Anda di halaman 1dari 52

1

SUMÁRIO

1 COMUNICAÇÃO ................................................................................ 3

2 EDUCAÇÃO, O QUE É ISSO? .......................................................... 8

2.1 Educação formal x educação informal....................................... 10

2.2 Educação como produto x educação como processo ............... 10

2.3 Educação certa x educação errada ........................................... 11

2.4 Educação como meio x educação como fim ............................. 12

2.5 Educação como prática individual x educação como prática


coletiva 13

2.6 Educação autoritária x educação democrática .......................... 15

2.7 Educação opressora x educação libertadora ............................ 16

2.8 Educação reprodutivista x educação crítica .............................. 17

3 ENSINAR NÃO É SÓ COMUNICAR ................................................ 22

3.1 Teorização ................................................................................. 23

3.2 Um modo de comunicação ........................................................ 23

4 ENTENDENDO OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO ........................... 26

4.1 Jornais diários ........................................................................... 27

4.2 Revistas..................................................................................... 27

4.3 Rádios e TVs ............................................................................. 27

4.4 Portais de notícia ....................................................................... 27

5 A EDUCAÇÃO E A COMUNICAÇÃO .............................................. 28

6 COMUNICAÇÃO, INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO E SABEDORIA.


35

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 50

2
1 COMUNICAÇÃO

O ato de comunicar é universal e é tão antigo quanto o próprio homem.


Ele é uma ferramenta indispensável para que as pessoas possam viver em
grupos e estabelecer normas que garantam direitos mínimos a cada um.
A comunicação é um instrumento poderoso e mal usado pode trazer
problemas e gerar conflitos. O domínio do verbo pode fazer a diferença em
épocas movidas por competições intensas. Os chineses descobriram isso há
mais de 2,5 mil anos e inventaram, meio sem querer, o ancestral mais próximo
do assessor de imprensa moderno.

Fonte: thema.net.br

As pessoas com habilidade para a leitura, com boa dicção e com um


timbre de voz alto e agradável eram recrutadas pelos antigos monarcas chineses
para ser “divulgadoras oficiais do reino”. Elas percorriam os vilarejos a cavalo e
liam pergaminhos contendo, na maioria das vezes, determinações ligadas a
tributos, condenações ou uma nova orientação que tornasse ainda mais
incontestável a força do rei.
Os gregos usaram a palavra e o pensar como mecanismos para construir
a filosofia, a base do pensamento ocidental e responsável pela incessante busca
da compreensão do mundo, das coisas e do homem.
O poderoso império romano tinha a informação como aliada no
avassalador processo de conquista de novos territórios.
3
Inteligentemente, os romanos fragilizavam a força armada do inimigo mas,
em vez de aniquilar como era lei em outros povos, transformavam os
conquistados em cidadãos do grande império. Eles passavam a gozar de direitos
e deveres como qualquer outra pessoa e também podiam usufruir das glórias
comuns a uma grande nação.
O poder da palavra foi claramente entendido na época Medieval pelas
forças dominantes e impôs-se a limitação aos livros como barreira à socialização
do conhecimento. O alemão João Gutenberg revolucionaria conceitos ao
inventar um dispositivo capaz de multiplicar a capacidade de reprodução de
livros. Ele criou a prensa, imprimiu a bíblia em 1456 e reinventou o trabalho dos
autores. Os livros, até então, eram escritos à mão e era raro encontrar vários
exemplares do mesmo título.

Fonte: wp.com

Cabia aos monges enclausurados nos antigos castelos medievais dedicar


grande parte de suas vidas a copiar e a multiplicar os originais. A prensa, a base
dos equipamentos gráficos que surgiriam mais tarde, multiplicou
exponencialmente a produção literária e estimulou novas gerações de escritores
a colocar suas obras no papel.
A revolução industrial, a partir do século 19, na Inglaterra, aceleraria ainda
mais o processo e a comunicação passaria a ganhar contornos profissionais. A
versão moderna do assessor de imprensa tem o empresário norte-americano
George Westinghouse como peça-chave.
4
Em 1898, George percebe que a propaganda poderia ampliar as suas
vendas. O uso da informação como mecanismo para aumentar a
comercialização de bens duráveis e não-duráveis superou as projeções mais
otimistas e nascia ali a era da publicidade e da propaganda. John Rockefeller,
um dos homens mais poderosos da economia norte-americana do início do
século 20, era admirado pelo seu poder de antever pequenas revoluções no
mundo dos negócios.
Ele foi um dos poucos que saíram incólumes da quebra da Bolsa de Nova
York, em 1929, e um dos primeiros a perceber a função da comunicação em um
mundo tão sofisticado e com tantas novidades como o de cem anos atrás.
Rockfeller, acusado de defender o monopólio e por isso com o nome em baixa
entre a massa norte-americana, decide fazer do comunicador Ive Lee o primeiro
profissional a ganhar a vida como assessor de imprensa e relações públicas.
Lee trocou o jornal pelo papel de divulgador das ações das empresas do
magnata dos negócios e dá os primeiros contornos à comunicação empresarial.
Rockfeller ainda financiaria a criação do primeiro curso superior de comunicação,
em 1908. A Universidade de Colúmbia, no Missouri, é até hoje uma das grandes
referências do jornalismo mundial.
Adolf Hittler criou durante a 2ª Guerra Mundial ministérios inteiros voltados
à comunicação e para aperfeiçoar esquemas táticos a partir da obtenção de
informações privilegiadas. A comunicação foi uma aliada poderosa dos nazistas
nas frentes de batalha. O brieffing, um dos termos mais usados na área
publicitária, foi cunhado durante a 2ª Guerra pelos oficiais alemães. Eles faziam
pequenas convenções, a partir de pesquisas, trocas de informações e análises,
antes de definir as estratégias de cada novo ataque.

5
Fonte: negociofeminino.com.br

A profissionalização dos processos de comunicação começa no Brasil em


1909, no governo de Nylo Peçanha. Ela cria um arquivo nacional dedicado a
preservar memórias e informações consideradas importantes ao País. Em 1915,
o arquivo se transforma em uma seção específica para cuidar da comunicação
do governo e tentar equilibrar a queda de braço com os jornais da época. O início
do principal processo de industrialização brasileiro, a partir de 1950 com a
chegada das montadoras de automóveis, inaugura a popularização da
comunicação empresarial.

Fonte: michellyribeiro.files.wordpress.com

6
Cresce o número de profissionais interessados em oferecer serviços
especializados a grandes empresas e indústrias. A Volkswagen é a primeira, em
1961, a montar uma assessoria de imprensa e a utilizar mais intensamente os
recursos de comunicação disponíveis para divulgar notícias, promoções e
reforçar sua marca. Mas somente 15 anos depois é que alguns dos grandes
nomes da imprensa brasileira decidem trocar principalmente os jornais pelas
assessorias.
Os jornalistas percebem ali um promissor nicho de trabalho, com salários
iguais ou melhores que os das redações e com uma qualidade de vida
teoricamente melhor. As assessorias passam a ser comuns a partir dos anos 80
em associações, sindicatos e em empresas. A informação vira moeda forte nas
relações entre os mais diversos públicos. Os cursos de comunicação percebem
o potencial da área e incluem em suas grades disciplinas preocupadas em formar
o jornalista também para suprir essa nova exigência do mercado.
Atualmente no Brasil, cerca de 70% dos profissionais formados em
comunicação têm a assessoria de imprensa como sua primeira oportunidade de
inserção no mercado. E a tendência é de crescimento. A comunicação alcança
status de ferramenta estratégica em todas as corporações. Ela passa a ser
determinante para definir políticas de ação, estratégias para a comercialização
de produtos e serviços, para fortalecer aspectos comunicacionais e,
principalmente, para proteger o assessorado de possíveis crises de imagem.
A contratação de assessorias de comunicação especializadas contribui
para proteger um dos maiores patrimônios da empresa, a sua marca, que em
muitos casos vale mais do que todo o patrimônio físico construído ao longo de
uma trajetória de anos. O conceito mais recente é de que contar com uma
assessoria de comunicação especializada é mais do que custo. É investimento,
e ainda mais: é economia. A informação é o motor do mundo globalizado, por
isso ela precisa ser tratada de forma técnica e competente.

7
2 EDUCAÇÃO, O QUE É ISSO?

Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br

Já disse um filósofo que nós, os seres humanos, fomos condenados à


liberdade. Aí está: condenação e libertação como partes inseparáveis do ser
individual e social que é o homem. Não é que estejamos permanentemente
oscilando entre essas duas realidades, que sejamos ora condenados e ora livres.
Mas é que somos, ao mesmo tempo, as duas coisas, constantemente, em cada
momento, escravos e livres. Apenas para exemplificar de maneira simples:
podemos estar livres em relação aos pais até que ponto? e escravos no tocante
à escola; livres quanto a esta última, mas escravos quanto ao trabalho, e assim
por diante. Todavia, tudo isso é muito relativo: mesmo separados da família,
conservamos as influências do tempo de convivência; longe da escola,
carregamos as marcas que ela nos imprimiu. Com a educação acontece o
mesmo: trata-se de um processo que escraviza e liberta simultaneamente, mas
do qual ninguém consegue escapar, do nascimento à morte.
A educação é, em suma, um processo universal. E, na definição do
processo educacional, não podemos fugir das influências que sofremos em
nossa própria formação.
Assim é que, ao procurar definir o que entendo por educação, não deixo
de refletir, em parte, o processo educacional ao qual fui submetido. E como esse

8
processo teve uma presença marcante da Filosofia, minha definição buscará ser
globalizante, interdisciplinar, na tentativa de compreender a perspectiva da qual
as diversas disciplinas procuram explicar a educação.
E a primeira observação que faço é a de que parece existir algo em
comum entre as várias perspectivas, que é uma espécie de definição elicotômica
da educação, na qual está é sempre classificada em dois termos opostos.
Vejamos: pelo ponto de vista meramente descritivo geográfico o processo
educacional é classificado em formal e informal; a Didática fala-nos
seguidamente da educação como processo e como produto; na Moral vamos
encontrar a ênfase na distinção educacional entre o certo e o errado, o bom e o
mau etc.; já a Filosofia tem se esmerado em separar os fins dos meios no
processo educacional; o estudo da educação como prática individual, em
oposição à prática coletiva, parece ser um ponto recorrente em Psicologia.
Quando a perspectiva é a da Política, torna-se comum à distinção entre
educação autoritária e educação democrática; historicamente, a oposição
verifica-se entre a educação opressora e a educação libertadora; finalmente,
talvez possamos identificar como predominantemente sociológica a perspectiva
que coloca em campos opostos a educação produtivista e a educação crítica. A
segunda observação diz respeito a uma definição geral de educação, que seria,
digamos, aplicável a qualquer uma das distinções anteriores. Trata-se da
educação vista como a influência que as gerações consideradas adultas
exercem sobre as gerações mais jovens, com o objetivo de levá-las a
desenvolverem-se fisicamente, intelectualmente e moralmente de acordo com
as expectativas da sociedade ou, por outra, dos grupos sociais dominantes.
Então, a educação, sendo universal, varia de sociedade para sociedade, de um
grupo social a outro, segundo as concepções que cada sociedade e cada grupo
social tenham de mundo, de homem, de vida social e do próprio processo
educativo. Ressalta, desta observação, a enorme importância que tem o estudo
da história da educação, pois nos permite avaliar como foi entendida e praticada
a educação, em épocas e sociedades diferentes.
Possibilita-nos, ainda, entender a educação como um processo dinâmico,
histórico, e por isso mesmo mutável, e cuja compreensão exige a superação das
dicotomias acima citadas.

