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SUMÁRIO

1 DIREITO PENAL E SEGURANÇA PÚBLICA ............................................. 2

1.1 O surgimento do processo ................................................................... 2

1.2 Jus puniendi e jus persequendi ............................................................ 3

1.3 Distinção entre direito penal e processo penal ..................................... 4

1.4 Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege ...................................... 4

1.5 Nulla poena sine judicio........................................................................ 5

1.6 Diferença entre processo e procedimento ............................................ 5

2 II - RELAÇÕES DO PROCESSO PENAL COM AS DEMAIS CIÊNCIAS ... 6

2.1 Política Criminal ................................................................................... 6

2.2 Criminologia ......................................................................................... 7

2.3 Medicina legal ...................................................................................... 7

2.4 Psiquiatria forense ................................................................................ 7

3 III - RELAÇÃO DO PROCESSO PENAL COM O DIREITO


CONSTITUCIONAL ..................................................................................................... 8

4 IV - EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO .................. 16

5 V - EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO ..................... 18

6 VI - PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL .............................................. 19

7 VII - AÇÃO PENAL ................................................................................... 24

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 42

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1 DIREITO PENAL E SEGURANÇA PÚBLICA

Texto de: Dra. Maria da Penha Meirelles Almeida Costa

FONTE:www.iped.com.br

1.1 O surgimento do processo

Nos primórdios de nossa civilização, o homem, à míngua de outro meio de


comunicação, bradava para expressar seus sentimentos e desejos. Com o passar do
tempo, diante da sua multiplicação, o ser humano buscou meios para melhor se
comunicar. Encontrou, então a linguagem para satisfazer o seu desejo.
A fala para o homem foi de suma importância, mas ele continuou se
desenvolvendo e procurou também aperfeiçoar os meios para solucionar seus
conflitos de interesse. Na verdade, ele criou o processo em decorrência de uma
necessidade imperiosa de um instrumento que pudesse dar amparo ao sentimento de
justiça natural possuído por todo ser humano. Evidentemente foi um processo
demorado, em razão da inexistência de um costume preexistente.
A partir de sua criação, ao longo dos séculos, muitas teorias contribuíram para
o seu desenvolvimento, aperfeiçoando-o até chegar ao que é hoje.
O homem é um ser social por excelência e, portanto, não vive senão em
sociedade, até para proteger o seu próprio grupo. Assim, o seu instinto gregário deu
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origem à sociedade e, com ele, surgem os conflitos de interesse. É importante
ressaltar que, quando o conflito de interesse pertence a uma única pessoa, é fácil de
ser resolvido, posto que ela terá de sacrificar o menos importante em detrimento do
mais importante para ela naquele momento. Entretanto, quando existe o conflito de
interesses de pessoas diversas, estes devem ser resolvidos pela sociedade dos
homens, a fim de manter a paz social. Só para relembrar, pensando em termos de
sociedade e a sua consequente subsistência, seria impossível que cada qual fizesse
justiça pelas próprias mãos, visando solucionar o conflito. Por estas razões, podemos
afirmar que o Estado é soberano e cabe a ele dirimir tais controvérsias, agindo de
forma neutra e imparcial, solucionando cada pretensão que um impõe ao outro.

1.2 Jus puniendi e jus persequendi

O Estado recebe das pessoas delegação para agir em nome da vítima, que
assim se libera da vingança privada. Somente o Estado pode punir, exercendo a
titularidade do jus puniendi, o direito de impor sanções. Obviamente, esse direito é
praticado observando certos procedimentos, a fim de garantir total lisura na apuração
da conduta do infrator. Também, é da titularidade do Estado o jus persequendi, ou
seja, direito à persecução mediante instauração do devido processo legal.
Na verdade, este poder do Estado nada mais é do que um poder/dever, uma
vez que, encarregado de aplicar a Justiça, não detém discricionariedade que lhe
permita optar entre promover a ação penal e deixar de fazê-lo. Assim, praticado o
crime, o Estado tem a obrigação de propor a ação penal, salvo a hipótese de ação
penal, onde a opção cabe ao particular.
Já o jus persequendi é um direito subjetivo do Estado exercido pelo Ministério
Público, encarregado de postular, perante o Estado-Juiz, a condenação do infrator. O
Promotor de Justiça é o dominus litis, mas, no entanto, está subordinado a
normatividade processual, não podendo agir de acordo com sua exclusiva vontade ou
predileções.

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1.3 Distinção entre direito penal e processo penal

FONTE:encrypted-tbn3.gstatic.com

O direito penal é a substância. O direito processual penal é o instrumento que


coloca a substância a atuar.
Assim, para que o direito seja colocado em movimento, há necessidade de uma
violação de uma norma prevista como típica, um poder encarregado de aplicar a lei
penal e, por consequência, um método consistente no processo, que representa uma
série de atos coordenados.
O objetivo maior do processo penal é à busca da verdade real, diferente do
processo civil que tem por objetivo a busca da verdade formal, ou seja, a verdade
contida nos autos.

1.4 Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege

Muito embora cabe ao Estado o exercício do jus puniendi, existem princípios


constitucionais que o limita, como a impossibilidade de prosperar uma acusação sobre
um crime sem lei prévia que o defina, apresentando-se como atípico e, portanto,
desprovido de qualquer sanção.

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Desta forma, nenhuma ação humana, ainda que pareça imoral ou contrária aos
interesses coletivos, se não estiver prevista em lei escrita e anterior a sua execução,
pode constituir-se delito em sentido lato.

1.5 Nulla poena sine judicio

O presente brocardo consagra o princípio da instrumentabilidade do processo


penal. É a imposição do devido processo legal para se chegar a uma condenação.
No entanto, é importante ressaltar que tal conceito foi mitigado com a edição da Lei n.
9.099/95, haja vista a possibilidade de transação.
Em outras palavras, o processo penal é uma ferramenta necessária à aplicação
da lei penal. Como sucessão de atos disciplinados pelo direito, o processo se interpõe
necessariamente entre o delito e a sanção, constituindo-se no único meio de
descoberta da verdade real.

1.6 Diferença entre processo e procedimento

O processo é o instrumento através do qual se aplica o direito material;


O procedimento é o modus operandi, é a maneira de proceder dentro do
processo.
É a exteriorização do processo mediante a série de atos que o constituem.

