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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS


POLÍTICA

Análise de trecho do livro:


FREDERICO II. O anti-Maquiavel. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2014.

Michele Savicki
00180213

O presente trabalho tem por objetivo analisar a compreensão da obra de Maquiavel a


partir de trecho do livro “O Anti-Maquiavel”, de Frederico II. Se muitas interpretações já
foram feitas da obra de Maquiavel, e propondo uma divisão simples em duas vertentes,
importa iniciar destacando que Frederico II se filia à corrente que condena as ideias de
Maquiavel, inclusive considerando-as perigosas, afastando-se, assim, daqueles que
consideram Maquiavel um grande pensador político.

A crítica de Frederico II tem forte base moral; conforme o autor, Maquiavel coloca os
príncipes enquanto pessoas más, que não se importam com o povo, tendo como único objetivo
a manutenção do poder, objetivo pelo qual guiam todas suas atitudes. O livro de Maquiavel,
nesse sentido, seria como um manual político, orientando aos príncipes como deveriam se
portar para não perderem suas conquistas, mantendo o povo sob seu poder. É claro, ao
analisar a crítica de Frederico II, é importante ter em mente também o contexto pessoal e
social em que se deu; lembre-se, a esse respeito, que Frederico II ocupava a posição de rei,
pelo que a imagem construída por Maquiavel a respeito da realeza o atingia diretamente, de
forma que suas críticas talvez tivessem em vista interesses pessoais, o que na prática reforça a
análise de Maquiavel, de forma paradoxal.

Não obstante, acredito que Maquiavel, por meio de sua escrita, não pretendia expor
como a política deve ser, ainda que seu livro “O Príncipe” seja construído na forma de um
manual. Maquiavel, portanto, não ‘emancipou’ a política da ética. Para Maquiavel, a política
possui uma ética própria, distinta de outras, e um bom governante deveria se desligar de sua
ética pessoal, ou da ética religiosa. O que vale para a ética pessoal, com frequência, pode estar
em oposição aos interesses e necessidades do Estado, de modo que a política deve se guiar por
sua própria ética, de traços racionais.
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Entendo que Maquiavel tenha exposto como a política muitas vezes se mostrava na
prática, de forma que a análise maquiaveliana não detinha qualquer vínculo com o ‘dever ser’.
Assim, Maquiavel não expõe, em qualquer momento, como acredita que os detentores do
poder deveriam se portar, ainda que ironicamente construa seu principal livro nesses termos.
O que Maquiavel conseguiu, com sucesso, foi demonstrar como muitas vezes as forças
políticas se davam na prática, inclusive servindo como um alerta aos povos, para que melhor
refletissem sobre as relações de poder a que eram submetidos, e sobre por que razões e para
quais pessoas entregavam sua obediência, acreditando que a visão do príncipe sempre seria a
de prover o melhor para o seu povo.

Conforme Frederico II, “a justiça deve constituir o principal objetivo de um soberano;


e portanto o bem dos povos por ele governados que deve ser por ele preferido a qualquer
outro interesse; e portanto a satisfação e a felicidade deles que ele deve aumentar, ou propiciá-
las, se eles não a tiverem.” Para Frederico II, no entanto, essa não é a visão de Maquiavel, que
teria instituído uma moral política depravada, e legitimado as mais atrozes ações e os crimes
mais hediondos quando tivessem por objetivo a ambição.

No entanto, o que faz Maquiavel não é simplesmente instituir ações atrozes como
prática necessária aos governantes. Na verdade, o que Maquiavel expõe é a dissociação entre
a ação e as finalidades pretendidas. Isso porque a ação boa nem sempre leva a bons objetivos;
por sua vez, uma ação racional não tão boa, no sentido ético pessoal ou religioso, pode levar a
bons objetivos, inclusive a satisfação e a felicidade dos governados, de modo que tal ação
seria boa por um viés político. Em momento algum, porém, são estabelecidos quais deveriam
ser os objetivos políticos.

Se, para Frederico II, Maquiavel apresenta os súditos como escravos, sobre cuja vida e
morte quem decide é o soberano, entendo, ao contrário, que Maquiavel apresenta como
podem se portar os príncipes, medida em que apresenta características republicanas. Assim,
ao demonstrar os interesses pessoais que muitas vezes subjazem os governantes, Maquiavel
permite a construção da ideia quanto à importância da participação dos cidadãos na arena
pública.

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