9
2.1 Educação formal x educação informal

A educação formal ocorre, portanto, sempre que se desenvolve


sistematicamente, segundo planos que incluem objetivos, conteúdos e meios
previamente traçados. Diz-se, a partir da definição anterior, que a escola é a
agência por excelência da educação formal. No entanto, esta ocorre também na
família, na igreja e em outras instituições, sempre que se utilizam meios
considerados adequados para atingir intencionalmente determinados fins, que
são os fins do processo educacional em questão. Não podemos esquecer,
entretanto, que ambos os processos — a educação formal e a informal —
ocorrem simultaneamente, na maioria das situações educacionais. Na própria
escola, considerada a principal responsável pela educação formal, os 65 alunos
geralmente aprendem muito mais da convivência com colegas e professores —
de suas atitudes, de sua maneira de falar, de seus gestos, da forma com que
encaram o homem e o mundo e que transmitem mediante seus atos — do que
por influência do ensino direto, formal, que o professor faz das matérias
escolares. Aí está o ponto: não há momentos em que só aprendemos
formalmente e outros em que só aprendemos informalmente. As duas formas de
educação coexistem, na escola e fora dela. E, para que a própria educação
escolar se torne mais eficaz, é necessário que professores e alunos tomem
consciência do grande alcance dos processos informais de educação, que são
permanentes na escola, e que os levem em consideração ao desenvolverem
suas atividades, buscando a coerência entre o dizer e o fazer, entre o pensar e
o agir, entre o sentir e o falar.

2.2 Educação como produto x educação como processo

Trata-se de uma distinção frequente em Didática. E a Didática moderna


enfatiza a superioridade do processo, em termos educacionais. Isto é, para que
a educação seja eficaz, produza resultados duradouros, é necessário que o
aluno aprenda a auto educar-se e não a receber a educação e o conhecimento
como produtos prontos e acabados, que deve absorver e reproduzir da mesma
forma. A distinção é real: uma coisa é memorizar uma fórmula matemática e
aplicá-la automaticamente ao problema e outra, bem diferente, é aprender o
10
processo de dedução da mesma fórmula; uma coisa é aprender a data da
independência do Brasil e outra, bem diferente, é entender o processo desse
acontecimento e todas as suas implicações.
A assimilação do produto encerra-se em si mesma, é isso e acabou; o
entendimento do processo capacita-nos a enfrentar outras situações, a resolver
outros problemas, a analisar outros fatos históricos. Mas a coisa não é tão
simples como pode parecer.
O próprio professor, muitas vezes, ensina formalmente que a educação
deve ser encarada como processo, mas o faz transmitindo tal informação como
um produto pronto e acabado. Isto é, informalmente ensina, em sua prática
escolar, que a educação é um produto, pois é esta a forma como a encara em
seu exercício profissional. É preciso, portanto, que haja coerência e que a própria
superioridade da educação como processo, e tudo o mais que se ensina na
escola, não seja fornecida como um produto pronto, mas que o aluno seja a ela
conduzido mediante o próprio processo educacional, na prática cotidiana da sala
de aula. Contudo, se todo produto resulta de um processo, e se o domínio
deste é de alto valor educativo, não é menos verdade que todo processo deve
levar a um produto. Ou seja: o processo de dedução de uma fórmula conduz a
um produto, que é a própria fórmula; o processo de independência leva a um
produto, que é a própria independência. A conclusão a que se chega, portanto,
é a de que o processo e o produto de conhecimento coexistem na educação, um
não existe sem o outro e ambos são importantes.

2.3 Educação certa x educação errada

Guimarães Rosa expressou magistralmente esta característica da


educação brasileira o maniqueísmo que divide o mundo em duas partes: a certa
e a errada, a boa e a ruim: "Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor
sabe: eu careço de que o bom seja bom e o ruim, que dum lado esteja o preto e
do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da
tristeza. Quero os todos pastos demarcados... Como é que posso com este
mundo? A vida é ingrata no macio de si; mas traz a esperança mesmo do meio

11
do fel do desespero. Ao que, este mundo é muito misturado..." (ROSA, J.
Guimarães, 1984, p. 207).
Trata-se de um moralismo autoritário que continua impregnando nossa
educação, agora sim de maneira formal e informal e como conteúdo e processo.
Mas é um moralismo com endereço certo, que identifica o bom com os valores
burgueses, que contribuem para preservar o poder da burguesia: o poder
econômico camuflado em mérito e capacidade; o espírito pacífico e ordeiro
encobrindo a violência como única alternativa dos marginalizados; a ascensão
social como sonho a entorpecer a luta dos trabalhadores; a crença na felicidade
eterna como meio a estimular a renúncia a esta vida; a pobreza como sendo um
estado de espírito, pois "o dinheiro não traz a felicidade"; e assim por diante.
Mais do que nunca é preciso recuperar a noção de homem como ser
integral, espírito e corpo formando uma unidade individual, um ser em formação
permanente, que engloba as contradições deste mundo. Somos todos feitos do
mesmo pó e caminhamos todos para o mesmo fim, sujeitos aos tropeços que
atingem a todos. Igualmente responsáveis pela construção de um mundo
habitável, cabe à educação papel importante na disseminação da ideia de que
esse mundo só será possível mediante o respeito aos direitos fundamentais da
pessoa humana, em qualquer circunstância em que ela se encontre. A escola
não pode prestar-se à classificação dos indivíduos — bons e maus, sábios e
ignorantes, e outros rótulos. Cabe-lhe, isto sim, servir à sua realização humana,
individual e social.

2.4 Educação como meio x educação como fim

Há educadores que atribuem exclusiva ou exagerada predominância aos


meios. Cheios de cuidados em relação aos recursos materiais e humanos e aos
métodos de ensino, esquecem-se da finalidade para a qual, consciente ou
inconscientemente, estão conduzindo os educandos. Preocupados com os
mínimos detalhes exteriores do processo maneira de falar e de escrever,
limpeza, ordem, conformidade com as regras etc; desprezam o fim a que leva
essa preocupação e a concepção de educação e de homem que por trás dela
se esconde. Na verdade, todo e qualquer processo educacional leva a um fim,

12
conduz à formação de um ser humano que tem uma teoria e uma prática sociais
determinadas, tenha ou não o educador consciência disso.
Outros enfatizam os fins. Frases do tipo "utilizado por um bom educador
qualquer método funciona" e "o bom educador não precisa de recursos, basta-
se a si mesmo" são ouvidas frequentemente.
Entre os que privilegiam os fins há ainda aqueles que são avessos a
qualquer planejamento, descambando muitas vezes para a doutrinação pura e
simples, procurando inculcar seus próprios conceitos e preconceitos e inibindo
todo e qualquer pluralismo, que é essencial ao processo educativo. Existem,
também, os que se perdem em intermináveis e abstratas discussões acerca da
educação e de suas finalidades, sem que as mesmas tenham qualquer
repercussão em seu exercício profissional como educadores. A discussão em
foco não tem fim. Acredito mais: a excessiva importância que a ela se dá é
prejudicial ao próprio processo educacional e ao entendimento do que ele seja.
Importa, isto sim, darmos mais atenção a outra questão, esta de caráter
verdadeiramente fundamental: como integrar os meios e os fins na atividade
educativa? Pois, desta integração, não meramente teórica e abstrata, mas ao
mesmo tempo prática e concreta, é que depende o sucesso da educação.
Não o sucesso em termos de se atingirem, simplesmente, os objetivos
previamente traçados. Mas o sucesso quanto à possibilidade, inclusive, de se
analisarem estes mesmos objetivos, com vistas à realização humana, individual
e social, de educadores e educandos. É preciso tomar consciência de que
determinados meios levam a certos fins, que nem sempre são os que o educador
tem em mente, e que certos fins pressupõem determinados meios. Assim sendo,
não conseguiremos construir uma escola democrática utilizando meios
antidemocráticos; não poderemos preparar o educando para "o exercício
consciente da cidadania", se não criarmos na escola oportunidades concretas
para tanto.

2.5 Educação como prática individual x educação como prática coletiva

A oposição entre prática individual e prática coletiva no processo


educacional é outra das tantas falácias que desviam os educadores de seu

13
verdadeiro trabalho, que é a educação. Não há como supervalorizar o indivíduo
ou a sociedade, em prejuízo de um ou de outro polo da dicotomia.
Os que assim procedem estão descaracterizando o processo educativo,
que só se realiza mediante a composição dos mesmos, pois há uma Inter
complementaridade entre ambos: o social não existe sem o individual e vice-
versa. O homem é um ser social, é o social que lhe fornece a especificidade, já
escreveu Aristóteles há cerca de 2 500 anos. E Piaget, no século XX, diria que
a reflexão é uma discussão que se tem consigo mesmo, "uma conduta social de
discussão interiorizada", ao passo que a "discussão socializada é apenas uma
reflexão exteriorizada".
O processo educacional pode ter início tanto no indivíduo a curiosidade
acerca de um fenômeno, por exemplo quanto na sociedade, como seria no caso
da transmissão de alguma informação por iniciativa de alguém ou de alguma
instituição. Mas, seja qual for o ponto de partida, o processo só se completa no
outro polo: quando se inicia no indivíduo vai completar-se na sociedade que
fornecerá ou não os elementos para a satisfação da curiosidade; quando se inicia
fora do indivíduo, é nele que vai concluir, na medida em que aprenderá ou não
a informação oferecida. Melhor dizendo, o processo não tem fim, é constante,
pois uma curiosidade satisfeita produz a busca de novos conhecimentos, sempre
mais completos, e a informação aprendida leva à necessidade de novas
informações.
É na integração equilibrada entre o individual e o social que busca a
superação tanto do individualismo exacerbado, que desconhece o social, quanto
do aniquilamento das potencialidades individuais por imposição externa que se
realizam a autêntica educação e a própria vida humana em seu verdadeiro
sentido.
Por extensão, as instituições educativas a família, a escola e outras não
podem fechar-se em si mesmas, sob pena de prejudicarem a educação e o
desenvolvimento do indivíduo, mas devem abrir-se ao mundo circundante,
estabelecendo com ele uma comunicação permanente. Somente dessa maneira
poderão tais instituições acompanhar criticamente a evolução da sociedade,
adaptando-se a suas mudanças, influindo, ao mesmo tempo, na orientação das
mesmas.

14
Indivíduo e escola e escola e sociedade não são entidades estanques,
que se desconhecem, mas dinâmicas, cujo desenvolvimento depende das
relações que mantêm entre si.