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2 II - RELAÇÕES DO PROCESSO PENAL COM AS DEMAIS CIÊNCIAS

FONTE:1.bp.blogspot.com

Dentre as ciências auxiliares de maior conexão com o direito processual penal,


podem ser mencionadas a política criminal, a criminologia, a medicina legal, a
psiquiatria forense e a polícia científica.

2.1 Política Criminal

É a política criminal que fornece o critério para apreciação do valor da norma


vigente e propõe o modelo de norma a vigorar. O processo criminal não pode se
afastar do modelo de política criminal adotado. Este se reflete no processo e é
inegável a relação existente entre ambos, pois não basta apenas impor as sanções,
mas saber como aplicar a pena eficazmente, a fim de se obter os seus efeitos
preventivos e repressivos.

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2.2 Criminologia

Criminologia é a ciência que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do


infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, procura
fornecer uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis
principais do crime - contemplado este como problema individual e como problema
social - fornecendo programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de
intervenção positiva no homem delinquente.

2.3 Medicina legal

Há uma ligação muito próxima entre o direito processual e a medicina legal.


Esta fornecerá parâmetros para se aferir a imputabilidade do réu sobre o qual pairar
dúvidas quanto à sanidade mental. Apurará os vestígios dos delitos e suas sequelas
nas vítimas. É importante ressaltar que o resultado final do processo está vinculado
à qualidade de determinada perícia, daí sua inequívoca relevância para o processo.

2.4 Psiquiatria forense

A intervenção da psiquiatria na criminologia forense deriva de norma expressa


do Código Penal, o art. 26 e seu parágrafo único.

Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou


desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento

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mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Na verdade, observamos que a sociedade separou a criminalidade da loucura,


depois de tê-las confundido por um longo período. Dessa diferenciação nasceu a
perícia psiquiátrica. O perito psiquiatra desempenha papel de extremo significado na
aplicação da justiça criminal.

3 III - RELAÇÃO DO PROCESSO PENAL COM O DIREITO CONSTITUCIONAL

A Constituição é fundamento de validade de toda a normatividade, pois, em


relação às suas normas, as demais são inferiores.
É no texto constitucional que se encontra o maior número de preceitos
relevantes para o processo criminal, bastando mencionar vários incisos do art. 5º,
voltados à tutela da liberdade, consagradores do processo como instrumento para a
realização da Justiça. Senão vejamos, o artigo e os seus respectivos incisos:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei;
III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;

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VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado
o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
aos locais de culta e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa
nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou
de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre,
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso,
por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo
da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com
seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos
ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido
prévio aviso à autoridade competente;

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XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de
caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter
suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso,
o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer
associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm
legitimidade para representar seus filiados, judicial ou extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV-a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e
prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente
poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização
ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
financiar o seu desenvolvimento;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização publicação
ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei
fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a. a proteção às participações individuais em obras coletivas e à
reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

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b. o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas
representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio
temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos,
tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico do País;
XXX - é garantido o direito à herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
resguardada pela lei brasileira, em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei pessoal do de cujus;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de
seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de
taxa:
a. o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
contra ilegalidade ou abuso de poder;
b.a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos
e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato perfeito e a coisa
julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe
der a lei, assegurados:
a.a plenitude de defesa;
b.o sigilo das votações;
c.a soberania dos veredictos;
d.a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

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XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e
liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitem;
XVIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará entre outras, as
seguintes:
a.privação ou restrição da liberdade;
b.perda de bens;
c.multa;
d.prestação social alternativa;
e. suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a.de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b.de caráter perpétuo;
c.de trabalhos forçados;
d.de banimento;
e. cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo
com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

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XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de
crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou
de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurado o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido à identificação
criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando
a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem judicial
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado;

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LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão
ou por seu interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir
a liberdade provisória, com ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel;
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido
e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a. partido político com representação no Congresso Nacional;
b. organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania;
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a. para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b. para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
vise a anular ao lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado

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participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como
o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecimentos pobres, na forma da lei:
a. o registro civil de nascimento;
b. a certidão de óbito;
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na
forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
Parágrafo 1º. As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata.
Parágrafo 2º. Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Assim, só para exemplificar, observamos os seguintes incisos:
III - protege a pessoa de tratamento desumano ou degradante;
XXXVII - veda o juízo de exceção;
XXXVIII - reconhece a instituição do júri;
XXIX - princípio da reserva legal;
XL - princípio da retroatividade da lei benigna;
LIV – princípio do devido processo legal;
LV – princípio do contraditório e ampla defesa;
LVII – princípio da presunção de inocência;
LX – princípio da publicidade.

Ainda importam - e são fundamentais para o processo criminal - os incisos LII,


LIII, LVI, LVIII, LIX, LXI, LXII, LXIII, LXIV, LXV, LXVI, LXVII e LXVIII, os quais podem
ser analisados, detalhadamente, no tópico relativo ao artigo 5º da CF.

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4 IV - EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO

A lei processual penal aplica-se a todas as infrações penais cometidas em


território brasileiro, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional. Vigora o princípio da absoluta territorialidade, ou seja, aos processos
e julgamentos realizados no território brasileiro, aplica-se à lei processual penal
nacional. Justifica-se por ser a função jurisdicional a manifestação de uma parcela da
soberania nacional, podendo ser exercida apenas nos limites do respectivo território.
A territorialidade vem consagrada no art. 1º do Código de Processo Penal:
Art. 1º. O processo penal reger-se-á, em todo território brasileiro, por
este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos
ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e
dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade
(Constituição, arts. 86, 89, parágrafo 2º, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art.
122, nº 17);
V - os processos por crimes de imprensa;
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos
referidos nos ns. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não
dispuserem de modo diverso.

