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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA - CCEN


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA - DQ

MÉTODOS
ESPECTROANALÍTICOS

COMPONENTE CURRICULAR: Métodos Espectroanalíticos

PROF.: Edvan Cirino da Silva

João Pessoa - 2010


1

INTRODUÇÃO AOS MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE ANÁLISE


Classificação:
⇒ Métodos Quantitativos
♦ Métodos Espectroanalíticos
♦ “ Eletroanalíticos
♦ “ Radioanalíticos
♦ “ Termoanalíticos
♦ “ Cromatográficos
⇒ Métodos Qualitativos, de Identificação ou Caracterização
♦ Espectrometria no Infravermelho
♦ “ de Ressonância Magnética Nuclear
♦ “ de Massa
♦ “ de Raio X
♦ “ de Ressonância de Spin Eletrônico
⇒ Métodos Espectroanalíticos
São aqueles baseados em medidas da absorção e da emissão da
radiação UV-Visível por espécies químicas atômicas ou moleculares.
♦ Espectrometria de Absorção Molecular
♦ “ “ “ e Emissão Atômica
♦ “ de Emissão de Fluorescência Atômica e
Molecular
♦ Espectrografia de Emissão.
⇒ Métodos Eletroanalíticos
São aqueles baseados em medidas de propriedades elétricas (corrente,
tensão e resistência) das espécies químicas.
♦ Potenciometria
♦ Coulometria
♦ Voltametria
♦ Condutometria
♦ Eletrogravimetria
⇒ Métodos Radioanalíticos
São os que se baseiam em medidas das radioatividades emitidas por
espécies químicas.
♦ Análise por Ativação Neutrônica
♦ Análise por Diluição Isotópica
⇒ Métodos Termoanalíticos
Baseiam-se em medidas de calor emitido ou absorvido por espécies
químicas.
♦ Termogravimetria
♦ Calorimetria Diferencial Exploratória

⇒ Métodos Cromatográficos
2

São aqueles baseados na combinação de um método instrumental de


análise com uma técnica de separação, usando colunas empacotadas ou
superfícies porosas.
♦ Cromatografia Gasosa
♦ Cromatografia Líquida

OBJETIVOS DO CURSO DE ANÁLISE INSTRUMENTAL


⇒ O objetivo desta disciplina é apresentar e discutir os FUNDAMENTOS
TEÓRICOS, A INSTRUMENTAÇÃO e APLICAÇÕES PRÁTICAS de alguns
métodos instrumentais para análise quantitativa de interesse em diversas
áreas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Apostila de Química Analítica Instrumental
2. D. A. Skoog e J. J. Leary - “Princípios de Análise Instrumental” – 5a Edição –
Artmed Editora S.A. Porto Alegre (RS).
3. Otto Alcides Ohlweiler - “Fundamentos de Análise Instrumental” - Livros
Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, Brasil, 1981.
4. M. L. S. S. Gonçalves - “Métodos Instrumentais para Análises de Soluções -
Análise Quantitativa”, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal, 1990.
Periódicos de Referência:
♦ Chemical Abstract
♦ Analytical Abstract

Revistas Internacionais mais Importantes:


Analytica Chimica Acta Analytical Chemistry
Critical Reviews in Analytical Chemistry Analytical Procedure
Talanta Spectrochimica Acta - Part B
The Analyst Analytical Biochemistry

Terminologias:

ANÁLISE QUÍMICA - consiste na aplicação de um processo ou de uma série de


processos para identificar (análise qualitativa) ou quantificar
(determinar a quantidade, a concentração, o teor, etc) de
uma espécie química (analito) presente em uma amostra.
AMOSTRA ANALÍTICA – pequena porção do material objeto da análise química
que representa a composição média qualitativa e
quantitativa da população.
AMOSTRAGEM – conjunto de operações que nos permite obter, partindo de uma
grande quantidade de material, uma pequena porção
(amostra)
realmente representativa da composição média do todo.
3

ANALITO – espécie química presente na amostra cuja concentração se deseja


determinar em uma análise. Ex. Cálcio presente no leite, ácido
acético
no vinagre, colesterol no ovo, cromo do aço inoxidável, etc.
SINAL ANALÍTICO (ou SINAL) - Resposta instrumental à propriedade do analito
(absorbância, intensidade de emissão, etc.)
MATRIZ – compreende todos os constituintes de amostra analítica. Logo, além do
analito a matriz da amostra contém os outros componentes chamados
“concomitantes”.
EXATIDÃO – grau de concordância entre o valor (resultado) obtido
experimentalmente e o valor esperado (valor mais provável)
PRECISÃO – indica o grau de concordância entre resultados individuais dentro de
uma série de medidas. Em outras palavras, a precisão está
relacionada com a reprodutibilidade ou repetibilidade das medidas.
SENSIBILIDADE - medida da capacidade de um instrumento (ou método) em
distinguir entre pequenas diferenças na concentração do
analito.
LIMITE DE DETECÇÃO – é o nível de concentração (ou quantidade) mínima de
analito detectável por um instrumento.
SELETIVIDADE - refere-se ao quão um método analítico está livre de
interferências de outras espécies presentes na matriz.

OBS.: Posteriormente será feita uma descrição quantitativa (matemática) do significado dos
termos sensibilidade, limites de detecção e quantificação, bem como de outros termos cujo
significado será introduzido oportunamente

ETAPAS DE UMA ANÁLISE QUANTITATIVA TÍPICA


(1) Amostragem (homogênea ou heterogênea);
(2) Escolha do método analítico (instrumental ou clássico);
(3) Preparação da amostra (trituração, dissolução, etc);
(4) Medida da propriedade do analito (óptica, elétrica, massa, etc);
(5) Tratamento de dados (calibração por curva analítica, cálculos, estatístico, etc);
(6) Resultados (interpretação e apresentação)

SELEÇÃO DE UM MÉTODO ANALÍTICO


A escolha de um método apropriado para a abordagem do problema
analítico requer respostas para as questões:

• Que exatidão e precisão são necessárias?• Qual é a quantidade de amostra


disponível?• Qual é o intervalo de concentração do analito?• Que componentes
da amostra poderão causar interferência?• Quais as propriedades físicas e
químicas da matriz?
4

• Quantas amostras serão analisadas?• Recursos disponíveis (instrumentos,


pessoal, etc.)
É importante ressaltar que, exceto na gravimetria e coulometria, toda análise
química quantitativa requer a realização de uma calibração, por meio da qual
encontra-se uma relação funcional entre o sinal analítico e a concentração do
analito. Este processo encontra-se descrito adiante.

Análise Química

Composição química de amostras

Método Qualitativo Método Quantitativo

Identifica espécies Determinação do teor do analito, etc.

Atômicas Moleculares Atômica Moleculares

Análise Determinação Determinação


Elementar de elementos de compostos

Identificação Elucidação
de compostos Estrutural
Métodos Analíticos 5

Métodos Clássicos
Métodos Instrumentais

Gravimétricos Titulométricos Veja a seguir!

CALIBRAÇÃO EM ANÁLISE QUÍMICA INSTRUMENTAL


Calibração é o processo que busca relacionar o sinal analítico medido com
a concentração do analito. A relação funcional (matemática) constitui o modelo de
calibração e a representação gráfica do modelo de calibração é denominada
curva analítica. Em uma análise química instrumental, quando se deseja
construir uma curva analítica necessária para determinar a concentração da
amostra, é natural imaginar que a curva deve passar o mais próximo possível dos
pontos experimentais. O procedimento mais utilizado a fim de obter esta máxima
proximidade é conhecido como método dos mínimos quadrados.

Para ilustrar o fundamento do método dos mínimos quadrados, considere a


curva de calibração mostrada na figura a seguir:

onde: x1, x2, x3, x4 = concentração das soluções-padrão


y1, y2, y3, y4 = leitura instrumental de cada solução padrão
yA = leitura da amostra (A)
xA = concentração da amostra (A) encontrada através da curva
analítica
ei = yi - (ye)i = yi – b0 – b1 xi (resíduo)
No método dos mínimos quadrados, os valores de b0 e b1 são estimados
minimizando-se a soma quadrática dos resíduos (ei) dada por:
6

Soma quadrática dos resíduos (SQr) = ∑ ( y i − b0 − b1 ⋅ x i )2


Para minimizar a SQr deriva-se (cálculo de 3o grau) a função acima em
relação a b1 e b0 e iguala-se as derivadas a zero. Isto leva às seguintes
expressões
para o cálculo de b1 e b0:
b1 =
n ⋅ ∑ xi ⋅ yi − ∑ xi ⋅ ∑ yi
e b =
∑ y i − b1 ⋅ ∑ x i
n ⋅ ∑ ( x i )2 − (∑ x i )
2 0
n
onde n = no total de medidas
OBS: Para avaliar a qualidade do ajuste linear, pode-se tomar como base o valor
calculado do “coeficiente de correlação, r(ye,y), entre os valores das leituras
instrumentais, yi, e os valores estimados pela equação da reta, (ye)i, dado pela
expressão:

r=
∑ [( y e )i − y e ] ⋅ [ yi − y]
(
∑ [( y e )i − y e ]2 ⋅ ∑ [ yi − y]2
1/ 2
)
onde -1 ≤ r ≤ 1, porém em análise química baseada em curva analítica, r só pode
apresentar valores compreendidos no intervalo 0 ≤ r ≤ 1.
Para o ajuste linear pode-se também utilizar, de maneira equivalente, a
seguinte expressão para o cálculo do coeficiente de correlação, r (x,y), entre os
valores de x (concentração dos padrões) e os valores das leituras instrumentais, y:

r=
∑ [( xi − x ) ⋅ ( yi − y )]
{ }
[ ∑ ( x i − x )2 ] ⋅ [ ∑ ( y i − y )2 ]
1/ 2

Quanto mais próximo de 1 estiver o valor de r, calculado usando as


expressões apresentas acima, maior é a evidência de que o ajuste linear está
sendo eficiente. Por outro lado, um coeficiente de correlação zero (ou próximo de
zero) indica que x e y não são linearmente relacionados.
Entretanto, é importante salientar que o valor de r fornece apenas uma idéia
da eficiência do ajuste aos dados experimentais, porém não deve ser utilizado para
avaliar, com rigor, a qualidade do ajuste. Para isso, deve-se usar o teste F (teste
estatístico) da falta de ajuste. Para maiores detalhes sobre esse teste estatístico
consultar a referência bibliográfica citada abaixo (∗).
Embora o valor de r não possa ser tomado como um critério para avaliação
rigorosa da qualidade do ajuste aos dados experimentais, pode-se considerar que
o ajuste é aceitável quando r ≥ 0,999.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
(∗) Pimentel, M.F. e Neto, B.B. – “Calibração: Uma Revisão para Químicos
Analíticos“, Quím. Nova, 19 (1996) 268.

DOMÍNIO DE DADOS
Um conceito relevante no contexto dos métodos instrumentais é o de
domínio de dados. De fato, para entender como os instrumentos analíticos
operam, é fundamental compreender como a informação é codificada. Nesse
sentido, pode-se definir domínio de dados como sendo as várias maneiras de
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codificar a informação eletricamente, ou seja, como voltagem, corrente, carga ou


variações dessas grandezas.
Os domínios de dados podem ser classificados como:
(i) domínios não-elétricos;
(ii) domínios elétricos.

Esses tipos de domínios de dados são exemplificados no mapa da figura


abaixo.

Conversões entre domínios de dados durante uma medida analítica


Como ressaltado anteriormente, a medida analítica está associada a um
fenômeno (absorção, emissão, potencial elétrico, etc) envolvendo o analito.
Todavia, a informação analítica (qualitativa ou quantitativa) reside, em última
análise, em um número que aparece no mostrador do instrumento ou em um
gráfico (espectro) que é mostrado, por exemplo, na tela do microcomputador
acoplado ao instrumento.
Na realidade, qualquer processo de medida pode ser representado por uma
série de conversões entre domínios, tal como o ilustrado na figura abaixo. Nesse
caso, o exemplo consiste na medida do sinal de fluorescência molecular de uma
amostra de água tônica que contém quinino (substância fluorescente). O objetivo é
determinar a concentração de quinino a partir da medida de fluorescência quando
moléculas de quinino são excitadas com radiação eletromagnética oriunda de
um laser.
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SINAL E RUÍDO
Sabe-se que toda medida analítica é constituída de dois componentes: o
sinal e o ruído. O primeiro contém informação sobre o analito e o ruído é a parte
indesejada, pois é constituída de informação espúria. Esta pode degradar a
exatidão e a precisão de um método, bem como prejudicar o limite inferior da
quantidade do analito que pode ser detectada (o limite de detecção).
Na figura a seguir (parte a), mostra-se o efeito do ruído sobre um sinal de
uma corrente contínua pequena de aproximadamente 10-15 A. Na parte b, mostra-
se um gráfico teórico da mesma corrente na ausência de ruído.

Note que a diferença entre os dois gráficos corresponde ao ruído, cuja


presença parece ser inevitável nas medidas experimentais. De fato, dados livres
de ruídos nunca podem obtidos experimentalmente, pois alguns tipos de ruídos se
originam de efeitos quânticos e termodinâmicos cuja manifestação é impossível de
ser evitada.
Via de regra, a intensidade média do ruído, N, é constante e não depende
da magnitude do sinal analítico, S. Conseqüentemente, o efeito do ruído sobre o
erro relativo de uma medida diminui com o aumento da magnitude da quantidade
medida. Por isso, a relação sinal-ruído, S/N (do inglês: Signal-to-Noise Ratio), é
um parâmetro mais útil que o ruído sozinho para descrever qualidade de um
método analítico ou a performance de um instrumento.

Descrição quantitativa de S/N


A intensidade do ruído é apropriadamente descrita pelo desvio-padrão s
de várias medidas do sinal analítico S, cuja magnitude é determinada pela média
x das medidas. Assim, a relação sinal-ruído S/N é dada por
9

S média x
= = .
N desvio − padrão s
Note que S/N corresponde ao inverso do desvio-padrão relativo, RSD (do
inglês, Relative Standard Desviation). Então,
S 1
=
N RSD
Para o sinal ruidoso apresentado na figura anterior, o desvio padrão pode
ser estimado (com o nível de 99 % de confiança) pela expressão:
sin almáx − sin almín
s=
5
Ao adotar o valor 5 estamos assumindo que as flutuações em torno da
média são aleatórias e que seguem uma distribuição normal. A curva normal
mostra que 99 % dos dados se encontram entre ± 2,5 σ (desvio-padrão
populacional) de sorte que podemos admitir que a diferença entre o valor máximo
e o mínimo, com 99 % de certeza, é de 5 σ. Logo, o valor de s dado pela
expressão anterior é uma estimativa razoável para o desvio-padão.
É importante salientar que, em regra, é impossível detectar um sinal quando
S/N é menor que cerca de 2 ou 3. Para ilustrar esse fato, apresentamos, na figura
mostrada a seguir, o espectro de RMN para a progesterona com S/N de cerca de
4,3 (gráfico A) e 43 (gráfico B).

Nota-se facilmente nos gráficos A e B que quanto menor a relação sinal-


ruído, menor o número de picos que podem ser reconhecidos com certeza nos
espectros do progesterona.
Em conclusão, podemos considerar que a relação sinal-ruído é a matéria-
prima fundamental dos métodos instrumentais. Se essa matéria-prima tiver boa
qualidade, o método analítico
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Fontes de Ruídos
Os ruídos que afetam uma análise química podem se enquadrar em duas
classes:
♦ Ruído Químico

♦ Ruído Instrumental

Ruído Químico Origina-se de diversas variáveis que afetam a química do


sistema analítico (ex.: flutuação na umidade relativa, variações não-detectadas
na temperatura que afetam a posição de um equilíbrio químico, etc.)
Ruído Instrumental Ruído relacionado aos componentes eletrônicos do
instrumento de medida, ou seja, aos transdutores de entrada e de saída, à
fonte, etc.
Embora os ruídos instrumentais tenham natureza complexa, podemos
reconhecer os seguintes tipos:
♦ Térmico (ou Johnson) - Origina-se da agitação térmica e aleatória de elétrons
e outros transportadores de carga em resistores, capacitores, transdutores de
radiação e outros componentes resistivos.
♦ Shot - Ocorre quando elétrons ou outras partículas carregadas atravessam uma
junção pn em circuitos eletrônicos (fotodiodo) ou um espaço evacuado entre o
anodo e o catodo em fototubos.

♦ Flicker ou 1/f - De origem desconhecida, porém caracteriza-se por apresentar


uma magnitude inversamente proporcional à freqüência (f) do sinal observado. Por
isso, é também chamado de ruído 1 / f (um sobre f).

MÉTODO ANALÍTICO - Figuras de MéritoFiguras de mérito são critérios (ou


características) numérico(a)s para avaliar a eficiência de um instrumento ou
método analítico.A tabela abaixo mostra as figuras de mérito fundamentais que
podem ser usadas na escolha de um método analítico.

Critério Figura de Mérito


Desvios-padrão absoluto e relativo, coeficiente de variação,
1. Precisão variância

2. Tendência Erros sistemáticos absoluto e relativo

3. Sensibilidade Sensibilidades de calibração e analítica

4. Limite de Branco mais três vezes o desvio-padrão dos


detecção sinais do branco
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5. Faixa dinâmica Limite de quantificação até o limite de linearidade

6. Seletividade Coeficiente de seletividade

SENSIBILIDADE
Segundo a IUPAC a sensibilidade de calibração é dada pela inclinação
(b1) da curva analítica (y = b0 + b1 x), mas essa definição falha por não considerar
a precisão das medidas individuais.
Para resolver esse problema, Mandel e Stiehler propuseram a
sensibilidade analítica , g, definida por
γ= b1 / sonde s é o desvio-padrão da medida e b1 representa a inclinação da
curva analítica.
Sensibilidade Analítica x Sensibilidade de Calibração Como vantagens da
sensibilidade analítica destacam-se:
• menor susceptibilidade aos fatores de amplificação do sinal
• seu valor independe das unidades de medida de s.

E como desvantagem temos:


• dependência da concentração (C), pois s pode variar com CLimite de
DetecçãoO sinal mínimo distinguível, Sm, do branco é dado por:
Sm = SMbr + k sbr (k = 3 com 95% de confiança*)
onde SMbr e sbr são o sinal médio e o desvio-padrão das medidas do branco,
respectivamente.
Determinação Experimental de SmvRealizam-se 20 a 30 medidas do branco
para obter sbr.
Por fim, o valor de Cm ou CD, definido quantitativamente como limite de
detecção em termos de concentração, é encontrado pela expressão

CD = (Sm - SMbr) / b1 = 3 sbr / b1


que é derivada da equação de uma curva analítica.

(*) Segundo Kaiser, a distribuição não é estritamente normal para os resultados das medidas do
branco. Por isso, o valor 3 é adotado para o k. (Ref.: H. Kaiser, Anal. Chem. 1987, 42, 53A)
Faixa DinâmicaÉ a faixa útil de um método analítico, ou seja, é a faixa que se
estende da menor concentração em que as medidas quantitativas são realizadas
(limite de quantificação, LOQ – limit of quantitation), até a concentração em que
ocorre um desvio da linearidade (limite de linearidade, LOL - limit of linearity). O
limite de quantificação pode ser descrito matematicamente pela expressão
LOQ = 10 ⋅ sbr
onde sbr é o desvio-padrão das medidas repetidas de um branco.
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Limite de Quantificação
O limite de quantificação, em termos de concentração, pode ser determinado
por uma expressão análoga à do limite de detecção, ou seja,

CQ = = 10 sbr / b1
A figura mostrada a seguir ilustra graficamente a faixa dinâmica, bem como
os limites de detecção, quantificação e de linearidade.

SeletividadePara avaliar quantitativamente a influência dos interferentes


químicos, considere uma amostra que contém um analito A sujeita aos
interferentes B e C. Então o sinal instrumental total é dado por

S = mA CA + mB CB + mC CC + Sbronde:

- CA, CB e CC são as concentrações das espécies A, B e C

- mA, mB e mC são suas sensibilidades de calibração

- Sbr é o sinal do instrumento para o branco

Coeficiente de SeletividadeO coeficiente de seletividade para A com relação


a i (interferente), ki,A, é dado por:

ki,A = mi / mA

de modo que
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS - Introdução
QualitativaInformação
LUZ Quantitativa
química 13

S = mA (CA + kB,A CB + kC,A CC + ... + ki,A Ci) + Sbr

RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA - REM

O que é radiação eletromagnética?


⇒ “É uma forma de energia que se propaga de um ponto a outro em um meio

• Conceitos, fundamentos e origem da informação


• Instrumentação: meio e qualidade da informação
• Tratamento de dados: interpretação e extração de
informação relevante

material e pode apresentar características ondulatórias ou corpusculares ”

- Características Ondulatórias - Interferência, reflexão, refração e polarização.

- Características Corpusculares - Absorção e emissão da REM por espécies


químicas.

Propriedades Ondulatórias da REM.


Como onda, a REM compõe-se de um vetor elétrico, E, e um vetor
magnético, H que oscilam senoidalmente em planos perpendiculares entre si, e
também à direção de propagação da onda. Veja a figura mostrada a seguir:

Propagação da Radiação Eletromagnética

Parâmetros Ondulatórios.
O movimento ondulatório é caracterizado pelos seguintes parâmetros:
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- comprimento de onda (λ) – distância linear entre dois pontos consecutivos


em fase (por exemplo, dois máximos ou dois
mínimos da onda);

- período (p) – é o intervalo de tempo, em segundos, requerido para dar


passagem a dois pontos consecutivos em fase (dois máximos,
por exemplo) através de um ponto fixo no espaço;

- freqüência (ν) – número de ondas que passam por um ponto fixo no espaço
por segundo (ν = 1 / p e tem como unidade o s-1, ciclos por
segundo ou hertz (Hz));
- velocidade da onda (vi ) – produto da freqüência pelo comprimento de onda:
vi = ν⋅λi (i = meio material qualquer). No vácuo a
velocidade de uma onda independe de ν e
alcança o seu valor máximo (c = 3 x 108 m/s);

- índice de refração (ni) - é o fator segundo o qual a velocidade da luz é reduzida


quando ela se propaga no vácuo e passa a se propagar
em um meio material i. Além disso, ni = c / vi de modo
que nsólidos > nlíquidos > ngases

- amplitude (A) – é a altura máxima da onda;

- potência radiante (P) – é a energia que alcança uma dada área do detector por
segundo. P pode ser relacionado ao quadrado de A.

Propriedades Corpusculares da REM.


