1. TERMOMETRIA:
1.1 Calor e temperatura
a) Temperatura:
Intuitivamente a temperatura de um corpo tem a haver com a noção de quente ou frio que as pessoas
percebem. Mas isto é um conceito relativo. O exemplo , clássico, mostrado na figura 1, a seguir ilustra a
situação.
Colocadas na água morna a mão Esquerda sentirá frio e a mão direita sentirá calor. Este paradoxo
sensorial demonstra claramente que a noção de quente ou frio é relativa e a temperatura de um corpo
precisa ser objetivamente definida.
Temperatura: É uma grandeza associada numericamente ao estado cinético (vibratório) das moléculas
ou átomos de um corpo. Desta forma um corpo A, cujo estado vibratório molecular seja maior que outro
B, estará em maior temperatura que aquele:
TA = 50 ºC.................TB = 22 ºC
Isto não significa que A tenha mais calor que B, mas sim que neste caso A está mais quente quando
comparado com B
Termômetro é o aparelho que mede temperatura. O princípio da medida se baseia no EQUILÍBRIO
TÉRMICO, não importa o tipo de termômetro.
Dois corpos estão em equilíbrio térmico quando estão na mesma temperatura. Ou seja, é quando dois
corpos isolados de influências externas atingem, após determinado tempo, a mesma temperatura, estando
inicialmente em temperaturas diferentes, conforme mostrado na figura 2. Naturalmente os corpos tendem
ao equilíbrio térmico. os que estão em temperatura mais alta cedem calor para os que estão a temperatura
mais baixa.
b)Calor:
Calor é uma forma de ENERGIA que passa de um corpo para outro devido unicamente à diferença de
temperatura entre eles. É um fenômeno que se manifesta através da superfície dos corpos ou fronteiras
dos sistemas. Enquanto houver diferença de temperatura haverá fluxo de calor. Assim não faz sentido
dizer que um corpo tem mais calor que outro, já que ele não é uma propriedade do sistema ou corpo. O
calor trocado depende do PROCESSO ( como a coisa acontece). Ou seja:
Um corpo recebeu calor ou perdeu calor.............(CERTO)
Um corpo tem mais calor ou menos que outro......(ERRADO)
Um corpo tem maior temperatura que outro..........(CERTO)
O aparelho que mede a quantidade de calor trocado num sistema é o calorímetro. Conforme o efeito o
calor pode ser:
Calor Sensível: Faz aumentar ou diminuir a temperatura dos corpos;
Calor Latente: Provoca mudança de estado nos corpos.
A unidade de calor é o Joule (J) ou a caloria (cal), onde 1cal = 4,18J
c) Energia Térmica:
É soma total das energia s de todas as partículas (átomos e moléculas) de um corpo. Dependa da Massa e
da temperatura, sendo, portanto, uma PROPRIEDADE do corpo ou sistema. Por exemplo, se um corpo
tiver 1000 partículas, 200 com 10J, 700 com 5J e 100 com 7J, a energia interna deste corpo será:
Ei = 200 x 10J + 700 x 5J + 100 x 7J = 6200J
Isto é uma propriedade do sistema ou corpo pois depende de suas próprias características e não do
processo.
RESUMO:
Calor: depende do processo. É energia que se transfere (trânsito);
Temperatura: depende do estado cinético médio das partículas do corpo(propriedade);
Energia Interna: depende da massa e da temperatura do corpo (propriedade);
Dois corpos quaisquer à mesma temperatura estão em equilíbrio térmico e com suas moléculas/átomos no
mesmo estado cinético (vibracional, rotacional) médio;
EXERCíCIOS:
