RESUMO
INTRODUÇÃO
mais acelerado obriga-nos a refletir sobre como estas mudanças estão afetando o
∗
Professora do Departamento de Documentação/Mestre em Ciência da Informação.
*∗
Professora do Departamento de Documentação/ Mestranda em Administração.
1
Preocupa-nos, de maneira especial, o comportamento dos bibliotecários-gerentes, face
ambiência.
desempenho.
AS ORGANIZAÇÕES CONTEMPORÂNEAS
Mudanças acontecem cada vez mais rápidas no cenário mundial, nacional, regional,
vêm colocando no mercado cada vez mais globalizado e competitivo, tecnologias que afetam
2
A história da administração tem mostrado que o desenvolvimento das organizações
tempo em que aponta para a necessidade de se criar técnicas administrativas condizentes com
surgiu o grupo racionalista com as escolas Clássica e a Burocracia; a Teoria das Relações
Teoria dos Sistemas e a tendência de estudarem as organizações sob o ponto de vista totalizante. E
num cenário em que a incerteza é uma constante, provocada pela instabilidade econômica, política
e social, surgiu a Teoria Contingencial que herdou da Teoria dos Sistemas a ênfase dada à
ambiência, como fator importante e propulsor das mudanças na estrutura e funcionamento das
mesmo tempo em que mostra uma reação ao ambiente, sugere uma adaptação a esse ambiente.
estrutura. Verificou-se também que, por mais mutável que seja o ambiente, existem algumas
3
Sobre este aspecto, Motta (1993, p.117) comenta que: "(...) a estrutura de uma
organização determina, em parte quais os fatores ambientais que serão percebidos no meio
Para conviver com este cenário em que a incerteza é uma constante, as organizações
propostas que apresentam uma rigidez estrutural, capaz de provocar um choque com uma
realidade que não as permitam mais atender aos propósitos para os quais foram criadas.
Tem-se constatado que, modernamente, não existe, em princípio, uma melhor maneira
ambiência.
propostas para se enfrentar esta era de incertezas, e segundo Moscovicci (1988, p. 108): "(...)
século XXI".
4
Considerando que a estrutura é dependente do ambiente, e que este muda no tempo e
no espaço, conclui-se que a estrutura deveria ser igualmente variável e fosse fruto de uma
variações ambientais. Precisa de alguma regularidade estrutural para enfrentar todas essas
Esta simplicidade viria, segundo Motta (1995, p. 122) através de uma descentralização
responsáveis pela ativação de todas as funções meio ou fim e pelo seu direcionamento e ajuste
5
A complexidade dos sistemas de informação e todas as mudanças e modernidades a
que estão sujeitos hoje em dia, exigem que os bibliotecários conheçam bem as funções
interligadas, justapostas e contínuas, não obedecendo a nenhuma ordem hierárquica (Pires &
Fayol em 1916.
Segundo Dias (1985, p.39) , essa abordagem clássica "(...) teve enorme influência,
atestada por uma série de outras abordagens dela derivadas, bem como pela sua utilização na
Seguindo ainda esta linha clássica, Arantes (1998, p. 131) distingue três funções como
como:
como, quem deve fazer, o quanto, quando e onde deve ser feito.
6
b) direção: é a função responsável pela implementação dos planos e pelo
corretos.
(1985, p. 37), "uma abordagem moderna de grande impacto é a dos papéis gerenciais,
Mintzberg tenta mostrar que os gerentes não são aquelas pessoas meditativas e
disciplinadas conforme consta de inúmeros livros didáticos, o que é comprovado por ele
através de estudos realizados que mostram os gerentes envolvidos com questões diárias "(...)
Segundo esta teoria, Mintzberg (ibid., p.27-29) trabalha com 3 (três) categorias
7
! papéis interpessoais
! papéis informacionais
! papéis decisórios
dentre outras.
Dias (1985, p.45-46) comenta ainda que esses papéis básicos são usados por todos os
atuação do gerente.
informacionais vêm provocando nos serviços meios e fins das bibliotecas universitárias e na
8
necessidade de seus gerentes se adaptarem a elas, pois, segundo Oliveira (1994, p. 417) a
automação nos serviços bibliotecários está alterando não só a distribuição destes serviços mas
a criação de muitos outros o que tem "(...) forçado a redefinição de algumas funções,
organizacional".
capacitariam a desempenhar com eficácia sua função, características estas condizentes com o
contexto atual, como por exemplo flexibilidade, ser inovador, participativo, comunicativo
dentre outras.
BRASILEIRAS
começou a acontecer recentemente e recomenda: "Há uma grande necessidade de se dar mais
trabalho do bibliotecário".
9
Considerando o cenário atual em que as bibliotecas universitárias estão inseridas, já se
sociedade.
A nova estrutura proposta pela UERJ (ibid. p.155-156) tem a forma de rede - a REDE
caracterizam a atuação de redes (...)", estando as bibliotecas reunidas em grandes áreas que
administração, e cujas
10
Outra mudança significativa foi a ocorrida na Biblioteca da Faculdade de Saúde
al. (1998, p.311) "(...) alcançar prestação de serviços de qualidade ao usuário do meio
criar um modelo que considerasse o cliente como foco central da organização e com uma
nova estrutura organizacional capaz de permitir a flexibilidade necessária aos tempos atuais
(ibid.).
vem sendo tratado na literatura com aplicações em bibliotecas, tendo por princípio básico o
responsabilidade e objetivo.
"O impacto dessas mudanças foi muito forte, o que trouxe dificuldade de
adaptação ao meio físico, exatamente oposto ao que se estava habituado
salas sem portas, visibilidade total entre as atividades de atendimento ao
usuário e de trabalho, mas que deveria propiciar melhores facilidades
para implantação do novo modelo organizacional e de gestão."
11
CONCLUSÕES
sentindo o reflexo que a turbulência ambiental lhes vêm transmitindo. Seus usuários precisam
acompanhar o ritmo das mudanças para se sentirem adaptados ao mundo que se apresenta e
vividas pelas empresas privadas, desde que essas experiências sejam devidamente adaptadas
sabermos que envolvem uma mudança considerável de comportamento, sendo, por isso, um
eficiência.
12
ABSTRACT
Academic libraries, as organization which keep a constant interaction with internal and
external environement, demand out librarians with expertise and special habilities in order to
act with effectiveness in a changing economic scenary. In spite of Academic libraries being
non-profit organizations, they have some characteristics similar to private organizations.
Administrative theories, mainly the Contingencial Theory are visited in order to inform
library managers about contemporary administrative tendencies. Classical approach to
gerencial functions and Mintzberg's functions are discussed. Two recents brazilian academic
libraries experiences are shown in order to prove that the use of existing models is possible in
information units.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOTTA, P.R. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. 9. ed. Rio de
Janeiro: Record, 1998. 256 p.
13
PIRES, J. de G., GASPAR FILHO, W. Elementos de administração: uma abordagem
brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Rio, 1981. 296 p.
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ARTIGO
RDBCI: Revista Digital Biblioteconomia e Ciência da Informação DOI 10.20396/rdbci.v15i3.8646300
RDBCI : Digital Journal of Library and Information Science
SISTEMAS DE BIBLIOTECAS:
UMA ANÁLISE A PARTIR DE SEUS REGIMENTOS
LIBRARY SYSTEMS:
AN ANALYSIS FROM REGIMENTS
SISTEMAS DE BIBLIOTECA:
UN ANÁLISIS DE LOS REGIMIENTOS
¹Marouva Fallgatter Faqueti, ¹Sigrid Weiss Dutra, ¹João Bosco da Mota Alves, ¹Aires José
Rover
¹Universidade Federal de Santa Catarina
Correspondência
¹ Luiza de Menezes Romanetto
Universidade Federal de Santa Catarina
Floriamópolis, SC
Email: marouva.faqueti@gmail.com
ORCID: http://orcid.org/0000-0002-8935-
8601
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RESUMO: Bibliotecas de Instituições de Ensino Superior (IES), em sua grande maioria, estão organizadas
estruturalmente como “Sistema de Bibliotecas” (SIBIs). Neste artigo apresenta-se reflexões sobre a visão
sistêmica de SIBIs sustentando-se nos referenciais teóricos de Bertalanffy e de Maturana e Varela. Com o objetivo
de analisar as semelhanças e diferenças entre estruturas organizacionais de SIBIs, dentro de uma abordagem
qualitativa, realizou-se uma pesquisa documental composta de 15 regimentos de SIBIs (disponíveis na web)
pertencentes a instituições de ensino que oferecem cursos de nível superior, abrangendo universidades federais,
estaduais e institutos federais. Para tanto, utilizou-se os seguintes critérios de seleção: a) 33% de regimentos com
data de aprovação anterior a 2000; b) 33% com aprovação entre 2001 e 2010; c) 33% com aprovação entre 2011
e 2016. Os resultados apontam que os sistemas mantêm uma organização estrutural verticalizada, porém, existem
indicativos de uma tendência a estruturações em SIBIs com menor centralização de serviços e de poder decisório.
Por fim, recomenda-se novos estudos que aprofundem a discussão, pois é mister que se busque o repensar de
novas estruturas organizacionais que facilitem o desenvolvimento de uma gestão mais inovadora e criativa.
ABSTRACT: Most of the Libraries of Higher Education Institutions are structurally organized as "Library
Systems". This article presents reflections on systemic vision of "Library Systems", based on the theoretical
support frames of Bertalanffy, Maturana and Varela. In order to analyze the similarities and differences between
organizational structures "Library Systems" within a qualitative approach, there was a documentary research
composed of 15 regiments SIBIs (available online) belonging to educational institutions offering higher education
courses, including universities federal, state and federal institutes. Therefore, the following criteria were used: a)
33% regiments approved before 2000; b) 33% approved between 2001 and 2010; c) 33% approved between 2011
and 2016. The results show that the systems maintain a vertical organizational structure; however, there is
evidence of a tendency to restructurings in SIBIs with less centralization of services and decision-making power.
Finally, it is recommended further studies to deepen the debate, it is necessary to seek new organizational
structures or rethink it in order to facilitate the development of a more innovative and creative management.
1 INTRODUÇÃO
A forma como uma organização se estrutura revela traços sob quais princípios ela está
alicerçada. Instituições de ensino que oferecem cursos de nível superior, como universidades,
faculdades e instituições da Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica
(RFEPCT), possuem uma ou mais bibliotecas em sua estrutura. Suas funções primordiais
abarcam a promoção do acesso e uso de informações registradas bem como a produção de
novos conhecimentos, atendendo às necessidades institucionais de ensino, pesquisa, extensão,
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administração e inovação. Para que as bibliotecas de cada instituição possam alcançar seus
propósitos com a qualidade desejada, torna-se relevante que busquem se organizar por meio de
estruturas que possibilitem o desenvolvimento de seus trabalhos de forma integrada.
2 VISÃO SISTÊMICA
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Nesse sentido, o biólogo Ludwig von Bertalanffy (c1969) foi o primeiro estudioso a
formalizar uma teoria, na década de 1950, denominada “Teoria Geral dos Sistemas” (TGS).
Ao conceber essa teoria, construída a partir de seus estudos relacionados à Biologia, o autor
reagia contra o reducionismo presente no enfoque mecanicista dos estudos científicos e tentava
resgatar a unidade da ciência. Segundo Alves (2012, p. 162):
Para obter maior clareza sobre o conceito de sistemas, utiliza-se o livro como metáfora
representativa de um sistema. Sendo assim, inicia-se com uma definição disponível no
Dicionário Houaiss, em que o livro é uma “coleção de folhas de papel, impressas ou não,
cortadas, dobradas e reunidas em cadernos cujos dorsos são unidos por meio de cola, costura,
etc., formando um volume que se recobre com capa resistente” (HOUAISS; VILLAR;
FRANCO, 2009, p.1190). Pode-se, assim, observar que livros possuem alguns elementos
estruturais como papel, cola ou costura, uma capa etc., mas esses elementos por si só não
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caracterizam o livro. É preciso que eles estejam organizados de uma forma específica, para que
possam se transformar em livro.
Voltando ao conceito de sistema, verifica-se que todo sistema tem uma funcionalidade.
Qual seria a funcionalidade de um livro? Sua função maior é atuar como suporte para registro
de dados e informações. Esta é a sua finalidade base. Os conteúdos informacionais nele
registrados se destinam às mais distintas finalidades, mas todos contêm dados e informações.
Na história do livro, pode-se verificar que sua estrutura vem se alterando conforme o
meio se altera, e aqui se pode compreender mais um dos princípios do sistema – sua capacidade
de conservação e adaptação ao meio. O conceito de Acoplamento Estrutural, criado por
Maturana (2001), expõe claramente a interdependência de um sistema com seu meio: "Chamo
esta dinâmica histórica de mudanças estruturais coerentes do organismo e do meio, bem como
sua condição de congruência dinâmica estrutural, de acoplamento Estrutural” (MATURANA,
2001, p. 185). Ou seja, trata-se da adaptação de um sistema ao seu meio. O meio produz
perturbações que podem impulsionar mudanças internas a um sistema. Apesar de se ter sido
criado a partir de estudos da Biologia, o conceito se aplica a diferentes áreas do conhecimento,
como nas ciências sociais.
