MANAUS
2018
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1. NOÇÕES HISTÓRICAS
Evidências históricas permitem deduzir que alguns povos civilizados da antiguidade, como
Índia, Atenas, Pérsia, Macedônia e Cartago, conheciam a existência de certos delitos militares e
seus agentes eram julgados pelos próprios militares, especialmente em tempo de guerra. Mas foi
em Roma que o Direito Penal Militar adquiriu vida própria considerado como instituição jurídica.
As origens históricas do Direito Penal Militar, como de qualquer ramo do Direito, são,
principalmente, as que nos oferecem os romanos. A política foi sempre dominar os povos antes
de tudo pela força das armas e depois consolidar a conquista pela Justiça das leis e sabedoria das
instituições.
Teve, assim, o exército romano o seu Direito Criminal. Para as faltas graves da disciplina,
o Tribuno convocava o Conselho de Guerra, julgava o delinquente e o condenava a bastonadas.
Esta pena, às vezes eram aplicada com tal rigor que acarretava a perda da vida do condenado. Tais
penas estavam ligadas a certos crimes e atos de covardia.
Nós também copiamos essa aflição física dos romanos, com a triste reminiscência no art.
184 do Regulamento de 20 Fev 1708 e o castigo corporal no Brasil somente foi abolido,
inicialmente pelo Exército por meio da Lei n.º 2.556, de 26 Set 1874, art. 8º e, na Marinha
(Armada), pelo Decreto n.º 3, de 16 Nov de 1889, art.2º.
2. CONCEITO
As normas de Direito Penal Militar são conhecidas como de direito penal material ou
substantivo e as de Direito Processual Penal Militar como de direito penal formal ou adjetivo, ou,
simplesmente, de direito processual. As normas de Direito Penal Militar são as reunidas no Código
Penal Militar (CPM) e as de Direito Processual Penal Militar, no Código Processual Penal Militar
(CPPM).
O direito material regula as relações entre as pessoas e o direito processual entre as pessoas
e o Estado-Juiz. Assim, sempre que tivermos a violação de um direito material aquele que se sentir
prejudicado poderá buscar do Estado-Juiz a chamada prestação jurisdicional, ou seja, o processo
e o julgamento daquele que violou a norma de direito material e com a sua conduta causou-lhe
um dano ou prejuízo.
O Direito Penal Militar é um direito penal especial, porque a maioria de suas normas,
diversamente das de direito penal comum, destinadas a todos os cidadãos, se aplicam,
exclusivamente, aos militares, que têm especiais deveres para com o Estado, indispensáveis à sua
defesa armada e à existência de suas instituições militares. Esse caráter especial, ainda, advém de
a Constituição Federal atribuir com exclusividade aos órgãos da Justiça Castrense (art. 122,
CF/88) o processo e o julgamento dos crimes militares definidos em lei.
Há, como exceção a esta regra, o processo e o julgamento dos crimes dolosos contra a vida
praticados por militar contra civil, os quais por força da Lei n.º 9.299/96 são da competência da
Justiça Comum. Assim, tais fatos continuam possuindo a classificação de crime militar, e,
portando, devem ser apurados por meio de IPM, contudo será a Justiça Comum e não a Auditoria
Militar, no âmbito do estado, a competente para o processo e o julgamento de tais crimes.
3. COMENTÁRIOS AO CPM
3.1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
“Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal.”
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Conceito
O artigo em questão estabelece o chamado princípio da legalidade, com correspondência
integral no art. 1º do Código Penal Comum.
É o princípio das Reserva Legal, embasado na máxima de Feuerbach, Nullum Crimen,
Nulla Poena, Sine Praevia Lege, originário da remota Magna Carta de 1215, imposta pelos
barões ingleses ao rei João Sem Terra.
Para MIRABETE, entretanto, a causa próxima do princípio da legalidade está no
Iluminismo (Séc. XVIII), tendo sido incluído no art. 8º da Declaração dos Direitos do Homem
e do Cidadão, de 26.08.1789, nos seguintes termos: “Ninguém pode ser punido se não for em
virtude de uma lei previamente estabelecida e promulgada anteriormente ao delito e
legalmente aplicada”. No Brasil, foi inscrito na Constituição de 1824 e repetido em todas as
Cartas Constitucionais subseqüentes.
O Princípio da Legalidade que estrutura o art. 1º do Código Penal Militar de 1969,
também incluso o texto do Código Penal comum de 1969, antepara e protege a liberdade
individual do Militar e do cidadão, contra a prepotência do estatólatra (Ramagem
BADARÓ).
As palavras crime, pena e lei, como lembra DELMANTO, têm sentido amplo neste artigo.
“Assim, a expressão crime compreende também as contravenções e, a palavra pena inclui as
mais diversas restrições de caráter penal (penas privativas de liberdade, restritivas de direito,
penas de multa que são conversíveis em detentivas etc.), como lei devem ser entendidas todas as
normas de natureza penal, elaboradas na forma que a Constituição prevê, abrangendo não só as
do CP como as das demais leis penais especiais”.
Cabe salientar que a pena de multa não está prevista atualmente para os crimes militares.
Já por ocasião dos estudos da Comissão elaboradora do CPM de 1944, a pena de multa foi julgada
inadequada aos crimes militares, contra o voto do eminente Desembargador Sílvio Martins
Teixeira, que a acolhia, por entender que a mesma já estava prevista em várias leis militares.
Previsão Constitucional
O princípio da legalidade ou da reserva legal está prevista na carta Magna, art. 5º, inc.
XXXIX.
Sílvio Martins TEIXEIRA lembrava que “na Doutrina do nacional – socialismo, ou
autoritária, o Estado não podia tolerar que o indivíduo empregasse impunemente suas forças e
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Incorre em pena quem pratica um fato que a lei declara punível, ou quem, segundo o
conceito de uma lei e a sã maneira de ver de um povo, merece punição.
Se ao fato não foi imediatamente aplicável nenhuma lei penal, será ele punido de acordo
com a lei cuja idéia fundamental melhor se adapte.
A taxatividade, visto que as leis que definem os critérios devem ser precisas, marcando
exatamente a conduta que objetivam punir, não se aceitando leis vagas ou imprecisas, nem o
emprego, pelo juiz, da analogia ou interpretação extensiva para incriminar algum fato ou tornar
mais severa sua punição.
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Remissão
O Código Penal comum tem disposição idêntica no caput do art. 2º. Seu parágrafo único,
trazido a lume pela Lei 7.209/84, tornou incontestável que a retroatividade benéfica não sofre
limitação alguma, tem redação similar ao § 1º do CPM, mudando apenas a parte final do
dispositivo que, neste, trata da sentença condenatória irrecorrível e, naquele, trata da sentença
condenatória transitada em julgado, o que nos parece, data venia, ter o mesmo sentido.
