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Quais são os debates e desejos mais profundos dessa sociedade secreta

que desperta interesses, intrigas e investigações? Ao longo desta obra


grandes nomes da Maçônaria explicam, desvendam e abordam assuntos
de interesse tanto do mundo maçônico como da sociedade em geral. O
segredo maçônico é de natureza única, mística e individual, de maneira
que não pode nunca ser violado ou traído ... mas este assunto fascina a
todos iniciados ou não. Temas como rituais maçônicos, símbolos,
procedimentos para admissão, lojas maçônicas e sinais característicos
são apresentados pelo autor. Um capítulo especial trata do Poema
Régio, documento do ano 1390, que é utilizado pelos historiadores
maçônicos para pesquisas quanto a origem da Maçonaria e contém
normas de comportamento dos pedreiros nos canteiros, relações sociais
entre membros e suas famílias, relações com os contratantes etc.
Aprenda ainda sobre a sutil relação entre o Homem, o Número e o
Universo, relação difícil de definir, mas cujas múltiplas manifestações,
surgem inesperadamente nos mais diversos lugares, revelando-se como
um fator poderoso na mitologia, na religião e na arte. Após sua leitura,
você certamente enxergará o mundo a sua volta com outros olhos...
Liberté, Égalité, Fraternité.
Apresentação

Maçonaria: etimologicamente: em latim machio, “macio”, que também se


diz provir do alemão metz, “cortador de pedra”; do francônio manjo,
cognato de sânscrito matya, “clube”; do inglês (também: masonry, que
significa “construção”) mason e do francês maçon, “pedreiro”. Ordem
universal formada de homens de todas as raças, credos e nacionalidades,
sob o trinômio Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Trata-se de uma sociedade, uma organização fraterna, considerada
secreta por muitos, é uma sociedade discreta que porém, segue antigas
ritualísticas, obedece a regras, pratica o estudo e a boa ação. É universal e
filantrópica e busca justiça pessoal (Justa) e qualidade, esmero, primor
(Perfeita).
Os maçons se reúnem em Oficinas, ou Lojas, todas iguais e
independentes entre si. Simbolicamente, desbasta a pedra bruta, tornando-
a lisa e polida, alusão ao profundo estudo.
A Maçonaria não é religião, entretanto, exige-se inclusive que o
candidato creia em Deus como um dos pré-requisitos para iniciar-se na
Ordem, dentre outros, como idade, indicação, ser livre e de bons costumes.

Ser livre: no sentido literal, esse conceito significa não possuir


pendências com a sociedade, não ser prisioneiro ou escravo de algo
ou alguém.
De bons costumes: também no sentido literal, significa obedecer às
regras estabelecidas pela sociedade, ser fiel obediente das leis e ser
possuidor de conduta imaculada, discrição, virtudes e meio de vida
lícito.

O que interessa ao maçom é especialmente o treinamento para o


exercício da fraternidade universal, que leva a fraternidade não só entre os
irmãos, mas a todos os homens; que leva ao altruísmo positivista, ao
sentimento cristão do amor ao próximo, que nos faz sentir não como um
membro de uma Loja somente, ou membro de uma nação, mas como
membro da humanidade. Essa é a característica que interessa à Maçonaria,
sermos livres e de bons costumes. Existem, na maçonaria, diferentes ritos:

Rito Escocês Antigo e Aceito


Rito de York
Ritual emulação
Rito Schröder
Rito Moderno
Rito Brasileiro
Rito Adonhiramita

A Maçonaria é dividida em graus:

A Maçonaria Azul, constituída de 3 graus: Aprendiz; Companheiro e


Mestre.
Maçonaria dos Altos Graus ou Maçonaria Filosófica, que começa no
grau 4 e que pode ir até o grau 33, dependendo do rito que se pratica.

A Maçonaria dos Altos Graus e a Maçonaria Azul são organizações


independentes. A Maçonaria Azul é administrada por um Grão-mestre, e a
dos Altos Graus, por um Soberano Grande Comendador.
Cada grau possui seus afazeres e utiliza suas próprias ferramentas,
como: malhete ou malho (vontade na ação, na aplicação), cinzel
(discernimento na investigação), maço, régua (precisão), esquadro
(símbolo da moralidade), compasso (medição, medidas), nível (igualdade),
prumo, trolha (benevolência), alavanca (poder), cordel (linha de conduta) e
lápis, cada qual com sua função específica e simbologia própria.
Começam a desbastar a pedra bruta, tornando-a pedra polida de acordo
com os graus; esse trabalho é simbólico e de estudos. Dentro da Maçonaria
existem Lojas e ritos que diferenciam em algumas ritualísticas, símbolos e
sinais, de acordo com o rito da Loja.
Cada Loja, para sua fundação, precisa no mínimo de sete Mestres
maçons, e para iniciar seus trabalhos, precisa ter no mínimo sete membros
Maçons, podendo ser divididos em quatro Mestres, dois Companheiros e
um Aprendiz, identificados e reconhecidos como tal. Presidem a sessão o
Mestre da Loja ou Venerável Mestre, conforme o rito, além do primeiro e do
segundo vigilante, do secretário, do tesoureiro e, de acordo com os ritos,
diáconos, chanceler, guardas ou cobridor externo e interno, capelão, past
master, mestre de cerimônias, orador, hospitaleiros, expertos, porta-
estandartes, espadas e bandeiras, oficiais e obreiros do quadro das Lojas,
Aprendizes, Companheiros e Mestres. Dentre os Mestres, existem os
Mestres instalados, ou seja, ex-veneráveis que, antes de presidirem a
venerância da Loja, passam por uma sessão magna de instalação. Cada
maçom, em Loja, possui seu lugar de acordo com o grau e a função, bem
como seus paramentos e suas joias. Existe, durante as reuniões e sessões
magnas, a participação dos oficiais, obreiros e visitantes de acordo com a
ordem do dia.
Além dos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre, após o grau de
Mestre, o maçom pode estudar os graus filosóficos, os quais, no Rito
Escocês Antigo e Aceito, iniciam-se no grau 4 e podem chegar até o grau 33.
Toda Loja segue as mais antigas tradições maçônicas, com sessões
magnas de iniciação, passagem ou elevação (conforme o rito) e exaltação
ou passagem ao grau 3. Todo maçom pode visitar outras Lojas, sendo antes
identificado, passando pelo chamado telhamento, por meio dos sinais,
toques e palavras de acordo como o grau, ocupando lugar em Loja,
processos de reconhecimento imutáveis. No altar das Lojas, deve sempre
existir o Livro da Lei (Bíblia, Alcorão, Torá, Vedas, no hinduísmo, Tanakh ou
Tanach, no judaísmo e até mesmo o Livro dos Mortos, para os egípcios).
Todos os maçons, em Loja, são iguais, sem qualquer distinção profana.
Tudo o que acontece em Loja é guardado em segredo, respeitando os mais
antigos costumes.
Existem Lojas independentes e Lojas vinculadas a uma administração
chamada de potência, presidida pelo Grão-mestre, tendo também o seu
adjunto, juízes e deputados.
Provêm da Maçonaria instituições paramaçônicas, destinadas a jovens,
como as ordens ou capítulos DeMolay – organizações filosóficas, fraternais
e iniciáticas, para jovens do sexo masculino, com idade entre os 12 e os 21
anos. A Ordem se baseia nas chamadas Sete Virtudes Cardeais de um
DeMolay, que são: amor filial; reverência pelas coisas sagradas; cortesia;
companheirismo; fidelidade; pureza; patriotismo. São geralmente indicados
por maçons, muitos são inclusive filhos e sobrinhos de maçons ou
indicados por, no mínimo, dois membros ativos da obra, ou com uma
indicação por um DeMolay Sênior. Também há a Ordem Internacional do
Arco-íris para Meninas, uma organização criada pela Maçonaria para moças
de 12 anos completos a 20 anos, com ou sem parentesco maçônico,
necessitando apenas de um “apadrinhamento” de um maçom ativo; a
Ordem Filhas de Jó (Ordem Internacional das Filhas de Jó), destinada às
jovens do sexo feminino entre 10 e 20 anos (incompletos), visando ao
aperfeiçoamento do caráter. Essa Ordem é baseada nos ensinamentos
Bíblicos sobre a vida de Jó, sua paciência perante os desafios e provações
pelos quais teve de passar. Ainda há a Ordem da Estrela do Oriente, uma
organização paramaçônica e fraternal da qual fazem parte homens maçons
e mulheres acima dos 18 anos, com parentesco maçônico, com suporte às
ordens como Arco-íris. Tem como propósito ressaltar valores morais,
espirituais, edificar caráter, educar, fazer caridade e servir ao próximo por
meio de seus trabalhos ritualísticos e filantrópicos. Representada, com
significados diversos, por símbolos como a romã, o pelicano, a folha de
acácia, a luz, a letra “G” e os quatro elementos herméticos (água, ar, fogo e
terra).
A Maçonaria será tão grande e boa quanto nós, os Irmãos, se formos
grandes e bons individualmente.
Prefácio

A Maçonaria, mudanças, atualidades,


depoimentos e simbolismos
Apresentamos aos leitores pranchas (trabalhos) de maçons da Augusta,
Respeitável, Soberana e Independente Loja Maçônica Cavaleiros
Templários, em seu trigésimo terceiro aniversário (1977/2010), com
temas e assuntos de interesse para profanos (não maçons ) e maçons
regulares, como apresentação, estudos e esclarecimentos quanto à milenar,
filantrópica e filosófica ordem de irmãos livres.
Seus textos, observações, pesquisas bibliográficas, erudições, consultas e
conclusões, muitos dos trabalhos apresentados em Lojas em quartos de
horas de estudos e/ou pleiteando aumento de salário junto à ordem.
A palavra salário, do latim salarium argentum, “pagamento em sal”, foi
uma forma primária de pagamento oferecida aos soldados romanos.
Assim como tudo na Maçonaria, o salário é simbólico. Cada maçom, à
medida que trabalha, aprende a trabalhar; à medida que melhora, vai
aprendendo a melhorar; à medida que aprende, vai aprendendo a
aprender; à medida que evolui, vai aumentando o benefício que retira do
trabalho que efetua, não patrimonial, mas pessoal, intrínseco. Esse
benefício é o salário do maçom, a justa remuneração do seu esforço. À
medida que o maçom trabalha, aprende, cresce, melhora e vai conseguindo
aumentar um pouco seu salário, imperceptivelmente. Até que um dia, os
seus Irmãos oficializam-lhe o aumento de salário. Chamam os maçons
aumento de salário à passagem de grau, que após a aprovação, é
simbolicamente passado e levado ou exaltado em sessão magna.
Esta obra é distribuída em sete pranchas, trabalhos feitos por sete
maçons, conclusões e comentários de próprio punho e seguindo as mais
antigas tradições maçônicas, sob o auspício do grande Arquiteto do
Universo.
Que as pranchas levem aos profanos o conhecimento da irmandade e da
fraternidade livre.
Introdução

O presente livro é constituído de sete peças de arquitetura (trabalhos


feitos em Loja), os quais abordam assuntos de interesse tanto do mundo
maçônico como da sociedade civil em geral. São eles:

1. Estar Entre Colunas (Marcelo Giordano Gários M.·.I.·.)

O maçom edifica suas colunas interiores embasado nos princípios de


Liberdade, Igualdade e Fraternidade, primando pelo bem-estar da família e
pelo aperfeiçoamento da sociedade por meio do trabalho e do estudo, para,
com isso, perfazer-se um homem livre e de bons costumes. São colunas que
correspondem à sabedoria, à força e à beleza, colunas de origem grega,
jônica, dórica e coríntia; estar entre elas é estar entre irmãos.

2. A Loja Maçônica (Paulo Bittencourt M.·.I.·.)

A Maçonaria, a finalidade da Loja, recrutamento, seleção, iniciação e


administração. A Loja tem de ser forte, para assim fortalecer a Maçonaria.
Cada maçom é uma Loja.

3. O número três (Pedro Paulo Ferreira Lobato M.·.M.·.)

O misterioso e simbólico número três, a relação com a vida, a relação


com o GADU. O três – Equilíbrio e União. A diversidade, a presença, a
coincidência, os estágios.

4. Confidências do caminho (Geraldo Faria M.·.M.·.)

“Oh! Quão bom e suave é que os irmãos vivam em união” – “ Mostrou-me


também assim: eis que o Senhor estava junto a um muro levantado a prumo,
e tinha um prumo na mão.” O caminho percorrido, o encontro, a verdade, a
luz. O crescimento interno, o estudo, a vivência, a paciência, a ciência da
paz. Sou maçom.
5. Mozart – o verdadeiro maçom (Rodrigo Ferreira Lobato M.·.M.·.)

Maçons famosos, o prodígio do homem, a transparência, o reflexo do


interior do homem de bem por meio do dom da música, dom da vida. As
relações entre a matemática e a música, acústica, afinação e temperamento,
influências na notação, estruturas matemáticas em formas musicais.

6. Reconhecimento e regularidade Maçônica (Elias Mansur Neto M.·.I.·.)

Reconhecimento e regularidade Maçônica, eis um tema polêmico: há


entre os maçons a preocupação de estar filiado a uma potência maçônica
reconhecida e regular. Mas o que significa reconhecimento e regularidade
Maçônica? Quais potências maçônicas brasileiras são reconhecidas e
regulares?

7. A Igreja Presbiteriana do Brasil e a Maçonaria (Athos Vieira de


Andrade M.·.I.·.)

É bastante conhecida a intolerância da Igreja Católica Apostólica Romana


contra a Maçonaria, intolerância cujo ápice ocorreu no século XIX. Hoje,
esses problemas não mais preocupam nem a Maçonaria nem a própria
Igreja Católica. Entretanto, não se sabe bem o porquê, atualmente, existem,
na Igreja Presbiteriana do Brasil, focos de intolerância contra
presbiterianos filiados à Maçonaria.

8. Poema Régio

O Poema Régio, documento que data do ano 1390, é utilizado pelos


historiadores maçônicos para pesquisas quanto à origem da Maçonaria, às
normas de comportamento dos pedreiros nos canteiros, às relações sociais
entre membros e suas famílias, às relações com os contratantes etc.
Capítulo 1
E STAR E NTRE C OLUNAS

Marcelo G. Gários*

*M.·.I.·. Venerável Mestre da Loja Maçônica Cavaleiros


Templários. Título 2009 nos 32 anos da Loja
de 16º Mestre da Loja. Engenheiro e Advogado.

O propósito do presente trabalho é delinear os direitos e obrigações do


Entre Colunas, prática muito usada especialmente nas reuniões capitulares
de uma das ordens básicas da Maçonaria, a Ordem dos Cavaleiros
Templários. Infelizmente, não mais tem sido ensinada e nem posta em
prática nas Lojas.
O interior de uma Loja Maçônica (Templo) é dividido em quatro partes, e
ela simboliza o Universo. Assim, temos o Oriente, o Norte e o Sul. Em algum
tempo na história, logo após a construção do primeiro templo Maçônico do
mundo, o Freemasons Hall, em Londres, no ano de 1776, baseado
inteiramente no parlamento Inglês, construído em 1296, estabeleceu-se
que as áreas pertencentes ao Norte e ao Sul chamar-se-iam,
respecitivamente, Coluna do Norte e Coluna do Sul. Assim, quando um
Irmão, em Loja, está entre a coluna do Norte e a do Sul, e não entre as
colunas B e J, mesmo próximo à grade que separa o Oriente do resto da
Loja, esse Irmão estará Entre Colunas. Dessa forma, é extremamente
incorreto dizer que o passo ritualístico dos maçons tem de começar entre
as colunas B e J. Tanto isso é verdade que os Templos modernos,
especialmente de Lojas de Jurisdição do grande Oriente do Brasil em Minas
Gerais, têm suas colunas B e J no átrio, e não no interior do Templo.
Em síntese, podemos apresentar algumas situações do que é Estar Entre
Colunas:

