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Iniciação Científica Cesumar

ago-dez. 2002, Vol. 04 n.02, pp. 125 - 130

A SÍNDROME DO RESPIRADOR BUCAL: UMA REVISÃO PARA A FISIOTERAPIA

Eliane Franqui Barbiero1


Luiz Carlos Marques Vanderlei2
Patrícia Cesar Nascimento2

RESUMO: A síndrome do respirador bucal é um conjunto de sinais e sintomas que podem estar presentes, completa ou
incompletamente, em indivíduos que, devido a motivos diversos, substituam o padrão correto de respiração nasal por um
padrão de suplência bucal ou misto. Os sinais e sintomas apresentados por esses indivíduos dependem de vários fatores
e alteram de forma significativa a sua qualidade de vida. Em função das graves alterações que a respiração bucal pode
produzir, o tratamento do respirador bucal torna-se extremamente importante e a participação da fisioterapia nesse processo
é fundamental. Nesse trabalho, pretendemos abordar aspectos importantes para a fisioterapia sobre a síndrome do respirador
bucal, visando fornecer subsídios que possam contribuir para um melhor entendimento dessa síndrome por parte da
fisioterapia, o que permitirá melhor qualidade no tratamento de indivíduos portadores da Síndrome do Respirador Bucal.

PALAVRAS-CHAVE: respirador bucal, fisioterapia, respiração.

ORAL BREATHER : A REVIEW FOR PHYSIOTHERAPY

ABSTRACT: Oral Breather Syndrome is a set of signs and symptoms that may be fully or partially present in human beings
replacing the normal nasal breathing patterns by a mixed (oral and nasal) or an oral ones. This process occurs due to diferent
reasons. Signs and symptoms shown by these people depend on several factors and alter their life quality in a significant way.
Because of the alterations that this syndrome may produce in human beings, the treatment of the oral breather is extremely
important, and the participation of physiotherapy is indispensable. In this work, we intend to refer to essential features of the
Oral Breather Syndrome aiming at providing enough information as to contribute to the process of comprehension of this
syndrome under a physiotherapeutic view. The ideas got from this case study will provide better conditions for a higher quality
of the treatment of people who suffer from the Oral Breather Syndrome.

KEY-WORDS: oral breather, physiotherapy, breathing.

Introdução respiratório, levando à respiração bucal, o que produz uma


série de alterações faciais e corporais que permitem
A respiração é uma função vital, instintiva e reflexa, classificar o paciente como portador da síndrome do
que se dá no primeiro momento de vida fora do útero e, respirador bucal (ARAGÃO, 1988; KRAKAUER &
através da respiração nasal, o ar é levado até os pulmões GUILHERME, 1998; SANT’ANNA, 1999; VIVANCO, 1999).
em condições favoráveis, ou seja, filtrado, aquecido e
umidificado (COSTA, 1997; KÖHLER, 2000; NICOLÓSI, A Síndrome do Respirador Bucal
2001).
Os humanos são, primariamente, respiradores nasais A característica básica obrigatória do respirador
(WARREN et al., 1987). Entretanto, alterações podem ocorrer bucal é, em algum momento do dia, respirar apenas pela
nas vias aéreas superiores, modificando esse padrão boca e não pela via nasal (SÁ FILHO, 1994; CARVALHO,

1
Mestre, Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Maringá – CESUMAR.
2
Discentes do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Maringá.
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A Síndrome do Respirador...

