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Antonio Jaques de Matos

Sociologia para
Adolescentes.

2009
Prefácio

A presente obra vem a completar nossa primeira obra – Filosofia para Adolescentes – cujas aulas
eram em boa parte, teóricas e, acrescentar outras áreas do conhecimento humano – Sociologia, Religião
e História, áreas que, normalmente, professores de filosofia são brindados, especialmente em escolas
públicas, que têm carência de professores dessas áreas. Mas, do limão, fizemos uma limonada, pois é
muito útil poder mostrar aos alunos a diferença e semelhança entre Filosofia, Sociologia (Ciência
social), Religião e História, quatro das principais formas que os seres humanos encontraram para
exteriorizar seu pensamento. A elas poder-se-ia acrescer Arte.
Procuraremos ser fiel à ordem das aulas e ao conteúdo ministrado, bem como, reações dos alunos
(participação, engajamento, ou afastamento e repulsa, sim, repulsa à metodologia, algo comum, natural,
fisiológico, em adolescentes) e resultados obtidos (formais, provas, trabalhos, apresentações e informais,
expressões, humor, conversas paralelas). Procuraremos apresentar primeiro as aulas de filosofia, depois
de Sociologia e, então, religião e História, Contudo, o leitor deve estar advertido que elas ocorreram em
paralelo: em uma mesma semana, dávamos as três disciplinas para as cinco turmas de primeiros anos do
Ensino Médio, pela manhã, turmas 211,212,213,214 e 215 e História à turma de terceiro ano do ensino
médio, turma 431, no horário noturno.
Queremos lembrar que a disciplina de História não era por nós esperada, mas nos foi oferecida e
como professor ganha pouco, representava um acréscimo financeiro a mais. Acontece, porém, que não
temos formação em História e um filósofo apenas toma emprestado as descobertas arqueológicas para
refletir sobre conceitos abstratos. Mas, tal empresa representou um desafio interessante – em dois ou três
finais-de-semana relemos um livro de história e recuperamos conhecimentos guardados uns vinte anos
na memória, quando éramos adolescentes e ainda estávamos no colégio.
Ainda, devo lembrar que passei neste ano de 2009 a usar um microfone portátil com uma pequena
caixa de som de 7 watts na cintura e os alunos gostavam do equipamento, aliás, eles gostam de tudo que
e relaciona à tecnologia e como nesta época da vida, a educação tem um gosto intragável e se
dependesse da maioria deles não iriam à escola, o uso do microfone prendia a atenção deles. Chego a
ponto de concluir que a pior aula dada por um professor, com microfone é ainda superior à melhor aula
dada sem microfone!!
Considerações metodológicas:
Quando se lida com adolescentes, deve-se considerar algumas questões:

1- Adolescentes são crianças com corpos de adultos, e, por isso, mantém a infantilidade em um
grau elevado. Uma boa maneira de conquistar sua atenção e respeito é:
(a) mostrar-lhes um filme daqueles que não precisam pensar muito, de ação ou romance, de
preferência dublado;
(b) distribuir-lhes guloseimas;
(c) praticar esportes com eles.

2- Eles não suportam rotina, aulas que parecem, para eles, repetitivas, embora sejam apenas
continuações, com acréscimos importantes. Por isso, eles dão valor a mudanças de ambiente: ir à sala de
informática em um dia, ir ao pátio tomar sol no inverno, ir à sala de vídeo, etc. Aliás, quem não gosta?
Mas, há um detalhe a considerar: quando eu entrei na faculdade de filosofia (a primeira que fiz foi
de Administração) me senti mentalmente esgotado e, mais para o final do curso, não tinha mais vontade
de ler um livro inteiro. Será que os adolescentes, em função do excesso de informação mais o conflito
que vivenciam em famílias, geralmente, desestruturadas, não estão exaustos mentalmente? Pensei em
um trabalho para um eventual pós-graduação: medir os batimentos cardíacos de professores e alunos
para saber o grau de stress que vivem em suas atividades!

3- eles estão sem limites, pois vem de casa sem limites, os pais ou avós os deixam fazer o que bem
entendem e sobre para o professor disciplinar, só que o professor não tem instrumentos que uma mãe ou
um pai teriam, como o de puxar a orelha ou dar um tapa na cara diante de desobediência. A psicologia
moderna dirá que isto é ultrapassado, mas lhes dar tudo o que desejam (adolescentrismo) não os educará
para o mundo, pois o mundo não lhes dará tudo o que desejarem! Na escola onde trabalho neste
momento, 2009, nem suspensão ou expulsão os alunos podem sofrer, pois o governo não quer mais
evasão escolar, mas isto não resolve o problema de termos alunos indisciplinados e a única coisa que o
professor pode fazer é tirar para fora da sala os mais desordeiros. Nada os agrada, os levamos para a sala
de vídeo, para o laboratório de informática, excursionamos ao museu de ciências, em dias frios tomamos
sol na rua, quando eles aproveitam para escapar!
Parecem que eles esperam por limites: às vezes respondo com grosseria à indisciplina deles: já
mandei alunos calarem a boca, outra vez, disse a um deles que deveria deixar de ser criança e virar
homem, outras vezes chamei seus pais, porque –lhes disse – com os alunos não era mais possível um
acordo. E quando os pais vêm à escola se horrorizam com o que os filhos fazem ou será que fingem?
Dizem que em casa não são assim! O mais curioso disto tudo é que temos a impressão de que deixaram
ao professor a tarefa de dar limites, mas como? Em geral, quando o aluno incomoda, tiramo-lo da sala,
mas muitas escolas são proibidas de suspender ou expulsar alunos.
O que é certo é que eles foram acostumados (condicionados, mesmo) a um tipo de aula, em escola
pública, em que o professor deixa uma tarefa no quadro e sai da sala e, mais tarde, verificará se eles
anotaram no caderno e fizeram professor curioso e com algum conhecimento amplo da vida. E é isso
que devemos cobrar dos alunos, um ser completo, não um especialista, pelo menos, nesta época de
formação escolar. Lembro que fui um estudante que esperava ansioso por novos conteúdos, pois, assim,
poderia aprender o conhecimento que a humanidade dispunha e tinha acumulado. Tinha esperança,
também, de que tal conhecimento representasse uma oportunidade de me tornar bem sucedido, mas há
muitos obstáculos e nossos sonhos morrem antes de ultrapassar todos: burocracia, para abrir empresas,
gastos para registrar marcas que imaginamos, recursos para implementar ideias, etc. podemos, ainda
assim, escrever nossas ideias e publicá-las na internet de graça!
Um dos argumentos em defesa dos adolescentes é que a escola tecnologicamente está defasada
com o restante dos equipamentos que os adolescentes estão habituados a trabalhar. Mas, experimente
leva-los à sala de informática e pedir uma pesquisa a eles: lhe darão qualquer coisa que aparecer e
apenas a copiarão, sem acrescentar opinião ou argumentos consistentes. Além disso, não estão
habituados a uma comunicação de duas vias, mas apenas a receber informações prontas, pensadas por
outras pessoas, cantores, especialmente.
Solução? Os meus alunos de terceiro ano do ensino médio parecem arredios (uma aluna pediu que
eu deixasse textos para que eles lessem e fizessem algum trabalho e eu respondi que não era ela que
decidiria como eu daria aula, embora eu, nas aulas seguintes, tenha assimilado nas minhas aulas os
trabalhos sem o constante monólogo do professor), desconfiados, agridem verbalmente (perguntam qual
é a tarefa e não esperam a explicação ou se não a entendem dizem que a culpa é do professor, eximindo-
se da mesma), expressam-se com receio e dificuldade de e têm pouca auto-estima, fruto de uma infância
sem afeto?
Mas quando há pontos ou notas envolvidos eles participam. Em parte, propus aulas que não os
massacrassem com excesso de informação, questões difíceis de resolver ou provas que os fizessem
estudar muito e memorizar a matéria - acho que conquistei algum respeito deles. Levei-os ao laboratório
de informática, à sala de vídeo, ofereci-lhes pipoca para os motivar a assistir o DVD de Sócrates, só não
fomos no museu de ciências, porque ele não abre à noite. Não é preciso mais rigor do que a exigência da
presença e de alguma participação por parte deles para a escola cumprir atarefa primeira: ampliar a
percepção (muitos a chamam de pôr a razão no controle, como se existisse um órgão sede da
racionalidade, como bem questionou Popper) acostumada a percepções limitadas a seus hábitos
cotidianos; reparem como um adolescente percebe detalhes que passam despercebidos pelos adultos:
reparam o tipo de sapato que usamos, se a roupa está suja de respingos de lama (pois mesmo com chuva
forte, eu vou de bicicleta para o colégio), a tudo que é pequeno eles prestam atenção! Não é por acaso,
também, que eles, em geral, têm dificuldade de pensar em um nível abstrato, pois neste nível o particular
e o singular (este, esta e isto ou aquilo, aquela, aquele) se encontram desfocados e se dá lugar ao
“existe”, “alguns”, “todos”, expressões que não falam de uma pessoa, que tem um nome, veste uma
certa roupa, moro na rua tal, mas de grupos maiores de pessoas até se o universo tem limite, o que
compreende o conjunto de todas as coisas que existem dentro dele ou mesmo, por especulação, fora
dele.
4- um dia apareceu no colégio um mágico. Precisavam ver a reação dos alunos, adolescentes que
transpareceram as crianças que ainda estão neles. Hipnotizados, saíam das aulas sem pedir e quando
chamava a atenção deles, não estavam nem aí. Senti uma inveja do poder do mágico de prender a
atenção dos alunos. Certamente falta isso na educação ou, então, deixar que eles façam a mágica... de
criar algo que saia de dentro deles mesmos! Um professor não tem a obrigação de ser um mágico, mas
pelo menos a humildade de querer ser um mágico, para ver olhos brilhando na sua frente.

