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Dentro dessa lógica, pode-se criar aqui alguns laços paralelos que ajudarão a
compreender melhor a relação de Maria com Jesus Cristo:
Portanto, há muito trabalho pela frente para conhecer essa figura tão
apaixonante que não quer outra coisa a não ser o nosso amor para com o seu Filho.
Não é possível super maximizar a figura de Maria para não tirar o lugar de Cristo.
Porém, não podemos minimizar a figura de Maria (como fazem alguns outros
credos) para não diminuir sua importância na história da Salvação. Aqui vamos
encontrar o seu verdadeiro lugar e significado.
Devemos usar duas linguagens aqui: do amor e da razão.
Do amor, porque quando se ama alguém, se exagera nos seus atributos e
qualidades. Isso é normal. Queremos tanto Maria que algumas vezes exageramos
até mesmo nas palavras quando nos dirigimos a ela, somos generosos demais! Por
exemplo, quando dizemos “Maria nós te adoramos”. Não é que ADORAMOS Maria
do mesmo jeito que devemos ADORAR a Deus. Somente Deus merece a verdadeira
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ADORAÇÃO. Mas o nosso amor por Maria é tão grande que usamos termos para
expressar o nosso amor afetivo e filial para com Maria.
É verdade: devemos purificar algumas palavras que usamos quando falamos
de Maria para evitar mal-entendido lá na frente! Devemos ser prudentes! Maria já
tem a sua honra natural, dada pelo próprio Deus. Não precisamos “inventar” coisas
ou dizer muitas coisas “do coração” para elevar Maria. Ela já tem a sua honra
garantida. Aliás, São Bernardo e São Boaventura já diziam que a Santa Virgem não
precisa de nossas mentiras exageradas para se fazer honrar. Ela já tem a sua honra
própria.
Por outro lado, é preciso conhecer racionalmente a figura de Maria, através
de estudos, cursos, faculdades etc. E é isso que estamos fazendo aqui. Maria, hoje, é
um tema de estudo. Serão três módulos neste curso sobre Maria: Maria na Bíblia,
Maria na Tradição da Igreja e Maria na Devoção Popular.
Vamos começar pela Palavra de Deus, a fonte de tudo.
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“14Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te
e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém!
15
O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti e afastou o teu inimigo.
O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás mais a desgraça.
16
Naquele dia, dir-se-á em Jerusalém: Não temas, Sião! Não se enfraqueçam
os teus braços!
17
O Senhor teu Deus está no meio de ti como herói Salvador! Ele anda em
transportes de alegria por causa de ti e te renova seu amor. Ele exulta de alegria a
teu respeito
18
Como num dia de festa. Suprimirei os que te feriram, tirarei a vergonha que
pesa sobre ti.” (Sf 3, 14-18)
Is 7,14:
“Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à
luz um filho e o chamará Emanuel, Deus Conosco.”
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Considerando o texto...
Embora o texto faça referência ao nascimento de um herdeiro na linhagem de
Davi, pode ser muito bem aproveitado como uma profecia Mariana.
Mq 5, 1-4:
“1Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá
para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos
tempos antigos, aos dias do longínquo passado.
2
Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de
dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel.
3
Ele se levantará para (os) apascentar, com o poder do Senhor, com a
majestade do nome do Senhor, seu Deus. Os seus viverão em segurança, porque ele
será exaltado até os confins da terra.
4
E assim será a paz.”
Sobre o texto...
Mesmo não apontando diretamente uma referência mariana, o texto fala
diretamente de um rei-pastor, saído da tribo de Davi. Seu nascimento se projeta
para o futuro (pois todos os verbos do texto estão no futuro).
Esses são alguns dos textos do Antigo Testamento que, em uma leitura básica,
podem fazer referência a UMA MULHER que vai DAR À LUZ ao FILHO DEUS que será
o SALVADOR DA HUMANIDADE.
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I – GÁLATAS
Por conter a informação mais antiga sobre Maria, será analisado um único
versículo referente ao estudo mariano.