1996). Contudo, os sinais e sintomas apresentados por d) Conchas nasais hipertróficas: nos quadros nasais
certos indivíduos dependem de fatores genéticos, como: obstrutivos, a principal concha envolvida é a inferior, pois
face longa (JUSTINIANO, 1996; CINTRA, CASTRO & é a que mais parênquima possui e mais próxima está da
CINTRA, 1998; CINTRA, CASTRO e CINTRA, 2000), região da válvula nasal, o que produz a obstrução nasal
mecânicos relacionados à obstrução (EMSLIE et al., 1992; (CINTRA et al., 2000).
JUSTINIANO, 1996), vícios adquiridos, como, por exemplo, e) Hábitos deletérios: em geral, os hábitos resultam da
chupeta, mamadeira e chupar o dedo (EMSLIE, MASSLER repetição de um ato, como o uso prolongado de chupetas
& ZWEMER, 1992; CINTRA et al., 1998; CARVALHO, 2000; e mamadeiras com bicos inadequados, falta de
CINTRA et al., 2000), fatores psicológicos (JUSTINIANO, aleitamento materno e posicionamento inadequado no
1996), enfermidades pulmonares, como asma, bronquites, berço que levam ao hábito de respirar pela boca
traqueobronquites, bronquiectasias e sinusites (COSTA, (JUSTINIANO, 1996; CINTRA et al., 2000).
1997) e fatores associados a outras patologias, como as f) Rinite alérgica: a rinite alérgica, desencadeada tanto pelo
síndromes neurológicas (CARVALHO, 1996). contato com os alérgenos quanto com agentes irritantes,
O respirador bucal ou insuficiente respirador nasal, caracteriza-se clinicamente por apresentar prurido nasal
pode ser classificado sob três formas: orgânico, funcional e intenso, espirros em salva, obstrução nasal e coriza
impotente funcional, de acordo com os fatores que hialina, que induzem a respiração bucal (CINTRA et al.,
contribuem para o surgimento da respiração bucal 1998).
(KOHLER, 1995; CARVALHO, 1996). g) Alterações congênitas: alterações congênitas como
O respirador bucal orgânico apresenta obstáculos atresia de coanas ou imperfuração coanal, impedem a
mecânicos, que podem ser nasais, retronasais e/ou bucais passagem de ar pelo nariz. Isso ocorre devido à
(KOHLER, 2000), enquanto os respiradores bucais imaturidade neurológica do recém-nascido; essa
funcionais são indivíduos que apresentavam obstruções situação é incompatível com a vida, se ambas as coanas
importantes à respiração nasal e que foram corrigidas. No estiverem impermeáveis. Respirar pelo nariz é reflexo
entanto, mesmo tendo o trato superior absolutamente nato; a criança somente aprenderá a respirar pela boca
permeável, continuam respirando pela boca (KRAKAUER & em fases mais tardias de sua vida (PAVAN, 2001).
GUILHERME, 1998; SONCINI, 2000). Segundo MOTONAGA, BERTI & LIMA (2001),
Já os respiradores bucais impotentes funcionais são identificam-se as causas de respiração bucal através da
os que apresentam respiração bucal por disfunção anamnese e do exame físico, complementado por
neurológica (CARVALHO, 1999). Indivíduos portadores de radiografias. Analisando as causas da respiração bucal em
síndrome de Down e paralisia cerebral podem apresentar crianças, os autores encontraram a presença de rinite
respiração bucal devido à presença de alterações, como alérgica (32,69%), hipertrofia de adenóide (11,54%),
hipotonia dos lábios, o que os mantém entreabertos, hipertrofia de tonsilas palatinas (3,85%), hipertrofia de
constantemente, sem vedamento labial, e presença de adenóide e tonsilas palatinas (6,73%), hábitos adquiridos
atresia de arcos ou arcadas (AMÁBILE, 2002). (7,69%) e associação das patologias citadas (37,5%).
A respiração bucal causada pela obstrução das vias
aéreas superiores tem como fatores etiológicos: Alterações na Síndrome do Respirador Bucal
a) Alterações do septo nasal: desvio de septo, esporão,
traumas e fraturas, dentre outras; podem promover As alterações conseqüentes da respiração bucal
dificuldade respiratória devido a um estreitamento de atingem vários órgãos e sistemas, o que dificulta a qualidade
uma ou ambas fossas nasais (KIMMELMAN, 1989; de vida do respirador bucal. Essas alterações estarão
CINTRA et al., 2000). presentes em todos os sistemas que intervêm nas trocas
b) Hiperplasia de adenóides (JUSTINIANO, 1996): Adenóide gasosas com o meio atmosférico e no sistema músculo-
é a proliferação dos tecidos linfóides e, quando ela está esquelético, além de afetarem a nutrição, capacidade
aumentada, pode causar um bloqueio nas vias aéreas, intelectual, órgãos dos sentidos (JUSTINIANO, 1996) e a
impedindo a respiração nasal do paciente. saúde de modo geral, levando a inadimplência escolar, mau
c) Tonsilas inflamadas: as tonsilas inflamadas conferem desempenho físico e distúrbios de aprendizagem (EMSLIE
ao ato da deglutição uma sensação dolorosa, fazendo et al., 1992; JUSTINIANO, 1996).
com que os pacientes busquem outros posicionamentos O respirador bucal pode apresentar-se com lábio
para a língua, objetivando realizar a deglutição de forma inferior hipotônico e superior hipertônico, protusão dos
menos dolorosa. Nos processos crônicos, pode-se ter a dentes anteriores. Já o vedamento labial se dá com a
posição viciosa mesmo após a retirada das tonsilas utilização da parte lateral do músculo orbicular dos lábios,
palatinas. dando-lhe uma curvatura para baixo com grande

