apresentações da peça teatral fundamentada na dramaturgia Considerando que a maioria das integrantes dos grupo são
de Barba Azul, a esperança das mulheres, texto da alemã mulheres - dos 9 atores, 6 são mulheres - decidimos que a
assassinadas por um homem, Henrique, e por meio dessas trabalho. Reforçamos essa decisão ao definir que escolheríamos
histórias, fala sobre relacionamentos abusivos, percorrendo o texto de uma dramaturga e contaríamos com a orientação
os temas feminicídio, masculinidade tóxica, violência de de uma diretora, completando a equipe de colaboradores
gênero e outros temas atuais que se depreendem das com artistas majoritariamente mulheres.
à Grega (antigo Coletivo Quartocê), com a diretora convidada fadas Barba Azul, somada à possibilidade de nos aprofundarmos
Esse é o segundo trabalho profissional deste coletivo. e a forma como neles se encontram impressas imagens
O primeiro trabalho, a peça O Dragão Dourado, do também mnemônicas do feminino, se mostraram um caminho instigante
de uma pesquisa artística iniciada como exercício de O desejo implícito que norteou essas escolhas é o de
Dagoberto Feliz. Depois de 16 apresentações que percorreram como sujeitos na pesquisa e não apenas como objetos de
e Te a t r o d o F a r o e s t e ) , A r a r a s ( Te a t r o M u n i c i p a l d e A r a r a s ) , q u e m o v e o p r o j e t o q u e d e t a l h a m o s a s e g u i r.
segundo trabalho de criação da trupe temos interesse em pensar sobre questões sociais
C R I nos debruçado sobre textos contemporâneos, - não só as que nos afetam como artistas,
que demonstram em sua estrutura dramática mas também aquelas que nos afetam como
Ç Ã O um rigoroso tratamento aos pressupostos c i d a d ã s e c i d a d ã o s . P o r m e i o d e n o s s o t r a balho,
formais do drama contemporâneo e que tratam colocamos um ponto de vista poético sobre as
levantamento publicado no dia 8 de março possibilidades. Essa violência (que pode ser
de 2019 pelo jornal Folha de S. Paulo mostrou bastante silenciosa, mas nem por isso menos
que, só em janeiro deste ano, 179 mulheres lesiva) tem caracteres muito específicos, muitas
J U S a uma tentativa de feminicídio no Brasil e 71% tóxica, misoginia e resultando em casos de feminicídio.
dessas mulheres foram atacadas pelo atual Apesar do conto de fadas d’O Barba Azul não
T I F I ou ex-companheiro. Foram 119 mortes e 60 fazer parte imediatamente do nosso imaginário
C A
tentativas de assassinato, com o inconformismo cultural, a violência exercida por homens contra
com o fim do relacionamento aparecendo entre suas companheiras são parte da realidade brasileira.
T I V A os motivos mais citados para a agressão (18%), A motivação para montar a peça Barba Azul:
logo atrás de brigas, ciúmes ou suposta traição a esperança das mulheres parte precisamente
As pessoas que escolhemos para compartilhar essas questões, mostrar a doença social que
nossas vidas, aquelas que fazem parte de nosso subsidia esse comportamento covarde e cruel.
1964, estudou Filosofia e Literatura Alemã, mulheres, por exemplo, trata de relacionamentos
1993 e 1994, foi considerada pela revista Além de possuir uma escrita característica
pelo conjunto de sua obra. Seus textos, políticos através de lentes de pessoas individuais,
muito representados na Alemanha, tem sido de histórias, de feitos. Ela provoca nos
Noruega, Inglaterra, Áustria e Suíça. Outros intervenções impressas nas suas personagens,
brasileiras, como: A Vida na Praça Roosevelt que engaja também o espectador na cena,
política, não só pela estética e forma, mas provocante e polissêmica como toda boa
mulheres que ele encontra pelo caminho. de masculinidade tóxica que se coloca como sujeito fálico
O estranhamento que paulatinamente se apresenta a respeito fundamental e que credita à mulher o lugar de complemento
do comportamento das mulheres que ele encontra - sem subjetividade, objeto à mercê do desejo onipotente
porque, afinal, todas essas mulheres gastam seu tempo desse único sujeito de uma relação.