Nota sobre Avaliação


Há casos sobre a avaliação que valem a pensa serem relembrados para servirem de ajuda a outros
professores:
(1) uma aluna de uma turma de pós-médio queixou-se de que a nota (50%) foi abaixo daquela que
ela merecia. Eu chamei a sua atenção para o fato de que ela tinha pesquisado na internet, algo que eu
aceitava, se ela pesquisasse com suas palavras e não apenas copiar as informações, nuas e curas. Depois,
senti que eu poderia estar sendo injusto e ao encontrá-la, avisei que a nota tinha sido alterada para 70%,
pois eu acreditava que ela tinha ficado muitas horas fazendo aquela pesquisa e o que ela me respondeu?
Que sua secretária tinha feito o trabalho. Eu não aceitei esta atitude e voltei atrás na nota, a reduzindo.
Aliás, aquela aluna era advogada e, provavelmente, seguia o pensador do Direito, Hanz Kelsen, para
quem a lei não tem nada a ver com justiça!;
(2) outra vez um aluno disse que eu não tinha devolvido o trabalho dele, que eu devia ter perdido.
Achei pouco provável isto. Então, ele escreveu outro, mas eu lhe disse que não consideraria. Mas, eu
não poderia ter perdido ou guardado em outra pasta, poucos sabem o quanto um professor trabalha? De
qualquer modo, segui minha intuição, ou seja, deixei que a parte do cérebro involuntária, recordasse e
juntasse todas as memórias sobre aquele aluno e chegasse a um veredito: não aceitar o trabalho, pois o
aluno está mentindo.
(3) reconheci a dificuldade de fazer justiça quando avaliamos trabalhos dos nossos alunos, sugeri
que se colocassem todos os trabalhos no quadro e que os avaliassem. Haveria, certamente, as panelinhas,
grupos influentes que votariam uns nos outros; poderia o professor estabelecer critérios como
pontualidade e assuntos que deveriam constar nos trabalhos, talvez esta seja a forma mais óbvia, mas
não para mim.
(4) quando estava no meu segundo ano de docência eu, diante de algum aluno que apresentava
uma reflexão interessante, dava nota máxima do trimestre ou, ainda, quando eles apresentavam algum
trabalho do interesse deles. Uma vez uma aluna disse, após eu falar sobre a teoria de Rousseau, de que
os homens nascem bons e a sociedade os corrompe, que ela não concordava com isso, pois se a
sociedade é feita de homens e estes nascem bons, como poderiam corromper outros homens que,
também, nascem bons? Por isso, ela ganhou em uma argumentação a nota que outros levariam três
meses para ganhar! Ainda acho interessante isso, mas vi que aquela aluna, depois, deixou de assistir às
aulas e passou a participar muito pouco.
(5) cometi muitos erros ao avaliar trabalhos: (a) uma vez disse que todos ganhariam a nota máxima
em um trabalho, desde que o fizessem! Por que disse isso? O professor queria ser bem visto pela turma?
É possível. Mas, depois, eu esqueci a promessa e dei notas abaixo daquela nota máxima e, aí, pelo
menos uma aluna reclamou. Eu havia pedido que imaginassem o inferno à semelhança daquele
imaginado por Dante Alighieri, mas ela disse que lá era um lugar nada tranqüilo e, depois, citou
definições que eu tinha dado de purgatório e limbo. Eu não poderia dar nota máxima por algo que ela
não tinha realizado bem. Seria o mesmo que dar nota a alguém que não tivesse feito nada ou tivesse
escrito sobre outra coisa!
De qualquer modo, procuro evitar uma prova e faço vários trabalhos para que se uma injustiça
houver na avaliação na média dos trabalhos observaremos (a) o progresso do aluno e (b) o seu
conhecimento adquirido.
Nunca vi parte mais desagradável e injusta que julgar o trabalho de alguém ainda mais quando não
há espaço para que julguem nosso trabalho. Um dos meios de amenizar tal injustiça é reduzir ao mínimo
os trabalhos e fazer as provas com perguntas com alternativas.
Uma outra metodologia que pensamos ser a melhor é deixar que os alunos julguem os trabalhos
feitos por eles através da avaliação dos trabalhos de seus colegas; mas há o problema do espírito de
corpo, da amizade acima da verdade... De qualquer modo, vale a pena um teste, não? Podemos expor os
trabalhos no quadro e deixar que eles mesmos julguem: quem merece nota máxima, quem está na média
e quem precisa refazer o trabalho. Será que há pontos negativos, nisso? Pode haver formação de grupos
que apóiem uns aos outros, mas, ainda assim, o professor pode supervisionar para evitar injustiças.
(6) pelo fato dos alunos não anotarem as notas que tiravam nos trabalhos me surgiu a idéia de pôr
na parede da sala a lista de alunos assinalando quais tinham feito o trabalho e quais não para que eles
aprendessem a se organizar e realizassem os trabalhos pendentes sem que o professor precisasse
relembrá-los repetidas vezes.
(7) houve episódios desagradáveis: além de ter que fazer os alunos adquirirem o hábito de parar de
falar quando o professor está falando, certa vez tivemos atritos causados por brincadeiras do professor
mal entendidas pelos alunos: certa vez, porque o colégio proibiu o uso de celular em aula, disse que um
aluno que usava o aparelho só podia ter merda na cabeça, o que provocou um alvoroço em toda a sala,
especialmente em um aluno que resolveu defender a colega, que chorava. Outra vez, pedi (brincando)
que duas alunas parassem de namorar em aula e uma delas não gostou, disse que eu a tinha chamado de
lésbica e eu disse que ela precisava amadurecer, pois não entendeu que era uma brincadeira,
especialmente porque na adolescência é comum brincadeiras relacionadas à sexualidade. Um outro fato
consistiu em eu ter dito que iria atirar milho para algumas alunas que não paravam de conversar e elas
entenderam que eu as estava chamando de promíscuas quando eu queria apenas dizer que elas estavam
muito agitadas [fim].