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Barbiero, E.F.; Vanderlei, L.C.M.; Nascimento, P.C.

comprometimento do grupo mentoniano e paramentoniano, (PAVAN, 2001).


fazendo o paciente queixar-se de dores no pescoço e nuca. A protração da cabeça promove antepulsão da
Além disso, observam-se olheiras, aspecto cansado, pelve, hiperextensão de joelhos, diminuição do ângulo
sonolento, nariz alargado, ombros caídos, hiponasalidade, tíbio-társico (FARRAH & TANAKA, 1997) e deformações
respiração audível, ronco, halitose, sono agitado, ricto facial torácicas (SÁ FILHO, 1999; CAMPOS, 2001),
ao deglutir saliva ou alimentos e diminuição da audição caracterizada por acentuação da convexidade da região
(JOSEPH, 1982; CARVALHO, 1996; JUSTINIANO, 1996; dorsal da coluna vertebral. O tórax característico do
KRAKAUER & GUILHERME, 1998; SONCINI, 2000). respirador bucal é o tórax escavatum (SÁ FILHO, 1999).
Observam-se, também, nesses indivíduos, falhas na Os músculos abdominais ficam flácidos e os braços
escrita, caligrafia ruim e queixas habituais de e as pernas assumem uma nova postura em relação à
comportamento, como, por exemplo: irritabilidade e/ou gravidade (SANT’ANNA, 1999). Todas essas alterações
agressividade sem causa aparente, distúrbio da musculares fazem com que a respiração seja rápida e curta,
escolaridade e dificuldades de concentração e de e os movimentos do músculo diafragma fiquem alterados
relacionamento por estar sempre muito agitado ou apático. (SANT’ANNA, 1999).
É uma criança que não pratica esportes, pois sua A respiração bucal pode acarretar conseqüências
capacidade pulmonar é deficiente. Seu sono é agitado e graves no sistema respiratório, por não promover um preparo
diversas vezes interrompido pela falta de ar, por pesadelos adequado do ar inspirado, levando às complicações
ou apnéia. Sentem-se cansados pela manhã, devido a pulmonares (PAVAN, 2001). Nos indivíduos respiradores
pesadelos e dificuldades respiratórias. Não conseguem bucais, observam-se modificações dos mecanismos
prestar atenção nas aulas e, para não dormirem, ficam muito pulmonares de absorção de gases, elevação da resistência
inquietos e impulsivos. Todas essas características das vias aéreas pulmonares e diminuição da complacência
produzem um ciclo vicioso que leva a um problema mais pulmonar. Isso produz um menor aproveitamento do oxigênio,
grave, ou seja, a diminuição da auto-estima dos indivíduos sendo necessário maior esforço respiratório. Essas
respiradores bucais (CARVALHO, 1996; JUSTINIANO, 1996; alterações podem levar ao desenvolvimento de insuficiência
KRAKAUER & GUILHERME, 1998; SANT’ANNA, 1999; cardíaca, taquicardias e até infarto do miocárdio (CAMPOS,