2.6 Educação autoritária x educação democrática

Há que distinguir entre autoridade e autoritarismo. A primeira não deixa


de ser fundamental no processo educacional, pois é sobre a autoridade do
mestre fundada em sua experiência, em seu conhecimento e em sua
competência que o mesmo repousa.
Já o segundo trata-se de uma excrescência, de uma usurpação arbitrária
do poder, que pretende fundar o processo educativo na imposição pura e simples
de um ponto de vista, mais do que de uma "verdade" científica, de um estereótipo
comportamental mais do que de uma orientação aberta e pluralista. A
democracia, por seu turno, não exclui a autoridade. Antes, pelo contrário: só
existe democracia quando coexistem autoridade e liberdade, pois a verdadeira
autoridade assenta na liberdade que têm os indivíduos de várias opções,
escolherem o caminho que lhes parece, no momento, o mais acertado, que lhes
permita, no seu entender, a realização pessoal e social que buscam concretizar.
A democracia é uma conquista da humanidade, que importa conservarmos e
aperfeiçoarmos constantemente.
É o único sistema que permite nosso desenvolvimento como pessoas
autônomas, em todos os sentidos, isto é, como sujeitos de nossa própria história.
Cabe à escola contribuir com sua parcela de responsabilidade nessa tarefa
comum.
Não apenas com preleções sobre a democracia e sua importância para a
humanidade, mas, sobretudo, com a implementação de práticas democráticas
no cotidiano escolar. Tanto na administração externa e interna da escola quanto
no trabalho especificamente pedagógico, que é a atividade docente
desenvolvida em sala de aula. É aqui que parece estar o fulcro da questão:
muitas vezes não há dificuldades em ser democrata no atacado, no abstrato das
grandes discussões, nas questões meramente teóricas; o difícil está em praticar
a democracia no varejo da sala de aula, no concreto da relação professor-aluno,

15
no ensino propriamente dito. E é para a prática da democracia que os
professores devem preparar-se constantemente, pois é nela que se conhecem
os verdadeiros educadores.
De que maneira? Não há melhor método que o exercício permanente da
democracia. Trata-se, aqui também, de um processo que vai se construindo aos
poucos, na exata medida em que vai sendo vivenciado pela população escolar.

2.7 Educação opressora x educação libertadora

Toda a educação é, em si mesma, opressora. A passagem do ser


individual ao ser social não se faz sem um preço. E este preço é o controle sobre
as tendências egoístas e individualistas exacerbadas.
Controle que, de predominantemente externo, torna-se cada vez mais
interno, com o decorrer do processo educacional.
E que exige uma grande força de vontade, capaz de conduzir o indivíduo
a maneiras de sentir, pensar e agir que se coadunem com uma percepção global
da sociedade, que, por sua vez, ultrapassa percepções meramente
particularistas.
É exatamente nesse processo que se pode dar o salto para a libertação.
Pois não é apenas da opressão externa, e em busca de si mesmo, que o
indivíduo precisa libertar-se.
Deve libertar-se também de si mesmo, de suas tendências egocêntricas,
para integrar-se na realidade social e nela atuar. E a escola cumprirá tanto mais
a sua função quanto mais favorecer essa dupla libertação, sendo cada vez
menos instrumento da opressão externa sobre o indivíduo e estimulando cada
vez mais seu crescimento rumo à participação social consciente.
Diria, portanto, que a opressão antecede a libertação, é uma etapa da
própria libertação, nesse jogo dialético que constitui a vida e a própria educação.
Se não, libertar-se de quê? Trata-se, no caso, de uma visão parcial do processo
de desenvolvimento e de educação. Quando vistas globalmente, entretanto, no
mesmo processo, opressão e libertação coexistem, podendo predominar ora a
primeira, ora a segunda, ou, mesmo, equilibrar-se momentaneamente.

16
Cabe ao educador trabalhar pela libertação, tendo, porém, consciência
permanente de que o processo será contínuo, que algum grau de opressão
sempre existirá e que nunca alcançaremos a libertação total. Mas é exatamente
essa busca constante que dá sentido à vida.

2.8 Educação reprodutivista x educação crítica

Reprodução, crítica e criação são processos inerentes ao


desenvolvimento pessoal e social e, portanto, sempre presentes, em maior ou
menor grau, na atividade educacional. Trata-se, certamente, de uma atitude ante
educativa aquela que se limita a reproduzir o passado, mas esta reprodução não
deixa de ser a base da crítica e da criação. Condenável é a reprodução pura e
simples, que impede o desenvolvimento da crítica e da criação. Mas também
condenáveis são a crítica vazia e a criação a partir do nada.
A primeira, por não ter consistência, e a segunda, por ser alienada;
ambas, por distanciarem-se da realidade em que vivemos. O processo
educacional é dinâmico. Cabe-lhe estimular as novas gerações a construir um
futuro melhor com base no conhecimento crítico da história. E, nesta construção,
quantidade e qualidade, conteúdo e forma, são processos interdependentes, em
que o predomínio exagerado de um ou de outro traz prejuízos ao
desenvolvimento global.
Não é que não existam dicotomias e contradições, pois a educação é um
processo dialético. Mas não podemos esquecer que o desenvolvimento dialético
exige a superação provisória das contradições, mediante a formulação de
sínteses também provisórias, que constituem novos polos contraditórios, mas
que orientam nosso pensamento e nossa ação em um dado momento.
É esse movimento constante que torna a educação um processo vivo e
palpitante, que não cessa de se renovar. Como Melhorar a Comunicação
Professor Aluno “A eficácia máxima da comunicação não é alcançada senão
quando a mensagem é compreendida pelo receptor.” Abrahan Moles. O
PROBLEMA No atual sistema de ensino centralizado no professor e na matéria,
a tarefa de transmitir conhecimentos é a maior carga que o professor carrega
sobre os ombros. Por sua vez, o aluno que deseja passar de ano vê-se obrigado

17
a absorver uma considerável e cada dia maior quantidade de informações:
conceitos, nomes, fatos, datas, cores, relações, quantidades, fórmulas,
processos, normas etc., a maioria das quais ele recebe “via professor”.
A emissão, transmissão e recepção de informações, entretanto, é apenas
uma das funções da comunicação entre professor e alunos. Da boa comunicação
dependem não só a aprendizagem, mas também o respeito mútuo, a cooperação
e a criatividade.

Fonte: melhoramiga.com.br

Vamos tentar identificar os principais problemas que atualmente


atrapalham a comunicação professor-aluno, visando a descobrir os pontos de
estrangulamento:
-O problema fundamental, a nosso ver, consiste no fato de que o professor
em geral não percebe que é um mau comunicador, da mesma maneira que são
poucos os padres que acham ruins seus sermões.
-O professor está mais preocupado em expor sua matéria, isto é, em falar,
que em comunicar, isto é, despertar atenção e interesse, mobilizar a inteligência
do aluno, ser entendido por este e induzi-lo à expressão e ao diálogo.
-O professor acha que sua função consiste em transmitir conhecimentos
e que é obrigação do aluno ouvir e compreender. Não percebe que a atenção e
a aprendizagem são processos que às vezes devem ser provocadas.

18
-Às vezes, o professor tem suas ideias tão mal, ou tão perfeitamente
organizadas, que não há nelas lugar para a imaginação criativa dos alunos.
Ambos os extremos produzem uma comunicação falha: quando as ideias do
professor estão desorganizadas, sua mensagem é confusa e insegura, e os
alunos não conseguem perceber a estrutura do assunto. Quando estão
demasiadamente organizadas, o professor em geral não gosta de ser
interrompido nem de aceitar contribuições dos alunos. Ele evita tudo o que
ameaça desorganizar o belo edifício mental que traz preparado.
-O professor expõe partindo da premissa de que, se os alunos mais
inteligentes da primeira fila entendem o que ele fala, todos os demais também
entenderão. E não se preocupa em verificar se isto ocorreu ou não.
-O professor utiliza conceitos ou termos que ainda não existem na
experiência dos alunos. Ou, se existem, é provável que cada um lhes atribua um
significado diferente. Vejamos um exemplo: o professor emprega o termo
“conjuntura”. Se perguntasse aos alunos o que entendem por “conjuntura” ficaria
surpreendido com respostas tão variadas como “acontecimentos de curto prazo”,
“situação em um período dado”, “articulação de ossos”, “contexto”, “interseção
de estradas”, “coincidência de opiniões” etc.
-O professor não se preocupa em aumentar o vocabulário dos alunos, o
que poderia ser feito explicando os significados e as diversas aplicações dos
novos termos.
-O professor coloca tantas ideias em cada exposição que somente
algumas delas são compreendidas e retidas. Pela pressa em dar maior
quantidade de matéria possível, o professor não repete as ideias principais, nem
se detém o tempo necessário para que os alunos de raciocínio mais lento as
assimilem.
-Alguns professores falam tão rápido ou articulam as palavras tão mal que
muitas das ideias não são percebidas pelos alunos. Outros professores falam
em voz tão baixa ou em tom tão monótono, que não conseguem manter a
atenção dos alunos.
-O professor não utiliza meios visuais para comunicar conceitos ou
relações que exigem apresentação gráfica. Assim, um professor de Entomologia,

19
por exemplo, descreve apenas verbalmente os insetos do algodão: tamanho,
forma, cor etc., características todas que exigem visualização objetiva.
-O professor utiliza os meios visuais de uma forma inadequada: por
exemplo, emprega o quadro-negro sem planejamento algum, escrevendo e
desenhando ora aqui, ora ali, com muita confusão e desordem. As Letras muito
pequenas ou pouco claras são mal decifradas pelos alunos das últimas fileiras.
Outro exemplo:
O álbum seriado é empregado por alguns professores como um roteiro de
aula e não como uma série de estímulos para o pensamento dos alunos. Outros
projetam filmes, como substituto da aula, sem justificar seu papel na estratégia
didática.
Mas, de todas essas deficiências, a pior é a tendência do professor ao
monólogo, à "salivação" sem diálogo, o que traduz sua falta de interesse pela
participação ativa dos alunos. Quanto mais passivos e "bem disciplinados" forem
os alunos, mais felizes são alguns professores. Entretanto, não é justo
atribuirmos toda a responsabilidade das deficiências da comunicação ao
professor. Os alunos também contribuem com sua importante quota de
problemas:
O aluno tem uma forte tendência a não prestar atenção ao que o professor
está dizendo. Por diversas razões (a força competitiva de outros estímulos
atuantes em sua vida: namoradas, esportes, trabalho, família, saúde; as suas
atitudes negativas contra figuras de autoridade; o seu desinteresse pela matéria
em pauta) o aluno pode passar consideráveis períodos na classe fazendo
qualquer outra coisa em lugar de atender às palavras do professor.
Muitos alunos têm preguiça de pensar e, aplicando de menor esforço,
adotam uma atitude de passividade e desligamento. (É verdade que esta atitude
pode ser um produto de experiências escolares anteriores em que justamente
se estimulava a passividade.) O aluno que, por preguiça, quer confiar em sua
memória, não toma notas das ideias expostas pelo professor. Depois percebe
que esqueceu mais da metade.
O aluno pode manter uma atitude antagônica de rejeição e revolta contra
um determinado professor. Essa disposição mental gera um bloqueio
inconsciente contra a assimilação da matéria ensinada. - Certas matérias difíceis

20
e abstratas, como Matemática, Estatística, Teoria Econômica etc., exigem dos
alunos exercitar uma atividade intelectual fora do comum.
Por falta de prática do pensamento operatório abstrato (J. Piaget) o aluno
não acompanha o raciocínio e apenas memoriza as questões, sem realmente
compreender sua estrutura e alcance. Esse é um produto típico da educação
“bancária”: o professor pensa pelo aluno e quando este se vê obrigado a pensar
por sua conta, sua falta de prática o trai.
-O aluno às vezes pensa que entendeu o que o professor está falando e
não pede esclarecimentos. Porém, mais tarde, comprova que não entendeu
realmente.
-A causa mais séria da ineficiência comunicativa do aluno, entretanto, é
sua falta de desejo de aprender; quando existe esse desejo, todos os demais
obstáculos de ordem física ou psicológica são vencidos pelo aluno.
Mas muitos nunca vão além de uma atitude de "aceitar serem ensinados",
sem jamais chegar a um desejo positivo e entusiasta de aprender. Apesar disto
ser, em parte, um problema para o qual o professor deve ajudar a resolver, cabe
ao aluno a decisão pessoal de sua própria modificação.