Portanto, o livro, ora entendido como um sistema, interfere no meio e sofre interferência
deste. Sua história está imbricada com os avanços tecnológicos. À medida que novas
tecnologias surgem e possibilitam formas de registro da informação diferenciadas, o livro sofre
igualmente modificações na sua estrutura. Inicialmente, os escritos eram gravados em tábuas
de argila, madeira, dentre outros. Depois surgiu o papiro (que originou o termo Papel). Com o
surgimento do papel criado pelo chineses e, mais tarde, com o advento da imprensa no século
XVI, o livro ganhou força e seu uso se expandiu exponencialmente na sociedade. No século
XX, outra grande inovação aconteceu, e que possibilitou o surgimento do livro na versão
digital.
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Já para Maturana e Varela (2001), os sistemas são fechados, pois, segundo seus estudos
com seres vivos, os autores comprovam que os processos de autorrenovação ocorrem dentro
do sistema. Isto não significa dizer que não ele não sofre perturbações externas, e sim que a
responsabilidade pela mudança se processa no seu interior:
A citação acima demonstra que Maturana e Varela não negam a existência de fluxos de
energia e matéria entre o ser vivo e o ambiente, mas o que os autores destacam é o fato de que
o processo de mudança ocorre dentro do sistema e não de fora para dentro. As perturbações
ambientais contingenciam o processo das mudanças internas.
A visão de sistema autopoiético foi absorvida por Luhmann (1998) em seus estudos
sobre organizações sociais.
Morin (2006, p. 87) corrobora também essa noção autopoiética aplicada às organizações
complexas, quando afirma que “Como organismo vivo, a empresa se auto-organiza e faz a sua
autoprodução. Ao mesmo tempo, ela faz a auto-eco-organização e a auto-eco-produção”.
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sobre a organização, mas não se pode desconsiderar que o inverso igualmente acontece, ou
seja, as bibliotecas também tem o poder de influenciar o seu meio. A esse processo perturbador
e adaptativo entre sistema e meio foi denominado por Maturana (2001), de acoplamento
estrutural, conforme conceito explicitado na seção anterior.
Na visão de Patkar (1998), essa quinta lei abre a perspectiva de se estudar a biblioteca
como um sistema orgânico. Relembrando que sistemas orgânicos, para Maturana e Varela
(2001), são autopoiéticos, ou seja, têm a capacidade de se autorrenovarem.
Neste sentido, uma biblioteca ou um sistema de bibliotecas pode ser entendido como
um sistema autopoiético, pois quem efetivamente implanta suas mudanças são as pessoas que
compõem o sistema. A efetivação das transformações acontecem por meio de suas interações
internas (indivíduo, grupo, organização), que processam as mudanças objetivando sua
adaptação e conservação, sem perder sua organização-fim.
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Nas décadas de 1970 e 1980, a literatura sobre gestão de bibliotecas passa a fomentar a
adoção da perspectiva sistêmica. Lima (1978) afirma que o planejamento da biblioteca deve
ser sistêmico, considerando o ambiente do qual faz parte. Ferreira (1980) fundamenta sua
pesquisa sobre os modelos de organização de bibliotecas universitárias com base em autores
como Parsons, afirmando que “[...] toda a organização precisa ser estudada como um sistema,
com todas as propriedades essenciais a qualquer sistema social, e também como subsistema de
um sistema social maior” (PARSONS, 1980 apud FERREIRA, 1980, p.16).
Na década de 80, outro marco importante que favoreceu a expansão das bibliotecas e a
valorização das bibliotecas estruturadas em forma de sistema, seja por meio da adoção de
modelos centralizados ou descentralizados, foi o desenvolvimento de cursos de pós-graduação.
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O conceito acima denota uma relação hierárquica entre as partes, com fortes traços de
poder top-down quando utiliza os termos “obedecer” e “uma unidade aceita como cabeça do
sistema”.
• Instituições de
Super-sistema Ensino Superior
• Sistemas de bibliotecas
Sistema ou
• Biblioteca central
• Bibliotecas
sub-sistema setoriais/campus ou
• Departamentos
(1998), construída com base na visão autopoiética. Os estudos sobre gestão de bibliotecas de
IES que abordam o tema de gestão do conhecimento também passam a reconhecer a Biblioteca
Universitária (BU) como um sistema complexo. Nessa linha de pensamento pode-se citar o
trabalho de Bem (2015), em que a autora, em seu doutoramento, apresenta a proposta de um
framework para Gestão do Conhecimento a partir do entendimento da BU como um “Sistema
Adaptativo Complexo”. Outro trabalho é o de Sales (2015), que propõe o gerenciamento do
sistema de bibliotecas de um instituto federal da RFEPCT à luz do “Modelo de Sistema Viável”
concebido por Beer (1979).
Os resultados da pesquisa conduzida por Ferreira (1980), que tinha como propósito
investigar o grau de centralização e descentralização das bibliotecas universitárias, apontou que
havia uma tendência para a centralização, podendo esta ser parcial (apenas os serviços de
aquisição e/ou processamento técnico) ou total e monolítica, neste caso caracterizando a
ausência de bibliotecas seccionais. A autora enfatiza que, independente do grau de interação
entre as bibliotecas, é fundamental que estas se organizem em forma de sistemas, a fim de
possibilitarem melhores condições de trabalho, maiores recursos e viabilizarem os processos
de automação.
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Passados dez anos, Mercadante (1990) investiga sobre o mesmo tema, identificando, na
maioria das 78 Bibliotecas Universitárias pesquisadas, a presença de modelos organizacionais
com coordenação sistematizada e regulamentação oficial. Esse trabalho se posiciona de forma
clara e enfática quanto à necessidade de que todas as BUs se integrem e se estruturem, tendo
uma coordenação unificada.
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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
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b) 33% com aprovação entre 2001 e 2010 (quatro, de SIBIs de universidades federais e
um, de universidade estadual); e
c) 33% com aprovação entre 2011 e 2016 (três, de SIBIs da RFEPCT; um, de
universidade federal e um, de universidade estadual).
Na sequência fez-se a leitura dos regimentos e a seleção dos trechos que continham
informações relacionadas aos seguintes temas de análise:
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
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No segundo nível (ou terceiro nível, conforme o caso), aparece o órgão coordenador do
SIBI, que, em algumas instituições, está acoplado a uma biblioteca central, e em outras, ele
pertence a uma estrutura independente.
A figura 4 ilustra os níveis encontrados, porém, deve-se esclarecer que nenhum dos
regimentos possui esta configuração completa.
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Nos regimentos analisados, pôde-se perceber que alguns Sistemas buscam garantir maior
participação nos níveis decisórios, envolvendo representantes do supersistema e do subsistema,
porém, este posicionamento não está presente na maioria.
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De forma geral, nos regimentos aprovados entre 2011 a 2016, percebeu-se que as
estruturas internas dos SIBIs tendem a ter um nível mais baixo de centralização, primando
especialmente pela padronização técnica e integração do sistema. A operacionalização dos
processos técnicos e da aquisição tendem a ser descentralizada. Neste caso, nota-se inclusive
uma mudança de nomenclatura: de bibliotecas setoriais para bibliotecas de campus.
Outro ponto a destacar, na análise dos relacionamentos entre órgão coordenador do SIBI
e as bibliotecas de campus ou setoriais, é o seu nível de subordinação e participação decisória
junto ao SIBI, em que foram identificadas as seguintes situações:
Observou-se também que existe a tendência, nos regimentos datados de 2011 a 2016, de
terem instâncias que incluam os responsáveis de bibliotecas de campus ou setoriais nas tomadas
de decisão do SIBI.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Estudos nas últimas décadas sobre sistemas ampliam esta visão, passando a visualizá-
los como sistemas autopoiéticos (MATURANA; VARELA 2001; LUHMANN, 1998) e
complexos (MORIN, 2006), ou seja, estruturas complexas com capacidade de se auto-
organizarem. A revisão da literatura nacional parece indicar uma tendência, ainda que tênue,
de os estudos organizacionais de sistemas de bibliotecas incorporarem esta nova visão.
A análise dos cinco regimentos publicados entre 2011 e 2016 permite também inferir
que pode estar ocorrendo uma modificação na concepção de estruturas de SIBIs, saindo de
modelos estruturais mais centralizados para estruturas com menor centralização de serviços
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Ressalta-se que esta pesquisa teve uma perspectiva descritiva e qualitativa, com base em
15 regimentos, e, portanto, seus resultados não podem ser generalizados. Considera-se
relevante que novos estudos sobre o tema sejam realizados buscando compreender de forma
mais abrangente os movimentos de inovação em estruturas organizacionais de SIBIs.
REFERÊNCIAS
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universitárias das instituições federais de ensino superior. 2013. 217 f. Dissertação (Mestrado
Profissional em Administração) – Programa de Mestrado Profissional em Administração, Faculdade
de Estudos Administrativos de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.
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GIL. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
PRADO, N. S.; ABREU, J. de. Modelos de organização e gestão das bibliotecas universitárias do
estado de Santa Catarina. Revista ACB, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 107-123, 2005.
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SALES, K. B. Modelo de sistema de gestão viável para bibliotecas do IFAM. 2015. 217f. Dissertação
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TARGINO, M. das G. Ranganathan continua em cena. Ci. Inf., Brasília, v. 39, n. 1, p. 122-124, Apr.
2010.
© RDBCI: Rev. Digit. Bibliotecon. Cienc. Inf. Campinas, SP v.15 n.3 AOP set./dez. 2017
Artigos
Desenvolvimento institucional dos órgãos coordenadores de sistemas de
bibliotecas universitárias nas ifes: contexto da estrutura organizacional
Resumo: O Reuni promoveu mudanças e provocou uma realidade nacional muito diversa e
trouxe alguns problemas estruturais para as bibliotecas. Este artigo é originário da pesquisa
que teve como propósito analisar aspectos do contexto de gestão nas IFES brasileiras com
ênfase nos sistemas de bibliotecas universitárias. Este artigo tem como objetivo verificar o
desenvolvimento institucional do órgão coordenador por meio de indicadores que possibilitem
investigar a estrutura organizacional e o seu desenvolvimento em atividades gerenciais
estratégicas. A metodologia utilizada neste artigo foi a descritiva, com o objetivo de
apresentar um diagnóstico estratégico do ambiente organizacional, a fim de identificar, nos
seus ambientes internos e externos, as forças e debilidades recorrentes. A coleta de dados foi
realizada mediante a aplicação de um questionário. Após as análises dos indicadores
propostos neste estudo, concluiu-se que os órgãos coordenadores e suas bibliotecas
universitárias, apesar de terem alcançado um modelo de estrutura organizacional por
competência técnica, ainda devem trabalhar politicamente em favor de uma estrutura
organizacional adequada.
1 INTRODUÇÃO
189
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A relação de interdependência entre sujeitos e ambiente também deve ser considerada
para se analisar o desenvolvimento institucional das organizações e sua atuação gerencial no
âmbito de suas estruturas, processos e resultados. Conhecer o ambiente fazendo a interlocução
entre as esferas macro e micro é fundamental para identificar novas necessidades, desenvolver
novos mecanismos e promover mudanças. E, ainda, aumentar sua capacidade de atuação, seu
fortalecimento, garantir sua sobrevivência e um melhor desempenho de acordo com sua
finalidade e o contexto onde está inserida.
É por este motivo que o planejamento estratégico, ao longo dos últimos anos, tornou-
se uma ferramenta administrativa cada vez mais usada, justamente por se tratar de uma
técnica que vai além de simplesmente estabelecer um plano de ação. Segundo Mintzberg
(1995), trata-se de um processo que apresenta benefícios específicos em contextos
específicos.
Sua metodologia permite a ampliação do conhecimento acerca da organização e é
baseada em um processo contínuo de análise dividido em etapas. Estas permitem à
organização: definir sua direção e função por meio do estabelecimento da sua missão e da sua
visão; definir os valores que orientem o comportamento organizacional; analisar o ambiente
contextual interno e externo, verificando suas inter-relações a fim de se obter um diagnóstico
estratégico; estabelecer metas e ações estratégicas; monitorar, avaliar e reavaliar resultados
frente à complexidade das mudanças sociais e tecnológicas.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), um dos
grandes desafios da prática do planejamento estratégico no setor público, mormente nas
universidades federais, é a descontinuidade das ações de uma gestão para a outra, implicando
no comprometimento de recursos e investimentos. A falta de continuidade do processo,
resultante da sua não-institucionalização pela organização, pode ocasionar a perda de
conhecimento, a replicação futura de erros, a não-consolidação de ações e de obtenção dos
resultados esperados (BRASIL, 2005).
Neste contexto específico, as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) no
Brasil estão, também, sujeitas às questões de políticas públicas, motivo pelo qual foram,
durante muitos anos, sucateadas e ameaçadas (LAMPERT, 2004). E hoje, como
consequência, as IFES estão passando por um período de transformação, impulsionado pelo
Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
(REUNI), bem como também pelos avanços tecnológicos decorrentes das significativas
189
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 10, n. 2, p. 189-203, jul./dez. 2014.
mudanças sociais, econômicas e políticas. Estas mudanças vêm acontecendo com uma
frequência jamais experimentada anteriormente e alteram constantemente o cenário,
provocando turbulências e incertezas e, dependendo da linha de atuação, até a necessidade de
reestruturação gerencial de seus setores, produtos e serviços.