Para explicar certas interações da REM com o meio material, tais como:
♦ absorção e emissão de radiação por espécies químicas (princípio dos
métodos espectroanalíticos);
♦ o efeito fotoelétrico;
passou-se a tratar a REM como constituída de partículas, denominadas de fótons.
A energia de um fóton é dado pela equação de Planck:

E = hν

onde: ♦ h é a constante de Planck (h = 6,6256 x 10-34 J•s)


♦ ν é freqüência de radiação (em s-1 ou Hz)
Se a REM se propaga no vácuo, temos:

E = h c/λ
onde:
♦ c é a velocidade de propagação da REM no vácuo;
♦ λ é o comprimento de onda (1 nm = 10-9 m = 103 pm)
15

OBS: Para as radiações no visível, ultravioleta e infravermelho, a velocidade de


propagação no ar varia de ± 0,1% da velocidade no vácuo. Assim, pode-se usar a
equação E = h ν = h c/λ para interrelacionar ν, λ e c com a energia de um fóton.

INTERFERÊNCIAS ENTRE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS


As interferências que podem ocorrer entre as ondas eletromagnéticas
podem ser:
♦ Construtivas ⇒ quando aumenta amplitude (caso a).

♦ Destrutivas ⇒ quando diminui a amplitude (caso b).

OBS: Se ocorrer um cancelamento, a interferência destrutiva é total (caso c).

O ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO
O que é o espectro eletromagnético? É o arranjo ordenado das REM em
relação a seus comprimentos de onda ou suas freqüências.
A tabela abaixo apresenta as faixas para cada região com algumas
subdivisões,bem como as transições atômicas ou moleculares estudadas.
FAIXAS
RADIAÇÃO λ ν TRANSIÇÕES
Unidade Metro Hertz
Usual
- elétrons de
-2 2 o -12 -8 20 16
Raio-X 10 - 10 A 10 - 10 10 - 10 orbitais internos
(1s, 2s, etc.)
- elétrons das
-8 -7 16 15
U. V. 10 - 200 ηm 10 - 2x10 10 - 10 camadas
Afastado intermediárias
- elétrons de
-7 -7 15
U. V. próximo 200 - 400 ηm 2x10 - 4x10 10 - valência
7,5x1014
- elétrons de
-7 14
Visível 400 - 750 ηm 4x10 - 7,5x10 - valência
-7 14
7,5x10 4x10
16

- vibrações
-7 14
I.V. Próximo 0,75 - 2,5 μm 7,5x10 - 4x10 - moleculares
2,5x10-6 1,2x1014
- vibrações
-6 14
I.V.Intermediá 2,5 - 50 μm 2,5x10 - 1,2x10 - moleculares
rio 5x10-5 6x1012
- rotações
-5 -3 12 11
I.V. Afastado 50 - 1000 μm 5x10 - 1x10 6x10 - 10 moleculares e
vibrações
fracas
- rotações
-3 11 8
Microondas 0,1 - 100 cm 1x10 - 1 10 - 10 moleculares
OUTROS CONCEITOS ASSOCIADOS À RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA
i) Radiação monocromática - é aquela que contém um único λ.
ii) Radiação policromática - contém vários comprimentos de onda λ.
iii) Cores primárias da radiação visível - São elas: verde, vermelha e azul. Essas
cores originam todas as outras por meio
de misturas de acordo com o sistema
de
adição de cores.
iv) Cores secundárias - Resultam da cores primárias combinadas duas a duas
em
igual intensidade, ou seja,
magenta = vermelha + azul
amarelo = vermelha + verde
ciano = verde + azul

v) Cor oposta a uma dada cor secundária - É a cor primária que não entra na
composição da secundária.
- a cor verde é oposta ao magenta
- a vermelha é oposta ao ciano
- a cor azul é oposta ao amarelo
vi) Cor branca - Resulta da combinação balanceada máxima de radiações nas
faixas do verde, vermelho e azul, isto é,
Cor branca = verde + vermelho + azul com máxima intensidade.
Ou ainda a cor branca pode ser dada pela combinação de qualquer cor
secundária com sua oposta, ou seja,
Cor branca = magenta + verde = amarelo + azul = ciano + vermelho.

vii) Cor complementar


⇒ A tabela mostrada a seguir fornece:
♦ as cores da radiação visível em seus intervalos de λ.
♦ e suas cores complementares.
Intervalo aproximado de Cor Complemento
λ(nm)
17

400 - 465 violeta verde-amarelo


465 - 482 azul amarelo
482 - 487 azul-esverdeado alaranjado
487 - 493 turquesa vermelho-alaranjado
493 - 498 verde-azulado vermelho
498 - 530 verde vermelho-púrpura
530 - 559 verde-amarelado púrpura-
avermelhado
559 - 571 amarelo-verde púrpura
571 - 576 amarelo-esverdeado violeta
576 - 580 amarelo azul
580 - 587 laranja-amarelado azul
587 - 597 alaranjado azul-esverdeado
597 - 617 laranja-avermelhado turquesa
617 – 780 Vermelho turquesa
Como surgem as cores complementares?
⇒ Surgem devido ao fato de que quando um feixe de luz branca (radiações
com todos os λ) incide sobre uma superfície contendo uma substância
absorvente, a radiação emergente será um complemento da radiação
branca menos a radiação absorvida pela substância.
⇒ Assim, a cor de uma solução colorida que nossos olhos percebem é uma
cor complementar da radiação absorvida.
⇒ Por exemplo, a cor vermelho-púrpura das soluções de KMnO4 encontra-se
relacionada a uma absorção mais intensa desta substância na região verde
(λ = 525 nm).
⇒ A cor azul-turquesa das soluções de CuSO4•5H2O (AZUL PISCINA) está
relacionada a uma absorção mais intensa desta substância na região
vermelha.

OBS.: Cor Complementar é um conceito útil em espectrometria absorção


molecular UV-VIS.
20

ESPECTROMETRIA ATÔMICA ÓPTICA

Baseia-se na propriedade dos átomos ou íons monoatômicos de absorverem


ou emitirem radiação eletromagnética UV-Vis quando excitados.“O registro gráfico
do resultado desse fenômeno é denominado “espectro” ♦ Espectrometria de
emissão atômica;
♦ Espectrometria de fluorescência atômica;
♦ Espectrometria de absorção atômica;TIPOS DE ESPECTROS♦ Espectro de
raias (ou linhas)*-produzidos por átomos ou íons monoatômicos
gasosos♦ Espectro de bandas - gerados por
moléculas neutras, íons moléculas e radicais·
♦ Espectro contínuo - produzidos pelos sistemas condensados (ex. sólido
incandescente) (*) Espectro de raias ⇒ de interesse da
espectrometria atômica.ORIGEM DOS ESPECTROS ATÔMICOS
A figura abaixo mostra uma ilustração do espectro de emissão dos metais
alcalinos.

Para uma melhor compreensão de como se originam os espectros acima


considere, por exemplo, o caso do sódio cujo diagrama de energias dos orbitais
atômicos é mostrado na figura a seguir.
Os átomos gasosos são excitados (térmica ou eletricamente) levando o(s)
seu(s) elétron(s) mais externo(s) a níveis energéticos superiores. Quando retornam
aos estados de mais baixa energia emitem radiações na região UV-VIS. A Figura a
seguir mostra um diagrama dos níveis energéticos para o Na e as possíveis
transições. Os espectros dos átomos e íons com mesma configuração eletrônica
(isoeletrônicos) são semelhantes, porém as raias aparecem em comprimentos de
ondas diferentes. De fato, ao compararmos os diagramas de energias das
espécies isoeletrônicas Na (Z=11) e Mg+ (Z=12), verificamos que a energia
necessária para promover a transição eletrônica 3s → 3p no Mg+ é cerca de duas
vezes a requerida no caso do Na. Embora as espécies tenham a mesma
configuração eletrônica (e assim o mesmo no de elétrons no cerne responsáveis
pela blindagem da carga nuclear), o núcleo de Mg+ exerce uma maior atração
sobre os elétrons em virtude da maior carga nuclear. Assim, torna-se mais difícil
a transição do elétron do orbital 3s para o 3p, requerendo uma maior energia.
21

Diagramas de níveis de energia - (a) sódio atômico (b) íon magnésio

Os espectros de raias dos metais alcalinos contêm um número de linhas


pequeno (sobretudo quando Z é pequeno) na região UV-Vis, pois o átomo possui
apenas um elétron de valência. Entretanto, o mesmo não se pode dizer dos
elementos mais pesados, como metais de transição, que possuem vários elétrons
de valência. Com efeito, a excitação de átomos com número atômico (Z) alto e/ou
contendo muitos elétrons de valência produz espectros com uma quantidade de
linhas muito maior que a dos metais alcalinos (veja o quadro abaixo).
Elementos Números de Linhas
Lítio 30
Césio 645
Magnésio 173
Cálcio 662
Bário 472
Crômio 2277
Ferro 4757
Cério 5755
Por outro lado, o espectro de átomo ionizado é completamente diferente do
átomo neutro que o originou como se pode observar na figura a seguir. Se a
ionização se deu por perda de um só elétron, o espectro produzido pelo íon
assemelha-se muito ao do átomo neutro com Z inferior em uma unidade, porém
apresenta as linhas em λ’s menores, a exemplo do Mg+ e Na discutido a seguir.
22

♦ Spin Eletrônico
“Segundo Pauli, não mais que 2 elétrons podem ocupar o mesmo orbital, os quais
devem ter, ainda, spins opostos (emparelhados)”. Logo, a configuração eletrônica do Mg
(Z=12) no estado fundamental é: [Ne] 3s2.

Estados de Spin Eletrônico


Estado singlete ⇒ aquele em que todos os spins encontram-se emparelhados.
Estado multiplete ⇒ ocorre quando existe(m) spin(s) desemparelhados (dupleto: 1
spin; triplete: 2 spins; quadrupletes: 3 spins; e assim por diante.
Orientações e estados de spin dos elétrons de valência do átomo de Mg:

O estado tripleto tem menor energia devido a correlação de spins, segundo a qual
os elétrons com spins paralelos (ou desemparelhados) se comportam como se
tendessem a permanecer o mais afastado possível um do outro, reduzindo a repulsão
coulômbica.
OB
OBS: Para detalhes, consultar: Atikns, Físico-Química, vol. 2.

♦ Termos Espectroscópicos
O conceito de termo espectroscópico é muito útil para a descrição das
trans ições que originam os espectros atômicos. O símbolo de um termo
espectroscópic o oferece três informações:
23

⇒ Uma letra maiúscula (por exemplo, P ou D) que simboliza o número quântico do


mom ento angular orbital total (L);

⇒ Um índice superior à esquerda (por exemplo, o 2 em 2P3/2) indicando a


multiplicidade do termo;

⇒ Um índice inferior à direita (p or exemplo, o 3/2 em 2P3/2 que indica o valor do


número quântico do momento angular total (J)

O código de convenção do valor de L em uma letra coincide com o da


nomen clatura dos orbitais s (l=0), p (l=1), d (l=2), etc, porém usa letras maiúsculas :
Valor de L: 0 1 2 3 4 5 6
Símbolo: S P D F G H I

Exemplo:
⇒ Na (Z=11): [Ne] 3s1 (estado f undamental)
s1 ⇒ termo S

⇒ Na (Z=11): [Ne] 3p1 (estado excitado)


p1 ⇒ termo P

Momento angular orbital total


Nos átomos multieletrônicos, é necessário saber co mo os momentos
angulares orbitais associados aos elétrons se somam ou se opõem.
Para isso, deve-se considerar o número quântico do momento angular
orbital to tal (L), cujo módulo é dado por:

[L (L+1)]1/2 h/2π

Número quântico do momento a ngular orbital total (L)


O valor de L (um número inteiro não-negativo) é obtido c omo resultado do
acoplamento dos momentos angulares orbitais dos elétrons no á tomo. Esse
acoplamento é regulado pela série de Clebsch-Gordan:

L = l 1 + l2, l1 + l2 - 1, . . . , | l1 – l2|

Exemplo:
⇒ Na (Z=11): [Ne] 3s1 (estado fundamental)
Como l = 0 ⇒ L = 0 ⇒ símbolo do termo é: S
⇒ Na (Z=11): [Ne] 3p1 (estado excitado)
Como l = 1 ⇒ L = 1 ⇒ símbolo do termo é: P
Número quântico do momento angular do spin total (S)
O val or de S (um número inteiro não-negativo ou semi-inteiro não-
negativo) é também obtido pela série de Clebsch-Gordan:
24

S = s1 + s2, s1 + s2 - 1, . . . , | s1 – s2|

Exemplo:
⇒ Na (Z=11): [Ne] 3s1 (estado fundamental)
Como s = ½ ⇒ S = ½ ⇒ M = 2 (dupleto)

⇒ Na (Z=11): [Ne] 3p 1 (estado excitado)


Como s = ½ ⇒ S = ½ ⇒ M = 2 (dupleto)
Onde “M” é a multiplicidade do termo: M = 2 S + 1

Número qu ântico do momento angular total (J)


O valor de J (um número inteiro não-negativo ou semi-inteiro não-negativo) é
também dado pela série de Clebsch-Gordan:
J = L + S, L + S - 1, . . . , | L – S|

Exemplo:
⇒ Na (Z=11): [Ne] 3s 1 (estado fundamental)
Como L = 0 e S = s = 1/2 ⇒ J = ½ (não há acoplamento spin-órbita)

⇒ Na (Z=11): [Ne] 3p 1 (estado excitado)


Como L = l = 1 e S = s = 1/2 ⇒ J = L + S = 3/2 e J = L – S = 1/2 (neste caso,
há acopla mento spin-órbita)

Regras de seleção e símbolos dos termos


É possível a ocorr ência de transições S ← P, P ← D e D ← F mas, em
condições normais, não ocorrem as tran sições S ← D, S ← F ou P ← F. As regras
de seleção da mecânica quântica são:

Δ S = 0, ΔL = 0, ± 1 (Δl = ± 1) e ΔJ = 0, ± 1

OBS: As regras de seleção acima são válidas apenas para á tomos leves (onde o
acoplamento spin-órbita é fraco).
25
26
27

♦ Transições e Termos Espectrocópicos


Na figura abaixo, são ilustradas algumas transições permitidas para o sódio,
segundo a Mecânica Quântica, bem como os respectivos termos
espectroscópicos.
O espectro de emissão no UV-VIS do sódio origina-se da transição do
elétron 3s de um nível de energia mais alto para um mais baixo. Como resultado,
cada raia envolve dois termos espectroscópicos, um do nível energético mais
baixo e outro mais alto. As raias de D (dupleto) do sódio, as quais são as mais
intensas (veja figura abaixo), são originadas pelas transições:
Raia em 589,6 nm ⇒ 3 2S1/2 → 3 2P1/2 (absorção) ou 3 2S1/2 ← 3 2P1/2 (emissão)
Raia em 589,0 nm ⇒ 3 2S1/2 → 3 2P3/2 (absorção) ou 3 2S1/2 ← 3 2P3/2 (emissão)

A razão para a formação das raias D do sódio será explicada mais adiante
por ocasião da discussão sobre o acoplamento spin-órbita.

RAIA DE RESSONÂNCIA
A raia de ressonância corresponde à raia de absorção ou de emissão mais
intensa associada à transição de um elétron de valência para a um nível
energético imediatamente superior que apresente uma maior probabilidade de
transição.
28

Para o Na a raia de ressonância corresponde à chamada raia D (dupleto)


que aparece em torno de 590 nm no espectro, cuja emissão é responsável pela
cor amarelo-alaranjado das lâmpadas de sódio.
A espectrometria atômica utiliza, principalmente, as raias de ressonância
embora, às vezes, são usadas outras raias menos intensas ou eventualmente
bandas, a exemplo da radiação emitida pelo radical CaOH em chamas frias de ar-
gás natural por amostras contendo cálcio.

ESTRUTURA FINA DOS ESPECTROS ATÔMICOS – Acoplamento spin-órbita


O acoplamento spin-órbita resulta da interação entre o momento magnético
do spin (campo magnético do spin eletrônico) e o momento angular orbital (campo
magnético devido ao movimento angular do elétron em torno do núcleo).
Quando os dois campos têm o mesmo sentido a interação é repulsiva, a qual
aumenta a energia eletrônica. Caso contrário, a interação entre os dois campos é
atrativa e a energia eletrônica diminui. No caso do Na, por exemplo, quando o de
valência é excitado para o orbital 3p experimenta esse acoplamento que desdobra
o nível de energia dos orbitais 3p em dois muito próximos (veja o diagrama
mostrado anteriormente). Este tipo de interação ocorre tipicamente em átomos
contendo elétron desemparelhado em orbitais com momento angular orbital
diferente de zero (orbitais p (l=1) principalmente).
De um modo geral, observa-se que a intensidade do acoplamento spin-órbita
depende:
- das orientações relativas de ambos os momentos;
- da carga nuclear (Ze).
A figura a seguir ilustra o acoplamento spin-órbita que ocorre no átomo de
sódio quando o elétron 3s é excitado para os estados quântico associados ao 3p.

OBS.:
29

(i) No H (Z=1), o acoplamento é muito pequeno em virtude da baixa carga


nuclear!!(ii) Os termos espectroscópicos e o acoplamento spin-órbita são
discutidos
em: P.W.Atkins –“Físico-Química”, Vol. 2, 6ª Edição, LTC, RJ, 1999.

ALARGAMENTO DAS RAIAS ESPECTRAIS


As raias deveriam ser rigorosamente monocromáticas e dada por:
ΔE = EE - EF = hc/λ→ _____________ Eexc
ΔE
λ = hc/ΔE ____________ Efund

Contudo, a raia se apresenta, na realidade, como uma banda estreita com


uma determinada largura, conforme mostra a figura abaixo:

O alargamento da raia pode originar-se de três efeitos:

- Princípio da Incerteza (Alargamento Natural);


- Efeito Doppler;
- Efeito de Pressão.

Alargamento natural
Se os átomos pudessem permanecer um tempo virtualmente infinito nos
estados fundamental e excitado, a incerteza das energias dos estados seria
desprezível e a transição estaria associada a um único λ. Entretanto, a incerteza
da energia de cada estado é complementar ao seu tempo de vida, ou seja,

τi .ΔEi = τi.h Δvi = h/2π ⇒ Δvi = (1/2π) (1/τi)

Assim, a largura natural de uma raia é determinada pelos tempos de vida


médios dos estados envolvidos na transição. Conseqüentemente, a uma transição
qualquer se associa, efetivamente, a emissão de uma banda cuja meia-largura (Δν
ou ΔλN) (largura natural) é dada por:

ΔνN = Δνq + Δνp = (1/2π) (1/τi + 1/τj)


30

ou em termos de λ,
ΔλN = (λ2/2πc) (1/τi + 1/τj)
onde, τi e τj são os tempos de vida médio dos estados i e j envolvidos na transição.
As raias mais estreitas são as raias de ressonância. Por exemplo, o ΔλN
para a raia de ressonância do mercúrio (253,7 nm) é de 0,00003 nm.

Alargamento Devido ao Efeito Doppler


A freqüência da radiação absorvida ou emitida por um átomo que se move
rapidamente aumenta se o átomo se aproxima do fototransdutor (detector) e
diminui quando ele se afasta do fototransdutor. Esse fenômeno é conhecido como
efeito ou deslocamento Doppler. São típicos alargamentos Doppler na faixa: 0,001
a 0,005 ηm.

Alargamento Devido ao Efeito de Pressão


Ocorre devido às pequenas variações de energia decorrentes de colisões
entre átomos absorvedores ou emissores de radiação e outros átomos, radicais,
íons, etc, presentes no meio aquecido.Para concentrações baixas, a meia-largura
de uma raia está relacionada, principalmente, ao efeito Dopper. Entretanto, no
caso de altas concentrações prevalece o efeito de pressão.
O efeito Doppler e de pressão estão relacionado à forma de uma raia no
ponto de emissão ou absorção. Contudo, a radiação emitida tem que atravessar a
região de excitação até atingir o detector. Assim, a forma da raia pode sofrer
modificações relacionadas com os problemas de auto-absorção e auto-reversão
discutidos mais adiante.

A partir da avaliação dos comprimentos de onda das radiações emitidas


(observados nas raias do espectro) é possível descobrir a identidade dos átomos
emissores (análise qualitativa elementar). As medidas da intensidade das
radiações emitidas (usadas na calibração) fornecem informações para a análise
quantitativa elementar.
s 26

ESPECTROMETRIA DE EMISSÃO ATÔMICA

Fundamentos teóricos
Este método baseia-se na introdução de uma amostra em solução em uma
chama ou plasma na forma de um aerossol.A chama ou plasma induz a amostra a
emitir radiação eletromagnética na região UV-VIS; a intensidade da luz emitida é
proporcional à concentração desta espécie química de interesse, ou seja:
I α Ci
Na medida da intensidade de uma determinado analito tem-se os seguintes
processos representados diagramaticamente na figura abaixo:

Efeito da Temperatura da Chama na Emissão Atômica


A temperatura da chama ou plasma exerce um papel fundamental na
relação entre o número de espécies excitadas e não excitadas. A magnitude deste
efeito pode ser derivada a partir da equação de Boltzmann, que é escrita na
seguinte forma:
Ne Pe ⎛ ΔE ⎞
= . exp⎜ − ⎟
N0 P0 ⎝ kT ⎠
onde:
♦ Ne e N0 são os números de espécies no estado excitado e no estado
fundamental;
♦ Pe e P0 são os fatores estatísticos que são determinados pelo número
de orbitais em cada nível;
♦ ΔE é a diferença de energia entre os níveis;
♦ k é a constante de Boltzmann (1,38 x 10-23 Joules/Kelvin);
♦ T é a temperatura em Kelvin.
A tabela abaixo apresenta os valores da relação Ne / N0 para as raias de
ressonância de alguns elementos a diferentes temperaturas.
Nj/No
Raia de Ressonância gj/g0 2000k 3000k 4000k
-4 -3
Cs 852,1 ηm 2 4,44.10 7,24.10 2,98.10-2
Na 589,0ηm 2 9,86.10-6 5,88.10-4 4,44.10-3
Ca 422,7ηm 3 1,21.10-7 3,69.10-5 6,03.10-4
Zn 213,9ηm 3 7,20.10-15 5,58.10-10 1,48.10-7
s 27

Verifica-se que a população de átomos excitados é muito pequena em


relação ao número de átomos no estado fundamental (apenas 0,0001% dos
átomos de sódio presentes na amostra são excitados a temperatura de 2000K).
Entretanto, esta população aumenta significativamente com um pequeno aumento
da temperatura (0,06% à 3000K e 0,4% a 4000K).
Um aumento de 10 Kelvins (2500 para 2510K) na temperatura de emissão
relacionada à linha de ressonância do sódio produz um aumento de 4% no número
de átomos de sódio excitados. Portanto, os métodos analíticos baseados nas
medidas da emissão atômica requerem um controle rigoroso da temperatura de
excitação.