1. Conceituar Calor, Temperatura e Energia térmica;
2. Um corpo a 87ºC tem mais calor que outro igual a 25ºC. ( )Certo? ( )Errado? Justificar:
3. Um corpo a 87ºC tem maior energia térmica que outro a 25ºC. ( )Certo? ( )Errado? Justificar:
4. Um corpo que perde calor diminui de temperatura? ( )Sim ( )Não Justificar:
5. Um corpo que recebe calor sempre altera as dimensões? ( )Sim ( )Não Justificar:
6. Conceituar equilíbrio térmico.
7. Sob qual princípio funcionam os termômetros?
8. A noção de quente ou frio é absoluta ou relativa? Dar um exemplo.
9. Porque se diz que o calor não é uma propriedade do corpo ou do sistema?
10.Comentar a afirmativa: "UM CORPO QUE RECEBE CALOR E NÃO ALTERA A
TEMPERATURA É POR QUE SOFREU UMA MUDANÇA DE ESTADO"
b) Tipos de termômetros
Existem muitos tipos segundo a sua construção (material utilizado) ou segundo a sua finalidade. A tabela-
1 mostra alguns tipos de termômetros segundo a sua construção. Os termômetros poderiam ser
classificados ainda segundo a sua finalidade ou forma de mostrar as leituras:
A figura-3, a seguir, mostra esquematicamente alguns tipos de termômetros. Existem ainda muitos outros
tipos e devem ser buscados nas áreas de engenharia, meteorologia, refrigeração, criogenia, metalurgia etc.
c) Escalas Termométricas
c.1) Escala CELSIUS: É uma escala relativa ou seja é construída escolhendo-se dois pontos fixos como
referência. Esta escolha pode ser arbitrária. Qualquer um pode construir a sua escala. No entanto a escala
Celsius sobreviveu e foi adotado no SI porque os pontos fixos foram bem escolhidos, quais sejam:
Ponto 1: Temperatura do gelo fundente (P = 1 atm)............. Valor arbitrado = 0ºC
Ponto 2: Temperatura de ebulição da água (P = 1 atm)........Valor Arbitrado = 100ºC
Uma DIVISÃO = 1ºC
c.2) Escala KELVIN: Esta escala não tem pontos fixos. Ela é uma escala absoluta, sendo construída a
partir da teoria termodinâmica (gases ideais e ciclo de Carnot). Nesta escala a temperatura é associada
diretamente ao estado cinético médio das moléculas ou átomos do corpo. Onde o ZERO KELVIN (0K) é
chamado de ZERO ABSOLUTO e que é inatingível por princípios termodinâmicos e de física quântica
(será estudado em física moderna no terceiro ano). Ou seja 0K significaria a ausência total de vibração
molecular de um corpo, o que é impossível, pois sempre na natureza existe uma vibração "residual" no
chamado estado zero.
A figura-4 mostra a comparação entre termômetros ideais calibrados em cada uma das escalas e as
respectivas correspondências das leituras nos pontos fixos. A escala Fahrenheit também está representada,
pois ainda ela é utilizada devido a equipamentos importados, mas tende a desaparecer logo.
A passagem ou CONVERSÃO de uma escala para outra é dada pela expressão geral:
TEMPERATURAS NOTÁVEIS
• Fotosfera solar.....................................5700ºC
• Arco Voltaico (solda elétrica).............4800ºC
• Filamento Lâmpada incandescente.......2500ºC
• Fusão do Tungstênio (W).....................3600ºC
• Fusão do aço (baixo carbono).............1450ºC
• Mínima no Polo Sul................................-70ºC
• Ebulição do Hélio.................................-253ºC
1.3 a) Exemplos
1. Existe alguma temperatura em que as escalas Celsius e Fahrenheit marcam o mesmo valor?
Solução: Se existir, TC = TF = Tx, e este valor é substituído na relação entre as escalas Celsius e
Fahrenheit:
Tx / 100 = (Tx - 32) / 180 ==> 1,8Tx = Tx - 32 ==> Tx = -32/0,8
Tx = -40ºC. Um corpo nesta temperatura os dois termômetros marcariam o mesmo valor, ou seja: -40ºC =
-40ºF.
2. DILATOMETRIA
É a parte da termologia que estuda as variações dimensionais dos corpos em função das mudanças de
temperatura. Dilatação é uma palavra geral que tanto pode significar aumento ou diminuição (contração)
nas dimensões dos corpos.