As bibliotecas universitárias (BU) e seus órgãos coordenadores (OC), não
diferentemente das instituições nas quais estão inseridas, devem considerar esta realidade e
necessitam: analisar seu contexto continuamente; verificar sua atuação e função; fazer as
relações de interdependência entre sujeitos e ambiente; identificar demandas; superar os
obstáculos; aperfeiçoar serviços e métodos; promover mecanismos de adaptação e de
mudança para ajustá-las às demandas da instituição e da sociedade; e acompanhar as
transformações sociais e tecnológicas que criam novas necessidades, provocam inovações e
novas demandas.
O presente artigo foi elaborado a partir de uma pesquisa (ALMEIDA, 2013) realizada
entre 2 de agosto e 25 de setembro de 2012, a qual foi baseada em estudo proposto por Gurgel
(2010). A pesquisa (ALMEIDA, 2013) teve como objetivo explorar, reunir e obter
informações estratégicas da estrutura organizacional dos OC, mais especificamente sobre a
atuação deste em atividades gerenciais, sua situação hierárquica e integração com o ambiente,
a fim de verificar o desenvolvimento institucional dos mesmos nas IFES ligadas à Associação
Nacional dos Docentes (ANDIFES). E ainda: obter parâmetros, em suas atividades gerenciais,
que possibilitem uma visão estratégica nacional sobre a gestão dos sistemas de bibliotecas
universitárias no contexto das IFES a fim de ampliar o conhecimento e aumentar a capacidade
de avaliação e análise ambiental dos gestores.
Neste contexto, Almeida (2013) investigou as seguintes dimensões: estrutura
organizacional, estruturas de poder, contexto acadêmico e planejamento estratégico. Este
artigo tem como objetivo apresentar os resultados da dimensão estrutura organizacional.
A pesquisa em questão é originária da necessidade de se obter uma visão mais ampla
sobre o atual contexto gerencial de outros OC em outras instituições e também de se obter um
diagnóstico estratégico com as atuais forças e debilidades para se produzir um documento de
consulta sobre a gestão dos Sistemas de Bibliotecas em nível nacional. Documento este que
pudesse nortear as atividades de planejamento estratégico, que orientasse sobre a elaboração
de instrumentos normativos, que sanasse dúvidas recorrentes em processos de tomadas de
decisão e oriundas de senso comum, para promover uma reestruturação no arranjo
organizacional do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Goiás (UFG).
190
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 10, n. 2, p. 189-203, jul./dez. 2014.
É importante ressaltar que, por existir uma grande interdependência institucional entre
vários aspectos relativos à estrutura organizacional no desempenho das atividades, foi
necessário adotar parâmetros. Estes foram adaptados do modelo de avaliação para bibliotecas
universitárias, aprovado em um seminário realizado em 2009 na Universidade Federal da
Bahia (UFBA) (LUBISCO, 2009) e do manual que orienta o arranjo institucional no âmbito
executivo da administração pública federal, oriundo do Programa Nacional de Gestão Pública
e Desburocratização (GESPÚBLICA) (BRASIL, 2008). Foi ainda importante classificar as
atividades gerenciais e, para tanto, considerou-se os contextos de análises nas seguintes
dimensões: Atividade Gerencial Nível Técnico da Biblioteconomia (AGNTB); Atividade
Gerencial Nível Técnico da Administração (AGNTA); Atividade Gerencial Nível das
Estruturas de Poder (AGNEP); Atividade Gerencial Nível Acadêmico Pedagógico (AGNAP).
Este trabalho pretende apresentar o diagnóstico estratégico produzido pela pesquisa
que investigou o ambiente organizacional. Assim, apresentam-se os elementos positivos e
negativos do contexto interno e externo analisado segundo os modelos adotados e do ponto de
vista da estrutura organizacional e das categorias de análises propostas. Pretende-se, com isto,
ampliar os conhecimentos dos gestores, fortalecer a capacidade de análise, inovação e tomada
de decisão e, quiçá, melhorar o desempenho dos mesmos. Bem como melhorar o
planejamento e o estabelecimento de metas estratégicas e ações gerenciais que orientam a
organização e a gestão das BU.
2 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 10, n. 2, p. 189-203, jul./dez. 2014.
ambiente de gestão; c) ampliar o conhecimento e a capacidade de análise dos demais gestores
de OC em seus ambientes organizacionais.
Os dados obtidos possibilitarão que trabalhos futuros, que pretendam analisar dados
entre épocas, possam comparar se as problemáticas apresentadas por Miranda (1978) no
período pós-reforma universitária ainda persistem. Bem como verificar o alcance de algumas
das diretrizes definidas no PNBU.
A Portaria Ministerial nº 287, de abril de 1986, criou o PNBU e define diretrizes e
ações para as dimensões da biblioteca universitária nos níveis: Planejamento Organizacional,
Planejamento Financeiro, Planejamento de Recursos Humanos e Físicos, Formação e
Desenvolvimento de Coleções, Processamento Técnico dos Documentos, Automação,
Usuários e Serviços de Informação, Atividades Cooperativas.
Dentre os detalhamentos das diretrizes e ações para o nível Planejamento
Organizacional, a portaria definiu estabelecer e/ou fortalecer uma estrutura de sistema de
biblioteca e documentação em cada universidade, com as seguintes ações: a) Instituir, junto ao
Ministério da Educação/Secretaria de Educação Superior (SESu), um órgão central; b)
Estimular a criação e/ou o fortalecimento do sistema de bibliotecas e a documentação de cada
universidade.
Dessa forma, as bibliotecas foram reorganizadas institucionalmente por competência
técnica e tiveram a definição de um órgão central para as questões relacionadas às BU,
criando os sistemas de bibliotecas. Assim, os órgãos coordenadores (OC) foram constituídos
como instância máxima representativa e de negociação das BU com a alta administração das
universidades e devem compor a estrutura de poder do eixo gerencial nas IFES. Além disso,
necessitam ser componentes do conjunto de titulares de cargo em comissão abaixo da
administração superior, com a principal função de fazer a estratégia chegar à base e a base
chegar à estratégia.
As mudanças ocorridas nacionalmente nos últimos anos geraram, entre outros
aspectos, instabilidades e incertezas nos ambientes de gestão em decorrência das novas
dinâmicas, das rupturas com antigos paradigmas e até mesmo da necessidade de uma
reestruturação administrativa. Mas as mudanças não alteraram a interdependência e a
subordinação nas instituições. Por este motivo, pode-se afirmar que os problemas existentes
nas BU das IFES não são pontuais e, apesar da existência da diversidade contingencial e
comportamental nas organizações, é possível identificar, por meio de indicadores e atividades
recorrentes, as forças e debilidades comuns que colaboram, influenciam e interferem no
192
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desempenho e no alcance de resultados. Assim, as BU carecem de uma atenção imediata que
possibilite o estabelecimento de ações estratégicas necessárias para atender as necessidades
advindas do ambiente após a reforma universitária.
A suposição de universidades mais flexíveis, atualizadas e capazes de acompanhar as
mudanças ambientais, na visão de Santos et al. (2009), exige dos gestores universitários a
capacidade de: reagir aos problemas e avaliar as consequências para a instituição (atitude
reativa), bem como pesquisar as causas no sentido de agir para suprimi-las; antecipar uma
ação para que problemas não se manifestem por inteiro (atitude proativa), e conduzir a
mudança organizacional ligada à evolução simultânea da instituição e do seu ambiente.
Neste cenário de expansão e de mudanças profundas ocasionadas diretamente por uma
nova reforma universitária, e indiretamente pelos desafios contemporâneos advindos das
revoluções tecnológicas, econômicas, sociais e políticas, para que as BU possam se adequar
aos novos ambientes e fortalecer suas estratégias, precisam pesquisar e conhecer mais
amplamente o atual contexto de gestão dos OC e de seus sistemas de bibliotecas. Desta forma,
os gestores estarão munidos de informações estratégicas para conduzir a mudança
organizacional na instituição e em seu ambiente de forma simultânea.
Destarte, acredita-se que, com os dados coletados e os resultados encontrados, foi
ampliada a capacidade de análise das entidades representativas no âmbito nacional, pois os
dados obtidos podem servir de parâmetro técnico e de base para estudos futuros. Estes visarão
identificar e analisar elementos estratégicos para auxiliar na reflexão sobre o tema e no
estabelecimento de um conjunto de ações estratégicas necessárias para criar condições de
sanar pontos fracos e/ou promover os pontos fortes. E, ainda, lidará com as ameaças e as
oportunidades, visando o fortalecimento da capacidade institucional das BU e de seus OC
frente aos desafios advindos das mudanças em busca de um futuro promissor. Por fim, poderá
subsidiar a formulação de hipóteses e estudos futuros e refletir sobre as temáticas presentes
nas BU no cenário atual das IFES.
3 METODOLOGIA
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diagnóstico estratégico do ambiente organizacional, a fim de se identificar, no ambiente
interno e externo, as forças e debilidades recorrentes, fatores que favorecem ou dificultam o
desempenho dos OC e das BU nas instituições ligadas à ANDIFES. A pesquisa descritiva
observa, registra, analisa e correlaciona fato ou fenômeno.
194
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de bibliotecas nas instituições ligadas à ANDIFES, os quais responderam completamente o
questionário, representando um percentual de 96,49%.
A tabela 1 resume o resultado inicial alcançado em relação ao público respondente.
Considerando que algumas das respostas estão oficialmente disponíveis nos sites das
instituições, estas foram incluídas, a fim de se obter a totalidade de resultados em algumas
questões. Assim sendo, algumas questões dos dois questionários das duas instituições que não
responderam ficaram incompletas, as quais foram contabilizadas como ‘Sem resposta’.
Considerando que a estrutura organizacional influencia no alcance dos objetivos
previstos para se obter um esboço do cenário nacional, foram definidas oito questões a partir
dos indicadores selecionados nos modelos e de dados disponíveis nos planejamentos
analisados. Estas questões possibilitaram sistematizar as seguintes informações sobre o
desenvolvimento institucional dos OC no contexto da estrutura organizacional das IFES no
Brasil:
a) O quantitativo aproximado de IFES por região;
b) A presença de bibliotecas em diferentes municípios ou geograficamente distantes;
c) A dimensão dos sistemas de bibliotecas pelo quantitativo de bibliotecas
universitárias que os compõem1;
d) A existência do modelo de gestão centralizado e a denominação mais utilizada nas
instituições para nomear este órgão ou biblioteca;
e) Como o órgão coordenador (OC) é considerado na instituição: suplementar2,
complementar3, administrativo4 ou outra definição;
1
Para verificar a dimensão do sistema de bibliotecas para este trabalho, considerou-se a seguinte classificação:
1-5 unidades (micro ou de pequeno porte); 6-10 (médio porte); 11-24 (grande porte); 25 ou mais (macroporte).
Fonte: Definição própria.
2
Definição incluída aos órgãos suplementares, que devem fornecer apoio às atividades de ensino, pesquisa e
extensão da IFES e ter vínculo com a reitoria ou uma pró-reitoria (Regimento Geral da UFU, sd). Disponível
em:< http://www0.ufu.br/documentos/legislacao/Regimento_Geral_da_UFU.pdf>.
195
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f) A situação hierárquica do OC na estrutura organizacional das IFES5;
g) A existência de regimento interno atualizado e de uma estrutura organizacional
definida e adequada à sua função de OC na instituição6;
h) O desenvolvimento do OC nas atividades gerenciais nos níveis administrativos e
técnicos que são assumidas pela instância máxima coordenadora do sistema de
bibliotecas7.
Tabela 2 – Apresenta a quantidade de IFES participantes desta pesquisa por região do Brasil
3
Definição incluída aos órgãos complementares, que devem fornecer apoio às atividades de ensino, pesquisa e
extensão da IFES e estão vinculados às Unidades Acadêmicas (Regimento Geral da UFU, sd). Disponível
em:<http://www0.ufu.br/documentos/legislacao/Regimento_Geral_da_UFU.pdf>.
4
Definição incluída aos órgãos administrativos que, por sua vez, têm relação direta com o ensino, a pesquisa e a
extensão; são aqueles encarregados das atividades de suporte para o funcionamento da IFES, vinculados à
reitoria ou uma pró-reitoria (Regimento Geral da UFU, sd). Disponível em:<
http://www0.ufu.br/documentos/legislacao/Regimento_Geral_da_UFU.pdf>.
5
Grupo de indicadores do contexto 4.1 administrativo / 4.1.1 desenvolvimento institucional, item 1 do Modelo
Lubisco(2009).
6
Grupo de indicadores do contexto 4.1 administrativo / 4.1.2 planejamento e avaliação, item 2 do Modelo
Lubisco(2009).
7
Em relação a algumas atividades e atribuições gerenciais nos níveis administrativos e técnicos, pretendeu-se:
verificar a atuação da instância coordenadora do sistema de bibliotecas: suas responsabilidades em consonância
e interdependência com suas bibliotecas que o compõem; em quais possuem maior interferência, inclusive
quando as bibliotecas setoriais estão localizadas nas unidades acadêmicas; quais dependem da sua orientação,
execução e definição em consonância e interdependência com suas bibliotecas e demais instâncias
deliberativas.
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Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 10, n. 2, p. 189-203, jul./dez. 2014.
Quanto à existência de bibliotecas em diferentes municípios, dentro da primeira
categoria de análise, a maioria dos Sistemas de Bibliotecas possui bibliotecas em diferentes
municípios (Tabela 3).
Usando o recurso da filtragem que o sistema possibilita, foi possível identificar que
somente duas instituições sinalizaram que não possuem bibliotecas em diferentes regiões,
sendo uma na região Centro-Oeste e duas na Sudeste.