Filosofia, Sociologia, Religião e História

1a aula introdutória:
Na primeira aula, apresentamo-nos, nosso histórico, faculdade de origem, antes, dissemos que nos
formamos em Administração, depois, arduamente, nos encontramos em Filosofia, depois de ter pensado
em Arquitetura – formas e cores eram, para mim, um atrativo e mais do que isto, uma necessidade
neurológica, porém perder tempo decidindo tipos de tecido ou embelezando a casa de “cabeças vazias”,
nos afastou daquela idéia.
Mostrei-lhes alguns livros que publiquei na internet, apresentei-lhes um livro específico que
escrevi e que dele queria que eles imprimissem um texto que usaremos no segundo trimestre e, para
motivá-los a se mover!, prometi 10 pontos (não queria realmente que fossem 10 pontos, mas saiu da
boca!, oferecei como alternativa: dar 5 pontos para cada disciplina, filosofia, sociologia e religião, mas
prefeririam os 10 pontos!): trata-se do texto, um resumo feito por mim na verdade, da obra “O povo
brasileiro”, de Darcy Ribeiro, que sem igual, mostra a origem da sociedade brasileira, os povos que a
formaram – índios, negros e europeus, a desigualdade presente desde o descobrimento, ou melhor,
invasão! No restante da aula, apresentamos, então, as diferenças entre filosofia, ciências e religião e,
depois, as semelhanças entre elas. Primeiramente, devemos observar que tendemos a ver as três áreas
como separadas, tal como três propriedades, três terrenos que se limitam por cercas, muros,
intransponíveis, mas isto não é verdade.

A melhor imagem seria a seguinte, onde as três áreas têm diferenças, mas, também, semelhanças.
Embora o filósofo seja um solitário, que tenta entender o mundo, a partir de suas experiências e,
também, das experiências que observa nos outros e a religião trás consigo verdades ditadas por líderes
religiosos que dizem tê-las ouvido de um Deus e a Ciência (não esquecer: Sociologia representa aqui as
ciências) parte da observação e testes realizados com uma quantidade de pessoas ou fatos significativos
estatisticamente, isto é, um número que representa uma sociedade inteira, ainda assim, é sobre os
mesmos fatos, é sobre a mesma vida, que filósofo, religioso e cientista se debruçam e sobre os quais
fazem suas investigações, suas reflexões.
Filosofia Ciências Religião
Diferenças: Solitário, faz Pesquisador de Recebedor,
pesquisas sobre suas grupamentos possuidor e
próprias experiências humanos, a partir de divulgador de
e observa as das fatos passados e verdades prontas
pessoas que lhe são presentes.
próximas
Semelhanças: Suas investigações tratam dos mesmos temas, como origem do
universo, existência ou não de Deus e de uma alma imortal, sentido
da vida, felicidade, infelicidade, conflito entre emoções e
racionalidade, origem das sociedades, competição e concorrência,
violência, contratos, estética, morte, condições de verificabilidade
de suas teorias, bem, mal, costumes, leis, etc.

2a aula introdutória:
Fizemos um exercício para observar se eles compreenderam a aula anterior:

(A) Identifique nas sentenças abaixo quais são relacionadas à filosofia, às Ciências e à Religião:

( ) Dr. Zerbini, foi quem primeiro realizou um transplante de coração em humanos, no Brasil, após
uma série de tentativas usando bezerros.
A resposta é “Ciência”, embora apareça um homem solitário, ele na verdade, é um médico (as
pistas são “Dr.” e “transplante”) e médicos trabalham em grupo com enfermeiros, auxiliares de
enfermagem, anestesistas e residentes.
( ) René Descartes defendia que devemos ser céticos em um primeiro momento até que se prove a
verdade de alguma afirmação.
Um homem, solitário e, só por isso, já é “filosofia”. Também, ele expõe sua maneira de pensar
sobre fatos a sua volta, a necessidade de cautela, a partir de experiências que ele viveu ou algumas de
outras pessoas que ele observou (não há um número de observações, por isso, não é “ciência”!), antes de
julgar se algo que ele pensou ou que os outros disseram, é verdadeiro ou falso. Não se duvida, aqui, do
caráter dos outros, apenas se sua percepção e seus sentidos lhe deram toda a informação necessária de
que ele precisa para emitir sua opinião.
( ) Em Israel, encontraram um código secreto na Bíblia, a partir de versículos, onde palavras são
localizadas em linhas verticais, horizontais ou em diagonais, como, por exemplo, “Bin”, “Laden”,
“atacará”, “torres”, “Gêmeas”, “2001”, antes mesmo que os eventos ocorram.

É curioso, porque aqui os alunos disseram se tratar de religião; ocorre que embora se leia a
palavra Bíblia, não se trata da leitura direta do livro, mas através do uso da matemática e embora se
possa duvidar de seu caráter como ciência experimental, ainda assim, quem dela se utiliza, realiza, pelo
menos, experiências mentais tomando, algumas vezes, conteúdos vindos do mundo material. Uma linha
reta, perfeita, é uma idealização mental, mas pode se referir a um projeto de uma nova estrada em
construção, por exemplo. Trata-se, então, de uma ciência.
( ) Os Maias faziam sacrifícios com crianças e escravos que eram oferecidos ao Deus-sol para que
este nunca se apagasse.
Aqui, aparecem as palavras “sacrifício” e “Deus”, por isso, se trata de “religião”. Aproveitamos o
exemplo para perguntar aos alunos se algo assim poderia acontecer hoje: o professor poderia ir ao jardim
de infância da escola e pedir à professor que lhe desse uma criança para oferece-la em sacrifício a um
Deus? Embora a idéia seja grotesca, sua proposição visa a fazer o aluno pensar: o que mudou entre as
maneiras de pensar, dos Maias até nós? Não eram eles também considerados humanos? De que modo
evoluímos, se evoluímos? Houve alguma mudança dentro do cérebro?
( ) Platão acreditava que existiam dois mundos, este, físico, e um outro eterno. De onde mais
tiraríamos a idéia de um círculo perfeito, por exemplo, se nada no mundo material, uma maçã, a lua, é
uma esfera perfeita?
Aqui, se trata de “Filosofia”, pois há um indivíduo, manifestando uma teoria a partir de sua própria
reflexão, ainda que tendo observado o mundo, não testou todos os objetos para saber se são, por
exemplo, esferas perfeitas. Uma vez um aluno, no ano anterior, perguntou se o olho humano não poderia
ser um exemplo de esfera perfeita. Pedi que ele enviasse um e-mail a um oftalmologista, porque era a
pessoa que mais próxima estava de olhos, mas o aluno nunca me respondeu esta questão. Em geral, no
tempo de escola não nos sobra tempo, tal é a quantidade de aulas e informações recebidas, bem como, a
importância exagerada a provas escritas.