(e sua vida) com esse homem? - vai se revelando um A encenação explora essa atmosfera intrasubjetiva, esse
ponto de vista. Henrique é doente, está perdido em seus inconsciente fálico e descontrolado de Henrique, que coloca
próprios devaneios, em seu inconsciente. A morte da primeira em perigo as mulheres que ele encontra. Nesse mundo
m u l h e r, J u l i a , a q u e t e r i a s e m a t a d o p o r a m o r, a d i s p a r a d o r a q u e p a r e c e r e a l , a s c o i s a s e s t ã o n o l u g a r, m a s d e s l o c a d a s .
que teria criado em Henrique esse impulso funesto de engendrar O tempo é difuso e os lugares são incertos. As cenas são
mortes, é, na verdade, uma criação fantasiosa de Henrique. apresentadas como elemento épico, retirando continuamente
que as demais mulheres tenham outra escolha. altamente imagético e fetichizado do feminino. Cena após
Como em diversos relacionamentos, em que o homem se cena, os espectadores estão diante de uma identificação
acha no direito de definir que sem ele não há mais vida, estranhada.
o p e r s o n a g e m d e c i d e q u e e l a s n ã o d e v e m m a i s v i v e r.
/ L U C I A N A
S C H W I N D E N
É at r i z, p e sq u i sa d o ra e m ge stã o c u l tu ra l e pro fesso ra em línguas que você não fala de Ber nardo Carvalho; S E S C s , n o T U S P, Te a t r o E s c o l a M a c u n a í m a
de interpretação dramática. Graduada em Letras entre outros. Participou de diversos Festivais e na Oficina Cultural Oswald de Andrade em
e Língua Inglesa pela Universidade Cruzeiro do Nacionais e Internacionais com o grupo, processos de residência artística, entre outros
S u l E m t e a t r o é f o r m a d a p e l a s e s c o l a s : Te a t r o destacam-se: Festival Santiago a Mil no Chile, equipamentos públicos e privados. Atuou
Escola Célia Helena, Escola de Arte Dramática/ Festival de Avignon, França, Festival como artista orientadora de teatro pelo Projeto
E C A / U S P, e Te a t r o Ta b l a d o n o R i o d e J a n e i r o , Inter nacional de Wroclaw,Polônia, Festival Te a t r o Vo c a c i o n a l , da SMC/São Paulo de
além de várias oficinas técnicas na linguagem Internacional Theater Der Welt – Köln/Alemanha, 2006 a 2009, nos equipamentos culturais:
teatral, canto lírico e dramaturgia. A atriz integrou F e s t i v a l I n t e r n a c i o n a l d e C a r a c a s , Ve n e z u e l a , III CEU Paz, na Vila Brasilândia e Centro Cultural
o n ú c l e o a r t í s t i c o d o g r u p o Te a t r o d a V e r t i g e m F e s t i v a l I n t e r n a c i o n a l d e Te a t r o A n t o n Tc h e k o v, e m da Juventude na Vila Nova Cachoeirinha. Em
de 1998 a 2015. Participou dos espetáculos: c o m e m o r a ç ã o a o C e n t e n á r i o d o Te a t r o d e A r t e Gestão Cultural foi coordenadora geral do
O P ar a í so P e rd i d o de S e rgi o de C a rva l h o e Anto nio de Moscou/Rússia, Festival de Recife , Festival P ro g r a m a Vo c a c i o n a l , D i re t o r a d a D i v i s ã o d e
Araújo; O Livro de Jó, de Luis Alberto de Abreu; Rio Cena Contemporânea , Festival Cena Formação Cultural e Artística e Diretora do
Apocalipse 1,11 de Fernando Bonassi; BR3 de Contemporânea em Brasília, Festival Porto Centro Cultural da Penha, Diretora de Curadoria
B e r n a r d o C a r v a l h o , H i s t ó r i a d e A m o r, Ú l t i m o s Alegre em Cena, entre outros. Colaborou com e programação do Centro Cultural São Paulo,
Capítulos, de Jean Luc Lagarce; Kastelo, de o núcleo de artistas dirigidos por Elisa Ohtake, todos esses projetos integrados ao Departamento
Evaldo Mocarzel a partir do texto Castelo de e como resultado deste processo participou do de Expansão cultural da Secretaria Municipal
Franz Kafka; A Última Palavra é a Penúltima, espetáculo Let´s Just Kiss and Say Goodbye, que de Cultura da cidade de São Paulo. Atualmente
criação coletiva entre os grupos Lot, Zikzira ficou em cartaz no SESC Santana e no Galpão é A r t i s t a O r i e n t a d o r a n a C a s a d o Te a t r o ,
e Ve r t i g e m , partir do texto O esgotado de do Folias de dezembro de 2014 a abril de 2015. Professora de Interpretação Dramática, e integra
Deleuze; Ópera Dido e Enéas de Henry Purcell, Desde 2001 atua em atividades formativas com a equipe de coordenação no Célia Helena
M aui s mo , i n t e rv e n çã o u rba n a de c ri a ç ã o c ol ab o rativa; a s t é c n i c a s d o Te a t r o d a V e r t i g e m e t a m b é m e m Centro de Artes.