Exemplos:
• alteração do espaçamentos entre pontas dos trilhos;
• rachaduras em edifícios últimos andares) e pontes;
• queda de obturações dentárias;
• peças de máquinas com ajustes próprios;
• ar frio que desce ar quente sobe;
• deformação dos corpos sob aquecimento ou resfriamento ( exaustores de convecção);
• correntes térmicas nos líquidos;
• Variação do comprimento (catenária) dos fios das redes elétricas com as estações do
ano (temperatura) => figura 1a.
Dependendo do material, forma ou dimensões a dilatação pode ser maior ou menor para uma dada
variação de temperatura. Em geral aumentando-se a temperatura os corpos se dilatam e diminuindo-se a
temperatura os corpos se contraem. Existem exceções, pois alguns materiais se contraem quando a
temperatura aumenta em determinada faixa ( aços, água, etc).Conforme a dimensão predominante
considera-se três tipos de dilatação:
a) Dilatação LINEAR ( comprimento é predominante, figura 1b),
b) Dilatação SUPERFICIAL ( espessura é muito pequena em ralação ao comprimento e
largura, figura 1c);
c) Dilatação VOLUMÉTRICA (todas dimensões são importantes, figura 1d).
Figura 2.1: Influência da variação de temperatura nas dimensões dos corpos e tipo de dilatação segundo a
dimensão relevante.
a) Dilatação LINEAR:
Neste caso é considerado um corpo com formato de fio ou barra muito fina em que só é percebido a
dilatação ao longo do comprimento. Seja, então, uma barra de comprimento inicial L0 a uma temperatura
inicial T0 que sofre um aquecimento até atingir e se manter na temperatura final T. Observa-se neste caso
que a barra sofreu um acréscimo e comprimento ou dilatação igual a ∆ L
Por lógica pode-se afirmar que quanto maior a variação de temperatura ∆ T e o comprimento inicial,
maior será o comprimento final ou a dilatação linear ∆ L. No caso se duas barras uma com comprimento
L1 e outra com comprimento L2, duas vezes maior, se verifica que para a mesma variação de temperatura
∆ T, a dilatação da barra maior L2, será o dobro daquela de L1. Isto permite afirmar que a dilatação linear
∆ L ,de um corpo é diretamente proporcional à variação de temperatura ∆ T. É observado, também, na
prática que cada substância (Fe, Al, Pb, ligas, etc) mostram dilatações diferentes para barras de mesmo
comprimento submetidas à mesma variação de temperatura. A figura 2 resume as situações expostas.
∆ L = ∝ L0 ∆T
L = L0 ( 1 + ∝ ∆ T )
∆ S = β . S0 .∆ T
S = So ( 1 + β . ∆ T )
∆ V = g .V0 . ∆ V
V = V0 ( 1 + γ ∆ T )
Pb 27 x 10 -6
Zn 26 x 10 -6
Al 22 x 10 -6
Cu 17 x 10 -6
Au 15 x 10 -6
Vidro Pirex 3 x 10 -6
Diamante 0,9 x 10 -6
Observações:
1. Pela tabela verifica-se que o Chumbo (Pb) é o que mais varia as suas dimensões com a
temperatura;
2. O vidro Pirex se dilata menos que o vidro Comum, por isso ele resiste mais aos choque
térmicos, não se quebrando como o vidro quando nele é colocado água fervente, por exemplo;
3. O diamante é o que menos se dilata com a temperatura. Isto é uma das causas de sua
durabilidade;
4. Para materiais heterogêneos ou compostos esta tabela não pode ser aplicada. O
comportamento da dilatação depende da faixa de temperatura e obedece a expressões
matemáticas complicadas.
Uma outra forma de abordar a dilatação é através de gráficos, que em muitos casos é mais fácil de
compreender o que acontece. Na figura 3a é mostrado um gráfico típico para a dilatação linear. Todas as
informações podem ser obtidas diretamente lendo-se os valores no gráfico. Da inclinação da reta pode-se
determinar o coeficiente de dilatação linear do material em questão.
c) Exemplos:
c.1) O gráfico da figura 3b representa a dilatação linear de três barras de materiais A, B e C. (a) qual o L0
de cada uma? (b) qual a variação de temperatura para cada uma? (c) determinar o ∝ de cada uma.
