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[Recensão a] Alessandro Manzoni, Os noivos, trad.

José Colaço Barreiros


Autor(es): Marnoto, Rita
Publicado por: Imprensa da Universidade de Coimbra
URL URI:http://hdl.handle.net/10316.2/42402
persistente:
DOI: DOI:https://doi.org/10.14195/0870-8584_10_15

Accessed : 17-May-2019 09:18:35

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2015
174 Estudos Italianos em Portugal

quello patriottico di All’Italia che com um prefácio de José María


infervorò la generazione di Ca- Poirier e termina com uma biogra-
stilho. Tuttavia, sottolinea Tabuc- fia de Manzoni de autoria do tra-
chi, l’interpretazione operata da dutor, José Colaço Barreiros. Além
Pessoa si dirige in direzione del disso, é enriquecido por uma selec-
conflitto tra natura e ragione, con- ção das xilogravuras que Frances-
centrandosi sull’immaginazione, co Gonin realizou para a primeira
sull’essere altro e, soprattutto, sulla edição, que saiu em fascículos de
contemplazione dell’infinito come 1840 a 1842.
“universo che si riproduce sempre A tradução molda-se ao original
uguale a se stesso”, che accoglie in italiano com fluidez, de modo a
sé anche il tedio “esoterico” di cui acompanhar o estilo de cada mo-
l’eteronimia è intrisa. Il commos- mento do livro, entre os ouropéis
so Canto a Leopardi pessoano altro barrocos da introdução, a pureza
non è, in fin dei conti, che una linguística do italiano toscanizado
lunga serie di interrogativi diret- de Manzoni, as inflexões específi-
ti (“Se è falsa l’idea, chi mi mette cas de cada diálogo e toda aquela
l’idea?”), i quali sembrano parteci- variedade de tons e emoções que
pare – suggerisce l’autore – di una são a seiva das suas páginas. José
“epistolografia virtuale” che anche Colaço Barreiros apoia o seu tra-
Borges, probabilmente, avrebbe balho no paralelismo entre a sin-
condiviso di buon grado. taxe italiana e a portuguesa, sem se
ANDREA RAGUSA deixar deslumbrar por práticas de
transformação que a filologia mos-
Alessandro Manzoni, Os noivos, tra dispensáveis. Na verdade, na
trad. José Colaço Barreiros, Prior passagem do latim para o italiano e
Velho, Paulinas Editora [Colecção do latim para o português, a evolu-
Biblioteca Indispensável], 2015, ção destas duas línguas neolatinas
727 pp. seguiu vias paralelas no campo da
sintaxe, o que isenta o tradutor de
Sob o título de Os noivos, publica- profundas restruturações frásicas.
-se a tradução do romance de Ales- O apreço do público português
sandro Manzoni I promessi sposi pelo romance de Manzoni não é de
numa edição nos seus vários aspec- hoje e foi imediato. Logo em 1841,
tos muito cuidada. O volume abre Castilho dedica-lhe uma nota nas
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páginas da Revista Universal (11, entre Adda, o Lago de Como e