Gl 4, 4:
“Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu
de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de recebermos a adoção filial”
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Marcos escreve o seu evangelho por volta do ano 60 d.C. Acredita-se que o
escritor, ao preparar o seu livro, teve em mente os cristãos gentios. O evangelista
tem com preocupação primeira mostrar que Jesus é o Filho de Deus. Esse é a sua
grande tese, verificada a partir do primeiro versículo:
“Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.” . Um Filho de Deus,
confirmado pelos discípulos, através da pessoa de Pedro (Mc 8,29) e testemunhado
pelo centurião na morte de Jesus (Mc 15,39); um Filho de Deus que se deixa
reconhecer na medida que se caminha ao seu lado, assumindo o seu projeto de
vida.
O Evangelho de Marcos está tecido em duas grandes partes:
Primeira parte (Mc 1,1 – 8,26): Neste primeiro bloco, Jesus aparece na Galiléia
inaugurando o Reino de Deus que vem com toda força. A prática de Jesus é
contestada pelos escribas e fariseus. Diante da sua proposta, vão se formando dois
grupos: os que seguem Jesus (discípulos e multidão) e os que não aceitam a
proposta de Jesus.
A segunda parte (restante do evangelho) apresenta as condições e os
elementos necessários para seguir Jesus. Seguimento que não significa “ir atrás”,
mas, sim, entrar no caminho de sua vida, identificar-se com ele, deixar tocar pela
sua pessoa, fazer parte de sua missão de inaugurar o Reino e vencer as forças do
antirreino.
Maria aparece duas vezes durante todo o seu relato. As citações são poucas,
mas muito significativas, pois a apresentam como a discípula fiel que faz parte
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I – TEXTOS MARIANOS:
Marcos 3, 31 – 35:
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Num olhar mais profundo, Marcos quer mostrar que o seguimento de Jesus
(para fazer parte de sua família) ultrapassa os laços de parentesco.
Jesus inaugura uma NOVA FAMÍLIA constituída não mais do sangue e dos
laços de parentesco (valor absoluto nas sociedades antigas), mas, sim, daqueles que
se juntam ao redor de Jesus para fazer a vontade do Pai.
Marcos ensina que até Maria, a criatura mais estritamente ligada a Jesus pelos
laços de sangue (maternidade), teve que elevar a ordem mais alta dos seus valores.
Depois de ter levado Jesus no seu ventre, era preciso que Ela o gerasse no
coração, cumprindo a vontade de Deus. Uma vontade que se torna manifesta
naquilo que Jesus dizia e realizava.
Assim, a figura de Maria “mãe” se harmoniza e se completa com a figura de
“discípula” e “primeira cristã”.
“1Depois, ele partiu dali e foi para a sua pátria, seguido de seus discípulos.
2
Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos o
ouviam e, tomados de admiração, diziam: Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essa
que lhe foi dada e como se operam por suas mãos tão grandes milagres?
3
Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas
e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a
seu respeito.
4
Mas Jesus disse-lhes: Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os
seus parentes e na sua própria casa.
5
Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos,
impondo-lhes as mãos.
6
Admirava-se ele da desconfiança deles. E, ensinando, percorria as aldeias
circunvizinhas.”
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Sendo assim, surge a grande pergunta: por que Jesus não é chamado “filho de
José”? Para essa pergunta, há quatro tipos de respostas:
Marcos queria enfatizar os traços humanos de Jesus;
É uma referência à concepção virginal de Jesus (obra do Espírito Santo);
Foi um intento de difamação contra Jesus (desvalorizar a sua pessoa
pela profissão humilde de José);
José não é citado porque já havia morrido.
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I – GENEALOGIA DE JESUS
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16
Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado
Cristo.
17
Portanto, as gerações, desde Abraão até Davi, são quatorze. Desde Davi até
o cativeiro de Babilônia, quatorze gerações. E, depois do cativeiro até Cristo,
quatorze gerações.”
“18Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José.
Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo.
19
José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu
rejeitá-la secretamente.
20
Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em
sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o
que nela foi concebido vem do Espírito Santo.
21
Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o
seu povo de seus pecados.
22
Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo
profeta:
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23
Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel
(Is 7, 14), que significa: Deus conosco.
24
Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu
em sua casa sua esposa.