O Código Penal Militar revogado (Dec.-lei 6.227, de 24.01.44), tinha disposição idêntica
no art. 2º, caput, e o seu parágrafo único, na mesma esteira do CP/1940 que mandava aplicar –
apenas ao fato não julgado definitivamente – a lei posterior que favorece o agente sem suprimir
crime ou atenuar a pena.
Noção
Em sentido amplo, o art. 2º do Código Penal Militar consagra o princípio Tempus Regit
Actum, o que está em perfeita harmonia com a garantia da reserva legal (CF, art. 5º, XL e XLI).
Ou seja, a lei rege os atos praticados durante sua vigência.
Especialmente, trata o referido art. 2º do CPM da Abolitio Criminis, que é a supressão da
figura criminosa, entendendo o legislador que a ação antes prevista como delituosa, não é mais
idônea a ferir o bem jurídico que pretende tutelar.
Ora, com a descriminação do fato, não tem mais sentido o prosseguimento da execução
da pena, nem a mantença das seqüelas penais da sentença. DELMANTO explica que caso seja
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aprovado e entre em vigor projeto de lei que extingue o crime de adultério, tal ato deixaria de
existir como crime.
O Código Penal Militar, da mesma maneira que o Código Penal, dispõe ser possível a
retroatividade e a ultratividade da lei.
Jurisprudência
Habeas corpus. Exigência de representação nos crimes de lesões corporais leves ou de lesões
culposas (Lei 9.099/95, art. 88). Incidência residual no âmbito da Justiça Militar, em face da
superveniência da Lei 9.839/99. Consumação da decadência. Extinção da punibilidade. Pedido
deferido.
São ainda aplicáveis à Justiça Militar, para efeito do que determina o art. 5º da Constituição, os
institutos de direito material previstos na Lei 9.099/95, especialmente as medidas
despenalizadoras pertinentes à exigência de representação nas hipóteses de lesões corporais leves
ou de lesões corporais culposas (art. 88) e à suspensão condicional do processo penal (art.89),
desde que os delitos militares tenham sido praticados antes da vigência da Lei 9.839/99. Se o
ofendido, no prazo legal, deixa de formular a representação a que se refere o art. 99 da Lei
9.099/95, opera-se, em conseqüência da sua inércia, a decadência do direito de postular a
instauração da persecutio criminis, circunstância esta que enseja o reconhecimento da extinção
da punibilidade do agente.
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A Lei 9.839/99 – que torna inplicável à Justiça Militar a Lei 9.099/95 – não alcança, no
que se refere aos institutos de direito material, os crimes militares praticados antes da sua vigência,
ainda que o Inquérito Policial Militar ou o processo penal sejam iniciados posteriormente.
O sistema constitucional brasileiro impede que se apliquem leis penais supervenientes
mais gravosas, como aquela que afastam a existência de causas extintivas da punibilidade, a fatos
delituosos cometidos em momento anterior ao da edição da lei mais severa.
O Código Penal Militar em vigor inclui, neste artigo, as medidas de segurança no Título I
– Da Aplicação da Lei Penal Militar.
Embora haja quem as considere como sanção penal, as medidas de segurança não são
penas, não têm o caráter retribuitivo do mal com o mal, não significam repressão pela infração de
leis penais vigentes na época em que o fato foi praticado. São medidas necessárias à garantia
social e do próprio indivíduo que se torna perigoso. Diferente do crime, que é punido de acordo
com a lei vigente na data em que foi cometida a infração, as medidas de segurança nada têm a ver
com a lei que existia à época em que o ato foi praticado, pois sendo o seu objetivo a segurança
atual, a lei aplicada é a que vigora na data em que é determinada a sentença. Se a lei se modifica
depois que foi decretada a medida, mas antes de ser posta em execução, ela será aplicada de acordo
com a modificação, ou seja, de acordo com a lei vigente na época em que se executa.
Pena é a que o Código relaciona como Principais (art. 55) ou Acessórias (art. 98), não se
fazendo menção, nos referidos artigos, às medidas citadas.
Por outro lado, quando o código afirma que tais medidas são reguladas pela lei em
vigêncka ao tempo da sentença, ou pela existente no momento da execução, se diferente da
anterior, está afirmando que a nova lei retroage, o que é inconcebível, visto que a Constituição
Federal, em seu art. 5º, XL, declara taxativamente em termos gerais que a lei penal não retroagirá,
salvo para beneficiar o réu. Logo, a lei vigente ao tempo da sentença só retroagirá se for mais
benéfica.
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O Código Penal Militar determina o tempo do crime de acordo com a Teoria da Atividade,
a qual, segundo MIRABETE, é aquela que o considera como sendo o momento da conduta (ação
ou omissão). Assim, teríamos, por exemplo, o momento em que o agente efetua os disparos contra
a vítima ou atropela o ofendido (no homicídio doloso ou culposo), ou ilude o ofendido, com
manobra a fraudulenta, para obter vantagem ilícita (no estelionato), ou deixa de prestar socorro
ao ferido (omissão de socorro), pouco importando a ocasião em que o sujeito passivo venha a
morrer, ou o agente obtenha a vantagem indevida etc. O fundamento desta teoria é a de evitar a
incongruência de o fato ser considerado crime em decorrência da lei vigente na época do resultado,
quando não o era no momento da ação ou omissão.
Análise separada merecem os crimes permanentes como a deserção (CPM, art. 187) e o
seqüestro ou cárcere privado (CPM, art. 225), em que, tanto a ação como a consumação,
prolongam-se no tempo enquanto o agente estiver ausente de sua Unidade ou privando a vítima
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de sua liberdade. Incidindo lei nova mais severa durante o tempo da privação da liberdade ou da
ausência do militar, a lex gravior (a lei mais grave) será aplicada, pois o agente ainda está
praticando a ação na vigência da lei posterior. Idêntico raciocínio deve ser feito ao crime
continuado (CPM, art. 80) quando um ou mais dos delitos componentes forem praticados na
vigência da lei posterior mais severa.
Como exceção à regra Celso DELMANTO cita a prescrição, que segue normas próprias
especiais (CPM, art. 125, §2º). A regra incidirá, entretanto, com relação à redução do prazo
prescricional para o agente menor (CPM, art. 129).
Conceito de navio
§3º - Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio, toda embarcação sob
comando militar.”
A lei penal militar se aplica aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou navios apenas
quando estes, sendo estrangeiros, se encontrem em local sob administração militar e atentem
contra as instituições militares.