Fonte: noticias.universia.com.br

21
3 ENSINAR NÃO É SÓ COMUNICAR

Mas será um grande professor? Muitos professores acham que é seu


dever comunicar o máximo do que sabem aos seus alunos, na forma melhor
estruturada possível. Daí, por exemplo, o abuso do álbum seriado empregado
como roteiro estruturado da matéria.
Ensinar, entretanto, não é somente transmitir, não é somente transferir
conhecimentos de uma cabeça a outra, não é somente comunicar. Ensinar é
fazer pensar, é estimular para a identificação e resolução de problemas; é ajudar
criar novos hábitos de pensamento e de ação. Isto não significa que a exposição
não deva ter estrutura alguma, ou que seja melhor o professor ser um mal
comunicador.
Significa, sim, que a estrutura da exposição deve conduzir à
problematização e ao raciocínio e não à absorção passiva das ideias e
informações do professor.
Significa ainda que o professor deve ser um comunicador dialogal e não
um transmissor unilateral de informação. Ser um comunicador, por outro lado,
não é agir como um "showman" e menos ainda como um persuasivo doutrinador.
Significa desenvolver "empatia": colocar-se no lugar do aluno e, com ele,
problematizar o mundo para que, ao mesmo tempo que aprende novos
conteúdos, desenvolva seu máximo tesouro: sua habilidade de pensar.
PONTOS-CHAVE: Se examinarmos a lista de problemas citados da
comunicação professor-aluno, comprovaremos que os pontos de
estrangulamento giram em torno de:
-Problemas psicológicos relacionados com percepção, atenção,
motivação, atitudes, memória, hábitos de pensamento.
-Problemas semiológicos relacionados com o emprego de signos e
códigos para comunicar: palavras, gestos, tom de voz, coisas escritas no quadro
negro.
-Problemas semânticos relacionados com o significado das palavras, dos
objetos e das pessoas, e sua interpretação.
- Problemas sintáticos relacionados com a estrutura ou organização dos
conteúdos e dos signos.

22
- Problemas cibernéticos relacionados com a retro informação e o diálogo,
com a quantidade de ideias transmitidas por diversos canais e com a capacidade
deste para levar sinais.
Esta lista de focos ou áreas de pontos-chave vem demonstrar a
complexidade do processo da comunicação, mas também vem nos oferecer um
caminho para uma solução, que é apelar às ciências básicas: Psicologia.
Semiologia, Semântica, Sintática, Cibernética, na procura de subsídios para
melhorar nossa ação de comunicar.
Neste momento não analisaremos separadamente as contribuições de
cada uma dessas ciências para a compreensão do processo da Comunicação.

3.1 Teorização

O ato de comunicar, em geral, é deflagrado por um objeto ou assunto,


em uma situação determinada. Ou seja, as pessoas se comunicam com respeito
a alguma coisa e o fazem em um contexto situacional determinado. No ato de
comunicar, a pessoa que inicia o processo o faz com uma certa intenção ou
objetivo escolhido (consciente ou inconsciente) entre todos os objetivos
possíveis de seu repertório. Apela em seguida para o seu repertório de ideias e
experiências e escolhe aquelas que lhe servem para sua intenção ou objetivo.
Agora apela para o seu repertório de signos ou códigos, para com eles
representar suas ideias. Finalmente escolhe no repertório de meios o melhor
veículo para transmitir os signos, e o melhor tratamento dos signos para fazer
uma mensagem adequada e efetiva.

3.2 Um modo de comunicação

Os diversos elementos e processos que intervêm na comunicação


interpessoal podem resumir-se no seguinte modelo: É importante lembrar que a
comunicação é um processo dinâmico e não mecânico, o que significa que,
embora seus elementos sejam colocados no modelo como partes separadas, na
realidade, todos eles agem de maneira simultânea e interativa. Por outra parte,

23
a comunicação é parte orgânica da própria vida e não consiste apenas na
emissão e recepção de mensagens deliberadas.
Assim, por exemplo, ao mesmo tempo que o professor está comunicando,
ele está recebendo e processando toda classe de sensações internas e externas,
acontecendo a mesma coisa com os alunos.
A seguir apresentam-se algumas considerações sobre os diversos
processos que intervêm na comunicação interpessoal.
As funções da comunicação quanto ao repertório de intenções pensemos
quantas coisas pode pretender conseguir o professor quando se dirige aos
alunos: informar, convencer, disciplinar, ferir, recompensar, perguntar, persuadir,
comover etc. Umberto Eco (41) esclarece que as diversas funções da mensagem
aparecem raramente isoladas. Em geral coexistem todas na mesma mensagem
ainda que uma predominante.
Assim classifica Eco as funções:
 Função indicativa ou referencial: A mensagem "indica" algo, seja
um objetivo ou ideia.
 Função emotiva: A mensagem quer suscitar emoções
(associações de ideias, projeções, identificações etc.).
 Função imperativa: A mensagem tenta impor um comportamento.
 Função de contrato: Procura estabelecer vínculo psicológico com
o receptor (Por exemplo a ação de cumprimentar).
 Função estética: Pretende criar uma sensação harmoniosa
(Exemplo: um quadro).
 Função metalinguística: A mensagem fala de outra mensagem ou
de si mesma.
Os meios de comunicação no seu repertório de meios, o professor pode
contar com meios individuais, tais como a instrução programada e o estudo
orientado; meios grupais, tais como a discussão, o painel, o seminário, a
excursão etc., e meios coletivos, tais como a TV, o rádio, a imprensa e o mais
tradicional de todos: o livro.
Os meios, segundo McLuhan (42) são extensões do homem: foram
inventados para multiplicar a força e o alcance da capacidade humana de emitir
mensagens. A fala individual, por exemplo, não iria muito longe sem o rádio, o

24
telefone, o altofalante, a televisão. O repertório de signos o conceito de signo é
a base da Comunicação.
"Todo objeto material ou a propriedade desse objeto, ou um
acontecimento qualquer, converte-se em signo quando, no processo de
comunicação, serve, dentro da estrutura de uma linguagem adotada pelas
pessoas que se comunicam, ao propósito de transmitir certos pensamentos
sobre a realidade (isto é, concernentes ao mundo exterior ou a experiências
internas, emocionais, estéticas, volitivas etc. de qualquer dos partícipes do
processo de comunicação" (SCHAFF, Adam. 1962, p. 180).
Recentemente está chamando bastante atenção o papel dos signos não-
verbais na comunicação humana, tendo sido observado que às vezes as
palavras de uma pessoa não dão a mesma mensagem que seus olhos ou seus
gestos. Para alguns antropólogos como Hall, a cultura inteira é um sistema de
signos.
A comunicação será efetiva se o comunicador levar sempre em conta os
repertórios correspondentes do receptor. Se ele utilizar uma ideia ou uma
experiência que não existir no repertório respectivo do receptor, este não
entenderá a mensagem. Se o comunicador escolher signos que não figurem no
repertório de signos do receptor, não haverá comunicação.
Vemos logo que a tarefa de comunicar é mais fácil e efetiva quando o
professor conhece bem os seus alunos, pois isto significa que conhece seus
repertórios de objetivos, ideias e experiências, signos e meios. A tarefa do
professor não consiste apenas em conhecer os repertórios dos alunos, mas
principalmente em ajuda-los a modificar e aumentar seus repertórios.
Este crescimento, entretanto, não é somente quantitativo, mas consiste
em uma modificação da estrutura sistêmica dos repertórios. Vejamos, por
exemplo, como está organizado o sistema de signos de um professor:
O professor em si é um conjunto de signos: a cor de sua pele, sua roupa,
sua forma de falar, indicam sua classe social, seu grau de educação, sua origem
geográfica, sua autoimagem, sua atitude para com os outros.
Para comunicar-se, ele utiliza diversos tipos de códigos: O código icônico
compreende as representações visuais dos objetos, tais como fotografias,
desenhos, modelos etc. O código linguístico é o da linguagem em que fala.

25
O código cinético compreende signos que implicam movimentos, tais
como os gestos. O código sonoro compreende os sons quando utilizados para
expressar emoções ou ideias.
Assim, quando o professor bate palmas para chamar os alunos de volta à
atenção, faz um ruído que tem um significado. O professor maneja todos estes
códigos combinadamente, como um sistema. O processo de representar suas
ideias, emoções ou experiências, utilizando estes signos, chama-se processo de
codificação.

4 ENTENDENDO OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Fonte: static.todamateria.com.br

Cada tipo de veículo tem exigências diferenciadas quanto ao tratamento


dado à informação, velocidade no atendimento e o nível de detalhamento. O que
é exigido de um repórter de jornal impresso é diferente do que é exigido de um
repórter de TV, por exemplo.
Há diferenças também quanto ao nível de especialização do jornalista que
recebe a informação. Cabe a Assessoria de Comunicação dar o atendimento
adequado a cada profissional, levando em consideração a sua experiência e o
seu veículo.

26
4.1 Jornais diários

Nos jornais diários, o repórter recebe a pauta no início do seu horário de


trabalho e tem que apresentar os resultados no final do dia. A questão do prazo
é muito importante.

Fica claro então que caso o repórter não consiga as informações para a
conclusão da sua matéria certamente ele perderá o interesse por ela no dia
seguinte. Por isso deve-se ter as informações sempre à mão, pois o jornalista
quer a informação no menor prazo possível;
Essa regra altera-se, eventualmente, por ocasião de matéria especial
elaborada com mais tempo e com maior flexibilidade.

4.2 Revistas

O redator ou repórter de revista, embora também tenha o compromisso


do fechamento semanal ou mensal, dispõe de um pouco mais de elasticidade
quanto aos prazos. Como trabalha, em geral, mais de uma matéria ao mesmo
tempo e procura ouvir o maior número possível de fontes, lhe convém agendar
com razoável antecedência suas entrevistas.

4.3 Rádios e TVs

Estes veículos trabalham com tempo contado em segundos. Nas


entrevistas a esses veículos o ideal é a fonte estar preparada para dizer a
essência de seu pensamento em curto espaço de tempo;

4.4 Portais de notícia

O acesso às informações na web ocorre a qualquer momento, em


diversos lugares, por qualquer pessoa, necessitando para tanto de um
computador conectado à rede. As informações transitam com grande rapidez,
caracterizando a instantaneidade das notícias, além de disponibilizar espaços
para a interatividade. Diante do exposto, o tempo é contado em segundos.
27
Mesmo que a gravação se estenda, o material é, em geral, editado e
veiculado de maneira sintética.