Sociologia
Primeira aula:
Apresentei-lhes o pai da sociologia (ou um dos): Augusto Comte. Nascido 16 anos após a tomada
da Bastilha, símbolo da revolução francesa, quando o povo liderado por intelectuais tira o rei do poder e
o decapita. Os ideais deste movimento eram a “liberdade, a igualdade e a fraternidade” pensados pelos
intelectuais um século antes, conhecidos por iluministas, em um período que antecederia a uma nova
época, a das luzes, ou seja, do predomínio da racionalidade e de tudo o que de positivo fosse produzido a
partir dela; somos todos iguais, irmãos e livres! Mas, então o que aconteceu? No mesmo século dezoito,
um outro movimento atingiria seu máximo grau: a revolução industrial: os burgueses, que na Idade
Média eram pequenos comerciantes que surgiram nas proximidades dos castelos feudais (suas
comunidades se chamavam “burgos”), antigos vassalos que realizavam o trabalho pesado para a
aristocracia dos senhores feudais, agora, tinham se transformado em homens ricos e donos de grandes
indústrias cuja produção em série esmagava os artesãos independentes na produção de artigos como
sapatos, roupas, etc, a menos que eles fossem incorporados à mão-de-obra das fábricas, gente que
trabalhava de 12 a 18 horas por dia, incluindo crianças e mulheres, muitas delas em minas de carvão,
minério indispensável para pôr máquinas a vapor em movimento. Os irmãos da revolução que derrubara
a monarquia, agora, não passavam de parafusos, homens, mulheres e crianças-máquinas. Aqueles que
não se adaptavam a esta realidade, vindos das áreas rurais, esperançosos por uma vida digna, acabavam
na sarjeta, na prostituição, no alcoolismo ou na prática de violência para sobreviverem.
Diante deste caos social, Augusto Comte propõe a Física social, ciência que semelhante à física
que estuda movimentos de objetos inanimados, procuraria meios de entender por que a sociedade tinha
chegado a situação atual e, então, propor soluções a estes problemas. À razão humana, especialmente
dos iluministas, interessava oferecer à toda a humanidade condições mínimas de uma vida digna e isto
inclui justa recompensa pelo trabalho dos operários. Embora Augusto Comte não tenha oferecido
respostas ou um plano, sua contribuição consistiu em mostrar que a sociedade humana passa por
estágios, desde as sociedades religiosas, passando pelas filosóficas atingindo o máximo
desenvolvimento em sociedades onde a ciência está presente em cada ato humano. O caos social era
indício de que o último estágio não tinha sido alcançado; resta, então, que se construísse uma ciência
específica para a sociedade.
Uma das mudanças necessárias para alcançar este novo estágio pode ser vista na mudança do
calendário: agora, o ano 1 era o ano da revolução francesa, 1789, e o ano em que escrevemos este livro,
2009, corresponderia a o ano 220 depois da revolução, os meses seriam de número 13 com 28 dias; hoje,
seria 18 de Aristóteles de 220 (ou pelo calendário social em que vivemos, isto é, no estágio teológico, 15
de março, de Martes, deus da guerra, do ano de 2009 depois de Cristo).
Mais tarde, Augusto Comte mudará a denominação “Física social” para “Sociologia”, pois não
queria a matemática como instrumento desta ciência, porque sendo iluminista, acreditava na liberdade e
em um espaço não previsível das ações humanas.

Segunda aula:
Queremos propor que, individualmente, os alunos construam seus próprios calendários, a
semelhança daquele proposto por Augusto Comte. É preciso que se diga que este exercício tem um
objetivo oculto: faze-los pensar na possibilidade de um outro calendário diferente daquele cristão.
Pessoalmente (nunca disse isso aos alunos) a Igreja de Roma fez mais mal à humanidade que bem e seus
ritos e símbolos deveriam ser proibidos como são os símbolos nazistas; ocorre que os vitoriosos não são
punidos! Reconheço que os pedagogos-sociólogos como Henry Giroux estão certos quando dizem o
educador trás consigo valores prévios. Estou, tal como Sócrates, corrompendo a juventude? Ou, talvez,
não estaria eu reorganizando os pratos da balança de um modo que fiquem equilibrados?
Em geral, eles tomam como ano 1 suas datas de nascimento. E, depois, quando lhes pedi que
dissesse em que ano estaríamos se o seu calendário vigesse, houve uma dificuldade no cálculo
matemático. Se eu nasci em 1973 e tomo ele como ano 1 de um novo calendário, então pelo calendário
antigo de hoje, 2009, o novo ano em que estamos será 2009 menos 1973, mas por este cálculo eu tiro
fora o próprio ano de 1973 e não queremos isto, queremos inclui-lo e, assim, ao invés de dizer que
estamos no ano 36, na verdade estamos no ano 37.

Terceira aula:
Na aula seguinte, pedi que diante de todos, alguns voluntários apresentassem seus calendários.
Aquela dificuldade no cálculo matemático apareceu e não sei se todos entenderam as razões e a técnica
de solução do problema!

Quarta aula:
Nesta aula, a título de curiosidade, apresentei-lhes o significado dos nomes dos meses do
calendário cristão que toma como ano 1, o nascimento de Cristo, mas em relação aos meses, estes se
referem à mitologia romana, influenciada pela mitologia grega antiga. Informações que encontramos
facilmente na internet. Perguntei a eles por que de janeiro a junho mantemos os nomes de meses que se
referem a deuses, isto é, a uma crença politeísta? Poderíamos usar nomes de santos? Estava procurando
semear a curiosidade e extinguir o medo da mudança!
Eis a lista completa dos meses que utilizamos e seus significados originais e esquecidos: Janeiro
(do Deus Jano, deus romano das passagens, tem duas cabeças, uma contempla o passado e a outra, o
futuro), Fevereiro (de Februus, Deus da morte), Março (Deus Marte, da guerra, o planeta vermelho),
Abril (de apruus, o “outro” mês que não março), Maio (Deus romana Maya), Junho (Juno (Deusa
romana, esposa do deus Júpiter) , Julho (Júlio César, que exigiu, em sua homenagem, que o mês tivesse
31 dias), Agosto (do imperador Augusto, que exigiu, também, que o mês tivesse 31 dias), Setembro
(sétimo mês depois de março, primeiro mês do calendário romano), Outubro (oitavo mês depois de
março), Novembro (nono mês depois de março) e Dezembro (décimo mês depois de março).

Quinta aula:
Continuei a falar sobre o pai da sociologia, Augusto comte. Agora, sobre a sua influência no
Brasil, especialmente em duas ocasiões:
(a) proclamação da república, em 1889, com a derrubada da monarquia e a substituição de líderes
civis (na verdade, militares), mas civis no sentido de não dizerem ser possuidores de um sangue azul ou
representarem Deus na Terra..., motivados por, em grande parte, se afastar da dependência portuguesa
e , de outro, porque, assim, realizariam os sonhos de liberdade, igualdade e fraternidade da revolução
francesa e do Iluminismo, perído em que a razão governaria e não o misticismo.
Citei para eles como exemplo daquela influência o lema positivista que consta na bandeira
brasileira: “ordem e progresso” e lhes disse que o lema estava imcompleto, pois a íntegra é: “o amor por
princípio, a ordem por base e o progresso por fim”. Comparei o lema à sala de aula, em que querem
ordem dos alunos para atingir um fim, mas onde fica o amor? É possível viver sem ele? Lembrei,
também, um senador, Eduardo Suplicy, que tinha a proposta de incluir “amor” no lema da bandeira,
mas, muitos perguntaram, apenas as palavras mudariam um país? Respondi que a Bíblia era uma palavra
que mudava a vida de muita gente, por exemplo, presos em cadeias se convertiam à religião e mudavam
suas vidas!

(b) o outro exemplo: em 1892 houve no Rio Grande do Sul uma guerra civil, irmãos brigando com
irmãos: de um lado, os seguidores de Júlio de Castilhos, que se mantinha no cargo a muitos mandatos, e
não raro com fraudes eleitorais, e, de outro, Gaspar Martins. Castilhos defendia uma autonomia maior ao
estado e Martins, defendia o centralismo federal. O primeiro grupo era chamado de Chimangos ou Pica-
paus e o segundo grupo, Federalistas ou Maragatos. A guerra durou até 1895 e no decorrer dela
morreram 10 mil pessoas, muitas degoladas, prática que remonta a atividade da área rural usada no abate
de ovelhas, mas, na guerra civil, no abate de humanos! Eram amarrados, pés e braços, muitas vezes
castrados e então se passava a faca de orelha a orelha, cortando a garganta. Quanto ódio ressentido de
lado a lado! As explicações são várias: falta de recursos para manter prisioneiros, presos e alimentados,
mas, principalmente, a vida grosseira dos peões de fazendas acostumados a matar ovelhas.
Em uma das cinco turmas para as quais eu ministrava aulas de filosofia, sociologia e religião, eles
comentaram a minha péssima grafia, especialmente uma palavra que eles não entendiam. Então,
lembrei-me de ter visto no canal da National Geographic uma propaganda que explicava que o cérebro
consegue entender mesmo palavras difíceis como cortadas pela metade (AUTOMÓVEL foi o exemplo
que usei) ou, então, quando em uma frase as letras das palavras estão misturadas, como, por exemplo,
EU UOV IRSA À TENOI. É curioso como eles sabiam dizer a frase, no seu sentido correto: EU VOU
SAIR À NOITE!! Ora, acrescentei, se uma palavra minha estava confusa basta perguntar: QUE
PALAVRA PODE SER? Se um “isso” está escrito de um modo esquisito, devemos perguntar que
palavra pode ser esta: pode ser “içço” ou “ijjo”? Evidente que não. É um bom exercício mental.