A questão da territorialidade e da extraterritorialidade se insere no chamado direito penal
internacional. Para Paulo GUSMÃO, geralmente o direito tem eficácia em todo o território do
Estado que o sancionou, pois a eficácia extraterritorial das leis depende da vontade do outro
Estado, admitida através de leis ou tratados internacionais. Para ele, território é a parte da
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superfície terrestre que o Estado exerce, soberanamente, a sua autoridade e na qual encontra-se a
sua população. É formado pelo solo, subsolo, espaço aéreo que o recobre, ilhas e mar territorial
que o banha, quando o mar lhe serve de fronteira, como é o caso do Brasil.
I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal
comum ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
II – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei
penal comum, quando praticados:
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma
situação ou assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à
administração militar, contra militar da reserva, ou reformado ou assemelhado
ou civil.
c) por militar em serviço, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda
que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou
reformado, ou assemelhado, ou civil;
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da
reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob
a administração militar, ou a ordem administrativa militar;
f) REVOGADO - por militar em situação de atividade ou assemelhado que,
embora não estando em serviço, usa armamento de propriedade militar ou
qualquer material bélico, sob guarda, fiscalização ou administração militar,
para a prática de ato ilegal;
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III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, consideram-se como tais não só os cometidos no inciso I, como os do inciso
II, nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem
administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de
atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou
da Justiça Militar, no exercício de função inerente a seu cargo;
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão,
vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento,
acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em
função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância,
garantia e preservação da ordem pública, administrativa e judiciária,
quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a
determinação legal superior.
Parágrafo único – Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e
cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum.”
Conceito.
“Crime militar é todo aquele que a lei assim o
reconhece como tal”.
O legislador penal brasileiro adotou o critério
legal para definir crime militar, isto
é, apenas enumerou taxativamente as diversas situações que definem esse delito. Ou seja, um fato
só poderá ser considerado crime militar se estiver previsto no Código Penal Militar (CPM).
federal e civil o exercício das funções de polícia judiciária e a apuração das infrações penais,
exceto as militares. Considerou-se que o dispositivo impugnado não impede a instauração paralela
de inquérito pela polícia civil. Vencidos os Ministros Celso de Mello, Relator, Maurício Corrêa,
Ilmar Galvão e Sepúlveda Pertence. (STF – Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.494-DF –
Rel. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, DJU, 20.04.97).
II – recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência;
“Revolta”
“Parágrafo único. Se os agentes estavam armados.
Pena – reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças”.
De acordo com o CPM não existem definições distintas para os crimes de revolta e
de motim. Apenas o armamento dos participantes é elemento constitutivo do primeiro. Assim, é
condição da configuração do crime de revolta, o agrupamento de militares armados. Pois, se
reunirem-se sem armas, o crime será de motim. A revolta é, portanto, o motim armado, sendo a
existência de armas o único e essencial ponto de distinção entre os dois crimes.
É comum achar que, para configuração dos delitos de motim ou de revolta, exige-se
a reunião de quatro ou mais militares, contudo a redação atual de tais delitos admite que dois
militares reunidos podem praticá-los, presentes os demais elementos constitutivos do tipo.
SUPERIOR é, nos termos do art. 24 do CPM, o militar que, em virtude da função exerce
autoridade sobre outro, de igual posto ou graduação ou que lhe seja inferior. Portanto, para que
um militar seja considerado superior, à luz do CPM, basta que exerça autoridade sobre outro em
razão da função que ocupa, não sendo necessário possuir grau hierárquico mais elevado.
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“Formas qualificadas”
§ 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general.
Pena – reclusão, de três a nove anos.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra
a pessoa.
Este crime só pode ser cometido por militar, não encontrando previsão no Código
Penal comum, razão pela qual tratar-se de crime militar próprio.
A violência exigida para caracterização deste delito é a violência física, consistente
em tapas, empurrões, rasgar roupas, puxão de orelhas, pontapés e socos que podem ou não
provocar lesões. Há necessidade apenas da existência de contato físico diretos ou através de
instrumentos, também físicos. A agressão verbal poderá caracterizar outros delitos, tais como
ultraje ao pudor (art. 238), desrespeito a superior (art. 160), incitamento (art. 155) etc.
A violência contra superior assume tal gravidade que as conseqüências penais
independem do resultado da ação (pode ou não causar lesão corporal). Nesse sentido, quanto mais
deve ser respeitado o ofendido (superior), maior é o crime e, portanto, mais grave a pena
cominada.
Os parágrafos do art. 157 denotam a escalada de gravidade do crime.
Ementa: Violência contra superior. Quando se torna obrigatório o laudo médico. Violência
contra Superior – somente na forma qualificada prevista no art. 157, §3º do CPM, isto é, quando
da violência resulta lesão corporal, é que torna indispensável o exame médico legal na pessoa da
vítima. (TJM/MG – Ap. 1.098, Rel. Juiz Dr. fausto Nunes Vieira. Acórdão de 04.11.75)
Ementa: Soldado que agride a socos e golpes de bastão, colega de igual graduação, porém
em serviço. Conduta tipificada no art. 157, §3º do CPM. Denúncia e condenação por lesão
corporal, art. 209, CPM. Autoria e materialidade induvidosas. Vedada a reformatio in pejus,
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mantêm-se a decisão recorrida. Apelo improvido. Decisão unânime. (TJM/RS – Ap. 3.002/97 –
Rel. Juiz Cel João Vanderlan Rodrigues Vieira, j. 15.10.97. Jurisprudência Penal Militar,
jan/jun 1997, p.228)
§ 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se , além da pena da violência, a do crime contra
a pessoa.
casos em que um único militar recusar-se a obedecer tais ordens. Em sendo mais de um militares,
o crime será de motim.
ORDEM é a expressão da vontade do superior hierárquico dirigida a um ou mais
inferiores determinados para que cumpram com uma prestação ou abstenção no interesse do
serviço. Deve a ordem ser:
IMPERATIVA – deve importar numa exigência para o inferior, por isso não são
ordens os conselhos, exortações e advertências;
PESSOAL – significa que deve ser dirigida a um ou mais inferiores determinados;
as de caráter geral não são ordens desta natureza e seu não-cumprimento constitui mera
transgressão disciplinar;
CONCRETA – ou seja, pura e simples, pois seu cumprimento não deve estar sujeito
à apreciação do subordinado.
Finalmente a ordem tem que estar relacionada à lei, regulamento ou instrução (base
legal).
A obediência, no sistema militar, sustentada na hierarquia e na disciplina, é
fundamental, contudo é certo que atualmente não se admite a obediência cega. Permite-se que o
inferior examine o conteúdo da determinação. Certo é também que o sistema militar apresenta
características próprias. Assim, se a ordem é ilegal, é ilegal também o fato praticado pelo
subordinado (“ordens manifestamente ilegais não devem ser executadas”) . Mas, como não lhe
cabe discutir sobre sua legalidade, encontra-se no estrito cumprimento de dever legal (dever de
obedecer a ordem). O que vale dizer que apenas as ordens manifestamente ilegais não devem ser
cumpridas pelo subordinado, ou seja, aquelas que, à primeira vista, sem qualquer necessidade de
maior avaliação acerca da sua conformidade com a lei, já demonstram visível ilegalidade.