é conjunto de Obreiros que formam as Colunas Norte e Sul;


em sentido figurado, são os recursos físicos, financeiros, morais e
humanos, que mantêm uma instituição maçônica em pleno
funcionamento;
é quando a palavra está nas Colunas em discussão;
é quando o Irmão, ao se colocar ou se postar entre as Colunas do
Norte e do Sul, posiciona-se no centro do piso de mosaico; o Obreiro
que assim faz é o alvo de atenção de toda Oficina;
na circulação do Tronco de Beneficência, o 1º Diácono aguarda Entre
Colunas;
quando o porta-bandeira, com a bandeira apoiada no ombro, entra no
templo, este, por sua vez, põe-se Entre Colunas;
na apresentação de trabalhos, o Irmão se apresenta Entre Colunas
durante o Tempo de Estudos;
no atraso do Irmão, ao adentrar ao Templo, ele ficará à ordem e Entre
Colunas, aguardando a ordem do V.·.M.̣·. para que tome posse do
assento;
em atividades ou em conversas sigilosas;
em assuntos ditos ou feitos, sobre os quais jura-se segredo.
Estar Entre Colunas
Em toda a Assembleia Maçônica, os irmãos poderão se valer do uso da
palavra em momento oportuno; caso queira obter a palavra estando Entre
Colunas, poderá solicitá-la com antecedência ao Venerável Mestre e
obrigatoriamente levar ao seu reconhecimento o assunto a ser tratado. Se o
Obreiro for impedido de falar ou sofrer algum desrespeito a seus direitos,
poderá solicitar ao Venerável Mestre que o conduza Entre Colunas, e, se
autorizado pela parte Venerável, poderá falar sem ser interrompido, desde
que haja decoro de um maçom. Se para estar Entre Colunas for necessária a
autorização do V.·.M.·., em contrapartida, nenhum Irmão poderá se negar a
ocupar aquela posição, quando legalmente solicitado pela Loja, sob pena de
punição.
No entanto, as possibilidades do uso da palavra Entre Colunas são muitas
e constituem um dos melhores instrumentos dos Obreiros do Quadro. São
uma das maiores fontes de direito, de liberdade e de garantia, tanto para os
Irmãos quanto para a Loja. Não há regulamentação, e talvez por isso cada
dia esse direito vem sendo eliminado dos trabalhos maçônicos.
Atualmente, um Irmão somente é solicitado a estar Entre Colunas em
situação de humilhação e em situações degradantes e constrangedoras.
Associou-se a ideia de responder Entre Colunas à ideia de punição, quando,
na realidade, isso deveria ser diferente e explorado muito melhor, em
benefício do Quadro de Obreiros de todas as Lojas.
Estando Entre Colunas, um Irmão pode acusar, defender a sua pessoa ou
outrem, pedir e julgar, assim como comunicar algo que necessite sigilo
absoluto, devendo estar consciente da posição de que está revestido, isto é,
da grande responsabilidade por tudo o que disser ou vier a fazer.
A tradição maçônica é tão rigorosa no que tange à liberdade de
expressão que, quando um Irmão estiver em pé e a Ordem e Entre Colunas,
para externar sua opinião ou defender-se, não poderá ser interrompido,
exceto se tiver sua palavra cassada pelo Venerável Mestre, ato esse
conferido a ele.
Estando Entre Colunas, o Irmão não poderá se negar a responder a
qualquer pergunta, por mais íntima que seja, e também não poderá mentir
sobre a verdade dos fatos ou omiti-la, pois dessa forma o Irmão perde
sumariamente os seus direitos maçônicos, pelo que deve ser julgado, não
importando os motivos que o levaram a tais atitudes. Por motivos pessoais,
um maçom pode se negar a responder a quem que seja aquilo que não lhe
convier, mas se a indagação for feita Entre Colunas, nenhuma razão
justificará qualquer resposta infiel.
Igual crime comete aquele que obrigar alguém a confessar coisas Entre
Colunas sem justificativa, aproveitando-se da posição em que se encontra o
Irmão, sem que haja razão lícita e necessária, por perseguição ou com o
intuito de ofender, agravar ou humilhar desnecessariamente.
Quando um Irmão está Entre Colunas e indaga os demais Irmãos sobre
qualquer questão, de forma alguma lhe pode ser negada uma resposta.
Nenhuma razão justificará que seja mantido silêncio por aquele que tenha
algo a responder.
Uma aplicação prática do Entre Colunas pode ser referência a assuntos
do mundo profano. É lícito e muito útil pedir informações Entre Colunas,
sejam sociais, morais, comerciais etc., sobre qualquer pessoa, Irmão ou
profano, desde que haja razões válidas para tal fim. Qualquer dos presentes
que tiver conhecimento de algo está obrigado a declarar, sob pena de
infração às leis Maçônicas. O Irmão que solicitou as informações poderá
fazer uso das mesmas; porém, deverá guardar o mais profundo silêncio
sobre tudo o que lhe for revelado e jamais poderá, com as informações
recebidas, praticar qualquer ato que possa comprometer a vida dos
informantes ou a própria Loja. Se não agir dessa forma, será infrator das
Leis Maçônicas.
Suponhamos que um Irmão tenha algum negócio a realizar em outro
Oriente e necessite informações, mesmo comerciais, sobre alguma pessoa
ou firma. A ele é lícito indagar essas informações Entre Colunas, e todos os
demais Irmãos, se souberem de algo a respeito, serão obrigados a darem
respostas ao solicitante.
Outro meio lícito e útil de se obter informações é por meio de uma
prancha, endereçada a uma determinada Loja, para se lidar Entre Colunas.
Nesse caso, a Loja é obrigada a responder, guardando o mais profundo
silêncio sobre o assunto, cabendo todos os direitos, obrigações e
responsabilidades ao solicitador, que deverá guardar segredo sobre tudo o
que lhe foi respondido e a fonte de informações.
Conclusão
Muitas são as acepções que norteiam os ensinamentos do significado de
Estar Entre Colunas; deve o maçom, porém, sempre edificar suas Colunas
interiores embasado nos princípios de Liberdade, Igualdade e
Fraternidade, primando pelo bem-estar da família e pelo aperfeiçoamento
da sociedade por meio do trabalho e do estudo, para, com isso, perfazer-se
um homem livre e de bons costumes.
Como dissemos no início, não há mais regulamentação ou leis
normativas para o uso do Entre Colunas. E, se não há normas que sejam
encontradas nos livros maçônicos, é porque, pura e simplesmente, nos
princípios da condição Estar Entre Colunas, somente a verdade pode ser
dita. Obedecidos esses princípios, tudo o mais é decorrência.
Esse, alegoricamente, talvez seja o real significado no bojo dos
ministérios que reagem às Colunas da Maçonaria, pois Estar Entre Colunas
é estar entre Irmãos.
Referências
ASLAN, Nicola. Grande dicionário enciclopédico de maçonaria e
simbologia. Rio de Janeiro: Aurora, 1974.
CARVALHO, Assis. Companheiro maçom. Londrina: A Trolha, 1992.
__________. Símbolos maçônicos e suas origens. Londrina: A Trolha, 1997.
CASTELLANI, José. Liturgia e ritualística do grau de aprendiz maçom. São
Paulo: A Gazeta Maçônica, 1987.
EGITO, José Laércio do. Coletânea 2. Londrina: A Trolha, 1989.
PUSCH, Jaime. ABC do aprendiz. Tubarão: Dehon, 1982.
SANTOS, Amando Espósito dos Santos; CONTE, Carlos Basílio;
FERREIRA, Cláudio Roque Buono; COSTA, Wagner Veveziani. Manual
completo para lojas maçônicas. São Paulo: Madras, 2004
Capítulo 2
A LOJA M AÇÔNICA

Paulo Bittencourt Siqueira*

*M.·.I.·. Loja Maçônica Cavaleiros Templários.


M.·.I.·. Loja José Persilva (Loja de Estudos). Medalha
de Maçom Benemérito – G.O.B. Grande Oriente
do Brasil. Título 2009 nos 32 anos da Loja Maçônica
Cavaleiros Templários de Maçom Amigo e título
2007 Excelente Maçom. Médico com especialização
em Medicina do Trabalho e Clínica Médica.
Melhoria das Lojas Maçônicas
O tema é complexo, amplo e difícil, porque as realidades são muitas,
diversas e, às vezes, antagônicas. Nesta prancha, tentarei iniciar uma
discussão, que espero, no futuro, proporcione uma melhoria para as Lojas
Maçônicas, que devem buscar seu caminho independentes e soberanas,
como sempre foram, para que a Maçonaria seja fortalecida como um todo e
sobreviva forte enquanto existir a humanidade.
Maçonaria
Definir Maçonaria não é fácil; segundo o dicionário (2008):“Sociedade
parcialmente secreta, cujo objetivo principal é desenvolver o princípio da
fraternidade e da filantropia.” Assim como não é fácil seu estudo, em função
de suas inúmeras faces e aspectos. Dessa forma, é muito difícil definir a
nossa Ordem de modo simples e, principalmente, abrangente. Nicola Aslan
escreve, em seu livro Uma radioscopia da maçonaria (1979), que

combatendo a ignorância em todas as modalidades, a Maçonaria torna-se


uma escola mútua, impondo aos seus adeptos o seguinte programa: obedecer
às leis do país, viver segundo os ditames da honra, praticar a Justiça, amar o
próximo, trabalhar incessantemente pela felicidade do gênero humano e
conseguir a sua emancipação progressiva e pacífica. A Maçonaria proclama a
Liberdade como o mais precioso dos bens, que é fonte de todos os sentimentos
de Honra e Dignidade.

O mesmo autor acrescenta ainda que todas as milhares de opiniões e


definições de Maçonaria são válidas, mas ele acrescenta que

a Maçonaria pode ser vista como a soma de tudo que é bom, justo e razoável,
na vida da justiça humana. Ela representa o ideal a ser alcançado por cada
maçom individualmente, bem como por toda a humanidade.

A moral está na base da Maçonaria e é a razão de ser da Instituição.


Nicola Aslan termina um capítulo da citada obra afirmando:

a Maçonaria uma verdadeira escola de Iniciação, que se limita a pôr no


caminho seus iniciados. Eles, por sua vez, e por seus próprios meios, sem
outro auxílio, terão de procurar a Iniciação real, visto que para ela não
existem Mestres. Deste modo, os que pensam ser a Maçonaria apenas uma
sociedade fraternal de socorros mútuos, nela perdem totalmente o seu
precioso tempo.

Nosso Irmão Elias Mansur Neto, no livro O que você precisa saber sobre
Maçonaria (2005), escreve que:
a instituição vem transmitindo aos seus membros, normas de conduta social
baseadas nos princípios da Igualdade, Liberdade e Fraternidade, que na
realidade são os fins supremos da Maçonaria.

Acrescenta ele que “a Maçonaria é a ciência dos símbolos” e que “na


construção do seu templo interior o maçom usa a trolha, o nível e o prumo”,
simbolicamente, é claro.
Finalidade
Dessa leitura surgem alguns conceitos que estão íntima e diretamente
ligados à Maçonaria e que devem ser destacados. São eles, na ordem em
que são colocados: fraternidade, filantropia, combate à ignorância (ou
busca da Verdade), escola (ou Saber), honra, justiça, amor, liberdade,
dignidade, ideal, moral, iniciação, igualdade, símbolos e templos interiores
(ou a espiritualidade, intelectualidade e consciência de cada um de nós).
Não é minha pretensão analisar cada conceito desses e demonstrar sua
ligação com a Maçonaria, mas sabemos de uma forma ou de outra que
representam o bem e estão ligados à Ordem. Também sabemos que
somente homens de bem têm ou teriam lugar em nossos Templos e, como
tal, buscam desenvolver-se nos intricados, árduos e complexos caminhos
do bem. Então, a Maçonaria oferece a todos, por meio de sua filosofia, o
modo como podemos alcançar nossa busca pelo bem. Mas, é sempre bom
lembrar, ela limita-se a abrir a porta, iniciando as pessoas. Andar e
progredir após a porta é tarefa de cada um de nós, individualmente. Muitos
são iniciados, mas, infelizmente, não entendem a filosofia e internamente se
apagam.
As Lojas podem e deveriam ser estruturadas de modo que facilitassem o
ingresso, a caminhada e o progresso individual de cada homem de bem,
recrutado na sociedade em geral e, um pouco mais além, cada homem de
bem tem o dever de ser espelho, dando o exemplo para que a sociedade na
qual está inserido, seja ela familiar, de vizinhança, comunitária ou laboral,
também se desenvolva e busque o caminho do bem.
Nessa linha de pensamento, chegamos a três importantes pontos: a Loja,
o Maçom e a Sociedade. A Loja tem o dever de ajudar na preparação do
Maçom, para que este cumpra a missão de ajudar a Sociedade.
De agora em diante, o enfoque será limitado à Loja, não com o intuito de
esgotar o tema, mas apenas de colocar alguns pontos importantes e
práticos, para que cada uma delas possa tentar cumprir seu papel de
facilitadora e difusora dos princípios da Instituição, visando ao
aperfeiçoamento contínuo dos Irmãos (IIr.·.) e à preservação das Oficinas,
com qualidade e pujança.
No livro TRICOL – A tríplice coluna de diamante (2009), do Ir.·. Geraldo
Faria, ele fala sobre a simbologia/representação das Lojas, de maneira
subliminar onde descreve:
Descobrem o valor do símbolo e sua importância acima de qualquer matéria.
Mostram um novo mundo, a consciência ecológica, a Igualdade, o fim das
barreiras, das fronteiras, a Liberdade, o respeito ao homem e ao planeta, o
significado da vida, a verdadeira Fratenidade.
Recrutamento e seleção
Tema já amplamente estudado em outras pranchas/trabalhos, que
gostaria de comentar em seu aspecto de escolha do candidato. Os profanos
devem ser escolhidos de duas maneiras:
1º O Padrinho percebe e identifica o perfil da pessoa, convidando-a em
função de suas qualidades e potencialidades. É seu dever, checar essas
qualidades por meio da convivência mais íntima, antes de efetuar o convite.
É direito da Loja estabelecer o modo como irá checar o perfil, as qualidades
e as potencialidades dos indicados, aprovando-os ou rejeitando-os.
2º A Loja escolhe o profano em função de interesse dela, buscando
pessoas de destaque na sociedade ou no meio social em que vivem. Esses
cidadãos, verdadeiros líderes, devem ser recrutados e convidados em
virtude de suas qualidades, que são do conhecimento de domínio público e
não precisam ser conferidas a fundo.
Ao meu ver, apenas desses dois modos devem ser escolhidos os
membros das Lojas.
Após a iniciação
Etapa crucial na formação e no desenvolvimento de um maçom, devendo
a Loja preparar-se para receber o neófito. Todos devem ter ciência que são
responsáveis pelo desenvolvimento do novo membro, especialmente os
Mestres, que devem ter cuidado e atenção redobrados. A direção da Oficina
deve programar a instrução do novato com muito cuidado, dividindo-a em
Formal e Informal. Para a instrução formal, os temas devem ser pré-
escolhidos, com datas fixadas, e responsáveis, nomeados. A instrução
informal ocorre por meio do acompanhamento do Irmão por membros
antigos da Loja, preferencialmente Mestres, que são incumbidos de segui-lo
por um período determinado, por um mês, por exemplo. Nesse tempo, irão
aproximar-se dele antes e depois das reuniões, conversando, tirando
dúvidas e deixando-o à vontade. Ele também será contatado em outros dias
que não os da reunião da Loja, visando a criar confiança e intimidade.
Outro ponto importante que deve ser programado e acompanhado é a
participação dele em reuniões festivas, administrativas e familiares,
promovidas pela Oficina (Loja) ou pelos irmãos IIr.·.. Não se pode esquecer
a programação de trabalhos e atividades em Loja a ser apresentada ou
desenvolvida, tanto por irmãos antigos quanto pelo neófito, que deve ter
responsabilidade desde cedo: por exemplo, apresentar-se formalmente
para os Irmãos, descortinando sua vida e/ou relatando o que percebeu,
sentiu e captou da iniciação pela qual passou recentemente.
Administração da Loja
O que foi exposto anteriormente, para acontecer de modo satisfatório,
terá obrigatoriamente de estar ligado a uma Loja Maçônica. Segundo
Mackey, Loja é “uma assembleia de Maçons que se congregam para
trabalhar”. Essa “assembleia” deve ser organizada desde sua fundação, com
a tomada de todas as providências legais e fiscais. Caso isso não tenha sido
feito, nunca é tarde. Observam-se as questões relativas a registro jurídico,
alvará, inscrição estadual, municipal e na receita federal, entre outros itens
necessários para a oficina “existir” legalmente e possuir bens patrimoniais.
A parte que considero mais importante vem a seguir, com a programação
das atividades da loja, que deve ter objetivos claros e metas que devem ser
gerais e específicas para cada mandato de diretoria da Oficina. A
programação deve ser feita com antecedência, do modo mais completo
possível, abrangente e participativo, no entanto, com avaliações e correções
periódicas, visando a torná-la dinâmica, exequível e interessante.
O Irmão Waldyr de Araújo, em sua obra Manual de administração de loja
(1987), sugere o que chamou de “Programação-Tipo”, composta de cinco
itens macro:
1. Atividades culturais – cursos de aperfeiçoamento (sozinha ou em
conjunto com outras Lojas), palestras, seminários, instruções, entre tantas
outras.
2. Atividades beneficentes – visitação sistemática a Irmãos e famílias,
assessorias, assistências, campanhas e outras.
3. Atividades sociais – excursões, encontros, festas, comemorações, sede
campestre e o que mais se agrupar a esse título. Observação: como exemplo,
a Loja Maçônica Cavaleiros Templários nº 001, Oficina dos Maçons desta
obra, organiza anualmente a festa de aniversário da Loja, em 12 de
setembro (fundação em 1977) e a festa de confraternização de final de ano,
que é festa de gala, além dos encontros mensais e informais, sempre em
propriedades de Irmãos do quadro, onde acontecem oportunidades de
aprofundar os laços entre as famílias/amigos; também acontece, após cada
reunião semanal, o “segundo tempo”, momento em que, após as sessões, os
Irmãos brindam a fraternidade, além de tratarem de assuntos pessoais,
profissionais e familiares.
4. Intercâmbio – intervisitação, cooperativismo, clubes.
5. Diversos – construção ou reforma de prédios próprios, recrutamento e
seleção de novos membros, promoção social, assistencialista ou
desenvolvimentista, preferencialmente da comunidade local, além de
outras atividades voltadas para o bem em geral.
Para que essas atividades sejam desenvolvidas, é importante que a Loja
tenha uma boa gestão econômica, financeira e administrativa, com um
cronograma eficaz, tanto administrativo quanto maçônico litúrgico.
O irmão Walyr lembra que “não existe dirigente nato” e “reunião pronta”,
sendo necessário, portanto, “Preparar, Prever, Organizar, Dirigir,
Coordenar e Controlar” a programação e a sessão.
Para ele, o seguinte acróstico deve ser observado na realização de um
programa:

Planejamento
Organização
Divulgação
Execução
Resultados

Essa é a chave do sucesso na administração das Lojas.