A CHAMA OU PLASMA
A chama ou plasma exerce um papel muito importante na espectrofotometria
ou fotometria de emissão atômica. Elas são responsáveis pelas seguintes funções:
dessolvatar, vaporizar, atomizar e excitar eletronicamente o átomo em
análise.
Para cumprir as funções acima a chama ou o plasma deve atingir uma
temperatura apropriada, por exemplo, chamas frias (como ar-gás de cozinha, por
exemplo) só excitam os alcalinos e alcalinos terrosos.

A CHAMA
É uma fonte de excitação mais fraca do que o plasma e, normalmente,
poucas raias de cada elemento são excitados.
A figura abaixo mostra, diagramaticamente, a estrutura de uma chama:

Emergindo da região A, a mistura combustível e comburente dão formação


as seguintes regiões da chama: a região de pré-aquecimento (B), região redutora
(C), região oxidante (D) e a região do cone externo (E).
A região de pré-aquecimento é quente devido o calor irradiado das regiões C
e D e tem uma espessura de cerca de 1,0 mm. A região redutora é rica em radicais
como, OH, CN, H, O, etc., e nela não se obtém um equilíbrio térmico. A região
oxidante é onde se obtém um equilíbrio térmico e uma diminuição das
concentrações de radicais e é ela a escolhida para se fazer medidas na
fotometria e na espectrometria de emissão. Na região do cone externo, tem-se
uma combustão completa ajudada pelo ar circundante.
s 28

Temperaturas, Combustível e Comburente em uma Chama


A temperatura é o parâmetro mais importante de uma chama. O valor exato
dessa temperatura depende da relação combustível/comburente e é, em geral,
máximo para mistura estequiométrica.
A tabela abaixo mostra as faixas de temperaturas máximas das chamas
obtidas com algumas misturas gasosas do combustível e comburente.

TEMPERATURAS, ºC
COMBURENTE
COMBUSTÍVEL AR OXIGÊNIO ÓXIDO NITROSO
GÁS NATURAL 1700-1900 2700-2800 -
HIDROGÊNIO 2000-2100 2550-2700 -
ACETILENO 2100-2400 3050-3150 2600-2800
CIANOGÊNIO - 4.550 -
A chama de gás natural/ar comprimido é apropriada para análise de metais
de baixa energia de excitação como alcalinos e alcalinos terrosos. Todavia ela não
excita a maioria dos metais como a chama acetileno/ar comprimido. Chamas muito
quentes não são necessariamente uma vantagem, pois a ionização pode reduzir a
população de átomos disponíveis para emitir radiação.

AUTO-EMISSÃO DAS CHAMAS


É importante considerar as radiações emitidas pela própria chama na região
UV-visível, denominada de radiação de fundo. Ela contribui para o ruído e
quando excessiva, reduz os limites de detecção e a precisão das análises. A figura
a seguir mostra o espectro de radiação de fundo de uma chama de acetileno-
oxigênio
Os elementos de interesse além de emitir seus espectros de raias podem
emitir, também, espectros de bandas devido à formação de hidróxidos (CaOH,
SrOH, BaOH, etc.) e monóxidos (CaO, LaO, etc.). Radiações contínuas podem ser
produzidas por sais ou sólidos metálicos presentes na chama.
s 29

P
LASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO OU PLASMA ICP
Chama-se plasma um gás em que uma fração significativa de seus átomos
ou moléculas encontra-se ionizada. O plasma mais comumente utilizado na análise
por de emissão atômica é o plasma ICP (Inductively Coupled Plasma) de argônio.
O plasma ICP é aquele produzido em uma corrente de argônio mediante
aquecimento por indução, em uma tocha de quartzo colocado dentro de uma
bobina ligada a um gerador de rádio-freqüência.
A figura mostrada a seguir ilustra uma configuração esquemática de uma
tocha para a produção de um plasma indutivo de argônio. Inicialmente, o argônio
passa através do interior de um tubo de quartzo em cuja extremidade é circundada
por uma bobina de indução por onde flui uma corrente alternada de 4-50mhz com
níveis de potência de 2-5KW.
A iniciação do plasma é produzida por uma centelha elétrica que produz
cátions e elétrons e estes são acelerados pelo campo magnético da bobina em um
fluxo circular e perpendicular à direção do fluxo de argônio. Este fluxo circular é
conhecido como corrente de remoinho. Esta corrente de remoinho colide com os
átomos do fluxo de argônio para produzir uma posterior ionização, havendo
aquecimento por efeito Joule e a formação do plasma. As temperaturas no plasma
variam 6000 a 10000K.
s 30

O isolamento térmico do plasma para evitar superaquecimento do cilindro de


quartzo é obtido com uma corrente de argônio introduzida tangencialmente. Este
fluxo serve também para centralizar e estabilizar o plasma, dando uma forma
toroidal para freqüências em torno de aproximadamente 30MHz.
As amostras em solução são aspiradas pneumaticamente e, em forma de
aerossol, atinge o plasma. A aspiração pneumática é produzida por um fluxo de
argônio, que flui no cone interno da tocha e alimenta o plasma. Ele também é
responsável pela formação do aerossol.
Um fluxo suporte de argônio é, às vezes, também usado para alimentar o
plasma. Vazões típicas de argônio são: 1L/min para aspirar e transportar a
amostra, 0-1L/min para o fluxo de suporte e 15L/min para o fluxo de esfriamento.
As propriedades físicas e químicas do plasma ICP oferecem algumas
vantagens sobre as chamas.
● um ambiente químico mais limpo.
● temperaturas mais altas que dissociam completamente os compostos
refratários.
● a faixa linear de concentração é 4 ou mais vezes maior.
● o espectro é rico em linhas atômicas e iônicas, o que dá uma maior
possibilidade de escolha da linha analítica.
s 31

● um baixo sinal de radiação de fundo, o que permite uma maior relação


sinal/ruído e um baixo limite de detecção (na faixa de ppb).
O plasma tem também uma radiação de fundo correspondente às raias do
argônio, bandas OH e bandas fracas de NO, NH, CN e C2. Todavia, existe uma
zona de 1 a 3 cm acima da bobina de indução, onde o plasma é levemente
transparente. Esta é a zona de observação analítica.
Para muitos elementos a linha iônica é muito mais intensa do que a linha
atômica. Para o cálcio a linha de ressonância atômica (422,7ηm) tem no plasma
intensidade praticamente desprezível em relação às linhas iônicas 394,4 e
396,2ηm. Este fenômeno é também observado em outros elementos como Ba, Be,
Fe, Mg, Mn, Sr, Ti e V, onde as linhas iônicas fornecem um melhor limite de
detecção.

INSTRUMENTOS PARA MEDIDAS DE EMISSÃO EM CHAMA


Eles apresentam os seguintes componentes essenciais:
♦ Reguladores de pressão e fluxômetros para controle da pressão e
vazão dos gases que alimentam a chama;
♦ Nebulizador-Combustor-Atomizador para introduzir a amostra na
chama em forma de aerossol (nebulizar), dessolvatar, sublimar,
atomizar e excitar eletronicamente o átomo ou íon atômico em análise;
♦ Sistema óptico a base de filtro ou monocromador para isolar a
radiação desejada;
♦ Detector associado a algum tipo de medidor ou amplificador
eletrônico.
A figura abaixo mostra esquematicamente, os componentes básicos de um
espectrofotômetro de emissão em chama.

NEBULIZADORES-COMBUSTORES-ATOMIZADORES
Na espectrofotometria de emissão atômica são conhecidos comumente dois
tipos de nebulizador-queimador-atomizador:
♦ mistura prévia
♦ consumo total.

Nebulizador-Queimador-Atomizador de Mistura Prévia


s 32

Eles são caracterizados pela produção do aerossol em uma câmara de


condensação para reter as gotículas maiores.
A figura a seguir ilustra um nebulizador-queimador-atomizador de mistura
prévia de fluxo concêntrico.

Uma corrente de gás oxidante aspira por ação pneumática (efeito Bernoulli)
a amostra e esta é nebulizada numa câmara, onde, então, se mistura com o gás
combustível; as gotículas maiores são recolhidas no fundo da câmara e
descartada pelo dreno; somente as partículas menores alcançam a chama. Isto faz
com que apenas 5 a 10% da amostra nebulizada atinjam a chama.

Nebulizador-Queimador-Atomizador de Consumo Total


É caracterizado pela introdução do aerossol diretamente na chama. No
nebulizador-queimador-atomizador de consumo total o aerossol é formado
diretamente na chama que é produzida pelos gases combustível e oxidante
conduzidos através de canais concêntricos, um em torno do capilar de acesso da
solução, para o oxidante e o outro mais externo para o combustível. A corrente do
oxidante, ao passar pelo orifício de saída do canal interno, cria uma sucção
suficiente para forçar a solução a emergir pelo capilar interno na chama. A figura
abaixo mostra um nebulizador-queimador-atomizador de consumo total.
s 33

Neste dispositivo toda a amostra atinge a chama, porém gotículas maiores


atravessam a chama sem serem dessolvatadas. Além do mais ele produz uma
chama turbulenta e instável e um sinal analítico muito ruidoso.

SISTEMA ÓPTICO
Qual a função do sistema óptico?
Sua função é recolher a luz emitida pela chama, isolar a parte interessada
(radiação de emissão do analito) e focar esta última sobre o detector.

FOTÔMETROS DE EMISSÃO EM CHAMA


Os fotômetros de chama têm suas limitações: usam normalmente chama de
baixa temperatura como fonte de excitação. São instrumentos relativamente
simples, construídos quase sempre para determinação de Li, Na, K, Ca e Mg.

INTERFERÊNCIAS NA ESPECTROFOTOMETRIA DE EMISSÃO EM CHAMA


São problemas que, de alguma maneira, prejudicam as medidas dos sinais
de emissão do analito e podem ser classificadas em três categorias:
♦ espectrais;
♦ químicas;
♦ físicas.

INTERFERÊNCIAS ESPECTRAIS
Essas interferências encontram-se relacionadas com as radiações de outros
componentes que se inserem na faixa de comprimentos de onda isolada pelo
instrumento para o elemento de interesse (analito).
Podem ocorrer principalmente os seguintes tipos de interferência
espectral:
♦ sobreposição espectral direta de raias ou bandas;♦ sobreposição por
emissão de radiação contínua;♦ espalhamento de luz;♦ auto-absorção;♦ emissão
de radiação de fundo (auto-emissão)
s 34

Sopreposição Espectral Direta de Raias ou Bandas


Ocorre quando a raia analítica (raia do analito) é sobreposta por uma raia de
um outro átomo emissor ou por uma banda emitida por uma espécie molecular
presente na fonte excitadora.
Como exemplo de sobreposição espectral direta de raia tem-se a
sobreposição das linhas 213,858nm do Ni e a 213,851 nm do Cu sobre a linha
213,856 do Zn. Este problema é sério em uma determinação de traços de Zn em
amostras contendo Ni e Cu em alta concentração (exemplo: liga metálica Ni-Cu
contendo Zn como impureza).
Por outro lado, temos a sobreposição da raia D (589,5 nm) do Na pela banda
de CaOH (com centro em 622 nm), como exemplo de interferência direta de
banda.

Sobreposição por emissão de radiação contínua


Promovida por sistemas condensados presentes na fonte de excitação e por
alguns elementos devido à recombinação de íons positivos e elétrons livres. Por
exemplo:
Na+ + e- → Na + hν (contínua) O espectro contínuo do sódio vai de 360 a
602hm e do potássio de 340 a 570hm. Este continuo quando presente vai interferir
em todas as raias analíticas presentes nesta região.
Espalhamento de luzCausada por partículas presentes na fonte de excitação,
reduzindo a intensidade da luz que atinge o detector. Ocorre principalmente em
chamas frias onde podem ser produzidas espécies químicas refratárias.
Auto-Absorção
Átomos da mesma espécie analítica, presentes na região menos energética
da fonte de excitação, encontram-se em estados eletrônicos menos energéticos e
são capazes de absorver a radiação emitida na região mais energética. Este
fenômeno é chamado de auto-absorção e é responsável pelo enfraquecimento da
intensidade da radiação emitida pelo analito.

Emissão de Fundo ou Auto-Emissão da Chama


Conforme vimos antes, corresponde às radiações emitidas pela própria
chama na região UV-VIS. Ela contribui para o ruído e quando excessiva reduz os
limites de detecção e a precisão das medidas. Para eliminar essa interferência
utiliza-se o branco para ajustar o zero do aparelho antes de efetuar as medidas
dos sinais de emissão dos padrões e amostras. A figura abaixo mostra o espectro
de radiação de fundo de uma chama de acetileno-oxigênio
INTERFERÊCIAS QUÍMICAS
São aquelas interações químicas entre o analito e outras espécies presentes
na solução da amostra que afetam o sinal do analito. Elas normalmente ocorrem
através da formação de um composto termicamente estável (refratário) envolvendo
o analito. Um exemplo típico de interferência química é a forte depressão do sinal
- -
de emissão do cálcio em amostras contendo íons fosfato (PO43 ), aluminato (AlO2
- -
), sulfato (SO22 ), silicato (SiO44 ).
Esta interferência pode ser eliminada usando agentes mascarantes.
Agentes Mascarantes
s 35

São espécies químicas adicionadas nas amostras e nas soluções-padrão


que tem por objetivo mascarar ou eliminar a interferência química produzida por
outras espécies presentes na chama. Os agentes mascarantes podem ser
classificados em dois tipos:
♦ agentes mascarantes libertadores;
♦ agentes mascarantes protetores;

Agente Mascarante Libertador


Os agentes mascarantes libertadores reagem preferencialmente com o
interferente químico deixando o elemento de interesse livre para ser sublimado e
atomizado na chama. Por exemplo, a adição de zircônio, lantânio ou estrôncio
elimina a interferência de fosfato na determinação de cálcio, pois estes elementos
formam um composto mais estável com o interferente, liberando o cálcio para a
excitação.

Agente Mascarante Protetor


Os agentes mascarantes protetores previnem a interferência química por
formar espécies químicas com o analito mais estáveis e mais facilmente
sublimáveis e dissociáveis. Tem sido mostrado que a presença de EDTA elimina a
interferência de alumínio, silício, fosfato e sulfato na determinação de cálcio ao
formar a espécie Ca – EDTA (complexo).

INTERFERÊNCIAS FÍSICAS
Essas interferências compreendem:
♦ ionização do analito♦ interferência ou efeito de matrizIonização
Se durante a excitação ocorrer a ionização, esta reduz a população de
átomos neutros na chama e, conseqüentemente, diminui a intensidade de emissão
do analito. A ionização pode ser minimizada pela adição de um supressor de
ionização.

Supressor de Ionização
O supressor de ionização é uma espécie química facilmente ionizável (Cs,
Rb, K, Li, Na), que é adicionada em uma grande quantidade (cerca de 1%) nas
amostras e nas soluções-padrão com o objetivo de minimizar a ionização do átomo
em análise. A diminuição da ionização pode ser entendida partindo das equações:
M ⇔ M+ + e - e Cs ⇔ Cs+ + e-
Como o césio é facilmente ionizado a pressão parcial de elétrons livres na
fonte de excitação aumenta deslocando é deslocado, de acordo com o princípio de
Le Chatelier, na direção do aumento da pressão parcial do analito M.

Efeito da Auto-Absorção e da Ionização sobre a curva analítica


A auto-absorção e a ionização podem afetar as curvas analíticas produzindo
três segmentos distintos em forma de “S”, conforme mostra a figura abaixo.
Assim, para concentrações intermediárias de potássio prevalece uma relação
linear. Entretanto, para baixas e altas concentrações, observam-se curvaturas com
desvios positivos e negativos.
s 36

Interferência matricial ou efeito de matriz


É a influência das propriedades da matriz da amostra (viscosidade, tensão
superficial, pressão de vapor, etc) sobre o processo envolvido na medida do sinal
analítico.
Como ocorre?
Para ilustrarmos como ocorre o efeito de matriz em análise quantitativa por
fotometria de emissão em chama, considere o exemplo abaixo:

Suponha uma determinação de Na em uma amostra de MEL DE ABELHA,


usando uma curva de calibração construída com soluções-padrão de Na
preparadas em água.
COMO RESULTADO DA ANÁLISE, TERÍAMOS:
♦ Um menor valor de concentração de Na que o real seria
obtido. Isto ocorre porque o Na no mel encontra-se numa
matriz muito mais viscosa que o Na das soluções-padrão de
calibração, o que diminuirá a taxa de aspiração no
aparelho.
♦ A diminuição taxa de aspiração faz como que a leitura do Na da amostra
de mel seja menor que a de uma solução padrão de mesma concentração,
causando um problema conhecido como EFEITO DE MATRIZ.

ANÁLISE QUANTITATIVA
Os seguintes métodos podem ser utilizados na análise quantitativa por
emissão atômica:
♦ Método por curva analítica;
♦ Método do padrão interno;
♦ Método por adições de padrão.
s 37

Uma vez que o método por curva analítica já foi discutido anteriormente,
discutiremos aqui o método do padrão interno e o método por adições de
padrão.

Método do padrão interno


No método do padrão interno uma quantidade conhecida de uma espécie de
referência (o padrão interno) é adicionada nas amostras, nas soluções-padrão e no
branco. A curva analítica é construída lançando:
♦ nas ordenadas a razão entre sinal do analito e o sinal do padrão
interno;
♦ e nas abcissas a concentração das soluções-padrão do analito.

OBSERVAÇÃO:
O padrão interno escolhido deve obedecer as seguintes condições:

♦ deve apresentar propriedades físicas, químicas e espectrais


semelhantes ao analito, de modo que ambos sejam igualmente
afetados por flutuações da fonte de excitação (chama);
♦ não deve apresentar interferências químicas e espectrais entre si e
com os demais componentes da amostra;
♦ não deve estar presente na amostra e no branco;
♦ a sua concentração nas amostras e nas soluções padrão deve ser da
mesma ordem de grandeza e deve estar na faixa linear de
concentração;
♦ Os sinais do analito e do padrão interno nas amostras e nas soluções
padrão devem ser medidos, preferencialmente, em um
espectrofotômetro ou fotômetro de emissão em chama multicanal;
♦ Se o padrão interno for escolhido de modo a ter propriedades físicas,
químicas e espectroscópicas similares ao analito, ambos os sinais
variam proporcionalmente com a variação das condições
experimentais e a utilização da relação dos sinais permite corrigir os
erros aleatórios. A figura a seguir mostra como isto é possível.
s 38

O método do padrão interno apresenta as seguintes desvantagens:

● se a amostra tiver, já originalmente, um quantidade significativa do


padrão interno isto resultará em um erro sistemático;

● as emissividades da raia do padrão interno e da raia analítica são,


comumente, afetadas diferentemente por variações da temperatura da
fonte de excitação, no que se refere à excitação e à ionização;

● a escolha de um padrão interno livre de interferências dos componentes


da amostra e que atenda a todas as condições é muito difícil na prática.

O método por adições de padrão (MAP)


A interferência de matriz pode ser contornada preparando-se as soluções-
padrão no mesmo ambiente, ou seja, numa matriz semelhante à da amostra
(matrizes casadas), e análise pode ser feita usando ou o método direto ou o
método da curva analítica, porém isto é muito difícil na prática.
Quando o efeito de matriz não é desprezível e não é possível utilizar o
procedimento das matrizes casadas (entre padrões e amostras), deve-se recorrer
ao MAP para contornar a interferência ou efeito de matriz.
O método das adições de padrão pode ser realizado a partir de dois
procedimentos:
♦ Adições-padrão por partição da amostra (mais usado);

♦ Adições-padrão sem partição da amostra.

O Procedimento das Adições-Padrão por Partição da Amostra


Em que consiste este processo?
s 39

Consiste em se adicionar a quatro ou cinco idênticas alíquotas de amostra


particionadas, idênticas alíquotas de diferentes soluções-padrão, cujas
concentrações estão aumentando proporcionalmente dentro da faixa linear de
concentração.
Este procedimento é esquematizado na figura a seguir.

Observa-se que neste procedimento a mesma diluição da amostra é obtida


em cada adição de padrão, promovendo um efeito de matriz constante sobre todas
as medidas dos sinais analíticos.
A concentração da amostra, C0, pode ser obtida:
♦ por extrapolação da curva de regressão para o eixo das
concentrações;
♦ ou utilizando os parâmetros A e B da equação da reta Y = A + B X
ajustada aos pontos, como se pode verificar na figura mostrada a seguir:

Curva de Adições-Padrão
s 40

O Procedimento das Adições-Padrão sem Partição da Amostra


Em que consiste este procedimento?
Consiste em adicionar a uma única alíquota da amostra, alíquotas
crescentes de uma mesma solução-padrão, conforme o desenho esquemático da
figura mostrada a seguir.

Este método é adequado quando o volume de amostra disponível é limitado


e é freqüentemente utilizado nas técnicas voltamétricas e potenciométricas.