25
E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que recebeu o
nome de Jesus.”
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20
Levanta-te, toma o menino e sua mãe e retorna à terra de Israel, porque
morreram os que atentavam contra a vida do menino.
21
José levantou-se, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel.
22
Ao ouvir, porém, que Arquelau reinava na Judéia, em lugar de seu pai
Herodes, não ousou ir para lá. Avisado divinamente em sonhos, retirou-se para a
província da Galiléia
23
e veio habitar na cidade de Nazaré para que se cumprisse o que foi dito
pelos profetas: Será chamado Nazareno.”
Nas cenas (adoração dos Magos e Fuga para o Egito), se repete várias vezes “o
menino e sua mãe” (v.13, v.14, v.20) . Isso reforça a real maternidade de Maria não
aludindo à “paternidade real” de José. Maria se mostra como uma companheira
inseparável do Filho. Ela sempre acompanha o Redentor, ela participa da vida
humana e salvífica do Filho, sempre muito próxima...inseparável.
Apesar de usar a mesma fonte de Marcos quando fala de Maria e dos “irmãos
de Jesus”, e a cena da casa e da rejeição em Nazaré, Mateus interpreta num outro
sentido.
“46Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e
esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar.
47
Disse-lhe alguém: Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te.
48
Jesus respondeu-lhe: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?
49
E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: Eis aqui
minha mãe e meus irmãos.
50
Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu
irmão, minha irmã e minha mãe.”
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Maria não nasce como uma santa pronta e acabada. Ela passa por crises e
situações difíceis e desafiadoras, contribuindo para o seu crescimento na fé.
Por outro lado, Maria nos lembra que Deus escolhe preferencialmente os
pobres e os pequenos para iniciar seu Reino. Maria é uma pessoa de coração pobre
todo aberto para Deus, tem um coração solidário e serviçal sempre disponível a
ajudar os mais necessitados.
“26No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia,
chamada Nazaré,
27
a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de
Davi e o nome da virgem era Maria.
28
Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.
29
Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria
semelhante saudação.
30
O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.
31
Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.
32
Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o
trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó,
33
e o seu reino não terá fim.
34
Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?
35
Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do
Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será
chamado Filho de Deus.
36
Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já
está no sexto mês aquela que é tida por estéril,
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37
porque a Deus nenhuma coisa é impossível.
38
Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a
tua palavra. E o anjo afastou-se dela.”
Muitos autores afirmam que este é o texto mais importante sobre Maria em
todo o Novo Testamento. Algumas razões: é o início de tudo, retrata bem a figura e
a fé de Maria, é o texto mariano mais usado na liturgia, é o texto mais citado pelos
padres da Igreja dos primeiros séculos até hoje, os artistas gostam muito de pintar
seus quadros a partir dessa cena da anunciação.
É comum a ideia entre vários estudiosos de que a mensagem central deste
relato é a iniciativa de Deus que vai ao encontro de Maria, pedindo o seu
consentimento para que o seu Filho se encarne no meio da humanidade.
O relato tem característica de anúncio, vocação e de missão que segue os
esquemas de formulários típicos dos ritos de aliança entre Deus e o seu povo com as
seguintes características:
A figura de um Mediador: Deus propõe e não impõe um projeto de vida, por
exemplo, vocação de Abraão, Moisés, Sansão, Gedeão etc, que proclama que
acontecerá algo extraordinário que vai transformar a vida das pessoas;
Resposta do interlocutor: onde revela o consentimento da pessoa ou do povo,
ou seja, a aceitação do projeto de Deus. Este consentimento sempre se dá num
contexto de Diálogo com muita liberdade.
Neste caso, é o anúncio de uma criança importante, que virá para a salvação
do povo. Este anúncio foi feito pelo mensageiro Gabriel com o consentimento de
Maria.
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deste mundo, por mais simples que seja, pode ser muito bem o santuário da sua
habitação. Qualquer lugar humano pode se transformar em ocasião de encontro e
manifestação de Deus.