CARVALHO, 2000; NICOLÓSI, 2001). 2001) em função grande aumento da resistência ao fluxo
Em relação ao trato digestivo, como o respirador bucal sanguíneo pulmonar (FRANCESCO, 1998).
“engole” ar, aumentam as possibilidades de ocorrerem SAFFER (1995) relata que a respiração bucal pode
sensação de estômago cheio, com conseqüente diminuição causar tosse, hipertensão pulmonar e eventual cor
do apetite. Devido à obstrução nasal, os respiradores bucais pulmonale, apnéia do sono, sono agitado, sudorese profusa,
apresentam diminuição do olfato e do paladar e o aumento hipersonolência, cefaléias matinais, mau aproveitamento
do diâmetro da válvula existente na porção distal do esôfago, escolar, irritabilidade, agressividade e hiperatividade.
pelo aumento de pressão no estômago, produz maior A oxigenação sangüínea é diminuída na respiração
tendência ao refluxo gastroesofágico (PAVAN, 2001; BITTAR, bucal, independentemente se está ou não associada com a
2001). apnéia, o que altera o funcionamento muscular e o
Em situações de dificuldade respiratória, o organismo crescimento (BECKER et al., 1997), em especial da
automaticamente procura uma posição corporal mais musculatura cervical, a qual está em esforço constante para
confortável, que facilite o ato de respirar, produzindo ações manter a boca entreaberta e a língua baixa, com objetivo de
compensatórias musculares e esqueléticas que modificam permitir o fluxo aéreo bucal (CINTRA et al., 1998; BITTAR,
toda a postura corporal e induzem a vícios posturais e 2001).
distúrbios de equilíbrio de todo o corpo (PAVAN, 2001). A diminuição crônica de oxigenação tecidual, pode
Inicialmente, a respiração bucal leva a uma extensão levar a um comprometimento da memória e do humor
progressiva da cabeça, promovendo a retificação da coluna (PAVAN, 2001), a distúrbios do crescimento e do
cervical (SUBTELNY, 1980; VIG, SHOWFETY e PHILLIPS, desenvolvimento e a baixo rendimento escolar (CINTRA et
1980; KUMAR, IDHU, KARBANDA & TANDON., 1995; al., 1998; BITTAR, 2001).
SANT’ANNA, 1999; SÁ FILHO, 1999). Posteriormente, por Além das alterações acima descritas, respirar pela
apresentarem alterações crânio mandibulares e posturais boca pode causar problemas de fala (NICOLÓSI, 2001),
(BECKER, MARTINS & RAINHO, 1997), os respiradores cefaléia produzida pela tensão nos músculos hipotônicos
bucais tentam impulsionar a mandíbula para frente, levando do segmento cefálico (PAVAN, 2001), alterações
a um aumento da lordose cervical (KUMAR et al., 1995). otorrinolaringológicas (BITTAR, 2001), alterações
Esta posição da cabeça em rotação para cima, ou dentomaxilofaciais e alterações do aparelho ocular (SÁ
hiperestendida, amplia a passagem do ar pela faringe FILHO, 1994).