Ilustração Gráfica da Aplicação do MAP


A figura, mostrada a seguir, ilustra a aplicação do MAP à análise de
quatro amostras que contêm a mesma concentração C0, do analito. O caso
ilustrado pela curva A representa uma situação em que o analito se encontra
num ambiente sem interferência de matriz. No caso da curva B, o analito
encontra-se em um ambiente com efeito de matriz positivo (por exemplo, a
determinação de sódio por fotometria de chama em uma amostra contendo
etanol). Por outro lado, no caso da curva C, ele encontra-se em um ambiente
com efeito de matriz negativo (por exemplo, a determinação de sódio por
fotometria de chama em uma amostra contendo glicerol). Em ambiente com
efeito de matriz positivo, curva B, observa-se que: R0,sB e KsB são maiores que
R0,sA e KsA, enquanto que em um ambiente com efeito de matriz negativo temos
R0,sC e KsC menores que R0,sA e KsA.
Não obstante as diferentes matrizes produzam diferentes efeitos de
matriz, ou seja, diferentes valores de R0,s e Ks, a aplicação do MAP é capaz de
fornecer o mesmo valor esperado da concentração do analito N0 nas amostras,
como se pode notar pela extrapolação das curvas A, B e C para
o eixo das concentrações das soluções-padrão adicionadas. Por outro lado,
se as amostras com efeito de matriz fossem analisadas usando o método da
curva analítica, cuja curva tenha sido construída a partir de soluções-padrão
que não tenham sido preparadas na mesma matriz da amostra, um maior
s 41

(efeito de matriz positivo) ou um menor (efeito de matriz negativo) valor de C0


seria obtido.
42

ESPECTROMETRIA DE ABSORÇÃO ATÔMICA


Baseia-se na absorção de radiação UV-VIS por átomos neutros gasosos no
estado fundamental, os quais podem ser produzidos por meio das técnicas:

Técnicas de atomização:
♦ por Chama♦ Eletrotérmica- Forno de Grafite- Filamento de Tungstênio♦
Geração de Hidretos Medidas de Absorção AtômicaConsidere a interação da
luz com os átomos da amostra descrita abaixo.Fisicamente, ¨ Transmitância (T) -
radiação emergente¨ Absorbância (A) - radiação absorvidaOBS.: Na prática,
mede-se T.Descrição Quantitativa
Transmitância:
T = P / Po ou %T = P / Po x 100
onde:
♦ P = potência radiante emergente♦ Po = potência radiante
incidenteAbsorbância:
A = - log T
Pode ser demonstrado que:

T = exp[- k(l) × l × N] ou A = - log T = 0,43 k(l) × l × N


♦ N = no total de átomos livres no volume de absorção;
♦ l = comprimento da camada de átomos absorventes;

♦ k(l) = coeficiente de absorção atômica espectral, que depende


basicamente:

- da estrutura atômica (sobretudo a eletrônica) do analito

- comprimento de onda da radiação absorvida (l)Contudo, na prática:

A = K C,

onde :

♦ K = definido pela inclinação da curva analítica e depende de: k(l), l, variáveis do


processo de atomização, etc.
♦ C = concentração do analito nas soluções-padrão.
Como veremos, os princípios são fundamentalmente os mesmos que os da
absorção molecular UV-VIS pela amostra em solução e, portanto, a absorção
atômica também é regida pela lei de Beer. Esta técnica apresenta uma boa
obediência à lei de Beer, uma vez que as raias da absorção atômica são muito
mais estreitas do que as bandas de absorção molecular. Nenhum monocromador
consegue separar radiações com largura tão estreita e energia suficientes para
excitar átomos e medir a sua absorção. Por este motivo a absorção atômica
requer uma fonte de radiação UV-Visível muito mais potente. Além do mais,
curvas analíticas não-lineares são inevitáveis quando as medidas de absorbância
atômica são feitas com um equipamento de absorção molecular.
43

Como resolver este problema?

A dificuldade foi resolvida com uma fonte capaz de emitir o espectro de


emissão do elemento de interesse. Por exemplo, uma lâmpada de vapor de sódio
para análise de sódio.

Qual é a vantagem da fonte que emite o espectro do elemento de


interesse?

Uma fonte de excitação apropriada emite raias com larguras muito menores
do que as das raias de absorção o que permite uma maior linearidade da lei de
Beer. A figura a seguir mostra a relação entre o espectro emitido pela fonte, o de
absorção e o espectro da emissão após passagem pelo monocromador.

Não é necessário usar um monocromador com resolução muito alta para


medir a absorção. O requisito é que ele separe a raia analítica (geralmente a raia
de ressonância) das outras raias emitidas.
44

INSTRUMENTAÇÃO
Os componentes básicos de um espectrofotômetro de absorção atômica
são:
♦ uma fonte de radiação UV-visível de raias de ressonância;
♦ um sistema modulador do feixe de radiação (chopper)
♦ um sistema atomizador (chama ou forno de grafite);
♦ um monocromador para isolar a raia analítica;
♦ um detector de radiação;
♦ um sistema apropriado para monitorar o sinal (hoje em dia um
microcomputador).
A figura a seguir mostra um desenho esquemático de um espectrofotômetro
de absorção atômica com os componentes acima.

FONTES DE RAIAS DE RESSONÂNCIA


Elas devem emitir as raias de ressonância do elemento de interesse com
largura menor que a raia de absorção e com intensidade e estabilidade suficiente
para que as medidas de absorção atômica possam ser realizadas com exatidão
satisfatória. A fonte mais usada em espectrofotômetros de absorção atômica é
uma lâmpada de catodo oco descrita a seguir.

LÂMPADAS DE CATODO OCO


É a mais comum fonte de raia atômica usada na espectrometria de absorção
atômica. Por isso, apenas este tipo de lâmpada será descrito aqui.A figura abaixo
mostra esquematicamente lâmpadas de catodo oco (LCO) com e sem eletrodos
auxiliares.

Ela consiste em um tubo de vidro contendo um gás nobre (argônio ou


neônio) a uma pressão de 1-5mmHg. No seu interior é colocado um catodo
45

cilíndrico oco feito ou recoberto com o elemento de interesse, e um anodo de


tungstênio que, em forma circular, envolve a extremidade do catodo. O catodo é
envolvido por um tubo de proteção (vidro ou mica) para evitar a formação da
descarga elétrica fora da região oca do catodo. A face frontal é de quartzo para
raias de ressonância na região UV ou vidro para as raias de ressonância na região
visível.
A aplicação de uma alta diferença de potencial, na ordem de 300 V, entre os
eletrodos provoca a ionização do gás inerte e uma corrente de 5 a 30 mA é gerada
quando os cátions gasosos e os elétrons migram para os eletrodos de carga
oposta. Os íons do gás nobre formados são acelerados em direção ao catodo e,
colidindo com a superfície da cavidade catódica, produz uma nuvem atômica, por
um processo chamado de sputterring (expirrar). Os átomos da nuvem são
excitados por colisões com os átomos gasosos energizados e emitem radiações
(as raias de ressonância de preferência) quando retornam ao estado fundamental.
Um par de eletrodos auxiliares, entre os quais flui uma corrente secundária,
produz um maior fluxo de átomos gasosos ionizados para colisão e,
conseqüentemente, uma maior intensidade da emissão.
A forma cilíndrica oca do catodo tende a concentrar a radiação em uma
região limitada do tubo e aumentar a redeposição dos átomos no catodo em vez
das paredes do tubo.
O gás nobre da lâmpada (neônio ou argônio) também produz sua própria
emissão e a escolha do gás depende dos elementos do catodo; por exemplo, na
lâmpada de arsênio não se pode utilizar neônio em virtude de uma forte raia de
emissão deste gás próxima da melhor raia de ressonância do arsênio.

MODULADOR DO FEIXE DE RADIAÇÃO


A modulação do feixe da LCO é de fundamental importância para eliminar
interferência espectral da radiação de fundo. Ela pode ser feita usando um circuito
eletrônico que liga e desliga a lâmpada em ciclos alternados ou através de
interruptor rotatatório (chopper) colocado no caminho ótico. O detector recebe dois
tipos de sinais: um sinal alternado da fonte (LCO) e um sinal contínuo da chama.
Um sistema eletrônico amplifica somente o sinal modulado, ignorando o sinal
contínuo.

ATOMIZADORES COM CHAMA


Os mesmos tipos de aspiradores-nebulizadores usados na emissão atômica
são também utilizados na absorção atômica para a atomização em chama. A
principal diferença está na geometria dos queimadores. Veja a figura mostrada a
seguir.
46

O queimador mais usual possui apenas uma fenda com um comprimento de


5 a 10 cm., porém o queimador construído com três fendas paralelas muito
próximas, conforme mostra a figura acima, apresenta a vantagem de que a chama
produzida na fenda central é protegida da difusão perturbadora do ar pelas
cortinas periféricas produzidas pelas fendas externas.
Para um caminho ótico menor, o queimador pode normalmente ser girado
em um ângulo de 900. Eles também podem movimentar-se em todas as direções
do espaço de forma a se encontrar a melhor posição em que feixe ótico irá
atravessar a chama.
Na absorção atômica quase sempre utiliza-se as chamas acetileno-ar e
acetileno-óxido nitroso. O queimador usado para chamas de acetileno-ar
comprimido é feito de material diferente do material usado no queimador para
chamas de acetileno-óxido nitroso. Normalmente, o primeiro queimador utiliza
fendas de 10 cm, enquanto o segundo utiliza fendas de 5 cm.
Toda tubulação envolvida no transporte do gás acetileno não deve ser de
cobre devido a perigos de explosão. Utiliza-se normalmente aço inoxidável.
Devido a problemas relacionados com a energia de ignição, a chama N20-
C2H2 não é acesa diretamente. Primeiro, acende-se uma chama de AR-C2H2, em
seguida, simultaneamente, aumenta-se o fluxo de N2O e diminui-se o fluxo de AR
até a zero, obtendo-se apenas a chama N20-C2H2. Para apagar a chama o
processo inverso deve ser utilizado.

ATOMIZADORES ELETROTÉRMICOS
Um atomizador eletrotérmico típico, mais conhecido como forno de grafite,
foi proposto por L’vov no ínicio da década de 1960 e começou a ser
47

comercializado no início da década de 1970. As figuras, mostradas a seguir,


ilustram desenhos esquemáticos de dois tipos de atomizadores eletrotérmicos em
diferentes planos no espaço.
A amostra é atomizada em um cilindro oco de grafite, denominado de forno
de grafite, com 1 a 5 cm de comprimento e 0,3 a 1,0 cm de diâmetro. Este cilindro
contém no seu interior uma plataforma, conhecida comumente como plataforma
de L’vov, onde é colocada a amostra. A plataforma de L’vov é colocada em uma
posição tal que o calor irradia das paredes do forno e a amostra é aquecida por
resistividade a uma temperatura uniforme. O forno de grafite possui uma janela de
quartzo para a passagem do feixe óptico.
O tubo é colocado em uma câmara através do qual flui uma lenta corrente
de argônio ou nitrogênio (gás de arraste), para evitar incineração do forno e
oxidação dos átomos atomizados, e para arrastar os gases desejados ou não-
desejados do centro do atomizador. Para evitar deterioração do forno, as vezes o
metano é misturado aos gases N2 e Ar de arraste.
O forno é colocado em uma câmara metálica por onde circula água de
refrigeração para permitir rápido retorno do forno a temperatura ambiente, após
cada amostra ter sido atomizada e o seu sinal analítico requerido ter sido
registrado.
As amostras líquidas ou em solução são introduzidas na plataforma de L’vov
usando uma seringa. As amostras sólidas podem ser pesadas em minúsculas
panelas (como as panelas usadas em termogravimetria) e depois colocadas na
plataforma de L’vov, ou podem ser adicionadas diretamente na plataforma usando
uma microespátula especial de cabo alongado. A tampa por onde são introduzidas
as amostras são removíveis.
48

Hoje em dia, o carbono grafite vem sendo substituído (ou revestido) pelo
carbono pirolítico, que elimina a perda de amostra devido à difusão através das
paredes porosas do carbono grafite e diminui a formação de carbetos. Outros
materiais de alto ponto de fusão, como W, Ta e Pt, têm sido também utilizados.

Programas de Temperatura dos Atomizadores Eletrotérmicos


O forno de grafite opera em três programas de temperatura para três
diferentes etapas de atomização:

1o) - Etapa de secagem ou evaporação do solvente, na qual a corrente do forno


é ajustada de modo a fornecer uma temperatura moderada para evaporar a
umidade ou o solvente (cerca de 110 oC para soluções aquosas);
2o) - Etapa de incineração, na qual a corrente do forno é aumentada a fim de
fornecer uma temperatura mais elevada (350 à 1200 oC) para incinerar matéria
orgânica e, quando necessário, evaporar compostos inorgânicos voláteis;
49

3o) - Etapa de atomização, na qual a corrente do forno é aumentada ainda mais


de modo a fornecer uma maior temperatura (2000 à 3000 oC) para atomizar a
amostra.
Algumas vezes uma quarta etapa de limpeza, envolvendo uma altíssima
corrente e temperatura do forno, é empregada após a atomização para remover
qualquer resíduo de amostra remanescente.
A temperatura do forno e a duração em cada etapa devem ser otimizadas
para cada tipo de átomo (analito) e para cada tipo e quantidade de amostra em
análise. Tipicamente, leva-se de 45 a 90 segundos para realizar as três etapas,
sendo 10 - 30s para a etapa de secagem, 30 a 60s para incineração e 3 a 10s
para atomização.
Nos instrumentos comerciais, a taxa de aquecimento do forno é acima de
1000 oC/s. Fornos de tungstênio têm permitido atingir taxas de aquecimento de
6000 oC/s.
Nos instrumentos mais modernos, os parâmetros do forno como, os
programas de temperatura, os fluxos dos gases, a refrigeração, etc., são
controlados por microcomputador.
O fluxo do gás inerte assegura que os componentes da matriz, vaporizados
durante a etapa de incineração, sejam rapidamente removidos do forno e que nada
seja depositado nas paredes do forno onde na subseqüente etapa de atomização
não possa ser produzido um grande sinal na linha de base.
Os sinais obtidos na espectrometria de absorção atômica com um
atomizador eletrotérmico apresentam-se na forma de picos e tanto a altura como a
área do pico podem ser utilizados para determinar a concentração do analito. A
figura a seguir mostra os sinais obtidos na calibração e na análise de uma
amostra.

Atomização Eletrotérmica Versus Atomização em Chama


50

As medidas de absorção atômica com atomização eletrotérmica apresentam


as seguintes vantagens com relação à chama:
- permite analisar pequeníssimos volumes de amostra (de 5 a 100μl de solução);
- permite analisar amostras sólidas sem pré-tratamento em muitos casos;
- fornece limites de detecção 100 a 1000 vezes maior para a maioria dos
elementos (limites de detecção absoluto de 10-8 a 10-13g);
- a temperatura pode ser programada para controlar as interferências químicas.
Por outro lado, as medidas são mais demoradas, os efeitos de matriz são
superiores e a precisão (5 - 10 %) é menor do que na chama (1 %).
Os baixos níveis de detecção da espectrometria absorção atômica com
atomizador eletrotérmico são atribuídos aos seguintes fatores:
- a totalidade da amostra é aproveitada;
- forma-se uma população de átomos muito maior em um pequeno volume (2 ml);
- baixa radiação de fundo.

ATOMIZAÇÃO POR GERAÇÃO DE HIDRETOS


A atomização em chama não permite determinar elementos como As e Se
em níveis de ppb. Todavia, em análise ambiental é de fundamental importância a
determinação desses elementos nesses níveis. A atomização por geração de
hidretos é uma técnica que permite alcançar estes níveis.
A técnica consiste em fazer reagir os elementos que formam hidretos como
As, Se, Sb, Bi, Ge, Sn, Te e Pb com o borohidreto de sódio (NaBH4) em meio
ácido.
Para As(III) a reação é dada por:
3⎡⎢⎣BH 4 ⎤⎥⎦ + 3H + + 4H3AsO3 → 3H3BO3 + 4AsH3 + 3H 2O
Uma outra reação pode ter lugar durante a formação do borohidreto dos
elementos:




BH 4 ⎤⎥⎦ + 3H 2O + H + → H3BO3 + 4H 2
Os hidretos do analito são produzidos em recipientes em separado e depois
são transportados usando um gás inerte em direção ao sistema de detecção. A
figura a seguir mostra um sistema em fluxo para atomização por geração de
hidretos.
O sistema possui uma bomba peristáltica que bombeia continuamente a
amostra (ou solução de limpeza), a solução de borohidreto de sódio e ácido
clorídrico para um dispositivo misturador.
As soluções são bombeadas para um loop onde ocorrem a mistura e reação.
O produto reacional vai para um separador gás-líquido onde o hidreto gasoso
produzido do elemento em análise é removido do líquido e depois é transportado
por um gás inerte, normalmente o nitrogênio, para a cela de absorção por onde
passa o feixe óptico.
51

A cela de absorção é adaptada ao queimador e é aquecida por uma


pequena chama de ar-acetileno. Durante o aquecimento os hidretos gasosos se
dissociam produzindo o elemento no estado gasoso (atomização).
A decomposição dos hidretos para formação do átomo envolve a formação
de radicais H que são produzidos quando o H2, que também se forma na reação
com o borohidreto, se choca com as paredes quentes da cela de absorção e a
reação desses radicais com os hidretos formados de acordo com a seguinte
reação genérica:
MH x + xH. → M + xH 2
O vapor atômico do analito produzido na cela de absorção é atravessado
pelo feixe óptico que vai em direção ao detector. O sinal de absorbância produzido
é um pico semelhante ao obtido na atomização eletrotérmica.
Entre os elementos que formam hidretos, mercúrio é único que pode ser
produzido diretamente em um ambiente frio, devido a sua alta pressão de vapor à
temperatura ambiente, na presença do excesso de borohidreto de sódio.
As vantagens da técnica de geração de hidretos são:
- os problemas de interferências de matriz são reduzidos, pois os átomos
do analito são retirados da matriz da amostra
- podem ser atingidos baixos limites de detecção (ng/ml ≡ ppb e pg/ml ≡
ppt)

MONOCROMADORES
A função primordial do monocromador consiste em isolar de outras raias, a
raia de ressonância do elemento de interesse (analito) emitida pela lâmpada. Na
absorção atômica, os monocromadores devem cobrir uma faixa espectral que
abranja, em um extremo, a raia analítica do arsênio (193,7 nm) e, no outro, a do
césio (852,1 nm).

TIPOS DE INSTRUMENTOS
Os instrumentos podem ser construídos segundo os modelos de feixe
simples ou de feixe duplo.

Espectrofotômetro de Feixe Simples


52

A figura a seguir mostra o diagrama ótico de um instrumento de feixe


simples.

Como se pode verificar na figura, ele consiste de uma lâmpada de catodo


oco, um interruptor (chopper), um atomizador, um monocromador (no caso acima
uma montagem Ebert) e um detector.
As análises são feitas da mesma maneira que no espectrofotômetro de
absorção molecular. O 0% de transmitância é obtido com o interruptor no caminho
ótico, o 100% é obtido com o branco na chama e o sinal de absorbância das
soluções-padrão e da amostra são obtidos com as soluções introduzidas na
chama. Em alguns instrumentos uma fonte de alimentação pulsada ou modulada
para a lâmpada é utilizada, o que dispensa a necessidade do interruptor.
Os espectrofotômetros de feixe simples estão sujeitos as flutuações da
emissão da fonte e da sensibilidade do detector. É preciso um certo tempo de
espera para a emissão tornar-se estável, devendo calibrar-se o instrumento
periodicamente, à medida que as amostras vão sendo analisadas. Estes
problemas têm sido contornados usando espectrofotômetros de duplo feixe.

Espectrofotômetro de Feixe Duplo


A figura a seguir mostra o diagrama ótico de um instrumento de feixe duplo.
Neste instrumento o feixe proveniente da lâmpada é desdobrado pelo
interruptor rotatório espelhado e transparente de forma semi-circular. Um feixe
passa pelo atomizador e o outro circunda o atomizador e ambos os feixes são
direcionados para um monocromador (no caso acima uma montagem Czerney-
Turner) usando um interruptor rotatório idêntico.
53

O sistema eletrônico mede a relação das intensidades dos dois feixes. As


flutuações da emissão da lâmpada e da sensibilidade do detector aparecem tanto
no numerador como no denominador e, desta forma, são canceladas. Assim, o
instrumento produz uma linha de base constante quase imediatamente com pouca
ou nenhuma espera para o aquecimento da lâmpada.

Espectrofotômetro de Feixe Duplo com Correção de Background Usando


Fonte Contínua
Para correção de background (absorção pela chama) utiliza-se uma lâmpada
de deutério que produz uma radiação contínua que passa, simultaneamente, pelos
mesmos dois caminhos do feixe de emissão da fonte, ou seja, um feixe passa pelo
atomizador e o outro o circunda.
A figura a seguir mostra o diagrama óptico de um instrumento de feixe duplo
com correção de background usando uma fonte contínua.
A absorbância corrigida do analito é dada por:
Acorrigida (analito) = ALCO - ALD

onde, ALCO é a absorbância total relacionada ao feixe da lâmpada de cátodo oco e


ALD é a absorbância total relacionada ao feixe da lâmpada de deutério. Uma vez
que
ALCO = ALCO(analito) + ALCO (chama) e ALD = ALD(analito) + ALD (chama),
tem-se que:
Acorr(analito) = [ALCO(analito) + ALCO (chama)] - [ALD(analito) + ALD (chama)]
Se ALCO (chama) = ALD (chama) e ALD(analito) ≅ 0 (porque o perfil de
absorção para o analito é muito estreito comparado com a banda passante da
fonte de radiação contínua), obtém-se finalmente que:

Acorr(analito) = ALCO(analito)
54

Apesar do sucesso do sistema de correção de background (ou fundo) com a


lâmpada de deutério, existem algumas limitações:
- o ambiente gasoso quente é altamente não-homogêneo de modo que erros
negativos ou positivos poderão ocorrer se ambos os feixes não estiverem
igualmente alinhados e se outros elementos, presentes na matriz da amostra,
absorverem radiações da larga banda passante da fonte contínua.

- não se podem fazer correções de fundo para radiações acima de 350nm devido à
fraca emissão da lâmpada de deutério acima desse comprimento de onda.
Correção de Background Baseada na Auto-Reversão de uma Lâmpada
Pulsada
Surgiu recentemente na literatura um sistema simples, barato e mais
vantajoso do que a correção de background com efeito Zeeman. Chamado de
correção de background de Smith-Hieftje, este sistema é baseado no fenômeno
da auto-reversão que é produzida quando uma alta corrente é fornecida a lâmpada
de catodo oco comum.
A lâmpada é alimentada por uma corrente pulsada em períodos de 9,7 ms
para corrente normal (6 a 20 mA) e de 0,3ms para uma alta corrente (100 a 500
mA). No período de corrente baixa mede-se a absorbância do analito mais a do
background e no período de alta corrente é medida uma pequena absorbância do
analito (desprezível) mais a absorbância do background, conforme ilustrado na
figura mostrada a seguir. A diferença entre as duas medidas é a absorbância que é
registrada pelo instrumento. Se a absorção de background é constante nos dois
períodos, tem-se que a diferença de absorbância registrada pelo instrumento é
devido a apenas ao elemento. Para uma melhor constância, essa diferença pode
ser medida por vários ciclos e seu valor médio é a diferença registrada.
55

Este sistema dispensa a utilização de componentes óticos extra, como fonte


de deutério, chopper ou o polarizador que reduz a intensidade da lâmpada de
catodo oco. Ele pode ser usada com qualquer atomizador com exata correção de
background.
As desvantagens desse sistema são a mais baixa sensibilidade e o mais
baixo limite de detecção do que os sistemas que não utilizam correção de
background, devido o menor sinal registrado (a diferença de absorbância).
ANÁLISE QUALITATIVA POR ABSORÇÃO ATÔMICA
Não é uma técnica muito conveniente para fazer a identificação das várias
espécies em solução de uma amostra, uma vez que para detectar cada uma delas
seria necessária uma lâmpada específica para cada espécie a ser identificada. É
uma técnica apropriada para análise quantitativa.
ANÁLISE QUANTITATIVA POR ABSORÇÃO ATÔMICA
Permite determinar cerca de 60-70 elementos com uma precisão de ±1% ou
melhor. A maioria dos instrumentos opera nas regiões visível e ultravioleta até
190,0 nm. Desta forma, são excluídos os gases raros, os halogênios, C, H, N, S e
P cujas raias de ressonância se situam bastante abaixo de 200nm.