2) Detalhando o texto:
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Já a frase dita por Isabel, “bendito é o fruto do teu ventre”, lembra o texto de
Deuteronômio (Dt 28, 2.4.9) que corresponde à bênção de Deus àqueles que
escutam sua palavra, cumprem a aliança e realizam a sua vontade. A desobediência
era sinal de maldição. A Benção de Deus se traduz em fertilidade e uma vida feliz e
realizada. A razão da bênção sobre Maria está no fato de Ela ter acreditado:
“Bendita és tu que acreditaste”. Ela confiou inteiramente na ação de Deus e se
colocou disponível ao seu projeto. Maria leva Jesus, transporta Jesus, é a primeira
procissão de Corpus Christi. Ela é a nova Arca que transporta a nova Aliança. Nesse
encontro de duas mulheres grávidas, é o Espírito Santo quem atua. E onde está o
Espírito Santo, a alegria se faz presente. Receber Maria é receber Jesus. Quem
acolhe Maria, recebe Jesus. É isto que Ela quer: trazer Jesus para dentro de nossas
casas. E isso produz uma alegria muito grande. O coração salta de alegria. A casa fica
iluminada. O ambiente muda. Torna-se um lar abençoado porque a própria bênção,
Jesus, está presente.
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E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num
presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria.”
“1Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá
para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos
tempos antigos, aos dias do longínquo passado.
2
Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de
dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel.
3
Ele se levantará para (os) apascentar, com o poder do Senhor, com a
majestade do nome do Senhor, seu Deus. Os seus viverão em segurança, porque ele
será exaltado até os confins da terra.
4
E assim será a paz.”
“8Havia nos arredores uns pastores, que vigiavam e guardavam seu rebanho
nos campos durante as vigílias da noite.
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9
Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles
e tiveram grande temor.
10
O anjo disse-lhes: Não temais, eis que vos anuncio uma boa-nova que será
alegria para todo o povo:
11
hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor.
12
Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e
posto numa manjedoura.
13
E subitamente ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que
louvava a Deus e dizia:
14
Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da
benevolência (divina).
15
Depois que os anjos os deixaram e voltaram para o céu, falaram os pastores
uns com os outros: Vamos até Belém e vejamos o que se realizou e o que o Senhor
nos manifestou.
16
Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na
manjedoura.
17
Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino.
18
Todos os que os ouviam admiravam-se das coisas que lhes contavam os
pastores.
19
Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração.
20
Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham
ouvido e visto, e que estava de acordo com o que lhes fora dito.”
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O texto revela que Maria e José eram fiéis aos preceitos religiosos. Eles
cumprem a lei e oferecem, por sua humilde condição, um par de pombinhos como
pagamento pela purificação da mulher (No livro do Levítico 12, 6-8, é afirmado que
exigia um cordeiro para tal purificação. Isso mostra a pobreza do casal de Nazaré).
De Simeão se sabe muito pouco. Seu nome significa “Deus ouviu”. Talvez
fosse um sacerdote. Juntamente com Ana, Zacarias e Isabel, representa a reta
religiosidade de Israel que espera o cumprimento das promessas de Deus.
Simeão fala para Maria que Jesus será “sinal de contradição”, isto é, Jesus
será como pedra de tropeço e pedra angular de agora em diante para todo Israel.
Diante de Jesus ninguém ficará em uma postura neutra. Ou se adere ao seu projeto
ou se rejeita.
Simeão alerta Maria sobre o que vai acontecer com ela por causa do seu filho:
“uma espada de dor te traspassará a alma”. Maria vai sentir todo o sofrimento e a
angústia em seu coração pela oposição que será feita contra Jesus que vai culminar
na morte de cruz. Maria provará na própria carne a espada de conflito.
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45
Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele.
46
Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores,
ouvindo-os e interrogando-os.
47
Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas
respostas.
48
Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: Meu filho,
que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição.
49
Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-
me das coisas de meu Pai?
50
Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera.
51
Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe
guardava todas estas coisas no seu coração.
52
E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos
homens.”
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começou o seu ministério público com a idade de uns trinta anos, mas o que ele fez
antes, sendo que o último registro de sua aparição foi exatamente quando ele tinha
doze anos? A resposta também é simples: Jesus viveu como um homem do seu
tempo: ajudava José nos trabalhos de Marcenaria, frequentava o Templo, estudou,
leu, rezou, pescou, conversava com as pessoas, ... tudo isso como um Galileu.