As ressalvas mencionadas neste artigo não são, como podem parecer,


exceções à territorialidade da lei processual penal brasileira, mas apenas à
territorialidade do Código de Processo Penal. Impõem, tendo em vista as
peculiaridades do direito, a aplicação de outras normas processuais positivas na
Constituição Federal e em leis extravagantes, v.g., nos casos de crimes de militares,
eleitorais, falimentares, de entorpecentes, nas contravenções do jogo do bicho, nas
infrações de menor potencial ofensivo etc. O inciso I contempla verdadeiras hipóteses
excludentes da jurisdição criminal brasileira, isto é, os crimes serão apreciados por

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tribunais estrangeiros segundo suas próprias regras processuais, v.g., casos de
imunidade diplomáticas, de crimes cometidos por estrangeiros a bordo de
embarcações públicas estrangeiras em águas territoriais e espaço aéreas brasileiro
etc.
Considera-se praticado em território brasileiro o crime cuja ação ou omissão,
ou cujo resultado, no todo ou em parte, ocorreu em território nacional. Considera-se
como extensão do território nacional, para efeitos penais, as embarcações e
aeronaves públicas ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem,
e as embarcações e aeronaves particulares que se acharem em espaço aéreo ou
marítimo brasileiro, ou em alto-mar ou espaço aéreo correspondente.
A lei penal aplica-se aos crimes cometidos fora do território nacional que
estejam sujeitos à lei penal nacional. É a chamada extraterritorialidade da Lei penal.
Contudo, é preciso que se frise: a lei processual brasileira só vale dentro dos limites
territoriais nacionais. Se o processo tiver tramitação no estrangeiro, aplicar-se-á a lei
do país em que os atos processuais forem praticados.
A legislação processual brasileira também se aplica aos atos referentes às
relações jurisdicionais com autoridades estrangeiras que devem ser praticados em
nosso país, tais como o cumprimento de rogatória etc.

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5 V - EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO

FONTE:veja.abril.com.br

Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
Percebe-se, desde logo, que o legislador pátrio adotou o princípio da aplicação
imediata das normas processuais, sem efeito retroativo, uma vez que, se tivesse, a
retroatividade anularia os atos anteriores, o que não ocorre.
Dessa forma, sem a sua retroatividade, os atos processuais realizados sob
a égide da lei anterior são considerados válidos e as normas processuais têm
aplicação imediata, regulando o desenrolar do processo.
Todavia, embora a lei processual não seja retroativa, há que se atentar quanto
às normas jurídicas que possuem natureza mista, ou seja, serem dotadas de natureza
processual e material, concomitantemente, atribuindo-lhe, assim, efeito retroativo ao
dispositivo que for mais favorável ao réu.

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6 VI - PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL

1. Verdade real

No processo penal, o juiz tem o dever de investigar como os fatos se passaram


na realidade, não se conformando com a verdade formal constante dos autos, como
acontece no processo civil. Desse modo, se o juiz não estiver ainda convencido da
autoria, ou necessitar de outras provas, poderá requisitá-las para esclarecer eventuais
dúvidas sobre pontos relevantes. No processo penal, o juiz não representa mero
espectador, mas deverá esgotar todos os meios para satisfazer o princípio maior do
processo penal que é à busca da verdade real.
2. Legalidade (art. 28, do CPP)
Os órgãos incumbidos da persecução penal não podem possuir poderes
discricionários para apreciar a conveniência ou oportunidade da instauração do
processo ou do inquérito.

Assim, a autoridade policial, nos crimes de ação pública, tem o dever de


determinar a instauração do inquérito policial, e o órgão do Ministério Público é
obrigado a apresentar a respectiva denúncia, desde que o fato seja delituoso.
3. Oficiosidade
Os órgãos incumbidos da persecução penal devem proceder ex officio, não
devendo aguardar provocação, ressalvados os casos de ação penal privada e ação
penal pública condicionada à representação do ofendido. (CPP, artigo 5º §§ 4º e 5º,
e artigo 24).
4. Autoritariedade
Os órgãos investigantes e processantes devem ser autoridades públicas
(delegado de polícia e promotor ou procurador de justiça). Exceção a esta regra é a
ação penal privada.
5. Indisponibilidade (CPP, arts. 17, 42 e 576)
- A autoridade policial não pode determinar o arquivamento do inquérito
policial (CPP, art. 17).
- O Ministério Público não pode desistir da ação penal pública, nem do
recurso interposto (CPP, arts. 42 e 576).

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6. Princípio do juiz natural (CF, art. 5º, incisos XXXVII e LIII).
A Constituição Federal proíbe a criação de tribunais de exceção, e, ligado à
proibição dos tribunais de exceção está o princípio do juiz natural ao expressar
“Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente”.
Não se devem confundir as justiças especiais com os chamados tribunais de
exceção. As justiças especiais são as previstas na própria Constituição para o
julgamento de determinadas causas, como a Justiça Eleitoral, a Justiça do Trabalho
e a Justiça Militar. A proibição dos juízes de exceção refere-se à eventual criação de
órgão específico para a decisão civil ou penal de determinados casos, fora da
estrutura do Poder Judiciário. Os tribunais de exceção normalmente são instituídos
em período revolucionário, para o julgamento de fatos políticos, e estão afastados pelo
texto constitucional.
7. Publicidade (CPP, art. 792 e CF, arts. 5º, LX, e 93, IX, parte final).
Em regra, os atos processuais são públicos e as audiências são franqueadas
ao público em geral (CPP, art. 792). Contudo, segundo o parágrafo 1º do art. supra,
“se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar
escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou tribunal,
câmara ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério
Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o número de
pessoas que possam estar presentes”.

8. Contraditório e ampla defesa (CF, art. 5º, LV).


O réu deve conhecer a acusação que se lhe imputa para poder contrariá-la, ou,
ainda, dela se defender, posto que nenhum acusado será processado ou julgado sem
defensor constituído ou nomeado, evitando possa ser condenado sem ser ouvido.
Por isso, é essencial que o acusador, ao formular a denúncia ou queixa-crime,
narre claramente os fatos que está a imputar ao futuro réu, a fim de que este tenha
pleno conhecimento da acusação, podendo elaborar sua defesa e produzir provas,
sob pena de inépcia da inicial.

9. Iniciativa das partes (“ne procedat judex ex officio”) - (CF, art. 5º, LIX e art.
129, I, e CPP, arts. 29 e 30).

20
O juiz depende da provocação da parte. Cabe ao Ministério Público promover
privativamente a ação penal pública e ao ofendido, a ação penal privada.
Se o juiz der início a uma ação penal ele perderá sua imparcialidade.
10. Ne eat judex ultra petita partium (arts. 383 e 384 do CPP).

FONTE:www.fenapef.org.br

O juiz deve pronunciar-se sobre aquilo que lhe foi pedido. O que efetivamente
vincula o juiz criminal, definindo a extensão do provimento jurisdicional, são os fatos
submetidos à sua apreciação. Se o promotor, na denúncia, imputa ao réu um crime
de furto, e, ao final, apura-se que o crime cometido foi o de estupro, não pode o juiz
proferir condenação, ainda que o outro crime esteja caracterizado.

