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O que é ciência?
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O conceito de ciência
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Para a Filosofia, ela pode ser considerada apenas um dos
vários tipos de conhecimento, ao lado das religiões, da poesia
e da arte, por exemplo.
Outras correntes, de cunho pós-moderno, como a
desconstrução e o anarquismo epistemológico, criticam a
ciência e a veem como o recalque de um ser humano que se
diz racionalmente autônomo, para poder dominar o mundo,
por meio da razão e da objetividade.
Ruiz afirma que,
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O processo científico
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Ruiz elenca várias características que formariam o
conceito de ciência, e, a partir delas, destaca os seguintes
aspectos:
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Objetivos da ciência
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Toda ciência deve ter um objeto de estudo bem-delimitado.
Ao analisar um objeto, a ciência preocupa-se em determinar as leis
gerais que o regem, bem como distinguir as características que estão
relacionadas ao grupo de objetos ao qual ele pertence. Esta ação não
significa, entretanto, que a ciência irá ditar regras a serem seguidas
pelo seu objeto de estudo. Esse procedimento normativo seria até,
aliás, anticientífico, já que toda regra envolve subjetividade e juízo
de valor. Se a intenção da ciência pressupõe a objetividade, sua
atividade nesse sentido é observar seu objeto de estudo e descrever
as regras que são normalmente seguidas por ele.
Para entender essa reflexão, vamos pensar na gramática
normativa, que todos aprendemos na escola. Ela é uma disciplina
que dita regras que devem ser seguidas para o uso da variante
linguística culta. É a forma com que os bons escritores vão escrever
seus livros, por exemplo, e que distingue construções certas de
construções erradas, o que se deve e o que não se deve usar. Ela
não é, portanto, científica, já que prescreve uma linguagem a ser
usada. Seria científica, por exemplo, uma gramática que descreve
o uso efetivo da linguagem pelos falantes, chegando, da mesma
forma, a regras que são seguidas por eles, sem juízo de valor.
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De onde veio a ciência?
O medo e o surgimento da
ciência
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O medo e o espanto, na realidade, podem ter alavancado
a busca do saber, do entendimento do que era obscuro. O
desconhecido pode causar inquietação. Quando um evento já
nos é familiar, já foi analisado e catalogado, ficamos muito
mais tranquilos. Por exemplo, quando temos uma doença em
que aparecem manchas no corpo, mas vemos que as causas,
as características, as técnicas de tratamento já são conhecidas,
lidamos com esse evento da forma mais natural possível.
Assim, o surgimento da ciência se deu, principalmente,
pela necessidade da compreensão do mundo.
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De acordo com Mattar, a Medicina, por exemplo, “tem
uma longa pré-história mesclada à magia: na Babilônia, já
identificamos médicos realizando cirurgias; os médicos egípcios
utilizavam uma grande variedade de remédios, incluindo o
ópio; [...] na China, praticava-se a Acupuntura”. (MATTAR,
2008, p.6).
Havia, então, um pensamento especulativo, que atribuía
às divindades as causas e consequências dos fenômenos, até
então, inexplicáveis. As tempestades, por exemplo, podiam
ser consequência da ira dos deuses. As secas podiam ser um
castigo pela desobediência dos membros das comunidades. As
boas colheitas podiam ser fruto da benevolência dos deuses.
Entretanto, a explicação de muitos fenômenos era
contraditória, e tantos outros permaneciam sem qualquer
explicação. A busca de respostas por meio das crenças e
da mitologia não estava mais sendo suficientes, já que os
pensamentos eram abstratos e associativos e resultavam
somente em aplicações práticas imediatas.
Apesar disso, essa fase representou um passo importante
na trajetória da inteligência humana, já que o pensamento
especulativo, elaborado por meio de metáforas e associações
simbólicas, gerou um impulso fundamental para a próxima
etapa na busca do conhecimento.
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Desta forma, com a evolução das civilizações, esse
pensamento especulativo se tornou, gradativamente,
organizado e sistemático. O objetivo era buscar respostas
através de caminhos que pudessem, de fato, ser comprovados.
A necessidade de saber o porquê dos acontecimentos foi o
impulso para a evolução do homem e o surgimento da ciência
e a curiosidade humana fez o papel que influenciaria os
métodos científicos utilizados atualmente.
O surgimento da ciência
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Nesse sentido, a capacidade de aprender a manipular os
recursos naturais e transformá-los em bens manufaturados
e úteis foi um fator fundamental que a ciência trouxe para
o desenvolvimento das civilizações, mas isso só aconteceu
depois de dez mil anos, com o abandono da vida nômade
(MATTAR, 2008, p. 6).
Apenas o conhecimento sistemático, através da ciência
metódica, é capaz de produzir tecnologia avançada. Esta
situação diferencia o homem de outros animais, ainda que
saibamos que estes últimos são dotados de espécies de
“técnicas” para construir tocas, ninhos etc. Com as ciências
e com as técnicas, os homens passaram a lidar com o meio
natural de forma muito mais eficaz e segura.
O desenvolvimento do conhecimento científico e técnico
também está intrinsecamente ligado à característica da vida em
sociedades e comunidades. Na vida coletiva, o conhecimento é
transmitido de um indivíduo a outro, pelas sucessivas gerações,
e esse compartilhamento é essencial para o desenvolvimento
da ciência. Como explica Mattar (2008), com o surgimento da
escrita, surge também o pensamento racional, que ajuda nas
demonstrações por meio da razão e da experiência.
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O pensamento mítico e metafórico se transformou em
pensamento sistemático e estruturado de forma muito lenta.
Vale ressaltar que ainda hoje existem comunidades que
perpetuam os seus principais saberes a partir da tradição oral,
afinal, conforme já foi dito, os tipos de conhecimento podem
coexistir. Mesmo com o início da busca por um saber de caráter
comprobatório e lógico, foram necessários milhares de anos
para a ciência se estabelecer de forma definitiva. Veremos um
pouco sobre essa história no próximo segmento.
O desenvolvimento do conhecimento
científico e técnico está intrinsecamente
ligado à característica da vida em sociedades e
comunidades.
REFERÊNCIAS
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