Solução:
(a) L0A = 10cm;....................L0B = 10cm;.................. L0C = 10 cm
(b) ∆ T = T - T0 = 120ºC - 20ºC = 100ºC para as barras A, B e C;
(c) ∝ = (1 / L0 ) (∆ L / ∆ T), Como: ∆ LA = 10,001 - 10 = 0,001cm;
∆ LB = 10,004 - 10 = 0,004cm; e ∆ LC = 10,008 - 10 = 0,008 cm os coeficientes são:
∝ A = 1 x 10-6 ºC-1;....................∝ B = 4 x 10-6 ºC-1;..............∝ C = 8 x 10-6 ºC-1
c.2) Qual o comprimento final e a dilatação (∆ L) de uma barra de ferro de 1000 mm, com espessura
irrelevante que está a 20ºC é aquecida até 620 ºC?
Solução:
Dados: L0 = 1000mm..............T0 = 20ºC........ .........T = 620ºC...............∝ = 12 x 10-6 ºC-1
A fórmula é: ∆ L = ∝ .Lo . ∆ T
Substituindo-se os dados tem-se: ∆ L = (12 x 10-6 ºC) x (1000mm) x (600ºC) => ∆ L = 7,2mm
O comprimento final será: L = Lo + ∆ L = 1000mm + 7,2mm = 1007,2mm
Observa-se que entre as temperaturas de 0ºC e 4ºC a água se CONTRAI e só começa a se dilatar a partir
daí. Assim, verifica-se que na temperatura de 4ºC a água ocupa o menor volume, ficando com densidade
máxima de 1g/cm3. Na figura é mostrado os pequenos recipientes onde a 4ºC o volume ocupado pela
água é o menor de todos.
É graças a este fato que o fundo dos oceanos permanece líquido só congelando a sua superfície, conforme
mostrado na figura 2.8 permitindo a manutenção da vida marinha e amenizando os extremos de
temperatura. Se a água tivesse comportamento NORMAL o fundo dos oceanos e grandes lagos
permaneceria sempre congelado e somente uma pequena camada superficial derreteria no verão e tudo
estaria congelado no inverno. Neste quadro a área habitável do planeta seria numa estreita faixa próxima
ao equador e o clima da terra estaria sujeito a extremos de calor e frio.
A experiência de HOPE, figura 2.7, demonstra praticamente em laboratório o que acontece na natureza. A
parte inferior do tubo permanece líquida a 4ºC, pois a água mais densa desce para o fundo, a parte
intermediária, menos densa, congela. A parte superior, menos densa ainda, fica líquida agora em
temperaturas maiores.
Assim, para se caracterizar o estado de um gás é necessário se conhecer as variáveis de estado que são:
b) Equações
b.1) Equação GERAL:
Válida quando a massa do gás permanece constante. Neste caso o produto da pressão e volume dividido
pela temperatura em cada estado será sempre igual. Ou seja as três variáveis de estado assumirão sempre
os valores, nos estados 1, 2 3 e n, em que as igualdades a seguir se mantenham:
Po.Vo / To = P.V / T
P . V / T = CONSTANTE = n . R
Ou seja:
P.V=n.R.T
Esta é a equação de Clapeyron. Neste caso tem de se manter a coerência das unidades:
n = Número de moles do gás = M / m ;
T = temperatura dos gás (K);
M = Massa do gás e m = massa atômica do gás (todas nas mesmas unidades: g / g; kg / kg...)
R = Constante dos Gases Ideais = (0,082 atm . l) / (mol . K) = 8,31 (J) / (mol . K)
1 mol = 6,02 x 10 23 moléculas ou partículas; 1atm = 1,013 x 10 5 Pa = 760 mmHg = 1kg/cm2
Hipótese de Avogadro: " Volumes iguais de gases à mesma pressão e Temperatura contêm o mesmo
número de moléculas".
c) Transformações de Estado
c.1) Transformação ISOMÉTRICA ( Volume e Massa constantes);
c.2) Transformação ISOTÉRMICA (Temperatura Constante)
c.3) Transformação ISOBÁRICA (Pressão e Massa constantes)
c.4) Transformação ADIABÁTICA ( Sem troca de calor e massa constante):
3. CALORIMETRIA
3.1 CALOR SENSÍVEL
a) Conceito Calor: É uma forma de energia em trânsito que passa de um corpo para outro, através de suas
superfícies, devido a existência de uma diferença de temperatura (DDT) entre eles.