11. Devido processo legal (CF, art. 5º, LIV).


Consiste em assegurar à pessoa o direito de não ser privada de sua liberdade
e de seus bens, sem a garantia de um processo desenvolvido na forma que estabelece
a lei. (CF, art. 5º, LIV).

21
12. Presunção de inocência (CF, art. 5º, LVII).
Nossa Constituição Federal consagra o princípio de que ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Porém, convém lembrar a Súmula 9 do Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual
a prisão processual não viola o princípio do estado de inocência.
Entretanto, o art. 594 do nosso diploma processual impõe que o réu não poderá
apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons
antecedentes, assim reconhecido na sentença penal condenatória, ou condenado por
crime que se livre solto.
Nesse sentido, há muita discussão doutrinária a respeito de flagrante
inconstitucionalidade.

13. Favor rei (CF, art. 5º, XL e CPP, art. 617).


A dúvida sempre beneficia o acusado. Se houver duas interpretações, deve-
se optar pela mais benéfica; na dúvida, absolve-se o réu, por insuficiência de provas;
só a defesa possui certos recursos, como o protesto por novo júri e os embargos
infringentes; só cabe ação rescisória penal em favor do réu (revisão criminal).

14. Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos


(CF, art. 5º, LVI).
Todas as provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis no processo, visto
constituírem espécie de provas chamadas vedadas (CF, art.5º, LVI).
São consideradas provas vedadas àquelas produzidas em contrariedade a uma
norma legal específica, podendo ser imposta por norma de direito processual ou
material. Conforme a natureza, pode a prova vedada ser descrita como ilícita ou
ilegítima, sendo, em qualquer hipótese, proibidas pela Constituição.
São consideradas provas ilícitas, aquelas produzidas com violação às regras
de direito material, onde são praticados ilícitos de ordem penal, civil ou administrativa.
Exemplos:
Diligência de busca e apreensão sem prévia autorização judicial ou durante
o período noturno;

Confissão obtida mediante prática de tortura;

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Interceptação telefônica sem autorização judicial (violação de sigilo
telefônico);

Interceptação de cartas particulares (violação de correspondência).

Já as provas ilegítimas são aquelas produzidas com violação às regras de


natureza meramente processual.

Exemplos:
Exibição de documento em plenário do Júri com desobediência ao disposto
no artigo 475 do CPP;

Juntada de documentos na fase de alegações finais (art.406 do CPP);

Depoimento prestado com violação à regra proibitiva do art.207 CPP.

Entretanto, alguns autores como Fernando Capez e Vicente Greco, entendem


que desprezar, sempre, toda e qualquer prova ilícita não é conduta juridicamente
correta, tendo em vista que, em determinadas situações, a importância do bem jurídico
envolvido no processo e a ser alcançado com a obtenção irregular da prova levará os
tribunais a aceitá-las. Leve-se em consideração uma prova obtida por meio ilícito
que, entretanto, levará à absolvição de um inocente. Entendem estes autores que o
interesse que se quer defender é muito mais relevante do que a intimidade que se
deseja preservar. Acreditam que o juiz poderá admitir uma prova ilícita ou sua
derivação a fim de evitar um mal maior.
Podemos resumir que o direito à liberdade e à segurança, à proteção da vida,
do patrimônio, consequentemente, não podem ser levados como regra e ser
restringidos pela prevalência do direito à intimidade e pelo princípio da proibição das
demais provas ilícitas.
Outros autores como Grinover, Scarance e Magalhães esclarecem ser
praticamente unânime o entendimento que admite possa ser utilizada, no processo

23
penal, a prova favorável ao acusado, ainda que colhida com infringência aos direitos
fundamentais seus ou de terceiros.
Embora pacífica a aplicação do princípio da proporcionalidade somente pro reo,
o STJ, em julgado recente, admitiu a incidência pro societate, aceitando que, dentro
de princípios lógicos, é perfeitamente viável a aceitação da prova obtida mediante
interceptação telefônica.
No entanto, oportuno ressaltar que, legalmente, em consonância com o que
dispõe a Lei n. 9.296, de 24 de julho de 1996, a interceptação de comunicações
telefônicas de qualquer natureza não será admitida, salvo por ordem judicial e sob
segredo de Justiça, sob pena de constituir-se em crime capitulado no artigo 10 da
referida Lei.

7 VII - AÇÃO PENAL

FONTE:encrypted-tbn0.gstatic.com

1. Conceito
O direito de ação é o direito subjetivo público de pleitear ao Poder Judiciário
uma decisão sobre uma pretensão.

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Desde o momento em que o Estado instituiu a proibição da justiça privada, foi
outorgado aos cidadãos o direito de recorrer a órgão estatais para a solução de seus
conflitos de interesses.

2. Espécies de ação penal no direito brasileiro


No processo penal é corrente a divisão subjetiva das ações, isto é, em função
da qualidade do sujeito que detém a sua titularidade.
Diante disto, levando-se em conta o sujeito que a promove, a ação penal pode
ser pública ou privada.
Ação penal pública: quando promovida pelo Ministério Público, e constitui
regra do nosso Direito.

Ação penal privada: quando promovida pelo particular. É privada, porque


entendeu o Estado que certas infrações penais afetam muito mais o interesse
particular que o social e, sem abrir mão do direito de punir, que irrefragavelmente lhe
pertence como uma das expressões mais características da sua soberania, transferiu
ao particular o direito de ação penal.

Por outro lado, a ação penal pública pode ser condicionada ou


incondicionada.

Ação penal pública incondicionada: quando o seu exercício não depende de


manifestação da vontade de quem quer que seja. Exemplo: homicídio.

Ação penal pública condicionada: quando a propositura da ação penal


depende de uma manifestação de vontade. Essa manifestação de vontade se
cristaliza num ato que se chama representação ou requisição.

Seja condicionada, seja incondicionada, a ação penal inicia-se por um ato


processual - a denúncia, que é apresentada pelo representante do Ministério Público.
Tratando-se de ação penal privada, a sua peça inicial é denominada queixa-crime.

