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Cláudio e a Britânia: achado arqueológico como símbolo da

expansão romana

Sebasteion: Em honra de Afrodite e da dinastia Julio-Claudiana

Em Aphrodisias, uma cidade a sudoeste da antiga província romana da Ásia


Menor, atualmente, corresponde à Vila Geyre, na província de Aydin, no sudoeste da
Turquia, foi escavado em 1979-81 um complexo templário grandioso, cujas estruturas
datam do século I d.C., dedicado ao culto do imperador Augusto e da dinastia Julio-
Claudiana. Chamado Sebasteion (do grego Sebastos correspondente ao Latim
Augustus), o complexo foi doado por duas principais famílias locais, que financiaram
sua construção. Cerca de oitenta painéis foram recuperados, dos cento e noventa relevos
do complexo, que mostravam imperadores romanos, mitos gregos e uma série de
“nações” do mundo romano personificadas.
A descoberta do Sebasteion joga algumas luzes em como os povos do Oriente
interpretavam o culto ao imperador. Segundo Smith (1987), baseando-se nas inscrições
encontradas no complexo, pode-se dizer que para os gregos o imperador era um deus,
restando a indagação sobre que espécie de deus seria esse imperador divinizado. A
importância desse complexo templário recai principalmente no fato de não ter copiado
nenhum outro, mas ser a interpretação daquele povo da Ásia Menor sobre o imperador
romano, sua visão sobre o mundo romano. Sua descoberta permite a análise do processo
de “romanização”, de como aquela cultura recebeu e incorporou a cultura romana,
desenvolvendo por si mesma um centro de culto imperial. A própria construção do
complexo, tinha alguns aspectos tipicamente romanos, enquanto outros parecem
inéditos. Chama a atenção de Smith (2007) o fato de o templo se situar no fim do
complexo, enquanto os templos nos gregos são situados no meio dos santuários.
O Sebasteion era composto de um propylon, dois longos pórticos e um templo, e
foi construído por duas famílias Aphodisianas; uma foi responsável pelo propylon e o
pórtico norte, outra pelo pórtico sul e pelo templo. O fato de oferecer um complexo
dessa proporção leva a crer que as famílias em questão seriam pessoas de destaque na
comunidade. O culto ao imperador, especialmente, demonstrava de forma patente a
conexão com Roma, e a inserção da população local na cultura romana. As duas
construções eram dedicadas a “Afrodite, ao Imperador Augusto e ao Povo”. A deusa que
dá nome à cidade é também, segundo a lenda, ascendente da dinastia Júlia através de
Iulo, filho de Enéias que seria filho de Afrodite, o que mostraria uma “ligação” quase
pessoal de Aphodisias com Roma e em especial com a família Julio-Claudiana.
Aphrodisias era independente da província romana da Ásia, alcançou a posição de
cidade livre e aliada e é natural que quisesse exaltar os imperadores e a cultura romana.
Ela não era uma simples colônia e sim uma aliada do Império. O Sebasteion cumpre
muito bem esse papel, pois o indiscutível talento dos artesãos aphrodisianos reproduziu
em mármore, além dos imperadores romanos e suas conquistas, painéis como Rômulo e
Remo e a Loba e fuga de Enéias de Tróia para Roma, mostrando a visão e interpretação
dos aphrodisianos sobre o Império Romano, seus mitos e seus deuses.