Se não houver DDT entre dois corpos não há transferência líquida de calor entre eles, não importando o
tamanho ou formato dos corpos.
Inicialmente pensava-se que o calor fosse uma espécie de fluído (Teoria do Calórico) contido nos corpos,
tal que um corpo quente teria maior quantidade de calor que outro frio. Esta teoria está totalmente errada,
só sobrevivendo o termo caloria que é uma unidade aceita pelo SI. Foi o Conde de Rumford (1753 -
1814) um dos primeiros a contestar esta teoria pela observação do intenso calor gerado na perfuração dos
blocos de ferro fundido para a fabricação de canhões: se o calor fosse um fluído de onde viria aquele calor
tão intenso se inicialmente a broca e o bloco de ferro estavam à mesma temperatura?. Mais tarde, foi J. P.
Joule (1818 - 1889) quem estabeleceu que o calor é definitivamente uma forma de energia (equivalente
mecânico do calor): 1cal = 4,18J
Assim, o que existe e é medido são as quantidades de calor trocados entre os corpos, sendo errado falar
em conteúdo de calor ou dizer que um corpo tem mais calor que outro, como já foi visto no capítulo 1 da
termologia.
Água 1.000
Gelo 0,550
Alumínio 0,217
Ferro 0,114
Cobre 0,092
Prata 0,056
Mercúrio 0,033
Chumbo 0,030
Significado físico de calor específico: representa a quantidade de calor necessária para que 1g do
material mude a sua temperatura em apenas 1ªC. É calculado pela fórmula c = Q / ( M . ∆ T) (cal / g.ºC).
Assim, se o calor específico do alcool é 0,58cal/g ºC significa que são necessárias 0,58 cal para mudar de
1ºC a temperatura de 1g de alcool. Portanto quanto maior o calor específico maior é a quantidade de calor
que o material pode liberar quando resfriado, já que para o aquecimento também foi necessário fornecer
maior quantidade de calor para a mesma variação de temperatura. Ver Tabela 3.1.
O calor específico varia com a temperatura, em geral aumentando com ela. Uma das exceções é a água,
pois entre 0ºC e 35ºC o calor específico diminui e aumenta para temperaturas maiores que 35ºC
d) Calor Sensível (Qs): É o calor retirado ou cedido para um corpo e que provoca uma variação qualquer
de temperatura (∆T) sem que haja mudança de estado (figura 3.1.2b). Ele é determinado pela Equação
Fundamental da Calorimetria:
Qs = c . M . ∆ T
Exemplos:
1. Qual a quantidade de calor liberado por um bloco de 500g de ferro retirado de um forno a 820ºC e
deixado esfriar até 20ºC?
Solução: Q = c . M . ∆ T = ( 0,114cal/gºC ) . ( 500g ) . ( 20ºC - 820ºC ) = -45200cal
Q = 45,2 kcal
2. Qual o calor específico de uma substância, se fornecendo 32cal para 20g desta substância há um
acréscimo de 32ºC na temperatura do corpo?
Solução: Isolando-se (c) na equação fundamental, tem-se: c = Q / (M . ∆ T). Colocando os valores, tem-
se:
c = 32cal / (20g . 32ºC) = 0,031cal/gºC ==> c = 0,031 cal / g ºC
3. Tendo-se três blocos de 50g iguais de ferro, gelo e chumbo a -5ºC, qual deles absorverá mais calor do
ambiente para atingir 0ºC?.