INTERFERÊNCIAS
É uma técnica virtualmente livre de interferências espectrais. Em casos
pouco freqüentes, espécies moleculares estáveis na chama podem absorver a
radiação da lâmpada. Por exemplo, o CaO absorve fortemente a linha de
ressonância do Bário. Este efeito desaparece em uma chama N2O – C2H2.
56

MÉTODOS DE AVALIAÇÃO
As análises quantitativas por absorção atômica envolvem dois tipos de
métodos de avaliação:

♦ o método da curva analítica;


♦ e para amostras complexas utiliza-se o método por adições de padrão.

ABSORÇÃO ATÔMICA VERSUS EMISSÃO ATÔMICA


De uma maneira geral, os dois métodos se completam em termos de
qualidade, embora a absorção apresente algumas vantagens sobre a emissão
atômica:
♦ o número de átomos no estado fundamental é muito maior que o
número de átomos excitados, o que dá uma maior sensibilidade;
♦ o efeito da variação da temperatura sobre o número de átomos no
estado fundamental não é tão crítico;
♦ o monocromador não necessita apresentar uma alta resolução;
♦ interferência espectral é mínima.

As desvantagens da absorção atômica são:


♦ a necessidade de uma lâmpada de catodo oco para análise de um
elemento;
♦ a emissão atômica é melhor para analisar metais alcalinos, alcalinos
terrosos, terras raras, Ga, In e Tl, etc;
♦ não permite fazer análise multicomponente simultânea.

ESPECTROMETRIA DE FLUORESCÊNCIA ATÔMICA


Nesta técnica a solução da amostra é atomizada em uma chama ou um
forno de grafite, e os átomos são, então, excitados mediante passagem da
radiação de ressonância (ou contínua); mede-se, porém, a potência da
fluorescência emitida pelos átomos excitados.
Para baixa concentração atômica (C), a potência de fluorescência é
diretamente proporcional à concentração.
P = PoKC

onde, Po é potência do feixe incidente e K é um coeficiente de proporcionalidade


que depende da eficiência quântica, da absorvidade molar e do percurso ótico.
Para uma potência incidente constante tem-se que:
P = K’C

INSTRUMENTAÇÃO
O espectrofotômetro de fluoresdência atômica nada mais é que um
espectrofotômetro de absorção atômica onde se mede a fluorescência atômica em
um ângulo de 90o com o feixe de excitação.
57

A figura a seguir mostra um diagrama do sistema básico de um


espectrofotômetro de fluorescência atômica.

FONTES DE EXCITAÇÃO
Como a potência de fluorescência é função da intensidade da radiação
excitadora, é desejável que as fontes sejam de alta intensidade.
As lâmpadas de cátodo oco comuns são de baixa intensidade, todavia as
que usam eletrodos auxiliares emitem uma radiação mais intensa, mas não são
comercialmente disponíveis para muitos elementos.
As lâmpadas de descarga sem eletrodos são mais usadas em virtude da alta
intensidade das raias emitidas, todavia as lâmpadas de arco de xenônio são fontes
intensas que oferecem a vantagem de operação com uma única fonte.

CONSIDERAÇÕES ANALÍTICAS
Por ser a fluorescência atômica uma função da fonte de excitação, ela é
capaz de uma maior sensibilidade do que a espectroscopia de absorção atômica.
58

Ela é mais apropriada para análise multielementar com canais múltiplos, o


que é difícil na absorção atômica devido o alinhamento das várias fontes
individuais.
59

ESPECTROMETRIA DE ABSORÇÃO MOLECULAR UV-Vis

Considerações Gerais
A espectroscopia de absorção UV-Vis utiliza radiação eletromagnética cujos
comprimentos (λ) se encontram na faixa de 200 a 780 nm. Quando estimulada
com esse tipo radiação, a molécula do composto pode sofrer transições eletrônicas
por ocasião da absorção de energia quantizada. O registro gráfico da resposta do
sistema ao estímulo denomina-se espectro eletrônico de absorção.
A absorção de energia UV-Vis produz modificação na estrutura eletrônica da
molécula em conseqüência de transições eletrônicas envolvendo geralmente
elétrons π e n (não ligantes) envolvidos em ligações. Isto requer que a molécula
contenha pelos menos um grupo funcional insaturado (C=C, C=O, por exemplo)
para fornecer os orbitais moleculares π e n. Tal centro de absorção é chamado
cromóforo, sendo responsável principalmente pelas transições π → π* e
n → π* . Estas resultam da absorção de radiações eletromagnéticas que se
enquadram em uma região espectral experimentalmente conveniente, ao contrário
das transições n → σ* e σ → σ* que requerem geralmente radiações mais
energéticas (λ < 200 nm).
As bandas de absorção podem ser caracterizadas por dois parâmetros
fundamentais: a posição e a intensidade. A posição corresponde normalmente ao
“λ” da radiação eletromagnética responsável pela transição eletrônica, enquanto a
intensidade depende, entre outros fatores, da energia dos orbitais moleculares e
probabilidade de transição.
É importante ressaltar que a energia necessária para as transições
eletrônicas envolvendo a absorção de radiação UV-Vis depende primariamente do
tipo de ligação (ou seja, da presença de cromóforo) e, por último, da estrutura
molecular. Todavia, é possível ocorrerem mudanças significativas na posição e
intensidade das bandas em decorrência de, por exemplo, uma conjugação entre
ligações duplas ou quando o cromóforo C=C encontra-se conjugado com um grupo
C=O na estrutura da molécula e vice-versa.
Os espectros de absorção UV-Vis apresentam geralmente bandas largas
resultantes da sobreposição dos sinais provenientes de transições vibracionais e
rotacionais ao(s) sinal(ais) associado(s) à(s) transição(ões) eletrônica(s).
Adicionalmente, quando os espectros são obtidos com a amostra em fase
condensada a estrutura espectral fina é removida dando lugar a bandas com perfil
liso, tornando os espectros carentes de detalhes e com baixa resolução.
Observam-se também alterações tanto na posição como na intensidade das
bandas originadas de interações entre suas moléculas e as do solvente. De fato,
um aumento na polaridade do solvente promove usualmente deslocamentos da
banda para comprimentos de onda maiores (efeito batocrómico) se a transição
associada é do tipo π → π *. Contudo, um deslocamento contrário (efeito
hipsocrômico) é observado quando o cromóforo sofre uma transição do tipo
n → π devido ao aumento da energia entre os dois orbitais moleculares
*

envolvidos Efeitos envolvendo um aumento (hipercrômico) ou uma diminuição


(efeito hipocrômico) na intensidade da banda de absorção também podem ser
observados como resultado dessas interações.
60

A absorção molecular constitui um dos mais amplos caminhos usados pelos


químicos analíticos para determinação de espécies moleculares em solução. A
grande maioria dos elementos da tabela periódica pode ser determinada usando
uma técnica apropriada de absorção molecular.

Fundamentos teóricos
A energia associada às bandas normalmente observadas nos espectros UV-
Vis de uma molécula poliatômica compreende:
Emolécula = Eeletrônica + Evibracional + Erotacional

onde a:
♦ energia eletrônica ⇒ associada à distribuição dos elétrons em torno dos
núcleos
atômicos
♦ energia vibracional ⇒ relaciona-se com a vibração dos átomos ou grupos de
átomos em torno das posições de equilíbrio nas
ligações
♦ energia rotacional ⇒ encontra-se associada à rotação da molécula em torno do
seu centro de gravidade
As três formas de energia são quantizadas como se pode observar no
diagrama da figura abaixo:
61

Diagrama esquemático de energias de uma molécula diatômica com


indicação das transições: ΔE = eletônica, ΔJ = rotacional pura e ΔV = vibracional-rotacional.
Nota-se na figura no diagrama da figura anterior que a diferença entre os
níveis de energia seguem a ordem:

ΔEeletrônica > ΔEvibracional > ΔErotacional


Por quê? A resposta encontra-se na Mecânica quântica!!!

De fato, a Mecânica Quântica mostra que:

Quanto maior o grau de confinamento da partícula. maior as restrição para o


seu movimento. Assim, maior será o grau de quantização de suas energias.

O movimento eletrônico nos orbitais é mais restrito que o vibracional, o qual


por sua vez é mais restrito que o rotacional. Logo, os níveis de energia eletrônica
são mais espaçados e os níveis rotacionais os menos espaçados entre si.

Origem dos Espectros de Absorção Molecular UV-Vis


O processo de absorção é essencialmente o mesmo para espécies
orgânicas e inorgâncas, porém existem as algumas peculiaridades em cada classe
discutidas a seguir.
Os elétrons que contribuem para a absorção UV-VIS das espécies
moleculares orgânicas são :

♦ Os elétrons que participam da formação de ligações entre átomos


(os elétrons σ e π)

♦ Os elétrons externos dos átomos que não participam da ligação, ou


seja, os elétrons não-ligantes, n

ABSORÇÃO POR COMPOSTOS ORGÂNICOS


São possíveis quatro tipos de transições eletrônicas nos compostos
orgânicos:
♦ transição σ → σ*

♦ transição n → σ*

♦ transição n → π*

♦ transição π → π*

A figura a segir mostra os níveis energéticos dos orbitais moleculares e os


tipos de transições que ocorrem nos referidos compostos.
62

Transições σ → σ*. Ocorrem nos hidrocarbonetos que possuem apenas ligações


σ e elétrons ligantes. Ex.: Propano ( λmáx 135 ηm).
Transições n → σ:. Compostos orgânicos saturados contendo átomos com
elétrons não-ligantes. Ex. cloreto de metila (λmáx = 173 ηm) e o metanol (λmáx. =
183 ηm).
Transições n → π* e π → π*. São as transições mais importantes para
espectroscopia UV-VIS dos compostos orgânicos, sendo que:
• n → π* ⇒ compostos contendo orbitais π e heteroátomo
com elétrons não-ligados para fornecer os orbitais
n (εmáx = 5 a 100 l.cm-1.mol-1);lkl
• π → π* ⇒ compostos contendo grupo funcional não-saturado
(εmáx 100 a 1000 vezes maior)
É importante definir agora alguns termos importantes na discussão dos
espectros eletrônicos.
Cromóforos
São grupos insaturados covalentes responsáveis pela absorção eletrônica
(ex. C=C, C=O, NO2, etc)
⇒ Deslocamentos Batocrômico e Hipsocrômico
• batocrômico ⇒ bandas de absorção π → π* deslocam-se para λmáx.
maior;
63

• hipsocrômico ⇒ deslocamento das bandas de absorção


(n → π*) para λmáx. mais curto;
⇒ Efeitos Hipercrômico e Hipocrômico
• Efeito hipercrômico ⇒ aumento da intensidade da absorção;
• Efeito hipocrômico ⇒ diminuição da intensidade da absorção.

⇒ AUXOCRÔMICOS
Grupos saturados que, quando ligados a um cromóforo, modificam o
comprimento e a intensidade da absorção. Ex.: OH, NH2, Cl, etc).
Este efeito pode ser verificado quando tais grupos substituem átomos de
hidrogênio no anel benzênico conforme mostra a tabela abaixo:

CROMÓFORO GRUPO AUXOCROMO SOLVENTE λmáx. (ηm) ε


Benzeno -H Ciclohexano 204 7900
Tolueno -CH3 Ciclohexano 207 7000
Clorobenzeno -Cl Etanol 210 7600
Fenol -OH Água 211 6200
Anilina -NH2 Água 230 8600
Tiofenol -SH Hexano 236 103

Absorção por multicromóforos não conjugados e conjugados


• Não conjugados ⇒ cromóforos separados por mais de uma ligação
simples. Ex. CH2=CHCH2CH2CH=CH2 (λmáx em 185 ηm e
εmax = 20000)
• Conjugados ⇒ Cromóforos se acham separados por uma ligação
simples. Ex. H2C=CH–CH=CH2 (λmáx. em 217 nm e εmax =
21000)

Absorção por sistemas aromáticos


• Sistemas aromáticos ⇒ espectro com três bandas originadas das
transições π → π*.
Ex. benzeno: uma banda forte em 184 ηm (εmax = 60000) e duas mais
fracas, uma em 204 ηm (εmax = 7900) e outra em 256 ηm (εmax = 200).

Absorção por espécies inorgânicas


Os compostos inorgânicos dos elementos do bloco s e p apresentem
bandas de absorção na região UV relacionados a transições n → π*.
Ex.: nitrato (λmáx=313ηm), carbonato (λmáx =217ηm), etc.

Absorção por complexos de transferência de carga


Muitos complexos devem sua capacidade absorvente a um processo de
transferência de carga. Nos complexos de transferência de carga, um dos
componentes deve ter a propriedade de doador de elétron e o outro de receptor. A
absorção se acha relacionada com a transição de um elétron do doador a um
64

orbital de maior energia do receptor. Assim, o estado excitado é o produto de um


espécie de oxi-redução interna.
A título de exemplo, consideres os complexos abaixo:

[I3]- Iodo molecular (I2) com Iodeto (I-)

[Fe(SCN)6]3- Ferro(III) com Tiocianato (SCN-)

[Fe(CN)6]3- Ferro(III) com Cianeto (CN-) → Azul da Prússia

[Fe(fen)3]2+ Ferro(II) com 1,10 - Fenantrolina

No complexo [Fe(SCN)6]3-, por exemplo, a absorção se relaciona com a


transição de um elétron do íon Tiocianato a um orbital do íon Fe(III). Assim, o
complexo resultante é uma espécie excitada com predominância de Fe(II) e o
radical SCN. O elétron retorna a seu estado original após um breve período.
A maioria dos complexos que apresenta bandas de transferência de carga
associadas a um íon metálico que atua com aceptor de elétrons. Uma exceção é o
complexo de ferro(II) com o-fenantrolina, onde o ligante é o aceptor e íon metálico
é o doador. Alguns complexos orgânicos também podem exibir fortes bandas por
transferência de carga como, por exemplo, os complexos de I2 com aminas.
A absorção por transferência de carga se caracteriza por absortividades
molares muita altas para os máximos de absorção (εmáx. > 10.000).

Absorção por compostos de metais de transição “d”


De acordo com as teorias do campo cristalino e do campo ligante, os
orbitais d quebram a degenerescência quando formam complexos (veja a figura a
seguir).
O valor da diferença de energias dos orbitais “d”, Δ, depende da:

♦ natureza dos ligantes (tamanho, forma, etc)

♦ sua interação com o íon metálico.

Com base no estudo do espectro de absorção foi possível colocar alguns


ligantes em uma ordem crescente de valores de Δ, ou seja:

I-<Br-<Cl-<F-<OH-<H2O<SCN-<NH3<etilenodiamina<o-fenantrolina<NO2-<CN-

Como os valores de Δ estão aumentando na ordem acima, os valores λmáx


de um complexo com CN- (exemplo, [Fe(CN)6]≡) aparecem em um λmáx menor do
que de um complexo com Cl- (exemplo, [Fe(Cl)6]≡).
65

Absorção por compostos de metais de transição “f”


Os espectros consistem de bandas estreitas e bem definidas, como se pode
observar na figura abaixo.
66

A natureza dos espectros acima pode ser explicada considerando que as


transições eletrônicas elétrons de orbitais 4f ou 5f. Estes orbitais internos são
muito protegidos de influências externas pelos elétrons de orbitais elétrons d (mais
externos). Como resultado, são produzidas bandas de absorção estreitas e pouco
afetadas pela natureza das espécies ligantes.

APROVEITAMENTO ANALÍTICO
Análise Qualitativa
Baseia-se na inspeção e caracterização dos detalhes do espectro de
absorção, envolvendo pontos de máximos, mínimos e inflexão. Todavia, essa
aplicação é bastante limitada devido às bandas de absorção nessas regiões
serem, geralmente, muito alargadas e carentes de detalhes.

Apresentação dos Espectros de Absorção


Espectro ⇒ gráfico de intensidades de absorção versus comprimentos de
onda (freqüências). Nos comprimentos de onda são lançados na abscissa e na
ordenada:
• a transmitância;
• a absorbância;
• o logarítmo da absorbância;
• o logarítmo da absortividade.

Na análise quantitativa, usa-se comumente o gráfico das absorbâncias


versus o comprimento de onda, conforme mostra a figura abaixo:
67

Para facilitar a comparação entre espectros na análise qualitativa,


recomenda-se tomar o log ε x λ (figura a seguir).

Podemos destacar as seguintes características dos espectros (a) e (b):


♦ o espectro (a) assemelha-se bastante ao do composto (b) que tem
estruturas mais complexas, ao contrário do que ocorreria se
comparássemos os espectros de IV, RMN dos compostos (a) e (b).
♦ ambos os espectros apresentam bandas muito alargadas e carentes de
detalhes.
Embora a espectroscopia UV-VIS seja limitada para fins de análise
qualitativa, ela pode ser útil para detectar a presença de grupos funcionais.
68

ESPECTROS DERIVATIVOS
Os espectros são obtidos por plotar a primeira (dA/dλ ) ou a segunda
derivada (d2A/dλ2 ) da absorbância com relação os comprimentos de onda.
A figura abaixo mostra um espectro normal (A x λ) e os espectros derivativos
(dA/dλ x λ e d2A/dλ2 x λ) da albumina bovina na região UV.

INFLUÊNCIA DO SOLVENTE NO ESPECTRO


Os solventes empregados no estudo do espectro de absorção devem ser
escolhidos do ponto de vista de sua TRANSPARÊNCIA e possíveis INTERAÇÕES
com as espécies absorventes. Na tabela seguinte indicam-se alguns solventes
mais usuais e o comprimento de onda abaixo do qual não podem ser usados.

SOLVENTE λmín. que pode ser SOLVENTE λmín. que pode ser
usado usado
Água 180 ηm Benzeno 285 ηm
Metanol 210 ηm Tolueno 285 ηm
Etanol 220 ηm Hexano 200 ηm
i - Propanol 210 ηm Ciclohexano 200 ηm
Butanol 210 ηm ClCH2CH2Cl 235 ηm
Acetona 330 ηm Diclorometano 253 ηm
Clorofórmio 245 ηm Nitrometano 380 ηm
CCl4 260 ηm Éter Etílico 210 ηm
CS2 300 ηm Acetonitrila 210 ηm
Dioxano 320 ηm Piridina 305 ηm
DMF 270 ηm CH3COOH 270 ηm
69

Análise Quantitativa
A espectrofotometria de absorção UV-VIS é uma ferramenta muito útil para
análise quantitativa. As aplicações são numerosas e cobrem os mais variados
tipos de materiais. Estima-se, por exemplo, que 95% das análises quantitativas no
campo da saúde (3 milhões por dia) são realizadas usando essa técnica
instrumental. Estima-se que quase todos os elementos da tabela periódica podem
ser determinados por essa técnica usando uma metodologia adequada.
Muitas espécies orgânicas e inorgânicas são absorventes e, portanto,
susceptíveis de determinação direta. As espécies que não são absorventes podem
ser quantificadas após conversão em espécies absorventes por reagentes
apropriados.
Para espécies inorgânicas são particularmente importantes os reagentes
quelantes que formam complexos corados, estáveis com cátions metálicos.
Muitas espécies absorventes apresentam absortividades molares de 10.000
a 40.000 L.cm-1.mol-1, tornando comum a determinação de concentrações na faixa
de 10-4 a 10-5 mol L-1, podendo muitas vezes ser estendida, com técnicas
apropriadas, até 10-6 ou mesmo 10-7 mol L-1.
Os métodos espectrofotométricos quantitativos estão sujeitos a erros
relativos de 1 a 3% e possuem seletividade desde moderada a elevada. Todavia,
esta seletividade está condicionada a vários fatores experimentais tais como:
- escolha do instrumento adequado;
- especificidade dos reagentes;
- escolha adequada do comprimento de onda para a medida da absorbância.

A LEI FUNDAMENTAL DA ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃO UV-Vis


Os métodos espectrofotométricos são baseados nas medidas da
transmitância ou absorbância de uma radiação monocromática que atravessa
uma solução contendo uma espécie absorvente e a relação entre estas medidas
e a concentração da espécie absorvente.
A relação matemática entre a transmitância ou absorbância e a
concentração é conhecida como Lei de Lambert - Beer ou simplesmente Lei de
Beer.

Transmitância - T
Quando um feixe de radiação monocromática atravessa uma solução que
contém uma espécie absorvente, uma parte da energia radiante é absorvida e a
outra é transmitida.
A razão da potência radiante do feixe transmitido, P, pela potência radiante
do feixe incidente, Po, é conhecida como transmitância, T. Assim:

T = P/Po

É também, usual expressar a transmitância percentualmente:


P
%T = ⎯⎯ x 100
70

Po
Absorbância - A.
É o logaritmo decimal do inverso da transmitância.
A = log(1/T) = -log(T) = log(Po/P)
LEI DE BEER
A lei de Beer estabelece uma relação entre a absorbância ou transmitância
com a concentração de uma espécie absorvente quando um feixe de radiação
monocromática atravessa um recipiente (não absorvente) contendo a espécie
absorvente. A expressão matemática é:
A = log(1/T) = -log(T) = abC
onde a é uma constante denominada de absortividade (quando a concentração C
é dada em gramas por litro) e b é o comprimento do percurso ótico da REM.
Quando a concentração for expressa em mols por litro, a absortividade é
denominada de absortividade molar ε.e a lei de Beer é escrita como:
A=εbC
A absortividade molar é uma parâmetro característico de uma espécie
absorvente em um meio, a um determinado λ. É expressa em L • mol-1 • cm-1.
A sensibilidade de um método espectrofotométrico (ou fotométrico) é
governada pela absortividade molar da espécie absorvente. Nos valores tabelados
especifica-se o λ e o meio onde se encontra a espécie absorvente.
Na realidade a absortividade molar, ε, depende do(a):
• estrutura eletrônica da molécula absorvente, ou seja, dos tipos de
transições possíveis (σ → σ*, π → π*, etc) que ela pode sofrer.
• probabilidade de transição;
• comprimento de onda da radiação incidente (λ);
• natureza solvente;
• índice de refração do meio (ni).