5 A EDUCAÇÃO E A COMUNICAÇÃO

Fonte: blog.opovo.com.br

A modernidade iluminista, com os seus ideais de liberdade, igualdade e


fraternidade, conseguiu fazer reverberar por mais de dois séculos as suas
aspirais de superação de todas as carícias materiais e espirituais dos cidadãos.
O sistema político por ela engendrado ecoou profundamente no coração
das elites emergentes do mundo colonizado, por libertar-se dos jugos
metropolitanos, como o evidenciaram os movimentos nativistas que eclodiram
em toda a América Colonial. Embora esses ideais também tenham repercutido
amplamente nos subterrâneos das monarquias europeias, foi na América onde
eles tornaram-se mais consequentes. O estabelecimento das repúblicas não
significou, no entanto, a extenso da cidadania a todos os homens e mulheres da
América. Na verdade, as monarquias não foram desmontadas por revolvais
populares, mas por golpes de estado articulados pelas oligarquias
tradicionalmente privilegiadas que, não somente conseguiram manter as regalias
dos tempos monárquicos, como conseguiram exercer uma vigorosa hegemonia
no seio das formais sociais que se forjaram na América.

28
Os estatutos de cidadania estabelecidos nas jovens repúblicas nunca
estiveram ao alcance das maiorias populares. Além dos aparatos repressivos do
Estado, foram os sistemas educacionais e de comunicação que asseguraram
através de um rigoroso controle ideológico a manutenção de uma cidadania de
papel, como se costuma ouvir nos meios populares. O sistema escolar, além de
se ter mantido inacessível maioria da população, que permaneceu analfabeta,
sempre foi pautado nos ideais dos setores dominantes, indiferente, portanto a
realidade do povo.
A educação era tida como um aparato de preparação de quadros para uso
do sistema. Desde cedo, portanto, a educação É orientada para a heteronômica.
O sistema de Comunicação destinava-se também as elites, permanecendo as
grandes massas à margem da vida pública. Os grandes inventos na área da
Comunicação, sobretudo, após a Segunda Guerra Mundial, foram capazes de
impulsionar profundas transformações sociais com o acesso ao rádio; com o uso
do rádio para o acesso à educação a distância, mais tarde a televisão; foram
difundidos as grandes mobilizações sociais e políticas através do mundo pelas
causas populares; fundaram uma nova democracia que subverte a hegemonia
dos setores dominantes; promoveram o despertar da humanidade em busca da
autonomia. Esse papel libertário dos meios de Comunicação popular é
evidenciado pelo controle que sempre lhe impuseram os setores hegemônicos.
Esse capítulo, portanto, procura contribuir para o aclaramento das ideias
de educação e comunicação na tentativa de remover as névoas que se
depositaram sobre as trilhas que levam os sujeitos a construção da cidadania
ativa e participante.
A ideia de educação assumida é a de que ela se constitui em um
processo intencional, consciente, fundamentado na valorização da vida e que
busca a orientação das pessoas para o conhecimento de si mesmas, como base
para o autodomínio e para reconhecimento dos outros como diversos.
A ideia de Comunicação, por sua vez, é a de que ela é um processo social
básico que expressa toda relação de transmissão e de potencialização de ideias,
de valores, de sentimentos entre as pessoas mediante um infindável acervo de
signos, de certo modo organizados pela linguagem pela qual se faça opção.

29
As ideias de comunicação e de educação, embora sejam distintas, elas
são inseparáveis. Essas reflexões sobre comunicação e educação enfocam
ainda as relações e as inter-relações entre os dois campos do conhecimento,
mediada por processos comunicativos, pelos meios de comunicação, pelas
Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), pela cultura mediática e
pelos processos simbólicos que perpassam as culturas e os coletivos. Tais inter-
relações denotam processos interativos, onde a interatividade e a
disponibilização consciente de um mais comunicacional de modo
expressivamente complexo, ao mesmo tempo atentando para as inter-relações
existentes e promovendo mais e melhores relações não seja entre usuário e
tecnologias digitais ou analógicas, seja nas relações presenciais ou virtuais entre
seres humanos (SILVA, 2001, p. 20).
Desta forma, tratamos os processos comunicativos e educacionais em
outros espaços, além dos espaços delimitados, racionais e homogeneizadores.
Santos (1997, p. 27) destaca que a sociedade seria o ser, e o espaço seria a
existencial. O espaço é uma estrutura social, nela está contida um dinamismo,
nesse dinamismo está contido o movimento que por sua vez é formado por
elementos indissociáveis vida dos sujeitos, em progressiva mudança.
Desta forma, os espaços vividos proporcionam o exercício da curiosidade
que convoca a reflexeis e a capacidade de conjecturar novas possibilidades de
relações humanas, capazes de superar ideais racionais e iluministas na
EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO. Os estudos que contemplam a relação entre
esses dois temas na educação e comunicação não multiplicam-se em
abordagens, as mais diversas.
Diante disso, reconhecendo a polissemia que se abriga sob cada uma
dessas duas expressões, impõe-se, antes de tudo, anunciar o que se quer dizer
sobre cada uma delas em particular, assim como da relação que se pretende
destacar entre as duas é a importância que se atribui a cada uma delas, seja
como fator de construção da autonomia dos sujeitos, seja como nas experiências
de democracia direta, ou de preservação do status quo onde prospera a
heteronômica que, dentre as muitas consequências desastrosas para a
humanidade, mutila os sujeitos.

30
O vertiginoso crescimento populacional e o estabelecimento do arranjo
social societário intensificam cada vez mais a ficção social, ampliando sempre
mais, a cada momento, as ocasiões conflituosas, tanto para os indivíduos entre
si, como entre os indivíduos. Daí a necessidade de que se estabeleçam
processos sociais que resultem em relações sociais que tornem possível a
sobrevivência dos indivíduos marcada pelo respeito mútuo. Prevalece mais o
esforço pessoal para a solução dos conflitos, mas eles devem ser dirimidos com
a assistência ou intervenção do Estado, não prevalece mais o estado de
natureza. Na ordem moderna, além de se intensificar a permanência entre a
vontade individual e a vontade coletiva acrescentam-se, desde cedo, as tensões
com o mundo do trabalho. Daí em diante, não se conta mais o tempo pelos sinais
da natureza, mas pela máquina de medir o tempo é o relógio. Os indivíduos
transformados em mão-de-obra, já não cumprem jornadas adequadas as suas
condições físicas, nem descansam quando sentem necessidade, mas somente
de acordo com as exigências do processo produtivo.
Os processos do viver foram-se tornando cada vez mais distantes das
condições o ontológico dos seres humanos.
As pessoas foram-se tornando artificiais, ou seja, cada vez menos ligadas
a ordem natural (BAUMAN, 1997), nesse contexto de oposição entre a vontade
pessoal e a vontade coletiva, entre identidade e alteridade, entre a consciência
de si e do outro, entre o singular e o plural, entre a liberdade e a opressão, entre
a ordem natural e a ordem historicamente elaborada que se estabelece o campo
da educação. Assim, estabeleceu-se o dilema histórico entre o respeito e a
desconfiança em relação a conduta dos indivíduos.
Para Hobbes (1999), a liberdade sem vigilância é a porta aberta para a
degeneração. Assim, segundo essa linha de pensamento, a conduta humana
desejada deve ser aprendida dos sábios, pois a conduta do homem simples foi
sempre vista como fruto do instinto e por isso passível do descontrole. O
processo histórico, no entanto, produziu diferenças social e historicamente
construídas, como já percebia Rousseau (1994), ainda nos limiares da
modernidade iluminista, antes mesmo de trazer a lume o seu memorável
Contrato Social em 1762.

31
Essas desigualdades, intencionalmente elaboradas ao longo do processo
histórico e dramaticamente aprofundadas na vigência da modernidade,
tornaram-se a inspiração básica sob as quais se legitimaram os diferentes
processos civilizatórios ocidentais. Como essas desigualdades fizeram
prevalecer a heteronômica, a ideia inicial de educação tornou-se refém do projeto
moderno, convertendo-se no processo de adestramento dos sujeitos para a
adequação ao projeto societário engendrado pela modernidade. O pensamento
crítico e o exercício do reflexo como recurso necessário a orientação da vida
tornou-se um ofício de poucos iluminados, restando aos demais, situados fora
das instâncias de poder e de saber, a submisso.
A educação que nasce dessa visão, portanto, não passa de um
adestramento dos indivíduos ao mundo pensado artificialmente pelos sábios. Ela
se constitui para as pessoas como um processo de aprender o que lhes ensinam
sobre o mundo de forma fragmentada e desconexa e não como um processo de
reflexo sobre o mundo e de realização permanente de escolhas.
Diante disso, Morin (2000, p. 42-43) nos adverte: Como nossa educação
nos ensinou a separar, compartimentar, isolar e, não a unir os conhecimentos, o
conjunto deles constitui um quebra-cabeças ininteligível. As interações, as
retroações, os contextos e as complexidades que se encontram entre as
disciplinas se tornam invisíveis. Os grandes problemas humanos desaparecem
em benefício dos problemas técnicos particulares. A incapacidade de organizar
o saber disperso e compartimentado conduz a atrofia da disposição mental
natural de contextualizar e de globalizar. A educação, entendida dessa forma,
acabou produzindo uma sociedade dos desencontros humanos, pois os
indivíduos desencontram-se de seu próprio eu e dos seus semelhantes. Como
diria, há quase meio século, o psicólogo Erich Fromm, prefaciando a obra de Neil
(1960), Liberdade sem medo, foram produzidas gerações cujos gostos passaram
a ser conhecidos por antecipação por uma manipulação do complexo industrial
militar que regia o mundo ocidental e que agora estendeu-se por todo o globo.
Tornamo-nos todos industrializados pelo medo (BAUMAN, 2008).
Sob essa perspectiva educacional heterônoma, temos hoje um mundo em
descontrole, ou seja, não se sabe ao certo onde se situam as bases do poder,
como nos alerta Anthony Giddens (2002a). Vivemos numa sociedade onde se

32
assiste ao dever e a Ética indolor dos novos tempos democráticos, na expressão
de Lipovetsky (2005). Teríamos atravessado, na vigência do arranjo social
moderno, de uma educação autoritária, para educação nenhuma? Da vigência
de valores universais para o laissez-faire? De fato, vivemos num mundo refém
da incerteza e da insegurança. A educação nesse contexto torna-se ela própria
num processo de exclusão social e de acirramento das diferenças sociais.
Embora as possibilidades de acesso aos sistemas educacionais sejam cada vez
mais numerosas, as práticas e os conteúdos educacionais se diferenciam entre
os educandos oriundos das classes dominantes e a maioria oriunda das
camadas populares. Assim, os educandos da segunda categoria além de já não
serem assimilados pela ordem social moderna e além de não terem tido acesso
à educação tal como concebida pela racionalidade moderna, tornam-se
marginalizados, refugos humanos.
Esse contingente de marginalizados, sempre considerados perigosos a
ordem social, foram vistos desde os tempos da Revolução Industrial pelos
críticos do desenvolvimento capitalista como exército industrial de reserva. Hoje,
no entanto, com as profundas transformais tecnológicas ocorridas no sistema
produtivo, já nem são mais reservas, mas apenas refugos humanos,
redundantes, e desperdiçadas (BAUMAN, 2005). Em tempos de adesão
incondicional aos ideais iluministas, todas as instituições, que de certo modo
abrigavam os indivíduos seja como membros da família, como sócios, como
adeptos religiosos, como partidários, como voluntários e outras denominais de
sociabilidades, convergiam para a formação dos indivíduos em alinhamento com
a educação heterônoma do sistema educacional oficial.
Com a emergência de novas sociabilidades, em boa medida sem a
constituição de leis mais duradouros em todas as dimensões da sociedade, a
educação assume o caráter de uma mera referência nos orçamentos públicos e
de desafio para o sistema escolar, retoricamente parafraseado como sistema
educacional.
Está por demais demonstrado que, embora a educação seja portadora
de todas as esperanças que os aflitos diante do mundo em descontrole lhe
devotam, ela não se constitui numa variável independente de um projeto social,
de uma visão de mundo, como não foi sob a racionalidade moderna. Diante