Solução: Será o bloco de gelo pois é o que tem maior calor específico. O Chumbo será o que absorverá
menos calor.
f
) Gráfico da Equação Fundamental da Calorimetria:
A apresentação gráfica facilita a interpretação dos fenômenos das trocas de calor. O gráfico é denominado
de Calor (x) Temperatura ( Q (x) T ). No eixo das ordenadas são colocados os valores das temperaturas
em ºC e no das abcissas os valores das quantidades de calor trocado, observando-se o seguinte:
• Inclinação para cima ==> Calor Recebido;
• Inclinação para baixo ==> Calor Retirado;
• Inclinação nula ou patamar ==> Calor trocado em Transformação de Estado.
Exemplo-1: Determinar a capacidade térmica e o calor específico do corpo de 50g de massa cujo gráfico
Calor (x) Temperatura é dado na figura 3.1.3a.
Solução: A capacidade térmica é dada por C = Q / ∆ T que é a declividade ou tangente da reta:
C = 4000cal / 80ºC = 5 cal/ºC. Em outro intervalo o resultado é o mesmo: C = 100cal / 20ºC = 5 cal / ºC
O calor específico vale: c = Q / M . ∆ T = 4000cal / (50g . 80ºC) = 0,1cal/gºC ==> c = 0,1 cal / g ºC
3.2 TROCAS DE CALOR
a). Conceitos:
Sistema: qualquer porção isolada do universo considerada para estudo segundo critérios definidos;
Sistema térmico: sistema onde intervem ou são considerados apenas fenômenos de trocas de calor.
Exemplo: calorímetro;
Sistema diatérmico: sistema que permite a passagem de calor pelas suas paredes ou fronteiras. Exemplo:
chaleira, atmosfera. Ver figura 3.2.1a;
Sistema adiabático: sistema que não permite a passagem de calor pelas suas paredes ou fronteiras.
Exemplo: garrafa térmica. Ver figura 3.2.1b.
Qp + Qg = 0
Exemplo:
Um bloco de chumbo (Pb) a 2000C foi colocado no interior de um vaso adiabático que continha 400g de
água a 200C. Após algum tempo a temperatura de equilíbrio do conjunto foi de 250C. Qual a massa do
chumbo (figura 3.2.2)?
Calor latente é a quantidade de calor necessário para que uma dada substância mude estado. Durante a
mudança de estado a temperatura permanece constante (se a pressão se mantiver constante), por isto estas
temperaturas são chamadas de pontos fixos. Esta característica é valida para materiais cristalinos e
substâncias puras. Certos materiais, tais como vidros, ceras e alguns plásticos se fundem numa faixa de
temperatura. Nestes casos os materiais vão amolecendo gradativamente, não existindo uma temperatura
definida em que fique caracterizado quando o corpo assume o estado sólido ou líquido.
A quantidade de calor latente (QL ) que um corpo recebe ou perde em dada transformação de estado é
calculado pela fórmula:
QL = M . LT
Significado: representa a quantidade de calor para transformar a unidade de massa as substância. Por
exemplo: LF do alumínio é 95 cal/g, significando que para fundir UMA GRAMA de alumínio, que já está
na sua temperatura de fusão, é necessário fornecer 95cal. Para fundir 10g de Al será necessário fornecer
950 cal; Para condensar 1g de vapor de água, que já está a 100oC, é necessário retirar ou é liberado
539,6cal. Destaque-se que é suposto que a pressão seja de UMA ATMOSFERA. Se a pressão mudar os
valores dos calores de transformação alteram-se para mais ou para menos, dependendo do material.
A tabela 3.2.1 a seguir apresenta os calores de transformação para algumas substâncias.
Alumínio 657 95
Freon-12 - - -29 38
Quando o corpo recebe calor durante a transformação, o calor latente é positivo. E quando perde calor, o
calr latente é negativo, mas o valor numérico é o mesmo para as transformações reversíveis. Por exemplo,
o LF do gelo é igual a 79,7 cal/g e o calor latente de solidificação da água é igual a –79,7 cal/g, e assim
para qualquer outra transformação.
Exemplos:
1). Qual a quantidade de calor que deve ser retirado de 100g de Prata que está a 961oC (TF) para que ela
solidifique completamente?