A ação penal privada apresenta-se sob três modalidades:

25
a) ação penal privada, ou propriamente dita: que somente pode ser exercida
pela vítima ou por quem legalmente a represente e, no caso de morte, por qualquer
uma das pessoas citadas no art. 31;

b) ação penal privada subsidiária da pública: que é aquela iniciada por meio
de queixa, quando embora se trate de crime de ação pública, o Promotor não haja
oferecido denúncia no prazo legal (art. 29 do CPP);

c) ação privada personalíssima: aquela cujo exercício cabe apenas ao


ofendido.

3. As condições da ação
São requisitos que subordinam o exercício do direito de ação. Para se poder
exigir, no caso concreto, a prestação jurisdicional, faz-se necessário, antes de tudo, o
preenchimento de certas condições, que se denominam condições de procedibilidade.
São de duas ordens:

3.1. Condições genéricas: exigidas sempre, pouco importando o tipo de ação


penal (se pública ou privada).

3.2. Condições específicas: exigidas num ou noutro caso, e, quando necessário,


a lei penal ou processual consigna a exigência.
As genéricas são três:
a) possibilidade jurídica do pedido:
Significa que o Estado tem possibilidade, em tese, de obter a
condenação do réu, motivo pelo qual é indispensável que a imputação diga
respeito a um fato considerado criminoso. Demanda-se, assim, que a
imputação diga respeito a um fato típico, antijurídico e culpável. Em sendo o
fato praticado atípico, não há infração; não havendo infração, não pode haver
pretensão punitiva e, não havendo pretensão punitiva, não pode ser exercida a
ação penal, devendo ser rejeitada a peça acusatória.

b) legitimidade de parte:

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Somente a parte legítima é que pode promover a ação penal. Assim,
apenas o titular do bem ou interesse lesionado é que pode exercer a ação
penal.
O Estado é que detém o direito de punir, sendo, portanto, o titular desse
direito, apenas ele é que poderá exercer a ação penal. Todavia, em
determinados casos, poucos, aliás, sem abrir mão do seu direito de punir, o
Estado transfere ao particular o jus persequendi in judicio, isto é, o direito de
agir e de acusar - são os casos de ação penal privada. Nestes casos, o
particular é parte legítima para requerer que se instaure o processo.

Assim, se por acaso, num crime de ação privada, o Promotor


oferece a denúncia, deve o juiz rejeitá-la, sob o fundamento de que quem a
promoveu não era parte legítima.
c) interesse de agir: representa o interesse de obter do Estado-Juiz a tutela
jurisdicional, desde que presente o trinômio: necessidade, utilidade e
adequação. Na falta de um destes elementos, é inútil a provocação da tutela
jurisdicional, porque se apresenta não apta a produzir a correção da violação
do direito arguido na inicial.
Exemplo: quando já estiver extinta a punibilidade do acusado.
As específicas são:

a) representação do ofendido e requisição do Ministro da Justiça;

b) entrada do agente no território nacional;

c) autorização do legislativo para instauração de processo contra


Presidente e Governadores, por crimes comuns;

d) trânsito em julgada da sentença que, por motivo de erro ou impedimento,


anule o casamento, no crime de induzimento a erro essencial ou
ocultamento do impedimento.

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Obs: A partir da Lei 11.719/2008 revogou-se o art. 43 e o seu conteúdo foi
transferido, com alterações, para o art. 395 do CPP, todavia, quanto às
condições genéricas da ação, vários doutrinadores continuam a sustentar
serem as três já indicadas, ou seja, possibilidade jurídica do pedido, interesse de
agir e legitimidade de parte.

4. Ação penal pública incondicionada:


Titularidade e Princípios
4.1. Titularidade
Exclusiva do Ministério Público, com uma única exceção: no caso de inércia
demonstrada pelo órgão público, é admitida ação penal privada subsidiária, proposta
pelo ofendido ou seu representante legal.
4.2. Princípio da obrigatoriedade
Identificada à hipótese de atuação, não pode o Ministério Público recusar-se a
dar início à ação penal.
Devendo denunciar e deixando de fazê-lo, o promotor poderá estar cometendo
crime de prevaricação.
Atualmente, o princípio sofre inegável mitigação com a regra do art. 98, I, da
Constituição Federal, que possibilita a transação penal entre Ministério Público e o
autor do fato, nas infrações penais de menor potencial ofensivo. A possibilidade de
transação está regulamentada pelo art. 76 da Lei 9.099/95, substituindo nestas
infrações penais, o princípio da obrigatoriedade pelo da discricionariedade regrada.
4.3. Princípio da indisponibilidade
Oferecida à ação penal, o Ministério Público dela não pode desistir (CP, art.
42).
Tal princípio não vigora no caso das infrações regidas pela Lei n. 9.099/95, cujo
art. 89, concede ao Ministério Público a possibilidade de preenchidos os requisitos
legais, propor ao acusado, após o oferecimento da denúncia, a suspensão condicional
do processo, por prazo de dois a quatro anos, cuja fluência acarretará a extinção da
punibilidade do agente (art. 89). É, sem dúvida, um ato de disposição da ação penal.
4.4. Princípio da oficialidade
Os órgãos encarregados da persecução penal são oficiais, isto é, públicos.

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4.5. Princípio da autoritariedade
Corolário do princípio da oficialidade. São autoridades públicas os
encarregados da persecução penal extra e in judicio (respectivamente, autoridade
policial e membro do Ministério Público).
4.6. Princípio da oficiosidade
Os encarregados da persecução penal devem agir de ofício,
independentemente de provocação, salvo nas hipóteses em que a ação pública for
condicionada à representação ou à requisição do ministro da justiça.
4.7. Princípio da indivisibilidade
Também aplicável à ação penal privada (CPP, art. 48). A ação penal pública
deve abranger todos aqueles que cometeram a infração, não podendo o Ministério
Público escolher, dentre os indiciados, quais serão processados.
4.8. Princípio da intranscendência
A ação penal só pode ser proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática
do delito, é personalíssima.

5. Ação penal pública condicionada

É aquela cujo exercício se subordina a uma condição. Essa condição tanto


pode ser a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal
(representação), como também a requisição do Ministro da Justiça. Entretanto, a
ação continua sendo pública, exclusiva do Ministério Público, que só pode dar início
se a vítima ou seu representante legal o autorizarem, por meio de uma manifestação
de vontade. Todavia, uma vez iniciada a ação penal, o Ministério Público a assume
incondicionalmente, a qual passa a ser informada pelo princípio da indisponibilidade,
sendo irrelevante qualquer tentativa de retratação.

