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Seção Judiciária do Distrito Federal

8ª Vara Federal (Cível)

PROCESSO 1012690-97.2019.4.01.3400
(AÇÃO CIVIL PÚBLICA)
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – CONSELHO SECCIONAL DO DISTRITO FEDERAL – OAB/DF
contra
DISTRITO FEDERAL E SERVIÇO DE LIMPEZA URBANA-SLU
DECISÃO
Objetiva a autora a retificação do Edital 01 SLU/DF/2019, relativo ao concurso para provimento do cargo
de Analista de Gestão de Resíduos Sólidos, a fim de que se exija a devida inscrição na OAB para os candidatos ao
referido cargo na especialidade de Direito e Legislação da SLU.
Alega a OAB/DF que a omissão editalícia em questão ofende claramente o disposto nos art.1º, II c/c 4º, da
Lei 8.906/1994, uma vez que as atribuições do cargo de Analista/Direito e Legislação, previstas na Portaria 428/2018
do Secretário de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão do Distrito Federal, consubstanciam atividades de
consultoria, assessoria e direção jurídicas, privativas de advogado, cuja atuação depende, logicamente, de regular
inscrição perante a OAB, sob pena de nulidade.
Afirma a OAB/DF que sua solicitação administrativa encaminhada ao Diretor-Presidente da SLU não foi
acatada.
Pede a concessão de tutela provisória de urgência, para que seja suspenso parcialmente o certame, até que
seja retificado o edital.
Procuração, ata de eleição e documentos instruem a petição inicial.
É o que interessa relatar.
Considerando que o concurso impugnado está prestes a ser realizado (domingo próximo) e que não há
tempo hábil para a prévia oitiva da Procuradoria do DF e do SLU, inaplicável in casu excepcionalmente o disposto no
art.2º da Lei 8.437/1992.
Passo a examinar o pedido de tutela.
Para a concessão da tutela de urgência é necessária a presença de elementos que evidenciem a probabilidade
do direito e o perigo de dano (antecipada) ou o risco ao resultado útil do processo (cautelar), tudo conforme prevê o
art. 300 do NCPC.
Vislumbro a fumaça do bom direito.
Com efeito, o Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal tornou pública a realização de concurso
público para o provimento do cargo de Analista de Gestão de Resíduos Sólidos, mediante o Edital 01 SLU/DF/2019,
de 11 de janeiro de 2019.
O item 2 do edital descreve os requisitos para admissão aos cargos de Analista, conforme as especialidades
profissionais a serem selecionadas, a saber: Administração, Arquitetura, Biologia, Ciências Contábeis, Comunicação
Social, Direito, Economia, Engenharias, Geografia, Informática e Serviço Social (fls.42/44).
Curioso notar, conforme destacado na petição inicial, que a única especialidade que não exige a inscrição no
conselho profissional respectivo é, de fato, a de Direito e Legislação.
Todas as demais, com exceção da especialidade Modernização de Gestão, a qual admite qualquer curso de
graduação e não consubstancia uma profissão regulamentada, exigem do candidato a inscrição no conselho
profissional competente.
Pelo visto, a SLU pretende contratar diversos profissionais: administradores, arquitetos, biólogos,
contadores, jornalistas, engenheiros etc.; menos os advogados, contentando-se com bacharéis em Direito.
Ocorre que as atribuições do cargo em apreço aparentemente são privativas de advogado, nos termos do
art.1º, II, da Lei 8.906/1994, eis que consubstanciam atividades de consultoria, assessoria e diretoria jurídicas.
A descrição das atribuições específicas do cargo de Analista de Gestão de Resíduos Sólidos/Direito e
Legislação encontra-se no Anexo II da Portaria 428, de 06.09.2018, do Secretário de Estado de Planejamento,
Orçamento e Gestão do Distrito Federal, conforme autoriza o art.4º da Lei Distrital 6.129, de 7 de março de 2018.
Diz a referida portaria, em seu anexo II, item 7:
7. DIREITO E LEGISLAÇÃO.
DESCRIÇÃO SUMÁRIA: Planejar, executar, monitorar, supervisionar e avaliar atividades relacionadas à área
específica de Direito e Legislação nas diversas unidades do Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal - SLU/DF;
executar atividades específicas que demandem conhecimentos próprios do cargo e especialidade e/ou atividades que
envolvam conteúdos relativos à área de atuação ou de interesse da área e inerentes à Autarquia.
DESCRIÇÃO DETALHADA: Coordenar, supervisionar e executar atividades de natureza jurídica, envolvendo
emissão de pareceres técnicos, análise de processos, elaboração de contratos, convênios, projetos de leis, decretos,
regulamentos e registros; compor comissão de licitação; assessorar o SLU/DF na elaboração de instrumentos
contratuais; orientar sobre o cumprimento das decisões judiciais e administrativas; pronunciar-se sobre recursos
administrativos em licitações; preparar e executar atos referentes a processos administrativos; manifestar-se sobre
práticas de atos ilegais; propor revisões de atos e contratos administrativos; cumprir e fazer cumprir prazos legais;
formalizar parecer técnico; analisar legislação para atualização e implementação no SLU/DF; criar/manter atualizada
a coletânea de leis, decretos, jurisprudência e outros documentos de natureza jurídica de interesse da Autarquia;