Solução:
A massa de prata já está na sua temperatura de fusão ou de solidificação, então o calor a ser retirado será:
M = 100g...............LS = LF = -22cal/g para o Alumínio
QL = M . LS = 100g . (-22cal/g) = -2200cal = -2,2kcal
O sinal negativo indica que foi calor retirado.
2). Qual a quantidade de calor que se deve fornecer a um bloco de 200g de gelo que está a –20oC para
derretê-lo completamente?
Solução:
Deve-se fornecer calor sensível para aquecer o gelo de -20oC até 0oC e depois calor latente para fundir o
gelo que se transformará em água a 0oC. A figura 3.2.4 ilustra a situação.
Dados:
ca =1cal/goC...............cg = 0,55cal/goC.......M = 200g
LF = 80cal/goC...........To = -20oC...............T = 0oC
QT = QS + QL = Quantidade total de calor
Figura 3.2.4: Visualização dos calores envolvidos no processo
Cálculos:
QS = cg . M . ∆Tg = 0.55 . 200 . (0 – (-20)) = 2200cal. Este é o calor necessário para aquecer o gelo até
0oC;
QL = M . LF = 200 . 80 = 16000cal. Este é o calor necessário para apenas derreter o gelo;
QT = 2200cal + 16000cal = 18200cal è QT = 18,2kcal
2o Lei: "Para cada pressão as substâncias possuem correspondentes temperaturas de fusão e ebulição
definidas"
Exemplo:
A água ferve a 100oC a 1atm. No vácuo (P = 0atm) a água ferve a 0oC. Aumentando-se a pressão a
temperatura de ebulição aumenta. Este é o caso da panela de pressão em que a água ferve a temperaturas
próximas a 120oC porque a pressão atinge valores próximos a 2atm dentro da panela de pressão.
Observação:
I - Os corpos que ao se fundirem diminuem de volume, o aumento de pressão diminui o ponto de fusão ou
temperatura de fusão. Por exemplo, para gelo:
• TF = 0oC........para.........P = 1,0atm
• TF = -1oC.......para.........P = 1,5atm
Assim o gelo submetido a pressão tende a fundir. Este é o caso da patinação sobre gelo em que a pressão
forma uma fina camada de água (fusão do gelo) entre o aço dos patins e o gelo, reduzindo
consideravelmente o atrito.
Este fato é demonstrado pela experiência de Tyndall mostrada na figura 2.3.5. O fio de aço atravessa o
gelo sem separá-lo, pois à fusão segue imediatamente o regelo.
Figura 2.3.5: Experiência de Tymdall
II - Os corpos que ao se fundirem aumentam de volume, o aumento de pressão aumenta a temperatura ou
ponto de fusão e ebulição. Este é o caso da maioria das substâncias. Por exemplo:
Para o Chumbo:
TF = 327oC.........para.........P = 1atm
TF = 280oC.........para.........P = 2atm
Para a Água:
TE = 100oC.........para.........P = 1atm
TE = 120oC.........para.........P = 2atm
É o caso, já mencionado, da panela de pressão
Exemplo:
Construir o gráfico que expresse as quantidades de calor para transformar 50g de gelo a –25oC em água a
30oC. Supor p = 1atm.
Solução:
A figura 3.2.7a esquematiza a situação. Se verifica que estão envolvidos três tipos de calor:
QS1 = calor sensível para aquecer o gelo de -20oC até 0oC;
QS2 = calor sensível para aquecer a água de 0oC até 30oC;
QL = calor latente para transformar todo o gelo em água.
A partir dos dados mostrados na figura, calcula-se cada um dos calores;
QS1 = cg . M . Δ Tg = 0,55 . 50 . (0 – (-25)) = 688,50cal
QL = M . Lg = 50g . 80cal/g = 4000cal
QS2 = ca . M . Δ Ta = 1 . 50 . (30 – 0) = 1500cal
O gráfico construído está mostrado na figura 3.2.7b. As retas inclinadas para cima mostram o calor
sensível recebido e o patamar corresponde ao calor latente na linha dos 0oC, pois esta é a temperatura de
fusão para este caso.