5.1. Crimes cuja ação depende de representação da vítima ou de seu


representante legal.

1) Perigo de contágio venéreo (CP, art. 130, § 2º);

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2) crime contra a honra de funcionário público, em razão de suas funções (art. 141, II,
c/c o art. 145, parágrafo único);

3) ameaça (art. 147, parágrafo único);

4) violação de correspondência (art. 151, § 4º);

5) correspondência comercial (art. 152, parágrafo único);

6) furto de coisa comum (art. 156, § 1º);


7) tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de transporte, sem
ter recursos para o pagamento (art. 176, parágrafo único);
5.2. Natureza jurídica da representação
A representação é a manifestação de vontade do ofendido ou do seu
representante legal, no sentido de autorizar o desencadeamento da persecução penal
em juízo. Trata-se de condição objetiva de procedibilidade. É condição específica
da ação penal pública. Na ausência desta não se pode dar início a persecução penal.

5.3. Prazo
O prazo para exercer o direito de representação é de 06 (seis) meses, a contar
do dia em que o ofendido ou seu representante legal vier a saber quem é o autor do
crime.
5.4. Forma
A representação não tem forma especial. O Código de Processo Penal,
todavia, estabelece alguns preceitos a seu respeito (art. 39, caput e §§ 1º e 2º), mas
a falta de um ou de outro não será, em geral, bastante para invalidá-la. Óbvio que a
ausência de narração do fato a tornará inócua.
A representação pode ser dirigida ao juiz, ao representante do Ministério
Público ou à autoridade policial (cf. art. 39, caput, do CPP).
Feita a representação contra apenas um suspeito, está se estenderá aos
demais, autorizando o Ministério Público a propor a ação em face de todos, em
atenção ao princípio da indivisibilidade.
5.5. Irretratabilidade

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A representação é irretratável após o oferecimento da denúncia (CPP, art. 25).
A retratação só pode ser feita antes de oferecer a denúncia, pela mesma pessoa que
representou.

5.6. Não vinculação


A representação não obriga o Ministério Público a oferecer a denúncia,
devendo este analisar se é ou não caso de propor ação penal, podendo concluir pela
sua instauração, pelo arquivamento do inquérito, ou pelo retorno dos autos à polícia,
para novas diligências. Ainda, não está vinculado à definição jurídica do fato
estabelecida na representação.

6. Ação penal privada:


Conceito, fundamento e princípios.

É aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, transfere a


legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou a seu representante legal.
A distinção básica que se faz entre ação penal privada e ação penal pública reside na
legitimidade (CF, art. 129, I). Apenas por razões de política criminal é que ele outorga
ao particular o direito de ação.
6.1. Fundamento
Evitar que o streptus judici (escândalo do processo), provoque no ofendido um
mal maior do que a impunidade do criminoso, caso não proposta à ação penal.

6.2. Titular
O ofendido ou seu representante legal (CP, art. 100, § 2º; CPP, art. 30). Na
técnica do Código, o autor denomina-se querelante e o réu querelado. Se o ofendido
for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver
representante legal, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial,
nomeado para o ato (art. 33 do CPP).

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6.3. Princípio da oportunidade ou conveniência

O ofendido tem a faculdade de propor ou não a ação de acordo com a sua


conveniência, ao contrário da ação penal pública, informada que é pelo princípio da
legalidade, sendo o qual não é dado ao seu titular, quando da sua propositura,
ponderar qualquer critério de oportunidade e conveniência. Diante disto, se a
autoridade se deparar com uma situação de flagrante delito de ação privada, ela só
poderá prender o agente se houver expressa autorização do particular (CPP, art. 5º,
§ 5º).
6.4.Princípio da disponibilidade
Na ação privada, a decisão de prosseguir ou não, até o final, é do ofendido. O
particular é o exclusivo titular dessa ação, porque o Estado assim o desejou e, por
isso, lhe é dada a prerrogativa de exercê-la ou não, conforme suas conveniências.
Ainda, é possível, até o trânsito em julgado da sentença condenatória, dispor por meio
do perdão ou da perempção (CPP, art.51 e 60, respectivamente).
6.5. Princípio da indivisibilidade
Segundo o artigo 48 do CPP, o ofendido pode escolher entre propor ou não a
ação. Não pode, porém, escolher dentre os ofensores qual irá processar. Ou
processa todos, ou não processa nenhum. O Ministério Público não pode aditar a
queixa para nela incluir os outros ofensores, porque estaria invadindo a legitimação
do ofendido.
6.6. Princípio da intranscendência
Significa que a ação penal só pode ser proposta em face do autor e do partícipe
da infração penal, não podendo se estender a quaisquer outras pessoas.

6.7. Espécies de ação penal privada


6.7.1. Exclusivamente privada ou propriamente dita
Pode ser proposta pelo ofendido se maior de dezoito anos e capaz; por seu
representante legal, se o ofendido for menor de 16; pelo representante legal ou pelo
ofendido, se ele for maior de 16 e menor de 18 anos (CPP, art.34); ou no caso de
morte do ofendido, ou declaração de ausência, pelo seu cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão (CPP, art.31).

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6.7.2. Ação privada personalíssima
Sua titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, sendo o seu
exercício vedado até mesmo ao seu representante legal, inexistindo, ainda, sucessão
por morte ou ausência. Há entre nós apenas dois casos dessa ação penal:
Ex: crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento.
(CP, art.236, parágrafo único).
Observação: No caso de ofendido incapaz, seja em razão da idade ou de
enfermidade mental, a queixa não poderá ser exercida, posto que há incapacidade
para estar em juízo e impossibilidade do direito ser manejado por representante legal
ou por curador.

6.7.3. Subsidiária da pública


Proposta nos crimes de ação pública, condicionada ou incondicionada, quando
o Ministério Público deixar de fazê-lo no prazo legal. É a única exceção prevista à
regra da titularidade exclusiva do Ministério Público sobre a ação penal pública.