“23Ora, Jesus, ao começar o seu ministério, tinha cerca de trinta anos; sendo
(como se supunha) filho de José, filho de Eli (...) filho de Enós, filho de Set, filho de
Adão, filho de Deus (38)
O evangelista Lucas não afirma que Jesus é filho de José, mas aponta a
descendência. Por isso usa o “conforme se supunha”.
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23
Então lhes disse: Sem dúvida me citareis este provérbio: Médico, cura-te a ti
mesmo; todas as maravilhas que fizeste em Cafarnaum, segundo ouvimos dizer,
faze-o também aqui na tua pátria.
24
E acrescentou: Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua
pátria.
25
Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias,
quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra;
26
mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na
Sidônia.
27
Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu;
mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã.
28
A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga.
29
Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do
monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali
abaixo.
30
Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se.”
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para ser membro desta santa família. Maria é a terra boa, segundo a parábola do
semeador, que ouve a Palavra de Deus e faz produzir bons frutos (Lc 8,15).
“27Enquanto ele assim falava, uma mulher levantou a voz do meio do povo e
lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te
amamentaram!
28
Mas Jesus replicou: Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de
Deus e a observam!”
At 1, 14:
“Todos eles perseveravam unanimemente na oração com as mulheres, entre
elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele.”
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“todos” os que estavam presentes, plenificando ainda Maria a Virgem Maria. Maria,
com a Igreja nascente, se torna testemunha do seu Filho.
João escreveu o seu Evangelho por volta do ano 90-100 d.C. É também autor
do livro do Apocalipse. Tanto o quarto evangelho, quanto o livro do Apocalipse
apresentam, por serem os escritos mais tardios, uma reflexão bem mais madura
sobre Jesus.
O Evangelho de João está dividido em três partes:
Prólogo (Jo 1, 1-18);
Livro dos Sinais (Jo 1,19 – 12,50);
Livro da Exaltação (Jo 13-20).
Menciona a Mãe de Jesus em três ocasiões: uma indiretamente, na
encarnação do Filho de Deus (Jo 1, 14) e as outras duas de uma maneira bem
explícita: as Bodas de Caná (Jo 2, 1-12) e na Morte de Jesus (Jo 19, 25-27).
Jo 1,14 (PRÓLOGO):
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos sua glória, a glória que o
Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade.”
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Analisando o texto...
Um primeiro dado interessante, que se percebe à primeira vista, é que João
não menciona o nome “Maria”. Ele refere-se à Maria chamando-a de “Mulher” ou
“Mãe de Jesus” (seis vezes). A explicação é simples: João gosta de apresentar certas
pessoas como modelos de seguidores do projeto de Jesus. Maria, portanto, é um
modelo, uma figura símbolo que aceitou a mensagem de Jesus.
Apesar de ser uma festa de casamento, os personagens principais não são os
noivos, mas, sim, Jesus e Maria. Apesar de usar uma linguagem de um casamento,
João quer mostrar, com esse relato, que o pacto (casamento) entre o povo da Antiga
Aliança (Israel) e Deus estava desgastado, sem vida, vazio, devido ao abismo do
pecado.
O relato data muito a sequência dos dias, com destaque especial “ao terceiro
dia”, alusão simbólica à Aliança no Monte Sinai (Cf. Ex 19, 11.9) e, principalmente, à
Ressurreição de Jesus.
Ao fazer chegar até Jesus a problemática da falta de vinho, Maria se apresenta
como aquela que, conhecendo as necessidades da humanidade, pede ajuda para
Jesus. Aqui está simbolizado o papel de intercessora atribuído à Maria.
A primeira reação de Jesus ao afirmar “Mulher, isso compete a nós?” ou, que
importa a mim e a ti? (v. 4), parece ser um tanto ríspida com relação à Maria, mas
serve para ilustrar o deslocamento de perspectiva: que Jesus chama os seus
interlocutores (na pessoa de Maria) para perceber um outro nível de sua presença.
