze é o pensador dos agenciamentos.
Deleuze não para de enquadrar aqueles que se agenciaram com a terceira síntese, no caso
é o Proust, no caso é o Artaud. Eu acho que se vocês lerem o Artaud, do Maurice
Blanchot, vocês vão entender bem. Não é assim: entender... não é o entendimento da
inteligência. A inteligência só entende se houver identidade e não-contradição. Se você
disser para a inteligência que S. está sentada e está de pé, ela não vai entender... Não é
justo, ela não vai entender isso! Então, não é a inteligência que entende. É o
pensamento que vai... Eu posso dizer para você que o Artaud produziu os grandes
enunciados sobre a terceira síntese.
Aluno¹: Mas quem deu o nome de terceira síntese. ..?
Claudio: Ahhh, sim, o Deleuze!!
Aluno²: Deleuze que organizou?
Claudio: [Deleuze] é o administrador - o pensador da administração! Deleuze é um
lósofo: um lósofo do tempo!
Aluno³: Ele está tornando visível...
Claudio: Ele está trazendo essa matéria para a especulação, para o pensamento
especulativo.
Aluno²: Você diz que o Deleuze administrou. Mas, talvez, mais do que o termo
administrar... ele compôs alguma coisa com isso?!
Claudio: Não, Deleuze não interfere, como o historiador clássico da loso a
interfere nas obras dos lósofos, dizendo que é verdadeiro ou falso. Deleuze não faz esse
tipo de coisa! Deleuze se importa se ela for sedutora e criadora. Ele não dá importância
para a tolice!... Ele não faz essa clássica interferência, que o historiador da loso a faz
numa obra losó ca, chamando-a de verdadeira ou de falsa. Ele não faz isso. Ele não
acrescenta ao Artaud. A leitura que ele faz é muito original! Talvez por isso as pessoas
tenham di culdade para entendê-lo. Ele não lê como os historiadores clássicos de
loso a leem. Ele não faz comentários, não faz interpretações, o que ele faz são
sobretudo avaliações. Pega o Nietzsche, por exemplo: lendo Nietzsche, di cilmente você
vai dizer que reconhece [ali] o que o Deleuze diz. Não! É bem diferente! Mas o Deleuze
não diz como... um historiador como Bertrand Russell, por exemplo, diz, que o Nietzsche
é louco, porque falou no eterno retorno. Não é nada disso! Para que serve o eterno
retorno? O que eu vou fazer com isso?
Aluno²: Como funciona aquilo...
Claudio: É. Como funicona? Para que serve, como funciona? É esse o trabalho do
Deleuze. Ele não é um historiador da loso a.
Isso daí, em qualquer universidade que você for, no mundo inteiro, todo mundo vai
chamar o Deleuze de "historiador da loso a"... por sordidez! Por sordidez! Não é por
epistemologia: é por sordidez!
Aluno³: Eu acho que ca muito claro se você pegar uma aula de loso a de um
professor comum... e uma aula de loso a do Claudio. Dá para se perceber a diferença.
Ele está mostrando como se pensa... como isso funciona...
Claudio: É uma máquina! Você está diante de uma máquina: como ela funciona,
para que serve... serve para quê? Para entrar no tempo! Nada mais do que isso!...
Atualmente, os... - isso é (-? -) dos deleuzeanos; são muito poucos! -...eles estão
procurando mostrar como o Deleuze faz com o pensamento... como é que Deleuze lê.
Como é a leitura dele.
Há um engano - todo mundo se engana!. .. - [acerca] do Deleuze ou [de mim mesmo],
admitindo ou iludido de que isso implica em formação de seitas, de grupos. Não! Nada
disso! Na verdade isso aqui é um caminho solitário - a solidão pode ser em grupo! Mas
não busca seitas, não busca solidariedade, não busca reconhecimento, nada disso. Nada
disso! Não está no universo deleuzeano, de forma nenhuma. É fácil distinguir... basta ler
Hegel, lendo Hegel, entendendo Hegel, você vê que ele trabalha com o reconhecimento...