Sexta aula:
Aula na sala de informática: pedi que procurassem “sites” sobre Emile Durkheim. Não sei se foi
uma boa proposta, porque há poucos sites voltados para o ensino médio e muitos “sites” universitários
com um linguajar difícil. Mas, pelo menos, foi bom para sair da caixa de concreto que é a sala de aula.
Eu poderia ter sugerido um “site” que eles gostam muito: o “Youtube”, com vídeos sobre todos os
assuntos, incluindo Sociologia e Durkheim. Mas, alguns computadores acessavam o “Youtube” e outros
não. Semanas depois, cheguei à conclusão que o melhor seria eu ter selecionado antes alguns sites e
dado a eles o endereço na internet para que, então, eles pesquisassem!
Vou ver se um assunto polêmico – suicídio, um dos temas dos estudos de Durkheim – produz uma
aula mais próxima, emocionalmente, dos interesses e das angústias dos adolescentes – quem de nós já
não pensou que abreviar a vida, abrevia suas dores? Há muitos professores que não querem falar sobre
isto, mas, por experiência própria, falar sobre algo que nos entristece, faz com que nos sintamos muitos
melhores, aliviando aquelas nossas lembranças latentes – este é o método freudiano, que a sua paciente
comparou à limpeza de uma chaminé.
Contudo, a pesquisa se mostrou estéril, porque os alunos apenas copiaram as frases e os termos
durkheimianos que encontraram no primeiro site que viram. Então, em vez de propor, na aula seguinte,
um trabalho em grupo, eu preferi debater com eles sobre o que tinham descoberto sobre Durkheim.

Sétima aula:
Mas, o debate sobre Durkheim encontrou dificuldades em duas das cinco turmas de primeiros
anos: eles não paravam um minuto de conversar e um deles perguntou se eu não fazia a chamada, para
que ele pudesse ir embora da aula! Eu lhe disse que eu era quem decidia quando fazer a chamada e não
ele, que ele por ser repetente deveria estar sentado na primeira fila. Eles fazem parte de uma geração que
foi condicionada a copiar um texto do quadro, responder a perguntas sozinhos ou em grupos, ficando o
professor à distância.

Oitava aula:
Há um ditado – água mole em pedra dura: insisti com o estudo em Durkheim. Levei-os à sala de
informática e pedi que procurassem nos computadores sobre casos de suicídio, em especial aos dois
principais tipos , segundo aquele sociólogo: egoísta, quando uma pessoa se mata porque só vê diante de
si um problema aparentemente insuperável e essa pessoa já não dá atenção às normas ou laços sociais
(muito comum entre solteiros e divorciados) e o altruísta, oposto ao egoísta, quando a pessoa está muito
ligada ao seu grupo social (casos mais comuns: pilotos japoneses kamikases na segunda guerra mundial
e os homens-bomba, no oriente-médio). Esqueci de mencionar os estudantes japoneses, sobrecarregados
com sua formação escolar, pressionados para terem as melhores notas e, assim, serem os primeiros, para
ao decepcionarem seus familiares!

Nona aula:
Fiz o seguinte trabalho final do trimestre: são questões que revisavam a matéria e eu fornecia a
quantidade de letras que a palavra tinha, incluindo uma letra, o que lembra um jogo que, no Brasil, se
chama de “jogo da forca”, pois se a pessoa errar, a cada erro, vai se desenhando uma pessoa em uma
forca, parte por parte do corpo. É, em resumo, um jogo e como um jogo ele ajuda a terminar com toda a
aura de seriedade ou excessiva formalidade de uma prova. Aliás, pedi que fizessem em grupo e não
individual.
Ficou assim:
(1) 1o nome do pai da sociologia, foi influenciado pela revolução francesa: A U G U S T O (7 letras)
(2) Ideais da revolução francesa: L I B E R D A D E (9 letras), F R A T E R N I D A D E (12 letras) e I
G U A L D A D E (9 letras).
(3) Trabalhavam de 12 a 18 horas por dia nas fábricas e nas minas de carvão: C R I A N Ç A S (8
letras).
(4) Graves problemas que a Sociologia procura resolver: A L C O O L I S M O (10 letras), D E S E M
P R E G O (10 letras) e V I O LÊ N C I A (9 letras).
(5) Ano 1 do calendário de Augusto Comte: 1 7 8 9.
(6) Classe social que liderou a revolução francesa e que enriqueceu explorando o trabalho dos operários
em suas indústrias: B U R G U E S I A.
(7) Estudou os suicídios e concluiu que eles são causados pela vida e regras estabelecidas em
sociedade: D U R K H E I M.

Procurei fazer questões diferentes em algumas turmas para evitar que eles de posse dos trabalhos
realizados com outros alunos apenas copiassem as respostas: em uma turma eu perguntei qual era o tipo
de suicídio no qual a pessoa só pensava sobre seu problema: E G O Í S T A. O que é curioso é que
muitos alunos quando perguntei se Comte tinha sido um dos revolucionários franceses, responderam
que sim, mesmo tendo sido repetitivo e falado muitas vezes sobre ele!

Décima, décima segunda e décima terceiras aulas:


Apresentei-lhes um DVD sobre a revolução francesa que encontrei em uma loja. Acho que eles
gostam de sair da sala de aula, ainda que seja para ver um documentário, embora, sei, que eles preferem
aqueles filmes comerciais, com muito barulho e pouco conhecimento. A conexão do aparelho de DVD
com a tv não estava fixa e o som alto interferia no sinal e muitas vezes o filme parava. Mas, entendi que
fazia sentido um DVD sobre a revolução francês, pois esse evento gigantesco tinha influenciado o
nascimento da sociologia.
Na terceira aula, procurei perguntar-lhes de que cenas tinham se lembrado:
- que o rei não queria ter filhos, informação corrigida, depois, o rei não podia, pois tinha fimose;
- que a rainha tinha vindo da Áustria, com 14 anos;
- que o preço de uma unidade de pão, que eles comiam 1kg por pessoa por dia, tinha subido para
o valor de um salário mensal;
- a revolta estourou, o povo queria que o rei os ajudasse, esse nomeou um ministro das finanças
que sugeriu, inspirado pelo iluminismo, a cobrar impostos dos nobres aristocratas e do clero,
padres, mas como representavam 2/3 da Assembléia, rejeitaram a proposta. Então, diante do
impasse, o rei dissolveu o parlamento, mas o terceiro estado (os comerciantes, artistas,
intelectuais e o povo (98% da França)) não aceitou e redigiu a Carta dos direitos do Homem,
que definia todos como iguais e com os mesmos direitos. Cercada Paris pelas tropas do rei,
ainda assim o povo liderado por Robespierre, Danton e Marat (cujo jornal, O amigo do povo,
incitava a revolta e a levar os traidores à guilhotina), tomam a bastilha, símbolo da opressão
medieval e monárquica.
- O rei tenta fugir para a Áustria, mas é preso e condenado à guilhotina por traição.
- Inicia-se o período do terror onde cada pessoa teme ser acusada de trair pátria. O líder da
revolução Roberspierre, também, é condenado e guilhotinado.