Conclusão
A melhoria das Lojas Maçônicas depende de aprofundarmos nossos
conhecimentos sobre a Maçonaria a que dizemos pertencer,
compreendendo a finalidade das Lojas, ajudando a recrutar, selecionar e
treinar os membros das oficinas, participando de sua administração,
buscando a eficácia e excelência, enfim, aperfeiçoando-nos na arte de
buscar e fazer o bem, incondicionalmente. Tudo isso pelo simples prazer de
verificarmos o crescimento do próximo, que, no fundo, espelha o nosso
próprio desenvolvimento, na busca do degrau superior da Escada de Jacó. É
nosso dever participar e incentivar o aperfeiçoamento das Lojas a que
pertencemos, que são as células e ao mesmo tempo, as mantenedoras e
difusoras da Maçonaria universal. Paradoxalmente, a Loja é a célula (a
unidade) e o todo da Maçonaria. Por isso, a Loja tem de ser forte, para que
forte seja a Maçonaria.

LOJA FORTE = MAÇONARIA FORTE


Loja fraca = Maçonaria fraca

Essas medidas colocam a Maçonaria definitivamente no século XXI. Usar


ferramentas e técnicas modernas de gestão é a única maneira de prosperar
e perenizar-se. A Maçonaria é uma empresa e, como tal, deve ter lucro. O
lucro que buscamos e almejamos é o bem-estar de todos, especialmente
dos verdadeiros maçons, assim como de todos os homens de bem.
Referências
ARAÚJO, Waldyr de. Manual de administração de loja. Rio de Janeiro:
Essimger, 1987.
ASLAN, Nicola. Uma radioscopia da maçonaria. Cabo Frio: A Trolha, 1979.
FARIA, Geraldo. TRICOL – A tríplice coluna de diamante. Belo Horizonte:
Saramandaia, 2009.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa. 3. ed. São Paulo: Positivo, 2008.
MANSUR NETO, Elias. O que você precisa saber sobre maçonaria. São
Paulo: Universo dos Livros, 2005.
Capítulo 3
O NÚMERO TRÊS 3 3 3

Pedro Paulo Ferreira Lobato*

M.·.M.·. 2º Diácono da Loja Maçônica Cavaleiros


Templários. Título 2009 nos 32 anos da Loja, de
Maçom Exemplar. Cirurgião-dentista.

Existe uma relação sutil entre o Homem, o Número e o Universo, relação


difícil de definir, mas cujas múltiplas manifestações surgem
inesperadamente nos mais diversos lugares, revelando-se como um fator
poderoso na mitologia, na religião e na arte.
Diversas palavras são usadas para designar o ternário: três, terceto, trio,
tríade, trino, assim como os adjetivos, triplo, trifásico etc., existindo, ainda,
diversas e numerosas palavras compostas para designar aspectos
específicos do triplo: trilogia, terço, terceiro, trígono, triângulo, tridente,
Trifon (um deus de três cabeças), triúnviro, triunvirato, terno, triênio,
trimestre, tríglifos (ornamentais do friso dórico, consistindo em três canais
paralelos) etc.
De quem é a força secreta, imperiosa e sugestiva do número três? Em
primeiro lugar, a natureza, o espaço que nos rodeia e do qual estamos
conscientes em todos os momentos, é tridimensional, isto é, colocam-se as
três dimensões de lado, largura e altura, em ângulo reto, uma com a outra.
Em segundo lugar, o tempo, experiência fundamental do indivíduo,
depois do espaço, também nos oferece três aspectos: passado, presente e
futuro.
A própria existência dos seres vivos sugere o número três, pois constitui
a expressão sucessiva de nascimento, vida e morte.
As perguntas fundamentais da filosofia perene são três: “De onde
viemos?”, “Quem somos?” e “Para onde vamos”. Os romanos representavam
o cão Cérbero com três cabeças, talvez simbolizando essas três
interrogações.
O corpo humano nos sugere o três na divisão clássica de cabeça, tronco e
membros, assim como na disposição simétrica dos órgãos em torno do eixo
central. É possível, observando a anatomia humana, formar uma série de
triângulos isósceles usando a cabeça, a boca e o umbigo, como vértices.
Assim, por exemplo, as duas mãos e a cabeça, os dois olhos e a boca,
formam triângulos imaginários.
A bissexualidade é outra fonte natural da noção de um ternário, com
efeito, pai, mãe e filho.
Em segurança, classificamos o trinômio: sistema preventivo, plano de
emergência e riscos existentes.
O ternário nas religiões
Numerosos mitos com significado religioso ou simbólico se relacionam
com uma Trindade (tríade de deuses). O caso mais patente desse fenômeno
na cultura ocidental é, sem sombra de dúvida, A Santíssima Trindade do
cristianismo – Pai, Filho e Espírito Santo.
Em Delfos também se adoravam três musas, em relação ao culto de
Apolo Musagetes (condutor de musas).
No judaísmo, igualmente, encontra-se o número três, em formas
reiteradas. Os judeus ortodoxos rezam três vezes ao dia, em honra dos três
sacrifícios diários, no Templo de Jerusalém. Em Rosh Hashaná, o Anonovo
judeu, se faz tocar três vezes o shofar (chifre, pequeno berrante) para
indicar o fim de um ano e o começo do próximo.
A prece mais importante do dia do perdão judeu (o kol nidrei) repete-se
três vezes seguidas. As bênçãos dos sacerdotes (Cohanim) também são
tríplices, compostas de três frases – a primeira delas de três palavras, a
segunda de cinco e a terceira de sete. A palavra kadosh (santo) repete-se
igualmente três vezes.
Entre os dias da criação, o terceiro dia (martes ou terça-feira) é
considerado especialmente favorável, porque, nesse dia, Deus disse três
vezes que era bom. A arca de Noé tinha três andares. Três eram os filhos de
Noé, que se salvaram do dilúvio universal e repovoaram a terra: Sem, Cam
e Jafé.
Três palavras apareceram sobre a parede durante o banquete, o Festim
de Baltazar: mane, telel e fares.
As tábuas da Lei foram recebidas por Moisés numa terça-feira. Além
disso, os patriarcas também eram três: Abraão, Isaac e Jacó. No Templo de
Salomão, havia três seções principais: Ulam, Kodesh e Kodesh Kodashim
(Sala, Santo e o Santo dos Santos). Só três materiais foram empregados na
construção do templo: pedra, madeira de cedro e ouro. A pedra, diz
Boucher, representa a estabilidade; a madeira, a vitalidade; e o ouro, a
espiritualidade. Na tradição rabínica, existe um famoso ditado: “O mundo
se mantém sob três coisas – a Torá (o Pentateuco); o trabalho (serviço
divino) e a caridade”.
No Novo Testamento, três reis visitam o presépio em Belém, Melchior,
Baltazar e Gaspar, trazendo oferendas: ouro (realeza), incenso (divindade)
e mirra (humildade). Antes da crucificação, o galo cantou três vezes e três
vezes Pedro negou Cristo.
Na Teologia cristã, observamos que a vida além-túmulo está dividida em
três regiões: céu, purgatório e inferno. Na Idade Média, a Trindade Cristã
era representada, às vezes, por uma cabeça com três faces – ou um ser
tricefálico.
O anticristo, o animismo, estão representados como uma Trindade, ou
ser com três faces. Dante descreve o príncipe infernal com uma cara
vermelha, simbolizando o ódio e as paixões em geral; com uma segunda
cara, entre branca e amarela, simbolizando a impotência, e uma terceira
cara, toda negra, simbolizando a ignorância. Com cada boca satã tritura um
traidor: Judas, Bruto e Casio. Dante Alighieri foi o ilustre poeta italiano que
escreveu a Divina comédia e representante do movimento esotérico de sua
época. Matiâs Gruenewald (século XVI) representava a antitrinidade com
uma cabeça de três rostos, todos deformados, um pela luxúria, o outro pela
avareza e o terceiro pelo ódio.
Três são as virtudes teologais do catolicismo: fé, esperança e caridade. A
Tiara Pontifícia – uma espécie de mitra crônica – está ornada por três
coroas. Durante a missa, o sacerdote levanta o cálice três vezes.
No hinduísmo, o Ternário é um princípio fundamental do Universo,
Maya, ou seja, a realidade ilusória, aparente, está composta por três
princípios: as Gunas, denominadas Sattva (fios), Rajas e Tamas. As Gunas se
traduzem, às vezes, como Hebras, para indicar que atravessam o
macrocosmo e o microcosmo.
O três na iloso ia grega
Ocellus Lucanus, filósofo grego da Escola Pitagórica, postulava a
existência de três classes de seres: deuses, homens e demônios.
As ideias metafísicas de Platão estão concentradas, segundo diversos
autores, em três formas tríplices: a primeira consiste em Deus, mundo e
alma; a segunda postula os princípios de Deus, ideia e matéria, enquanto a
terceira está formada por Deus, logos (o arquétipo eterno do mundo) e
mundo.
O três na ciência e na arte
Em Geometria, o triângulo, com três lados e três vértices, é a figura
geométrica mais frequente, e além disso, é a figura com menor número de
lados de Ritos. A trissecção do ângulo foi um dos problemas mais famosos
da Antiguidade. Sua solução dependia da solução de uma equação cúbica
desconhecida para os gregos. Pode-se solucioná-la empregando curvas
especiais, como a conchoide, inventada por Nicodemos, que serve para
trissecar o ângulo e duplicar o cubo.
Um círculo pode desenhar-se de três pontos quaisquer que não se
encontrem em linha reta. Existem somente três tesselas do plano com
polígonos regulares, usando triângulos equiláteros (como a borda de um
Avental do Arco Real), quadrados (como o Pavimento Mosaico) e
hexágonos (como uma abelheiro ou encaixe).
Em Psicologia, três são as funções da mente humana: intelecto,
afetividade e volição. Três são os sentidos que atuam a distância: a visão, a
audição e o olfato. Três cores primárias servem para criar todas as demais
cores (pelo menos em teoria). As cores primárias são vermelho, azul e
amarelo, em se tratando de pigmentos. As cores, além disso, podem ser
classificadas segundo três parâmetros: matiz, brilho e cromo. A combinação
de três cores, ou tríade de cores, parece ter grande valor emocional, já que
muitos países elegeram o tricolor para suas bandeiras (França, Estados
Unidos, Brasil, Chile, Inglaterra etc.).
Os sons também têm três propriedades fundamentais: intensidade,
altura e timbre. Somente três intervalos musicais consoantes são inatos ao
homem: a oitava, a quarta e a quinta.
O três nas lendas e na história
A divisa Maçônica, adotada pela Revolução Francesa, era tríplice:
Liberdade, Igualdade e Fraternidade1 e foi a aclamação do Rito Francês.
Outros exemplos de divisas tríplices são as palavras atribuídas a Júlio
César: Veni, Vidi e Vici (cheguei, vi e venci); a frase de Winston Churchill, em
um discurso pronunciado no começo da Segunda Guerra Mundial: sangue,
suor e lágrimas (todavia, a frase completa de Churchill era composta de
quatro palavras: “Sangue, suor, lágrimas e esforço”, mas prevaleceu o
ternário à verdade histórica). Já o tema hitleriano era: Ein Volk, ein Reich e
ein Fueher (“Um povo, um reino e um líder”). O lema do Partido Radical do
Chile era: “`Pão, teto e abrigo”. O lema do fascismo brasileiro era: “Deus,
pátria e família”.
A fórmula mística da yoga é Tat twan asi (“Isso és tu”).
“Três coisas deve fazer o homem antes de morrer”, diz um provérbio
chinês: “ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro”. Por sua
parte, o poeta persa mais famoso Omar Khayan disse que “o paraíso
deveria ser composto de somente três coisas: um livro de versos, uma jarra
de vinho e sua amada”.
A pergunta da esfinge, na lenda de Édipo, era tríplice: “Qual é o animal
que, de manhã, caminha sobre quatro patas; ao meio-dia, sobre duas patas,
e à tarde, sobre três patas?”. A resposta, como é sabida, é o homem, que
engatinha, andando de quatro pés; quando adulto, anda sobre dois pés; e
que se apoia num bastão ou bengala quando atinge a velhice. Poder-se-ia
oferecer uma explicação mais aprofundada e dizer que, no começo de seu
envolvimento espiritual, o homem só aprecia a evidência de seus sentidos:
o quaternário, o mundo físico; logo, chega a considerar o mundo uma
oposição de qualidades – o binário – e, finalmente, quando seu
desenvolvimento espiritual chega à velhice, concebe a unidade perfeita,
extemporânea, imutável, simbolizada pelo ternário.
Um fato interessante é que, nos contos populares, as fadas e os deuses
concedem aos mortais três desejos, nem mais, nem menos.
Em muitas superstições figura o número três. “Não se acendem três
cigarros, com o mesmo fósforo”; “Toca-se a madeira, por três vezes, para
evitar o mal”; “Atiram-se três pitadas de sal, pelo ombro esquerdo, para
evitar a má sorte” ou “O gato macho não tem três cores” etc.
O três na Maçonaria
Dentro da Maçonaria, o número três ocupa um lugar privilegiado,
encontrando-se no simbolismo dos mais distintos rituais. Não poderia ser
de outra maneira, dado o caráter iniciático e universalista de nossa
instituição e sua íntima relação com os movimentos esotéricos surgidos
com o Renascimento.
Para começar, os graus da Maçonaria simbólica são três: Aprendiz,
Companheiro e Mestre. Esses três graus fundamentais formam a Maçonaria
de São João, ou Lojas Azuis. Em certos Ritos – Schroeder e Emulação – não
existem outros graus, inclusive o Rito Escocês Antigo e Aceito, que possui
33 graus, isto é, dois números três. Os três graus iniciais são tidos como os
mais importantes.
O número três é distintivo do primeiro grau – tanto na idade como na
bateria nos passos e na aclamação.
O Avental do Aprendiz, com a Abeta levantada, representa, segundo
alguns autores, o triângulo sobre o quadrado, isto é, o espírito sobre a
matéria (o quaternário – ou os quatro elementos etc.). Jules Boucher afirma
que o triângulo levantado serve para cobrir o epigastro, localizado no plexo
solar e centro da afetividade. Essa é, desse modo, a localização do chacra
umbilical no sistema tântrico, emoções e afetos. Quando o Aprendiz cobre o
seu epigastro, é para precaver-se das influências afetivas, que podem
turbar seu juízo sereno, no trabalho racional em que está empenhado no
momento.
O três aparece novamente no Testamento Maçônico, com três perguntas
relacionadas com os deveres, e uma quarta completando as três anteriores,
vindo a completar a fórmula esotérica: “3 e 4”.
Dentro do Templo, o três se repete e se multiplica como uma imagem
refletida por espelhos paralelos.
Três são as Grandes Luzes da Maçonaria: o Volume da Lei Sagrada, o
Esquadro e o Compasso. Três são as Luzes do Templo, reflexo das Luzes
anteriores: o Mestre da Loja, o Sol e a Lua (simbolizados pelos Vigilantes).2
Nos hieróglifos de Horapolo, encontramos o seguinte simbolismo:
“Quando querem simbolizar a Eternidade, desenham o Sol e a Lua, porque
são elementos eternos”. O Venerável Mestre da Loja completa a trilogia,
convertendo-se no vínculo entre o eterno e o temporal.
Três pilares sustentam o Templo: a sabedoria, a força e a beleza,
representados, respectivamente, pelo Venerável Mestre da Loja, pelo
Primeiro e pelo Segundo Vigilante. Na Tábua de traçar, esses pilares estão
representados pelas colunas jônica, dórica e coríntia, sustentando imagens
de três figuras principais na história Maçônica, a saber: o Rei Salomão; o
Rei Hiram de Tiro e o Arquiteto Hiram Abi. Em alguns Templos Maçônicos,
encontram-se três estátuas em três cantos do Templo: Minerva, deusa da
sabedoria, no canto (N.E.), Hércules, símbolo do vigor e da força (N.O.) e
Vênus ou Afrodite, deusa da beleza e da graça (S.O.).
O Templo tem três joias móveis: o Esquadro, o Prumo e o Nível; e três
joias fixas: a Pedra Bruta, a Pedra Cúbica e a Tábua de Traçar (ou tracing
board, dos ingleses).
A Tábua de Traçar é exposta durante a reunião, nas Lojas que trabalham
no Rito de York (Emulação); aparecem três janelas gradeadas,
supostamente colocadas nas paredes do Oriente, do Sul e do Ocidente do
Templo. Essas janelas, segundo Jules Boucher, não servem para se olhar –
nem de dentro para fora e nem de fora para dentro –, somente permitem a
entrada da Luz solar, para que ilumine, durante seu trajeto, os Aprendizes
(ao Norte). Essas janelas também recordam aquelas do Templo de Salomão,
tal qual se menciona na Bíblia, (I Reis VI,4). Em seu palácio, recordaremos,
Salomão também pôs janelas dispostas em três fileiras. O Tempo Maçônico
conta, além disso, com três ornamentos: o piso mosaico, a letra “G” e a orla
denteada.
O visitante de um Templo Maçônico traz três coisas, segundo Oswald
Wirth: “Saúde, prosperidade e boa acolhida a todos os Irmãos”. Outras três
coisas o maçom vem fazer no Templo, “vencer suas paixões, submeter suas
vontades e fazer novos progressos na Maçonaria”. Temos aqui
mencionados os três campos da atividade mental: afeto (paixões), vontade
e intelecto (progresso na Maçonaria).
As vozes, ou chamadas durante a sessão, repetem-se três vezes (isso se
for no Rito Escocês ou no de York). Por exemplo, cada Ordem do Mestre da
Loja é repetida pelos Vigilantes.
Em que se reconhece um maçom? Em três coisas: pelo sinal, pelo toque e
pelas palavras. No dizer de Oswald Wirth, o maçom se conhece por sua
maneira simples, franca e equitativa de atuar, sua linguagem sincera e
franca, na solicitude fraternal que manifesta para com todos aqueles com
os quais está unido pelos laços de solidariedade. Além disso, os Sinais
Maçônicos se fazem pelo Esquadro, pelo Nível e pelo Prumo –
perpendicular –, isto é, inspirado em ideais de Justiça, Igualdade e Retidão.
A Bateria do Grau de Aprendiz é interpretada por Oswald Wirth como:
“Pedis e recebereis (a luz); buscai e encontrareis (a verdade) e batei e se
lhes abrirão (a porta do Templo)”. Além disso, Wirth interpreta a idade do
Aprendiz: “Porque deve ser iniciado nos mistérios dos três primeiros
números”.
Em cima do Trono do Venerável Mestre da Loja, encontra-se o Delta
Luminoso, de forma triangular, com um olho desenhado em seu centro.
Segundo Oswald Wirth, esse símbolo é composto por três partes: o próprio
triângulo; o olho, representando a inteligência ou o princípio consciente; os
raios que saem do triângulo e que expressam a atividade, a expansão
constante do ser; e um círculo de nuvens que figura em volta de si mesmo,
das emanações expansivas. O conjunto é, então, um esquema de ser em sua
multiplicidade infinita de manifestações. Esse símbolo também significa
que, em todos os atos, intervêm três fatores: o agente, o objeto e o efeito
produzido.
Outros exemplos de tríades proporcionados por Oswald Wirth são:

