RESUMO
Este trabalho aborda na perspectiva dos princípios desenvolvidos por Paulo Freire, o processo de
aprendizagem inicial e continuada da música. O autor dela, como músico profissional e professor
de música, enfoca as experiências que viveu nas duas condições, mormente as que experimentou
como docente, observando a tensão e as resistências apresentadas pelos aprendizes nos métodos
tradicionais. Formulou, então, uma metodologia própria, que se aproxima muito dos princípios
desenvolvidos por Paulo Freire. Na aplicação desta metodologia, utiliza um artefato, que
inventou e que denominou “Teclado Didático para o Ensino da Música” (TEDEM), tendo,
inclusive, o patenteado. Resolveu, então, pesquisar, cientificamente, os resultados da aplicação
desta nova metodologia, sendo que as reflexões e os resultados desta investigação constituem o
conteúdo deste trabalho.
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INTRODUÇÃO
Esta dissertação trata da questão da educação musical, a partir de uma nova perspectiva
para o ensino da música.
Nos últimos 15 anos, quando, de fato, o autor deste trabalho se dedicou a uma nova
proposta para o ensino musical, contatou-se um grave distanciamento da música praticada no
meio popular daquela que é ensinada no ambiente acadêmico.
A música que é expressão viva da cultura de um país deveria ser reproduzida nos
componentes curriculares das escolas, na medida em que elas são o meio pelo o qual se
possibilita a transmissão dos legados culturais de forma mais sistemática.
Constatamos, hoje, uma prática de ensino que não condiz com a necessidade, urgente, de
inclusão do conhecimento musical popular nos currículos escolares. Não está sendo repassada
para as novas gerações de alunos, a característica mais espontânea da cultura musical popular
brasileira, nosso repertório, nossa maneira tão personalizada e criativa de representação do
cotidiano, por meio dos sons. Muitas histórias musicais vão se perdendo com o passar dos anos,
muitas “vivências esquecidas” não mais se tornarão conhecidas das novas gerações, pois não
foram incorporados à grade curricular os conhecimentos que revelam essa experiência de vida,
passada por meio da música. Muitas vezes, são informações que não se encontram escritas ou
registradas, pois foram transferidas por intermédio da oralidade, posteriormente, difíceis de serem
resgatadas. As escolas deveriam investir na assimilação dessa linguagem, na decodificação dessa
forma de apreensão e prática musicais, que demonstram uma sabedoria espontânea, lúcida e
criativa.
A cultura musical popular, os músicos e seus instrumentos foram discriminados durante
muitos anos, séculos. O repertório que eles tocavam, e ainda tocam, era considerado “de baixa
qualidade”, a música dos negros, mulatos, índios, caboclos e nordestinos, não tinha valor
artístico.
O músico popular era “vagabundo” e o violão que é a expressão máxima e legítima da
cultura musical brasileira, não era aceito dentro das escolas, não era considerado um instrumento
“de verdade” e só, há bem pouco tempo, foi aceito dentro das orquestras, no meio erudito.
Sérgio Cabral, no prefácio do livro O mistério do samba, do sociólogo Hermano Vianna,
fala sobre o preconceito em relação ao samba, ao violão e ao negro:
...o samba, um gênero tão execrado pelas classes dominantes das primeiras
décadas do século que a polícia prendia quem o cantasse, dançasse ou tocasse.
E ai daquele que andasse pelas ruas carregando um violão. Sendo negro, aí
mesmo é que a sua situação piorava (VIANNA, 1995, p. 10 e11).
METODOLOGIA
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Tendo em vista estes problemas e no propósito de superá-los, foi desenvolvido um
modelo de teclado que consiste em prover de movimentação diferenciada as teclas do piano
convencional, que não serão pressionadas, mas levantadas do plano do teclado, presas a um eixo
comum à todas as teclas.
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RESULTADOS E CONCLUSÕES
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