Décima quarta aula:


Nesta aula, a contragosto dos alunos, exporemos as teses de Rousseau, um dos grandes pensadores
iluministas:

Ideias de Jean Jacques Rousseau: 28 de Junho de 1712 — 2 de Julho de 1778


• "O homem nasce livre (“todos nus e pobres... condenados à morte”, Emílio:
livro IV), e em toda parte é posto a ferros. Quem se julga o senhor dos outros não
deixa de ser tão escravo quanto eles."
"O escravo não é propriedade do outro, mas não deixa de ser homem "... "O
homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe." Se há um direito da
força, também há o direito de resistir a ela - pois o mais forte nunca é sempre
forte.
• "O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado
um terreno, lembrou-se de dizer 'isto é meu' e encontrou pessoas suficientemente
simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores
não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo
o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: 'Defendei-vos de ouvir esse impostor;
estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não
pertence a ninguém'"
• Defende uma vida próxima à do selvagem: não há tarefa prescrita, suas
forças e razão “crescem juntas”. Nossos alunos se assemelham ao camponês, que
executa tarefas repetidas, não passa de um autômato. Aprendemos “cem vezes
mais” no pátio com as outras crianças do que na sala de aula.
• Não oferecer à criança resposta fundada na autoridade de alguém, mas na
razão humana, pois há muitos cujo desejo se limita a ser considerado pelos outros
sábio sem sê-lo. Nem lhes dê uma resposta, estimule que aprenda sozinha, que
“leia o livro da vida”. Enquanto as outras crianças estudam mapas, faça-a fazer
seus próprios. Sugere um único livro: Robinson Crusoé.
• Foram os ricos que “propuseram” os governos. São os pobres que permitem
a existência dos ricos, desde que os últimos não deixem de sustentar aqueles que
não têm trabalho ou não ganham o suficiente.
• Não alimentem as crianças com carne, os carnívoros parecem
“esquartejadores de cadáveres”. O formato de nossos dentes, intestinos e
estômago, indicam que somos propensos à alimentação vegetariana. E, também,
pelo fato de que os herbívoros têm filhos com menos freqüência, como os
humanos.
• O propósito da educação não o é destinar homens para “espada, igreja ou
barra”, mas para a vida – “viver é o ofício que quero ensinar”, que não se limita à
sobrevivência (respirar), mas a sentir a vida e agir. A educação natural deve tornar
cada pessoa capaz de realizar todas as realizações humanas Quando nos
especializamos em uma arte, nos “escravizamos em outra mil”!
• Há dois tipos de pessoas - as que pensam e as que não pensam, que passam
a vida trabalhando e não têm outra idéia, exceto seu trabalho. Que se escolha
entre os seus iguais ou passará a vida “pensando sozinha”.
• “Tudo degenera nas mãos do homem”), desde quando planta espécies em
terras que não lhe são originais, funde a uma árvore os galhos e frutos de outras,
“mistura climas”, mutila cães, cavalos e escravos. O homem rejeita o que a
natureza lhe deu.
• Apenas o que é novo desperta a nossa imaginação; um pedreiro por hábito
não tem vertigem quando sobe o telhado.
• o rigor e as variações do clima, os “imperativos” geológicos e geográficos
incitaram os homens às invenções. Os que viviam perto de rios, criaram os anzóis
e a pesca, tornando-se donos dos riachos e pescadores. Nas florestas, fabricavam
arcos e flechas e tornam-se guerreiros. O trovão ou um vulcão lhe sugeriu o
conhecimento do fogo, cozinhando as carnes que, antes, comiam crus
• Podem acreditar que são as necessidades - como a fome ou a sede - são as
causas dos primeiros gestos e palavras, mas foram as paixões - como o amor, o
ódio, a piedade, a cólera - que “arrancaram nossas primeiras vozes”. Não
começamos a usar as palavras, para raciocinar, mas para expressar nossos
sentimentos.
• As cidades não passam de formigueiros, onde os homens vivem amontoados
e para as quais eles não foram feitos, mas, sim, para se espalharem sobre toda a
terra. É no campo que se originam homens que “renovam as raças”.
• A maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos,
conservando uma forma de viver simples, uniforme e solitária que nos era
prescrita pela natureza"
• Se neste mundo onde os maus “triunfam” e os justos são oprimidos, resta
que exista uma vida posterior a esta onde a harmonia seja reestabelecida Os
homens reclamam que a vida é curta, mas não raro ouve-se deles que gostariam
que o tempo passasse para que o dia ou a semana seguinte chegasse logo.
• Primeira fase: infância 0-2 anos
• Rousseau critica a proteção dada às crianças, presas às fraldas e bandagens,
nem sequer são alimentadas pelas próprias mães... que a criança aprenda com a
natureza da qual é discípula. A natureza as exercita, ela as torna fortes, enrijece
seu temperamento, um corpo fortalecido obedece mais à alma, já um corpo fraco,
incapaz de satisfazer suas paixões sensuais, estará preso a elas.
• O choro da criança produz-lhe a idéia de domínio ou de servidão, quando ela
“faz o que lhe agrada ou o que nos agrada”. Os choros mais longos, por sua vez,
são produto do hábito e teimosia e a ele aconselha não dar atenção. Quanto aos
objetos a serem dados à criança, nada de guizos ou chocalhos de prata, mas
ramos de árvores com frutos e folhas. Na obra “Emílio” (Livro I) diz que certa vez
presenciou uma criança que ao chorar, apanhou e, em seguida, voltou a chorar
mais forte; viu ele nisso “exemplo suficiente para provar que o sentimento do
justo e do injusto é inato”!
• Segunda fase: infância 2- 12 anos:
• Fazendo-a plantar sementes, cultivar uma terra e colher o que ela produzir.
Aí, por experiência, poderemos mostra-lhe: eis o fruto do seu tempo e do seu
sofrimento – “naquela terra há algo que é dela”, um direito natural daquele que
“primeiro ocupou a terra”!
• A criança não conhece o bem e o mal (“não há um mal natural no coração
humano”) e, por isso, não lhes impor um dever que não sentem! Nem ensinar
virtude e verdade, apenas protegê-las do vício e do erro.
• Se ela quebrar um enfeite, não castigá-la, nem se aborreça. Nem a moral
que as fábulas pensam ensinar elas compreendem, antes da idade certa, os 12
anos.
• De nada adianta perguntar-lhe: “foste tu?”, pois isto só a levará a negar o
que ela mesma fez. Nem devemos fazê-las dar uma esmola, pois elas não
entendem o valor daquele dinheiro - “é o mestre quem deve dar”. Nem é pela
imitação que aprende a fazer caridade, pois além da imitação degenerar em vício,
quem imita quer aparecer para os outros, ser aplaudido.
• Terceira fase: puberdade 12, 13 anos:
• Na puberdade criança se torna surda à voz dos adultos. Torna-se impaciente,
agitada e irritadiça de uma hora para outra. Estas paixões são naturais - “um
grande rio que engrossa sem parar”. Nossa tarefa é a de ordenar estas paixões.
• Nesta idade mal sabemos que os outros também sofrem, mas aos poucos
nos aproximamos dos outros por eles serem semelhantes na capacidade de sofrer
– “é a fraqueza que torna-nos sociáveis, nossas misérias comuns que nos incitam à
humanidade”... “Aristóteles disse que a homem mau vive sozinho, pois é o homem
bom que está só, pois se o mau estivesse só, que mal ele faria?”.
• Quem quer uma criança dócil, estará contribuindo para formar um adulto
“fácil de ser enganado”. Rejeita a crença de que a educação prepara para a vida
em sociedade, onde as crianças viverão não entre sábios, mas entre loucos.
• Ele (Rousseau) prepara para que dê “mais valor ao ferro que ao ouro, mais
valor ao vidro que ao diamante”. E o que “pensará do luxo, quando ver que 20
milhões de mãos trabalharam para apresentar-lhe ao meio-dia o que à noite vai
depositar na privada?”.
• Aos mestres que se queixam da indisciplina dos jovens, procure adverti-los
de erros futuros, fazê-lo depois, só os revoltará. Se notar que estão humilhados,
ofereça palavras consoladoras. Quando for censurá-los, usa de fábulas e, assim, o
fará por trás de máscaras ou personagens fictícios.
Sobre a beleza da parceira: deve ser evitada, pois além dela “logo se desgastar
pela posse”, representa risco de infidelidade, que “não encante à primeira vista,
mas agrade mais a cada dia”, E se na primeira vez (relação sexual) o ”libertino”
não perder o desejo de repetir a experiência, se não se arrepender, se
envergonhar e chorar, então ele não passa de “monstro” (Emílio: livro IV).
• Rousseau teve 5 filhos e os deixou aos cuidados de um Orfanato.