Cláudio e a Britânia: Celebrando a conquista da última fronteira do Império

O terceiro compartimento do edifício sul era o lugar do relevo denominado


Cláudio e a Britânia, um painel de 1,68 x 1,35, com uma base de 0,75 x 1,30, de
mármore entalhado em relevo que homenageia a conquista da Britania pelo imperador
Cláudio. O relevo está na parte mais alta do pórtico, em grande destaque. Cláudio é
retratado nu, com a clâmide (manto militar), o escudo, o elmo e provavelmente uma
espada, cuja bainha é visível. A figura que representa a Britânia é retratada como uma
amazona, com sua túnica curta. Com uma expressão firme e decidida Cláudio subjuga a
Amazona-Britania segurando-a pelos cabelos, pronto para golpeá-la enquanto ela ergue
o braço numa posição de súplica e com uma expressão angustiada no rosto.
O relevo pode ser entendido como uma forma de culto ao imperador, visto que
havia diversas formas de cultuar os imperadores não só através de rituais, mas também
da poesia e da iconografia.
Apesar de já ter passado dos cinqüenta anos quando foi proclamado imperador,
Cláudio é representado como um guerreiro no auge da força e forma física. O imperador
é retratado de forma heróica subjugando uma amazona, numa cena que remete à morte
da rainha amazona Pentesiléia pelo mitológico Aquiles. Assim, Cláudio estava no nível
dos grandes guerreiros e sua conquista não era representada por uma simples mulher,
uma presa fácil, mas uma amazona. As amazonas eram famosas por suas habilidades
guerreiras e presentes em vários confrontos mitológicos, inclusive na Eneida, narração
da glória dos antepassados dos romanos, a amazona Camila é derrotada pelos aliados de
Enéias.
A representação da terra dominada como uma mulher reforça a idéia de sujeição
ao conquistador. Assim como as mulheres, que uma vez sob o domínio masculino
deveriam ser dóceis ao seu senhor, uma vez conquistada a colônia deveria respeitar e
obedecer seu conquistador, provê-lo em suas necessidades e receber em troca proteção.
Até que o relacionamento passe gradualmente de sujeição a aceitação e finalmente a
admiração.
A relação dominador-dominado passa a ser de troca mútua. Os deuses locais são
aceitos no panteão do conquistador, se fundem aos seus próprios deuses e os deuses do
conquistador são adorados pelos conquistados, se tornam parte da mitologia desse povo.
Os costumes dos colonizadores são reproduzidos, se fundem aos locais, em alguns casos
os substituem, a elite aspira ser uma reprodução fiel da elite colonizadora. Retomando a
analogia das mulheres sob o domínio masculino, assim como às vezes as mulheres não
se submetiam, ocasionando violência, mortes (tanto de uma como de outra parte), e
divórcios (quase nunca amigáveis), as colônias também podiam se rebelar dando início
a guerras sangrentas.
Esse não parece ser o caso de Aphrodisias, onde famílias abastadas financiam
monumentos em homenagem ao império colonizador, o que seria uma expressão de
fidelidade à Roma. Além da penetração romana na vida e costumes aphrodisianos,
financiar esses monumentos deveria ser motivo para grande destaque não só na sua
sociedade como perante o Império, o que justificaria os gastos de tal empresa. A religião
estava intimamente ligada ao poder em Roma: “As práticas religiosas públicas eram
impostas ao indivíduo pela sua condição social de pertencimento a uma cidade, portanto
eram um foco de sua identidade cívica.”(FHOINIX, Mendes, Norma Musco; Otero,
Uiara Barros; 11, 2005, p.197). Assim, promover o culto a figura imperial significava o
reconhecimento público da soberania romana, demonstrando integração tanto no âmbito
religioso quanto no político, que eram intimamente ligados.
Podemos inferir a grande afinidade e identificação de Aphrodisias com a cultura
romana. Os escultores que produziram o relevo não eram apenas talentosos e hábeis,
mas também conhecedores da estética e mitologia romanas, visto que o local onde o
relevo pertencia originalmente, o Sebasteion, foi inspirado no estilo das construções de
Roma, embora tivesse alguns aspectos inéditos, fruto da mescla de culturas.
Segundo Smith (1987), o estilo romano da construção seria esperado numa
colônia, mas como Aphrodisias era livre e aliada, não haveria interferências de Roma na
construção. Um relevo celebrando as conquistas romanas, financiado por famílias locais
demonstra a integração da população de Aphrodisias ao mundo romano, já parte deste
mundo, celebrando seus mitos, seus imperadores, suas conquistas.
Este relevo nos dá uma visão do imperador visto pelos olhos de uma população
não romana. O imperador forte e conquistador que alargava as fronteiras do Império
Romano e com mão forte segurava seu mais novo troféu, a vencida Britânia. Podemos
inferir o orgulho de Aphrodisias como aliada do maior império do mundo e protegida
pela mesma deusa mãe, que era cultuada no mesmo templo que a dinastia a qual dera
origem. Na Ásia Menor se erguia um pedaço de Roma; sob os auspícios de Afrodite.

Considerações Finais:
Por que os Aphrodisianos construíram um templo de tais dimensões em
homenagem à dinastia Julio-Claudiana? Não foram coagidos a isso, pois Aphrodisias
era livre e aliada, e não dominada e oprimida.
Tal construção firmava uma “aliança espiritual” com Roma, legitimada pelo seu
próprio mito fundador: Afrodite, deusa que dá nome à cidade de Aphrodisias também
era protetora de Roma. Segundo a lenda, Afrodite era mãe de Enéias e avó de Iulo, que
seria o fundador da dinastia Julia. Através da deusa se consolida uma ligação mítica
entre as duas cidades tornando-as “irmãs”.
Construir templos e monumentos era uma forma da elite afirmar tanto sua
lealdade à Roma quanto sua influência perante a sociedade local. Desta forma também
buscavam uma identidade com a elite romana, honrando os mesmos mitos e
homenageando as mesmas conquistas.
A identificação com Roma fica patente na construção do Sebasteion, pelo estilo
presente na arquitetura e na decoração. Também pelo profundo conhecimento da
mitologia expressa nos seus painéis, magnificamente executados por seus escultores.

BIBLIOGRAFIA
ERIM, K. T. A new relief showing Claudius and Britannia from Aphodisias. In:
Britannia. New York, Society from promotion of Roman studies. Vol. 13, 1982.
PHOINIX/UFRJ. Laboratório de História Antiga, Ano XV – 2005, Rio de Janeiro:
Mauad Editora, 2005.

MENDES, N. M. & SILVA, G. V. (Orgs.) Repensando o Império Romano: Perspectiva


Socioeconômica, Política e Cultural. Rio de Janeiro/Vitória: Mauad
Editora/EDUFES, 2006.

SMITH, R. R. R. The imperial reliefs from the Sebasteion at Aphodisias. In: Journal of
the romam studies. New York. Society from promotion of Roman studies. Vol. 77,
1987.

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