ARTIGO SOBRE
Título deste:
A Arte na realidade e
a realidade na Arte!
Questões da década de 50 e 60 do século XX.
Maringá, PR
Dezembro de 2012
Introdução:
No Teatro
Com o golpe militar de 1964, a situação mudou, assim como a relação do teatro
com a “burguesia traidora”, que já vinha sendo questionada. Mas em fins de 1967 que a
radicalização política, aliada as mudanças intelectuais na esquerda e no movimento
estudantil, se iniciou o processo de implosão do público. A fragmentação do PCB e a
influência da contracultura podem explicar não só a mudança que ocorreu com a
platéia, mas também a no fazer teatro. Uma visão libertária, crítica aos ideais defendidos
pelo PCB, se despontava, marcando a implosão ideológica do público e a expressão
cênica, afastando as classes mais ricas. A forte repressão com o AI-5 obviamente
contribuíram para esta situação, já que dificultavam as realizações das peças com teor
crítico, assim como trazia mais violência para os teatros. Desta forma, “O teatro mais
impactante de 1968 representou, em cena, a implosão da base social e ideológica de
uma platéia até então mais ou menos coesa e com amplo potencial de crescimento
numérico. [...] A ousadia formal, tão marcante para a renovação do teatro brasileiro,
deveria romper os limites do ‘bom gosto’ e capacidade de assimilação (estética e
ideológica) da platéia ‘média’.” (pp. 111).
No Cinema
Mas a partir de 1964, o Cinema Novo acaba envolvendo outras características mais
marcantes de seu experimentalismo, como a atuação dos atores, enquadramento dos
planos, os movimentos de câmera, montagem, o tempo em que se desenvolve a trama
etc. Começa a se distinguir no conteúdo e no estilo do cinema convencional e comercial,
mas também dificultando a assimilação do espectador, exigindo dele mais atenção e
conhecimento político e cultural. “Nesse momento, tem-se o início de um processo de
‘fechamento’ de público, um cinema ‘para poucos’, pleno de referências e de desafios
de decodificação e reelaboração receptiva, negação de um cinema de massas, narrativo
e segmentado em gêneros.” (pp. 114)
Com o cinema marginal, por volta de 1968, o cinema engajado radicalizou estes
dilemas existenciais e ideológicos do artista/intelectual, com uma postura tida como
antiburguesa, e que não se enquadrava nas perspectivas da esquerda nacionalista. Esta é
uma das grandes contribuições do cinema neste processo de luta, que nem o teatro nem
a música realizaram, o de questionar as posturas populistas e nacionalistas da esquerda,
e revelar os conflitos existenciais de seus agentes. “Foi através do Cinema Novo,
sobretudo em sua segunda fase, que se fez a dissecação mais profunda do cadáver do
intelectual de esquerda formado sob o populismo nacionalista.” (pp. 116-117)
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Filme brasileiro de 1967, do gênero drama, roteirizado e dirigido por Glauber Rocha e coproduzido pela
Mapa Filmes do Brasil. Possui importantes prêmios nacionais e internacionais. Em novembro de 2015 o
filme entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores
filmes brasileiros de todos os tempos.
Na Música
E esta nova MPB com seu novo público cresceram exponencialmente após o golpe
militar, com a mídia absorvendo este movimento político-cultural, e de forma comercial
o popularizou, principalmente nos anos 70. “A ‘abertura’ do público original de música
popular, de raiz nacionalista e engajada, se deu via mercado, com todas as
contradições que este processo acarretou na assimilação da experiência do ouvinte (em
outras palavras, a tensão entre ‘diversão’ e ‘conscientização’).” (pp. 120 fazendo com
que cantores como Elis Regina e Chico Buarque de Holanda disparam nas vendas de
discos. Na televisão e no rádio, com festivais e programas, constituíam a relação entre o
público e os artistas, se comercializavam e massificavam os ideais musicais. “Arrisco
dizer que Elis Regina e Chico Buarque não ‘caíram’ no gosto popular, e sim ajudaram
a reinventá-Io, consolidando a tendência de ‘abertura’ do público de música popular
no Brasil em direção a uma audiência massiva, processo para o qual concorreu a
música engajada e nacionalista (a ‘moderna’ MPB).” (pp. 221)
Assim como ocorreu com o teatro, na música, o movimento Tropicalista também
tentou contrapor e desconstruir o bom gosto da estética e da música massiva adotada
pela MPB, que tanto agradava os setores médios e burgueses. Com um estilo cafona
buscava gerar um estranhamento no público. “Mas o tiro saiu pela culatra. Ao invés da
‘implosão’ do público, tal como havia ocorrido com o ‘Tropicalismo’ teatral, o que
acabou ocorrendo foi uma nova ampliação da faixa de consumidores da MPB. A força
do mercado acabou por incorporar o Tropicalismo” [pp. 121]. Assim, a música que
buscava atacar, foi vítima dos interesses econômicos do capitalismo.
Concluindo
Referência: