Anda di halaman 1dari 3

Este poema põe em relevo uma figura feminina que escapa à típica mulher citadina, mas

também à mulher que surge no espaço rural.

O sujeito serve-se de um conjunto de signos que contribuem para caracterizar a mulher: "bela,
frágil, assustada, recatada, honesta, fraca, natural, dócil, recolhida", remetendo para o seu
retrato moral. Já os vocábulos "loura, de corpo alegre e brando, cintura estreita, adorável, com
elegância e sem ostentação, esbelta e fina, ténue" remetem para o seu aspecto físico.
Por outro lado, o sujeito lírico considera-se "feio, sólido, leal; sente-se prestável, bom e
saudável quando a vê, ao ponto de desejar beijá-la. Afirma ainda ser "hábil, prático e viril", ou
seja, com força suficiente para a socorrer quando ela precisar.
Para além da figura feminina, o sujeito poético refere ainda os espaços citadinos como o café,
o largo, as ruas, caracterizando-os de forma negativa, chamando ao café "devasso"; do largo
destaca o pedestal e das ruas a agitação que nelas se verifica. Nestes espaços movimentam-se
figuras sórdidas, que ele caracteriza por " turba ruidosa, negra" e por " uma chusma de padres
de batina". Isto significa que o local urbano em que se encontra se presta à movimentação
mesquinha destes seres escuros que permitem destacar a fragilidade da jovem como a única
capaz de clarear estes locais, torná-los mais brilhantes e mais atractivos ao sujeito lírico.
Com o intuito de evidenciar o contraste entre o espaço e a jovem senhora, o sujeito poético
faz referência ao ajuntamento, característico dos espaços urbanos, onde a agitação e a
confusão imperam. Sobressaem as diferentes classes sociais que se podiam encontrar no
espaço citadino, o que permite afirmar que a cidade era palco de vários seres que nele se
movimentam, uns por ociosidade, outros por obrigação, tal como seria normal numa cidade
onde está a chegar a industrialização e para onde acorrem os mais pobres, na expectativa de aí
encontrarem melhores condições de vida.
A luminosidade deste dia só é posta em evidência quando a figura feminina surge nos locais
onde anteriormente se moviam figuras conotadas com os aspectos negativos da cidade. Só a
visão desta mulher frágil e pura lhe possibilita uma visão mais positiva da realidade, estando
aqui realçados o tempo e o espaço psicológicos, ou seja, aqueles que se resultam do estado de
espírito do sujeito poético e da sua construção.
O sujeito lírico revela o receio de perder a mulher admirada, porque, "os corvos" a poderiam
arrancar daquele local, a ela que não passava de uma "pombinha tímida e quieta". Por isso, o
sujeito poético mostra-se capaz de a salvar, mesmo que seja a custo da sua própria vida,
mostrando-se protector da fragilidade e capaz de tudo para poder conservar aquela figura que
o fazia recordar a simplicidade do campo e das mulheres que o povoam.
Apesar da oposição que Cesário Verde costuma estabelecer entre a mulher do campo e a
mulher da cidade, a figura feminina que aqui é retratada é uma espécie de mistura, uma vez
que o retrato que dela traça está associado à mulher campesina, mas o espaço em que se
movimenta é-lhe estranho e, por, isso, esta sente-se perdida, a necessitar da protecção
masculina. Trata-se de uma mulher do campo que se sente desnorteada num espaço que não
está adequado à sua fragilidade.
Cesário Verde serve-se de um conjunto de processos que, também neste poema, podem ser
percepcionados. É o caso do vocabulário preciso e exacto e as imagens carregadas de
visualismo que dão uma visão perfeita das realidades visionadas. Além disso, percebe-se a
objectividade que imprime ao conteúdo, afastando-se, deste modo, do lirismo romântico. Para
retratar fielmente a realidade ou as figuras com que depara, o autor emprega a adjectivação e
as frases preposicionais de valor adverbial. Acresce ainda referir o uso das quadras e dos
versos decassilábicos que permitem uma maior aproximação à prosa.
Concluindo, este é um texto cheio de referências à realidade social, onde se percepciona a
crítica e a ironia de que Cesário Verde se serve e que reflectem o seu carácter subjectivo.
ANÁLISE DO POEMA "A DÉBIL"

A caracterização desta mulher organiza-se em torno dos campos semânticos de:


- Beleza;
- Fragilidade;
- Simplicidade;
- Pureza /brancura;
- Bondade;
- Alegria/vida.

A caracterização do sujeito poético, contrastivamente à da mulher observada /admirada,


organiza-se em torno dos campos semânticos de:
- Fealdade;
- Força;
- Corrupção;
- Tristeza/doença;
Além disso, outros elementos individualizadores surgem na sua autocaracterização,
como a lealdade e a condição de poeta.

É importante chamar a atenção para todo um conjunto de elementos que representam, na


perspectiva do poeta, negativamente:
- O regime vigente, através das classes dominantes aristocracia ("exéquias
dum monarca”;”estátua de rei", "titulares", "altos funcionários") - e clero ("patriarca",
"chusma de padres de batina");
- A cidade na sua turbulência ameaçadora e corruptora e na sua miséria: "café
devasso", "nesta Babel tão velha e corruptora", "turba ruidosa", "Mas se atropela o
povo turbulento!", "numeroso ajuntamento", "bando ameaçador de corvos pretos", "um
miserável".

O sujeito poético, "sentado à mesa de um café devasso", faz parte da cidade, mas, ao
olhar a mulher que passa, sente crescer nele um desejo de transformação. É o que acontece
quando a bondade da mulher que socorre um pobre o leva a desistir, vexado, de beber mais
absinto (lembremos que esta é uma bebida emblemática da boémia do século XIX), porque ela
o torna "prestante; bom, saudável".
É também o que acontece quando o poeta contempla com "inveja" e, por isso, com
desejo de a ela se igualar, a simplicidade e pureza da mulher, quando tem vontade de a
proteger
e, finalmente, quando deseja nela "uma família, um ninho de sossego" e afirma a intenção de
lhe dedicar a vida, "numa existência honesta, de cristal".

O "claro sol" de um "soberbo dia" são elementos que têm uma dupla funcionalidade - plástica
(afinal Cesário é um impressionista da palavra) e temática (a natureza solar, pura, é por si só
redentora e purificadora, como se na cidade se encontrasse um sol puro como o do campo.
Esta passagem do poema lembra algumas passagens de Os Maias, nomeadamente a
deambulação de Carlos e Ega no capítulo XVIII, quando se detêm a olhar o sol das colinas de
Lisboa.

O sujeito poético teme que aquela mulher que ele observa e admira, e que lhe trouxe um
halo redentor de pureza e simplicidade, seja esmagada pela turba, uma pomba branca
ameaçada
por um bando de corvos pretos. Receia, afinal, que a sua pureza sucumba perante a força
esmagadora e destruidora da cidade.

Anda mungkin juga menyukai