Razão Imaginação Inteligência

Expansão Contração Equilíbrio

Atração Repulsão Estabilidade

Força Matéria Movimento

Ação Resistência Trabalho

A estes, poderíamos acrescentar:

Tese Antítese Síntese


Mônada Ego Personalidade

Sat Chit Ananda

Essas listas, claramente, estão longe de esgotar os exemplos de tríades.


É interessante estudar a explicação que dá Oswald Wirth sobre o
triângulo Maçônico, representado geralmente por três pontos: bem pensar,
bem falar e bem fazer. É como o negativo dos três mitos da tradição
chinesa: não ver o mal, não ouvir o mal e não falar mal.
Os três pontos das abreviaturas Maçônicas, segundo a opinião de J. C. A.
Fisch, têm sua origem nos hieróglifos egípcios, pois, no plural, colocavam
três flores de loto, em continuação à inicial de um nome genérico. Do
mesmo modo, desenhavam três pontos depois da inicial do nome de um
mineral e três traços ondulados atrás da inicial de um líquido.
O começo histórico do uso dos três pontos pelos Maçons parece ser três
de dezembro de 1764, quando se comprova seu uso numa ata de Eleição do
Oriente de Besanson. Ali, contudo, os três pontos estão dispostos de forma
distinta da atual, com dois pontos verticalmente – um sobre o outro(:) e o
terceiro em ângulo reto –, à sua direita (:.).
Dentro do Templo, os Maçons se abraçam por três vezes, desejando-se
saúde, força e união.
O pentagrama, ou Estrela Flamejante, é de grande significado maçônico.
Os pitagóricos chamavam-na hygieia, que quer dizer “saúde”, atribuindo-
lhe diversas virtudes. A figura se pode construir cruzando três triângulos
iguais, chamando-se, por essa razão, “Tríplice Triângulo Cruzado”. Os
mesmos três triângulos dispostos de outra forma representam o Avental,
tanto de Aprendiz como de Mestre.
Ghyka descreve que, na Biblioteca Ashmoleia de Oxford, encontra-se um
Manuscrito Mágico do século XIV, do qual consta uma figura, entre outras,
transformada num símbolo mágico que permite adquirir o “conhecimento
supremo”. Esse símbolo trata-se de um pentagrama com um “G” no centro.
Esse é, possivelmente, o exemplo da “Estrela Flamejante” mais antigo que
se conhece, a qual voltaremos a encontrar nos pentagramas das Guildas dos
construtores ingleses, do século XVII, de onde passou para as Lojas
Especulativas do século XVIII.
A letra “G”, segundo alguns autores, é a inicial de gnose, segundo outros,
é a inicial de geometria3; há, ainda, aqueles que acreditam que ela seja a
inicial de God (Deus, em inglês). Ela é a terceira letra dos primeiros
alfabetos (em hebraico: Alef, Bet e Gimetm, e em grego: Alfa, Beta, Gama).
Em grego, o Gama tem a forma de um esquadro (daí dar à Cruz Suástica o
nome de Cruz Gamada – feita de Gamas). Como bem assinala Boucher,
todos os símbolos se encontram, se parecem ou têm história e origem
comuns.
O número 3, três vezes, é igual a: 3+3+3 = 9. O número nove (3 x 3) é o
princípio da luz divina, criadora, que ilumina todo pensamento, todo desejo
e toda obra, exprime externamente a obra de Deus que mora em cada
homem, para descansar, depois de concluir sua obra. O homem novenário
que, pelo triplo do ternário, é a união do absoluto com o relativo, do
abstrato com o concreto. O número nove, no simbolismo maçônico,
desempenha um papel variado e importante com significados aplicados na
sua forma ritualística. O número nove é o número dos iniciados e dos
profetas.
Referências
ZELDIS, Leon. Estudos maçônicos – simbolismo, história e filosofia.
Londrina: A Trolha, 1995.
WIRTH, Osvaldo. El libro del aprendiz. (Este manual foi publicado em
francês pela autora/editora em 1894 e reeditado em 1908 e em 1920. À
Grande Loja de Chile foi dada, pelo autor, ilustre irmão Wirth, a autorização
para a tradução em castelhano e para introduzir pequenas alterações,
necessárias à adaptação ao Antigo e Aceito Rito Escocês e ao maior
informação histórica sobre a Ordem no Chile. A mesma autorização foi
concedida para Companion Manuais e Mestre. O acordo assinado com a
reserva irmão Wirth para a Grande Loja de Chile - Castelhano edição
exclusiva para toda a América Latina.)

Não foi a Revolução Francesa que adotou essa trilogia, mas sim a
Maçonaria, em 1848, na Segunda República Francesa. A tríade de
Revolução Francesa de 1789 era: Liberdade, Igualdade ou Morte – não
existe Revolução Fraterna ou com Fraternidade. Na realidade, o grito de
guerra era: Liberdade, Igualdade e Morte aos tiranos.
Para nós, no Brasil, são representados pelo Orador e pelo Secretário.
Talvez essa seja a hipótese mais correta.
Capítulo 4
C ONFIDÊNCIAS DO CAMINHO

Geraldo Faria*

M.·.M.·. da Loja Maçônica Cavaleiros Templários.


Título 2009 nos 32 anos da Loja, de Maçom Destaque,
e 2007 de Maçom Dedicado. Administrador
Público – Autor do livro TRICOL – A tríplice coluna
de diamante.

De candidato, passando por neófito, Aprendiz, Companheiro e finalmente


Mestre-maçom sempre passei por aquela casa simples, sem janelas e com
um trilátero no alto da fachada principal. Passou o tempo, aguardei o
momento e soube a hora de começar. Por meio de pesquisas, consultas e
estudos, cheguei ao encontro. Vieram as visitas, os questionários, as
conversas, os documentos, as assinaturas, a crença. Depois, os papéis, os
atestados, as fotos, e sempre soube esperar.
Enfim, a resposta, a alegria, a aprovação, a aceitação; voltei à infância e
lembrei-me daquele sentimento naquele lugar. O momento chegou.
O caminho à luz
Preparação, roupa, lembranças e, principalmente, a certeza e a alegria
interior, sempre compartilhada com as pessoas próximas.
No obscuro, sinto o local com forte sentimento ao entrar, a audição fica
aguçada. Amparado, sigo as instruções e os passos. O juramento. Momento
forte e emocionante. O ensinamento. As três grandes luzes, o Livro, o
Esquadro e o Compasso, representando a crença.
En im… a luz…
Vejo a tudo e a todos. A certeza e a alegria brilhando como a luz. O
Avental, a importância e o simbolismo. “Então foram abertos os olhos de
ambos e conheceram que estavam nus, e coseram folhas de figueira e fizeram
para si aventais” (Gênese, III, 7).
Os sinais
O início do conhecimento. Os conselhos dos irmãos. Os cumprimentos. As
sábias palavras de todos. Início dos trabalhos.
Aprendi não só os sinais simbólicos, como também os sinais de afinidade
de todos. Para qualquer um que eu olho, sinto a prontidão em ajudar,
pequenos sinais que mostram como devem estar as mãos, os pés, entre
outros. As ferramentas de um Aprendiz, começar a trabalhar a pedra bruta
com essas ferramentas, até chegar à perfeição.
A luz é o início, e o bom Aprendiz, mais que tudo, deve saber ouvir.
Absorver tudo o que ouve e vê. Novo conceito formar e agora mais que
nunca é estudar e saber ouvir.
Hoje, a harmonia daquela casa, hoje, maçom sempre trabalhando para
alcançar a perfeição na Francomaçonaria.

Ecce quam bonum et Quam iucundumhabitare fratres in unum Sicut


unguentum in capite Quod descendit in barbam barbam Aaron Quod
descendit in ora vestimenti eius Sicut rosHermon quod descendit Iin montem
Sion quoniam illic mandavit Dominus Benedictionem et vitam usque in
saeculum. (Salmo 133)

Oh! Quão bom e suave é que os irmãos vivam em união.


É como o óleo precioso sobre a cabeça que desce sobre a barba, a barba de
Aarão, e que desce à orla dos seus vestidos.
É como o orvalho de Hermon que desce sobre Sião; porque ali o senhor
ordenou a bênção e a vida para sempre. (Salmo 133)

A Maçonaria trabalha na prática desse salmo. O salmo 133, ou salmo da


fraternidade (irmandade, amor ao próximo, harmonia) e da concórdia (paz,
amizade e harmonia), era lido nas iniciações dos Cavaleiros Templários, em
que Cavaleiro Irmão Capelão recitava: Ecce quam bonumet quam incubum,
/habitare frates in unum (Eis, como é bom, como é bom, como é delicioso,
/viverem os Irmãos em boa união).
“Oh! Quão bom e quão suave é que os Irmãos habitem em união.” “Oh”
designa admiração, surpresa, realça o espírito do texto ao relatar a
“excelência do amor fraternal”. Em algumas ocasiões, práticas religiosas
eram celebradas no Templo de Salomão. Era um período feliz, pois todos os
judeus reconheciam a sua comum irmandade e “habitavam em união” por
diversos dias na Cidade Sagrada, para onde todos convergiam. Quando são
lidos os versículos do salmo no momento do Ritual de abertura da Loja,
esse texto atua, em todos os Irmãos presentes, como unificador das mentes
em torno do grande objetivo comum, pois nesse momento constitui-se uma
obra de criação a Glória do Gadu.
“É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba
de Aarão, que desce até a orla dos seus vestidos.” Em Êxodo, vemos que o
óleo usado na consagração de Aarão era composto de mirra, cássia e canela
aromática, cinamomo e azeite de oliveira.
“É como o orvalho do Hermon, que desce sobre os montes de Sião;
porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.” Hermon
significa lugar proibido. Trata-se da montanha mais alta da costa oriental
do mar Mediterrâneo. Em árabe, o Hermon é conhecido como Jabal Ash
Thelj, que significa montanha de neve. De fato, o cume do Hermon fica
permanentemente coberto de neve, inclusive no verão. Nos seus
contrafortes, nasce o rio Jordão, cujas nascentes recebem continuamente o
orvalho e a neve, que, derretidos, descem do topo do Hermon. Sião era o
nome da primitiva Jerusalém e das terras que lhe estavam próximas. As
águas do Hermon, descendo pelo rio Jordão, abasteciam e vivificavam as
terras da antiga Sião, irrigando os montes à sua volta e trazendo a
abundância e a riqueza ao povo ungido de Deus (trazendo-lhes “a bênção e
a vida”).
A partir do exposto, podemos compreender as razões por que o rei Davi
(salmista – aquele que compõe salmos) enfatiza, no versículo “Oh ! quão
bom e quão suave é que os Irmãos habitem em união”, a importância da
concórdia e da união fraternal, ao esclarecer que, além do aspecto sagrado
e abençoado, explícito no versículo “É como o óleo precioso sobre a cabeça,
que desce sobre a barba, a barba de Aarão, que desce até à orla dos seus
vestidos”, a união é indispensável ao progresso material, moral e espiritual
de todos os Irmãos.
Matéria, moral e espírito
Assim, ao iniciar os trabalhos em Loja, e pelo poder místico do salmo
133, os Irmãos atingem a mais íntima comunhão espiritual que os eleva
além dos limites impostos pelo corpo físico, para atingir a perfeita união
com a Consciência Universal, o Grande Arquiteto do Universo.
Colocado a NE.·., representando a pedra fundamental e vestido com a
insígnia distintiva de M.·., o Avental, mostrando inocência e laço de
amizade, tenho as primeiras ferramentas, os instrumentos de trabalho: A
Régua, que serve para medir o trabalho; o Malho, usado para desbastar o
bruto; e o Esquadro, para preparar a pedra, resumidos em 24 horas do dia
aplicados por partes a assuntos específicos (a régua), a força da consciência
dominando os pensamentos (o malho) e a predominância da matéria sobre
o espírito (o esquadro).
Representações, Pavimento Mosaico/Harmonia, Orla Dentada/Os
Maçons Unidos, A Escada/O Caminho, A Cruz/A Fé, O Cálice/A Caridade, A
Chave/Os Segredos, A Espada/A Igualdade. As borlas representando as
virtudes: temperança, energia, prudência e justiça.
Simbolismos que são interpretações e arte de criar símbolos; termo com
origem no grego súmbolon, designa um elemento representativo que está
visível em lugar de algo invisível, que tanto pode ser um objeto quanto uma
ideia.
A etimologia diz que a palavra se refere ao sinal de reconhecimento de
duas pessoas, que possuem pedaços de um objeto quebrado, os quais,
quando se juntam, estabelecem uma identidade.
Sua ritualização acentua a versatilidade dos significados e, porque
implica sentimentos e afetos, estabelece espaços de identidade, uma vez
que se reveste de significados diferentes conforme o povo, a cultura e as
circunstâncias históricas.
Assim, os símbolos e as alegorias fazem os maçons de todo o mundo se
entenderem, mesmo que suas línguas sejam diferentes. O Aprendiz, no
convívio com os símbolos maçônicos, vê como eles são importantes, pois
nos falam, em seu silêncio prolixo, tudo o que queremos aprender. Já na
parte SE, agora Companheiro maçom, o trabalho é maior, é força,
pensamento e espírito. Fazendo das artes liberais e ciências o propósito
maior dos estudos, cumprindo os deveres como maçom.