O cumprimento de ordens manifestamente ilegais responsabilizam o militar que
executou e o superior que a emitiu. As ordens não-manifestamente ilegais responsabilizam apenas
o superior que a emitiu.
Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou morte, é também aplicada a pena do
crime contra a pessoa, atendendo-se, quando for o caso, ao disposto no art. 159”.
“Art. 159. Quando a violência resulta morte ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam que
o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena do crime contra a pessoa
é reduzida de metade”.
O art. 187 trata da chamada deserção propriamente dita e é por isso que se diz que tal
artigo traz a definição legal de deserção.
A lei não estipula o quantum do agravamento desta pena, aplica-se o disposto no art. 73
do CPM, agravando-a de um quinto a um terço.
“Casos assimilados”
“Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que:
I – não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de trânsito ou férias;
II – deixa de se apresentar à autoridade competente, dentro do prazo de oito dias, contados daquele
que termina ou é cassada a licença ou agregação ou em que é declarado o estado de sítio ou de
guerra;
III – tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias;
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“Deserção especial”
“Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da partida do navio ou aeronave, de que é
tripulante, ou da partida ou deslocamento da unidade ou força em que serve:
Pena – detenção até três meses, se após a partida ou deslocamento, se apresentar, dentro de vinte e
quatro horas, à autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, à autoridade policial, para ser
comunicada a apresentação a comando militar da região, distrito ou zona”.
Momento consumativo.
É quando se completam os oito dias de ausência, consoante o art. 187 do CPM.
Ausência.
Antes da consumação do crime de deserção, o militar é considerado ausente por
oito dias. Caso retorne ao serviço nesse período de ausência, não há falar-se em crime, mas em
mera transgressão disciplinar, devendo nessa esfera o fato ser tratado.
Prazo de graça.
É o lapso de tempo de oito dias que a lei concede ao ausente, oportunizando-lhe o
desistência (“arrependimento”) e a conseqüente apresentação, não vindo, assim, a consumar o
crime de deserção. Afora a deserção tipificada no art. 190 do CPM, uma vez que esta trata da
chamada deserção instantânea.
A contagem dos dias de ausência, à luz do art. 451 do CPPM, “iniciar-se-á à zero
hora do dia seguinte àquele em que for verificada a falta injustificada do militar ...”. Ex.: Se a falta
injustificada ocorreu no dia 10, inicia-se a contagem do prazo à zero hora do dia 11 e consumar-
se-á a deserção a partir da zero hora do dia 19.
Parte de ausência.
Deverá ser elaborada pelo chefe imediato do ausente e serve para:
a) dar conhecimento do fato ao escalão superior;
b) registrar o início da contagem do prazo de graça;
c) provocar a elaboração do inventário dos bens deixados ou extraviados pelo ausente.
Despacho do Comandante.
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Inventário.
Destina-se a arrecadar os bens da Fazenda Pública Estadual deixados ou
extraviados, bem como os bens particulares deixados pelo ausente.
Parte de deserção.
Documento elaborado pelo comandante da subunidade do militar ausente, ou
autoridade correspondente, por meio do qual encaminhará o termo de inventário e participará ao
comandante, chefe ou diretor que tal ausência já conta de oito dias, configurando o crime de
deserção.
Despacho do comandante.
Recebida a parte de deserção, o comandante proferirá um despacho designando
alguém (pode ser praça ou oficial) para lavrar o termo de deserção.
Temo de deserção.
No termo de deserção, que será subscrito (assinado) pelo comandante e por duas
testemunhas idôneas, de preferência oficiais, será formalizada a instrução provisória do processo
de deserção devendo ser mencionadas todas as circunstâncias do fato, de forma a fornecer os
elementos necessários à propositura da ação penal (oferecimento da denúncia pelo Ministério
Público).
Uma vez publicado o termo de deserção, estará configurado o delito, que classifica-
se como sendo permanente, razão pela qual autoriza, a partir de então, a prisão em flagrante do
desertor onde quer que for capturado.
1 2 3 4 5 6 7 8
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
DF 0:00 0:00 0:00 Expediente
1 2 3 4
Essa falta de atenção pode evoluir até mesmo para a incapacidade total para a
continuação e realização do serviço, quando o agente perde a coordenação motora, predomina a
confusão psíquica, apresentam-se perturbações sensoriais como a visão dupla, zumbido de ouvido,
ilusões (percepções erradas), palavra difícil e pastosa, inconveniência de atitudes, chegando
mesmo ao coma alcoólico nos casos mais graves.
A comprovação da embriaguez, portanto, poderá ser efetivada pelo exame de
dosagem alcoólica (exame de alcoolemia, exame de sangue) ou pelo exame clínico (exame de
embriaguez, “exame visual”). Em qualquer dos casos o exame deve ser feito sempre por médico
perito oficial e, na ausência deste, por médico a ser designado pela autoridade militar.
O militar tem o dever de utilizar todos os meios possíveis para evitar que adormeça
e quando esses meios se apresentem deficientes, cumpre participar ao superior hierárquico a fim
de que sejam adotadas providências cabíveis.
O delito de dormir em serviço é sempre doloso, o que vale dizer que a conduta culposa não
caracteriza o delito, podendo configurar mera transgressão disciplinar.
§ 2º se resulta morte:
Pena – reclusão, de dois a dez anos”.
O delito de maus tratos está previsto no art. 136 do Código Penal comum, razão pela
qual é crime militar impróprio. No tipo penal, no entanto, exige-se que a exposição a perigo ocorra
em lugar sujeito à administração militar ou que o seu agente esteja no exercício de função
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militar. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, militar ou civil, ressalvando-se quanto a este
último que sua punibilidade está condicionada ao fato de o delito atentar contra as instituições
militares.
O art. 213 do CPM, prevê uma situação a mais para a vítima, ou seja, a de estar
submetida à autoridade do agente, importando o crime na violação desse dever de autoridade,
guarda ou vigilância, para o fim de educação, instrução, tratamento ou custódia.
Comete o delito o agente que priva de alimentação ou cuidados necessários (ex.:
doentes internados sob sua custódia), ou sujeitando-a a trabalhos excessivos ou inadequados (ex.:
trabalhos forçados em locais insalubres); ou ainda abusando de meios de correção ou disciplina
(ocorre com mais freqüência contra recrutas ou alunos em cursos de formação).
É crime múltiplo, não sendo necessário que o agente realize todas as condutas típicas
mas apenas uma delas.