analisar a norma jurídica para embasar decisões da Diretoria do SLU/DF; apreciar e propor alterações legislativas
com relação às matérias de interesse da Autarquia; acompanhar o andamento de processos de interesse da Autarquia;
realizar estudos doutrinários e jurisprudenciais; acompanhar e analisar a legislação e as inovações relacionadas à área
de atuação; executar outras atividades da mesma natureza e nível de complexidade observadas as peculiaridades do
cargo e de interesse da área.
COMPETÊNCIAS PESSOAIS: Iniciativa; liderança; capacidade de síntese, negociação, decisão e análise; visão
crítica; administrar conflitos; trabalhar em equipe.
FORMA DE PROVIMENTO:Concurso Público.
REQUISITOS: Diploma, devidamente registrado, de conclusão de curso de graduação em Direito, fornecido por
instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação.
(http://www.sinj.df.gov.br/sinj/Norma/4be8842bc4cf4d2baa35d917ac1c63bf/Lei_6129_07_03_2018.html)
A lei distrital apenas define as atribuições gerais do cargo de analista, comuns a todas as especialidades já
referidas, não descendo a detalhes.
O edital, por seu turno, descreve apenas as atribuições gerais do cargo de Analista e os respectivos
requisitos de admissão, não reproduzindo as atribuições específicas de cada especialidade profissional, conforme
estabelecido no retrorreferido ato normativo distrital.
Não há dúvida, entretanto, de que as atribuições específicas do cargo de Analista na Especialidade de
Direito e Legislação, da forma como definidas na portaria distrital retrotranscrita, consubstanciam típicas atividades
de assessoramento e consultoria jurídicas, as quais, por força de lei federal, são privativas de advogados, assim
entendidos os profissionais regularmente inscritos nos quadros da OAB.
Logo, houve, no meu sentir, omissão não só da portaria, como também do edital, ao não estabelecer a
exigência de inscrição na OAB para concorrer ao cargo em apreço.
Pode-se objetar aqui que algumas carreiras jurídicas estariam isentas de inscrição na OAB, a exemplo dos
procuradores, defensores públicos, delegados de polícia etc.
Ocorre que tais carreiras têm seus diplomas legais federais próprios, dos quais se pode extrair a devida
autorização para que tais profissionais desempenhem as atribuições de seus cargos. Ademais, estas carreiras federais
são incompatíveis com o exercício da advocacia privada.
No caso ora examinado, a lei distrital não versou sobre as atribuições específicas do cargo de analista
jurídico e seus requisitos de admissão.
E nem poderia fazê-lo, uma vez que o estabelecimento de condição para o exercício profissional é matéria
da competência legislativa privativa da União (CF, art.22, XVI).
Nesse diapasão, pelo princípio da hierarquia das normas, vê-se que não é juridicamente admissível que um
ato normativo, infralegal, distrital, tenha o condão de se sobrepor a uma lei federal.
A par da plausibilidade jurídica da tese deduzida na petição inicial, verifico a presença também de evidente
perigo de demora, uma vez que as provas, conforme noticiado pela OAB, serão realizadas no domingo que se
avizinha.
Não me parece razoável permitir que o certame avance diante da grande probabilidade de vir a ser anulado,
o que geraria grande instabilidade jurídica.
Com efeito, não me parece correto admitir a continuidade do certame, fazendo com que diversos candidatos
já inscritos, que não possuem inscrição na OAB, prossigam nutrindo uma falsa expectativa de êxito e desperdicem
assim preciosos tempo e energia na realização de provas que poderão ser anuladas num futuro próximo por ocasião
do julgamento definitivo desta ação.
Ante o exposto, DEFIRO parcialmente a tutela de urgência e determino a SUSPENSÃO parcial do concurso
público da SLU, no que tange ao provimento do cargo de Analista de Gestão de Resíduos Sólidos/Especialidade de
Direito e Legislação.
Franqueio à parte ré, entretanto, caso queira dar sequência ao certame, que providencie a RETIFICAÇÃO do
item 2.7 do edital de regência, bem como do item 7 do Anexo II da Portaria 428/2018, do Secretário de Estado de
Planejamento, Orçamento e Gestão do Distrito Federal, incluindo-se em seu bojo, como requisito de admissão, a
regular inscrição na OAB.
Determino ainda que sejam prontamente ressarcidas as taxas de inscrição dos candidatos desistentes que
assim o desejarem. Não deverá haver nova cobrança de taxas daqueles que optarem em se reinscrever, caso a parte ré
opte em reabrir o certame.
Deixo de designar por ora audiência de conciliação.
Intime-se a parte autora eletronicamente.
Citem-se o DF e a SLU, para fins de ciência e cumprimento desta decisão e também para que ofereçam suas
respostas.
Oficie-se ao Cebraspe, enquanto ente promotor do certame, para fins de ciência e auxílio no cumprimento
desta decisão.
Brasília, 17 de maio de 2019.
(assinado digitalmente)
FRANCISCO ALEXANDRE RIBEIRO
Juiz Titular da 8ª Vara Federal do DF

Assinado eletronicamente por: FRANCISCO ALEXANDRE RIBEIRO


17/05/2019 21:20:28
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
ID do documento:

19051721190157900000054517144
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