33
desse quadro os pensadores contemporâneos tendem a convergir para a visão
de Boaventura Souza Santos (1999, p. 31). Os riscos que corremos em face da
erosão do contrato social são sérios demais para que, ante eles, cruzemos os
braços. Há, pois, que buscar alternativas de sociabilidade que neutralizem ou
previnam esses riscos e abram o caminho a novas possibilidades democráticas.
Não se trata de tarefa fácil, dado que a desregulação social provocada pela crise
do contrato social é tão profunda que acaba por desregular as próprias
resistências aos fatores de crise e as exigências emancipatórias que lhe dariam
sentido.
Não é fácil hoje saber com equivocidade e convicção em nome de que e
de quem há que resistir, mesmo pressupondo que se conhece aquilo a que se
resiste, o que é igualmente problemático.
Diante de panorama tão sombrio, que alternativas emergem das
experiências de exercícios de autonomia vivenciadas por movimentos sociais,
grupos Étnicos, grupos de sociabilidade juvenil, associações de moradores de
periferia, grupos de apoio e de assessoria dirigidas para a emancipação,
associáveis de pais e mestres que compartilham experiências de educação para
a autonomia e demais experiências que se alinham ao propósito de construção
de um mundo solidário? Já aprendemos com a experiência da modernidade que
não há educação sem projeto de sociedade, sem uma leitura e uma visão de
mundo.

34
6 COMUNICAÇÃO, INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO E SABEDORIA.

Fonte: bp.blogspot.com

O conhecimento, supostamente é adquirido primeiramente através do


processo de comunicação existente no meio localizado, gerando informações ao
mesmo. Através destas informações, poderemos adquirir ou não o conhecimento
esperado. Isto nos leva a discorrer um pouco sobre a sabedoria. A sabedoria é
desenvolvida através da vivência, e não exclusivamente pela inteligência.
Envolve saber dispor do conhecimento e da ação de modo a trazer o máximo
benefício para os indivíduos. Se o conhecimento muitas vezes nos leva a uma
postura arrogante, a sabedoria só se atinge a partir da humildade, podendo ser
entendida em função da ação associada e no contexto e no momento específico
desta ação, não podendo ser expressa em termos de regras, isto é, não pode
ser generalizada, nem transmitida diretamente, sendo inseparável da realização
pessoal daquele que busca o saber.
Já a tecnologia da informação se traduz nas ferramentas tecnológicas
utilizadas em um determinado meio (sistema), representada a partir da
existência dos softwares, vídeo e teleconferências, bem como o uso da internet,
Walton (1994).

35
Existem várias críticas em relação à utilização dos computadores na
escola, principalmente nos níveis da pré-escola e ensino fundamental, segundo
Seltzer (1994). Para o autor, as máquinas devem ser consideradas como mero
instrumento para uma porção de atividades úteis, mas que estas últimas não
englobam seu uso na educação de matérias que não sejam a computação
propriamente dita, pelo menos até as últimas séries do segundo grau. O autor
comenta que o ensino apresenta um cenário ruim causado não pelo fator
tecnológico, mas sim pelo fato de existir um inter-relacionamento humano, onde,
deveria ser dado maior importância à relação aluno-professor, ou seja, para que
essa relação fosse sensivelmente mais humana.
Mas devemos simplesmente nos esquecer dos computadores na
educação em pleno término do século vinte? Não, acreditamos que devemos sim
participar deste avanço tecnológico com a sociedade em geral e também em
estar utilizando essas tecnologias com as crianças. É claro que a utilização deste
equipamento (computador) não deve, em hipótese alguma, ser utilizado como
um fim em si mesmo, mas sim como uma ferramenta auxiliar no processo de
ensino e aprendizagem, despertando desta maneira algum tipo de interesse
maior na questão do conhecimento.
Em experiências vividas na área acadêmica com alunos de Pedagogia
(primeiros e segundos anos do curso), verificamos que essa é uma preocupação
existente dessa classe de educadores e que as principais vantagens
constatadas na utilização de computadores na educação com os alunos são:
 Despertar da curiosidade;
 Aumento da criatividade, principalmente nos casos de utilização no
auxilio a aprendizagem de crianças deficientes, até então realizada
de uma forma não tão eficaz, como é o caso de programas
utilizados pela prefeitura da cidade de São Paulo, na gestão de
1992;
 Uma ferramenta poderosa como auxílio no aprendizado, como por
exemplo a utilização de softwares educacionais (multimídia);
 Uma produtividade maior em relação ao tempo necessário ao
estudo -propriamente dito;

36
 Necessidade de treinamento, para o acompanhamento
tecnológico;
 E, onde as principais desvantagens seriam:
 A falta de preparo dos próprios educadores e educandos;
 As influências negativas causadas pela utilização de técnicas
relacionadas com a tecnologia (computadores), ou seja, a
utilização excessiva das máquinas e se realmente a utilização da
tecnologia (computadores) significará um aperfeiçoamento efetivo
do ensino no país. Neste caso comenta-se a eficácia da
viabilização de projetos computacionais internamente nas
instituições de ensino.
De certa maneira, este é um cenário que a cada dia que passa, o processo
de aprendizagem aumenta, causado prontamente pelas aquisições de novos
equipamentos (computadores) pelas instituições de ensino público e privado,
juntamente com os incentivos de treinamentos e uso em geral pelas pessoas,
dentre os quais os próprios professores e alunos.

37
Fonte: image.slidesharecdn.com

Reflexões em torno do assunto tecnologia e educação tomou conta da


sociedade há várias décadas, na realidade desde que se notou sua influência na
formação do sujeito contemporâneo, e da necessidade de explorar o assunto
diante do rápido desenvolvimento nos meios de informação e comunicação. O
mundo atual está passando por inúmeras e cada vez mais aceleradas
transformações em torno de todos os campos da sociedade, desde o princípio
da civilização o homem está sempre em busca de adaptações, mudanças, novos
conhecimentos, aliás, fato este implícito em sua constante busca do saber e
aprender.
A preocupação com o impacto que as mudanças tecnológicas podem
causar no processo de ensino-aprendizagem impõe a área da educação a
tomada de posição entre tentar compreender as transformações do mundo,
produzir o conhecimento pedagógico sobre ele auxiliar o homem a ser sujeito da
tecnologia, ou simplesmente dar as costas para a atual realidade da nossa
sociedade baseada na informação (SAMPAIO e LEITE, 2000, op cit SANTOS,
2012, p. 9).
Desde a década de 1940, quando se deu início as grandes
transformações tecnológicas a sociedade atribuiu a escola e as instituições de
ensino a responsabilidade de formação da personalidade do indivíduo, tendo em

38
vista a transmissão cultural do conhecimento acumulado historicamente. No que
se referem à escola as tecnologias sempre estiveram presentes na educação
formal, o que faz necessário é o fato de que as instituições de ensino têm o papel
de formar cidadãos críticos e criativos em relação ao uso dessas tecnologias.
Para tanto é preciso que as mesmas abandonem a prática instrumental
das tecnologias, e faça avaliações sobre o trabalho com a inserção das novas
tecnologias educativas, visto que:
Dessa forma, temos de avaliar o papel das novas tecnologias aplicadas à
educação e pensar que educar utilizando as TICs (e principalmente a internet) é
um grande desafio que, até o momento, ainda tem sido encarado de forma
superficial, apenas com adaptações e mudanças não muito significativas.
Sociedade da informação, era da informação, sociedade do
conhecimento, era do conhecimento, era digital, sociedade da comunicação e
muitos outros termos são utilizados para designar a sociedade atual. Percebe-
se que todos esses termos estão querendo traduzir as características mais
representativas e de comunicação nas relações sociais, culturais e econômicas
de nossa época (SANTOS, 2012, p. 2).
A internet atinge cada vez mais o sistema educacional, a escola, enquanto
instituição social é convocada a atender de modo satisfatório as exigências da
modernidade, seu papel é propiciar esses conhecimentos e habilidades
necessários ao educando para que ele exerça integralmente a sua cidadania,
construindo assim uma relação do homem com a natureza, é o esforço humano
em criar instrumentos que superem as dificuldades das barreiras naturais.
As redes são utilizadas para romper as barreiras impostas pelas paredes
das escolas, tornando possível ao professor e ao aluno conhecer e lidar com um
mundo diferente a partir de culturas e realidades ainda desconhecidas, a partir
de trocas de experiências e de trabalhos colaborativos.
Em uma sociedade com desigualdade social como a que vivemos, a
escola pública em alguns casos torna-se a única fonte de acesso às informações
e aos recursos tecnológicos, das crianças de famílias da classe trabalhadora
baixa. A esse respeito Pretto (1999, 104) vem afirmar que “em sociedades com
desigualdades sociais como a brasileira, a escola deve passar a ter, também, a
função de facilitar o acesso das comunidades carentes às novas tecnologias”. O

39
uso da informática na educação implica em novas formas de comunicar, de
pensar, ensinar/aprender, ajuda aqueles que estão com a aprendizagem muito
aquém da esperada.
A informática na escola não deve ser concebida ou se resumir a disciplina
do currículo, e sim deve ser vista e utilizada como um recurso para auxiliar o
professor na integração dos conteúdos curriculares, sua finalidade não se
encerra nas técnicas de digitações e em conceitos básico de funcionamento do
computador, a tudo um leque de oportunidades que deve ser explorado por aluno
e professores. Valente (1999) ressalta duas possibilidades para se fazer uso do
computador, a primeira é de que o professor deve fazer uso deste para instruir
os alunos e a segunda possibilidade é que o professor deve criar condições para
que os alunos descreva seus pensamentos, reconstrua-os e materialize-os por
meio de novas linguagens, nesse processo o educando é desafiado a
transformar as informações em conhecimentos práticos para a vida.
Pois como diz Valente:
A implantação da informática como auxiliar do processo de construção do
conhecimento implica mudanças na escola que vão além da formação do
professor. É necessário que todos os segmentos da escola – alunos,
professores, administradores e comunidades de pais – estejam preparados e
suportem as mudanças educacionais necessárias para a formação de um novo
profissional.
Nesse sentido, a informática é um dos elementos que deverão fazer parte
da mudança, porém essa mudança é mais profunda do que simplesmente
montar laboratórios de computadores na escola e formar professores para
utilização dos mesmos.
Implantar laboratórios de informática nas escolas não é suficiente para a
educação no Brasil de um salto na qualidade, é necessário que todos os
membros do ambiente escolar inclusive os pais tenham seu papel redesenhado.
Atualmente o mundo dispõe de muitas inovações tecnológicas para se
utilizar em sala de aula, o que condiz com uma sociedade pautada na informação
e no conhecimento, pois através desses meios temos a possibilidade virtual de
ter acesso a todo tipo de informação independente do lugar em que nos
encontramos e do momento, esse desenvolvimento tecnológico trouxe enormes

40
benefícios em termos de avanço científico, educacional, comunicação, lazer,
processamento de dados e conhecimento. Usar tecnologia implica no aumento
da atividade humana em todas as esferas, principalmente na produtiva, pois, “a
tecnologia revela o modo de proceder do homem para com a natureza, o
processo imediato de produção de sua vida social e as concepções mentais que
delas decorrem” (Marx, 1988, 425).
Com toda essa disponibilidades é preciso formar cidadãos capazes de
selecionar o que há de essencial nos milhões de informações contidas na rede,
de forma a enriquecer o conhecimento e as habilidades humanas. Pois segundo
Marchessou (1997):
Excesso nas mídias, onde as performances tecnológicas e o consumo de
informação submergem, “anestesiam” a capacidade de análise dessa
informação e de reflexão tanto individual quanto social. Saturação e
superabundância ameaçam o navegador da internet que, como certas pesquisas
mostram, não tira partido das riquezas de informação pertinente, não estando
formado para ir diretamente ao essencial (Marchessou, 1997, p. 15).
Antes de introduzir as novas mídias interativas nas aulas expositivas é
preciso entender suas funcionalidades e as consequências de seu uso nas
relações sociais, pois somente a partir desse momento é possível utilizá-las de
forma a transformar as aulas em eventos de discussão onde ocorra de maneira
efetiva à participação de todos os indivíduos, bem como professores, alunos e
pesquisadores, propiciando assim a comunicação que só é possível a partir do
momento que todas as partes se envolvem.
Para que os recursos tecnológicos façam parte da vida escolar é preciso
que alunos e professores o utilizem de forma correta, e um componente
fundamental é a formação e atualização de professores, de forma que a
tecnologia seja de fato incorporada no currículo escolar, e não vista apenas como
um acessório ou aparato marginal. É preciso pensar como incorporá-la no dia a
dia da educação de maneira definitiva. Depois, é preciso levar em conta a
construção de conteúdos inovadores, que usem todo o potencial dessas
tecnologias.
A incorporação das TICs deve ajudar gestores, professores, alunos, pais
e funcionários a transformar a escola em um lugar democrático e promotor de

41
ações educativas que ultrapassem os limites da sala de aula, instigando o
educando a enxergar o mundo muito além dos muros da escola, respeitando
sempre os pensamentos e ideais do outro. O professor deve ser capaz de
reconhecer os diferentes modos de pensar e as curiosidades do aluno sem que
aja a imposição do seu ponto de vista, pois com lembra Freire:
Não haveria exercício ético-democrático, nem sequer se poderia falar em
respeito do educador ao pensamento diferente do educando se a educação
fosse neutra – vale dizer, se não houvesse ideologias, política, classes sociais.
Falaríamos apenas de equívocos, de erros, de inadequações, de “obstáculos
epistemológicos” no processo de conhecimento, que envolve ensinar e aprender.
A dimensão ética se restringiria apenas à competência do educador ou da
educadora, à sua formação, ao cumprimento de seus deveres docentes, que se
estenderia ao respeito à pessoa humana dos educandos (2001, p. 38-39).
As escolas são locais onde ocorre a emancipação do estudante, desde
cedo já se molda cidadãos conscientes de suas responsabilidades
socioambientais, formar-se indivíduos empreendedores do conhecimento e
lapidam-se vocações. Portanto a necessidade de que os ambientes educativos
se tornem lugares onde crianças e jovens tenham habilidades de interferir no
conhecimento estabelecido, desenvolver novas soluções e aplicá-las de forma
responsável para o bem-estar da sociedade.
Como Piaget enunciou: “A principal meta da educação é criar homens que
sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras
gerações já fizeram”. Podemos considerar que a educação ao longo da vida será
o único meio de evitar a desqualificação profissional e de atender às exigências
do mercado de trabalho da sociedade tecnológica. Assim segundo BELLONI
(1999) op cit CAPELLO (2011), faz-se necessário uma flexibilização forte de
recursos, tempos, espaços e tecnologias, que abrigam à inovação constante, por
meio de questionamentos e novas experiências.
Nesse processo colaborativo de interatividade, o educador deve assumir
um novo papel no processo educacional, deixar de lado a postura de provedor
de conhecimento e atuar como mediador, até mesmo porque diante dos rápidos
avanços em sua área, somente um profissional pleno e capaz de se ajustar aos
avanços tecnológicos sobreviverá nesse mercado. É fundamental que o

42
professor se torne mediador e principalmente orientador na aprendizagem
mediada pelas novas tecnologias, pois é seu papel criar novas possibilidades
para ensinar e aprender. Segundo Moran (2000) o papel do professor é dividido
em:
Orientador/mediador intelectual- informa, ajuda a escolher as
informações mais importantes, trabalha para que elas sejam significativas para
os alunos, permitindo que eles a compreendam, avaliem conceitual e
eticamente, reelaborem-nas e adaptem-nas aos seus contextos pessoais. Ajuda
a ampliar o grau de o grau de compreensão de tudo, a integrá-lo em novas
sínteses provisórias.
Orientador/mediador emocional - motiva, incentiva, incentiva, estimula,
organiza os limites, com equilíbrio, credibilidade, autenticidade e empatia.
Orientador/mediador gerencial e comunicacional – organiza grupos,
atividades de pesquisa, ritmos, interações. Organiza o processo de avaliação. É
a ponte principal entre a instituição, os alunos e os demais grupos envolvidos
(comunidade). Organiza o equilíbrio entre o planejamento e a criatividade. O
professor atual como orientador comunicacional e tecnológico; ajuda a
desenvolver todas as formas de expressão, interação, de sinergia, de troca de
linguagens, conteúdos e tecnologias.
Orientador ético – ensina a assumir e vivenciar valores construtivos,
individual e socialmente, cada um dos professores colabora com um pequeno
espaço, uma pedra na construção dinâmica do “mosaico” sensorial-intelectual-
emocional-ético de cada aluno. Esse vai valorizando continuamente seu quadro
referencial de valores, ideias, atitudes, tendo por base alguns eixos
fundamentais comuns como a liberdade, a cooperação, a integração pessoal.
Um bom educador faz a diferença.
A educação não pode mais viver sob o modelo antigo, sob o risco de virar
virtual e invisível para a sociedade, às novas tecnologias devem ser exploradas
para servir como meios de construção do conhecimento, e não somente para a
sua difusão. Nos últimos anos a presença dos alunos em sala de aula diminuiu
consideravelmente, sem falar nas universidades onde alunos viraram atores
virtuais, invisíveis para a estrutura acadêmica, eles tem buscado na internet as

43
fontes de conteúdo programáticos das disciplinas, ignoram a oportunidade de
debates e reflexões em sala de aula.
Diferente de anos atrás, hoje os alunos têm acesso muito mais rápido e
fácil às informações, esse fator tornou as aulas expositivas desinteressantes e
assim sua presença se tornou limitada, aos eventos protocolares como: exames
e atividades extraclasses.
O horizonte de uma criança, de um jovem, hoje em dia, ultrapassa
claramente o limite físico da sua escola, da sua cidade ou de seu país, quer se
trate do horizonte cultural, social, pessoal ou profissional.
Diante disso é importante lembrarmos que os professores não nasceram
digitalizados, enquanto seus alunos, sim.
Segundo Xavier (2005), as novas gerações têm adquirido o letramento
digital antes mesmo de ter se apropriado completamente do letramento
alfabético ensinado na escola. Esta intensa utilização do computador para a
interação entre pessoas a distância, tem possibilitado que crianças e jovens se
aperfeiçoem em práticas de leitura e escrita diferentes das formas tradicionais
de letramentos e alfabetizações.
Essas inúmeras modificações nas formas e possibilidades de utilização
da linguagem em geral são reflexos incontestáveis das mudanças tecnológicas
que vem ocorrendo no mundo desde que os equipamentos informáticos e as
novas tecnologias de comunicação começaram a fazer parte intensamente do
cotidiano das pessoas.
A aprendizagem intermediada pelo o computador gera profundas
mudanças no processo de produção do conhecimento, se antes as únicas vias
eram de sala de aula, o professor e os livros didáticos, hoje é permitido ao aluno
navegar por diferentes espaços de informação, que também nos possibilita
enviar, receber e armazenar informações virtualmente.
O trabalho educacional a partir da informática tem papel fundamental na
prática pedagógica das escolas, pois possibilita a transição de um sistema de
ensino fragmentado para uma abordagem de conteúdos integrados. Sendo
possível também o processo de criação, busca, interesse e motivação, através
de atividades que exigem planejamento, tentativas, hipóteses, classificações e
motivações, impulsionando a aprendizagem por meio da exploração que

44
estimula a experiência. Segundo Oliveira (2000), os trabalhos pedagógicos
podem ser coerentes com a visão de conhecimento que integre o sujeito e
objetivo, assim como aprendizagem e ensino. Nessa perspectiva, as tecnologias
tornam-se ferramentas poderosas, capazes de ampliar as chances de
aprendizagem do aluno.
O computador e os demais aparatos tecnológicos são vistos como bens
necessários dentro dos lares e saber operá-los constitui-se em condição de
empregabilidade e domínio da cultura, é impossível fechar-se a esses
acontecimentos.
Quem de nós não se lembra dos ditados de palavras e das regras
gramaticais decoradas sem que soubéssemos qual seria a situação em que um
dia poderíamos usa-las? Sem esquecermos também, das variadas datas
comemorativas, fórmulas de matemáticas, química e física, ossos e órgãos do
corpo humano e acidentes geográficos, todas as atividades decorativas que
fazíamos sem entender qual seria o significado aquilo poderia ter para nossa
vida, muitas vezes ouvíamos de nossos professores que um dia precisaríamos
daquele conhecimento. Mas como incorporá-los se naquele momento eles não
faziam sentido a nós, pareciam apenas regras a serem decoradas para
resolução de exercícios e de avaliações.
Com grande frequência temos ouvido professores reclamarem que seus
alunos não sabem escrever, e da parte dos alunos ouvimos, que a escola os leva
a escrever sobre coisas que não tem significado algum para a sua realidade.
Notemos que atualmente não se trata mais apenas de fazer redações
escolares com começo, meio e fim. Com a era digital, as crianças estão se
tornando especialistas em lidar com o hipertexto, o sistema informação que inclui
textos, fotos, áudio e vídeo, com infinitas possibilidades de navegação. No que
se refere o hipertexto é preciso que o internauta desenvolva habilidades de
avaliar criticamente as informações encontradas e saiba identificar quais são as
fontes mais confiáveis entre as inúmeras apresentadas. Por essa razão é
importante que o professor tenha conhecimento sobre o hipertexto e a linguagem
utilizada na internet, para poder assim melhor orientar seus alunos.
Ferreiro (2000) afirma que o laboratório de computação na escola
possibilita aos jovens o ato de escrever e publicar. Muitas vezes a escrita na

