c) Teoria Relativista
De acordo com a ideia de Foucault de que toda relação de comparação traz a ideia
de poder, surge a teoria relativista. Segundo essa teoria, entende-se por "poder"
uma relação entre dois sujeitos, dos quais o primeiro obtém do segundo um
comportamento que, em caso contrário, não ocorreria. A mais conhecida e
também a mais sintética das definições relacionais é a de Robert Dahl: "A
influência [conceito mais amplo, no qual se insere o de poder] é uma relação entre
atores, na qual um ator índuz outros atores a agirem de um modo que, em caso
contrário, não agiriam" [1963, trad. it. p. 68]. Enquanto relação entre dois sujeitos,
o poder assim definido está estreitamente ligado ao conceito de liberdade; os dois
conceitos podem então ser definidos um mediante a negação do outro: "O poder
de A implica a não-liberdade de B", "A liberdade de A implica o não-poder de B".
Essa teoria afirma a existência de um diferencial potestativo, conceito que aparece
com Calmon.
O uso de uma força física é necessário para a definição de poder político, ainda
que não seja condição suficiente para sua definição. Assim, o poder político diz
respeito ao poder do Estado.
1.4.3 Classificação Medieval do Poder de acordo com a Forma como o poder é exercida.
a) Viscoactiva: Poder do Estado na Idade Média, poder de exercício da força.
b) Visdirectica: Poder da Igreja na Idade Média, poder de exercer domínio
ideológico, de dar direcionamento e orientação.
1.4.4 Classificação de Ferdinand quanto a Organização do Poder
a) Poder Orgânico: Poder organizado, tal como o estado
b) Poder Inorgânico: Poder desorganizado, tal como a população
A organização potencializa a ação do poder. O poder inorgânico tende ao caos.
1.4.5 Classificação de Bonavides quanto a forma de obtenção do poder
a) Poder de fato: Se o poder repousa unicamente a força, e a sociedade, onde ele
exerce, exterioriza em primeiro lugar o aspecto coercitivo com a nota de
dominação material e o emprego de meios violentos para manutenção desse
poder, ele será um poder de fato, ainda que aparente estabilidade e solidez.
b) Poder de direito: Poder que possui o amparo de uma norma jurídica para ser
exercido, que é exercido menos na coerção e mais no consentimento e se apoia
menos na força e mais na competência.
O Estado moderno resume basicamente a despersonalização do poder, a
passagem de um poder de pessoas para o poder da lei e de instituições, de um
poder de fato para um poder de direito.
1.4.6 Classificação de Weber e a distinção entre os poderes legítimos.
Classificação do poder segundo os critérios de legitimidade
a) Poder Tradicional: Poder legitimado pelas tradições e pelos costumes.
A.1 Poder Tradicional de Origem divina: Poder calcado na crença de que
o governante era o Deus encarnado. (Faraó)
b) Poder Carismático
Calcado nas habilidades do chefe, que se legitima pelas suas particulares capacidades de
se fazer crer o governante legítimo (Napoleão, Vargas)
c) Racional legal
Tem seu surgimento na ascensão do estado liberal, quando foi estabelecido
que a conduta mais racional era submeter-se ao governo de leis, que impedia
a arbitrariedade das ordens de um governo totalitário.
Bobbio aborda a legitimidade como uma forma de justificação do poder, que torna sutil o
uso da força por parte do Estado.
O próprio Hobbes afirma que para a segurança dos súditos, que é o fim supremo do
Estado, e portanto da instituição do poder político, é necessário que alguém, não
importa se pessoa física ou assembléia, "detenha legitimamente no Estado o sumo
poder" [1642, trad. it. p. 165, apud Bobbio].
Já a legalidade diz respeito a “quem detém o poder, uma razão de comandar, e a quem suporta
o poder, uma razão de obedecer”, se sustentando sempre na legitimidade.
"Não a razão, mas a autoridade faz a lei" – Hobbes (Sendo aqui a autoridade como poder
acrescido de legitimidade)
A legalidade de um regime democrático, por exemplo, é seu enquadramento nos moldes de uma
constituição observada e praticada; sua legitimidade será sempre o poder contido naquela
constituição, exercendo-se de conformidade com as crenças, os valores e os princípios de uma
ideologia dominante.
Para Durverger, é a teoria dominante do poder em uma determinada época e contexto histórico.