Mostrou-me também assim: eis que o Senhor estava junto a um muro


levantado a prumo, e tinha um prumo na mão.
Perguntou-me o Senhor: Que vês tu, Amós?
Respondi: Um prumo.
Então disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel;
nunca mais passarei por ele. (Amós VI,7 )

O livro de Amós é o terceiro dos doze profetas da Bíblia hebraica e latina,


mas o segundo da grega. É o mais antigo dos livros proféticos. Começa com
um título e uma exortação e apresenta três grandes partes: “O julgamento
dos povos” (I,3-2,16); “Os discursos” (III,1-6,13); e “As visões” (VI,1-9,8a). A
conclusão (IX,8b-15) é um acréscimo.
Podemos interpretar que o Senhor mesmo estava sobre o muro na visão
de Amós. Aquele prumo em suas mãos é altamente revelador, uma vez que
mostra o império do desalinhamento, da desigualdade, da tortuosidade.
Na Maçonaria, a imagem simbólica do prumo é revelar falhas ou defeitos,
para que possamos renascer a cada dia, lapidar a pedra bruta que somos e
encontrar a verdade, a justiça e a perfeição.
Mais um passo, onde três governam uma Loja, cinco a constituem e sete a
fazem perfeita, porque o Rei Salomão despendeu sete anos a construir,
completar e dedicar o Templo de Jerusalém ao serviço de Deus; a alusão se
diz às sete artes liberais e às ciências; a expressão Artes Liberais designa
um conjunto de estudos e disciplinas cuja intenção é prover
conhecimentos, métodos e habilidades intelectuais gerais para seus
detentores. São elas:
1. Lógica: a arte do raciocínio metódico; assim, o maçom externa esse
dom. Embora ciência, não deixa de ser uma arte; a arte do raciocínio
metódico; o conduto do pensamento para que se torne compreensível; a
colocação exata do pensamento a ser transmitido, usando as premissas
corretas. A palavra é um dom, e quem o possuir não deve mantê-lo apenas
para si, mas exteriorizá-lo. A palavra consola, anima, excita e entusiasma.
Assim, o maçom externa esse dom.
2. Geometria: é a arte de medir. O Companheiro inspirado na letra “G”,
que representa a imagem de inteligência universal, deve possuir o
conhecimento sobre as medidas; medem-se todos os aspectos da Natureza
exterior e interior; medem-se as palavras e as obras e, para tanto, são
usados instrumentos específicos. Na construção, ela é vital porque nada
pode ser feito sem uma medida adequada, desde o ponto até as linhas retas
e curvas e todas as demais dimensões. A construção principal a que deve
dedicar-se o maçom é a do seu próprio Templo, símbolo de presença de
Deus em si mesmo, no seu corpo físico, mental e espiritual. Os instrumentos
de medida são símbolos que devem ser usados com razão e equilíbrio.
3. Astronomia: é a arte de conhecer os astros e os seus movimentos; não
deve ser confundida com a Astrologia, que é a “arte de conhecer o futuro
pelos astros”. Conhecer a lei que movimenta os astros, satélites, planetas é
conhecer o Universo. A maioria dos símbolos maçônicos tem estreita
ligação com a Astronomia. Há o Universo exterior e o Universo “de dentro”;
conhecê-los é o maior desafio do Maçom. A Astronomia é simbolizada, de
forma genérica, na Abóbada Celeste dos templos maçônicos.
4. Música: é a arte dos sons e de suas alterações; em Maçonaria, os sons
são considerados de importância relevante, a partir das “baterias”, de
Aclamação, dos rumores iniciáticos, dentre outros. Os sons sensibilizam
todo ser humano e, consequentemente, a Natureza. A percepção das
nuanças sonoras apura o ouvido e sensibiliza a audição. A música conduz o
pensamento à meditação, e das artes liberais, ela é a maior representação.
Essas vibrações, o maçom as recebe da audição e do tato; todo o organismo
capta os sons, os detém, analisa e coloca no “depósito” que é a mente. O
cérebro absorve todos os sons, sem limites, e os acumula como um
poderoso computador.
5. Retórica: é a arte de bem falar; o falar do maçom deve sempre agradar,
a frase deve ter o conteúdo sábio; o ouvinte deve obter, desse discurso, o
alimento espiritual e científico. É a arte que dá força e graça ao discurso,
que pode ser escrito ou de improviso; em ambos os casos, as palavras
deverão ser “medidas”, exteriorizadas com acerto e elegância, banindo-se
os termos vulgares; sobretudo, ser comedido.
6. Gramática: é o estudo ou tratado dos fatos da linguagem falada e
escrita. As regras vernaculares não podem ser deixadas para trás, a
concordância, os acentos e o belo discurso devem preocupar todo maçom.
É a arte de falar corretamente. O Aprendiz, como regra geral, pouco fala,
mas o Companheiro, para instruir-se, deve manejar seu idioma
corretamente, tanto no falar como no escrever.
7. Aritmética: é a arte de calcular, ciência dos números; todo maçom deve
saber que é a chave de todas as ciências exatas. Ninguém prescinde da
aritmética no seu trato social. Difere da Matemática, que é a ciência que tem
por objetivo as medidas e as propriedades das grandezas.
A fala, a arte, o raciocínio, os cálculos, as medidas e dimensões, a
simbologia e a música formam o conjunto que faz a perfeição, reunindo as
habilidades, e – acrescento, ainda – a Imagem como forma de complemento
e beleza, representação de um objeto, que exige técnicas e ferramentas
especiais.
Considerações
Nenhum homem é uma ilha completa em si mesma, todo homem é um pedaço
do continente, uma parte da terra firme, se um torrão de terra for levado pelo
mar, a Europa fica menor como se tivesse perdido um promontório ou
perdido o solar de um amigo teu ou o teu próprio.(John Donne)

Os versos de John Donne são como uma voz em nosso tempo. Em nosso
agitado cotidiano, no qual somos cobrados a todo instante pelas necessidades
do trabalho, temos de nos lembrar constantemente: “Nenhum de nós é uma
ilha…”. Às vezes, tudo o que queremos é um pouco de paz e tranquilidade…
Mas o destino ou a trajetória da vida profissional pode nos convocar para
missões da mais alta importância. Missões para as quais não podemos dizer
NÃO, mesmo que sintamos em nosso íntimo que não estamos tão bem
preparados. Há trabalhos que exigem coordenação e espírito de equipe. Uma
interação que possa superar as diferenças de personalidade e unir os talentos
de cada um para alcançarmos o mesmo objetivo. Associar forças, somar as
competências, estabelecer a real sinergia, para juntar as ideias e construir
um resultado melhor. Estilos, culturas e formações diversificadas são o que
fazem um diferencial competitivo numa equipe vencedora. Lealdade,
honestidade, transparência e integridade são os traços de muitos. Às vezes, o
pessimismo e o negativismo afloram em situações críticas da vida. O sábio
compreende: o impossível é apenas aquilo que ninguém teve a coragem de
realizar; a multiplicação de forças supera a lógica matemática. Cada um com
sua personalidade, cada qual com seu dom: forças diferentes que se fundem
na armadura contra os perigos da mais audaciosa missão. Sem entender as
diferenças e respeitar as opiniões alheias, não alcançaremos a sinergia
essencial. Impulsionados por um sonho, movidos pela paixão, somos
envolvidos pela magia e nos transformamos em bravos guerreiros,
marchando pelos campos até a vitória final. Unidos somos todos maiores que
somados um a um. Juntos temos força contra as ameaças que nos fazem cair.
Um escudo de proteção diante de surpresas que surgem no caminho. As
dificuldades nos fazem mais fortes. Cada obstáculo vencido é um
aprendizado, para que superemos nossos desafios. Assim se criam
verdadeiras amizades, um inabalável espírito de equipe. Ter a percepção de
saber o que fazer na hora certa para apoiar um companheiro. Com confiança
mútua, esforço coordenado e cooperação voluntária, o que parecia ser uma
tarefa intransponível torna-se um estimulante desafio. Momentos
inesquecíveis que conferem um significado infinito à existência finita do
homem. Nenhum homem é uma ilha completa em si mesma, todo homem é
um pedaço do continente, uma parte da terra firme.

Que o grande Geômetra do Universo nos ilumine.


7 de novembro de 2007.
Referências
CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do segundo grau: companheiro. São
Paulo: Madras, 2006.
COLETIVO DE AUTORES. Loja Maçônica Cavaleiros Templários:
regimento interno, manuais de iniciação, passagem e elevação. Belo
Horizonte: Loja Maçônica, 2005.
JOSEPH, Miriam. O Trivium: as artes liberais da lógica, gramática e
retórica. São Paulo: É Realizações, 2008.
MANSUR NETO, Elias. O que você precisa saber sobre maçonaria. São
Paulo: Universo dos Livros, 2005.
Capítulo 5
M OZART – O VERDADEIRO MAÇOM

Rodrigo Ferreira Lobato*

*M.·.M.·. Diácono da Loja Maçônica Cavaleiros


Templários. Título 2009 nos 32 anos da Loja, de
Maçom Exemplar. Médico.

Gênio precoce, com personalidade musical complexa e sedenta por


liberdade. Talvez seja essa a melhor maneira de definir Wolfgang Amadeus
Mozart, que nasceu como Johannes Chrysostomus Wolfgang Gottlieb
Mozart, no dia 27 de janeiro de 1756, em Salzburgo, Áustria. Desde
pequeno revelou extraordinária vocação musical. Seu poderoso talento
criador davalhe uma expressão versátil. Escreveu com a mesma
desenvoltura gêneros instrumentais e vocais, criando uma obra que só não
foi mais extensa em virtude de sua morte prematura, aos 35 anos de idade.
Inquieto e ao mesmo tempo melancólico, o compositor sempre estava em
busca do autoconhecimento. Tal sentimento levou-o à Maçonaria em 1784,
como Aprendiz, e no ano seguinte, já foi elevado a Mestre. Foi uma adesão
séria e realmente engajada, como atesta uma série de obras de inspiração
maçônica que datam dessa época.
Conhecido não só pela sua genialidade ímpar, Wolfgang Amadeus Mozart
foi considerado um verdadeiro precursor, em sua época, do invejável
progresso da Maçonaria durante a incipiente influência do Humanismo.
Compositor de 626 obras, dedicou grande parte de sua vida à
francomaçonaria. Destaco, aqui, um fato curioso: além dos conceitos a
respeito da fraternidade, Mozart não se referiu à “Cadeia de União”, como
ele assim chamava a Instituição Maçônica, como a transmissão de uma
Palavra Semestral, o que comprova que a Corrente antecipava as restrições
impostas pela Maçonaria atual, em especial em nosso país.
Aos 16 anos, antes de ingressar na Maçonaria e sob encomenda do Ir.·.
FM.·. Ludwig Lenz, na época compôs a lied denominada O heiliges Band, ou
seja, O Sagrado Vínculo. Tal lied foi dedicada à Loja de São João e composta
em 1784, do qual destaco o seguinte trecho:

O Sagrado Vínculo da amizade dos fiéis Irmãos


Do mais alto regozijo provindo das delícias do Éden
Amigo da fé, porém jamais contrastarão com o mundo conhecido
e, ainda, pleno de mistério conhecido, porém, mantendose
mistério.

A seguir, Mozart teria composto uma ária em homenagem à exaltação de


seu pai ao segundo grau, Leopoldo, que foi iniciado maçom a pedido de
Mozart. No cântico, encontram-se símbolos musicais caracterizando sons
maçônicos (como batidas em três tonalidades); além dessas tonalidades em
mi bemol, símbolo da serenidade iniciática, encontram-se duplas
cromáticas ligadas aos sinais da fraternidade. Deste, destaco o trecho a
seguir, denominado Gesellenreise (Viagem do Companheiro):

Vós que vos aproximeis agora, a um novo grau de Conhecimento, segui com
segurança o vosso caminho, sabendo que o caminho da sabedoria, somente o
homem incansável pode avizinhar-se à nascente da Luz.

Em 20 de abril de 1785, em homenagem ao Ir V.·.M.·., da sua Loja “À


Verdadeira Harmonia”, Ignaz von Born, compôs a cantata Joia do Maçom,
cuja partitura prevê um tenor solista, coro masculino e orquestra. A
tonalidade é mi bemol maior, tendo sido apresentada em Loja aos 24 de
abril de 1785. O solista foi Valentim Adamberger, e o coro, apresentado
pelos Ir.·. Obreiros presentes. Trecho que também destaco a seguir:

Vê como a Natureza descobre a planície; ao seu redor, a visão do científico


atento com sabedoria que preenche plenamente a sua mente e o coração com
a virtude. Esta é a pastagem aos olhos do maçom, verdadeira e ardente Joia
do Pedreiro Livre.

A récita:

Vê como a sabedoria e a virtude as quais os Maçons endereçam aos seus


discípulos com amor, dizendo: Toma amado esta coroa das mãos de nosso
filho piedoso ancião José. Isto é o Jubileu dos Pedreiros, isto é o triunfo do
Maçom.
E por isso cantai e jubilai Irmãos, deixai chegar até a mais secreta Ara do
Templo o Júbilo do canto, deixai-o ressoar até as nuvens cantoras, então a
eles entrelaçou José, o sábio envolvendo o pensamento do sábio Pedreiro
Livre.

Em dezembro de 1785, por ordem do Imperador José II, foi emitido


decreto delimitando três Lojas em Viena, quando, na época, existiam oito,
influenciado por sua genitora, Maria Tereza. Mozart, em revide àquela
inexplicável restrição, compôs nova ária, denominada Zerfliesst
heut’geliebte Bruder (Desligueis Hoje Caríssimos Irmãos), da qual segue
trecho:

Desligueis hoje, carecemos Irmãos, na alegria, hinos de Júbilo, A beneficência


de José tem para nós, em cujo peito queima um tríplice fogo coroada
novamente a nossa esperança.
Com o coração e palavras unidas seja cantado este cântico de louvor a José
ao Pai que nos uniu estreitamente juntos.
Fazer o bem é o mais belo dos deveres
Ele os via cumprindo com ardor e nos coroa com mão amorosa.
Obrigado a todos aqueles que vigiaram conosco avivando a chama da virtude
e que eram um exemplo para nós dos quais cada passo sobre o caminho da
Ordem nascia de uma nascente do bem fraterno.
A mais profunda e ativa aspiração de elevar-se até eles, é o mais alegre,
obrigado por tudo. Portanto, triplicando as forças iniciamos os nobres
trabalhos e cessemos o ledo canto…

Por fim, Mozart publicou sua última cantata maçônica no ano de 1792,
que, sem dúvida, refere-se à Cadeia de União, omitindo-se o mote: Palavra
Semestral, aliás, nunca por ele referida, seja em sua obra global, seja em sua
biografia, que inclui uma série de cartas escritas a seu pai.
Das inúmeras peças musicais dedicadas à Maçonaria, Mozart deixa para
o final de sua vida a referência direta à Cadeia de União.
A referida cantata intitula-se Lasst uns mit geschlungen Handen (Irmãos
Mão na Mão), com pequeno trecho:

Irmãos, findemos este trabalho mão na mão com o alegre som de júbilo. Esta
Cadeia circular como este sagrado lugar, todo o globo terrestre. Honrar a
virtude e a humanidade, ensinar a si mesmo e aos outros o amor, seja sempre
o nosso dever. Então aflui a Luz não somente ao oeste mas também ao sul e
ao norte.

Caros Irmãos, finalizo este trabalho dizendo que Mozart, apesar de


falecido tão precocemente, nos deixou um legado de suma importância que
desenvolveu em sua vida profana e logo após, por toda a sua vida
maçônica: o de disseminar, por onde andou, a sua nobre sabedoria, os seus
conhecimentos e a prática do bem, todos esses atributos maçônicos que
sempre devemos preservar.
Acrescento também que Mozart foi uma pessoa que sempre buscou seus
ideais, apesar da resistência da corte a que pertencia, pois em Viena, nunca
mais fora agraciado como antes, vítima de preconceitos dos mais variados,
típicos da época.
Sua salvação só chega após todas as obras citadas (que ficaram famosas
por sua maestria – mas nem tanto como a digníssima A Flauta Mágica,
encomendada pelo Ir.·. Ignaz von Born, cuja estreia triunfante se deu em
um pequeno teatro na periferia de Viena, no ano de 1792. Em dezembro do
mesmo ano, Mozart faleceu em sua residência, vítima de complicações
renais.
Referências
NEWTON, Joseph Fort. Os maçons construtores. Tradução: Irmão João
Nery Guimarães. Londrina: A Trolha, 2000.
Capítulo 6
R ECONHECIMENTO E
REGULARIDADE MAÇÔNICA

Elias Mansur Neto*

M.·.I.·. Past Máster Imediato da Loja Maçônica


Cavaleiros Templários. Título 2009 nos 32 anos da
loja, de Maçom Sabedoria. Obreiro efetivo da Loja
Maçônica José Persilva (Loja de estudos) e membro
da Academia Mineira Maçônica de Letras. Autor
do livro Tudo o que você precisa saber sobre Maçonaria
(2005).

A Loja Maçônica Cel. José Persilva, por ser uma Loja de pesquisa, dedica-
se à produção de artigos que visam a contribuir para o esclarecimento de
temas importantes, os quais vêm preocupando a comunidade maçônica em
geral.
Em razão da grande quantidade de Lojas e potências maçônicas
espalhadas pelo planeta, estabeleceu-se uma discussão sobre quem
dispunha de autoridade para reconhecer uma Loja ou potência maçônica
como regular. Esse é um tema realmente importante, que deve ser
esclarecido, em vista de sucessivas divergências que costumam ocorrer
entre as diversas Lojas e potências: Quem é regular e quem pode ser
considerado maçom?
Estudos nesse sentido vêm sendo realizados e contam com a valorosa
contribuição dos Irmãos José Vicente Menezes, Hiroito Torres Lage, Alceny
José Mendes, José Wyllen Fontes e Elias Mansur Neto, que elaboraram
trabalhos sobre o tema com palestras apresentadas em reuniões da Loja
Maçônica José Persilva.
Com o propósito de apresentar uma contribuição ainda mais efetiva,
recorremos a outras fontes, que se encontram listadas na relação de
autores consultados, ao final deste capítulo. O objetivo deste capítulo é
fornecer informações sobre reconhecimento e regularidade maçônica, de
modo que permita cada membro a avaliar a sua real importância.
O mundo maçônico
O mundo maçônico está dividido em dois blocos. De um lado, estão as
potências reconhecidas, ou seja, aquelas que possuem a chancela da Grande
Loja Unida da Inglaterra (GLUI), e do outro, as não reconhecidas, potências
que não reconhecem a GLUI como instituição reguladora da Maçonaria
universal. Dentro desse contexto, no mundo maçônico, costuma-se
classificar como irregulares as potências não reconhecidas, o que não é
verdade, como vamos explicar mais adiante.
Dentre as regras de regularidade e reconhecimento que a GLUI tenta
impor, algumas têm origem na Maçonaria operativa, mas outras foram
criadas após 1717 e tinham por objetivo submeter as potências da
Maçonaria mundial à tutela daquela instituição. O critério que a GLUI
utiliza para reconhecer uma potência maçônica é complexo e, por vezes,
incoerente. As contradições são muitas. Segundo as palavras do Ir.·.
Bartolomeu M. dos Santos, M.·.I.·., da ARLS Cavaleiros e Antares:

A Grande Loja Unida da Inglaterra vê-se hoje obrigada a aceitar que a


poderosa Maçonaria Norte-Americana emita Warrants (certificados) de
“regularidade”, por tabela. E tem mais: em situação recente, a Inglaterra
retirou o reconhecimento do Grande Oriente da Itália (dirigido por Virgilio
Gaito), e os EUA (1994) o manteve. Situação semelhante ocorreu na Grécia.