45
escola pode se tornar algo maçante, visto que na maioria das vezes o único a ler
e ter contato com os textos escritos pelos alunos é o professor. O fato de se
escrever apenas por encomenda na escola, onde o professor solicita aos alunos
a produção de uma redação, este a faz e aquele corrige isto é algo que se torna
para o aluno muito sofrido, afinal escrever para quê? Ou melhor, para quem?
Notemos que falta ao aluno motivação para fazer um bom texto, fazer só porque
o professor solicitou torna a atividade desagradável e descontextualizada.
A integração da tecnologia de informação e comunicação na escola
favorece em muito a aprendizagem do aluno e a aproximação de professores e
alunos, pois através deste meio tecnológico ambos tem a possibilidade de
construírem conhecimento através da escrita, reescrita, troca de ideias e
experiências, o computador se tornou um grande aliado na busca do
conhecimento, pois se trata de uma ferramenta que auxilia na resolução de
problemas e até mesmo no desenvolvimento de projetos.
As TICs têm como característica o fazer e o refazer, transformando o erro
em algo que pode ser revisto e reformulado instantaneamente para produzir
novos saberes, cada indivíduo que explora as tecnologias de informação e
comunicação se torna um emissor e receptor de informações, mais
especificamente leitor, escritor e comunicador, esse emaranhado de
possibilidade ocorre graças ao poder persuasivo das informações contidas nas
TICs que envolve o sujeito incitando-o à leitura e à expressão através da escrita
textual e hipertextual.
A internet proporciona ao professor compreender a importância de ser
parceiro de seus alunos, navegar junto com os alunos apontando possibilidades
de percorrer novos caminhos sem a preocupação de ter experimentado passar
por eles algum dia, provocando assim a descoberta de novos significados,
permitindo aos alunos resolverem problemas ou desenvolverem projetos que
tenham sentido para a sua aprendizagem, é nesse processo que a educação
resultaria em um exercício ético-democrático:
Não haveria exercício ético-democrático, nem sequer se poderia falar em
respeito do educador ao pensamento diferente do educando se a educação
fosse neutra – vale dizer, se não houvesse ideologias, política, classe sociais.
Falaríamos apenas de equívocos, de erros, de inadequações, de “obstáculos

46
epistemológicos” no processo de conhecimento, que envolve ensinar e aprender.
A dimensão ética se restringiria apenas à competência do educador ou da
educadora, a sua formação, ao cumprimento de seus deveres docentes, que se
estenderia ao respeito à pessoa humana dos educandos (FREIRE, 2001ª, p. 38-
39).
O processo de incorporação das tecnologias nas ações docentes guia
professores e alunos para uma educação libertadora e humanista, na qual
homens e mulheres imergem na construção do conhecimento, se tornando
sujeitos da condução de sua própria aprendizagem, ou seja, um sujeito
participativo e responsável pela sua própria construção, deixando de lado o
sujeito passivo para se tornar autônomos e cidadãos democráticos do saber, a
esse respeito Freire enfatiza que:
A educação é uma resposta da finitude da infinitude. A educação é
possível para o homem, portanto esse é inacabado. Isso leva a sua perfeição.
A educação, portanto, implica uma busca realizada por um sujeito que é
o homem. O homem deve ser sujeito de sua própria educação. Não pode ser
objeto dela. Por isso, ninguém educa ninguém (FREIRE, 1979, p. 27-28).
Uma educação comprometida é aquela que propicia aos seus indivíduos
o desenvolvimento e auto formação, disponibiliza e oportuniza aos seus
indivíduos o papel de construção de sua própria história, de sua autonomia de
negociar e tomar decisões em defesa de seus direitos e de sua coletividade, pois
é a partir da autonomia que o indivíduo conquista e exerce sua plena cidadania.
É importante frisarmos aqui que a autonomia não é algo que se transmite ao
aluno, mas que se constrói e conquista conforme sua vivencia, cada homem
constrói sua autonomia de acordo com as várias decisões tomadas ao decorrer
de seu dia e de sua vida.
Freire defende que: “o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é
um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos
outros” (1996, p. 66). A autonomia ajuda o homem a se tornar um cidadão crítico,
libertar-se do comodismo, da passividade, da omissão e da indecisão.
As TICs também têm papel fundamental no desenvolvimento de projetos,
pois permite o registro desse processo construtivo, funciona como um recurso
que irá diagnosticar o nível de desenvolvimento dos alunos, suas dificuldades e

47
capacidades, favorecendo também a identificação e a correção dos erros e a
constante reelaboração, sem perder aquilo que já foi criado.
Uma inovação é como ver algo novo nas coisas às vezes conhecidas,
deve-se pensar em ações que promovam novos papéis para a escola, ações em
que a utilização das TICs no contexto educacional estabeleça uma rede dialógica
de interação com o intuito de promover a ruptura do distanciamento entre sujeito-
sociedade.
O computador ligado à internet propicia ao professor atuar de forma
diferente em sala de aula, é possível instigar os alunos a desenvolver pesquisas,
investigações, críticas, reflexões, aprimorar e transformar ideias e experiências,
não é preciso que professores se tornem donos da verdade e do conhecimento,
mas sim parceiros de seus alunos, andando juntos em busca de um mesmo
propósito o conhecimento e a aprendizagem.
Essa atuação leva os profissionais da educação a se desprender do livro
didático, que deixa de ser o guia da prática do professor e passa a ser mais uma,
entre outras, fontes de informação e de desenvolvimento do trabalho.
No momento atual em que a sociedade vive é imprescindível que a
educação caminhe no sentido do conhecimento compartilhado, com liberdade
para se expressar e se comunicar. O professor que caminha de forma a tentar
conhecer o aluno e entendê-lo em sua realidade, é um profissional que podemos
considerar ativo, crítico empenhado no seu papel de ensinar, pois a partir do
momento que se sente desafiado pelo aluno, este vive uma busca constante do
aprendizado ao ensino.
Atualmente o professor não é um mero propagador de conhecimento, mas
sim ambos (aluno e professor) são parceiros do ensino-aprendizagem, o
professor tem o papel de planejar a aula de acordo com a necessidade de seus
alunos e estes também têm seu papel que é contribuir com aquilo que deseja
aprender, como por exemplo: curiosidades, indagações, conhecimentos prévios,
valores, descobertas, interesses. O professor é desafiado a conhecer seu aluno,
não é mais apenas aprendiz de conteúdo, mas de individuo, para que possa
respeitar os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem, temos uma situação
que não é mais o professor o único a planejar as aulas para os alunos executar,

48
e sim ambos trabalham em busca de aprendizagem, cada atuando segundo o
seu papel e nível de desenvolvimento.
Notemos que é a partir do respeito e da confiança que aluno e professor
caminharão para uma escola nova e avançada, onde há preocupação com aquilo
que se é proposto para o aluno ler, pois é através de uma leitura prazerosa que
acontece o despertar para outras leituras e para uma escrita criativa. Assuntos
interessantes levam a questionamentos, a participações efetivas, espírito
cooperativo e solidário em ambiente escolar.
A mudança na escola começa a partir de uma mudança pessoal e
profissional, capaz de levantar uma escola que incentive a imaginação, a leitura
prazerosa, a escrita criativa, favoreça a iniciativa, a espontaneidade, o
questionamento, que se torne um ambiente onde promova e vivencie a
cooperação, o diálogo, a partilha e a solidariedade.
Enfim para que todo esse leque de oportunidades aconteça, seja
vivenciado é preciso que professor e aluno andem juntos, trabalhem num mesmo
ritmo de cooperatividade, principalmente falem a mesma língua que é a da era
da informação, pois somente trabalhando os interesses da juventude será
possível um aprendizado de forma gratificante e com resultados positivos para
ambos os envolvidos no ensino-aprendizagem.

49
BIBLIOGRAFIA

BAUMAN, Z. Medo líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008.

FERREIRO, E. Cultura Escrita e Educação. Porto Alegre: Art Méd, 2000.

FREIRE, P. 1987. Pedagogia do Oprimido. 17ª Ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

GIDDENS, A. Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo de


nós. 2. ed. Rio de Janeiro; São Paulo: Record, 2002a.

HELLER, A. et al. A crise dos paradigmas em ciências sociais e os desafios


para o século XXI. Sociais e os desafios para o século XXI Rio de Janeiro:
Contraponto; Corecon. 1999. p 33-75.

HOBBES, T. Leviatã: matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e


civil. Evita, Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva.
São Paulo: Nova Cultural, 1999.

LIPOVETSKY, G. A sociedade pôs-moralista: A sociedade pôs-moralista


opúsculo do dever e a Ética indolor dos novos tempos democráticos.
Barueri: Manole, 2005.

MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia Política. Livro I, Vol. I, 1988.

MARCHESSOU, François. Estratégias, Contextos, Instrumentos, Fórmulas:


a contribuição da tecnologia ao ensino aberto e à distância. Revista
Tecnologia Educacional – V. 25 (139), Nov. / Dez. 1997 – p. 6 a 15.

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do


homem. Rio de janeiro: Cultrix, 1971.

Moran, José M.; ALMEIDA, Maria E. B. (2005). Integração das Tecnologias na


Educação. Salto para o futuro. Secretaria de Educação à Distância. Brasília:
MEC, SEED.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São


Paulo: o Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2000.

50
PRETTO, Nelson de Luca (org.). Globalização & Organização: mercado de
trabalho, tecnologias de comunicação, educação a distância e sociedade
planetária. Ijuí: Ed. Uniu, 1999.

ROSA, J. Guimarães. Grande sertão: veredas. 16. ed., Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, 1984, p. 207.

ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da


desigualdade entre os homens. Rio de Janeiro: Ediouro, 1994.

SAMPAIO e LEITE, 2000, SANTOS, 2012, p. 9).

SANTOS, B. S. Reinventar a democracia: entre o pré-contratualismo e o


pôscontratualismo.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: por uma outra globalização do


pensamento único a consciência universal. 2. ed., Rio de Janeiro: Record,
2000, 175 p.

SCHAFF, Adam. Introducción a Ia Semântica. México: Fondo de Cultura


Econômica, 1962, p. 180.

SELTZER, WALDEMAR W. Computadores na Educação: Porquê, Quando e


Como. 5º Simpósio Brasileiro de Informática na Educação. Porto Alegre, RS,
Campus PUCRS, 1994, 290 p.

SILVA, M. Sala de aula interativa. 3. ed. Rio de Janeiro: Quartet, 2002.

VALENTE, J. A. Aprendendo para a Vida: o uso da informática na educação


especial. In: FREIRE, Fernanda Maria Pereira;

VALENTE, José Armando. (Orgs.). Aprendendo para a vida: os


computadores na sala de aula. São Paulo: Cortez, 2001.

WALTON, Richard E. O uso de TI pelas empresas que obtêm vantagem


competitiva, tecnologia de informação. São Paulo, Atlas, 1994.

XAVIER, Antônio C. S. O Hipertexto na Sociedade da Informação: a


constituição do modo de enunciação digital. Tese de doutorado Unicamp,
2005.

51
______. Pesquisa, Comunicação e Aprendizagem com o Computador: o
papel do educador no processo ensino-aprendizagem. In: Tecnologia,
currículo e projetos, s/d.

52

Anda mungkin juga menyukai