7. Crimes de ação penal privada no Código Penal

7.1. Calúnia, difamação e injúria (arts.138, 139 e 140), salvo as restrições do


art.145;

7.2. Alteração de limites, usurpação de águas e esbulho possessório, quando não


houver violência e a propriedade for privada (art.161, § 1º, I e II);

7.3. Dano, mesmo quando cometido por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima (art.163, “ caput ”, parágrafo único, IV);

7.4. Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia (art.164 c/c art.167)

7.5. Fraude à execução (art.179 e parágrafo único);

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7.6. Violação de direito autoral, usurpação de nome ou pseudônimo alheio, salvo
quando praticado em prejuízo de entidades de direito (arts.184 caput e 186);

7.7. Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento para fins


matrimoniais (art.236 e seus parágrafos);

7.8. O exercício arbitrário das próprias razões, desde que praticado sem violência
(art.345, parágrafo único).

8. Prazo
O prazo para o ofendido ou seu representante legal exercer o direito de queixa
é de 06 (seis) meses, contado do dia que vierem, a saber, quem foi o autor do crime
(CPP, art.38), com a possibilidade de haver exceções:

Lei de Imprensa - o prazo é de 03 meses, contado a partir da data do fato;


Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento - 06 meses,
contados a partir do trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou
impedimento, anule o casamento;
Crimes de ação privada contra a propriedade material que deixar
vestígios, sempre que for requerida a prova pericial – 30 dias, contados da
homologação do Laudo Pericial.
O prazo para propor a ação penal privada é decadencial, conforme regra do
artigo 10 do CP, computando-se o dia do começo e excluindo-se o dia final.
No caso de ofendido menor de 18 anos, o prazo da decadência só começa a
ser contado do dia em que ele completar essa idade, e não no dia em que ele tomou
conhecimento da autoria.
Tratando-se de ação penal privada subsidiária, o prazo será de 06 meses a
contar do encerramento do prazo para o Ministério Público oferecer denúncia.
Observação: Lembre-se de que o pedido de instauração de inquérito não
interrompe o prazo decadencial.

34
MODELO Nº 01
(Modelo de Denúncia)

EXMO.SR.DR.JUÍZ DE DIREITO DESTA 1ª VARA

O Promotor de Justiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições, vem,


perante V.Exa., oferecer denúncia contra Basílio Carapuça, qualificado as fls.18 dos
inclusos autos de inquérito policial, pelo seguinte fato :

1)Consta dos referidos autos que, no dia 27 de fevereiro do ano em curso, por
volta das 20:00 horas, nesta cidade, à altura do prédio n.20 da Rua Bento Gonçalves,
o denunciado agrediu e lesionou Pedro Bernardino.

2)Na verdade, dias antes dos fatos, o denunciado soubera que a vítima ficara
desgostosa com o serviço mecânico prestado ao seu veículo na Oficina " Tudo OK ",
de propriedade do denunciado, e, por isto, dissera que não pagaria o pretenso
conserto.

3)No dia, local e hora já citados, o denunciado encontrou-se casualmente com


a vítima e lhe perguntou se era verdade que não iria pagar os serviços que lhe foram
prestados e, ante a resposta afirmativa da vítima, que, inclusive, adiantou que assim
procedia porquanto seu veículo saíra da oficina do denunciado com os mesmos
defeitos mecânicos, o denunciado irritou-se e, segurando a vítima pelo braço, disse-
lhe : " Você já me pagou e tenho até de lhe dar o troco " e, ato contínuo, vibrou-lhe
um murro à altura da região orbitária direita, produzindo-lhes lesões graves descritas
no laudo de fls.03. Em seguida, deixando a vítima estendida no solo, dalí se retirou.

4)Assim, estando ele incurso nas penas do art.129 § 1º, do CP, combinado com
o art.61, II, primeira figura do mesmo estatuto, requer, após o recebimento e autuação
desta denúncia, seja o réu citado para o interrogatório e, enfim se ver processado até
final julgamento, nos termos do art.593 do CPP, notificando-se a vítima e as
testemunhas do rol abaixo para virem depor em juízo, em dia e hora a serem
designados, sob as cominações legais.

35
Rio de Janeiro, 14 de julho de 1990

Gilmar Augusto Teixeira


Promotor de Justiça

Rol :
1º) Pedro Bernardino (Vítima), qualificado as fls.4;
2º) Manoel Ricardo, qualificado as fls.08;
3º) Pedro dos Santos (funcionário municipal), qual.fls.10;
4º) Manoel José (Militar), qualif.a fls.15.
modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da
Costa tourinho Fº - 1997.

MODELO Nº 02
(Modelo de despacho do Juiz recebendo a denúncia)

" Recebo a denúncia. Designo o dia ____, as ____ horas para o interrogatório.
Cite-se. Notifique-se o Dr.Promotor de Justiça. Defiro as diligências solicitadas pelo
MP (Ministério Público) (arts.394 e 399). (Data e Assinatura)"

Modelos extraídos do livro ‘Prática de Processo Penal ‘- Fernando da


Costa tourinho Fº - 1997.

36
MODELO Nº 03
(Modelo de devolução dos autos à Polícia para novas diligências)

MM.Juiz :
A digna autoridade policial instaurou o presente inquérito para apurar um crime
de furto. Constatou-se, fartamente, a materialidade do fato. Apurou-se, também,
que o seu autor, por sinal foragido, fora um empregado da vítima. Embora o Doutor
Delegado de Polícia deixasse de proceder à qualificação direta do indiciado, e isto por
razões óbvias, não havia motivos que o impedissem de proceder à sua qualificação
indireta. Sabe-se, apenas, que o indiciado se chama Pedro. Evidente que a
Promotoria não pode ofertar denúncia contra o indiciado, pois deixaria em sobressalto
todos os cidadãos com o prenome Pedro... Ademais, o art.41 do CPP dispõe que a
denúncia ou a queixa deve conter a qualificação do réu ou esclarecimentos pelos
quais se possa identificá-lo, e isto por razões que dispensam comentários.

A denúncia deve ser oferecida contra o genuíno autor da infração, e, assim, tal
ato processual não pode ser praticado quando não se conhece a pessoa a quem deva
ser atribuído tal qualidade. Certo que ele está foragido. Nada impede que a digna
autoridade policial colha, junto à vítima, a sua qualificação. O indiciado já trabalhou
para a vítima. É possível que ela ainda possua, nos seus arquivos, os dados
qualificativos do indiciado. Se a diligência for infrutífera, poderá o Doutor Delegado,
com os meios ao seu alcance, envidar esforços no sentido de trazer para os autos tais
elementos. Se de todo for impossível, restará à Promotoria requerer o arquivamento
dos referidos autos.

Ante o exposto, requer a Promotoria sejam os autos devolvidos à Delegacia de


origem para os fins acima expostos.