Além daquelas ideias mais conhecidas (todo homem nasce nu, pobre e condenado à morte e logo é
posto a ferros, nascemos bons e a sociedade nos corrompe, uma delas chamou minha atenção: “as
cidades são formigueiros” e o ideal seria voltar à vida natural ou, pelo menos, que os homens se
espalhassem pela terra. Lembrei meus alunos que tinha visto e lido uma teoria de que quando entre
animais (como ratos) há superpopulação, isto produz violência, abortos, canibalismo e, não sei se isto é
verdade, um aumento de casos de homossexualidade. Tirando esta última tese (acho que é preconceito) ,
as demais parecem provar que a humanidade não abandonou seu lado animal e o caos social é a tentativa
de cada um por si resolver seus problemas! Sei que eu poderia trabalhar melhor esta questão,
estimulando os alunos a observarem seres vivos vivendo em superpopulações.

E, para não ficarmos muito distantes da realidade brasileira, lhes perguntarei se um movimento
como a revolução francesa não poderia acontecer no Brasil? E, se sim, qual seria a nossa Bastilha,
símbolo da opressão a ser derrubado?
Os alunos participaram mais do que eu esperava. Desta vez, nos reunimos em círculo, mas não um
perfeito, até porque há alunos tímidos e não dá para forçá-los, pois podem se sentir maltratados, embora,
falando em público, ainda que umas poucas frases, isso os ajude a serem menos tímidos!
Bem, mas o que disseram os alunos?
- que o povo brasileiro é preguiçoso para fazer revolução;
- que há pequenas revoluções acontecendo, revoltas, o que inclui violência urbana e luta por
território para venda de drogas
- que não há um problema generalizado de fome, que pudesse causar uma revolução;
Embora tivessem participado mais do que o normal, não conseguiram relacionar, por exemplo, o
palácio de Versalhes que ficava distante do centro cultural, econômico, político de Paris a nossa
Brasília, distante das grandes capitais, que ficam costa litorânea ou, ainda, relacionar a Bastilha a
algum prédio público ou a um presídio.

Também, nesta aula, expusemos as principais teses de Rousseau, um dos grandes pensadores
iluministas, que influenciaram a revolução francesa: “os homens nascem nus e pobres” e tão logo são
“postos a ferros”, escravizados, que “são os pobres que permitem que os ricos sejam ricos”, desde que
eles (pobres) recebam o mínimo para sua subsistência.

Décima quinta aula:


Iremos todos à sala de informática. Lá, pesquisaremos sobre os direitos humanos e a sua origem. É
preciso mostrar aos alunos que há duas declarações:
(1) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
(2) Declaração Universal dos Direitos Humanos
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão outros motivos nas suas eleições a não ser as virtudes e os
admitidos pela Convenção Nacional em 1793 e afixada no talentos.
lugar das suas reuniões. VI
PREÂMBULO A liberdade é o poder que pertence ao Homem
O Povo Francês, convencido de que o esquecimento e o de fazer tudo quanto não prejudica os direitos do próximo:
desprezo dos direitos naturais do Homem são as únicas ela tem por princípio a natureza; por regra a justiça; por
causas das infelicidades do mundo, resolveu expor numa salvaguarda a lei; seu limite moral está nesta máxima: - "
declaração solene estes direitos sagrados e inalienáveis, a Não faça aos outros o que não quiseras que te fizessem".
fim de que todos os cidadãos, podendo comparar sem VII
cessar os atos do Governo com o fim de toda instituição O direito de manifestar seu pensamento e suas
social, não se deixem jamais oprimir e aviltar pela tirania; opiniões, quer seja pela voz da imprensa, quer de qualquer
para que o Povo tenha sempre distante dos olhos as bases da outro modo, o direito de se reunir tranqüilamente, o livre
sua liberdade e de sua felicidade, o Magistrado, a regra dos exercício dos cultos, não podem ser interditos. A
seus deveres, o Legislador, o objeto da sua missão. necessidade de enunciar estes direitos supõe ou a presença
Em consequência, proclama, na presença do Ser ou a lembrança recente do despotismo.
Supremo, a Declaração seguinte dos Direitos do Homem e VIII
do Cidadão. A segurança consiste na proteção concedida
I pela sociedade a cada um dos seus membros para a
O fim da sociedade é a felicidade comum. O governo é conservação da sua pessoa, de seus direitos e de suas
instituído para garantir ao homem o gozo destes direitos propriedades.
naturais e imprescritíveis. IX
Ninguém deve ser acusado, preso nem detido
II Estes direitos são a igualdade, a liberdade, a senão em casos determinados pela lei segundo as formas
segurança e a propriedade. que ela prescreveu. Qualquer cidadão chamado ou preso
III pela autoridade da lei deve obedecer ao instante.
Todos os homens são iguais por natureza e XI
diante da lei. Todo ato exercido contra um homem fora dos
IV casos e sem as formas que a lei determina é arbitrário e
A lei é a expressão livre e solene da vontade tirânico; aquele contra o qual quiserem executá-lo pela
geral; ela é a mesma para todos, quer proteja, quer castigue; violência tem o direito de repelir pela força.
ela só pode ordenar o que é justo e útil à sociedade; ela só XII
pode proibir o que lhe é prejudicial. Aqueles que o solicitarem, expedirem,
V assinarem, executarem ou fizerem executar atos arbitrários
Todos os cidadãos são igualmente admissíveis são culpados e devem ser castigados.
aos empregos públicos. Os povos livres não conhecem XIII
Sendo todo Homem presumidamente inocente A garantia social consiste na ação de todos, para
até que tenha sido declarado culpado, se se julgar garantir a cada um o gozo e a conservação dos seus direitos;
indispensável detê-lo, qualquer rigor que não for necessário esta garantia se baseia sobre a soberania nacional.
para assegurar-se da sua pessoa deve ser severamente XXIV
reprimido pela lei. Ela não pode existir, se os limites das funções
XIV públicas não são claramente determinados pela lei e se a
Ninguém deve ser julgado e castigado senão responsabilidade de todos os funcionários não está
quando ouvido ou legalmente chamado e em virtude de uma garantida.
lei promulgada anteriormente ao delito. A lei que castigasse XXV
os delitos cometidos antes que ela existisse seria uma A Soberania reside no Povo. Ela é una e
tirania: - O efeito retroativo dado à lei seria um crime. indivisível, imprescritível e indissociável.
XV XXVI
A lei não deve discernir senão penas Nenhuma parte do povo pode exercer o poder do Povo
estritamente e evidentemente necessárias: - As penas devem inteiro, mas cada seção do Soberano deve gozar do direito
ser proporcionais ao delito e úteis à sociedade. de exprimir sua vontade com inteira liberdade.
XVI XXVII
O direito de propriedade é aquele que pertence a Que todo indivíduo que usurpe a Soberania, seja
todo cidadão de gozar e dispor à vontade de seus bens, imediatamente condenado à morte pelos homens livres.
rendas, fruto de seu trabalho e de sua indústria. XXVIII
XVII Um povo tem sempre o direito de rever, de reformar e
Nenhum gênero de trabalho, de cultura, de de mudar a sua constituição: - Uma geração não pode
comércio pode ser proibido à indústria dos cidadãos. sujeitar às suas leis as gerações futuras.
XVIII XXIX
Todo homem pode empenhar seus serviços, seu Cada cidadão tem o direito igual de concorrer à
tempo; mas não pode vender-se nem ser vendido. Sua formação da lei e à nomeação de seus mandatários e de seus
pessoa não é propriedade alheia. A lei não reconhece agentes.
domesticidade; só pode existir um penhor de cuidados e de XXX
reconhecimento entre o homem que trabalha e aquele que As funções públicas são essencialmente temporárias;
o emprega. elas não podem ser consideradas como recompensas, mas
XIX como deveres.
Ninguém pode ser privado de uma parte de sua XXXI
propriedade sem sua licença, a não ser quando a necessidade Os crimes dos mandatários do Povo e de seus agentes
pública legalmente constatada o exige e com a condição de não podem nunca deixar de ser castigados; ninguém tem o
uma justa e anterior indenização. direito de pretender ser mais inviolável que os outros
XX cidadãos.
Nenhuma contribuição pode ser estabelecida a XXXII
não ser para a utilidade geral. Todos os cidadãos têm o O direito de apresentar petições aos depositários da
direito de concorrer ao estabelecimento de contribuições, de autoridade pública não pode, em caso algum, ser proibido,
vigiar seu emprego e de fazer prestar contas. suspenso, nem limitado.
XXI XXXIII
Os auxílios públicos são uma dívida sagrada. A A resistência à opressão é a consequência dos outros
sociedade deve a subsistência aos cidadãos infelizes, quer direitos do homem.
seja procurando-lhes trabalho, quer seja assegurando os XXXIV
meios de existência àqueles que são impossibilitados de Há opressão contra o corpo social, mesmo quando um
trabalhar. só dos seus membros é oprimido. Há opressão contra cada
XXII membro, quando o corpo social é oprimido.
A instrução é a necessidade de todos. A XXXV
sociedade deve favorecer tom todo o seu poder o progresso Quando o governo viola os direitos do Povo, a revolta é
da inteligência pública e colocar a instrução ao alcance de para o Povo e para cada agrupamento do Povo o mais
todos os cidadãos. sagrado dos direitos e o mais indispensáveis dos deveres.
XXIII