Para verificar o tamanho aproximado dos OC e dos seus sistemas de bibliotecas no
cenário nacional, foi necessário reunir o quantitativo de bibliotecas existentes em um quadro
de unidades de medidas, o que possibilitou sua classificação pela dimensão8.
Esta etapa de pesquisa tinha como questão de investigação verificar a dimensão do
sistema de bibliotecas, ou seja, medir o quantitativo aproximado de bibliotecas universitárias.
Os dados da tabela 4 mostram que 35% do total do cenário nacional ainda é de pequeno
porte, ou seja, possuem menos de cinco unidades de bibliotecas vinculadas ao OC. Somando
as duas dimensões, obteve-se que a maior parte das bibliotecas pesquisadas se encontra entre
o médio e o grande porte (56%). Somente 9% são de macroporte,
8
Este trabalho considerará a quantidade de bibliotecas existentes na seguinte classificação: 1-5 unidades (micro
ou pequeno porte); 6-10 (médio porte); 11-24 (grande porte); 25 ou mais (macroporte). Fonte: Definição
própria.
197
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Tabela 4 - Dimensão nacional dos OCs nas IFES pelo quantitativo aproximado de bibliotecas
que o compõem.
9
Definição incluída aos órgãos suplementares, que devem fornecer apoio às atividades de ensino, pesquisa e
extensão da IFES, vinculadas à reitoria ou a uma pró-reitoria (Regimento Geral da UFU, sd). Disponível
em:<http://www0.ufu.br/documentos/legislacao/Regimento_Geral_da_UFU.pdf>.
198
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 10, n. 2, p. 189-203, jul./dez. 2014.
Porém, 15,79% apontaram que a definição institucional é órgão administrativo e, na
questão aberta foram encontradas duas novas modalidades de órgãos estruturantes e
executivos – dados que merecem uma análise aprofundada posterior para verificar se existe
uma tendência para a definição como órgão administrativo.
Para obter dados precisos sobre o vínculo hierárquico na estrutura organizacional das
IFES, e possibilitar uma posterior comparação dos dados com outros ambientes de gestão,
foram necessárias algumas adaptações nos critérios do modelo de avaliação adotado.
Do grupo que verificou o vínculo hierárquico do OC ou BC na estrutura organizacional
das IFES, pode-se concluir que a maioria das instituições analisadas nesta pesquisa (70,18%)
está diretamente vinculada à Reitoria ou à Vice-Reitoria, conforme seus respectivos
organogramas.
A segunda maioria (26,32%) está vinculada a uma Pró-Reitoria. Com este dado se pode
afirmar que as instituições se encontram na situação ideal e adequada, segundo os modelos
adotados. O que indica um ponto forte no ambiente de gestão em nível nacional.
Para verificar a estrutura organizacional e a situação regimental que orienta a gestão
do OC na instituição, foi preciso fazer uma adaptação no modelo, pois, da forma original, ele
se limitaria à análise do ambiente, por apresentar uma mesma situação em até três níveis de
avaliação (5, 4 e 3) no modelo original.
Nota-se que a maioria das IFES tem problemas com a estrutura formal dos órgãos no
eixo das lideranças. Eixo que orienta a estrutura em unidades administrativas na cadeia
hierárquica de comando da organização, as quais devem ser descritas e previstas nos
regimentos. Este dado sinaliza uma situação precária presente no cenário nacional e pode ser
considerado um ponto fraco. Somente 32% das IFES indicaram situação ideal, mesmo se
considerando os três relatos de instituições que afirmaram que estão trabalhando no regimento
por não terem ainda conseguido uma estrutura organizacional adequada e suficiente para fazer
a gestão do sistema de bibliotecas.
No cenário da estrutura organizacional, pode-se pontuar que a existência de bibliotecas
em diferentes regiões e as dimensões (médio e grande portes) dos sistemas de bibliotecas
10
Definição incluída aos órgãos complementares, que devem fornecer apoio às atividades de ensino, pesquisa e
extensão da IFES e estão vinculados às unidades acadêmicas (Regimento Geral da UFU, sd). Disponível
em:<http://www0.ufu.br/documentos/legislacao/Regimento_Geral_da_UFU.pdf.>
11
Definição incluída aos órgãos administrativos que, por sua vez, têm relação direta com o ensino, a pesquisa e a
extensão; são aqueles encarregados das atividades de suporte para o funcionamento da IFES, vinculados à
reitoria ou a uma pró-reitoria (Regimento Geral da UFU, sd). Disponível
em:<http://www0.ufu.br/documentos/legislacao/Regimento_Geral_da_UFU.pdf.>
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Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 10, n. 2, p. 189-203, jul./dez. 2014.
universitárias pesquisados é uma realidade. Isto implica uma maior complexidade
administrativa, o que exige mais avaliação, monitoramento e controle dos processos e
procedimentos internos e externos de gestão.
Pode-se verificar, neste cenário nacional, que a maioria dos sistemas utiliza o modelo
centralizado de gestão, e que o OC, na maioria, é denominado e coordenado por uma
Biblioteca Central/Biblioteca Coordenadora e/ou Biblioteca Universitária – denominações
que predominam entre as IFES pesquisadas. Foi ainda possível verificar o surgimento de
outras denominações e estruturas de modelos organizacionais menos conhecidos, como:
Diretoria de Gestão da Informação, Superintendência do Sistema de Bibliotecas,
Superintendência de Documentação, Departamento de Bibliotecas, Coordenadoria de
Informação e Documentação (CID), Núcleo de Bibliotecas, Divisão de Biblioteca, Sistema de
Bibliotecas e Informação, Centro de Difusão do Conhecimento e Coordenação de Bibliotecas.
A maioria dos OC é considerada como órgão suplementar e todos estão vinculados a
uma Reitoria ou Pró-Reitoria, situação ideal e adequada, segundo a adaptação feita para este
estudo do Modelo Lubisco (2009). Desta forma, o objetivo específico relacionado à estrutura
organizacional das bibliotecas universitárias neste contexto foi atingido.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Os OC, enquanto instância máxima representativa e de negociação, devem atuar em
todas as dimensões do universo inserido em busca: de uma estrutura organizacional adequada;
da garantia de investimentos específicos em longo prazo; da melhoria da infraestrutura
espacial, de recursos humanos e suporte tecnológico para as bibliotecas. E, para tanto, devem
analisar, conhecer e eleger pontos cruciais presentes nos ambientes para direcionar, com mais
eficiência, as ações.
Também são ações possíveis a atuação direta nas instâncias governamentais por meio
de classes representativas e a criação de um fórum específico para as bibliotecas das IFES
ligadas à ANDIFES para tratar dos problemas existentes e reincidentes, bem como para
aproveitar e potencializar as oportunidades e ações para as diferentes instituições e regiões.
Espera-se que a análise do desenvolvimento institucional do OC na gestão das
bibliotecas universitárias, nas dimensões aqui apresentadas, no contexto da estrutura
organizacional, possa servir de referência para elencar novos indicadores de avaliação para
estes órgãos dentro da IFES, além das que se propôs neste trabalho.
E ainda, levando-se em conta as mudanças sociais ocorridas, principalmente em
decorrência da revolução tecnológica, e as necessidades verificadas por meio dos dados
obtidos nos contextos analisados e problemas estruturais presentes, espera-se que o
diagnóstico possa ser usado com a perspectiva de se conseguir que haja uma atualização do
PNBU, instituído em 1986. Ou que se tenham diretrizes estratégicas que possam subsidiar as
negociações dos OC no âmbito de suas estruturas nas IFES.
Entre as contribuições teóricas e práticas da pesquisa, destaca-se a possibilidade de
levantar e reunir dados que possam colaborar com a melhoria da atuação dos OC em suas
atividades de gestão em nível institucional; servir de parâmetro nas atividades de
planejamento, de definição da estrutura organizacional e na elaboração dos regimentos;
identificar as forças e debilidades recorrentes, que favorecem ou dificultam a capacidade de
gestão dos OC e das BU; produzir conhecimento acerca do atual cenário nos aspectos já
destacados, visando possibilitar que a capacidade de análise dos gestores no âmbito
institucional seja ampliada, auxiliando nos processos gerenciais e no estabelecimento de ações
e metas.
E, por fim, que a metodologia de análise dos dados da pesquisa possa ser usada e ou
adaptada e servir de base para que outros contextos públicos ou particulares, em que as
bibliotecas universitárias estejam inseridas, possam ser analisados.
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______
Institutional development of coordinating bodies of university libraries
systems in the ifes: organizational structure context
Abstract: Reuni made changes and caused a very diverse national reality and brought some
structural problems for libraries. This article originates from a research that aimed to analyze
aspects of management context in the Brazilian IFES with emphasis on academic libraries
systems. The research aimed to verify the institutional development of the coordinating body
through indicators to investigate the organizational structure and its development in strategic
management activities. The methodological analysis of this article was descriptive, once it
presents a strategic diagnosis of the organizational environment in order to identify the
internal and external environment, as well as the recurring strengths and weaknesses. Data
collection was conducted through a questionnaire. After the analyses of the indicators
proposed in this study, we concluded that the coordinating bodies and their university
libraries, despite having achieved a model of organizational structure through technical
competence, they should still work politically for an appropriate organizational structure.
REFERÊNCIAS
202
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 10, n. 2, p. 189-203, jul./dez. 2014.
LUBISCO, Nídia Maria Lienert; VIEIRA, Sônia Chagas (Org.). Biblioteca universitária
brasileira: instrumento para seu planejamento e gestão, visando a avaliação do seu
desempenho: documento final consolidado a partir das contribuições dos grupos de trabalho
do Seminário Avaliação da Biblioteca Universitária Brasileira. Salvador: EDUFBA, 2009.
SANTOS, Jane Lúcia Silva et al. Modelo de planejamento estratégico em uma universidade
pública brasileira: desenvolvimento e implementação na Universidade Federal de Alagoas. In:
COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE GESTÃO UNIVERSITÁRIA NA AMÉRICA DO
SUL, 9, 2009, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2009.
______
Informações do autor
203
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 10, n. 2, p. 189-203, jul./dez. 2014.
XVI Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (XVI ENANCIB)
ISSN 2177-3688
GT 8 – Informação e Tecnologia
Comunicação Oral
Resumo: Nos últimos anos surgiram diversas reflexões relacionadas às rápidas mudanças, nas áreas
científica, tecnológica, política, educacional e social, resultantes das inovações tecnológicas. Mais que
as transformações significativas nas Instituições de Ensino Superior preconizadas por Cunha, em
2000, vivenciam-se os reflexos das mudanças conceituais e estruturais relacionadas à educação, frente
às novas configurações das universidades – e de suas bibliotecas, – decorrentes das políticas
governamentais de reestruturação e ampliação do ensino superior. Este trabalho apresenta o resultado
da pesquisa de mestrado que teve como objetivo geral estudar, analisar e sistematizar as principais
ideias que norteiam e configuram a gestão de bibliotecas universitárias públicas, especificamente no
que se refere às inovações tecnológicas. Neste estudo foi utilizado o método comparativo, elaborado a
partir de quatro constructos/categorias de pesquisa, fundamentados na base teórica referente à gestão
de bibliotecas universitárias, visando sua avaliação, extraídos do instrumento para planejamento e
gestão proposto por Lubisco (2011), nas questões que provavelmente teriam maiores impactos nas
bibliotecas universitárias de 2010, além dos principais desafios enfrentados por essas unidades
informacionais, a saber: planejamento e avaliação; pessoal; usuários; produtos e serviços. A partir dos
resultados obtidos identificou-se a evolução e a adaptação das bibliotecas universitárias em relação ao
uso das TIC a fim de melhor atender as necessidades informacionais de seus usuários. Planejar a
unidade informacional, visualizar o futuro, definir o caminho para se alcançar os objetivos propostos
são possibilidades advindas da gestão do conhecimento, que podem instrumentalizar os gestores a
posicionarem as bibliotecas no contexto administrativo das universidades, de forma que não só
acompanhem as inovações tecnológicas, mas que sejam prioritárias na alocação de recursos
orçamentários e que se consolidem efetivamente como corresponsáveis pelo processo de geração do
conhecimento na universidade.
1
O conteúdo textual deste artigo, os nomes e e-mails foram extraídos dos metadados informados e são de total
responsabilidade dos autores do trabalho.
Palavras-chave: Avaliação de bibliotecas universitárias. Gestão de bibliotecas universitárias.
Planejamento em bibliotecas universitárias. Tecnologias em bibliotecas universitárias.
Abstract: Over the past years there have been several reflections related to rapid changes in the
scientific, technological, political, educational and social areas, resulting from technological
innovations. More than significant changes in the universities preconized by Cunha, in 2000, it has
been experienced the reflections of conceptual and structural changes related to education, facing the
new settings of the universities - and their libraries, – due to governmental policies of restructuring
and expansion of the universities. This paper presents the results of the master’s research that aimed to
study, analyze and systematize the main ideas that guide and shape the management of public
university libraries, specifically with regard to technological innovations. This study used a
comparative method, drawn from four constructs / search categories, based on the theoretical basis on
the management of university libraries, aiming its review, extracted from the instrument for planning
and management proposed by Lubisco (2011), the issues that would likely have major impacts in the
university libraries in 2010, besides the main challenges faced by these informational units, namely:
planning and evaluation; staff; users; products and services. From the results obtained, was identified
the evolution and adaptation of university libraries regarding the use of TIC in order to better meet the
information needs of its members. Plan informational unit, view the future, set the path to achieve the
proposed objectives are possibilities derived from knowledge management, which can instrumentalize
managers to position the libraries in the administrative context of universities, and not only follow the
technological innovations, but having priority in the allocation of budgetary resources and to
consolidate up effectively as co-responsible for the generation of process knowledge at the university.