Hoje, quando a Fernanda Montenegro estava falando numa propaganda na
televisão... eu até ri muito... porque [essa propaganda] era toda fundada no
reconhecimento. "Tudo isso só pode ser feito, porque o passado garante o futuro!" - é Hegel!
Então... essa prática daí, eu não tenho nada disso: é um exercício de vida! Um exercício!...
Bom, eu não sei o que eu faço. Se vocês conseguiram entrar nessa dimensão... É o
tempo, o tempo chegou.. entrou o tempo. .. e... (-? -). As minhas leituras garantem o que
estou falando, (não é?) Talvez esteja aí o rigorismo que eu atravesso, admitindo que
todos têm que fazer uma espécie de leitura semelhante. Mas há um exagero meu, nisso.
Talvez não seja preciso! Embora o Deleuze se sustente [dessa maneira]. Ele se sustenta
assim. Nas... leituras muito fortes que você tem que fazer... para conduzir a sua
existência.
Bom... eu vou fechar esta aula, tá? Aí a gente passa a ver o lme...
O que difere Bergson de Proust, Proust de Robbe-Grillet, de Resnais, desses todos
que estão aí, de Godard, é que cada um tira uma porção dessa criatura chamada tempo. A
do Visconti é o tarde demais!
Na página 99 desse livro aqui [A Imagem-Tempo (http://claudioulpiano.org.br/wp-
content/uploads/2016/10/1985-Cinema-2-A-imagem-tempo.pdf)] - o texto vocês devem
ler, [é sobre] a fundação do tempo (--? --). Deleuze vai falar agora no cristal do tempo - a
formação do cristal, o problema da música, o cristal sonoro, estribilho, memória, tempo
e até.. Olha, quando eu faço uma associação com meus alunos... - geralmente faço isso na
universidade, fora dela raramente eu faço isso. Eu faço uma associação de construir um
mundo neutro entre mim... que eu e os alunos habitemos aquele mundo neutro; que
todo mundo se admita dentro de uma posição. Que é... que... ter excesso de vaidade,
excesso de orgulho..., isso prejudica o estudo! É... o encaminhamento que o Braudel fez
para mim. Ele dizia que, numa sala de aula com 500 alunos, ele encontrava dois ou três
que podiam atravessar!
Muitas coisas a gente não entende, mas isso não tem problema. É isso... Você vai ler
um livro de arte, como o do Wölf in, por exemplo, e ele vai falar de uma gura
chamada... profundidade de campo; ele nem usa esse nome, é um nome moderno, (não
é?). A profundidade de campo... não, ele usa outro nome, não me lembro, comparando a
arte clássica com arte barroca. Não é nada, não dá nem importância para isso. Mas
acontece que a profundidade de campo é do barroco conquistando o tempo. É o tempo
sendo conquistado!
Aluno: É plano e profundidade.
Claudio: É plano e profundidade... mas ai, sabe o que é, L, é no capítulo dois, do
Wöll in, se não me engano, (não é?) você estudar a profundidade, porque há uma
diferença nos mecanismos utilizados pela pintura clássica e pela pintura barroca. As
diagonais, as luzes barrocas (não é isso?) e as dimensões clássicas. Que realmente, quem
vai conquistar o tempo é o barroco! O clássico se limita ao espaço. Essa noção de tempo
talvez seja um bloqueio para vocês. Talvez ela bloqueie...
Eu vou levantar uma questão: existe uma gura que a matemática, por exemplo, lida
muito com ela - que é a gura do in nito... O que é o in nito? Os séculos trazem um
debate sobre se o in nito é real ou não... - é uma discussão entre o in nito atual e o
in nito potencial. Então, essas noções, que parecem de pouca importância, elas são
elementos fundamentais para se entender essas criaturas que estão aparecendo aqui:
tempo, cinema, arte, pintura, teatro, loso a, invadir essas coisas. Por isso, eu digo, que
criar um espaço neutro com o aluno dentro da universidade é muito fácil para mim.