Dire ce qu’on ne pense pas dans des langues experiências independentes do grupo na área
qu’on ne parle pas (Dizer o que você não pensa d e i n t e r p r e t a ção e montagens cênicas em diversos
N Ú C L E O A R T Í S T I C O
QUARTOCÊ) p a r a C a m p i n a s - S P, n o C a s a r ã o C u l t u r a l , e m
G r u p o d e a t o r e s e g r e s s o s d o Te a t r o E s c o l a e m A r a r a s - S P, n o C e n t r o C u l t u r a l L e n y d e
Célia Helena, formado em 2017. Sob a direção Oliveira. Finalizando a temporada de 2018,
em agosto de 2017, numa mostra teatral em segue no repertório do grupo para circulação.
h o m e n a g e m a o d i r e t o r n o Te a t r o d e C o n t ê i n e r, E , d e f o r m a c o m p l e m e n t a r, a t u a l m e n t e , a Tr u p e
Hadleyburg, com direção de Luah Guimarãez. Pra Não Dizer que não
F a l e i d e B re c h t , c o m d i re ç ã o d e F e r n a n d o N i t s c h , Me dá 3 minutos
c o m d i r e ç ã o d e D a g o b e r t o F e l i z p e l a Tr u p e à G r e g a . F a z e s t á g i o e m
d i r i g e , a t u a e p ro d u z . E s t u d o u d i re ç ã o d e a t o re s n o c i n e m a c o m Wa l t e r
d e D a g o b e r t o F e l i z n o Te a t r o d e C o n t ê i n e r ( 2 0 1 7 ) , F R I N G E ( 2 0 1 8 ) ,
Espaço Cultural Inbox (2018) e Cia Pessoal do Faroete (2018). Pelo Coletivo
n o i t e d e Ve r ã o d e S h a k e s p e a r e , O i n s p e t o r g e r a l d e N i k o l a i G o g o l , e n t r e
A t u a c o m o p r o f e s s o r a d e t e a t r o n a O N G N o s s a Tu r m a , c o m d o i s g r u p o s
de crianças de 7 à 9 e 10 à 13 anos.
/ V I N I C I U S
A G U I A R
Designer e ator formado pelo curso técnico do Centro de Artes e Educação Célia
H e l e n a ( 2 0 1 7 ) . C o f u n d a d o r d a Tr u p e à G r e g a ( a n t i g o C o l e t i v o Q u a r t o c ê ) .
e SESC Santo André – 2017), ambos sob direção de Dagoberto Feliz; Para não
diz e r que não fal ei de Brecht (adaptação de Terror e m i s éri a no tercei ro Rei ch
Leal (2017).
/ Y O N A R A
D A N T A S
Pesquisadora, professora, atriz e diretora. Pós-doutoranda na Escola de
C o m u n i c a ç õ e s e A r t e s d a U n i v e r s i d a d e d e S ã o P a u l o - E C A U S P. D o u t o r a
S o n o r a e a Tr u p e à G r e g a ( a n t i g o C o l e t i v o Q u a r t o c ê ) . N a K a i r o s P a n i a C i a
Tr a n s P o s i ç õ e s ( 2 0 1 6 ) , S u í t e [ e n ] q u a d r a d a ( 2 0 1 6 - 2 0 1 7 ) , D e s a < g r a d > a v e l
EdA Espaço das Artes (antigo MAC USP), Auditório do Instituto de Artes
d a U n i c a m p . P e l a Tr u p e à G r e g a , p a r t i c i p o u c o m o a t r i z d a p e ç a O D r a g ã o
d a U n i v e r s i d a d e d e S ã o P a u l o - E C A U S P.
/ L U I Z A
M A G A L H Ã E S
Atriz, bailarina e coreógrafa. Formada pelo curso técnico do Centro de Artes
e E duc ação Cél i a Hel ena. Concl ui bacharel ado em Letras português -i tal i ano pel a
dos anos de chumbo – Panorama histórico 1968-1979” (FFLCH-USP), ori en tado pel a
professora dra. Maria Silvia Betti. Estuda Balé Clássico desde 1997 e aluna da Escola
de Da nça do Theatro Muni ci pal de S ão P aul o. Mi ni s tra ofi ci nas e pes qui s a a dança
contemp o r â n e a e o c o r p o e m c e n a . C o m o b a i l a r i n a p a r t i c i p o u d e e s p e t á c u l o s
da Trupe à Grega (antigo Coletivo Quartocê). Foi artista residente da peça Os 3 Mundos
O Dr ag ão D ou rado, d e R o l a n d S c h i m m e l p f e n n i g , c o m d i r e ç ã o d e D a g o b e r t o F e l i z
(2017- 2018), A D a m a , d i re ç ã o e t e x t o d e T h i a g o R i c h t e r ( e s t e c o m o a t r i z ,
(2016), de Ariano Suassuna, com direção de Rodrigo Audi, Estudos sobre a Commedia
de ll’a r t e, di ri gi do por Fábi o Cani atto, S weeney Todd, de S tephen S ondhei m (como
atriz e coreógrafa), sob direção de Suzana Thomáz. Atualmente faz parte do projeto
“ At e liê de s ol os ”, ori entado pel a bai l ari na Beth Bas tos e Núcl eo P aus a.
/ F I L I P E
A U G U S T O
Ator formado pelo curso técnico do Centro de Artes e Educação Célia
H e l e n a , o n d e f o i d i r i g i d o p o r V i n i c i u s To r r e s , F e r n a n d o N i t s c h
( 2 0 1 7 - 1 8 ) e c a b a r é c o m C i d a M o r e i r a ( 2 0 1 7 ) e R e n a n Te n c a ( 2 0 1 8 ) .
/ A L I C E
G U Ê G A
I n g r e s s o u n o t e a t r o e m S a l v a d o r, o n d e f e z c i n c o m o n t a g e n s p e l o To d o M u n d o
F a z Te a t r o ( S a l v a d o r / B A ) . F o r m o u - s e n o c u r s o t é c n i c o d o C e n t r o d e A r t e s
e Educação Célia Helena, onde foi dirigida por Rodrigo Audi, Fábio Caniatto
n o E s t ú d i o O i t o N o v a D a n ç a . É c o f u n d a d o r a d o g r u p o Tr u p e à G r e g a ( a n t i g o
Coletivo Quartocê) - que tem como trabalho mais recente a peça alemã O Dragão
D o u r a d o , e s t r e a d a n o F e s t i v a l d e Te a t r o d e C u r i t i b a 2 0 1 8 - e d o G r u p o R u i m
d e Te a t r o , q u e e s t á e m f a s e d e m o n t a g e m d a s u a p r i m e i r a p e ç a , E n t r a d a d e
dizer que não falei de Brecht (2016); Luah Guimarãez, O homem que
d o Te a t r o A u t o b i o g r á f i c o , d o G r u p o X I X d e Te a t r o c o m R o d o l f o A m o r i m ,
É c o f u n d a d o r a d a Tr u p e à G r e g a ( a n t i g o C o l e t i v o Q u a r t o c ê ) , q u e e s t e v e
n o v e l a h o m ô n i m a d e M a r k Tw a i n ) , d i r e ç ã o d e L u a h G u i m a r ã e z ( 2 0 1 6 ) ; P a r a n ã o
d i z e r q u e n ã o f a l e i d e B r e c h t ( a d a p t a ç ã o d e Te r r o r e m i s é r i a n o t e r c e i r o R e i c h
e A alma boa de Setsuan, de Bertolt Brecht), direção de Fer nando Nitsch (2016)
( 2 0 1 7 ) . É c o f u n d a d o r d a Tr u p e à G r e g a ( a n t i g o C o l e t i v o Q u a r t o c ê ) , p o r o n d e