Pós-Graduação em Sociologia
Doutorado em Sociologia
Monalisa Lima Torres
Fortaleza
Maio de 2014
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................ P. 03
2. . OS MITOS E A PRODUÇÃO DO CAPITAL POLÍTICO ............... P. 05
3. EMANCIPAÇÃO POLÍTICA E LUTAS PELAS TOMADAS DE
POSIÇÃO NO CAMPO POLÍTICO .................................................. P. 15
4. A FABRICAÇÃO DA IMAGEM PÚBLICA DE DR. JÚNIOR: AS
DISPUTAS SIMBÓLICAS NAS ELEIÇÕES DE 1988 E 1992.......... P. 16
5. CONCLUSÃO ................................................................................... P. 22
6. BIBLIOGRAFIA ................................................................................ P. 24
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO
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A Constituição de 1988 instituiu plena autonomia aos municípios que, agora, são de fato
“entes federativos com prerrogativas invioláveis por qualquer nível mais abrangente de
governo” (TOMIO, 2005. p. 123). A nova Carta Magna transferia à Assembleia Legislativa não
só a autoridade para definir as regras que regulamentariam o processo emancipacionista como
o controle sobre a maior parte de sua tramitação. Além disso, “a prerrogativa exclusiva de os
eleitores iniciarem a tramitação do processo e a manifestação popular no plebiscito limitaram a
capacidade de controle do poder Executivo sobre o resultado Legislativo” (Idem, p. 142). Tais
mudanças contribuíram para a criação de 1.385 novos municípios no Brasil, foi a chamada
“onda emancipacionista”.
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Devido ao acúmulo de capital cultural, Dr. Brunilo possuía conhecimentos que lhe permitia
“identificar doenças simples e medicar as pessoas. Ele tinha, inclusive, em sua fazenda, uma
espécie de mini farmácia de onde doava medicamentos a pessoas mais carentes” (Depoimento
de ABJ, afilhado de Dr. Brunilo).
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A exemplo do poder tradicional, um de seus instrumentos de reprodução de domínio e
autoridade foi a fidelidade passada de geração a geração – e nesse caso, no interior da
parentela –, “inculcada pela educação e pelo hábito nas relações da criança com o chefe da
família” (WEBER, 2003. p. 133).
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saber fazer (...) que os capacite para a gerir conflitos de toda espécie”
(PALMEIRA, 2006. p. 140).
Bourdieu entende esse alheamento do cidadão comum como
conseqüência do monopólio dos meios de produção propriamente políticos dos
profissionais (mandantes). Estes, ocupando posição de domínio no interior do
campo político, impõem limites aos acessos aos recursos, aos mandantes de
outras esferas, às instituições. É a centralização do capital político que lhes
garante permanecer no controle do campo (e manter sua posição frente aos
seus concorrentes bem como aos mandatários), lhes permitindo acumulação
de outros tipos de capital.
2006. p. 139). Dessa forma, podia (re)fazer alianças políticas com outras
lideranças locais; conquistar apoio político dos chefes de grandes famílias.
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Dr. Brunilo morre em 22 de maio de 1985, aos 82 anos.
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Mais uma vez os mitos são acionados para retratar e/ou legitimar
posições. Dessa vez, temos a disputa imagética entre pai e filho, entre as
velhas e as novas gerações: o Pai Terrível – que quer manter seus
descendentes sobre sua autoridade e domínio, impedindo-os de crescer e se
tornarem “autônomos, independentes, livres5” – e o Filho, que luta para
subverter a ordem estabelecida.
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Nesse contexto, tais aspectos (independência, autonomia e liberdade) foram identificados
com os princípios democráticos defendidos pelos heréticos, numa clara tentativa de
diferenciação (e subversão) da doxa consagrada pelos mandantes do campo.
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Dr. Júnior era um ídolo. As pessoas queria estar perto dele, pegar na
mão dele. Ora, um médico. Ele chegava numa cozinha de chão
batido e sem cimento, sentava na soleira da porta ou no chão do
quintal para comer feijão com farinha e isso para o povo era uma
coisa muito importante... Então essa postura, que é característica do
populismo, ações dessa natureza para poder conquistar o povo... eu
até nem julgo, as vezes, isso como populismo porque eu não sei, de
repente ele achava bom mesmo fazer aquilo. Para mim o populismo é
quando o cara acha ruim e faz só para enganar o povo. Eu não sei do
sentimento dele em relação a isso (Zé Bernardo, 14 de outubro de
2012).
Ele era uma pessoa muito querida. Dedicou muita parte de vida dele
trabalhando pela saúde da Barreira. Ele tinha um calendário anual...
começava o ano ele tinha um calendário anual: onde era que Dr.
Júnior estava: em tal comunidade.... até dezembro já tava. Então, ele
vinha para Barreira, ele era médico do Estado, as pessoas entendiam
que ele fazia aquilo de graça, mas ele era remunerado. Mas, com
certeza absoluta, o trabalho que ele prestava era muito além do que
ele precisava prestar pela remuneração que recebia. Então ele foi
bom para a população nessa parte. Por isso conquistou uma
popularidade muito grande e ganhou com uma diferença de mais de
1.400 votos num total de votos que talvez fosse de 8.000 eleitores (Zé
Bernardo, 12 de agosto de 2013).
Dr. Júnior soube explorar muito bem os arquétipos que atendiam aos
anseios da população bem como os diferentes tipos de capital acumulados no
exercício de sua profissão e, o mais importante, convertê-los em capital
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Fazendo referência, principalmente, ao modo como Zé Boanerges teria administrado a
prefeitura: “com mãos de ferro” (PFA, 22 de fevereiro de 2013) e acrescenta “se você estivesse
do lado deles, estava tudo bem; mas se você fosse oposição... e mesmo quando você
estivesse do lado deles e não concordasse com qualquer coisa, já era logo tratado diferente”
(Idem).
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5. CONCLUSÃO
6. BIBLIOGRAFIA
BOSI, Eclea. O tempo vivo da memória: ensaios de Psicologia Social. 2 ed. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26 ed. São Paulo: Companhia das
Letras, 2004.