1 INTRODUÇÃO
A concepção de sociedade da informação surge em um momento de expansão social, na
exploração de novos territórios, na utilização de bens e serviços, levando em consideração um novo
paradigma tecnoeconômico, desenhado durante a evolução da sociedade industrial para a pós-
industrial. Nos últimos anos, surgiram diversas reflexões relacionadas às rápidas mudanças nas
áreas científica, tecnológica, informacional, política, educacional e social, resultantes das inovações
tecnológicas. As mudanças ocorridas com a introdução da internet, a fibra ótica, a comunicação por
satélite, entre outras transformaram não só o modo de consumir, como também de produzir e
processar a informação.
Mais que as transformações significativas nas Instituições de Ensino Superior (IES)
preconizadas por Cunha (2000), para o período de 2000 a 2010, são vivenciados, nesta segunda
década do milênio com maior intensidade e rapidez, os reflexos das mudanças conceituais e
estruturais relacionados à educação, frente às novas configurações das universidades – e de suas
bibliotecas em particular – decorrentes das políticas governamentais de reestruturação e ampliação
da educação superior implementadas no país.
Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa de mestrado que teve como objetivo
geral analisar as inovações tecnológicas implementadas nas bibliotecas universitárias públicas
federais, o que permitiu sistematizar as principais ideias que norteiam e configuram o planejamento
e a avaliação das unidades informacionais a fim de se extrair subsídios para a construção das novas
configurações necessárias ao atendimento dos usuários da chamada “sociedade da informação”, que
se consolida no interior das universidades.
Foram elencados como objetivos específicos do estudo: contextualizar as bibliotecas
universitárias públicas no âmbito da Sociedade da Informação e da Educação Superior no país;
sistematizar as principais ideias que configuram as bibliotecas nesta lógica de planejamento e
implementação de tecnologias; apresentar um panorama das tecnologias da informação e
comunicação (TIC) neste segmento a partir de um estudo comparativo entre o sistema de bibliotecas
da Universidade Federal de Uberlândia (SISBI/UFU)2 e o da Universidade Federal de Santa
Catarina (SiBi/UFSC)3; realizar um registro histórico (de 2009 a 2014) das TIC e suas
funcionalidades, implementadas nestas bibliotecas; analisar as práticas administrativas adotadas
pelas bibliotecas universitárias públicas federais relativas à adoção das TIC em suas atividades
funcionais e identificar os desafios e as possibilidades para construção da biblioteca universitária
para os próximos anos.
2 PERCURSO METODOLÓGICO
A investigação fundamentou-se nos pressupostos da pesquisa qualitativa na intenção de
fornecer os subsídios necessários para a compreensão das questões relativas ao tema pesquisado,
bem como aos demais aportes teóricos necessários para a elaboração da dissertação.
Com a intenção de verificar as diferenças e similaridades entre dois objetos análogos que se
distinguem em alguns aspectos, adotou-se na pesquisa o método comparativo, aplicado em cinco
etapas, conforme recomendado por Gamarra Solórzano, Uñunco Suma e Auccapuma Corahua
(2012), a saber: descrição, interpretação, justaposição, comparação e universalização.
A fim de se conhecer o significado que os sujeitos atribuem ao tema em questão, os dados
descritivos foram coletados por meio de pesquisa bibliográfica e documental, além da observação in
loco e de entrevistas semiestruturadas com os gestores dos sistemas de bibliotecas escolhidos como
objeto de estudo.
A dissertação foi estruturada a partir de quatro constructos/categorias de pesquisa,
fundamentados na base teórica referente à gestão de bibliotecas universitárias, visando sua
2
Escolhido como objeto de pesquisa considerando a inserção da pesquisadora em suas bibliotecas, que a partir
de sua experiência profissional sentiu a necessidade de verificar em outra universidade da mesma esfera o que
ocorre neste campo.
3
Definido como objeto de comparação após estudo prévio das tendências tecnológicas em bibliotecas
universitárias públicas brasileiras. O resultado desta pesquisa foi apresentado no XVIII Seminário Nacional de
Bibliotecas Universitárias (SNBU), realizado em novembro de 2014, em Belo Horizonte.
avaliação, extraídos do instrumento para planejamento e gestão proposto por Lubisco (2011), nas
questões que provavelmente teriam maiores impactos nas bibliotecas universitárias de 2010, além
dos principais desafios enfrentados por essas unidades informacionais (CUNHA, 2000, 2010), a
saber: planejamento e avaliação; pessoal; usuários; produtos e serviços.
4
Os trabalhos de elaboração do PDI 2016-2020 foram iniciados no primeiro semestre de 2015, pela Comissão
Permanente de Desenvolvimento e Expansão (CPDE).
parcerias e trabalho mais estreito com docentes como uma das mudanças organizacionais na
estrutura do sistema bibliotecário.
Sobre a avaliação, a partir do relato dos entrevistados foi possível identificar alguns
instrumentos que servem de referência para a biblioteca no que diz respeito a implantação de
tecnologias. Os gestores do SiBi/UFSC indicaram os relatórios elaborados pela comissão de
avaliação do Ministério da Educação (MEC), que proporciona um retorno direto quanto aos
investimentos e aquisições na área e o Censo da Educação Superior que, realizado anualmente pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), disponibiliza
informações detalhadas sobre a situação e as tendências referentes à educação superior (INEP,
[2014]). A vantagem deste instrumento, apontada pelos gestores, é a possibilidade de se mapear a
situação real das bibliotecas universitárias no país a partir das informações coletadas, porém os
entrevistados demonstraram insatisfação com a falta de retorno, por parte do INEP, quanto à
divulgação dos resultados deste levantamento. No SISBI/UFU, foram apresentados outros
instrumentos que complementam os indicadores de qualidade de uma biblioteca universitária
apontados pelos gestores do SiBi/UFSC, a destacar: os relatórios da autoavaliação institucional,
realizada pela Comissão Própria de Avaliação (CPA), as demandas de usuários encaminhados via
ouvidoria da universidade, e-mail e/ou redes sociais, além das contribuições verbais dos usuários
(contato face a face). Não foi identificada na fala de nenhum dos gestores, de ambas as unidades, a
adoção de um sistema de avaliação de desempenho da biblioteca, registrado em uma política e com
instrumentos específicos, atribuído por Lubisco como um critério de primazia. Os gestores do
SISBI/UFU informaram que anualmente toda a equipe do sistema se reúne para avaliação das ações
realizadas e definição de novas metas a serem executadas ano seguinte.
De acordo com Gurgel e Rodrigues (2011) os custos para o desenvolvimento das bibliotecas
é um dos elementos vislumbrados para se pensar o planejamento de forma estratégica. Nas duas
bibliotecas pesquisadas os recursos financeiros são definidos pela administração superior, a partir de
uma política de gestão adotada pela universidade. Corroborando o pensando de Silva (2009) que
afirmou a total dependência das bibliotecas às estratégicas políticas definidas por instâncias
superiores e quase sempre contando com a inexistência de recursos financeiros para investimentos
na área, todos os dois sistemas de bibliotecas não contam com dotação orçamentária própria para
implementação de tecnologias.
No caso específico do SISBI/UFU, considerando os últimos dois anos, 24% de seu
orçamento5 é destinado para material de consumo e 76% para material permanente, sendo a grande
5
R$1.387.056,00, em 2014.
parcela do mesmo (90%) destinada para aquisição de livros e uma quantia mínima (10%) para
outros investimentos, incluindo neste grupo a aquisição de tecnologias. A partir dos critérios
apontados por Lubisco (2011) para obter nota máxima na avaliação da biblioteca, é possível traçar o
seguinte cenário relativo ao modelo de gestão orçamentária do SISBI/UFU: apesar de ser uma
unidade orçamentária, com autonomia para controlar a receita prevista, o seu orçamento representa
0,74% do orçamento da IES6 e não está definido regimentalmente. A quantia destinada para o
SISBI está muito distante da recomendação de 4 a 5% indicada por Lubisco (2011) e Miranda
(2006) como padrão.
O SiBi/UFSC, em uma situação menos favorável que o SISBI/UFU – que também não se
encontra em uma circunstância próxima do ideal –, conta com o recurso do duodécimo7, única fonte
fixa anual. Ao confrontar os dados coletados no SiBi com os critérios referentes ao planejamento do
orçamento, definidos por Lubisco (2011), conclui-se que: o sistema não é uma unidade
orçamentária. Suas demandas são analisadas pela Pro-Reitoria de Planejamento (PROPLAN) a
partir da previsão de despesas do ano corrente encaminhadas pela direção do SiBi. De acordo com
os entrevistados, frequentemente, a equipe da PROPLAN é alertada pelos representantes do SiBi
quanto a necessidade de se ter um orçamento específico para gestão dos serviços informacionais e
tecnológicos das bibliotecas. Esta realidade vivenciada gera certo desconforto, como retratado em
uma das falas dos entrevistados: “A biblioteca não tem um centavo. [...] Administra-se sem saber se
vai poder [...] O que se ganha é para o Sistema no todo”.
Constata-se que o orçamento destinado à única fonte de recursos fixa, anual, do SiBi/UFSC
representa 0,06% do orçamento da IES8, porém não é possível afirmar que esta fonte está definida
regimentalmente, como indicado por Lubisco, uma vez que o regimento interno do sistema está em
processo de aprovação pelo CUn. Apesar de o orçamento fixo do SiBi ser irrisório e estar muito
distante da recomendação de Lubisco (2011) e Miranda (2006), os entrevistados afirmaram que tem
havido investimentos na área (aquisição de estantes9, mobiliários, equipamentos, renovação de
assinaturas de bases de dados10, entre outros); só o valor destinado à aquisição de estantes e
renovação de bases de dados representa 0,48% do orçamento da universidade, o que comprova a
situação vivenciada e relatada pelos gestores entrevistados. A direção das bibliotecas apresenta as
demandas, que são contempladas conforme disponibilidade de recursos. Porém, o fato de não ter um
6
A execução orçamentária da UFU de 2013, excluindo-se a folha de pagamento, conforme recomendado por
Lubisco (2011), foi de R$186.867.642,29 (UFU, 2014).
7
R$220.000,00 (recurso custeio).
8
A execução orçamentária da UFSC de, excluindo a folha de pagamento, conforme recomendado por Lubisco
(2011), foi de R$353.248.281,00 (UFSC, 2013).
9
R$1.500.000,00.
10
R$200.000,00.
orçamento específico dificulta a gestão adequada do sistema. Neste contexto, um dos entrevistados
desabafa: “Não se pode planejar nada [...] A incerteza causa uma certa angústia”.
Ainda referente aos critérios de Lubisco (2011), identificou-se que o SiBi/UFSC também não
capta e nem administra recursos externos provenientes de prestação de serviços, projetos, editais,
programas, entre outros, que poderiam contribuir para o seu autofinanciamento. De acordo com os
gestores, nas bibliotecas não há uma cultura de se elaborar projetos para aquisição de equipamentos
e produtos, diferentemente da experiência vivenciada pelos gestores do SISBI/UFU, que apesar de
não captarem e nem administrarem recursos externos provenientes de prestação de serviços,
projetos, dentre outros, afirmaram que a maioria das tecnologias adquiridas nos últimos seis anos
resulta de parcerias firmadas com a Pro-Reitoria de Graduação (PROGRAD) (Projeto
CTINFRA/FINEP) e a Capes (Programa Pró-Equipamentos). Outra forma que os gestores
apresentaram para captação de recursos para manutenção e renovação da biblioteca, principalmente
em relação às tecnologias, foi por meio de propostas11 elaboradas coletivamente no âmbito do
SISBI e submetidas à avaliação e viabilização pela PROPLAD.
Ao analisar todas estas questões referentes à gestão do orçamento nas bibliotecas
universitárias, recorre-se ao pensamento de Miranda (2006, p. 6) que indica que “orçamento próprio
e definido [é pré-requisito] para qualquer empreendimento sério”. Apesar da intenção dos reitores
de aproveitarem os recursos adicionais do Plano Nacional de Educação (PNE) e os royalties do
petróleo para investimento na proposta de expansão das universidades para o próximo decênio, o
cenário não é tão animador, sobretudo, considerando que o ano de 2015 iniciou-se com um terço
dos recursos destinados às universidades federais bloqueados pelo MEC. Ainda assim, recomenda-
se atenção por parte dos gestores para garantir a inclusão das bibliotecas nos planos de expansão e
demais políticas internas da instituição, assegurando a ampliação e/ou construção de novos prédios,
contratação de bibliotecários e assistentes, aquisição de acervo impresso e eletrônico, equipamentos
e mobiliários, investimento em tecnologias, entre outros.
“Frente aos parcos recursos investidos na área” (CUNHA, 2000, p. 77) a cooperação
bibliotecária e o consórcio para desenvolver produtos e serviços informacionais são possibilidades
para se otimizar recursos financeiros, dividir custos e riscos (CASTELLS, 1999; CUNHA, 2000).