9-12-1841) e no ano seguinte sai a Milão. Em 1821, Manzoni come-
sua primeira tradução portuguesa, ça a compilar um dossiê a partir
assinada por um acrónimo, MPC- de crónicas e documentos sobre a
CDA. Por sua vez, em 1863-1864 história de Milão no século XVII.
surge nova tradução de Matos de Dois anos depois, está pronta uma
Gusmão, Os desposados, feita a primeira redacção do romance que
partir do francês, e nova edição se costuma designar como Fermo
sairá ainda em folhetim no Correio e Lucia. É ainda um esboço, com
Nacional. Seguem-se, já no século digressões, cenas soltas e contrastes
XX, as traduções da Editorial In- entre o bem e o mal, escrito numa
quérito e de Os Amigos do Livro. linguagem compósita que agluti-
Mas nenhuma delas resistiu ao na palavras toscanas, lombardas
tempo. Era pois absolutamente ne- e galicismos. Acrescenta-se-lhe a
cessária uma versão que trouxesse Appendice storica sulla colonna in-
I promessi sposi para o uso do por- fame, com os processos instruídos
tuguês do século XXI, em confor- aquando da epidemia de peste de
midade com os requisitos linguísti- 1630. Sucessivamente, é objecto
cos e culturais da actualidade e de de uma profunda restruturação.
modo a acompanhar o desenvolvi- Ganha carácter orgânico, um tom
mento que a prática e os estudos de harmonioso e, sem o apêndice,
tradução têm vindo a sofrer. é pela primeira vez editado em 3
A inserção do romance de Man- volumes que saem em 1827, a cha-
zoni na “Colecção Biblioteca In- mada edição “Ventisettana”.
dispensável”, dirigida por José To- Mas Manzoni estava ainda in-
lentino de Mendonça, mostra, por satisfeito e queria pesar e filtrar a
si só, o valor da obra agora de novo língua que tinha usado. Faz então
apresentada em língua portuguesa. uma estadia em Florença, “per ris-
I promessi sposi / Os noivos inse- ciaquar si i panni in Arno” (‘enxa-
re-se no filão do romance histórico, guar a roupa no Arno’), citando a
possuindo porém características célebre imagem através da qual se
muito específicas que o individu- lhe refere. Assim tem ocasião de
alizam e o distinguem como obra- conhecer melhor a linguagem fala-
-prima da narrativa oitocentista. da pelos grupos cultos de Florença,
A acção decorre de 1628 a 1630, para a usar na nova redacção, a de-
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finitiva, que é resultado de uma re- fio racional que Deus derrama na
visão predominantemente linguís- história, com a certeza de que o so-
tica. A edição, a expensas do autor frimento injustamente vivido Lhe
(1840-1842), prima pela elegân- pode ser oferecido como remissão
cia. É acompanhada pelas gravuras dos pecados da humanidade.
que a Paulinas Editora agora nos Da mesma feita, este intento re-
apresenta, e também por uma ver- clama estratégias que levam as po-
são mais alargada da Appendice, que pulações de uma Itália linguística e
em 1991 foi traduzida para portu- politicamente dividida a fazerem-
guês por José Colaço Barreiros. -no seu. Manzoni usa uma língua
São vários os factores que fazem tanto quanto possível englobante e
deste romance uma obra-prima. A desenvolve uma matéria capaz de
procura de uma síntese autêntica tocar todos os italianos, contando
entre estética, razão, história e fé, a sua verdade. Identifica essa língua
nos termos em que é levada a cabo nos termos acima descritos e esco-
nas suas páginas, é uma das mais lhe um período de caos político e
acutilantes questões que se coloca social para situar a acção, a Milão
ao homem dos nossos dias. Man- do século XVII em tempos de pes-
zoni acredita que rigor histórico te e desgoverno, o que se presta a
e criatividade autoral podem coe- contar a vida de pessoas humildes,
xistir na obra narrativa, de forma talvez sugerindo um paralelo com
a desvelar o sentido profundo do a Milão do seu tempo, ocupada
humano e os fundamentos da ra- pelos austríacos. Não recua, pois,
zão e da fé. Um dos contributos es- à Idade Média, como tantos dos
senciais para alcançar esse patamar cultores do romance histórico (de
é o respeito pela verdade histórica Walter Scott a Alexandre Hercula-
na sua completude, de forma a no). Tratar a Idade Média requeria
captar e compreender os proble- o alargamento do espaço do ima-
mas dos que sofrem, dos que são ginário narrativo, por se tratar de
vítimas de prepotência, enfim, da- uma época menos documentada, e
queles de que a história oficial não Manzoni perseguia uma estética da
fala. O mal não é, para o escritor, verdade, da razão e da fé.
um facto metafísico, mas respon- Se fosse necessário atestar a efi-
sabilidade do comportamento do cácia desses propósitos, bastaria
homem, o qual torna ilegível o evocar as frases, as tiradas e as si-
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tuações do romance que, nos tem- uma obra dotada de uma extraor-
pos que correm, são correntemen- dinária densidade conceptual, que
te usadas na interacção quotidiana é um marco fundamental da narra-
dos italianos. tiva do século XIX e que continua
Graças a esta edição, fica assim a atrair o leitor dos nossos dias.
disponível, em língua portuguesa, Rita Marnoto

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