O crime de maus tratos é essencialmente doloso, desconhecendo o CPM a forma
culposa.
Os parágrafos do art. 213 aludem às formas qualificadas pelo resultados lesão corporal grave e o de
morte.
Com o advento da nova lei de trânsito (Lei n.º 9.503, de 23 Set 97) restou tipificado
a conduta de “conduzir veículo automotor, na via pública, sob a influência de álcool ou substância
de efeitos análogos ...” (art. 306 do Código de Trânsito brasileiro). Portanto, atualmente, o delito
de embriaguez ao volante é crime militar impróprio.
Para configuração do delito de embriaguez ao volante não é necessário a provocação de qualquer
dano à saúde ou ao patrimônio de outrem, posto tratar-se de delito de perigo abstrato. Basta a
simples condução de veículo estando o agente sob efeito de substância alcoólica ou de efeitos
análogos.
– BIBLIOGRAFIA –
1. CONCEITO
O processo é o leito de garantias do indivíduo que o Estado deverá cursar para a aplicação
da pena. Garantias indispensáveis e indisponíveis. Vale dizer, não pode o Estado prescindir delas
e nem mesmo o acusado poderá abrir mão de sua aplicação.
Tem, assim, o processo o caráter de instrumentalidade garantista, ou seja, caráter de
instrumento para a garantia do indivíduo iluminado por princípios.
2. SISTEMAS PROCESSUAIS
PRINCÍPIOS
▪ DEVIDO PROCESSO LEGAL (art. 5º, LIV, CF) – Garantia mais ampla, por
se confundir com a própria necessidade de processo. Aplicação da pena, apenas e tão
somente, por meio do processo. A transação penal só existe em relação aos crimes de
menor potencial ofensivo (art. 98, I, CF), para a aplicação de penas alternativas (não
privativas de liberdade) e suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.0099/95).
▪ JUIZ NATURAL (art. 5º, XXXVII, CF) – Estabelecimento de regras de
competência, prévias ao fato. Vedação do juízo ou tribunal de exceção. As regras de
competência possuem base constitucional (art. 5º, LIII, CF).
▪ PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (art. 5º, LVII, CF) – Ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Conseqüências:
d) REGRA PROBATÓRIA: O ônus da prova cabe a quem acusa. Daí, o fato de, na
dúvida, pender-se em favor do acusado (in dubio pro reo).
e) REGRA DE TRATAMENTO: O acusado deve ser tratado como inocente. A prisão
só poderá ocorrer após sentença condenatória, com transito em julgado, salvo prisão
cautelar.
a) DEFESA TÉCNICA: Aquela realizada por um técnico (art. 564, III, alínea c, CPP e
art. 261, CPP);
b) AUTO DEFESA: Realizada pelo próprio acusado.
DEFESA TÉCNICA:
Possibilidade de nomeação, pelo presidente, de defensor ad hoc pela falta do defensor
constituído pelo acusado (art. 265, CPP).
A ampla defesa inicia-se a partir do início do processo, sendo obrigatória a presença de
defensor desde o interrogatório (Lei 10.792/03). Possui o advogado o direito à entrevista pessoal
com seu cliente antes do interrogatório (art. 185, CPP).
Também como corolário da ampla defesa, o juiz não pode julgar sem a peça das alegações
finais. Deve, então, determinar que defensor ad hoc ofereça as alegações finais. A defesa técnica
deve, portanto, ser plena e efetiva. PLENA, por ser necessária em todo o processo e, EFETIVA
(art. 261, § único, CPP), pela necessidade de seu exercício operar-se mediante manifestação
fundamentada, sob pena de nulidade (art. 497, V, CPP).
AUTO DEFESA:
a) CURADOR: Ocorria quando a maioridade civil era diversa da maioridade penal,
sendo necessário, nesses casos, a nomeação de curador para acompanhar o processo.
Agora, não há mais sentido a figura do curador, haja vista o advento do Novo Código
Civil (NCC), fazendo a maioridade civil coincidir com a maioridade penal. Alguns
autores, porém, entendem que o próprio NCC veda a projeção de efeitos para outras
esferas do Direito. De qualquer sorte, a figura de defensor supre a necessidade de
curador.
Condução coercitiva:
Aceita-se a condução coercitiva para a acareação e para o interrogatório, mas o acusado
tem direito ao silêncio.
Exame grafotécnico
O acusado também não está obrigado a fornecer os padrões grafotécnicos, apesar da
existência do art. 174, IV, CPP, e 344, d, CPPM, autorizando o juiz a ditar os caracteres
necessários à realização do exame, quando não houver escritos para a comparação ou forem
insuficientes os exibidos. A doutrina aponta como possível ao acusado ou investigado a negativa
em escrever o que lhe foi ditado, sem falar-se em crime de desobediência.
Os exames que demandam intervenção corporal invasiva não podem ser realizados sem a
autorização do acusado.
INQUÉRITO POLICIAL
1. CONCEITO
É a primeira etapa da persecução penal que, de regra, é atribuída à Polícia judiciária,
visando a averiguar as circunstâncias de um fato aparentemente delitivo e a sua provável autoria.
CARACTERISTICAS:
1. OBRIGATORIEDADE (art. 10, “a” e “f”, CPPM) – A autoridade policial, independente
de provocação do juiz, do MP, da vítima ou de qualquer do povo, tem o dever jurídico de
instaurar o inquérito policial sempre que deparar-se com um fato aparentemente delitivo
persequível via ação penal pública incondicionada.
Providencias antes do inquérito (art. 10, § 2º, CPPM). O aguardamento de delegação não obsta
que o oficial responsável por comando, direção ou chefia, ou aquele que o substitua ou esteja de
dia, de serviço ou de quarto, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as providências
cabíveis, previstas no art. 12, uma vez que tenha conhecimento de infração penal que lhe incumba
reprimir ou evitar.
2. INDISPONIBILIDADE – A autoridade policial não pode abandonar as investigações ou
determinar o arquivamento de inquérito policial. Também não pode determinar o
arquivamento de Boletim d ocorrência, termo circunstanciado ou VPI (anômalas
sindicâncias policiais).
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NATUREZA JURÍDICA. Tem o inquérito policial natureza jurídica de mera peça informativa, não
contraditória, conforme sugere o seu próprio nome.
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FORMAS DE INSTAURAÇÃO
1. Por portaria da própria autoridade policial (ação pública incondicionada);
2. Por meio de requisição do juiz (STF e STJ dizem ser possível requisição do juiz para
instauração de IP, mesmo a melhor doutrina tendo posicionamento contrário) ou do MP;
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3. Por requerimento do ofendido com mais de 18 anos, um dos seus sucessores, ou via
comunicação de qualquer do povo (notitia criminis);
4. Por meio de auto de prisão em flagrante delito, quando este não for suficiente à formação
da convicção do MP (art. 27, CPPM).
