VIÇOSA/MG
2018
1 INTRODUÇÃO
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Duas são as palavras, em português, para designar a aliança entre partidos políticos: coligação, tem sentido de
aliança entre os partidos para as eleições; coalizão, tem sentido de um conjunto de partidos que apoia o governo
após as eleições. Assim, a coalizão é formada pelo presidente para alcançar governabilidade, “ter base de apoio
suficiente para poder aprovar as suas matérias no Congresso, inclusive emendas constitucionais que precisam de
60% dos parlamentares das duas casas legislativas” (FLEISCHER, 2015, p.271).
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Dentre as propostas, pode-se citar a lista fechada, em que se vota no partido e não no candidato; as regras de
financiamento de campanha; o fim das coligações partidárias; o fim do cargo de vice; adoção de cláusulas de
2 PROBLEMA E SUA JUSTIFICATIVA
3 OBJETIVOS
barreira; o fim da reeleição; novas regras para escolha de suplente de senador; e o prazo do mandato
(NICOLAU, 2015).
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Considera-se jogo sequencial e repetido porque os agentes políticos agem em sequência e têm, devido a
possibilidade de reeleição, arquivamento e desarquivamento do projeto legislativo, seguirem jogando.
interesses pessoais; (iii) interesses do partido; (iv) limitações das regras do
jogo político;
● Coletar dados de votações legislativas ocorridas na legislatura 2014-2018 que
possam ensinar o Congresso Artificial a se comportar diante de um processo
legislativo;
● Transformar o processo legislativo em um jogo sequencial e repetido
controlado por um sistema de inteligência artificial;
● Testar o sistema, de acordo com a utilidade de cada agente político, com
votação já ocorrida, selecionada no tempo oportuno, para verificar a
confiabilidade do sistema.
● Testar alterações nas regras do jogo e verificar como, dentro do Congresso
Artificial, os mesmos agentes políticos se comportam diante das novas regras.
4 PLANO DE TRABALHO
5 ESTADO DA ARTE
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Castro (2015, p. 297), informa que o eleitorado brasileiro pode ser dividido em duas grandes categorias, a
primeira, composta de eleitores de posição social média e elevada, votam articulando coerentemente com suas
preferências pessoais, opiniões e avaliações que têm do governo, das propostas e do processo eleitoral. A
segunda categoria, composta de eleitores de posição social média e baixa, apresentam um comportamento
político subordinado aos chefes políticos locais e/ou votam de maneira incoerente com a posição social que
ocupam.
prejudicar a do outro (PARETO, 1996). Mas essa previsão teórica também se aplica à
política?
O terceiro elemento que influencia a tomada de decisões do agente político é o
interesse do partido. O partido também tem seu palanque, coligações, coalizão ou oposição e
financiadores. De modo que, no processo de convencimento do eleitor, o afeto do partido nem
sempre é correspondente ao afeto do candidato. Havendo correspondência ideológica entre
agente político e partido, no mais das vezes, as intenções do partido será idêntica à do agente;
sendo, portanto, desnecessária a quantificação do custo político. Mas, se por alguma
divergência ideológica, partido e agente político entram em conflito, ao agente político caberá
decidir se contraria os interesses do partido – que poderá barganhar com verbas -, ou se
contraria os seus próprios interesses pessoais e de palanque.
O interesse do partido ganha importância diante do desenho institucional que a
Constituição de 1988 e o Regimento da Câmara deram aos líderes dos partidos. Os líderes dos
partidos podem, segundo as determinações legais vigentes, determinar a agenda do plenário,
representar a bancada, restringir emendas, pedir votação em separado, retirar projeto de lei
das comissões por meio de procedimentos de urgência, apontar e substituir membro de
comissão permanente, apontar e substituir membros de comissões mistas que analisam
medidas provisórias, apontar e substituir membros de comissões mistas que analisam
orçamento. Diante deste amplo poder, mesmo que os agentes políticos tenham incentivos
eleitorais de perseguirem outros interesses, o arranjo institucional não favorece, nem fornece
meios para alcançá-lo (FIGUEREDO; LIMONGI, 1995, p. 257).
As regras do jogo, último elemento a ser considerado no jogo sequencial do processo
legislativo, determinam as ações e escolhas dos agentes políticos no curso de um processo
legislativo. Neste elemento, o desempenho do governo – como um todo -, depende tanto da
legislação eleitoral quanto da forma de governo – presidencialismo de coalizão no caso
brasileiro (ABRANCHES, 1988). A Constituição brasileira de 1988 criou um sistema
presidencialista forte, mas dependente da coalizão do Poder Executivo com o Poder
Legislativo, até então pluripartidário. Assim, o Poder Executivo da Constituição de 1988 é
extremamente proativo e unilateral, concentrando a possibilidade de criar, projetos
administrativos, projetos orçamentários, projetos tributários, emendas constitucionais,
medidas provisórias, lei delegada, solicitação de urgência e imposição de restrição
orçamentária5. Com amplo leque de poderes concentrados no Poder Executivo ou os partidos
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A título de comparação, a Constituição de 1946 possibilitava ao chefe do Poder Executivo apenas a elaboração
de projetos administrativos.
coligam com o Executivo ou viram oposição na tentativa de capitalizar afetos para as
próximas eleições e, se vitoriosos, apresentarem uma nova agenda política.
Por fim, a pesquisa que será desenvolvida a partir deste projeto deverá considerar a
possibilidade de testar/propor alterações no sistema político brasileiro. Desde 1985, segundo
Fleicher (2015), o Brasil tenta, sem sucesso, realizar alterações em seu sistema político. Em
anos recentes, quatro tentativas infrutíferas foram debatidas no Congresso Nacional. Em
2003, a Câmara dos Deputados apresentou o PL 2679/2003, que substituiu as coligações
eleitorais por federações de partidos, obrigando aos partidos, durante a legislatura,
permanecerem na federação partidária formada durante a eleição. Essa proposta não foi
votada por obstrução de três partidos: PP, PL e PTB. Em 2009, a reforma que proibia a
coligação em eleições proporcionais6, como a dos deputados federais, foi derrotada na
Câmara. Em 2011, o Senado tentou, mais uma vez, proibir as coligações em eleições
proporcionais. Mas essa proposta, após ser enviada à Câmara dos Deputados, não foi votada.
Em 2013, foi proposta, sem votação, a divisão dos estados membros em distritos7.
6 METODOLOGIA
8 BIBLIOGRAFIA INICIAL
HAIDT, Jonathan. The new synthesis in moral psychology. Science 316. AAAs: Washington,
DC, 2007.
LIMA JR., Olavo Brasil de. Partidos, eleições e poder legislativo. MICALI, Sérgio (org.) O
que ler na ciência social brasileira 1970-1995. São Paulo: Sumaré, 1999.
MAYNARD SMITH, J.; PRICE, G. R. The logic of animal conflict. Nature 246:15–18,
1973.
PARETO, Vilfredo. Economia política. Tradução de João Guilherme Vargas Netto. São
Paulo: Nova Cultural, 1996.