Bauru, 17 de julho de 1990

Antônio Munir Rafidi


Promotor de Justiça

37
Modelos extraídos do livro ‘Prática de Processo Penal ‘- Fernando da
Costa tourinho Fº - 1997.

MODELO Nº 04
(Modelo de pedido de arquivamento)
MM.Juiz :
Instaurou-se o presente inquérito, registrado sob o n.29/88, contra Pedro
Pedrão, porquanto este, no dia 2-2-1988, por volta das 14:30 horas, dirigindo o seu
automóvel Opala, chapa DV-1114, descendo a Rua 13 de maio, ao atingir a
confluência com a Av.Rodrigues Alves, convergiu à direita, com o objetivo de ir à
Av.das Nações. Naquele instante, trafegava pela referida avenida Rodrigues Alves
o Monza dirigido por José. Houve o choque entre os dois veículos e o motorista do
Monza saiu lesionado. Instaurou-se o inquérito, porquanto pareceu à digna
Autoridade Policial, pelas primeiras informações colhidas, houvesse sido o motorista
do Opala o causador do acidente. Na verdade, após perícia e ouvida de testemunhas
que presenciaram o fato, foi o motorista do Monza quem, imprudentemente
desrespeitou o semáforo, levando o seu conduzido a colidir contra o para-lama
esquerdo do Opala. Na verdade, o causador do acidente foi o motorista do Monza.
Por outro lado, somente ele saiu ferido. Como se trata de autolesão, o fato não pode
ser erigido à categoria de crime. Contudo, houve a contravenção definida no art.34
da Lei das Contravenções. Ele dirigiu o seu veículo pela Av.Rodrigues Alves, pondo
em perigo a segurança alheia. De observar-se, entretanto, que o fato ocorreu no dia
2-2-1988, há mais de um ano. Quando do fato, José tinha apenas 20 anos de idade.
Ora, a pena cominada àquela contravenção é de quinze dias a três meses. Sendo
a pena máxima inferior a um ano, a prescrição ocorre em dois anos (art.109, VI do
CP); como ele, à época do fato, era menor de 21 anos, o prazo prescricional é reduzido

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de metade (art.115 do CP); assim, está extinta a punibilidade, pelo que, uma vez
reconhecida, deve o presente inquérito ser arquivado.
Bauru, 28-6-1990
Maria Helena Côrtes Pinheiro
Promotora de Justiça
Modelos extraídos do livro ‘Prática de Processo Penal ‘- Fernando da
Costa tourinho Fº - 1997.

MODELO Nº 05
(Modelo de despacho do Juíz recebendo o pedido de arquivamento)

" Acolho integralmente o pedido de arquivamento, nos termos formulados pelo


Dr.Promotor de Justiça. Arquivem-se estes autos, registrados sob o n.87/88. Deste
despacho, recorro " ex ofício " para o Eg.Tribunal de Alçada Criminal. Subam os
autos. (data e assinatura)".

Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da


Costa tourinho Fº - 1997.

MODELO Nº 06
(Modelo de Queixa)
Exmo.Sr.Dr.Juiz de Direito desta Comarca
Basílio Costa, brasileiro, casado, lavrador, residente e domiciliado nesta cidade,
na rua Tupinambá n.10, por seu procurador infrafirmado, vem, perante V.Exa.,
oferecer queixa contra Ricardo Pantaleão, brasileiro, solteiro, lavrador, residente e
domiciliado nesta cidade, na Rua Andradina n.15, pelo seguinte fato:
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1º) Consta dos inclusos autos de inquérito policial que, no dia 27 de fevereiro
último, por volta das 17:00 horas, o querelado, que possui um sítio contíguo ao do
querelante, neste município, sem assentimento do querelante ou de quem de direito,
abriu a porteira situada na divisa das duas propriedades e introduziu dois cavalos seus
no sítio do querelante.

2º) Apurou-se, no inquérito, que, dias antes, o querelado adquirira aquelas


duas alimárias e soltou-as em seu sítio, junto às outras de sua propriedade, em vez
de prendê-los no curral ou tomar outra providência, limitou-se a abrir a porteira e
introduzi-los no sítio do querelante.

3º) Pelo laudo de fls.10, vê-se que os referidos animais estragaram parte da
plantação de milho e feijão do sítio do querelante, estimando os peritos que os
prejuízos orçaram em R$ 100.000,00 (Cem mil reais).

4º) Ante o exposto, tendo o querelado infringido o disposto no art.164 do CP,


requer a V.Exa. que, recebida e autuada esta, seja o querelado citado para o
interrogatório e, enfim, para se ver processar até final julgamento, quando, então,
deverá ser condenado, observando-se o disposto no art.539 do CPP, notificando-se
as testemunhas do rol abaixo para virem depor em juízo, em dia e hora a serem
designados, sob as cominações legais.

Nestes termos,
P.deferimento.

Bauru, 17 de julho de 1990.

pp.Miriam Badra Freitas e Silva


Advogada - OAB/SP__________

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Rol :

1º Pedro Maria, qualif.fls.09;


2º Manoel Faria, qualif.fls.1 vº;
3º Ricardo Calafate, qualif.fls.17;
4º Maria dos Santos, qualif.fls.15.

Modelos extraídos do livro ‘Prática de Processo Penal ‘- Fernando da


Costa tourinho Fº - 1997.

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BIBLIOGRAFIA

. CAPEZ, FERNANDO. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 1997.

. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. Dec.Lei nº 3.689 de 03-10-1941, São Paulo:


Saraiva, 1998.

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. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. São Paulo: Saraiva, 1998.

. FRANCO, ALBERTO SILVA, e outros. Leis Penais Especiais. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1995.

. GRECO Fº, VICENTE. Manual de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 1997.

. MARQUES, JOSÉ FREDERICO. Elementos de Direito Processual Penal. V.4, São


Paulo: Bookseller, 1997

. NORONHA, E.MAGALHÃES. Curso de Direito Processual Penal. São Paulo:


Saraiva, 1997.

. TOURINHO Fº, FERNANDO DA COSTA, Prática de Processo Penal. São Paulo:


Saraiva, 1997.

. XAVIER DE AQUINO, JOSE CARLOS & NALINI, JOSÉ RENATO. Manual de


Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 1997.

. NUCCI, Guilherme de Souza,Manual de Processo Penale Execução Penal. 5 [ed.


São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.

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