PODE A AUTORIDADE POLICIAL INDEFERIR A REQUISIÇÃO? E O REQUERIMENTO?
No caso de requerimento, a autoridade policial pode deferir ou indeferir
discricionariamente. Deferindo, deve constar o requerimento como peça inaugural ou inicial do
procedimento, registrando-o e autuando-º no caso de indeferir o pleito, deverá fundamentar sua
decisão e cientificar o subscritor do requerimento.
PROVIDÊNCIAS CONTRA O INDEFERIMENTO:
a) Interpor recurso administrativo inominado perante o órgão competente da estrutura da
respectiva polícia judiciária;
b) Levar ao conhecimento do MP, podendo este requisitar a instauração do IP, promover a
ação penal ou o arquivamento do requerimento;
c) Impetrar MS Criminal contra o ato da autoridade
policial. NOTÍCIA ANÔNIMA
Diante de notitia criminis inqualificada, apócrifa ou anônima, a autoridade policial está
desobrigada de instaurar o inquérito policial de ofício, visto o art. 5º, IV, da CF vedar o anonimato.
O STJ porém tem julgados em dois sentidos:
a) Já considerou inconstitucional o Inquérito originado de notícia anônima;
b) Já entendeu que a autoridade policial pode, com muita cautela, investigar as informações
e, uma vez verificando a procedência, instaurar o IP de ofício. Nesse sentido, também o
prof. Mirabete.
Em tese, o MP deveria ser ouvido em toda dilação de prazo por ser ele o destinatário
da ação penal, sendo porém o juiz responsável pela decisão sobre o pleito. A oitiva do MP impõe-
se pela possibilidade de este apresentar, de logo, a denúncia, ou mesmo, requisitar diligências
complementares.
CONCLUÍDO O INQUÉRITO deve ser encaminhado ao juízo competente, de onde será remetido
ao MP para formação do juízo de convencimento para oferecimento da denúncia, requisição de
novas diligências ou promoção do arquivamento. Para outros, porém, tanto as solicitações de
dilação de prazo quanto os autos de inquérito policial devem ser encaminhados ao MP ou, nas
comarcas onde já foram criadas, às chamadas Centrais de Inquérito.
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PROVAS EM ESPÉCIE
EXAME PERICIAL. São exames realizados por especialistas na matéria que venham a contribuir
na convicção do juiz. A perícia não é apenas um meio de prova pelo grau de
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importância do perito. É este pessoa de extrema confiança do juiz, sendo-lhe conferido certas
prerrogativas. São espécies de peritos:
a) Peritos oficiais – integrantes do funcionalismo público;
b) Não oficiais ou compromissados – pessoa de nível superior na respectiva especialidade.
Súmula 361, do STF – exige a presença de pelo menos dois peritos para a realização de exames
periciais, sob pena de nulidade. A jurisprudência entende que o laudo subscrito por apenas um
perito, mas corroborado por provas testemunhais, pode ser reconhecido como exame de corpo de
delito indireto.
No caso de perito não oficial, a nomeação será pela autoridade que requisita a
realização da perícia, sendo sempre obrigados a prestarem compromisso. Os peritos oficiais não
prestam compromisso.
Nas perícias não oficiais, as conclusões são transformadas em auto pelo escrivão, o
qual é subscrito por todos. Nas oficiais, o laudo já vem pronto, bastando apenas ser acostado ao
processo ou inquérito.
COMPOSIÇÃO DO LAUDO:
1. Preâmbulo – apresentação dos peritos e especificação do objeto da perícia;
2. Parte descritiva – narração de tudo que os peritos perceberam dos fatos
ocorridos;
3. Crítica – análise crítica do que apreciaram;
4. Conclusão – respostas aos quesitos elaborados pelas partes e pelo próprio juiz.
Os peritos têm o prazo de até 10 dias para realização da perícia requisitada, com
possibilidade de prorrogação desde que haja solicitação fundamentada. Os quesitos formulados
pelas partes e pelo juiz servem de base aos peritos para realização da perícia. Daí deverem ser
apresentados antes de ser iniciado o prazo para realização da perícia.
CORPO DE DELITO. São elementos sensíveis deixados pelo crime.
EXAME DE CORPO DE DELITO. É aquela perícia que tem por objeto os elementos sensíveis ou
perceptíveis sensorialmente deixados pelo crime. A realização do exame de corpo de delito é
obrigatória nos crimes que deixam vestígio (art. 328, CPPM), sob pena de nulidade (art. 500, III,
b, CPPM). O exame de corpo de delito pode ser:
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a) Direto – aquele que incide diretamente sobre os vestígios deixados pela prática delituosa;
b) Indireto – nele, por não mais existirem vestígios diretos, os peritos irão se utilizar de
quaisquer materiais ou elementos que contribua para a realização do laudo. Ex.: prontuário
médico, receita médica, radiografia realizada à época etc.
Inexistindo exame de corpo de delito, o legislador viabilizou a utilização das
testemunhas (PU, art. 328, CPPM). Por outro lado, no art. 328 o legislador diz que nem mesmo a
confissão do acusado serve à verificação da materialidade delitiva, quando não houver exame de
corpo de delito. Para a doutrina majoritária (Prof. Mirabete), as testemunhais só podem ser
utilizadas, nos casos de crimes que deixam vestígios, quando for impossível a realização de exame
de corpo de delito direto. Do contrário, deve operar-se a absolvição do acusado. Para a
jurisprudência, porém, as testemunhais podem suprir a falta de exame de corpo de delito que,
negligentemente, não se realizou.
Os exames de corpo de delito podem e devem ser realizados a qualquer hora do dia ou
da noite, sempre que houver um delito (art. 329, CPPM).
EXAME NECROSCÓPICO.
As necróspcias devem ser realizadas, pelo menos, depois de 6 horas do falecimento,
podendo os peritos realizarem antes quando julgarem possível, consignando tal decisão no auto
(art. 334, CPPM).
Se, a simples apreciação externa do cadáver, levar à conclusão da causa mortis, não é
necessário o exame interno do cadáver. Também não é necessário quando for evidente a ausência
de prática delituosa (art. 335, CPPM). Sempre que possível os cadáveres devem ser fotografados
na posição em que forem encontrados (art. 336, CPPM).
EXAME COMPLEMENTAR.
Os peritos, de posse do laudo anterior, vão apenas complementá-lo, suprindo-lhe as
omissões. No caso de lesões corporais graves, p. ex., face à não possibilidade de exercer ocupações
habituais por mais de trinta dias, ao final destes, deve ser realizado exame complementar. Não
sendo este efetivado, a jurisprudência manda supri-lo via prova testemunhal ou exame pericial
indireto, sob pena de desqualificação das lesões graves para leves, visto que o legislador, após os
30 dias, exige a comprovação da materialidade.