Ao consultar os documentos oficiais, identificou-se que os sistemas de bibliotecas participam das
seguintes redes de cooperação com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(IBICT), Biblioteca Regional de Medicina (BIREME) e entidades representativas junto à
11
O documento segue a seguinte estrutura: título, equipe, justificativa, principais contribuições, objetivos,
descrição do item e valor da proposta. Em 2014, foram submetidos 13 projetos à PROPAD, totalizando
aproximadamente três milhões de reais, cuja prioridade de implementação é definida pela direção do
SISBI/UFU, a partir da disponibilidade de recursos.
comunidade científica brasileira. As diferenças entre os sistemas neste quesito deram-se da seguinte
forma: além das redes acima citadas, o SiBi/UFSC mantêm parceria com o Centro de Informação
Metal Mecânica (CIMM) e Rede Nacional de Informação em Comunicação (PORTCOM), no
compartilhamento de informações por área, e também com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e a Rede Compartilhada Pergamum; e o SISBI/UFU com a Comissão Brasileira
de Bibliotecas Universitárias (CBBU). Além destas redes, os entrevistados da UFU citaram a
realização de parcerias internas com o Programa de Pós-Graduação em Direito (aquisição de
scanners planetários); o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (descrição dos
dispositivos móveis), PROPLAD e Pro-Reitoria de Pós-Graduação (PROPP - projeto CT-INFRA e
programa Pró-equipamentos), Prefeitura Universitária e Diretoria de Comunicação (DIRCO).
Mesmo firmando parcerias internas e externas para minimizar os gastos, os gestores do
SISBI/UFU indicaram a falta de recursos específicos, incluindo neste grupo os financeiros, como o
primeiro dos obstáculos relacionados à implementação de tecnologias nas bibliotecas, seguido da
falta de espaço físico, das restrições legais para reformas e ampliações dos prédios e da burocracia
nas etapas de aquisição e implantação das tecnologias. Especificamente quanto à burocracia
enfrentada neste processo, um dos gestores afirmou “[...] o processo de adquirir e implantar é
moroso [...] Geralmente, o tempo gasto entre a concepção de uma ideia tecnológica e a sua
disponibilização para uso [varia de] ano e meio a dois anos”. No SiBi/UFSC foram apontados
como obstáculos referentes à disponibilização de tecnologias nas bibliotecas do sistema, a
manutenção dos equipamentos e contratos, a falta de mão de obra especializada, o desconhecimento
de outro idioma e a incompatibilidade de sistemas, que segundo um dos entrevistados, não ocorre
apenas na biblioteca, mas também na universidade como um todo. Como exemplo foi citado a falta
de compatibilidade entre o sistema de controle acadêmico e de pessoal com o sistema de
gerenciamento dos serviços da biblioteca. Neste sentido, um dos gestores afirma: “o mercado de
tecnologia em bibliotecas não trabalha com protocolo aberto; geralmente são fechados, o que
desencadeia incompatibilidade de sistemas”. Quanto à manutenção dos equipamentos, um dos
gestores pontuou: “A tecnologia tem que ser implantada, mas a falta de manutenção é um
problema”. Como solução para esta questão, os responsáveis pelo SiBi/UFSC indicaram a
necessidade de inserir no Termo de Referência a exigência de que a manutenção do equipamento
continue após o vencimento do período de garantia do produto, visando minimizar os problemas
relacionados à manutenção. Semelhante a esta inciativa, foi a decisão tomada pelos gestores do
SISBI/UFU, para assegurar o funcionamento adequado dos equipamentos adquiridos e instalados,
definiram fazer licitação para contratar de serviços de manutenção preventiva dos mesmos, antes do
vencimento de suas garantias.
Na literatura pesquisada não foram identificadas descrições explícitas dos obstáculos
enfrentados pelos gestores das bibliotecas universitárias relacionados à área em discussão. Apenas
menções genéricas foram localizadas. Para Cunha (2000) a remoção dos obstáculos que impedem a
biblioteca de atender às demandas informacionais dos indivíduos em mudança, inseridos em um
mundo em constante transformação, é um dos desafios mais críticos a se enfrentar.
Os desafios identificados nas duas unidades confrontados com aqueles encontrados na
literatura se complementam. Os gestores do SISBI/UFU apontaram como desafios nesta área
tecnológica, a dificuldade de antecipação das tecnologias, as limitações de idioma – o que para os
gestores do SiBi/UFSC foi indicado como um obstáculo –, a falta de representação, no país, das
empresas que comercializam determinados produtos tecnológicos importados, a superação dos
obstáculos, citados anteriormente, a manutenção da equipe focada e motivada, a conscientização da
equipe quanto à importância da capacitação continuada e a escolha de produtos, dentre as diversas
opções, que atendam à realidade local. No SiBi/UFSC os desafios apontados foram pontuais e
direcionados à implantação de tecnologias específicas como o sistema de autodevolução e a
tecnologia de radiofrequência, visando a realização do inventário, além da ampliação do número de
dispositivos móveis para empréstimo aos usuários. Identificou-se correlação direta do desafio de
antecipação das tecnologias, apontado pelos gestores do SISBI/UFU, com o de manter-se atualizado
sobre os avanços, divulgado por Barros (2014). Cunha (2010) aponta a organização dos dados na
rede como outro desafio corroborando aquele apontado por Barros (2014): melhorar o acesso à
tecnologia. A biblioteca que conseguir “transformar os processos e estruturas administrativas que
caducaram e questionar premissas existentes” irá renascer (CUNHA, 2000, p. 88).
Não é fácil prever o futuro, porém no mundo atual, em constante transformação, esta tem
sido uma atividade essencial nos mais diversos setores. Quando questionados a respeito das
tendências relacionadas às tecnologias em bibliotecas, os gestores do SISBI/UFU indicaram a
necessidade de disponibilizar ambientes cada vez mais diversificados, e como exemplos citaram
ambiente de descanso, espaços multimídia e lúdicos dentre outros, semelhante à opinião dos
bibliotecários de Porto Alegre12, entrevistados de Morigi e Souto (2005). Outra tendência apontada
por eles foi a importância de tornar o atendimento cada vez mais ágil, considerando a sensação de
ampliação da falta de tempo do indivíduo. “Parece que o dia tem ficado mais curto”, complementa
um dos gestores. Esta tendência exige “a busca por qualidade, por entrega mais rápida ao usuário do
documento e/ou informação e da sustentabilidade”, apontado por Cunha (2010) como um desafio a
ser enfrentado pelos gestores das bibliotecas universitárias.
12
Espaço de convivência, lazer, aprendizagem e disseminação do conhecimento, com a função social de prover
informação, notadamente, a usuários de classes menos favorecidas.
Os entrevistados do SiBi/UFSC indicaram algumas tendências pontuais, já implantadas em
algumas bibliotecas universitárias brasileiras, como os dispositivos móveis e o serviço de descoberta
– este último foi um dos dados coletados pelo Censo da Educação Superior, no início de ano (2015),
referente às tecnologias disponíveis nas bibliotecas universitárias. Os gestores do SiBi também
apontaram como tendência a necessidade de se saber um pouco mais de tudo e a importância de
disponibilizar maior acesso ao acervo virtual aos usuários. Enfim, é possível afirmar que a relação
entre obstáculos, desafios e tendências é tão estreita e tão interrelacional, que os limites entre eles
ficam imperceptíveis, tornando-os elementos ubíquos, que variam conforme o momento vivenciado,
os recursos disponíveis, o perfil dos envolvidos, entre outros.
Independentemente da representação atribuída a estes elementos, acredita-se que todos eles
sustentam-se nas tendências apontadas pela International Federation of Library Associations and
Institutions (IFLA, 2013), como aquelas que transformariam ou que já estariam transformando o
ambiente da informação, a saber: ampliação/limitação daqueles que têm acesso a informação pelas
tecnologias; democratização e rompimento com o ensino em escala global, por meio da educação
pela internet; redefinição dos limites de privacidade e de proteção; surgimento de novas vozes e
novos grupos de poder na sociedade hiperconectada e a transformação da economia global da
informação por meio das tecnologias.
3.2 PESSOAL
Ambos os sistemas de bibliotecas analisados contam em suas equipes com servidores
concursados, estagiários e funcionários terceirizados, totalizando no SISBI/UFU, 126
colaboradores, e no SiBi/UFSC, 141. De acordo com o critério de definição do número de
colaboradores indicado no instrumento de análise de Lubisco (2011) é possível concluir que o
SISBI/UFU possui número absoluto de servidores (126) ligeiramente superior ao recomendado
(108). Entretanto, o número de bibliotecários (20) é cerca de um terço menor que o número sugerido
(59). Por sua vez o SiBi/UFSC possui déficit de pessoal, sendo o número de bibliotecários (40) bem
menor que o recomendado (95) e o número de assistentes (101) ligeiramente superior ao sugerido
(95). Os gestores de ambos os sistemas relataram que há uma demanda reprimida de, pelo menos 10
bibliotecários, confirmando a falta de pessoal especializado, problema histórico enfrentado pelas
bibliotecas universitárias desde a década de 1970 conforme apontado por Miranda (2006, p. 7): “As
estatísticas demonstram que, apesar do progresso nos últimos anos13, é ainda diminuto o número de
bibliotecários em relação com o universo de usuários”. Ao analisar os cargos dos servidores
13
Década de 1970. O texto original foi apresentado por Antonio Miranda, no I SNBU (Niterói), em 1978.
concursados identificou-se que nos próximos anos os sistemas terão um déficit maior de servidores,
considerando que ambos, possuem servidores que ainda ocupam cargos extintos ou em extinção
(copeiro, lancheiro, entre outros) para os quais não haverá reposição automática de vaga.
Por outro lado, o governo federal garantiu a reposição automática das vagas, o que não
resolveu o problema da falta de recursos humanos, todavia evitou uma situação mais crítica neste
segmento. A exemplo do que Cunha (2000) afirmou, os dois sistemas possuem servidores
terceirizados, desde a década de 1990, nas áreas de limpeza, portaria e reposição de material
bibliográfico. Os gestores do SiBi/UFSC informaram que as áreas de vigilância, específica para a
biblioteca e encadernação também foram terceirizados.
Ainda sobre a proporção de pessoal, verificou-se que nos últimos seis anos o aumento do
número de colaboradores não acompanhou o crescimento do número de usuários potenciais.
Tomando por base que as bibliotecas são consideradas potencialidades no âmbito das universidades,
é possível inferir que a implementação das tecnologias, no período analisado, responde pela
manutenção da qualidade nos serviços prestados. “Nas bibliotecas tradicionais, grande parte de suas
atividades dependia do fator humano; nas digitais, essa dependência é amenizada e, como
consequência, pode ocorrer maior otimização dos recursos humanos” (CUNHA, 2000).
Por fim, os gestores do SiBi/USFC apontaram a problemática da alta rotatividade de
servidores nas unidades e, como uma possível solução, recomendaram que as vagas dos concursos
públicos sejam destinadas exclusivamente a bibliotecários e auxiliares de bibliotecas. Entendem que
o interessado ao optar por um cargo específico, cujas atribuições são divulgadas no edital de
concurso, predispõe-se a desenvolver as atividades propostas com grande probabilidade de
colaborar permanentemente na biblioteca, minimizando a rotatividade.
Os dois sistemas possuem um parque tecnológico compatível com as demandas
informacionais da comunidade universitária, cuja gestão é de responsabilidade da divisão de
informatização das bibliotecas pesquisadas, sob a coordenação de um bibliotecário. No SISBI/UFU
tal equipe é composta por um bibliotecário, um analista de sistemas e três servidores que oferecem
suporte técnico de informática enquanto que, no SiBi/UFSC o grupo é formado por dois
bibliotecários, um analista de sistemas e um técnico de TI, responsáveis pela instalação de
softwares, formatação, configuração e manutenção de equipamentos, identificação de problemas,
monitoramento de rede e do software de gerenciamento, além do contato com fornecedores de
tecnologias (autosserviços, entre outros). Os gestores do SiBi/UFSC relataram a necessidade de um
programador no quadro da biblioteca para o desenvolvimento e manutenção de softwares. Em
ambos os casos, não há uma equipe especializada para desenvolver projetos de TI, recaindo esta
função para o gerente/coordenador da área.
Quanto à parceria/apoio da equipe de TI da universidade com a biblioteca, um dos
entrevistados do SiBi/UFSC relatou: “O nosso funcionamento depende muito do trabalho deles”.
As demandas são encaminhadas para a Superintendência de Governança Eletrônica e Tecnologia da
Informação e Comunicação (SeTIC) por meio de um atendimento online, desenvolvido pela própria
Superintendência, para controlar e acompanhar as ordens de serviço. Na UFU, a equipe do Centro
de Tecnologia da Informação (CTI) orienta os colaboradores da biblioteca que atuam na área. Por
ser reduzida, a equipe não consegue atender as demandas de TI do SISBI/UFU.
A capacitação dos servidores das bibliotecas pesquisadas quanto ao funcionamento de uma
nova tecnologia é de responsabilidade da empresa fornecedora. Os servidores capacitados –
geralmente aqueles que vão trabalhar diretamente com ferramenta – tornam-se multiplicadores deste
conhecimento. Apesar de não existir nos dois sistemas de bibliotecas nenhum programa de gestão
de competências, os gestores se preocupam em identificar o perfil e a competência informacional
dos colaboradores e direcioná-los para projetos e atividades afins.
No processo de transição tecnológica e seus desdobramentos, em razão do envolvimento
dos colaboradores desde a concepção até a execução, no SISBI/UFU aproximadamente 90% dos
servidores mostraram apoio nas iniciativas de mudança. Acredita-se que este alto índice de
aceitação das inovações refere-se também ao clima organizacional propício resultante das relações
interpessoais estabelecidas. “A equipe participa sabendo da implantação de um novo equipamento e
de como o mesmo funcionará” relata um dos entrevistados. Neste sentido um dos gestores do
SiBi/UFSC alerta “Ser competente não é só saber fazer. É saber conviver”. De modo semelhante,
no SiBi/UFSC as mudanças são bem aceitas tanto pela equipe quanto pelos usuários. De acordo
com os gestores, os servidores anseiam pelas tecnologias como um suporte para o desenvolvimento
de suas atividades e como uma forma de evolução dos serviços. “As máquinas é que devem fazer os
serviços repetitivos”, complementa o entrevistado.
3.3 USUÁRIOS
Apesar de alguns problemas de incompatibilidade entre sistemas, apontados pelos
entrevistados do SiBi/UFSC, na seção 3.1, as duas bibliotecas analisadas possuem um sistema de
gerenciamento dos serviços da biblioteca (UFU: Virtua, UFSC: Pergamum), integrado interna e
externamente (controle acadêmico e de pessoal), que permite fazer a gestão de seus usuários,
apontado por Lubisco (2011), como o ideal.
Os gestores dos Sistemas de Bibliotecas da UFU e da UFSC, quando questionados quanto
ao perfil de usuários que frequentam as bibliotecas nesta segunda década do milênio, informaram
que, além dos membros da comunidade universitária (discentes – modalidade presencial e a
distância –, docentes e técnicos administrativos), há uma procura significativa do espaço por grupos
de usuários da comunidade externa.
Os entrevistados do SISBI/UFU afirmaram que os “concurseiros” representam,
aproximadamente, 20% deste público, e no SiBi/UFSC foram citadas as pessoas vinculadas às
outras universidades da grande Florianópolis que nem sempre dispõem de bibliotecas estruturadas
para suprir a demanda informacional de seus estudos e pesquisas. Também mencionaram que, com
a expansão dos cursos a distância, um novo perfil de usuários tem sido identificado e que a adoção
das TIC nos serviços da biblioteca possibilita uma maior aproximação entre alunos dos cursos de
EaD e universidade, independentemente da distância que os separe. Por outro lado, esta constatação
não deixa de ser um grande desafio, considerando que, em pouco tempo, o número de alunos nesta
modalidade tende a aumentar, em razão da ampliação da oferta de vagas pelo sistema Universidade
Aberta do Brasil definida como uma das metas para se elevar a taxa bruta de matrícula na educação
superior em 50%, conforme definido no PNE (BRASIL, 2014).
As diferenças entre o perfil dos usuários das duas instituições pesquisadas apareceram
quando os gestores do SISBI/UFU citaram os discentes e docentes estrangeiros, como um novo
perfil de usuários que tem procurado os serviços bibliotecários. Este é outro grupo que tende a
aumentar significativamente, considerando a estratégia descrita no PNE para se elevar o número
alunos matriculados por meio da consolidação e ampliação de programas que incentivam à
mobilidade estudantil, como por exemplo, o Ciência sem Fronteiras em âmbito nacional e
internacional (BRASIL, 2014). Como anfitriões de alunos de diversas nacionalidades, mesmo
sabendo que quando um universitário participa do programa de mobilidade internacional, há a
exigência de que este domine o idioma do país de destino, é fundamental que a equipe da biblioteca
conheça outros idiomas – apontado como um desafio pelos gestores do SISBI/UFU e como um
obstáculo pelos do SiBi/UFSC – para estabelecer os primeiros contatos com os discentes do
programa até que estes se familiarizem com o novo idioma.
Os entrevistados do SiBi/UFSC apontaram outros dois grupos de usuários: os egressos e os
discentes de projetos especificos. Após a conclusão dos cursos, muitos ex-alunos procuram a
biblioteca em busca de espaço físico, serviços e produtos para as mais diversas finalidades. O
serviço mais procurado é o acesso à rede sem fio. Com a perda de vínculo com a universidade, o
aluno deixa de ter o direito de acessar a Wi-Fi. No entanto, considerando a alta demanda por este
tipo de serviço, a biblioteca passou a disponibilizar acesso temporário à rede a este grupo de
usuários, conforme regras estipuladas pela SeTIC, visando minimizar conflitos. Outro novo grupo
identificado, após coleta de dados, foram os alunos do curso de licenciatura indigenista (turma
única), cujas aulas aconteciam com calendário diferenciado do padrão, com encontros presenciais a
cada 45 dias, o que exigiu dos gestores da biblioteca redefinição das políticas de empréstimo para
atender esta demanda específica. Esta medida está em consonância com a estratégia 12.13 do PNE:
“expandir atendimento específico a populações do campo e comunidades indígenas e quilombolas,
em relação a acesso, permanência, conclusão e formação de profissionais para atuação nessas
populações” (BRASIL, 2014).
Durante a entrevista não foram relatadas experiências vivenciadas com os alunos de baixa
condição socioeconômica, pessoas com deficiência e nativos digitais. Independentemente do perfil
do usuário, faz-se necessário a identificação do público alvo da biblioteca e a análise prospectiva de
seu perfil, visando a “redução das incertezas” (CUNHA, 2010), a efetivação qualificada “na
formação de diferentes profissionais e a sua consequente inserção no mercado de trabalho”
(SANTOS; COSTA, 2013, p. 3).
14
Os critérios “controlam os itens não atendidos” e “realizam estudos sobre a qualidade dos serviços” não foram
coletados por não integrarem o foco deste estudo e não constarem nos documentos oficiais consultados.
15
XV Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB), com o tema Além das nuvens:
expandindo as fronteiras da Ciência da Informação e o XVIII SNBU, cujo tema foi Bibliotecas
universitárias e o acesso público à informação: articulando leis, tecnologias, práticas e gestão, ambos
realizados em Belo Horizonte.
preservação digital; rede sem fio/acesso remoto; redes sociais; referência digital; repositórios
digitais; scanners planetários e seleção/escolha de recursos digitais.
Outros produtos e serviços identificados durante a observação in loco nas bibliotecas foram:
sistemas de autoempréstimo, computadores com internet e Capes WebTV. Nenhum dos dois
sistemas de bibliotecas analisados possui o recurso de busca integrada e também não dispõem de
um ambiente virtual para capacitação dos usuários.
Os serviços, produtos e recursos utilizados ou disponíveis apenas no SiBi/UFSC são: uso
de métricas para avaliação de publicações científicas: utilizado na gestão do Portal de Periódicos
da UFSC, arquitetura da informação16, Quick Response Code (QR CODE), Laboratório de
capacitação, o Mecanismo Online de Referências (MORE) e o sistema de geração automática de
ficha catalográfica. Por sua vez, o produto existente apenas no SISBI/UFU é a tecnologia Radio
Frequency Identification (RFID), incluindo os dispositivos de radiofrequência que substituíram as
etiquetas de códigos de barras e os equipamentos de leitura dos dispositivos (pad, boockcheck e
DLA, sistemas de autoempréstimo e autodevolução). Outros identificados apenas no SISBI/UFU
são o sistema de autodevolução, equipamentos de segurança (portal e dispositivos
eletromagnéticos)17, equipamentos de videoconferência e laboratórios colaborativos.
Quando questionados sobre o impacto da implementação de uma TIC no ambiente de
trabalho, os gestores afirmaram que para os servidores foi necessária maior flexibilidade durante a
adaptação, o que exigiu mudança de comportamento, e apontaram a diminuição das atividades
rotineiras como uma vantagem (gestores SISBI/UFU). Para os usuários, indicaram que as TIC
possibilitaram um atendimento mais personalizado (gestores SISBI/UFU), com diminuição no
tempo de espera (gestores SiBi/UFSC) e permitiram sua maior independência e autonomia (gestores
SISBI/UFU e SiBi/UFSC); neste último caso, confirmando a opinião dos bibliotecários de Porto
Alegre, registrada na pesquisa de Morigi e Souto (2005).
A partir da comparação entre os objetos e confrontação dos dados coletados com o
referencial teórico é possível afirmar que os dois sistemas pesquisados disponibilizam inovações
tecnológicas que possibilitam maior autonomia aos usuários, consideradas tendências em bibliotecas
universitárias. A intenção deste estudo não é criar competitividade no sentido de apontar a melhor,
mas sim, indicar os sistemas como unidades informacionais de referência de modo que possam, a
16
Em novembro de 2014 a página web do SiBi/UFSC ganhou uma nova interface, elaborada por uma equipe
designada especificamente para aplicar os conceitos de arquitetura da informação no design do site, pensando
em sua usabilidade, encontrabilidade e acessibilidade. No SISBI/UFU a página é uma das demandas
solicitadas ao CTI, que está em espera na ordem de prioridade da unidade.
17
As bibliotecas do SiBi/UFSC possuem estes equipamentos/produtos, porém não foram considerados neste
estudo comparativo, uma vez o recorte temporal desta pesquisa se limita aos últimos seis anos (2009-2014).
No SiBi/UFSC estes produtos foram instalados em 1996, um pioneirismo na área.
partir do compartilhamento de informações e da cooperação bibliotecária, contribuir com a evolução
de outras bibliotecas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das pesquisas feitas, fica evidenciada a importância dos gestores buscarem uma
relação direta com a administração superior (inserção política), com objetivo de mostrar o valor das
bibliotecas universitárias e inclui-las em planos de expansão e desenvolvimento, de modo a garantir
investimentos, apontado pelos gestores entrevistados como um dos obstáculos à implementação das
TIC nas bibliotecas. Neste sentido, é fundamental que a missão, as metas e os objetivos da
biblioteca estejam alinhados e sejam coerentes com o planejamento e a gestão da instituição de
ensino superior à qual está vinculada, como uma das etapas para fortalecer sua importância e
assegurar espaço nas políticas públicas educacionais do país.
Para garantir o cumprimento de suas atribuições com eficácia, as bibliotecas devem ter suas
estruturas administrativas definidas e alinhadas com a universidade, contar com o assessoramento
de uma comissão de planejamento composta por representantes dos três segmentos da comunidade
universitária, ter um planejamento estratégico e o seu regimento interno aprovado pelo conselho
universitário e garantir o percentual específico de participação na matriz orçamentária da
universidade, conforme recomendação dos padrões analisados.
Observou-se que a maioria das tecnologias adquiridas nos últimos seis anos resulta de
parcerias das bibliotecas com as unidades administrativas internas e agências de fomento. A
participação em redes de cooperação apresenta-se como outra possibilidade para otimizar recursos,
promover maior acesso à informação, ampliar a oferta e aumentar a qualidade dos serviços
prestados. No entanto, estas alternativas não substituem a necessidade de se definir orçamento
específico para investimentos em manutenção e ampliação das bibliotecas.
Além da falta de recursos, os problemas mais comuns relacionados à implementação de
tecnologias nas bibliotecas constatados no estudo foram: falta de espaço físico, restrições legais para
reformas e ampliações dos prédios, burocracia nas etapas de aquisição e implantação das
tecnologias, manutenção dos equipamentos e contratos, falta de mão de obra especializada,
desconhecimento de outro idioma e a incompatibilidade de sistemas, que não ocorre apenas na
biblioteca, mas na universidade como um todo. Identificou-se que a adoção de prazo de manutenção
estendido e contratação, mediante licitação de serviços de manutenção, antes do término da garantia,
apresentam-se como medida mitigatória de possíveis interrupções na oferta de serviços por
problemas técnicos.
Como desafios tecnológicos enfrentados pelas bibliotecas pesquisadas a pesquisa revela a
dificuldade de antecipação das tecnologias, limitações de idioma, falta de representação, no país, das
empresas que comercializam determinados produtos tecnológicos importados, superação dos
obstáculos acima citados, manutenção da equipe focada e motivada, conscientização da equipe
quanto à importância da capacitação continuada e escolha de produtos, dentre as diversas opções do
mercado, que atendam à realidade local e implantação de tecnologias específicas. Ambos grupos
entrevistados apontaram como meta da gestão, a ampliação dos recursos tecnológicos já existentes
em algumas bibliotecas, para as bibliotecas universitárias setoriais do sistema que ainda não ofertam
esses serviços.
Não nos é possível prever o futuro, porém algumas tendências se apresentam como
referência para repensar a gestão em bibliotecas: a necessidade de disponibilizar ambientes cada vez
mais diversificados, como espaços de descanso, espaços multimídia e lúdicos, a importância de
tornar o atendimento cada vez mais ágil e adequado ao perfil do público jovem – nativo digital18 –
que frequenta as bibliotecas, a disponibilização de novos serviços/produtos (dispositivos móveis,
serviço de descoberta), a necessidade de se saber um pouco mais de tudo e a importância de
disponibilizar maior acesso ao acervo virtual. Para tanto, é primordial que as bibliotecas conheçam
as particularidades de seus usuários e busquem soluções para atender suas demandas pontuais, de
modo estruturado, possibilitando-lhes maior autonomia.
Para conhecer melhor a realidade vivenciada e repensar sobre si mesma, além dos sistemas
externos de avaliação e do retorno espontâneo de usuários sugere-se, a partir deste estudo, que as
bibliotecas adotem um sistema contínuo de avaliação próprio, que ofereça elementos confiáveis
capaz de nortear a construção de seu planejamento estratégico, complementando o processo de
análise e revisão de metas (curto, médio e longo prazo).