Relação entre Transmitância, Absorbância e Concentração.


A lei de Beer pode ser expressa simplesmente como:
“ A absorbância de uma espécie absorvente, em um determinado meio,
com percurso ótico e comprimento de onda fixos, varia linearmente com a
concentração da espécie absorvente (A=εbc), ou a transmitância, nas mesmas
condições, varia exponencialmente com a concentração da espécie
absorvente (T = 10-εbc)”.
As figuras a seguir mostram os gráficos destas relações:
71

A relação linear entre absorbância e concentração faz com que os


instrumentos sejam calibrados em valores da absorbância, embora eles meçam
na realidade a radiação transmitida.

Escalas de Absorbância e Transmitância.


⇒ Por causa da escala ser uniforme (divisões igualmente espaçadas), como
mostra a figura abaixo, os instrumentos com mostradores analógicos
apresentam medidas em transmitância.

ESCALA DE TRANSMITÂNCIA

ESCALA DE ABSORBÂNCIA
Os instrumentos mais modernos são digitais com medidas diretas em
absorbância.

DESVIOS DA LEI DE BEER


As medidas de absorbância em sistemas químicos reais não conduzem
a uma completa linearidade sobre todos as faixas de concentração, pois podem
ocorrer desvios conforme mostra a figura a seguir:
72

No desvio positivo o valor da absorbância medida é maior do que o valor esperado


pelo aumento da concentração, enquanto no desvio negativo o valor é menor.

DESVIOS REAIS, QUÍMICOS E INSTRUMENTAIS


Estes desvios podem ocorrer por problemas decorrentes:
♦ da limitação na derivação da Lei de Beer, desvios reais.
♦ ou por problemas relacionados com a natureza do sistema químico
envolvido, desvios químicos,
♦ ou ainda por limitações do instrumento usado, desvios instrumentais.
DESVIOS REAIS
À medida que se aumenta a concentração da espécie absorvente, dois
fatores que limitam a Lei de Beer podem acarretar desvio da linearidade:
♦ Interações entre Centros Absorventes.
♦ Variação do Índice de Refração.

Interações entre Centros Absorventes


A derivação da Lei de Beer pressupõe que os centros absorventes atuam
independentemente uns dos outros, isto é, que eles não manifestam interações
recíprocas ou com outros íons ou moléculas presentes. A rigor, a lei se aplica a
soluções diluídas (concentração menor que 10-2 mol/L).
Para soluções mais concentradas, a distância média entre os centros
absorventes diminui a tal ponto que as interações entre eles afetam a energia
necessária para a excitação, alterando a capacidade absorvente e ocasionando
um desvio da linearidade.

Variação do Índice de Refração.


Quando variações da concentração afetam o índice de refração, observa-se
desvio da Lei de Beer, pois a absortividade molar depende do índice de refração.
⎡ η ⎤ OBS: Para concentrações menores que
ε = ε' ⎢ ⎥, 10-2 mol/L, η é praticamente constante.
( )
⎢⎣ η2 + 2 2 ⎥⎦

Desvios Instrumentais
São desvios que estão relacionados com os limites dos instrumentos usados
na medida da absorbância. Dentre as principais limitações temos:

♦ a largura do feixe de radiação;


♦ a não-linearidade do detector;
♦ a instabilidade da fonte.

Nos instrumentos de melhor qualidade, estas deficiências têm sido


amplamente resolvidas. Todavia merece uma atenção particular o problema
relacionado a largura do feixe de radiação.

LEI DE BEER E LARGURA DO FEIXE DE RADIAÇÃO


73

A Lei de Beer é derivada supondo um feixe de radiação monocromática.


Como nos instrumentos de menor qualidade os feixes apresentam faixas de
comprimento de onda, isto pode causar desvios.
Uma ilustração deste fato é mostrada nas figuras a seguir:
Na faixa A, ε não varia significativamente e o desvio é desprezível (curva A).
Na faixa B tem-se uma variação considerável de ε, que determina um desvio
apreciável (curva B).

Quanto maior a inclinação da curva de absorbância - comprimento de onda,


na faixa considerada, maior será o desvio da linearidade. É de se esperar que o
desvio se manifestará tanto mais facilmente quanto mais larga a faixa de
comprimento de onda. Assim, quanto mais estreita a largura do feixe (mais
monocromático o feixe), maior será a linearidade obtida pelo instrumento.

DESVIOS QUÍMICOS
Ocorrem quando o sistema em análise compreende um equilíbrio facilmente
afetado pela variação da concentração de um componente do equilíbrio químico. A
lei de Beer estabelece que a absorbância é diretamente proporcional à
concentração REAL da espécie absorvente, mas não necessariamente à
concentração ANALÍTICA de um componente.
Exemplo: Equilíbrio dicromato-cromato.
Cr2O7= + H2O ⇔ 2H+ + 2CrO4=
↑ ↑
λmax = 350ηm λmax = 375ηm
Este equilíbrio é afetado pela concentração de íons H+ (pH), com Cr2O7=
predominando em solução ácida e CrO4= em solução básica. Em soluções
tamponadas, o equilíbrio é deslocado na direção de Cr2O7= em tampão ácido ou na
direção de CrO4= em tampão básico. Nestes casos, a relação de concentração de
Cr(VI) como Cr2O7= ou como CrO4= não é afetada por diluição. Em soluções não-
tamponadas a concentração de H+ varia com a diluição, deslocando o equilíbrio e
variando a relação de Cr(VI) como Cr2O7=ou CrO4=. Variações da absorbância com
as concentrações de Cr(VI) como Cr2O7= e como CrO4=, nos seus comprimentos
de onda de absorção, em soluções tamponadas (linhas tracejadas) e não-
tamponadas (linhas cheias) são mostradas nas figuras a seguir.
74

Observa-se desvios da linearidade quando as soluções não são


tamponadas. Poderia-se observar uma relação linear para as soluções não-
tamponadas, se as medidas fossem realizadas no ponto ISOABSORTIVO ou
ISOSBÉSTICO do par Cr2O7= - CrO4= (εdicromato = εcromato) confome mostra a figura
abaixo.

MEDIDAS DE ABSORBÂNCIAS
As medidas de absorbância são realizadas em recipientes transparentes (de
vidro ou quartzo) denominados de cubetas. Algumas observações devem ser
levadas em conta, pois a equação A = log(Po/P) = εbC não é diretamente
aplicável, tendo em vista que as quantidades Po e P não podem ser facilmente
medidas por problemas conforme procura ilustrar a figura abaixo:
75

Além da desejada absorção parcial da energia radiante pela espécie


absorvente na solução, ocorrem interações inevitáveis entre a radiação e as
paredes do recipiente, com perdas de potência em cada interface, como resultado
da reflexão ou mesmo absorção pelas paredes. Na região ultravioleta não se
pode efetuar medidas com cubetas de vidro e sim de quartzo, pois o vidro absorve
intensamente a radiação U.V.
Um outro problema que ocorre durante a passagem da radiação através da
solução é a perda por espalhamento provocada por grandes partículas em
solução. Para evitar este problema, as soluções devem ser límpidas,
transparentes e não coloidais. Devido a esses fenômenos a perda de potência
pode chegar a mais de 10% mesmo em cubetas e solventes considerados
transparentes.
Uma maneira de se corrigir os efeitos de interação da radiação com o
recipiente consiste em comparar a potência do feixe transmitido através da solução
em estudo, com a potência de um feixe que atravessa uma idêntica cubeta,
contendo apenas o solvente (correção com o branco).

INSTRUMENTAÇÃO PARA MEDIDAS DA ABSORÇÃO UV-VIS


Componentes Básicos
⇒ Os instrumentos para medir transmitância ou absorbância envolvem alguns
componentes básicos, quais sejam:
♦ Uma fonte de radiação contínua;
♦ Um dispositivo para separar (“monocromar”) as radiações contínuas;
♦ Um recipiente para amostra;
♦ Um detector para converter a energia radiante em sinal elétrico;
♦ Um mostrador ou registrador para apresentar o sinal elétrico.

Fontes de Radiação
Estes dispositivos devem preencher certos requisitos:
1º) A fonte deve gerar radiação contínua
2º) A fonte deve fornecer um feixe com potência radiante
suficiente para permitir uma fácil detecção;
3º) A fonte deve ser convenientemente estável de modo que
a potência radiante do feixe permaneça constante
durante as medidas de P0 e P.

Nos instrumentos de feixe simples, a estabilidade da fonte é essencial para


a reprodutibilidade das medidas, porém nos instrumentos de feixe duplo, em que
P0 e P são medidos simultaneamente, a estabilidade da fonte não é crítica.
Tipos de Fontes de Radiação Visível
A fonte usual é uma lâmpada com filamento de tungstênio. A maioria da
energia emitida se concentra no I.V, todavia, a lâmpada é usada para região
entre 320 e 2.400 ηm (visível e IV próximo). A temperatura do filamento varia
entre 2000 a 3000K. Utiliza-se normalmente invólucro de vidro. Para a lâmpada
76

produzir radiação estável, é necessário um rigoroso controle da sua fonte de


alimentação através de circuitos reguladores.

Lâmpada de Tungstênio-Iodo
Ela é uma lâmpada de tungstênio comum, contendo, em vez de vácuo, o
iodo sublimado. O iodo reage com o tungstênio sublimado formando WI2, que ao
se difundir, colide com o filamento quente, decompondo-se com reposição do
metal sobre o filamento. Este ciclo químico interno confere à lâmpada uma vida útil
duas vezes maior do que a de uma lâmpada comum. Com um invólucro de quartzo
esta lâmpada pode operar de 200 a 3000ηm.
Fontes de Radiação UV
As mais usadas são as lâmpadas de descarga de hidrogênio ou deutério
com janelas de quartzo. Quando se submete o gás hidrogênio ou deutério a uma
descarga elétrica, produz-se um espectro contínuo na região UV, cobrindo a faixa
de 180ηm, limite de transmissão do quartzo, até 380ηm. Acima de 380ηm a
radiação deixa de ser contínua (série de Lyman, Balmer, Paschen, etc).
As lâmpadas de hidrogênio e de deutério cobrem a mesma faixa espectral,
mas a potência radiante da lâmpada de deutério é maior. Espectrofotômetros que
operam nas regiões UV e VISÍVEL freqüentemente requerem duas fontes:
♦ Uma lâmpada de hidrogênio ou deutério para região UV (180 a
350ηm);
♦ Uma de tungstênio para a região visível (350 a 800ηm).

Dispositivos para Separar ou Resolver as Radiações UV-VIS (Seleção dos λ)


As radiações dentro do espectro contínuo podem ser separadas utilizando:
♦ filtros óticos, cujo uso se restringe, praticamente, à região visível;
♦ monocromadores à base de prismas ou redes de difração, que
podem cobrir as regiões U.V. e visível.

Filtros Óticos
São dispositivos que selecionam uma faixa espectral relativamente estreita
da radiação contínua. As características de desempenho dos filtros, obtidas dos
seus espectros de transmitância, são descritas em termos de:
♦ comprimento de onda nominal - aquele correspondente à
transmitância máxima do filtro;
♦ largura efetiva da banda – representa a faixa de comprimentos de
onda em cujos extremos a transmitância do filtro cai à metade de seu
valor máximo (largura à meia altura).
Na figura abaixo, são mostradas as duas características descritas:
77

Existem dois tipos de filtros óticos:

♦filtro de absorção - são filtros que isolam uma certa banda espectral
absorvendo preferencialmente radiações dos demais comprimentos de onda. Eles
possuem larguras efetivas de 30 a 50ηm e transmitância máximas que variam de 5
a 30 %;
♦filtro de interferência - o princípio destes filtros está baseado na interferência
construtiva e destrutiva que ocorre durante a passagem de um feixe policromático
pelo filtro. Os filtros de interferência permitem isolar bandas com larguras efetivas
de 10 a 20ηm e transmitâncias máximas de 35 a 75 %.
Portanto, pode-se observar que as características espectrais dos filtros de
absorção são inferiores às dos filtros de interferência. De fato, os filtros de
interferência possuem maior transmitância máxima e menor largura efetiva de
banda.

Monocromadores
Os monocromadores servem para separar uma radiação policromática em
linhas ou bandas espectrais muito estreitas.
O sistema monocromador consiste nos seguintes componentes básicos:
♦ Uma Fenda de Entrada, que recebe a radiação contínua da fonte e
fornece uma estreita imagem ótica;
♦ Uma Lente Colimadora, que torna paralelos os raios propagados
através da fenda de entrada;
♦ Um Elemento de Dispersão (prisma ou rede de difração), que
desdobra a radiação contínua;
♦ Uma Lente de Focagem, para focalizar a radiação desdobrada em
uma fenda de saída;
♦ Uma Fenda de Saída, que isola a linha ou banda espectral de
interesse.

Monocromador à Base de Prisma


⇒ A figura a seguir representa, esquematicamente, um monocromador à base
de prisma, mostrando os cinco (5) componentes básicos. A banda espectral
78

desejada é isolada pela fenda de saída mediante conveniente rotação do


prisma.

Monocromador de Bunsen

Monocromador à Base de Rede de Difração

Redes de Difração
A rede de difração é um dispositivo constituído de uma série de ranhuras
muito próximas, paralelas e equidistantes, traçadas sobre uma placa de vidro (rede
de transmissão) ou uma placa metálica polida (rede de reflexão). A figura abaixo
mostra a seção transversal muito aumentada de uma rede:

A dispersão em uma rede de difração é um processo que resulta da


DIFRAÇÃO e subseqüente INTERFERÊNCIA. Uma rede típica para as regiões UV
e visível tem 1000 a 2000 ranhuras por milímetro. A figura abaixo mostra uma
montagem de um monocromador à base de rede de difração (reflexão).
79

Monocromador de Fastie-Ebert

As redes de difração requerem aparelhos de alta precisão para a sua


manufatura e são, por isso, muito caras quando original. Presentemente, usam-se
réplicas mais baratas. A matriz de uma rede de transmissão é usada como molde
para produzir réplicas com material plástico.
FENDAS
As fendas cumprem um papel importante na determinação da qualidade do
monocromador. Cada fenda consiste em duas peças de metal com extremidades
aguçadas conforme mostra a figura abaixo:

As extremidades das fendas devem ser rigorosamente paralelas uma à outra


e situar-se no mesmo plano. Em alguns instrumentos as aberturas das fendas são
fixas, em outros, a abertura é ajustável.
A fim de um monocromador separar eficientemente os comprimentos de
onda, as fendas devem ser tão estreitas quanto possível. Há, porém, uma
abertura ótima para uma fenda, que se fosse tentado estreitá-la ainda mais não
se obteria um melhor resultado e, o que é pior, redundaria em redução da potência
de radiação, devido a problemas de difração.
80

A largura efetiva da banda de um monocromador depende da dispersão do


prisma ou da rede, bem como das aberturas das fendas de entrada e saída. Como
a dispersão em um prisma não é uniforme, para se isolar uma dada largura efetiva
de banda em um monocromador com prisma, é necessário usar fendas muito mais
estreitas no lado dos comprimentos de onda mais longos, do que no lado dos mais
curtos. Os monocromadores com rede têm a vantagem de isolar com uma abertura
fina, radiação com uma largura efetiva aproximadamente constante para toda a
faixa espectral de operação.

RECIPIENTES PARA AMOSTRA


Os recipientes usados nas medidas espectrofotométricas são denominados
de cubetas. Os instrumentos mais simples (fotômetros ou colorímetros) utilizam
cubetas cilíndricas, que são mais baratas. Os espectrofotômetros utilizam
normalmente cubetas retangulares com percurso óptico de 1cm. Todavia,
encontra-se, comercialmente, cubetas com espessuras de 0,1cm até 10 cm. As
cubetas são construídas de material transparente que deixa passar livremente a
radiação na região espectral interessada. As cubetas de quartzo são usadas
principalmente para medidas na região UV (abaixo de 350ηm), embora elas
possam ser usadas também na região visível e no I.V (até 3μm). As cubetas de
vidro são usadas apenas na região visível e no I.V. até 2μm.
As cubetas devem ser alojadas em direções perpendiculares à direção do
feixe, a fim de reduzir as perdas por reflexão. As cubetas devem se encontrar
perfeitamente limpas, pois as impressões digitais, manchas de gordura e qualquer
material sobre as paredes da cubeta afetam de maneira acentuada as medidas.
Além disso, elas não devem ser secadas mediante aquecimento, pois isso
poderia ocasionar a danificação física dela ou uma variação no comprimento do
percurso óptico.

TRANSDUTORES DE RADIAÇÃO
Os detectores de radiação UV-visível são transdutores de entrada que
convertem a energia radiante em sinal elétrico. Os detectores devem apresentar as
seguintes características básicas:
♦ Responder à energia radiante dentro da faixa espectral;
♦ Ser sensível para baixos níveis de potência radiante;
♦ Ter resposta muito rápida;
♦ Apresentar uma relação linear entre a potência radiante incidente e o
sinal elétrico produzido

RESPOSTA LINEAR DOS TRANSDUTORES


É essencial que o sinal elétrico produzido seja uma função linear da potência
do feixe incidente, ou seja,

S = k P + Sr (função de transferência do transdutor)


Onde:
- S = sinal elétrico em unidades de corrente, resistência ou tensão.
81

- k = sensibilidade do detector em termos de resposta elétrica por


unidade de potência radiante.

- Sr = sinal residual apresentado na ausência da radiação, o qual


pode ser eliminado com circuitos compensadores.

A lei de Beer pode ser expressa como:

A = log (P0/P) = log (S0/K/S/K) => A = Log S0/S


onde:
♦ R é a resposta para a radiação que emerge da amostra
♦ R0 é a do branco.

TIPOS DE TRANSDUTORES
Os tipos de detectores de radiação para operar nas regiões UV-VIS são:
♦ Células Fotoelétricas ou Fototubos;
♦ Tubos Fotomultiplicadores;
♦ Células Fotovoltaicas;
♦ Fotodiodo;
♦ Fototransistor.

CÉLULAS FOTOELÉTRICAS OU FOTOTUBOS


Neste detector a energia radiante é transformada em corrente elétrica pelo
efeito fotoelétrico. Elas são constituídas de uma superfície catódica, capaz de
emitir elétrons quando radiada, e um ânodo, mantido a um potencial positivo em
relação ao cátodo, colocados em um tubo de vidro ou quartzo evacuado, conforme
mostra a figura abaixo:

O cátodo C é uma peça metálica recoberta com um material fotoemissivo, à


base de metais alcalinos (CsSbO; AgOCs; BiAgOCs). Quando a superfície
fotossensível do cátodo recebe energia radiante, há emissão de elétrons que
são atraídos em direção ao ânodo, resultando uma fotocorrente. A fotocorrente é
diretamente proporcional à potência do feixe incidente.
82

TUBOS FOTOMULTIPLICADORES
São células fotoelétricas em múltiplos estágios. Eles combinam a emissão
fotocatódica com uma enorme amplificação interna da fotocorrente primária,
através de um processo multiplicativo de fluxo eletrônico em múltiplos estágios.
Conforme mostra a figura abaixo, o tubo consiste em um cátodo (0), uma
série de, por exemplo, nove dinodos (1 a 9) e um ânodo (10).

Figura do tubo fotomultiplicador


O primeiro dinodo é mantido a um potencial de 90V mais positivo que o
cátodo e a mesma diferença de potencial é aplicada entre os dinodos sucessivos
até o ânodo.
Os elétrons primários emitidos pelo cátodo são acelerados em direção ao
primeiro dinodo. Os impactos dos elétrons acelerados contra o dinodo causam a
emissão de 2 a 5 elétrons secundários que são acelerados contra o segundo
dinodo e assim por diante. Em cada estágio, o número de elétrons é multiplicado
por 4, 5 ou mais. A multiplicação final pode ser maior que 108. A fotocorrente
resultante pode ainda ser amplificada, conforme mostra a figura abaixo:
Os tubos Fotomultiplicadores cobrem a região UV visível (200 - 700 ηm).
Eles podem medir potências radiantes 200 vezes mais fracas do que as
mensuráveis com fototubos comuns. Eles são usados, somente, com potências
radiantes fracas, pois mesmos níveis de radiação moderados podem causar
variações irreversíveis nas superfícies dos eletrodos.

FOTODIODO
O fotodiodo é um diodo semicondutor com junção PN cuja característica é
operar em polarização inversa na junção. Na polarização inversa a corrente é
praticamente nula, porém, se o cristal for devidamente dopado, o número de
portadores aumenta tremendamente sob luz incidente, pois esse fornece energia
sob forma de fótons que aumenta o número de portadores minoritários
(responsáveis pela condução em polarização reversa).
83

As figuras (1) e (2) abaixo mostram as características e detalhes da


construção do fotodiodo. O símbolo está em (3).

A curva mostra que a corrente aumenta com o aumento de intensidade


luminosa e é praticamente nula sob ausência de luz.
A aplicação do fotodiodo se verifica também em leitura de cartões, circuitos
digitais, acopladores ópticos, etc.

FOTOTRANSISTOR
O fototransistor é similar ao fotodiodo, mas permite amplificar da corrente.
Cada curva na figura encontra-se relacionada a uma intensidade luminosa. IB é a
corrente de base gerada pela intensidade luminosa.

INSTRUMENTOS PARA ANÁLISE POR ABSORÇÃO UV-VIS


Os instrumentos podem ser classificados em dois grandes grupos: os
instrumentos não-fotoelétricos (colorímetros ou comparadores visuais) e os
fotoelétricos (espectrofotômetros, fotocolorímetros, fotômetros ou colorímetros).

INSTRUMENTOS NÃO-FOTOELÉTRICOS
Comparadores visuais
Antes de aparecer os instrumentos fotoelétricos, as análises colorimétricas
eram feitas por processos de simples comparação visual. Muitos desses sistemas
ainda prevalecem devido ao aparelho ser barato e de precisão conveniente para
muitas finalidades. A precisão fica em torno de ± 5-10 %, podendo ser melhorada
por cuidadosa atenção dos detalhes.
O princípio básico da maioria dos comparadores visuais consiste na
comparação, sob condições definidas, da cor produzida pela substância em
quantidade desconhecida com a mesma cor produzida por soluções de
concentração conhecida da mesma substância (soluções padrão). Dentre os
comparadores visuais podemos exemplificar:
84

- os Tubos de NESSLER
- o Comparador de DUBOSCQ
- Os Papéis Indicadores de pH, etc

Tubos de Nessler
São tubos cilíndricos de vidro com uma marca gravada onde uma série de
soluções-padrão é colocada até a altura exata da marca. A amostra preparada nas
mesmas condições é colocada em outro tubo e comparada com os padrões
olhando-se através das soluções na direção de uma fonte de luz difusa uniforme.