EXAME DE INSANIDADE MENTAL. O exame de insanidade mental pode ser feito durante o
inquérito mediante representação da autoridade policial ao juiz. Vale dizer, a autoridade policial
não pode requisitar diretamente o exame de insanidade mental.
INIMPUTABILIDADE:
- Portadores de doença mental;
- Pessoa que tenha desenvolvimento mental incompleto;
- Pessoa que tenha desenvolvimento mental retardado (oligofrenia:
idiotas, imbecis, retardado);
- Toxicômanos, desde que não possam entender o caráter ilícito de
seu comportamento e de auto determinar-se segundo este
entendimento;
- Menores de 18 anos (não estão sijeitos a exame de insanidade
mental).
As partes (MP e acusado), os ascendentes, os descendentes e o cônjuge do réu podem
requerer a realização de exame de insanidade. Se interposto o requerimento perante a autoridade
policial, durante a fase investigatória, esta, entendendo necessário, representará ao juiz pela
realização do exame.
O magistrado, por sua vez, deferido a realização do exame, deverá baixar uma portaria
determinando a sua efetivação e nomeará curador ao investigado, que deverá acompanhar a
realização do exame. Este curador deve ser pessoa da confiança do juiz, independente de ser ele
médico ou advogado.
Durante a realização do exame, diferentemente do processo penal, não haverá
suspensão do andamento do inquérito policial. Assim, antes de iniciada a realização da perícia, o
MP e o juiz devem apresentar os quesitos a serem respondidos pelos peritos.
O prazo para realização da perícia é de 45 dias, podendo ser prorrogado mediante
requerimento fundamentado ao juiz. Elaborado o laudo, este acompanhará o relatório do inquérito
policial.
INTERROGATÓRIO. São as declarações prestadas pelo possível autor do delito, permitindo a este
esboçar a sua versão dos fatos. Durante o interrogatório, o advogado pode ser constituído pelo
acusado independente de procuração, bastando a inserção no próprio interrogatório, chamada de
procuração por termo nos autos. A doutrina e a jurisprudência admitem interrogatório por meio
de precatória. Havendo concurso de pessoas, co-réus, o interrogatório
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a) Recusa (art. 354, CPPM). – Podem recusar-se o ascendente, o descendente, o afim em linha
reta, o cônjuge, ainda que desquitado, exceto o divorciado, o irmão e o adotado. Podem
estas pessoas serem convocadas para depor quando não exista outro meio de prova. Serão
ouvidas, porém, como informantes, sem prestar compromisso.
b) Proibição (art. 355, CPPM). – Certas pessoas são proibidas de depor em razão da função,
ministério, ofício ou profissão, salvo se liberadas pelo interessado. Ainda que liberadas,
podem recusar-se a depor.
Função: Imposição legal ou contratual;
Ministério: Padres e assistentes sociais;
Ofício: Labuta manual;
Profissão: Trabalho relevantemente intelectual. Ex.: advogados, médicos etc.
Procedimento:
a) Compromisso da testemunha;
b) Qualificação;
c) Advertência das penas de falso testemunho e tomada das declarações, sendo tudo
formalizado em um auto.
RECONHECIMENTO DE PESSOAS OU COISAS. Significa exortar alguém a trazer a lume
algo que já é do conhecimento desta pessoa.
Procedimento:
a) Pessoa a reconhecer é levada a descrever a pessoa a ser reconhecida;
b) A pessoa a ser reconhecida é colocada ao lado de outras pessoas semelhantes, sempre que
possível;
c) Indicação da pessoa a ser reconhecida pela reconhecedora.
É possível colocar a pessoa a ser reconhecer em local que não seja vista pela pessoa a
ser reconhecida apenas na fase de investigação, na fase processual, por observância à ampla
defesa, isso não será possível.
O auto de reconhecimento deverá ser subscrito pela pessoa a reconhecer, por duas
testemunhas e pa, autoridade policial.
RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO. Não serve, por si só, para infligir condenação.
RETRATO FALADAO. É apenas instrumento facilitador das investigações policiais. Não é
meio de prova e não pode, sequer, dar ensejo ao recebimento da denúncia.
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- Busca e apreensão (art. 170, CPPM) ou apreensão de objetos durante a investigação policial
(art. 12, b, CPPM).
A regra é o objeto permanecer no processo enquanto for necessário, sendo devolvidos
nos casos em que for permitido. Não a autoridade policial, mas também o juiz pode proceder à
restituição de coisas apreendidas.
- Restituição de coisas apreendidas pela autoridade policial:
1. Se o direito for incontroverso e não interessar ao inquérito policial (titularidade incontroversa);
2. Se o bem não tiver sido apreendido em posse de terceiro de boa fé. Nesse caso, e em todas as
demais situações, apenas o juiz poderá fazer a restituição.
PRISÃO
CONCEITO. Privação da liberdade de alguém mediante clausura. É considerada a mais violenta
medida processual penal que pode ser imposta a uma pessoa sujeita à persecutio criminis, podendo
ser extra juditio ou in juditio.
MODALIDADES DE PRISÃO:
a) Prisão pena, prisão penal ou prisão propriamente dita. Aquela que possui caráter
retribuitivo e finalidade repressiva. É aquela que deflui de condenação imutável. Também
chamada de prisão definitiva. É erro grosseiro denominar-se de prisão definitiva a prisão
penal, porque entre nós não há cogitar-se de prisão por tempo indeterminado (prisão
perpétua);
b) Prisão sem pena. É toda prisão que não decorre de sentença condenatória transita em
julgado, constituindo-se em um instrumento para realização do processo ou pra garantir os
feitos do processo. Divide-se nas seguintes modalidades:
1. Prisão preventiva.
2. Prisão em flagrante.
3. Prisão temporária.
4. Prisão decorrente de pronúncia.
5. Prisão decorrente de sentença condenatória recorrível.
Em face da situação jurídica de inocente, do princípio da afirmação da inocência (art.
5º, LVII, CF), toda e qualquer prisão, antes do trânsito em julgado de uma sentença condenatória,
deve ser considerada provisória e cautelar. Provisória, porque não se trata de prisão pena, aquela
que tem origem em sentença condenatória transita em julgado. E, cautelar, no que se refere a sua
função de instrumentalidade ou de acautelamento de interesses de ordem pública.
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Prisão Disciplinar. Ao largo da prisão pena e prisão sem pena, a Constituição Federal,
em face do disposto no seu art. 5º, LXI e LVII, sem possibilidade de qualquer ampliação, somente
admite a chamada prisão disciplinar e a prisão civil do alimentante inadimplente, maior de 18
anos, voluntário e inescusável, e do depositário infiel.
