A tentativa de intervenção na organização e controle do proletariado também
não é recente. Os Carlista, ou Scalabriniados, por exemplo, se implantam no Brasil logo em seguida às grandes ondas imigratória que têm origem na Itália, para atuar junto aos seus compatriotas. Estes se constituíram no principal contigente da força de Trabalho que veio a substituir o escravo nas grandes plantações e, posteriormente, constituir o mercado urbano.(165) A participação do clero no controle direto do operariado industrial remonta, por sua vez, ao surgimento das primeiras grandes unidades industriais, em fins do século passado. É viva a presença de religiosos no próprio interior dessas unidades, que muitas vezes possuímos capelas próprias , onde diariamente os trabalhadores eram obrigados a assistir á missa e as outras liturgias .(165) No entanto, o que se poderia considerar como protoformas do serviço social, como hoje é entendido, tem sua base nas obras e instituições que começam a “brotar” após o fim da primeira guerra mundial.(166) Caracteriza esse momento, no plano externo, o surgimento da primeira nação socialista e a efervescência do movimento popular operário em toda Europa. O Tratado de Versailles procura estatuir internacionalmente uma nova politica social mais compreensiva relativamente à classe operária. É também o momento em que surgem e se multiplicam na Europa as escola de Serviço Social. No plano interno, como foi visto, os grandes movimentos operários de 1917 a 1921 tornaram patente para a sociedade a existência da “questão social” e da necessidade de procura soluções para resolvê-la, senão minorá-la.(166). As instituições assistenciais que surgem nesse momento, como a Associação Brasileiras (1920), no Rio de Janeiro, e a Liga das Senhoras Católica(1923), em São Paulo, possuem já _ não apenas no nível da retórica_ uma diferenciação em face das atividade tradicionais de caridade.(166) O surgimento dessa instituições se dá dentro da primeira fase do movimento de “reação católica”, da divulgação do pensamento social da Igreja e da formação das base organizacionais e do apostolado laico.(166) A fundação, em 1922, da confederação Católica_ precursora da Ação Católica _ tem em vista centralizar politicamente e dinamizar esses primeiros embriões de apostolado laicos.(167). A Sra. Estella de Faro, por exemplo, considerada como a grande pioneira do Serviço Social no Rio de Janeiro e figura preeminente da Ação Social na década de 1930, é, em 1922_ na qualidade de elemento de confiança de dom Sebastião Leme_ a primeira coordenadora do ramo feminino da confederação Católica.(167). O centro de Estudo e Ação Social de São Paulo(CEAS)considerado como manifestação original do serviço Social no Brasil, surge em 1932 com o incentivo e sob o controle da hierarquia. (168) Seu inicio oficial será a partir do “ Curso Intensivo de Formação Social para moças “promovido pela Cônegas de Santo Agostinho, para o qual fora convidada Mlle. Adéle Loneaux da Escola Católica de Serviço Social de Bruxela.(168) O objetivo central do CEAS será o de “promover a formação de seus membros pelo estudo da doutrina social da igreja e fundamentar sua ação nessa formação doutrinária e no conhecimento aprofundado dos problemas sociais”.(169) Há também uma clareza quanto ao sentido novo dessa ação social; se tratará de intervir diretamente junto ao proletariado para afastá-lo de influências subversivas.(170)