Tal balbúrdia nos obriga a buscar respostas para as seguintes perguntas:

O que é reconhecimento e regularidade?


Quais documentos maçônicos abordam esse tema e quais autorizam
uma instituição maçônica a reconhecer outras?
Será que os critérios de reconhecimento e regularidade estão
baseados nos Landmarks?

Ao explorarmos esse tema tão polêmico, tentaremos responder a essas e


a outras questões, analisando com profundidade o porquê dessa divisão
imposta pela GLUI, de modo que nos certifiquemos de sua validade.
Definição de regularidade e reconhecimento:

Regularidade: os dicionários fornecem as seguintes designações para


esse verbete: “que e/ou quem age conforme as regras, as normas, as
leis, as praxes; relativo a regra”.
Reconhecimento: também segundo o dicionário: “declarar (um
governo) reconhecido legitimamente; admitir como bom, verdadeiro
ou legítimo; admitir como certo; admitir como legal.”

Para a GLUI, regularidade e reconhecimento são condições distintas: uma


potência pode ser regular e não ser reconhecida. Em contrapartida, se uma
potência não for regular, ela não poderá ser reconhecida. Dessa forma,
segundo aquela instituição, a primeira providência para o reconhecimento
de uma potência é certificar-se de sua regularidade.
Documentos históricos – os documentos datados de 1248 a 1782
(Estatuto de Bolonha, Manuscrito Regius, Manuscritos de Cook etc.) tratam
de assuntos importantes, tais como comportamento dos maçons no
trabalho e no convívio social, processos e prazos de admissão e
permanência como Aprendiz, tratamento das viúvas, eleições, assembleia
etc. No entanto, nenhum deles nomeia qualquer Loja ou instituição que
tenha a incumbência de reconhecer uma potência como Regular. É
importante ressaltar que somente após 1782 é que existem atas e
documentos dos quais se tem conhecimento e certeza de data ou ocasião,
autor, objetivo e público-alvo, e que em nenhum desses documentos há
registros sobre qualquer acordo entre Lojas ou potências, informando que
uma determinada potência possa ter autoridade para reconhecer outra.
Reconhecimento e regularidade nos dias de hoje
Para um melhor entendimento dessa questão, tomaremos como
referência a Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI), estabelecida em 1717
e considerada a responsável pelo aparecimento da Maçonaria especulativa.
A GLUI se julga no direito de controlar a Maçonaria em todo o mundo. Essa
instituição inglesa determinou que o primeiro requisito para o
reconhecimento de uma potência maçônica é que esta seja regular. Dessa
forma, em 4 de setembro de 1929, a GLUI declarou os seguintes Princípios
de Regularidade:

1. A crença num Deus revelado; o Grande Arquiteto do Universo.


2. Fazer juramentos sobre o Livro da Lei.
3. Trabalhar somente na presença das três grandes luzes: o Livro
Sagrado, o Esquadro e o Compasso.
4. Abster-se de discussões políticas e religiosas em Loja.
5. Somente admitir membros do sexo masculino.
6. Ser soberana no exercício de sua autoridade sobre as Lojas Azuis e
seus graus (Aprendiz, Companheiro e Mestre).
7. Respeitar as tradições, ou seja, fazer que, em sua obediência, sejam
respeitados os Landmarks, os antigos regulamentos e os usos e
costumes praticados pela francomaçonaria.
8. Ser regular em sua origem, o que pressupõe ter sido
obrigatoriamente fundada por uma potência já constituída, que
possua pelo menos três Lojas regularmente consagradas por uma
Potência Regular.

E quanto ao reconhecimento? Quais são os critérios? Parece que não


existem critérios estabelecidos para se reconhecer uma Loja ou potência.
Se existem, não foram divulgados; e se não foram divulgados, não devem
ser transparentes.
Potências Maçônicas não reconhecidas pela GLUI
A maioria das potências regulares do mundo não é reconhecida pela
GLUI. Por exemplo, no Brasil, somente são reconhecidas o Grande Oriente
do Brasil e a Grande Loja dos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e
Rio de Janeiro. As demais Grandes Lojas do Brasil não são reconhecidas
pela GLUI. Também não o são todos os Grandes Orientes estaduais da
COMAB no Brasil. A França possui atualmente treze potências maçônicas,
das quais somente uma é reconhecida pela GLUI. Detemo-nos por aqui, pois
a lista é interminável.
Cabe ainda salientar que os critérios estabelecidos pela GLUI são
também muito complexos, o que torna quase impossível a sua aplicação.
Como exemplo dessa complexidade, tomemos o princípio da
territorialidade, o qual determina que somente uma potência por país
possa ser reconhecida. Sua aplicação na prática é tão controversa que, no
território francês, somente a Grande Loja Nacional da França (GLNF) foi
reconhecida, ao passo que, nos EUA, são reconhecidas mais de cinquenta
potências estaduais. Diante de tal fato, é inevitável questionar: por que
somente a GLNF foi reconhecida na França? Existiria alguma regra especial
para os americanos, velhos aliados da Inglaterra?
Os Landmarks
O Ir.·. Michael A. Botelho, grau 33, presidente do Conselho de Kadosh de
Arkansas, EUA, afirmou em artigo recente que “saber o que é e o que não é
importante nos Landmarks” é uma das questões mais debatidas
atualmente. Segundo ele, o termo Landmarks foi criado por Albert Mackey,
em 1865, quando o eminente escritor declarou:

os antigos e universais costumes da Ordem, aprovados e implantados pela


autoridade competente, vêm de uma época tão distante que não foi possível
localizar registros escritos a seu respeito ao longo da história.

Assim, Mackey definiu três requisitos básicos dos Landmarks, os quais


continuam a ser adotados até hoje:

1. universalidade;
2. irrevogabilidade;
3. existência desde tempos imemoriais.

Ainda segundo o Ir.·. Michael Botelho, em 1856, o dr. Albert Gallatin


Mackey, grau 33, tentou implantar os atuais Landmarks conforme a ótica de
sua época, definindo um total de vinte e cinco Landmarks. Sete anos mais
tarde, em 1863, George Oliver publicou o livro Freemason’s Treasury, no
qual listou quarenta Landmarks. No século XX, algumas grandes Lojas
americanas se lançaram na difícil tarefa de quantificá-los, o que gerou o
seguinte resultado: as Lojas do Estado da Virgínia Ocidental definiram sete;
as Lojas de Nova Jersey a Nevada, dez; e as do Kentuck encontraram
cinquenta e quatro.
O Ir.·. Joseph Fort Newton, em seu livro The Builders (1914), tentou
definir os Landmarks com uma simples declaração: “A certeza de que Deus
é pai, a irmandade dos homens, a lei moral, a regra de ouro, e a esperança
da vida eterna”. Dentro de uma linha de raciocínio semelhante,
encontramos os seis Landmarks listados por Roscoe Pound:

1. A crença num ente supremo.


2. A crença na imortalidade da alma.
3. A obrigatoriedade de se manter o Livro da Lei no altar da Loja.
4. A manutenção da Lenda de Iran no terceiro grau.
5. A manutenção do simbolismo herdado da Maçonaria operativa.
6. O maçom tem de ser livre e de bons costumes.

Como é possível observar pelo exposto, não se sabe com certeza quantos
e quais são os verdadeiros Landmarks, ficando, por conseguinte, muito
difícil adotá-los como referência para se estabelecerem critérios de
reconhecimento e regularidade
O componente político do problema
Algum tempo depois do nascimento da Maçonaria especulativa, a antiga
e bem conhecida rivalidade política entre a França e a Inglaterra veio à
tona. O Grande Oriente da França (GOF), seguindo as tradições
progressistas de seu país e sob a alegação de que não queria discriminar os
homens livres e de bons costumes, retirou de sua Constituição a
obrigatoriedade de se crer em Deus para que um candidato pudesse ser
feito maçom. Como consequência, o GOF foi excomungado pela GLUI.
Segundo as palavras do Ir.·. Bartlomeu M. dos Santos, da ARLS Cavaleiros
e Antares, “a citação da Bíblia como Livro Sagrado foi um dos obstáculos
históricos que provocaram o cisma entre a Maçonaria Francesa e a
Maçonaria Inglesa”. Oswald Wirth complementa-o dizendo que “os
anglosaxões, ao exigirem a Bíblia, e somente a Bíblia, negam a
universalidade da Maçonaria e, se encararmos o problema desse ponto de
vista, a ‘irregularidade’ está do lado deles, e não do nosso”. Wirth afirmava
ainda: “Somos obrigados a nos inclinar diante dos fatos. Os anglo-saxões
querem ter sua Maçonaria particular e renunciam ao universalismo
proclamado em 1723”.
A Maçonaria, não sendo propriedade de ninguém, não pode ser
controlada por um poder central mundial. A esse respeito, Morivaldo C.
Fagundes ressalta:

Embora a Maçonaria seja universal no sentido filosófico e doutrinário, não o


é administrativamente, pois não possui uma organização mundial única.
Nessas condições, em cada país e muitas vezes, em cada estado-membro ela
se organizou soberanamente, com ampla e total autonomia administrativa. O
fato ensejou, como não poderia deixar de acontecer, o aparecimento do
fenômeno político dos reconhecimentos ou tratados de amizade
interpotências, em consequência do qual surgiu o discutido e discutível
conceito de Regularidade maçônica.

Voltando à questão do princípio da regularidade, analisemos então a sua


legitimidade, segundo o estabelecido pela GLUI:

Os Princípios 1, 2, 3, 4 e 5, anteriormente mencionados, parecem ser oriundos


da Maçonaria Operativa; são universais e compatíveis com o que se entende
por Maçonaria Universal. O Princípio 7, que exige respeito às tradições,
parece ter sido baseado nos chamados Old Charges, e o Princípio 6 trata de
uma questão administrativa.

Conforme os critérios unilateralmente estabelecidos pela GLUI, todas as


Lojas e potências do Brasil, que não aceitam mulheres e atuam em
conformidade com os oito princípios estabelecidos por essa instituição, são
regulares. Logo, a pergunta que precisa ser respondida é: por que a COMAB
(GOMG e demais orientes estaduais), a GLMMG, a UNILOJAS e tantas outras
entidades não são reconhecidas?
Nos documentos da Maçonaria operativa, não se encontra nenhum
registro de que qualquer Loja ou instituição tenha autoridade para
reconhecer outras como regulares. Essa conclusão também é válida para os
documentos produzidos pela Maçonaria especulativa.
Finalmente, vale ressaltar que a GLUI, ao exigir a adoção da Bíblia como
condição indispensável para que uma Loja ou potência possa ser
reconhecida, nega a universalidade da Maçonaria. De acordo com a tradição
maçônica, é a presença não somente da Bíblia, mas também do Alcorão, ou
de qualquer outro Livro Sagrado, que garante a universalidade da
Maçonaria. Se considerarmos a questão por esse lado, chegaremos à
conclusão de que quem é irregular é a GLUI.
Conclusões
Com relação à regularidade, se considerarmos os oito princípios de
regularidade estabelecidos pela GLUI, todas as potências que trabalham de
acordo com eles são Regulares.
No que diz respeito a reconhecimento, em nenhum dos documentos
históricos da Maçonaria há registros sobre qualquer acordo entre Lojas ou
potências informando que uma determinada potência possa ter autoridade
para reconhecer outra.
Não se sabe com certeza quantos e quais são os verdadeiros Landmarks,
ficando, por conseguinte, muito difícil adotá-los como referência para se
estabelecerem critérios de reconhecimento e regularidade.
A Maçonaria não é propriedade de ninguém; não pode, portanto, ser
controlada por um poder central mundial.
Uma vez que nem a GLUI e nem qualquer outra potência tem autoridade
para exercer o reconhecimento, o fato de ser ou não ser reconhecido por
ela ou por qualquer outra potência do planeta não é significativo. O que
importa é que cada Loja ou potência esteja ciente de sua idoneidade e
espírito maçônico, de forma que possa reconhecer-se como membro da
Maçonaria universal. O restante vem por acréscimo.
Referências
BOTELHO, Michael A. Masonic Landmarks. Disponível em:
<www.srmasonsj.org/web/journal-files/issues/feb02/botelho.htm>.
Acesso em set./2006.
DA SILVA, José Vicente Menezes. Regularidade e reconhecimento
maçônico. Trabalho apresentado em reunião da Loja Maçônica Cel. José
Persilva. Belo Horizonte. 10.10.2006.
FONTES, Wyllen José. Da regularização e do reconhecimento maçônico, de
acordo com as normas da maçonaria universal. Trabalho apresentado em
reunião da Loja Maçônica Cel. José Persilva. Belo Horizonte. 3.10.2006.
LAGE, Hiroito Torres. A regularidade e o reconhecimento maçônicos.
Trabalho apresentado em reunião da Loja Maçônica Cel. José Persilva. Belo
Horizonte: 24.10.2006.
MARTINS, Bartolomeu. Irregularidade, um aspecto meramente político.
Disponível em: <http://www.lojasmaconicas.com.br/artigo2/bms.htm>.
Acesso em set./2006.
MENDES, Alceny José. Reconhecimento e regularidade: reconhecendo a
certeza da dúvida. Trabalho apresentado em reunião da Loja Maçônica Cel.
José Persilva. Belo Horizonte. 17.10.2006.
Capítulo 7
C ONFLITOS : A IGREJA
P RESBITERIANA DO B RASIL E A
M AÇONARIA

Athos Vieira de Andrade*

M.·.I.·. Grão-mestre ad vitam do Grande Oriente


de Minas Gerais. Presbítero em disponibilidade
da I.P.B. Ex-presidente de Presbitério de Brasília.
Ex-presidente do sínodo de Belo Horizonte.
Grão-mestre ad-vitam do grande oriente de Minas
Gerais. Ex-consultor jurídico da presidência do
Supremo Concílio da IPB – Igreja Plesbiteriana do
Brasil. Ex-reitor da Universidade Mackenzie, São
Paulo, SP. Membro Fundador da Academia Mineira
Maçônica de Letras.

As divergências que dividem opiniões no seio da Igreja Presbiteriana do


Brasil, no tocante à conceituação dos princípios ideológicos que norteiam a
Maçonaria, existem há mais de um século.
Até o ano de 2002, prevaleceu, nas decisões do Concílio Superior (Sínodo
e Supremo Concílio), a decisão tomada pelo Sínodo, que hoje é o Supremo
Concílio, no ano de 1900, assim redigida:

1. “O crente é livre para ser ou deixar de ser Maçom”.


A. Os símbolos e o Livro de Ordem (L/O) nada dizem a respeito de Maçonaria
ou de qualquer outra sociedade secreta e, portanto, é permitido a um
membro da Igreja ser Maçom, se a sua própria consciência não lhe proíbe;
mas o Sínodo não o julga necessário”.
B. “O Sínodo reconhece o direito de cada membro ter a sua opinião a respeito,
mas julga prejudicial à causa do Evangelho qualquer propaganda pró ou
contra a Maçonaria no seio da Igreja”. (Sin. 1900: 19) (Digesto Presbiteriano,
contendo Resoluções do Supremo Concílio, de 1888 a 1942, p. 150).