Sempre muito fácil para mim. Não tem vaidade em dizer eu sei, eu sei qual o problema,
nada disso! Você não tem que viver isso! Você tem que fazer agenciamentos ali, para
poder... desde que se queira usar isso na vida... (não é?) Servir-se disso.
Eu acho que não tendo mais nada a dizer... que vocês não perguntam... eu não tenho
mais o que falar. Chegamos na revelação/ tarde demais... vocês se viram com isso, não é?
Não vai levar muito longe, hein? Porque nós vamos chegar a dimensões extraordinárias,
nisso aqui. Por exemplo: o cinema do Robbe-Grillet... é assustador. Eu não poderia
explicar o Robbe-Grillet para vocês com facilidade... é impossível!...
Passa o lme... O lme vai explicar tudo isso!
....Aristocracia, decomposição, história e tarde demais. Pega a aristocracia [trecho
inaudível, misturado com as vozes e a música do lme]
O tarde-demais demais é que penetra... tira você da... do ordinário. Tira você daí. (...)
Eu estou dizendo desde o começo: é a insuportabilidade deste encontro que gera a
obra de arte.
Aluno: A expressão é isso?
Claudio: Isso é a expressão!!! Você não tem outra saída!!! Se você não expressa, está
morto!!! É isso o que eu estou dizendo desde o começo...
Aluno: É uma dobra, então, seria isso?
Claudio: Aí vira um nome, vazio...
Ou você expressa aquilo, ou você morre!!! O artista é isso. Muitas vezes você não
consegue expressar: você pira, você enlouquece. É o que Proust conta no "Contra Saint-
Beuve", é isso! Basta isso: o artista não aguenta! Vocês acham que Fernando Pessoa
morreu de quê? De "bife com batata frita" ou de arte? Morreu de arte!!! Mata!
(----------)
Vocês não entendem é o problema: como você entra nessa matéria... no
pensamento. Para Platão - quando é que você pensa para Platão? Quando você se
espanta! [Platão] Espantou, entrou! [Visconti-Proust] Revelou, entrou! Confrontem que
vocês vão entender: Revelou, entrou. Espantou, entrou. É a diferença dos dois! Agora:
Platão... espantou, entrou e pensou. Revelou, entrou... foi tarde-demais! Que coisa grave,
hein? Porque, se é tarde demais... é o vazio!!!!!
A música é maravilhosa... Esse menino, o Mahler, foi perseguido pela mulher do
Wagner. A Cosima destestava ele... Por causa disso aqui, dessa sinfonia aí...
(-------------)
Se um homem sofre mais que do que outro, não tem a menor importância, porque
poderia não ter sofrido. Nenhum sofrimento garante a você maior nota metafísica. É o
erro de muitos pensadores! O Rubens Correia, quando foi fazer uma peça sobre Artaud,
ele pensava que Artaud era importante porque sofreu muito. Eu conheço um sujeito em
Macaé que sofreu muito mais do que o Artaud. Não há nada no mundo da contingência,
ou seja: daquilo que acontece, mas poderia não ter acontecido, que nos dê uma posição
superior ao outro. Não é por aí. Esse é o primeiro ponto da (-? -) O sofrimento é o da arte.
Aluna: Tem até uma máxima cristã, não é? Quem mais sofreu...
Claudio: (--? --) Esse é o sofrimento vulgar, mas não é isso! É uma experimentação
radical... muitos não fazem... outros fazem... Há um autor, que se chama Clément Rosset,
que pergunta qual a importância de se fazer ou não essa experimentação. O homem
trágico tem mais valor existencial que o homem não trágico? Não! Não é por aí. É querer
fazer da vida esse caminho... Acredito que quando você entra...não tem volta!... Não tem
volta!... Não tem volta!... Como é que vai voltar???
Mas o enunciado básico é aquele da ampulheta...
Fim
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29 DE OUTUBRO DE 2016
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Nunca é tarde demais para ouvir/ler Claudio Ulpiano é uma aventura onde o
destino é algo incerto…embarcar no seu pensamento é embarcar no tempo
puro…é quebrar o senso-comum é agenciar-mo-nos com o in nito….
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