A palavra “mulher” pode representar três ideias:
Pode lembrar Gn 3, referindo à Eva-Mulher que trouxe o pecado ao
mundo. Assim, Maria, a nova Mulher, trouxe a salvação, Jesus;
Maria, Mulher, pode representar todo o povo de Israel (Filha de Sião);
Pode traduzir todo o reconhecimento da figura feminina na
comunidade de João, pelo papel evangelizador que as mulheres desempenhavam no
testemunho do Evangelho.
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“25Junto à cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria,
mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
26
Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua
mãe: Mulher, eis aí teu filho.
27
Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo
a levou para a sua casa.”
O texto mostra que estavam presentes junto à cruz de Jesus quatro mulheres:
a mãe de Jesus, uma irmã de Maria, Maria esposa de Cléofas e Maria Madalena.
Estava, também, o discípulo amado.
As mulheres, como já vimos, representam o serviço generoso e destacado que
elas exerciam na comunidade; o “discípulo amado” representa o modelo ideal de
todo cristão que, apesar das contrariedades e cruzes da vida, permanece fiel a
Cristo.
Ao colocar Maria junto à cruz de Jesus, o autor do livro quer:
simbolizar a presença da mãe sofredora que sempre esteve ao lado de
Jesus e de todo aquele que sofre;
fazer uma relação entre as Bodas de Caná, onde Maria esteve presente
no início das atividades do seu Filho, como no pleno cumprimento de sua missão,
através da morte da Cruz.
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2
Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz.
3
Depois apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão vermelho, com sete
cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas.
4
Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu e as atirou à terra.
Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que,
quando ela desse à luz, lhe devorasse o filho.
5
Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações
pagãs com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu
trono.
6
A Mulher fugiu então para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um
retiro para aí ser sustentada por mil duzentos e sessenta dias.”
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Entram em cena novos personagens: Miguel e seus anjos. A luta que começa
no céu desce à terra. Nessa cena, não aparece mais a figura da “mulher” e sim
“Miguel e o Dragão”. O Dragão é descrito como a “antiga serpente”, fazendo
lembrar Gn 3,15 (“Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e
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a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”), que já foi
vencida. Conforme o texto, essa vitória sobre a serpente se deu “pelo sangue do
cordeiro” (sacrifício de Jesus).
“13O Dragão, vendo que fora precipitado na terra, perseguiu a Mulher que
dera à luz o Menino. 14Mas à Mulher foram dadas duas asas de grande águia, a fim
de voar para o deserto, para o lugar de seu retiro, onde é alimentada por um tempo,
dois tempos e a metade de um tempo, fora do alcance da cabeça da Serpente.
15
A Serpente vomitou contra a Mulher um rio de água, para fazê-la submergir.
16
A terra, porém, acudiu a Mulher, abrindo a boca para engolir o rio que o
Dragão vomitara.
17
Este, então, se irritou contra a Mulher e foi fazer guerra ao resto de sua
descendência, aos que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de
Jesus.
18
E ele se estabeleceu na praia.”
Essa cena tem como cenário a terra. Os personagens são: o dragão e a mulher
e sua descendência. Já que o dragão perdeu a batalha para Miguel e seus anjos, ele
volta-se contra a mulher, que, por sua vez, consegue escapar pela proteção de Deus.
Assim, a descendência da mulher (A Igreja), “os que guardam os
mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus”, são continuamente
ameaçados pelas forças do mal (serpente). Mas Deus aparece sempre com sua força
protetora, encorajando os filhos para a vitória final.
Conclusão: O Capítulo 12 do Apocalipse é um texto que deve ser interpretado,
primeiramente como sendo eclesiológico (A Igreja peregrina que sofre, é
perseguida, mas que tem a força de Jesus e do Espírito Santo de Deus para vencer as
armadilhas do mal), depois mariológico (Maria, mãe da Igreja que caminha ao lado
dos filhos que sofrem em direção à Pátria definitiva).
Como material bibliográfico, é recomendado, para este estudo bíblico de
Maria, os seguintes livros:
Bíblia Sagrada (Jerusalém, Ave-Maria, CNBB)
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