A prisão civil, regulada no art. 18, do CPPM, expressamente admitida no art. 5º, LXI,
da CF, é aquela que pode ser decretada pela autoridade militar ou pelo juiz castrense, nas hipóteses
de transgressão disciplinar e nas hipóteses de crimes propriamente militares. Consoante o art. 142,
§ 2º, da CF, não caberá habeas corpus em relação às punições disciplinares militares. Em que pese
o disposto nesse artigo, se abusiva a punição disciplinar, nada impede que se impetre habeas
corpus perante o juiz castrense, se a ilegalidade guerreada for de autoridade militar, ou perante o
tribunal, se a ilegalidade combatida for do próprio juiz militar. Destarte, tal remédio será sempre
possível para o exame dos pressupostos legais da medida (hierarquia, poder disciplinar, ato ligado
à função militar e suscetibilidade de aplicação da medida ao ato).
A odiosa prisão para averiguações também, não pode ser admitida, porque, além de
atípica, ao largo das hipóteses do art. 5º, LXI, da CF, caracteriza inegável constrangimento ilegal
e abuso de autoridade (art. º, a, da Lei n.º 4898/65).
PRISÃO PREVENTIVA. A prisão preventiva, como medida coercitiva que é, enquadra-se no poder
de coerção do juiz penal sobre as coisas e as pessoas sujeitas à persecutio criminis. A prisão
preventiva é constituída da privação da liberdade do investigado ou do acusado, decretada
fundamentadamente inaudita altera parte (sem necessidade de ouvir o acusado) e rebu sic
stantibus (estando assim as coisas). Pode ser decretada durante o inquérito policial, processo
criminal, ou na fase recursal.
A prisão preventiva será decretada de acordo com o prudente arbítrio do juiz, portanto,
não há que se falar em obrigatoriedade da preventiva.
Condições de Admissibilidade da Preventiva:
- Crimes dolosos punidos com reclusão;
- Crimes dolosos punidos com detenção, quando se apurar que
indiciado é vadio ou, havendo dúvida sobre sua identificação ele não
fornecer dados suficientes ao esclarecimento;
- Crimes dolosos punidos com detenção, se o réu já tiver sido
condenado por outro crime doloso, salvo se já tiver ocorrido a
prescrição da reincidência.
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* Tratada apenas pelo CPP, portanto, no âmbito do processo penal militar, não haverá
necessidade de atendimento de tais condições de admissibilidade.
Requisitos ou Pressupostos da Preventiva (coexistentes) – art. 254, CPPM:
1. Prova do fato delituoso;
2. Indícios suficientes da autoria.
Diz a doutrina que tais pressupostos devem coexistir para que a prisão preventiva esteja
autorizada. Ou seja, exige-se que, além da prova da existência do crime, também se verifique,
concomitantemente, fortes indícios da autoria, e não apenas mera possibilidade em relação à
autoria.
Requisitos ou Circunstâncias Autorizadoras (alternativos) – art. 255, CPPM:
1. Garantia da ordem pública;
2. Conveniência da instrução criminal;
3. Periculosidade do indiciado ou acusado;
4. Segurança da aplicação da lei penal militar;
5. Exigência da manutenção das normas ou princípios de hierarquia e disciplina militares,
quando ficarem ameaçados ou atingidos com a liberdade do indiciado ou acusado.
Segundo o STF e STJ, independente da instauração de inquérito policial, admite-se a
decretação da preventiva com base em peças de informação da existência do crime e de indícios
suficientes de autoria, vez que o inquérito policial é facultativo entre nós (art. 28, CPPM).
MODALIDADE DO FLAGRANTE:
1. Flagrante Real, Próprio ou Verdadeiro (art. 244, “a” e “b”, CPPM). Está cometendo ou acaba
de cometer.
2. Quase Flagrante, Impróprio ou Irreal (art. 244, “c”, CPPM). É perseguido, logo após o fato
delituoso, em situação que faça acreditar ser ele o seu autor;
3. Flagrante Ficto, Presumido ou Assimilado (art. 244, “d”, CPPM). É encontrado, logo depois,
com instrumento, objetos, material ou papéis que façam presumir a sua participação no fato
delituoso.
As demais situações (2 e 3) são consideradas análogas ao flagrante real por opção do
legislador que fez criar a presunção de que as pessoas assim encontradas estão em flagrante delito.
Vale dizer, trata-se de ficção jurídica a autorizar a prisão em flagrante.
Nas infrações permanentes, considera-se o agente em flagrante delito enquanto não
cessar a permanência.
Para a doutrina majoritária, a expressão “logo depois” admite lapso temporal maior do
que a expressão logo após, sem que ambas se prestem a indicar absoluta imediatidade.
A atribuição para presidir a lavratura do auto de prisão em flagrante delito (APFD) é
da autoridade do local do cometimento do fato. Algumas vezes, pode ocorrer que o fato tenha sido
cometido em algum lugar e a prisão tenha se efetivado em local diverso (art. 244, “c” e “d”,
CPPM). Nesses casos, a atribuição para efetivar a lavratura será da autoridade com atribuição no
local da prisão do perseguido(art. 244, “c”, CPPM) ou do encontrado (art. 244, “d”, CPPM).
Quando a prisão em flagrante for efetuada em lugar não sujeito à administração militar, o auto
poderá ser lavrado por autoridade civil, ou pela autoridade militar mais próxima do local em que
ocorreu a infração. (art. 250, CPPM).
Se o fato for praticado em presença da autoridade militar ou sendo ela o ofendido,
estando no exercício de suas funções, a própria autoridade militar deverá prender e autuar em
flagrante o infrator (art. 249, CPPM).
Para o STJ e STF, porque a autoridade não exerce jurisdição, a inobservância de regras
de atribuição não são capazes de viciar o APDF, não importando em ordem de habeas corpus.
Com fundamento no art. 5º, LVII, da CF, encerrada a lavratura do APFD pelo escrivão,
impõe-se que a prisão seja comunicada, imediatamente, nas 24 horas seguintes à prisão, ao juiz
competente. No caso de demora de tal comunicação, dizem o STF e o STJ que, apesar de
autoridade, tanto não compromete a legalidade da prisão quanto não enseja o seu relaxamento
(STF e Mirabete).
A omissão da entrega de Nota de Culpa, em que pese tal omissão, segundo o STF, não
tornar o auto imprestável para propositura da ação penal, sendo considerada um ato essencial do
APFD e uma garantia constitucional do preso, com fundamento no art. 5º, LXIV, da CF,
possibilitando o conhecimento dos responsáveis por sua prisão, além de caracterizar abuso de
autoridade (art. 4º, a, Lei n.º 4.898/65), deve redundar no relaxamento da prisão do conduzido.
BIBLIOGRAFIA
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