Em 1994, alguns representantes junto à Assembleia Ordinária do


Supremo Concílio da I.P.B., reunida na sede do Instituto Presbiteriano
Mackenzie, em São Paulo, resolveram levantar, mais uma vez, o assunto
Maçonaria.
É oportuno relembrar que, em 1903, a minoria discordante da posição
tomada pelo Sínodo, desligou-se da Igreja Presbiteriana do Brasil para
organizar a Igreja Presbiteriana Independente, uma igreja evangélica que
não aceita maçons como membros.
Com o objetivo de evitar uma discussão que, naquela oportunidade, não
traria qualquer benefício à Igreja, o Supremo Concílio nomeou uma
Comissão Paritária de alto nível, composta por cinco Presbiterianos Maçons
e cinco Presbiterianos não Maçons, para estudar e emitir parecer sobre a
matéria controvertida. Para compor essa comissão, foram nomeados os
seguintes membros: Rev. Wilson Souza Lopes (relator), Rev. Antonio
Sperber, Rev. Heniandes Dias Lopes, Rev. Francisco Batista de Melo, Rev.
José Vicente Lima Filho, Rev. Antonio José do Nascimento Filho, Presb.
Eduardo Lane, Presb. Athos Vieira de Andrade, Presb. Jose de Castelo
Branco Maia e Presb. Jared Ferreira Toledo Silva.
Após minucioso exame e fundamentos “considerados”, essa comissão
apresentou relatório final que foi aprovado pela Comissão Executiva do
Supremo Concílio. Dentre os itens aprovados, quero registrar apenas o de
número 3.5, que apreciou o mérito da questão e está assim redigido:

3.5) Reafirmar finalmente, que é o “Espírito Santo quem convence o mundo


do pecado, da justiça e do juízo” (Jô. 16:18-11); QUE O RESPEITO À
CONSCIÊNCIA E AO FORO ÍNTIMO CONTINUA SENDO APANÁGIO DA IGREJA
PRESBITERIANA DO BRASIL (Destaque do autor); e que a palavra de Deus
nos afirma que “ELE é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo o
quanto pedimos ou pensamos conforme o seu poder que opera em nós. A ELE
seja a glória na Igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações e para todo o
sempre. Amém. (Ef.3:20-21). (Digesto Presbiteriano referente a Resoluções de
1993 a 1997 – p. 269,270 e 271).
A resolução do Supremo Concílio em 2002
A campanha antimaçonaria continuou ganhando espaço dentro da igreja
sob o patrocínio habilidoso de um grupo intolerante e radical com raízes
alicerçadas em princípios fundamentalistas, até que, contrariando suas
decisões anteriores, o Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil,
órgão máximo da entidade, na sua XXXV reunião ordinária (que acontece
de quatro em quatro anos), realizada na cidade do Rio de Janeiro – RJ, nos
dias 14 a 21 de julho de 2002, dentre outras, aprovou a seguinte resolução:

“5. Determinar que, a partir de 2003, não sejam conduzidos ao oficialato


membros da Igreja pertencentes à Maçonaria”. (Resolução publicada no
órgão oficial da igreja, Brasil Presbiteriano nº 575, edição especial de agosto
de 2002).
A Comissão Executiva suspende, temporariamente, a Resolução do Supremo
Concílio

Essa resolução causou grande constrangimento no seio da igreja, pois a


igreja Presbiteriana do Brasil, tanto no passado como no presente, sempre
contou com grandes líderes no seu ministério e no seu oficialato
(presbíteros e diáconos) filiados à Maçonaria, na qual muitos deles
ocuparam cargos de relevância.
Por ser maçom e presbítero desde 1952, e mais, pelo fato e ter sido Grão-
mestre do Grande Oriente de Minas Gerais e consultor jurídico da
presidência do Supremo Concílio da Igreja, recebi considerável número de
consultas a respeito do assunto.
Após meditar criteriosamente sobre a matéria e pesar a minha
responsabilidade de presbítero e maçom, resolvi emitir um parecer que
revelasse o meu pensamento no tocante à Maçonaria e à Igreja
Presbiteriana no Brasil, para ser conhecido e analisado por todos os que se
interessam pelo assunto ou são atingidos, punitivamente, pela Igreja
Presbiteriana pelo fato de serem maçons.
Esse parecer foi distribuído, inicialmente, aos senhores presidentes dos
sínodos da igreja, todos integrantes da Comissão Executiva do Supremo
Concílio, que estava convocada para reunir-se na primeira Igreja
Presbiteriana de Vitória – ES, nos dias 24 a 29 de março de 2003, ocasião
em que, apreciando recurso interposto pelo sínodo do Rio de Janeiro,
aprovou a seguinte resolução:
M) CE-SC-2003- 53-Doc. LIII – Aprovado em seu substitutivo – Quanto ao doc.
Nº 110, do Sínodo do Rio de Janeiro, sobre Declaração de Nulidade de Decisão
do SC/IPB 2002, doc. XCVIII, a CE/SC RESOLVE:
Suspender a execução da resolução SC-2002 Doc. XCVIII, de acordo com
Art.104, “in fine” da CI-IPB;
Remeter a matéria à próxima reunião de SIC-IPB:
3) Nomear Comissão Especial para apresentar estudo sobre o tema e
encaminhar ao SC-2006. Resolve-se nomear uma Comissão permanente para
Estudo da “Questão maçônica”: Rev. Paulo Audebert Delage, Rev. Alderi
Souza de Mattos, Ver. Eliel Botelho, Pb. Adivaldo Ferreira Vargas e Pb.
Haroldo peyneau.

Suspensa temporariamente a execução da medida punitiva contra


pastores, presbíteros e diáconos maçons, a Comissão Executiva nomeou
uma Comissão Especial para apresentar estudo sobre o tema e encaminhá-
lo ao Supremo Concílio de 2006.
Ao apreciar novamente a matéria, o Supremo Concílio tomou uma
decisão drástica, vazada nos seguintes termos:

RESOLVE: 1. afirmar a incompatibilidade entre algumas doutrinas


maçônicas, como as retromencionadas, com a fé cristã; 2. determinar a não
recepção como membros, à comunidade da igreja, de pessoas oriundas da
maçonaria sem que antes elas renunciem à confraria; 3. não eleger, nem
ordenar ao oficialato de igreja, aqueles que ainda estão interessados na
maçonaria; 4. orientar com mansidão e amor aos irmãos maçons a, por amor
a Cristo e sua igreja, deixarem a maçonaria; 5. tratar com o máximo amor e
respeito aqueles que ainda estão na maçonaria, para que seu desligamento
seja feito com esclarecimento de Espírito, mais do que por coerção ou
constrangimento. Sala das Sessões, 21/07/2009. O presidente concede 15
minutos de recesso. Ora o Presb. Almir Gonçalves reiniciando os trabalhos”.
(Decisão publicada no jornal Brasil Presbiteriano, órgão oficial da I.P.B.,
edição nº 623, em agosto de 2006).

Diante do rigor excessivo dessa resolução, alguns grupos de


presbiterianos (pastores, presbíteros, diáconos e membros comungantes),
reunidos, separadamente em datas diferentes, nas cidades de Belo
Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Sorocaba (SP) e São Paulo (SP),
inconformados com o radicalismo intolerante da penalidade imposta aos
maçons presbiterianos, resolveram redigir um Manifesto presbiteriano que
resumisse o seu inconformismo com a maneira pela qual estavam sendo
discriminados pela decisão do Supremo Concílio, na esperança de verem a
decisão revogada.
Até a presente data, esse manifesto já recebeu 725 assinaturas
espontâneas de apoio, sendo 75 de pastores e 650 de membros em plena
comunhão nas suas Igrejas.
Devo ressaltar que a maioria dos presbiterianos que assinou o manifesto
é composta de não maçons, dentre os quais os pastores Rev. Odayr Olivetti
e Rev. Waldyr Carvalho Luz, duas figuras respeitadas no meio presbiteriano
e fora dele, pelo seu passado e, especialmente, pelo excelente magistério
exercido por eles no Seminário Presbiteriano do Sul (Campinas – SP), onde
ajudaram positivamente no preparo de grande número de pastores que
honram o ministério presbiteriano brasileiro.
O Rev. Odayr Olivetti, além de professor do seminário, é autor de várias
obras, destacando-se o livro Na esteira dos passos de Deus (2000), que é a
história da Igreja Unida de São Paulo. É escritor evangélico de renome e
vem mantendo, há muitos anos, uma coluna denominada Consultório
Bíblico, nas páginas do Brasil Presbiteriano, órgão oficial da IPB,
exatamente a coluna sustentada pelo Rev. Galdino Moreira, pastor maçom,
que honrou o Ministério presbiteriano, dirigindo com extrema dedicação o
jornal O Puritano, que juntamente com o jornal Norte Evangélico deram
origem ao Brasil presbiteriano.
O Rev. dr. Waldyr Carvalho Luz é pastor jubilado da Igreja Presbiteriana
do Brasil. Foi professor de grego e hebraico no Seminário Presbiteriano do
Sul, bem como na área de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem
(IEL, da UNICAMP) e de Grego e Exegese do Novo Testamento no Instituto
Palavra da Vida.
É tradutor de várias obras, dentre elas As institutas, de Calvino (do latim)
e autor da gramática grega Manual de grego neotestamentário e da
tradução interlinear do Novo Testamento grego.
Em se tratando de uma das mais reconhecidas e admiradas figuras do
presbiterianismo brasileiro, entendi ser oportuno dizer que o Rev. Waldyr
não só assinou o manifesto como também redigiu um texto altamente
significativo, dando cinco motivos que o levaram a assiná-lo. A respeito
desse assunto, trocamos correspondências e ofereci um exemplar do meu
livro O Evangelho e a Maçonaria, uma parceria que deu certo no Brasil
(2004). Em virtude do alto significado do seu testemunho, tomei a
liberdade de solicitar-lhe autorização para publicar o texto de suas cartas, a
que fui autorizado.
Na primeira carta, datada de 3 de fevereiro de 2007, enviando sua
assinatura de apoio ao manifesto, enumerando cinco motivos para assiná-
lo e emitindo seu pensamento contrário à decisão do Supremo Concílio
sobre a Questão Maçônica, afirmou: “Portanto, julgo descabida a resolução
antimaçônica do supremo concílio de julho de 2006”.
Na segunda carta, datada de 8 de setembro de 2007, emitiu sua valiosa
opinião sobre o meu livro O Evangelho e a Maçonaria, classificando-o como
uma:

preciosa antologia de episódios em que maçons prestaram a missionários e


pregadores do passado incalculável ajuda e uma irrefutável exposição da real
natureza, propósitos e ação da maçonaria, provando à sociedade que não há
incompatibilidade entre a fé presbiteriana e a Ordem Maçônica com seus
princípios e crenças.

Na terceira carta, de 12 de novembro de 2007, na qual autoriza a


publicação das três cartas e reafirma sua posição contrária à decisão do
Supremo Conselho, escreveu:

Dou-lhe pois, plena permissão para fazer legítimo uso do meu parecer
contido nas cartas anteriores acerca da injustiçada e improcedente decisão
do Supremo Concílio (2002 e 2006) de nossa I.P.B. em relação aos fiéis
presbiterianos filiados à maçonaria.

A última decisão a respeito dessa matéria foi tomada pela Comissão


Executiva do Supremo Concílio, em sua reunião Ordinária de 2007,
realizada em Brasília, vazada nos seguintes termos: CESC/IPB-2007-DEC
CLXXVI.

RESOLVE: 1. Tomar conhecimento. 2. Reconhecer a necessidade da


regulamentação teológica e administrativa desta matéria. 3. Nomear
Comissão Especial para: A. Estudar à luz dos símbolos da fé da IPB,
observando a jurisprudência no mundo reformado do princípio
fundamentado pelo SC/2006, a incompatibilidade da Maçonaria com
algumas doutrinas da fé cristã, produzindo, ao final, um laudo teológico que
subsidiará o ensino e a doutrina da igreja sobre este assunto que será
apreciado pelo Supremo Conselho em sua reunião ordinária. B: Estudar
dentro da CI/IPB e de toda a legislação presbiteriana as possíveis liberações e
o modo de efetuá-las para a aplicação da falta e a correção daqueles que
contrariarem seus votos de subscrição confessional e os posicionamentos
teológicos da Igreja Presbiteriana do Brasil, produzindo ao final
regulamentação legal que será apreciada pelo Supremo Conselho em sua
próxima reunião ordinária. C: Receber contribuições teológicas e/ou jurídicas
do concílio da IPB até 1 ano após sua instalação pelo presidente do SC/IPB. 4.
Determinar que a Comissão Especial encaminhe o seu relatório final ao
Supremo Concílio em sua próxima reunião ordinária, julho de 2010. 5.
Encaminhar todos os documentos oriundos da resolução da SC/2006 a
respeito deste assunto para a comissão especial, que utilizará o mesmo como
objeto inicial de estudo.

Assim, entendo que a matéria esteja sub judice, aguardando


pronunciamento do Supremo Concílio em sua próxima reunião ordinária,
que acontecerá em julho do ano de 2010.
Referências
OLIVETTI, Odayr. Na esteira dos passos de Deus. São Paulo: Cultura Cristã,
2000.
ANDRADE, Athos Vieira de. O Evangelho e a Maçonaria, uma parceria que
deu certo no Brasil. Belo Horizonte: Lithera, 2004.
Capítulo 8
P OEMA R ÉGIO

Segundo informações disponíveis, o Manuscrito Régio foi escrito em


torno do ano de 1390. Publicado em 1840 por James O. Halliwell, é
mencionado em 1670 em um inventário da Biblioteca John Theyer. Esta foi
vendida a Robert Scott – daí a razão de haver um segundo inventário, em
1678. O manuscrito pertenceu depois à Biblioteca Real até 1757 – daí o seu
nome de Regius –, data na qual o rei Jorge II fez a doação ao Museu
Britânico.
O Regius se compõe das seguintes partes:

Fundação da Maçonaria Egípcia por Euclides.


Introdução da Maçonaria na Inglaterra sob o reinado de Ethelstan.
Os Deveres, em quinze artigos.
Os Deveres, em quinze pontos.
Lenda dos Quatro Coroados.
Lenda da Torre de Babel.
As Sete Artes Liberais
Instrução sobre Boas Maneiras.

O Manuscrito Régio, ou Poema Régio, ou, ainda, Manuscrito Halliwell, é


considerado o mais antigo documento maçônico conhecido.
O Manuscrito Régio (texto integral)

Um poema sobre princípios morais.

Aqui começam os regulamentos da Arte da Geometria


segundo Euclides.
Quem quer que com atenção procurar e ler
Encontrará escrito em algum antigo livro
Sobre senhores e também damas
Que tiveram muitos filhos ao mesmo tempo
E não tinham recursos para mantê-los consigo,
Nem na cidade, nem no campo, nem na floresta;
Juntos então em assembleia se reuniram
Para decidir o destino destas crianças,
De como poderiam melhor conduzir suas vidas
Sem grandes males, cuidados, ou discórdias;
Como também da multidão que viria
De seus filhos após a sua morte.
Eles os enviaram à procura dos altos funcionários
Para que lhes ensinassem uma boa profissão.
Então a eles pediram, para a causa de Nosso Senhor,
Para nossos filhos algum trabalho a fazer,
Assim que elas possam ganhar sua vida com isso
Bem e honestamente e com segurança.
Naqueles tempos, através da boa Geometria,
Esta honesta Guilda da Maçonaria
Foi assim instituída e fundada,
Imitada por aqueles funcionários reunidos;
Imitaram a Geometria a pedido dos Senhores.
E deram o nome de Maçonaria
Para esta mais honesta Guilda de todas.
Os filhos desses Senhores por isso saíram livres
Para aprender deles o ofício de Geometria
Que ele havia criado tão perfeita.
A pedido dos pais e também das mães
Ele os pôs diante desta honesta Guilda
Ele que aprendera melhor, e era honesto,
E passou seus companheiros no interesse de aprender.
Se naquela Guilda ele os passou
Ele deveria ser mais respeitado que os outros
Este grande funcionário se chamava Euclides.
Seu nome era pronunciado com grande admiração.
Então este grande funcionário ordenou
Para quem fosse o mais alto neste grau
deveria ensinar com simplicidade
Como ser perfeito nesta honesta Guilda
Pois assim cada um poderia ensinar ao outro
E amar-se mutuamente como Irmão e Irmã.
Além disso ele ainda determinou
Que Mestre ele deveria ser chamado
Pois sendo o mais venerado
Assim ele deveria ser chamado,
Porém os Maçons nunca assim se chamariam
Entre eles todos quando na Guilda
Nem súdito, nem criado, nem meu caro Irmão,
Porquanto ninguém é mais perfeito que o outro.
Cada um chamará com afeição o outro
Porque todos nasceram de mulher.
Desta maneira, pelo saber da Geometria
Começou a Guilda da Maçonaria.
O Mestre Euclides desta forma fundou
Esta Guilda da Geometria na terra do Egito.
No Egito ele ensinou largamente
Em diversos lugares e por toda a parte;
Muitos anos depois, eu o sei,
Antes desta Guilda chegar a esta terra,
Esta Guilda chegou à Inglaterra como lhes digo
Nos dias antigos do bom rei Athelstane.
Ele construiu para ela então sedes e abrigos
E altos templos de grande esplendor
Para alegrá-los dia e noite
E para venerar seu Deus com todo o vigor
Este bom senhor amou sua Guilda com bondade
E propôs-se a reforçá-la em toda a parte.
Por causa de diversas falhas que numa Guilda ele achou
Ele enviou para todas as partes naquela Terra
À procura de todos os Maçons da Guilda
Para virem a Ele todos em ordem
Para corrigir estes erros todos
Com bons conselhos, e se puder ser,
Uma assembleia poderia ser constituída,
Entre as diversas autoridades em seus estados,
Duques, Condes, e Barões também
Cavaleiros, Escudeiros, e muitos mais,
E também os cidadãos daquela cidade,
Eles estariam aí todos em sua categoria
Todos estariam aí presentes
Para regular essa condição dos Maçons
E ali buscarem em sua sabedoria
Como melhor governar.
Quinze artigos eles então estudaram
E quinze pontos aí eles elaboraram.
Aqui começa o artigo primeiro.