Comparador de Duboscq
O procedimento visual envolve uma variação da profundidade do líquido
através do qual a luz deve passar para alcançar o olho, de modo que a intensidade
da cor se igualará à do padrão.
Nesse instrumento, mostrado na figura abaixo, as soluções da amostra e do
padrão são colocadas em celas de fundo de vidro montadas em um suporte que
permite movê-los verticalmente por um dispositivo de coroa e pinhão, munido de
uma escala milimétrica. Os Cilindros de vidro fixos com extremidades polidas
penetram nas celas por cima. A luz de baixo passa através do fundo das celas
atravessa os líquidos e os cilindros. A profundidade dos cilindros é ajustada até
que as duas cores se igualem.
85

Comparador de Duboscq

A partir da posição das escalas de profundidade (igual aqui ao comprimento


do percurso ótico) e da concentração da solução do padrão, a concentração da
amostra pode ser obtida, se a Lei de Beer é obedecida, por:
AA = A P ⇒ εAbAcA = εBbBcB
como εA = εB ⇒ bAcA = bBcB
Deve-se destacar que a relação é obedecida com mais exatidão se o feixe
de luz monocromática (obtida com um filtro de cor adequada) for usado, e não a
luz branca.

OS INSTRUMENTOS FOTOELÉTRICOS
Uma classificação dos instrumentos fotoelétricos considera o tipo de
dispositivo usado para selecionar a radiação eletromagnética para as medidas de
transmitância ou absorbância. Assim:
♦ Quando o dispositivo é um filtro ótico denomina-se o instrumento de
fotômetro, fotocolorímetro ou por operarem apenas no visível,
colorímetro.
86

♦ Quando o dispositivo é um monocromador de prisma ou de rede de


difração denomina-se de espectrofotômetro.

FOTÔMETRO OU FOTOCOLORÍMETRO
São instrumentos simples, baratos e de fácil manutenção. Eles são usados
convenientemente sempre que não se requeiram faixas espectrais muito estreitas.
Não costumam operar fora da região visível e não alcançam o grau de precisão
dos espectrofotômetros. Os fotocolorímetros são construídos segundo modelos de
feixe simples ou duplo.

FOTÔMETROS DE FEIXE SIMPLES


A figura abaixo representa um diagrama de um instrumento deste tipo:

Diagrama de um Fotocolorímetro de Feixe Simples

A análise usando um instrumento de feixe simples é feita em três etapas:


♦ Inicialmente, com a célula fotovoltaica bloqueada, o miliamperímetro é
ajustado mecanicamente para 0 % T;

♦ Em seguida, com a cubeta contendo o solvente, regula-se a abertura


variável de modo a obter 100 % T;

♦ Finalmente, substitui-se o solvente pelas soluções-padrão de


calibração e a solução da amostra.

O modelo acima requer o funcionamento dos componentes elétricos em


regime razoavelmente estável enquanto se completam as três etapas da medida.
A transmitância é medida com uma precisão de cerca de ± 2 % T.

FOTÔMETRO DE FEIXE DUPLO


Um diagrama de um instrumento deste tipo é mostrado na figura seguir:
87

Diagrama óptico de um Fotocolorímetro de Feixe Duplo

ESPECTROFOTÔMETROS
A principal limitação dos fotômetros é a resolução do feixe de radiação
usada. Isto faz com que a lei de Beer não seja seguida. Em geral, quanto melhor a
qualidade de um monocromador mais versátil o espectrofotômetro e mais caros
são os instrumentos.
Os espectrofotômetros são construídos segundo modelos de feixe simples
ou duplo para operar nas regiões UV-VIS. Os aparelhos de feixe simples são
usados normalmente para fins de análise quantitativa. Os de feixe duplo são
úteis não só para análise quantitativa, mas também permitem traçar os
espectros de absorção e ser usado na análise qualitativa.

ESPECTROFOTÔMETRO DE FEIXE SIMPLES


A figura a seguir mostra um diagrama de um instrumento deste tipo:

Diagrama óptico de um Espectrofotômetro de Feixe Simples


88

A radiação é selecionada através do giro adequado do came (peça giratória


que faz a rede se movimentar). O filtro suplementar é usado para reduzir radiação
estranha.

ESPECTROFOTÔMETRO DE FEIXE DUPLO


Nestes instrumentos o feixe de radiação proveniente da fonte é dividido em
dois: um passa pela cubeta das soluções-padrão ou amostra e o outro pela cubeta
que contém o solvente. Nos instrumentos de feixe duplo (espectrofotômetros e
fotômetros), as possíveis flutuações da fonte e do detector podem ser corrigidas,
pois as medidas de P (radiação que passa pela cubeta da amostra) e P0 (cubeta
do branco) são efetuadas simultaneamente.

ESPECTROFOTÔMETRO DE VARREDURA
São espectrofotômetros de duplo feixe usados particularmente para traçar
os espectros de absorção dos sistemas analíticos. Para isso, eles possuem um
mecanismo que faz variar o comprimento de onda do feixe a partir de rotação do
prisma ou da rede, como se pode ver na figura mostrada a seguir.

ESPECTROFOTÔMETRO COM ARRANJO DE FOTODIODOS


A figura a seguir mostra um diagrama esquemático deste instrumento:
O arranjo de fotodiodos é um conjunto de mais de 300 fotodiodos
montados em uma pastilha (“CHIP”) semicondutora com 2mm x 18mm de
tamanho.
Cada fotodiodo é responsável pelo sinal de um comprimento de onda.
O feixe colimado passa na amostra, colocada num compartimento aberto e antes
de atingir o arranjo de fotodiodos (“photodiode array”), passa por uma rede de
difração holográfica onde é dispersado. Isto permite acesso simultâneo a todos os
λ (190 a 820 ηm) e uma grande diminuição do tempo de varredura (0,1s) do
espectro. Para melhorar a relação sinal/ruído os espectros são varridos durante
1s ou mais e são estocados no microcomputador, calculando depois a média. A
utilização de poucos componentes óticos permite que uma única lâmpada de
deutério tenha potência suficiente para servir para a região UV e Visível.
89

Diagrama de um Espectrofotômetro com Arranjo de Fotodiodos

Escolha do comprimento de onda para análise quantitativa


Quando se dispõe apenas de um fotômetro e não se tem o espectro da
amostra, o filtro mais apropriado é, em geral, aquele com cor complementar à da
solução em estudo.
Por outro lado, quando se dispõe de um espectrofotômetro de varredura, o
comprimento de onda é sempre escolhido com base no exame dos espectros de
absorção do sistema analítico. Veja a figura mostrada a seguir.
Nem sempre a escolha do comprimento de onda é feita onde a absorbância
é máxima, pois deve-se levar em conta a possibilidade da presença de outras
substâncias absorventes (interferentes).
Observa-se que o reagente absorve fortemente na região do máximo (λmax =
470 ηm) da espécie absorvente. Assim, este não deve ser comprimento de onda
analítico escolhido.
90

O comprimento de onda deve ser escolhido, preferencialmente, em uma


região não inclinada do espectro, de modo a permitir uma melhor linearidade da
Lei de Beer. Portanto, o λ escolhido para a determinação do cobalto deve ser
aquele próximo a 520 ηm, onde existe um ombro e o reagente não absorve.

Métodos de Análise Quantitativa


Existem os seguintes métodos que podem ser usados para a determinação
da concentração de uma espécie absorvente na amostra:

- Método da curva analítica;


- Método direto por cálculo;
- Método por titulação fotométrica ou espectrofotométrica;
- Análise multicomponente.

OBS.: O método da curva analítica já foi descrito na introdução.


Método direto por cálculo
⇒ A concentração da amostra pode ser calculada pela medida de sua
absorbância e de uma solução padrão sob condições idênticas.
Aa = εa ba ca e Ap = εp bp cp
Como ba = bp e εa = εp, tem-se que:
A a = ε a .b a .Ca A C Cp
⇒ a = a ⇒ Ca = .A a ⇒ Ca = f.A a
A p = ε p .b p .Cp A p Cp Ap
onde f é conhecido como fator de calibração.
91

Titulações fotométricas
A titulação fotométrica consiste em se medir a variação da absorbância do
titulante, do titulado ou do produto entre ambos, a cada incremento do titulante. No
caso em que nenhuma dessas espécies absorva, por exemplo, numa titulação
ácido-base, um indicador é adicionado e mede-se, a cada incremento do titulante,
a variação da absorbância do produto entre o indicador e o titulante ou entre o
indicador e o titulado.
A figura abaixo mostra algumas das diferentes possíveis curvas de titulação
fotométrica.

A curva(A) corresponde à titulação de uma base com um ácido, usando um


indicador como a fenolftaleína, onde está sendo monitorado a absorbância do
produto entre o titulante e o indicador.
A curva(B) corresponde à titulação de um ácido com uma base, usando
também um indicador como a fenolftaleína onde também está sendo monitorado
também a absorbância do produto entre o titulante e o indicador.
A curva(C) está relacionada a titulação na qual está sendo monitorada a
absorbância do titulante, enquanto na curva(D) está sendo monitorada a
absorbância do titulado.

A curva(E) é obtida em titulações onde as absorbâncias são medidas em


um comprimento de onda, onde tanto o titulante como o titulado absorvem.
A curva(F) está relacionada a titulações onde está sendo monitorada a
absorbância do produto.
92

A curva(G) corresponde a titulações nas quais tanto o produto como o


titulante absorvem, porém ambos tem diferentes absortividades molares.
A curva(H) é produzida em titulações nas quais sucessivos complexos são
formados e apenas um complexo absorve. O máximo neste caso representa a
completa conversão da forma absorvente.
Verifica-se que em todas as curvas de titulação são obtidas duas linhas
retas com diferentes inclinações antes e após o ponto de equivalência.
Observa-se, também, uma certa curvatura na região em torno do ponto de
equivalência devido a problemas relacionados com o equilíbrio químico próximo a
este ponto. Por isso, o ponto final de titulação é obtido pela interseção entre os
dois segmentos lineares extrapolados.

Correção de volume
Como a absorbância depende da concentração, é necessário levar em conta
o efeito de diluição causado pela adição do titulante. Por isso, as absorbâncias
medidas em cada adição de titulante devem ser corrigidas. Isto é feito
multiplicando cada absorbância medida pelo fator (V + vi) / V,. de forma que cada
absorbância corrigida, ACORR , é calculada pela equação:

⎛ V + vi ⎞
ACORR = AM ⎜⎝ V ⎠

onde, AM é a absorbância medida a cada volume vi da solução titulante


adicionada e V é o volume inicial do titulado.
A correção de volume pode ser ignorada quando se utiliza a concentração
do titulante muito concentrada em comparação com a concentração do titulado.
Por exemplo, no caso em que o volume do titulado V é maior do que 10 ml, o
titulante é adicionado usando volumes na faixa de microlitros.

Vantagens da titulação fotométrica


As titulações fotométricas apresentam uma série de vantagens com relação
às análises fotométricas diretas ou por curva de calibração:
• A presença de outras espécies absorventes no mesmo comprimento de
onda não é um problema, pois o que importa para a titulação fotométrica, é a
variação da absorbância antes e após o ponto de equivalência. É certo que a
absorbância das substâncias estranhas não deve ser grande, a fim de que as
medidas de absorbância não venham ser feitas na região indesejável da
escala (A > 2,0);
• A escolha do comprimento de onda não tem que ser feita necessariamente
no comprimento de onda de máxima absorbância, uma vez que o fator
importante é a forma da variação da absorbância antes e após o ponto final
da titulação. Freqüentemente, comprimentos de onda bem afastados do
máximo de absorção são escolhidos, principalmente, para permitir medidas
em soluções de alta concentração;
• Como é necessário o monitoramente de uma única espécie absorvente, que
pode ser a espécie titulada, o titulante ou produto da reação entre ambos ou
93

ainda o produto entre uma dessas espécies e uma substância indicadora, a


titulação fotométrica se aplica à determinação de muitas substâncias não-
absorventes.
• A localização do ponto final, à base de uma série de medidas requeridas
para traçar a curva de titulação implica em uma precisão maior do que a de
uma medida isolada. De fato, é possível alcançar uma exatidão de 0,5% ou
melhor nas titulações fotométricas.
O método é particularmente aplicável quando a variação da cor do indicador,
em uma titulação convencional não é nítida em virtude, provavelmente, das
reações de titulação não serem completas nas vizinhanças do ponto de
equivalência, ou ainda, quando se encontram presentes na amostra substâncias
coradas.

Dispositivos para titulação fotométrica


Além dos componentes dos fotômetros ou dos espectrofotômetros, na
realização de uma titulação fotométrica necessita-se de alguns dispositivos extras,
tais como:
- um recipiente para a titulação com capacidade de 5 a 100 ml;
- um agitador magnético ou outro meio apropriado para a agitação da solução
- uma bureta ou outro dispositivo automático de adição de volumes.
Vale salientar que estes dispositivos não são vendidos juntos com os
fotômetros ou espectrofotômetros.

Análise multicomponente
Este tipo de análise ocorre quando se deseja determinar simultaneamente a
concentração individual de dois ou mais componentes absorventes que possuem
espectros de absorção sobrepostos.
O caso mais simples é o de um sistema contendo duas espécies
absorventes, ou seja, dois analitos. Na figura a seguir são mostrados os espectros
de absorção de dois componentes, L e M, bem como o espectro da mistura entre
ambos.
94

Como as curvas de absorção dos dois componentes se sobrepõem em toda


a extensão da faixa espectral considerada, a absorbância total, para qualquer
comprimento de onda, é a soma das absorbâncias dos componentes L e M. Se as
medidas são realizadas em condições que a lei de Beer está sendo obedecida
tem-se que para dois comprimentos de onda λ’ e λ” qualquer que:
A’ = εL’bcL + εM’bcM
A” = εL”bcL + εM”bcM
Uma vez que as quatro absortividades molares εL`, εM`, εL” e εM” podem ser
obtidas, experimentalmente, com soluções padrões individuais dos componentes L
e M; as absorbâncias da mistura A’e A”, para os comprimentos λ’ e λ”, são
também medidas experimentalmente e b pode ser constante quando todas as
medidas forem realizadas com a mesma cubeta, então, o sistema de equações
acima pode ser resolvido de modo a permitir encontrar a concentração CL e CM de
cada componente. Para b=1cm, tem-se que:

(ε L " . A '−ε M ' . A" ) (ε L ' . A"−ε M . A ' )


CL = e CM =
(ε L ' . ε M "−ε M ' ε L " ) (ε L ' . ε M "−ε M ' . ε L " )

Para um uma melhor exatidão nos valores de CL e CM, as medidas das


absorbâncias totais A’ e A”, devem ser realizadas em dois comprimentos de onda
onde se tenha grandes diferenças de absortividades molares dos dois
componentes.
Misturas com mais de dois componentes se interferindo podem, em
princípio, ser realizado fazendo medidas em tantos comprimentos de ondas quanto
forem o número de componentes. Todavia, as soluções do sistema de equações
não têm permitido, normalmente, obter bons resultados.

Erro fotométrico
É importante saber de que maneira a incerteza na medida da transmitância
se reflete como incerteza na concentração, pois em virtude da relação logarítmica
entre a transmitância e a concentração, esta incerteza não é de evidência imediata
e é intrínseca do próprio instrumento.
Pode ser demonstrado a partir da lei de Beer que a função de erro de
concentração é dada por:

Δc / c = [(0,4343) / T logT] ΔT

A incerteza ΔT (erro fotométrico), que é uma quantidade constante para um


instrumento particular, se situa entre 0,002 e 0,01 (0,2 e 1,0%) na escala total dos
instrumentos comerciais. Em geral, toma-se ΔT como igual a duas vezes o valor do
desvio médio obtido, medindo-se repetidamente T para uma mesma solução.
Sendo assim, a incerteza ΔT = 0,2% pode ser considerada como o limite do erro
fotométrico para os melhores instrumentos. A tabela abaixo relaciona os valores
que assume o erro relativo percentual da concentração para diferentes valores
de T e incertezas constantes ΔT = ±0,01 (±1,0%) e ±0,005 (±0,5%).
95

Transmitância Absorbância (Δc / c).100 para


(T) (A) ΔT = 0,01 (1,0%) ΔT = 0,005 (0,5%)
1,00 0 ∞ ∞
0,95 0,022 ±20,5 10,2±
0,90 0,046 ±10,6 ±5,30
0,80 0,097 ±5,60 ±2,80
0,70 0,155 ±4,00 ±2,00
0,60 0,222 ±3,26 ±1,63
0,50 0,301 ±2,88 ±1,44
0,40 0,399 ±2,72 ±1,36
0,30 0,523 ±2,77 ±1,38
0,20 0,699 ±3,11 ±1,55
0,10 1,000 ±4,34 ±2,17
0,05 1,301 ±6,70 ±3,35
0,01 2,000 ±21,7 ±10,8

A figura abaixo representa o erro relativo em concentração em função de T


ΔT = 0,01 (1%).

Faixa Ideal para Medidas de Transmitância ou Absorbância


Um exame da tabela e figura anteriores pode nos levar a concluir que: o erro
relativo é infinito para as transmitâncias de 0 e 1,0 (ou absorbância ∞ e 0), e, para
as transmitâncias intermediárias, ele diminui até o mínimo e depois aumenta; entre
as transmitâncias 0,20 e 0,65 (20% e 65%) ou absorbâncias entre 0,2 e 0,7 a
curva é quase chata, o que significa que medidas nesta região implicam um erro
menor na concentração. Portanto, todo trabalho experimental deve ser planejado
de modo que as medidas em transmitância ou absorbância estejam dentro destas
faixas.
Nos instrumentos de melhor qualidade tem-se que a incerteza em T não é
constante ao longo de toda escala. Neste caso, pode-se demonstrar que a faixa
96

ideal para medidas de transmitância ou absorbância pode se estender a valores de


transmitância próximos a 0,1% ou valores de absorbância próximos a 3,00.
95

ESPECTROMETRIA DE LIMINESCÊNCIA MOLECULAR

Terminologias e conceitos

Luminescência - termo empregado como uma generalização do fenômeno de


emissão de radiação eletromagnética por um material.

Luminóforo-espécie responsável pela luminescência. Para a fluorescência, o


termo fluoróforo pode ser usado.
Há vários tipos de luminescência definidos em função da forma de energia
utilizada na excitação. Contudo, se a excitação for realizada por aquecimento ao
rubro o fenômeno de emissão é denominado incandescência.
Na tabela mostrada a seguir encontram-se citados diversos tipos de
luminescência.
♦ Fotoluminescência (Fluorescência e Fosforescência);
♦ Quimiluminescência;
♦ Bioluminescência;
♦ Radioluminescência;
♦ Triboluminescência;
♦ Termoluminescência;
♦ Eletroluminescência;
♦ Magnetoluminescência;
♦ Sonoluminescência.

Fluorescência
A luminescência instantânea (cerca de 1 ns) da matéria após excitação com
radiação UV ou visível.

Fosforescência
A luminescência retardada da matéria após excitação com energia de uma
radiação UV ou visível.

Quimiluminescência
A luminescência promovida por uma reação química.

Bioluminescência
A luminescência resultante da excitação com energia associada a uma
reação bioquímica. Ex.: luminescência do vaga-lume.

Radioluminescência
A luminescência produzida pela irradiação do sistema com partículas gama.

Triboluminescência
Luminescência produzida excitando o sistema com energia mecânica.
Ocorre quando, por exemplo, um mineral é esmagado, riscado ou esfregado.
A maioria dos minerais que têm esta propriedade é do tipo não metálico,
anidro e com clivagens.
96

Ex.: Enquanto a fluorita (CaF2), a esfalerita (ZnS) e a lepidolita (mica de lítio,


K2Li3Al5Si6O2) mostram notável triboluminescência, Pectolita (CaNaH(SiO3)3),
ambligonita (LiAl(F,OH)PO4), feldspatos (KAlSi3O8 - NaAlSi3O8 - CaAl2Si2O8) e
calcita (CaCO3) têm triboluminescência menos expressiva.

Termoluminescência
É a emissão de luz por meio do aquecimento dos minerais em baixa
temperatura, entre 50 e 475 °C, sendo inferior à temperatura de incandescência.
Ex.: Certos minerais não metálicos e anidros, sobretudo os que contêm elementos
alcalinos terrosos, a exemplo do cálcio, mostram esta propriedade.
A fluorita (CaF2) é um mineral termofluorescente típico. Além disso, a calcita
(CaCO3), feldspatos (KAlSi3O8 - NaAlSi3O8 - CaAl2Si2O8), quartzo (SiO2), etc.
mostram leve termofluorescência.
Por meio da comparação da intensidade de radiação nuclear com a da
termoluminescência recuperada, pode-se determinar a idade do último evento
térmico (aquecimento) do mineral. Este método é aplicado para datação (medir a
idade da rocha ou mineral) de amostras com idade inferior a algumas dezenas de
milhares de anos, sendo útil para vulcanologia e arqueologia.

Magnetoluminescência
A luminescência provocada pela excitação com energia de um campo
magnético.

Sonoluminescência
A luminescência produzida após excitação com energia de radiação ultra-
sônica (freqüência superior a 20 kHz).
Apesar da diversidade dos fenômenos luminescentes, abordaremos a
fotoluminescência e a quimiluminescência associadas principalmente a compostos
orgânicos. Ademais, será explorado o seu aproveitamento analítico bem como a
instrumentação necessária para a obtenção dos espectros.

Luminescência por Moléculas


Quando o sistema luminescente é uma molécula, as bandas de
fluorescência (ou fosforescência) ocorrem tipicamente em um λ maior que a linha
de ressonância (deslocamento Stokes).
Para compreendermos as razões desse comportamento, bem como das
características dos espectros de fluorescência molecular e fosforescência,
considere os diagramas de energias das figuras mostradas a seguir. Tais
diagramas podem ser inferidos a partir de considerações baseadas na teoria dos
orbitais moleculares e na espectroscopia vibracional.
97

Figura - Ilustração da origem da fluorescência

Figura-Ilustração de um espectro de absorção (a) e de fluorescência (b) de uma substância.


98

Figura - Ilustração da origem da fosforescência

Figura– Diagrama de Jablonski para o naftaleno: CI = conversão interna; CIS = cruzamento


intersistema
99

Figura – Diagrama de energias de uma molécula fotoluminescente típica.