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A Síndrome do Respirador...

O conhecimento das inúmeras particularidades, uma melhora na ventilação pulmonar e correção das
dentre as muitas alterações possíveis de se encontrar no alterações de tórax, que ocorrem devido à má utilização dos
respirador bucal, é fundamental para indicar a necessidade grupos musculares envolvidos na respiração.
de uma intervenção precoce, de forma a amenizar ou, até De forma geral, a fisioterapia respiratória em crianças
mesmo evitar as alterações características desta síndrome, auxilia no restabelecimento do padrão respiratório fisiológico,
as quais poderão proporcionar problemas físicos, sociais e tendo como objetivos: estimular a inspiração nasal, aumentar
emocionais que alteram de forma significativa a qualidade a capacidade ventilatória, restabelecer o padrão respiratório,
de vida dos indivíduos. prevenir e corrigir deformidades torácicas, corrigir alterações
posturais e reeducar a musculatura envolvida nas alterações
Tratamento do Respirador Bucal apresentadas (CORDEIRO, 1994; COSTA, 1997; BASTOS,
2000). O treinamento realizado deve conter exercícios
Em função das graves alterações que a respiração globais, orientações e exercícios específicos de respiração,
bucal pode produzir, como relatado acima, o tratamento do os quais levarão à redução da resistência nasal à passagem
respirador bucal torna-se extremamente importante. do ar inspirado (COSTA, 1997).
Quando buscamos o atendimento ao indivíduo No Centro Integrado do Respirador Bucal e
respirador bucal, entendemos que, quando ele perdeu seu Fisioclínica Maringá, localizados na cidade de Maringá, o
padrão (correto) respiratório, as implicações são tantas que trabalho desenvolvido pela equipe de fisioterapia com
um especialista apenas não está capacitado a tratá-lo respiradores bucais tem os seguintes objetivos:
sozinho. É necessário que uma equipe de profissionais reestabelecimento do padrão respiratório normal,
possam fazê-lo, visando a um atendimento global. reeducação do tipo respiratório que deve ser nasal e correção
O tratamento interessa aos seguintes campos de das alterações posturais induzidas pela respiração bucal e
atuação: medicina, odontologia, fonoaudiologia, fisioterapia; que, em nível torácico, funcionam como obstáculos
psicologia e pedagogia (CARVALHO, 2000; PAVAN, 2001). anatômicos para o restabelecimento da ventilação nasal.
A equipe médica, constituída dentre outros por Para que esses objetivos sejam atingidos, e levando
pediatras, otorrinolaringologistas e neurologistas, fará o em consideração as características físicas específicas de
diagnóstico clínico ou cirúrgico do paciente e toda a sua cada indivíduo, são utilizadas as seguintes técnicas
programação de reabilitação (PAVAN, 2001). fisioterapêuticas: padrões ventilatórios musculares com
O fonoaudiólogo vai adequar a deglutição, a objetivos de estimular a musculatura diafragmática,
mastigação, a articulação da palavra, tonificar os músculos incentivar a inspiração nasal e melhorar a capacidade
da face, bem como trabalhar com as alterações dos órgãos inspiratória; exercícios de alongamento muscular estático
fonoarticulatórios. Os odontólogos, através das ou postural para músculos isolados ou grupos musculares
especialidades de ortodontia e ortopedia funcional dos que são realizadas visando tanto a um alongamento da
maxilares, trabalharão as alterações na estrutura óssea cadeia posterior quanto da cadeia respiratória, das cadeias
maxilar ou mandibular e na oclusão, criando condições anteriores do braço, ântero-interna do ombro e ântero-interna
estruturais de se fazer vedamento labial (CARVALHO, 2000). do quadril e exercícios de fortalecimento muscular.
Psicólogas e psicopedagogas trabalham os quadros Para alongamento da cadeia posterior, utilizamos
de dificuldades de aprendizado e as alterações de posturas em fechamento de ângulo coxofemural, estando o
comportamento presentes em indivíduos portadores da indivíduo sentado, deitado ou ainda em pé, as quais são
respiração bucal. Os respiradores bucais, geralmente, são indicadas para alongar os músculos posteriores, dentre eles:
muito inquietos, de humor difícil, impacientes e quase nunca músculos curtos do pé, tríceps sural, isquiotibiais, glúteos e
foram amamentados (CARVALHO, 2000). paravertebrais. Já para o alongamento dos músculos
anteriores, como o psoas, adutores pubianos, diafragma,
Atuação da Fisioterapia peitoral menor, escalenos, dentre outros, utilizamos posturas
de abertura do ângulo coxofemural, como, por exemplo,
Nessa equipe multidisciplinar, a fisioterapia possui postura rã no chão e postura em pé (MARQUES, 2000).
papel fundamental, apesar de a literatura apresentar poucos A cadeia ântero-interna do ombro deve ser alongada
relatos da sua atuação na reabilitação de indivíduos por abdução progressiva dos braços e a cadeia anterior do
portadores da síndrome da respiração bucal. braço, corrigida com os braços na posição de adução, sendo
De acordo com BASTOS (2000), a fisioterapia o decúbito dorsal a posição mais fácil para correção das
respiratória é de extrema importância no tratamento dos mesmas, trabalhando em conjunto com as cadeias
pacientes, pois reeduca a respiração, objetivando atingir anteriores e posteriores (MARQUES, 2000)
um padrão fisiológico e um menor gasto de energia. Há É importante salientar que, durante todas as atividades

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através do uso de determinados equipamentos que medem CINTRA, Pedro Paulo V. C. The dental facial alterations
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A Síndrome do Respirador...

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Iniciação Científica Cesumar - ago-dez. 2002, Vol. 04 n.02, pp. 125 - 130

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