Artigo I
O primeiro artigo desta Geometria:
O Mestre-maçom deve ser muito perfeito
Tanto quanto correto, confiável e franco,
Pois disto ele jamais se lastimará;
Pagará seus companheiros descontadas suas despesas
Com seu alimento bem o sabe;
Então paga corretamente, por tua fé,
Tudo o que eles têm direito;
Conforme seu contrato e não mais.
Segundo as suas tarefas
E não economizará nem por amor ou nem por medo
De nenhum lado aceitará suborno;
Nem do Senhor, nem do companheiro, nem de quem seja
Não aceitará nenhuma forma de gratificação
E como um Juiz permanecerá justo
Para assim fazer a ambos um grande bem
E com sinceridade faz isso aonde fores
E teu respeito e teu ganho será maior.
Artigo II
O segundo artigo da boa Maçonaria
Diz que deve ouvir com cuidado
Que cada Mestre, que é Maçom,
Deve estar presente à Assembleia Geral
Assim que com certeza seja informado
Onde a Assembleia terá lugar.
Àquela Assembleia ele estará obrigado a ir
A não ser que tenha razoável desculpa
Ou não seja da obediência da Guilda
Ou a engano seja induzido
Ou que tenha uma doença muito grave
Que impeça de estar no meio deles;
Isto são desculpas boas e coerentes
Sem mentiras para aquela Assembleia.

Artigo III
O terceiro artigo sem dúvida é este
Que o Mestre não tome um Aprendiz
Sem que tenha bastante certeza
de sete anos ficar com ele, como lhe digo,
Aprender seu ofício, isto é compensador
Com menos tempo ele não poderá estar capaz
De dar lucro nem ao Senhor nem a si mesmo
Como tu sabes por boas razões.

Artigo IV
O quarto artigo deve ser esse
Que o Mestre sempre o tenha sob sua vista
Que não faça do Aprendiz um escravo
Nem o contrate por cobiça;
O Senhor a quem ele é destinado
Pode vir buscar o Aprendiz onde estiver,
Se na Loja ele for aceito
Muito mal poderá causar
E se isso acontecer
Pode aborrecer a alguns ou até a todos.
Todos os Maçons que lá estão
Juntos devem ficar sempre
E se ele na Guilda permanecer
Com muitos infortúnios deverá contar;
Então em todo o caso, e por preocupação,
Toma sempre um Aprendiz de condição melhor
Como encontrei escrito em tempos antigos
que o Aprendiz seja de modos gentis;
Assim antigamente, sangue de importantes Senhores
Entrou nesta Geometria que é pleno de sucesso.

Artigo V
O quinto artigo é verdadeiramente bom
O Aprendiz deverá ser de sangue legítimo.
O Mestre não deve, por nenhum motivo
Tomar um Aprendiz que seja deformado;
Isto significa, como tu deves ouvir,
Que ele tenha todos os seus membros inteiros;
Pois para à Guilda seria uma grande vergonha,
Formar um homem coxo ou manco.
Pois um homem de tal sangue imperfeito
Traria à Guilda apenas pouco lucro
Assim isto tudo deves conhecer sempre,
Que a Guilda precisa de homens vigorosos;
E um homem mutilado não tem forças
Deves saber isso muito antes da noite.

Artigo VI
O sexto artigo não deves te enganar.
Que o Mestre não prejudique o Senhor
Ao tomar um Senhor como seu Aprendiz.
Quanto os Companheiros o fazem, de qualquer forma.
Que naquela Guilda eles sejam muito perfeitos.
Assim se ele não for, tu deves ver isto.
Também é contra a boa razão
Receber seu aluguel como seus Companheiros fazem.
Este mesmo artigo neste caso
Manda que o Aprendiz dele receba menos
Que seus Companheiros, que já são perfeitos,
De diversos modos, sabe compensar isto,
O Mestre deve então informar ao Aprendiz
Que o seu salário logo aumentará.
E antes que seu contrato chegue ao fim
O seu salário deve estar reformado.

Artigo VII
O sétimo artigo é este agora
Tudo isso deve revelar a todos,
Que nenhum Mestre por sujeição ou imposição
Permita o roubo, nem de vestimenta nem de alimentos,
Ladrões ele jamais poderá abrigar,
Nem alguém que tiver matado um homem,
Nem mesmo quem tem o nome conspurcado,
A fim de não levar a Guilda à vergonha.

Artigo VIII
O oitavo artigo mostra isto
Que o Mestre deve fazer muito bem
Se ele tiver algum homem na Guilda
Que não seja tão perfeito quanto deveria
Ele deve substituí-lo logo sem demora
E colocar em seu lugar um homem mais perfeito.
Pois tal homem por essa imprudência
Poderia levar a Guilda a menor respeito.

Artigo IX
O nono artigo mostra muito bem
Que o Mestre deve ser tão sábio quanto forte;
Que ele não se incumba de um trabalho
A não ser que possa fazê-lo e terminá-lo;
E aos Senhores deve ser de proveito também
E para sua Guilda, onde quer que ele vá;
E que a fundação seja bem conduzida,
E que não tenha falhas e nem rache.

Artigo X
O décimo artigo é para que se saiba,
Que na Guilda, do menor ao maior,
Nenhum Mestre deve suplantar outro
Mas ficar juntos como Irmão e Irmã,
Nessa original Guilda, todos ou alguns,
Que pertencem a um Mestre Maçom.
Não devem tomar o lugar de nenhum homem,
Que tenha tomado sobre si um trabalho
Com pena de isso estar muito difícil,
Se não pesar não mais que dez libras.
Mas se isto houver é declarado culpado,
Quem tomou primeiro o trabalho nas mãos;
Pois nenhum homem na Maçonaria
Substituirá outro livre de perigo,
E se o trabalho for assim mesmo executado
E se neste caso o trabalho fracassar
Então o Maçom que o trabalho assumiu
O benefício do Senhor ele deve preservar.
Se neste caso o trabalho fracassar
Nenhum Maçom, por sua vez, se intrometerá
Na verdade ele que começou a fundação
Se ele for um Maçom bom e correto
Ele tem o firme propósito
Que levará seu trabalho a bom término.

Artigo XI
O décimo primeiro artigo que lhes cito
É tão justo quanto livre;
Pois ensina, por sua força,
Que nenhum Maçom deveria trabalhar à noite
Mas se o estiver praticando com prudência
Isso pode ser retificado

Artigo XII
O décimo segundo artigo é de alta dignidade
Todo o Maçom onde quer que ele esteja,
Nunca depreciará o trabalho dos seus Companheiros
Se ele quiser sua dignidade manter;
Com palavras dignas ele o louvará
Com inteligência que Deus te concedeu;
Mas isso corrige em tudo o que podes
Entre ambos, sem dúvida.

Artigo XIII
O décimo terceiro, assim Deus me ajude,
É que se o Mestre tem um Aprendiz
Dê-lhe então o ensino completo
E os pontos mensuráveis que lhe ensine,
Para que o ofício hábil ele possa conhecer
Onde quer que vá sob o Sol.

Artigo XIV
O décimo quarto artigo por bom motivo,
Mostra ao Mestre como ele deverá agir.
Ele não deverá tomar para si um Aprendiz
Sem que tome diversas precauções,
Ele deve dentro do seu período
Diversos pontos lhe ensinar.

Artigo XV
O décimo quinto artigo põe um fim
Naquilo que do Mestre é um amigo
Por ensinar-lhe, como a nenhum outro homem,
Que falsos compromissos não deve assumir.
Nem apoiar seus Companheiros em seus erros,
Pois nenhum bem que ele possa ganhar;
Nem falso juramento para o fazer sofrer
Pelo temor da salvação de sua alma.
A fim de que não se torne uma vergonha para a Guilda
E a ele mesmo trazer demasiada censura.

Outros Regulamentos
Nessa Assembleia outros pontos mais foram definidos
Por importantes Senhores e Mestres também,
Que quiserem conhecer esta Guilda e vir a sua sede.

I Ponto
Deve sempre amar muito a Deus e à Santa Igreja
E também ao Mestre a que estiver ligado
Onde quer que vá, no campo ou na floresta,
E seus Companheiros amará também,
Para que tua Guilda aceite o que fazes.

II Ponto
O segundo ponto como vos digo
Que o Maçom trabalhe na tarefa diária
Tão corretamente quanto pode ou deve,
Para merecer seu salário para o dia de descanso,
E lealmente trabalhe em sua tarefa
Para bem merecer ter sua recompensa.

III Ponto
O terceiro ponto deve ser rigoroso
Para que o Aprendiz o conheça bem
E do seu Mestre e conselho ele receba e guarde
E dos seus Companheiros com seus bons propósitos
A privacidade do seu aposento não conte a ninguém
Nem da Loja, o que quer que se faça;
O que quer que ouvires ou os vires fazer
Não conte a ninguém onde quer que tu vás;
As deliberações da reunião na sede e também no abrigo.
Guarde-as bem em grande reverência
A fim de que não retorne a ti como censura
E leves a Guilda a grande vergonha

IV Ponto
O quarto ponto também nos ensina,
Que nenhum homem seja infiel a sua Guilda;
Em erro ele não deve apoiar ninguém
Contra a Guilda, mas afaste-se dele;
Nem prejuízos ele deve causar
Nem ao seu Mestre, nem aos Companheiros também;
E embora o Aprendiz esteja sob ordens
Ainda assim ele seguirá a mesma lei.

V Ponto
O quinto ponto é sem dúvida
Que quando o Maçom recebe o pagamento
Do seu Mestre destinado a ele
Cheio de humildade deve estar;
Sendo assim deve o Mestre por bons motivos
Avisá-lo legalmente antes do meio-dia
Se não o quiser ocupar mais
Conforme o fazia anteriormente;
Contra esta ordem ele não deve se opor
Se ele pensa muito em prosperar.

VI Ponto
O sexto ponto deve ser dado a conhecer
Tanto ao mais alto quanto ao mais baixo
Pois que este caso poderá acontecer;
Entre os Maçons, todos ou alguns,
Por causa de inveja ou raiva de morte
Frequente se originam fortes discussões.
Então convém ao Maçom se isto ele puder
Colocá-los juntos durante um dia
Mas neste dia da amizade eles não farão nada
Faça que o dia do trabalho termine perfeito;
Ao dia Santo vocês devem chegar bem,
E fazer do descanso um dia de amizade
Para que não seja um dia que o trabalho
Que foi impedido com tal desordem.
Para tal desfecho, então, tu os induzas
A permanecerem fiéis à lei de Deus.

VII Ponto
O sétimo pode bem significar
Que boa vida longa Deus nos concedeu
Como o percebes claramente.
Não deves ao lado da esposa do teu Mestre deitar
Nem das de teus Companheiros, de modo algum
A fim de que a Guilda não te menospreze;
Nem com a concubina de teus companheiros
Não mais do que quisesses que ele fizesse com a tua
A pena por isto deves estar certo
Sendo ele Aprendiz por sete anos completos
E tiver faltado em alguns deles
Assim punido então ele deve ser;
Com muito cuidado deverá desse ponto iniciar
Por tal desonra mortalmente infame.

VIII Ponto
Do oitavo ponto, deves estar certo,
Se você tiver aceito qualquer remédio
Abaixo do teu Mestre seja sincero
E disto nunca terás arrependimento;
Um sincero mediador deves precisar ser
Para teu Mestre, e teus Companheiros livres;
Faça sinceramente o que for preciso
A ambas as partes, e isso é certamente correto.

IX Ponto
O nono ponto nós devemos chamá-lo
Para que seja um guarda de nossa sede,
Se estivéreis juntos num recinto
Cada qual servirá o outro com humildade;
Companheiro gentil, tu o deves saber
De ser guarda cada um em seu turno
semana após semana sem dúvida
Assim serão todos guardas cada um em sua vez
Para amáveis servir uns aos outros.
Como se fossem Irmãos e Irmãs.
Aí ninguém deve ser pesado um ao outro
Nem querer vantagens para si próprio.
Cada homem deve igualmente isento
Daqueles gastos, assim deve ser;
Cuides em corretamente pagar sempre cada homem
De quem compraste cada alimento consumido
Que nenhum pedido seja feito a eles
Nem aos teus Companheiros em nenhum escalão,
A homem ou a mulher, onde quer que seja,
Pague-os bem e honestamente, como nós queríamos.
Por isso de teu Companheiro boa recordação terás
Por isto paga bem como se fosse teu
A fim de não envergonhar teu Companheiro
E colocar a ti mesmo em grande culpa.
Então boa conta deves prestar
Das tais mercadorias que recebeste.
Dos bens de teus Companheiros, que tu gastaste,
Onde e como e com que finalidade;
Tais contas deves trazer contigo para
Quando teus Companheiros desejarem que tu o faças.

X Ponto
O décimo ponto apresenta uma vida boa
Para viver sem cuidados e disputas;
Pois se o Maçom viver impropriamente
E em seu trabalho for falso eu o sei
E através de falsa desculpa
Tentar difamar seus Companheiros sem motivo
Através de difamação falsa de tal forma
Pode trazer vergonha para a Guilda.
Se ele faz à Guilda tal vilania
Então nenhum favor lhe faça certamente.
Nem o manterás nesta vida imoral
Sem medo de que se transforme em preocupação e discórdia.
Mas ainda assim tu não adiarás
A menos que queiras obrigá-lo
A aparecer onde quer que tu o queiras
Onde tu o queira; irritado ou calmo;
Na próxima assembleia deverás chamá-lo
Para aparecer perante todos os seus Companheiros
E a menos que perante ele não apareça
À Guilda ele deve renunciar;
Ele será então punido perante a lei
Que foi criada nos velhos tempos.

XI Ponto
O undécimo primeiro ponto é de grande discrição
Conforme deves saber por bons motivos;
Um Maçom, se conhece bem a sua Guilda
E vê seu Companheiro desbastando uma pedra
E está a ponto de estragar aquela pedra
Corrige-o logo se isto puderes.
E ensina-o a se corrigir
Para que o trabalho do Senhor não seja danificado
E ensina-o rapidamente o emendar-se.
Com palavras justas, que Deus te concedeu
Por sua graça que paira sobre nós
Com doces palavras fomenta sua amizade.
XII Ponto
O décimo segundo ponto é de grande realidade
Onde a assembleia estiver reunida
Lá estarão os Mestres e os Companheiros também,
E muitos outros grandes senhores também;
Lá estará a autoridade suprema daquele país,
E também o prefeito daquela cidade,
Cavaleiros e Fidalgos também devem estar
E também os edis como você verá;
Aquela decisão que eles tomarem lá
Eles manterão todos em unanimidade
Contra aquele homem, onde quer que ele esteja
Ele pertence à Guilda, ou forçado ou livre
Ele deve ser tomado sob sua custódia.

XIII Ponto
O décimo terceiro ponto é para nós de proveito
Ele jurará que nunca será um ladrão,
De não auxiliá-lo em sua falsa ação.
Com nenhum bem que ele tenha roubado
E tu deves conhecer isto ou pecar
Nem pelo bem dele, nem pelo bem de sua família.

XIV Ponto
O décimo quarto está repleto de boa norma
A ele que devia estar sob temor;
Um juramento firme ele deve fazer.
Ao seu Mestre e a seus Companheiros que lá estão;
Ele deve estar imperturbável e correto
A todo esse regulamento, onde quer que ele vá.
E ao senhor de sua associação, o rei.
Será fiel acima de tudo
E a todas essas questões acima
A eles tu precisas jurar
E todos farão este igual juramento
Dos Maçons, sejam eles voluntários ou impostos;
A todos estes pontos acima
Isto foi instituído com grande sabedoria
E delas devem informar-se cada homem
de sua reunião, tão bem quanto possível;
E se algum homem for julgado culpado
Em qualquer dessas questões em especial
Seja quem ele for, deixem que seja procurado
E à Assembleia ele seja trazido.

XV Ponto
O décimo quinto ponto é de grande saber
Para aqueles que lá terão jurado
Este regulamento aprovado em Assembleia
Pelos grandes senhores e Mestres, acima citados
Para os mesmos que são desobedientes, eu sei
Contra o regulamento aqui descrito
E esse artigos que aqui foram alterados
Por grandes senhores e Maçons em conjunto.
E se eles foram examinados abertamente
E antes daquela Assembleia, detidamente
E não se emendarem de suas culpas
Então devem eles renunciar à Guilda
E nenhuma Guilda de Maçons os recusará
E jurarão nunca mais o usar;
Mas se eles quiserem se corrigir
Contra a Guilda nunca devem agir
E se eles assim não o quiserem fazer
A autoridade suprema logo os levará
E colocará seus corpos numa prisão profunda
Por causa da transgressão que cometeram
E tomarão seus bens e seu gado
E passarão para as mãos do rei, cada peça
E os deixarão lá ficar no silêncio total
Enquanto for vontade da liga do rei.

Outros Regulamentos da Arte da Geometria


Ficou combinado que uma Assembleia haveria
Todos os anos, em qualquer lugar que se resolvesse
Para corrigir defeitos se algum fosse achado,
Na Guilda que naquela Terra,
A cada ano ou cada três anos deveria ter lugar
Em qualquer tempo que eles quisessem
Devendo data e lugar ser sempre avisados,
E no lugar deveriam se reunir.
Todos os homens da Guilda lá deverão estar
Como outros grandes senhores, como se verá,
Para corrigir as faltas de que se falou.
Se alguém deles as tiver transgredido
O que todos eles devem ter jurado.
Isto pertence à sabedoria da Guilda
Manter sempre os seus estatutos
Que foram ordenados pelo Rei Æthelstan:
De acordo com este estatuto que aqui decretei
Eu ordeno que eles se observem em minha terra
Pela honra de minha Realeza
Que possuo por minha dignidade.
Também em toda Assembleia que vocês realizarem,
Que vocês venham ao seu Rei soberano unidos
Suplicando sua altíssima graça
Para que estejamos convosco em todo lugar
Para confirmar os estatutos do Rei Æthelstan
Que ele decretou a esta Guilda com boas intenções.

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