Em linhas gerais, quanto ao pessoal, constatou-se alto déficit de bibliotecários nas duas
unidades e um decréscimo anual do número de servidores em oposição ao crescimento da
universidade, principalmente em razão dos planos de expansão na educação nos últimos anos. Este
cenário tende a se agravar em razão das aposentadorias previstas dos servidores que ainda ocupam
cargos extintos ou em extinção e a instabilidade econômica que reflete diretamente na incerteza do
cumprimento dos contratos com as empresas terceirizadas. Soma-se a estes fatos a proposta de
duplicação do número de alunos matriculados na educação superior, definida no PNE. Estas
mudanças exigem novas práticas e novas respostas dos gestores para o atendimento do crescente
18
Geração de jovens, multitarefa, acostumados a receber e compartilhar informações rapidamente na internet
(PRENSKY, 2001).
número de usuários, considerando o seu perfil diferenciado, mantendo a qualidade dos serviços,
que, pelo que os estudos indicam, surgirão com a adoção de mais tecnologias.
De modo geral, as bibliotecas universitárias tendem a possuir parques tecnológicos maiores
e mais modernos, exigindo profissionais mais especializados e adaptados a este novo cenário
tecnológico, como um programador, por exemplo, para o desenvolvimento e manutenção de
softwares, segundo apontou um dos entrevistados. Com a evolução das tecnologias, as bibliotecas
universitárias cada vez mais necessitam de estabelecer parcerias com as unidades de TI da
universidade. “O nosso funcionamento depende muito do trabalho deles”, comenta um
entrevistado. Como a escassez de recursos humanos atinge a todos as unidades da universidade,
ressalta-se a necessidade de que a administração superior priorize as áreas estratégicas, como as
unidades ligadas à TI, nas oportunidades de ampliação de vagas, ao mesmo tempo em que viabilize
ações de capacitação da equipe das bibliotecas nesta área, para atendimento das demandas
emergenciais.
Ressalta-se ainda que, de modo geral, não há resistência quanto à adoção de tecnologias,
sobretudo quando há uma gestão participativa, como identificado no estudo. A inserção das
tecnologias nas bibliotecas implicou em mudanças que podem ser entendidas como oportunidades
de evolução, em que novos meios substituem as velhas práticas e novos bens e serviços são
implementados, a fim de minimizar as diferenças quanto ao acesso à informação e construir uma
sociedade informacional mais global e justa.
Por fim, ao analisar a trajetória das bibliotecas universitárias, no âmbito das universidades
federais, é preciso ter em mente o pensar e o refazer sobre si mesmas e, fundamentalmente, a
extensão e o impacto dos serviços prestados tanto à comunidade universitária quanto à sociedade
como um todo. Isso porque a eficiência de pessoas e instituições no cumprimento de seus propósitos
depende, essencialmente, da qualidade e disponibilidade de informações estratégicas.
Aquela biblioteca que der um passo nesse processo de mudança irá renascer. As outras que,
à semelhança de um avestruz ameaçado, enterrarem suas cabeças na areia, defendendo
rigidamente o status quo, ou, o que é pior, conservarem alguma visão idílica do passado,
correrão grande risco e terão pouca chance de serem reconhecidas como instituições
necessárias. [...]. É vital entender que o desafio da mudança não seja visto como uma
ameaça mortal, mas uma oportunidade para renovação, talvez uma renascença do ensino
superior e de sua biblioteca (CUNHA, 2000, p. 88).
REFERÊNCIAS
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original apresentado no 1º SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITARIAS, em
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2014. Folder elaborado pela Pró-Reitoria de Planejamento.
BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA E ENSINO SUPERIOR: EM BUSCA DE
UM ALINHAMENTO ESTRATÉGICO
RESUMO
É proposto um modelo de avaliação que meça o alinhamento das ações das Bibliotecas
Universitárias (BUs) às políticas de ensino de graduação das Instituições de Ensino Superior
(IES) baseado no princípio-chave de alinhamento do Balanced Scorecard (BSC), dirigido à
sinergia das ações das bibliotecas às políticas de ensino de graduação das IES. Tendo
como objetivos específicos a verificação da gestão da BU; a definição de uma estratégia de
ação que possibilite a articulação com os projetos pedagógicos; e a identificação dos fatores
que favorecem ou dificultam o alinhamento estratégico das BUs às estratégias dos cursos.
Optou-se pelo estudo de caso como método, tendo como ambiente de pesquisa o Curso de
Oceanografia e a Biblioteca Rui Simões de Menezes, ambos com sede no Instituto de
Ciências do Mar (LABOMAR), da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Palavras-Chave: Biblioteca Universitária; Administração; Alinhamento Estratégico;
Instituição de Ensino Superior.
ABSTRACT
It is proposed an assessment model that measures the alignment of the actions of Library
University (UL) to under graduate courses HEIs based on the key principle of alignment with
the Balanced Scorecard (BSC), directed to the synergy of actions of libraries for
undergraduate teaching police of IES. It aims to check the management of UL, the definition
of an action strategy that allows the articulation with educational projects, and identification of
factors that promote or hinder the strategic alignment of the libraries to the strategies of the
courses. A study method was chosen, with the research environment beeing the Course of
Oceanography and the Library of Rui Simões de Menezes, both based at the Institute of
Marine Sciences (LABOMAR), Federal University of Ceará (UFC).
Keywords: Academic Library; Administration; Strategic Alignment; Higher Education
Institution.
1 INTRODUÇÃO
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.211-228, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
212
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.212-230, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
213
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.212-230, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
214
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.212-230, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
215
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.212-230, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
216
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.212-230, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
217
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.212-230, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
218
Para esta pesquisa, optou-se por fazê-la tendo como objeto de estudo o
Curso de Graduação em Oceanografia, com sede no Instituto de Ciências do Mar
(LABOMAR) da Universidade Federal do Ceará (UFC), e a Biblioteca Rui Simões de
Menezes (BICM). Foi possível aplicar e validar o método proposto de avaliação do
alinhamento entre os objetivos da BICM e desse curso de graduação, usando os
seguintes instrumentos de coleta de dados: estudo teórico de natureza analítico-
descritiva, pesquisa documental, entrevista semiestruturada, questionário e estudo
das bibliografias constantes nos programas das disciplinas do curso.
O Curso de Oceanografia, em seu projeto pedagógico, prescreve práticas
alinhadas às proposições de alinhamento do presente estudo quando, por exemplo,
considera os estudantes corresponsáveis pela sua aprendizagem, o que situa a
biblioteca no centro do processo de ensino-aprendizagem.
A BICM, integrante do sistema de bibliotecas da UFC, presta serviços locais e
on line a toda à comunidade acadêmica embora, como toda biblioteca setorial,
priorize o acervo e os serviços à sua comunidade específica, no caso, a do
LABOMAR.
Segundo a estrutura proposta, a execução do método com as características
de reconhecimento organizacional e operacionalização, ocorreu em sete etapas,
descritas do subitem 4.1 ao 4.7:
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.212-230, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
219
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.212-230, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
220
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.212-230, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
221
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.212-230, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
222
atualização de dados pessoais. O fato desses dois itens terem tido 7% de respostas
em branco remete ao possível desconhecimento da nomenclatura dos serviços e à
necessidade de treinamento.
Levantamento bibliográfico foi o único serviço a pontuar em “pouco
importante’ (6%), talvez pela habilidade dos jovens com o uso da internet.
Reprografia é a fotocópia de material bibliográfico respeitando a Lei de
Direitos Autorais. Dentro da biblioteca existe uma máquina copiadora que fazia
cópias para a comunidade em geral. Em maio de 2009, a direção do LABOMAR
determinou, mediante correspondência interna, que o equipamento seria de uso
exclusivo dos setores administrativos, o que tem ensejado insatisfação e queixas por
parte dos alunos, pois 78% o consideraram “muito Importante” e “importante”.
Por acervo digitalizado, entende-se o serviço de acesso às dissertações e
teses defendidas na UFC através da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações
(TEDE), assim como monografias e artigos publicados. Supõe-se que, com os
treinamentos que serão ministrados, eles serão mais conhecidos e aumentarão seu
grau de importância atual de 64%.
Os resultados da avaliação do grau de satisfação mostraram que o serviço de
consulta livre obteve 74% de satisfação, não obstante 16% terem afirmado estarem
pouco satisfeitos. Uma das respostas foi justificada com a “Desorganização do
acervo.” A BICM está com seu quadro de pessoal reduzido e a reposição dos livros
nas estantes, que deve ser feita ao final de cada expediente, não está sendo
realizada a contento.
O empréstimo domiciliar teve 16% de pontuação “pouco satisfeito” e 6%
“insatisfeito”. É sempre necessária a ampliação do acervo em relação a títulos e
exemplares, já que as queixas dos alunos são específicas nesse ponto. “No
LABOMAR há carência no acervo para o Curso de Oceanografia.”, foi uma das
respostas do questionário.
Para o serviço catálogos on line, o nível de satisfação foi maior do que 80%,
embora 6% ainda estejam “pouco satisfeito”. Acredita-se também que a
intensificação de treinamentos resolverá essa lacuna.
Em levantamentos bibliográficos automatizados, 10% desconheceram o
serviço e 25% deixaram a resposta em branco. Percebe-se que não está claro para
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.212-230, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
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Revista EDICIC, v.1, n.3, p.212-230, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
Para melhor visualização, apresenta-se de forma concisa na Figura 2, as
etapas e os resultados do método de verificação do alinhamento entre biblioteca e
cursos de graduação.
5 CONCLUSÕES
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.212-230, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
227
REFERÊNCIAS
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.211-228, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
228
Revista EDICIC, v.1, n.3, p.211-228, Jul./Sep. 2011. Disponible en: <http://www.edicic.org/revista/>.
Gestão da biblioteca universitária: análise com base nos Luiz Cláudio Maia;
indicadores de avaliação do MEC Maria De Souza Lima Santos
http://dx.doi.org/10.1590/1981-5344/2079
1 Introdução
A avaliação do ensino está cada vez mais sendo adotada no
ambiente das universidades, fazendo com que essas instituições se
estruturem e passem a atender ou a criar novos produtos e serviços com
qualidade. Dias Sobrinho (2002) reforça que a avaliação é um instrumento
de medida e controle que responde às expectativas de eficiência e
produtividade que os Estados controladores têm a respeito da educação
superior. Almeida (2000) considera a avaliação como um processo
contextualizado no ciclo administrativo, cujas funções têm, no
planejamento, o início de quais resultados se deseja atingir. Assim, a
avaliação institucional representa a aplicação dessa teoria no ambiente
organizacional da universidade e também na biblioteca.
Os processos de avaliação institucional no âmbito das Instituições
Ensino Superior (IES) têm despertado, nos profissionais bibliotecários,
uma preocupação com a definição de um conjunto de dados estatísticos –
5 Métodos
7 Considerações Finais
Partiu-se do princípio de que os instrumentos de avaliação do MEC
são importantes na gestão da biblioteca universitária face ao processo de
aquisição de material informacional no intuito de corresponder às
necessidades dos alunos dos cursos de graduação da UFG. O foco da
pesquisa desenvolvida foi o estudo de caso no Sistema de Bibliotecas da
UFG, que reúne algumas das principais bibliotecas universitárias da
região, sendo referência no Estado de Goiás.
A definição pelos gestores de biblioteca de diferentes campi da
Universidade deu um caráter especial à pesquisa, evidenciando a
percepção e a vivência de cada participante nas entrevistas. A percepção
de cada gestor foi importante pelo nível de envolvimento com a gestão da
biblioteca e com o tema da avaliação, sendo estes também responsáveis
diretamente pelo acompanhamento dos avaliadores do MEC, por ocasião
da visita in loco.
As entrevistas realizadas com os diferentes gestores envolvidos com
a administração das bibliotecas, e também com o processo de avaliação,
foram imprescindíveis. Elas permitiram que se verificassem os diferentes
níveis de percepção sobre os temas abordados, o que proporcionou maior
abrangência a este estudo.
A análise das diferentes dificuldades detectadas nas entrevistas
sobre os aspectos organizacionais relacionados aos processos de avaliação
fornece subsídios para se propor ações articuladas entre a biblioteca, os
coordenadores de cursos e a UFG, de forma institucionalizada.
Um dos aspectos percebidos e manifestados pelos entrevistados foi
a importância e a necessidade que tem o gestor da biblioteca de conhecer
o instrumento de avaliação e tê-lo como ferramenta para a gestão na
Universidade, principalmente pelo fato de que a biblioteca está incluída no
contexto da avaliação institucional. Tal inclusão perpassa a ideia de a
biblioteca atender às necessidades dos cursos da Instituição e que a sua
avaliação tem impacto em outros importantes indicadores, como o PDI, o
PPC e o NDE. Dessa forma, a avaliação se constitui em uma ferramenta
capaz de propiciar melhorias para a biblioteca, sendo de grande
importância no momento de negociações com a administração superior
para novos investimentos.
No tocante ao aspecto da formação e atualização do acervo, em
atendimento tanto ao instrumento de avaliação quanto ao projeto
pedagógico do curso, verificou-se que tais processos são muito
Referências
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AMARAL, N. C. A gestão das instituições de ensino superior: o foco do
financiamento. In: DOURADO, L. F.; CATANI, A. M.; OLIVEIRA, J. F.
(Orgs.). Políticas e gestão da educação superior: transformações recentes
e debates atuais. São Paulo: Xamã, 2003. p. 219-239.