Caracterização dos Níveis de Energia do Último Diagrama

♦ Linhas horizontais grossas ⇒ estados eletrônicos


- estado fundamental: S0 (normalmente singlete)
- excitados: S1 e S2 (singletes) e T1 (triplete)

♦ Linhas horizontais finas ⇒ estados vibracionais


- associados ao estado fundamental: S0
- associados aos estados excitados: S1 e S2 e T1

OBS: O diagrama não explicita as linhas horizontais associadas aos estados


rotacionais da molécula, embora esses níveis de energia existam.

♦ Flechas verticais retas ⇒ indicam processos associados a absorção ou emissão


de radiação (fluorescência ou fosforescência).

♦ Flechas verticais sinuosas ⇒ processos não-radiativos (relaxação vibracional,


conversão interna, etc).
100

Excitação Molecular
Conforme o diagrama, excitação da molécula pode ser feita pela absorção
de radiação UV-Vis cujas bandas são centradas em:

• λ1 ⇒ promove a transição eletrônica: S0 → S1


• λ2 ⇒ provoca a transição eletrônica: S0 → S2

Contudo, a molécula pode ser levada para qualquer um dos estados


excitados vibracionais ilustrados na figura.
É digno de nota salientar que a excitação da molécula para o estado triplete
não foi mostrada no diagrama, pois essa transição não ocorre de modo
significativo. De fato, esse processo envolve uma mudança de spin, cuja
probabilidade de ocorrer é tão baixa que a transição é considerada proibida de
acordo com a Mecânica Quântica.

Velocidades de Absorção e Emissão


♦ Absorção de fótons ⇒ processo extremamente rápido (10-14 a 10-15 s)
♦ Fluorescência ⇒ ocorre em 10-9 a 10-7 s (εpico de absorção: 103 a 105)
ocorre em 10-6 a 10-5 s (εpico de absorção < 103)

♦ Fosforescência ⇒ requer tempos na faixa de: 10-4 a 10s ou mais

Processos de Desativação
A molécula pode voltar ao estado fundamental devolvendo a energia ganha
na absorção por meio de:

♦ um processo radiativo: fotoluminescência que compreende a


fluorescência e a fosforescência;
♦ um processo não-radiativo:
- relaxação vibracional;
- conversão interna;
- conversão externa;
- cruzamento intersistema

OBS.: O mecanismo pelo qual a molécula libera a energia é aquele que minimiza
tempo de vida do estado excitado. Assim, se a fluorescência for mais rápida que
os processos não-radiativos então ela irá ocorrer. Caso contrário, a fluorescência
não ocorre ou é pouco intensa.

Relaxação Vibracional
É significativa em solução, pois essas condições favorecem maiores
interações entre a molécula excitada e a do solvente.
Nesse caso, a energia vibracional em excesso é perdida imediatamente
tendo em vista a alta eficiência desse processo. De fato, o tempo de vida médio
estimado de uma molécula excitada vibracionalmente é da ordem de 10-12 s.
101

Conseqüências da relaxação vibracional

♦ prevalece sobre a desativação por fluorescência, pois seu tempo de vida é


menor que o de um estado excitado eletronicamente;
♦ a fluorescência, quando ocorre, envolve uma transição a partir do nível
vibracional mais baixo de um estado eletrônico excitado;
♦ as bandas de fluorescência são deslocada para λ´s maiores que os associados
às bandas de absorção (deslocamento Stokes).

Conversão Interna
Embora essa desativação não seja bem-compreendida, ela parece ser
particularmente eficaz quando dois níveis eletrônicos possuem energias próximas
o suficiente para promover uma superposição de níveis de energia vibracionais
(veja no diagrama)
É importante ressaltar que a conversão interna é um evento geralmente
mais provável que a desativação por fluorescência a partir de um estado eletrônico
excitado mais alto (S2, S3, etc).

Conseqüências do fato anterior:


• a excitação em λ2 promove uma fluorescência cuja banda é centrada em λ3,
excluindo a banda que resultaria de S0 ← S2.
• de fato, a molécula excitada passa de S2 para o nível vibracional mais baixo de
S1 por relaxações vibracionais, uma conversão interna e depois relaxações
subseqüentes. Um exemplo típico desse comportamento pode ser dado pelo
quinino, cujos espectros de excitação e fluorescência são mostrados a seguir.

Figura - Espectros de excitação e de fluorescência de uma solução de sulfato de quinino.


102

Continuação das conseqüências da conversão interna:


• é possível ocorrer também a conversão interna de S1 S0, quando houver
superposição entre os níveis vibracionais associados aos estados eletrônicos S1 e
S0 se estas energias forem próximas.

• a conversão interna pode causar a pré-dissociação da molécula. De fato, isto


pode ocorrer quando a molécula retorna para um estado eletrônico de menor
energia, cuja energia vibracional associada é alta o suficiente para quebrar uma
ligação.

OBS.: A diferença entre a pré-dissociação e a dissociação é que nesta última a


ligação que se quebra pertence ao cromóforo quando excitado a um nível
vibracional suficientemente alto. Neste caso, não ocorre conversão interna.

Conversão Externa
Consiste na interação e transferência de energia entre a molécula excitada e
a do solvente ou a de outros solutos.
É digno de nota salientar a relevância desse tipo de desativação, haja vista o
efeito expressivo do solvente sobre a intensidade de fluorescência. Uma discussão
detalhada sobre essa influência será realizada adiante.

Cruzamento Intersistema
Este tipo de desativação ocorre por meio de uma inversão do spin de um
elétron excitado levando a molécula para o estado triplete.
Como ilustrado no diagrama, essa processo é favorecido quando ocorre
superposição entre estados vibracionais dos dois estados eletrônicos, a exemplo
do que ocorre em S1 T1.

OBS.:
• A desativação por cruzamento intersistema ocorre com maior facilidade quando a
molécula contém átomo pesado (Br, I, etc). Neste caso, as interações spin-órbita
propiciam condições mais favoráveis para uma mudança de spin.

• Outra situação que também favorece à mudança de spin por motivo análogo
ocorre quando na presença de O2 (molécula que contém e’s desemparelhados,
sendo portanto paramagnética).

Fosforescência
Esse fenômeno ocorre com maior intensidade quando a desativação por
cruzamento intersistema é favorecida. Contudo, existe a possibilidade desse tipo
de emissão ser inibido devido à competição de conversões externa e interna
envolvendo T1 e S0, como se pode observar no diagrama. Com efeito, essa
competição é tão significativa que a fosforescência é observada com maior
facilidade a baixas temperaturas e em meios muito viscosos.
103

Tipos de transições na fluorescência

• σ σ* ⇒ não ocorre, pois a absorção de radiação com λmax < 250 nm ⇒ pré-
dissociação ou dissociação.

OBS.: 200 nm ≅ 600 kJ mol-1 (energia de ligação em muitas moléculas orgânicas)

•n π* ⇒ decorrente da absorção n π* com λmax > 250 nm ⇒ tempo de


transição 10-7 a 10-5 s

•π π* ⇒ proveniente da absorção π π* com λmax > 250nm ⇒ tempo de

transição 10-9 a 10-7 s


OBS.: Entre as transições promotoras da fluorescência prevalecerá a que implicar
um menor tempo de vida do estado excitado e/ou for menos energética.

Eficiência ou Rendimento Quântico(φ)


É a razão entre o número de moléculas que sofrem fotoluminescência e o
número de total de moléculas excitadas.

kf
φ=
kf + ki + kce + kci + kd + k pd

onde kx representa a constante de velocidade referente ao processo X, ou seja:


♦ kf ⇒ fluorescência ou fosforescência;
♦ ki ⇒ cruzamento intersistema;
♦ kce ⇒ conversão externa;
♦ kci ⇒ conversão interna;
♦ kd ⇒ dissociação;
♦ kpd ⇒ pré-dissociação;

Fatores que Afetam a Fotoluminescência

♦ Influência da Estrutura Química


Via de regra, a fluorescência de compostos aromáticos > a fluorescência de
alifáticos, alicíclicos carbonílicos ou aqueles com ligações duplas altamente
conjugadas.
Com efeito, a maioria dos hidrocarbonetos aromáticos não-substituídos
fluoresce em solução, a exemplo do que ocorre com o fenantreno cujo espectro de
104

fluorescência é mostrado na figura a seguir. Nesses compostos, φ aumenta com o


número de anéis e seu grau de condensação.

Figura - Espectros do fenanteno: E: excitação, E: fluorescência e F: fosforescência

Por outro lado, compostos heterocíclicos simples como a priridina, furano,


tiofeno e o pirrol (veja as estruturas abaixo) não fluorescem.

Presume-se que nesses compostos (sobretudo os nitrogenados) a transição


eletrônica n π* seja a de menor energia e que rapidamente se converte para um
estado triplete suprimindo a fluorescência.

Entretanto, compostos heterocíclicos condensados com anéis benzênicos


exibem fluorescência devido ao aumento da absortividade associada ao pico de
absorção, o que diminui o tempo de vida do estado eletrônico excitado singlete.
A título de exemplo podemos citar:
105

É importante discutir a influência que certos substituintes podem causar


sobre as posições dos picos, bem como a eficiência quântica da fluorescência de
um composto aromático. Para isso, considere os dados da Tabela a seguir que
mostra o resultado dos efeitos de substituintes sobre a fluorescência do benzeno.
O efeito da substituição por halogênios é notável sobretudo ao se aumentar
o número atômico. Neste caso, o efeito do átomo pesado aumenta a probabilidade
de cruzamento intersistema para o estado triplete, diminuindo a eficiência quântica
da fluorescência.
Quanto ao iodobenzeno, atribui-se ao seu comportamento de não exibir
fluorescência uma provável pré-dissociação que deve ocorrer devido à presença
da ligação C – I de fácil ruptura.

Tabela - Efeito da substituição na fluorescência do benzeno.


106

Influência da Rigidez Estrutural

Ex. 1:

CH2

Fluoreno: φ ≅ 1 Difenil: φ ≅ 0,2

Maior rigidez promovida Baixa rigidez → maior kci


pelo CH2 → menor kci Propicia um aumento da
Aumenta a fluorescência Desativação não - radiativa
Diminui a fluorescência

Influência do Solvente

Solventes pouco viscosos Solventes c/ átomos pesados

Mais colisões intermoleculares


Interações spin-órbita

Aumenta a conversão externa Cruzamento intersistemas

Desativação não-radiativa Desativação não-radiativa

Menor Fluorescência, porém


Menor Fotoluminescência favorece a Fosforescência
107

Influência do pH
É notável a influência do pH na intensidade de fluorescência de um
composto orgânico cuja estrutura contém grupos ácidos ou básicos. Com efeito,
tanto o λ como a intensidade de fluorescência serão diferentes para as formas
protonada e desprotonada.

Composto Fórmula Comprimento de Onda Intensidade Relativa


da Fluorescência, nm da Fluorescência
Fenol C6H5OH 285 – 365 18
Íon fenolato C6H5O - 310 – 400 10
Anilina C6H5NH2 310 – 405 20
Íon anilínio C6H5NH3+ – 0

Influência da Temperatura

Maior temperatura

Mais colisões intermoleculares

Conversão externa

Diminuição da fotoluminescência
Influência do Oxigênio Dissolvido
A propriedade paramagnética da molécula de oxigênio propicia o
cruzamento intersistema, acarretando uma atenuação da fluorescência.

Influência da Concentração do Fluoróforo


A relação entre a potência da emissão de Fluorescência (F) e a
Concentração (c) do fluorórofo pode ser escrita como:
108

(
F = k ′(P0 − P ) = k ′P0 1 − 10 −ε .b.c ) P0
P
= 10 −ε .b.c

onde:
- K´ depende do rendimento quântico da fluorescência;
- P0 é a potência do feixe incidente (radiação excitadora);
- P é a potência após atravessar uma distância b do meio.

A expressão 1 – 10-εbc pode ser expandida em uma série de Maclaurin como:


F = k ′P0 ⎢2,303ε .b.c −
(2,303ε .b.c ) (2,303ε .b.c )
2
+
2

− ⋅ ⋅ ⋅⎥
⎣ 2! 3! ⎦

Quando εbc =A < 0,05, os termos de ordem ≥ 2 ser desprezados

Então

F = 2,3kε .bcP0
Se P0 for mantido constante

F = K c
onde K é um coeficiente de proporcionalidade que depende:
- da absortividade (ε) associada ao pico de absorção;
- do rendimento quântico (φ) da fluorescência;
- da potência do feixe incidente (P0) da radiação excitadora;
- do percurso óptico (b).

Desvios da linearidade
À medida que a concentração do fluoróforo aumenta, dois fatores podem
provocar um desvio da linearidade na relação entre F e c, a saber:

♦ auto-supressão ⇒ resulta da transferência de energia não-radiativa entre


moléculas excitadas decorrente de colisões, cuja probabilidade tende a aumentar
com o aumento da concentração do fluoróforo;

♦ auto-absorção ⇒ esse tipo de interferência ocorre quando há uma


superposição entre o λ da radiação emitida com o do pico de absorção. Neste
109

caso, a intensidade da fluorescência diminui à medida que a radiação emitida por


certos fluoróforos atravessa a solução e é reabsorvida por moléculas
fluorescentes.
Análise Qualitativa
Os métodos fotoluminescentes não são potencialmente aplicáveis à análise
qualitativa por duas razões principais:

i) número pequeno de moléculas que incorporam propriedades estruturas e


ambientais capazes de promover uma diminuição dos processos de
desativação não-radiativos que competem com a fotoluminescência;

ii) correlação pobre entre às bandas de emissão e a estrutura molecular,


embora a presença de anel aromático seja, a princípio, esperada no sistema
fotoluminescente investigado.

Análise Quantitativa
Os métodos fotoluminescentes quantitativos têm oferecido resultados
satisfatórios, sobretudo por apresentar sensibilidade e faixas dinâmicas melhores
que os métodos baseados em medidas de absorção UV-Vis.
As curvas analíticas fluorimétricas são construídas com base na relação

F =Kc
e num planejamento experimental que minimize problemas de desvios da
linearidade decorrentes da auto-supressão e auto-absorção.
Para aumentar a sensibilidade das medidas fluorimétricas, basta aumentar a
potência da radiação excitadora (P0). Contudo, o mesmo não se pode conseguir
para as medidas de absorção, pois um aumento de P0 implica também um
aumento de P. Assim, a medida da transmitância (e portanto de absorbância) não
é afetada.

Instrumentação para Medidas de Fotoluminescência


Os fluorímetros são semelhantes ao fotômetros de absorção, tendo em vista
que usam filtros para selecionar tanto a radiação para excitação como a da
emissão fluorescente.
Por outro lado, os espectrofluorímetros, embora similares aos
especrofotômetros, podem ser de dois tipos, a saber:

⇒ o primeiro utiliza um filtro para selecionar a radiação excitadora e um


monocromador para produzir os espectros de emissão de fluorescência.

A figura da página seguinte ilustra um modelo desse tipo de instrumento.


110

Figura – Esquema de um fluorímetro típico.

⇒ os espectrofluorímetros do segundo tipo são sempre equipados com dois


monocromadores, sendo um deles usado para variar o comprimento de onda
durante a obtenção dos espectros de excitação. O outro permite registrar os
espectros de fluorescência ao variar o comprimento de onda.
Os espectrofluorímetros do segundo tipo são considerados autênticos e
podem ser representados pelo modelo exemplificado na figura a seguir.
111

Figura – Esquema de um espectrofluorímetro autêntico.


Fosforímetros
Os fosforímetros são idênticos aos instrumentos utilizados para medidas de
fotoluminescência, exceto pelo fato de usar dois componentes adicionais:

♦ um dispositivo mecânico (ou eletrônico) ⇒ usado para alternadamente


irradiar a amostra e medir a intensidade de fosforescência após um certo tempo. O
atraso é necessário para distinguir entre a emissão de fosforescência e a de
fluorescência que tem um tempo de vida curto.

♦ um frasco de Dewer com janelas de quartzo ⇒ usado com nitrogênio líquido


para realizar medidas em baixas temperaturas a fim de reduzir a supressão de
fosforescência por colisões.
Quando na temperatura de N2 líquido, o analito é um soluto em um vidro ou
solvente sólido. Neste caso, usa se habitualmente a seguinte mistura de solventes:
éter etílico, pentano e etanol.
Ambos os componentes mencionados são ilustrados na figura mostrada a
seguir.

Figura - Esquema de um dispositivo que permite excitar a amostra e observar a


fosforescência alternadamente.
112

TURBIDIMETRIA E NEFELOMETRIA

FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Esses métodos baseiam-se no fenômeno do espalhamento da REM por
partículas em suspensão com dimensões de 1 ηm a 1μm.
Quando se faz passar um feixe de radiação através de uma suspensão
não-absorvente, uma parte deste feixe de radiação é espalhada e isto faz com
que ocorrra uma atenuação na potência do feixe incidente. Tanto a atenuação e a
potência da radiação espalhada podem ser relacionadas à concentração das
partículas do precipitado (ou suspensão) envolvendo o analito.
De acordo com a Figura abaixo, a turbidimetria utiliza a medida da
atenuação na potência do feixe incidente e a nefelometria utiliza a medida da
potência da radiação espalhada (em um ângulo de 90º, 75º ou 135º com feixe
incidente). Ambas as técnicas, relacionam estas medidas com a concentração da
espécie química em suspensão.

Medidas Turbidimétricas e a Concentração


Na turbidimetria, a medida da atenuação da potência do feixe incidente
segue uma relação linear com a concentração das partículas responsáveis pelo
espalhamento, em uma equação análoga à Lei de Beer, ou seja,

P0
τ = log = kbC
P

onde, τ é a turbidância, P0 é a potência do feixe incidente e P é a potência do


feixe transmitido. C é a concentração de partículas em suspensão, b é o caminho
113

ótico e k é um coeficiente de proporcionalidade, denominada de turbidez, que


depende do tamanho das partículas e do comprimento de onda da radiação
incidente.

Medidas Nefelométricas e a Concentração


Na nefelometria a medida da potência da radiação espalhada Pesp, segue
uma relação linear com a concentração das partículas responsáveis pelo
espalhamento, em uma equação análoga a fluorometria, ou seja,
Pesp = k P0. C
onde, C é a concentração da espécie química em suspensão, P0 é potência da
radiação incidente e k é um coeficiente de proporcionalidade que depende do
ângulo de observação, do tamanho e forma das partículas, do comprimento de
onda da radiação inicidente e dos índices de refração relativo das partículas e do
meio.
Para uma potência incidente, P0, constante, tem-se que:

ζ = k’ C

onde, k’é uma constante que depende dos mesmos fatores de k acima, além de
depender também da potência do feixe incidente.

Faixas de Concentração Versus Turbidimetria e Nefelometria


A medida nefelométrica não é indicada para altas concentrações em virtude
da interferência entre partículas. Todavia, como a fluorometria, ela apresenta alta
sensibilidade para baixas concentrações e a sensibilidade pode ser aumentada
com o aumento da potência do feixe incidente.
É difícil detectar pequenas atenuações da radiação incidente, causadas por
baixas concentrações, ou seja, a turbimetria não é adequada para medidas de
turvações muito fracas (transmitâncias superiores a 90 %). Nestes casos, o
método nefelométrico é o mais conveniente.
Portanto, nas análises de amostras em suspensão a nefelometria e a
turbidimetria se completam com relação as faixas de concentração. A nefelometria
é indicada para baixas concentrações, podendo determinar concentrações a nível
de ppm, enquanto a turbidimetria é indicada para concentrações mais altas.

INSTRUMENTAÇÃO
Em princípio, qualquer fotocolorímetro ou espectrofotômetro permite realizar
medidas trubidimétricas. Comparadores visuais são também utilizados para
medidas de turbidez das águas potáveis.
As medidas nefelométricas podem ser realizadas em fluorômetros ou
espectrofluorômetros.
Turbidímetros e nefelômetros têm sido desenvolvidos usando fonte de luz
policromáticas, tal como uma lâmpada de tungstênio. Todavia, para se obter
melhores resultados é recomendado usar radiações monocromáticas. Quanto
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menor o λ da radiação maior é a intensidade do espalhamento. Assim, para se


obter uma maior sensibilidade num fotocolorímetro, as medidas devem ser
realizadas de preferência com um filtro azul.

ANÁLISE QUANTITATIVA
Antes de tudo, é importante ressaltar que o precipitado necessita ser pouco
solúvel e que ele se forme rapidamente. A adição de colóides protetores, como
gelatina, ágar, goma-arábica ou albumina é, às vezes, utilizada para tornar mais
estável a suspensão em concentrações muito baixas.

Curva Analítica
Na nefelometria e na turbidimetria as amostras são analisadas usando,
geralmente, curva analítica.
A exata reprodução das condições de precipitação é o aspecto mais crítico
nessas análises. Todas as variáveis que podem influir no tamanho das partículas,
no momento de sua formação, devem ser cuidadosamente controladas a fim de
reproduzir as mesmas condições de fomação da suspensão, tanto para os
padrões, como para as amostras.

Titulações Turbidimétricas ou Nefelométricas


As medidas turbidimétricas e nefelométricas também podem ser
empregadas para sinalizar o ponto final em titulações de precipitação.

APLICAÇÕES DA TURBIDIMETRIA E NEFELOMETRIA


A nefelometria e a turbidimetria se aplicam à determinação de numerosas
espécies iônicas mediante a precipitação com reagentes apropriados, em
condições que assegurem a formação de uma suspensão estável e reprodutível.
A tabela a seguir relaciona algumas das mais importantes aplicações.
ESPÉCIE REAGENTE SUSPENSÃO MÉTODO
nefelometria
Ag NaCl AgCl turbidimetria
As NaH2PO2 As nefelometria
Te NaH2PO2 Te turbidimetria
Se SnCl2 Se nefelometria
Au SnCl2 Au turbidimetria
nefelometria
Cl AgNO3 AgCl turbidimetria
K Na3Co(NO2)6 K2NaCo(NO2)6 turbidimetria
Zn(OAc)2 e nefelometria
Na UO2(OAc)2 NaZn(OAc2)3(OAc)9 turbidimetria
Ca H 2C 2O 4 CaC2O4 turbidimetria
nefelometria
SO4 -2 BaCl2 BaSO4 turbidimetria
A aplicação mais largamente empregada da nefelometria e turbidimetria é
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a determinação do sulfato ou enxofre. Elas são as técnicas preferidas devido,


principalmente, às dificuldades de se encontrar um método instrumental simples e
barato para análise quantitativa exata desta importante espécie química.
A medida da limpidez de águas, bebidas ou medicamentos constitui um
exemplo típico de um método simples de determinação nefelométrica ou
turbidimétrica.

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