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A migração de profissionais para o Terceiro Setor

Autor: Nilza Lopes

As organizações sem fins lucrativos podem variar freqüentemente entre si, em razão de
seus objetivos, suas origens históricas e geográficas e suas formas de financiamento. Há
um consenso comum de que todas terão que gerir adequadamente seus recursos para
conseguir alcançar os objetivos para as quais foram criadas.

A experiência da gestão das empresas privadas e das organizações públicas é a


referência cognitiva para a gestão das organizações não governamentais. Estas, iguais
aquelas, devem definir estratégias e objetivos, medir resultados e atuações para
sobreviver e desenvolver padrões legítimos e aceites de eficiência e eficácia. No
entanto, a especificidade do setor não lucrativo em aspectos como o financiamento, a
definição dos usuários e beneficiários, a articulação entre o pessoal remunerado e os
voluntários exige uma adaptação dos conceitos e técnicas de gestão.

A proposta das ONGs, é evidentemente se dedicar a "fazer o bem", mas descobriram


que as boas intenções não podem substituir a gestão e a liderança, a responsabilidade, o
desempenho e principalmente os resultados, que medirão o seu tempo de vida no
mercado.

As últimas duas décadas significaram para as ONGs a perda da "ingenuidade" e a


adesão a valores como a eficiência, a eficácia e a produtividade, que eram termos
exclusivos do Segundo Setor, das empresas subordinadas aos ditames do mercado. A
lógica empresarial vem dominando a estruturação das ONGs, as de maior porte e
visibilidade já tem termos como "controle", "eficácia", "coordenação", "planejamento" e
"estratégia" em seus documentos de divulgação, que exemplificam essa tendência.

Ainda que não sejam empresas de negócios, as organizações sem fins lucrativos, têm
"clientes" aos quais se destinam seus serviços, e devem financiar suas próprias
atividades, fato que as obriga a pensar em termos próximos aos costumeiros nas
empresas que visam o lucro. A conseqüência é a transferência das técnicas das
organizações mercantis de caráter privado e das empresas do setor público para as
organizações do Terceiro Setor. Este fenômeno tem originado uma maior divisão do
trabalho e das tarefas, uma estrutura hierárquica mais concentrada, uso do planejamento
estratégico como instrumento de gestão, e uma maior complexidade administrativa e
formalização dos processos de gerência.

Dessa forma, a necessidade de serem rentáveis, produtivas e eficientes para poder


competir na captação dos recursos dos doadores privados e das administrações públicas,
obriga as organizações sem fins lucrativos a iniciar o caminho da profissionalização. O
aumento de profissionais, voluntários e associados exige o aperfeiçoamento dos
mecanismos de cobrança de mensalidades, de controle, coordenação e planejamento do
trabalho e de gestão do trabalho dos membros da organização. A burocratização das
ONGs faz aumentar os custos de pessoal, de infra-estrutura e comunicação, junto aos de
marketing e arrecadação de fundos.

Essa busca pela eficiência transformou o Terceiro Setor em um setor gerador de


emprego, já que ele é a oitava economia do mundo, movimentando mais de US$ 1
trilhão por ano, cerca de 8% do PIB mundial. No Brasil ele representa R$ 10,9 bilhões
anuais (cerca de 1% do PIB), sendo R$ 1 bilhão em doações. Emprega cerca de 1,2
milhões de pessoas e tem 20 milhões de voluntários ( o Brasil é o quinto do mundo em
voluntários). Entre 1991 e 1995, o mercado de trabalho no Terceiro Setor cresceu
44,38% contra 20% do Segundo Setor (empresas). Profissionais de empresas tem
migrado para o Terceiro Setor por ideologia, desejando mudar o quadro social atual e
por já ser possível projetar uma carreira dentro dele.

Segundo o caderno de empregos da Folha de São Paulo (Caderno de Empregos


16/12/01), o Terceiro Setor também tem se firmado como uma nova porta de entrada no
mercado de trabalho para estudantes de várias áreas, que estão trocando o processo de
recrutamento das grandes empresas, por aplicar todo o conhecimento adquirido na
faculdade em causas sociais. O Terceiro Setor necessita de profissionais versáteis e
empreendedores, além de gerar um ambiente de equipe entre seus profissionais, já que
não existe clima de competição comum nas empresas do Segundo Setor.

Um levantamento feito pela Kanitz & Associados revela que, em 1999, existia 59.899
profissionais em atuação e 2864 vagas abertas no Terceiro Setor. Levantamento feito
pelo GIFE - Grupo de Institutos, Fundações e Empresas mostra que 53% dos
colaboradores das organizações possuem ensino superior completo ou incompleto e
67% das entidades utilizam serviços de consultoria quando necessitam de mão-de-obra
especializada que não faz parte de seu quadro de funcionários. (Caderno de Empregos,
16/12/01)

Neste turbilhão de mudanças, dados e informações sobre o Terceiro Setor, existe espaço
para médicos, dentistas, ambientalistas, designers, engenheiros, demonstrando o
surgimento de oportunidades em todas as áreas profissionais como um todo.

Podemos observar que a própria definição de trabalho ao longo da história tem se


modificado, pois três séculos atrás o trabalho era visto apenas pela ótica física. No final
do século XX, a conceituação é mais ampla e intelectualizada e, atualmente, o trabalho
é visto por muitas pessoas como um meio de obtenção de prazer, satisfação e aceitação
social; é claro que este conceito é mais forte nos países desenvolvidos, pois a dura
realidade nos países em desenvolvimento, faz com que o trabalho seja meramente um
meio de subsistência. O próprio trabalho voluntário reflete à busca dos indivíduos pela
auto-realização e inserção social e tem um papel fundamental não só para a
sobrevivência das organizações do Terceiro Setor, mas são a interface entre as
organizações e a comunidade. É claro que muitos profissionais que atuam nessas
organizações são oriundos da militância e das lideranças comunitárias ao invés das
escolas de capacitação técnica; esse fato é mais comum em instituições de pequeno
porte, mas com a importância e destaque que o Terceiro Setor vem ganhando na
economia mundial a presença de técnicos das mais diversas áreas será imprescindível,
mesmo entre as pequenas organizações.

As mudanças descritas formam parte da conformação de um processo de


institucionalização que traz consigo a exigência de uma prestação de serviços cada dia
mais qualificada. As ONGs se auto-exigem uma capacidade crescente para atender à
demanda de projetos por parte dos grupos beneficiados - grupos vulnerados em seus
direitos, comunidades afetadas por agressões ao meio ambiente ou setores carentes de
ações assistenciais - à maior oferta de linhas de financiamento público, às fontes de
financiamento privado de empresas que, a cada dia, percebem melhor o filão da imagem
social que são para elas as ONGs e ao contingente de indivíduos que buscam, nestas
organizações, a realização de sua plena cidadania.

Para as empresas comerciais, as organizações não governamentais e de voluntariado e


seu capital de credibilidade e legitimidade representam um novo potencial a explorar.
Bancos, companhias de transporte e de seguros, distribuidoras de derivados de petróleo,
entre outras, esperam recuperar assim uma credibilidade que, se não está perdida, está
pelo menos questionada.

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