Qual foi a tarefa que pedimos aos alunos? De acordo com o seu número na chamada encontrem o
número de um artigo da declaração dos direitos do homem e do cidadão, anotem-no e procurem uma
pesquisa que se relacione àquele artigo. Houve um problema: os artigos são de difícil compreensão para
um adolescente, mas o problema não é tão grande, pois o professor pode ajuda-los e, então, eles
iniciarão a busca pela notícia. Este exercício tem dois propósitos:
(1o) informar os estudantes de que todos os seres humanos têm direitos reconhecidos
internacionalmente, que tiveram origem na revolução francesa;
(2o) faze-los conhecer o que se passa no mundo, relacionando a valores muito importantes a todos
nós: igualdade perante a lei, liberdade de agir desde que respeite os direitos dos outros, justiça,
transparência dos atos governamentais, presunção de inocência até que se prove a culpa de alguém, etc.
Poderíamos ter feito a pesquisa nos utilizando a declaração de 1948, da Organização das Nações
Unidas ou, melhor ainda, a Constituição brasileira, mas resolvemos dar continuidade e concluir as
exposições sobre a origem da sociologia a partir da forte influência advinda da revolução francesa.

Décima sexta aula:


Propusemos um debate: a partir dos artigos que cada um estudou e relacionou a uma notícia,
queremos ampliar para todo o grupo para que os colegas soubessem o que cada um deles estudou,
oferecendo uma visão mais ampla, do código como um todo e, mais, que refletissem sobre o quanto
ainda falta conquistar!

Décima sétima aula:


Para terminar o estudo dos fatos históricos que desencadearam o surgimento as Sociologia, após
estudar a revolução francesa, concluiremos com a revolução industrial, como o filme “tempos
modernos” de Chaplin. Embora não trate da mesma época que a queda do rei Luís XVI (o cenário do
filme é o século XX), ainda assim, desde que lembremos os alunos do lapso temporal que os separa, vale
a pena

Há um problema: é que o filme dura 83 minutos, excessivo para manter os adolescentes


concentrados nele (que pena que não existam versões para colégio, de 40 minutos!). Mas, se
conseguirem ver a parte da indústria, do processo de produção em série, já lhes dará alguma informação
do que consistiu a revolução industrial, que a burguesia, que foi acumulando riquezas em pequeno
comércio e, também, com a extração de minerais das colônias nas Américas e na África levados para a
Europa passa a ser a classe mais influente no século XVIII aos nossos dias, embora, hoje, se observe
uma forte classe média e não mais de um lado os industriais e de outro milhões de operários ou
camponeses.
Sobre a reação dos alunos: muitos riem da comédia pastelão, onde Chaplin satiriza a condição de
operário e de industrial, o excesso de trabalho que nos leva à loucura pela desumana repetição, a vida
dos sem-teto (filme foi produzido em 1936, época recente à quebra da bolsa de valores de 1929!).
Outros alunos, não gostam e, por isso, não sugiro que se tome dois períodos de aula e, em vez da1h30 de
filme, bastam 30 minutos iniciais para que os alunos tenham uma ideia superficial da revolução
industrial.

Outro ponto positivo é estimular o senso estético, apreciando uma imagem em preto e branco (ou
seria melhor dizer em tons de cinza), uma arte da primeira metade do século XX, apreciar, também, o
cinema não falado, embora nesse mesmo filme já se esboce algumas falas – Chaplin parece criticar a
fala no cinema quando diz no trecho em que estão apresentando uma máquina que alimentaria o operário
sem que ele perdesse tempo fazendo isso ele mesmo, que “o ato fala mais do que as palavras!”.

Décima oitava aula:


Na aula seguinte voltaremos ao laboratório de informática para que pesquisem “produção em
série” e relacionem este conceito a diferentes áreas de trabalho que o professor escolherá dentre
instituições tais como hospital, time de futebol, escola, supermercado, igreja, agricultura, etc.

instituição Exemplo ou exemplos que a identifiquem com uma linha de


produção em série:
Hospital
Time de futebol
Escola
Supermercado
Fazenda
Fábrica
Prefeitura
Exército
Igreja
Lar

Vejamos que relação ou relações podem ser feitas? Em um hospital você tem pedidos de
atendimento (consultas) que passam pelos atendentes, enfermeiros aos médicos (a consulta final). Neste
“processo” que não é chamado industrial, mas de serviços (muda o nome apenas!), insumos são
acrescidos, como remédios, gazes, esparadrapos, agulhas e seringas, entre outros.
Em geral, os alunos esperavam encontrar as respostas prontas na internet e, só por isso, este
trabalho já valeu, pois eles precisaram pensar sobre os cargos que cada empresa precisa ter para produzir
os produtos ou prestar os serviços que elas produzem e prestam. Uma aluna criticou-me: por que eu não
dava as respostas uma vez que eu é que sou o professor? Lembrou-me de uma resposta idêntica que eu
dei a um professor de contabilidade que pediu que os alunos registrassem uma empresa na junta
comercial e eu lhe respondi que era dele a tarefa de nos dar esta informação.
Um conteúdo que poderíamos ter acrescido a este tipo de aula, sobre trabalho é o estudo de
diversas imagens de pirâmides sociais, desde os egípcios, astecas, renascentista, pré-socialistas e
capitalistas.

Perguntas: (1) como era a ordem das classes no período da revolução francesa? (2) como são
distribuídas as classes hoje no Brasil? (3) Reflita sobre as classes sociais ao longo da história,
identificando um bom número de semelhanças e diferenças entre elas.
E quem não concorda com a nossa atual hierarquia social? Há dois caminhos, penso eu, o retorno
da crença pela aplicação das ideias comunistas, sobreviventes na Coréia do Norte e em Cuba e, na
política da China, de um partido único ou, então, debater o cooperativismo.
A ocasião, também, é propícia para lhes apresentar as teorias do materialismo histórico e da mais
valia de Karl Marx, bem como, lhes apresentar a teoria do cooperativismo, como uma terceira
alternativa, tanto ao capitalismo, quanto ao socialismo/comunismo de Marx. E que tal uma visita a uma
cooperativa? Seria excelente, porém não foi possível entrar em contato com a “fogões geral”, que
tínhamos interesse especial, por se tratar de uma indústria que falida foi, pelo governo estadual, repassad
ao controle dos antigos empregados.

Décima nona aula:


Tivemos uma interrupção de uma semana, por causa de dois casos de gripe suína em nossa escola.
Acredito que na próxima aula, exporei um artigo sobre adolescentes que encontrei em uma revista (Veja,
18 de fevereiro de 2009), onde relata o atual comportamento juvenil, de independência, mas, também, de
indisciplina. Outra alternativa: numerar os parágrafos e os distribuir para cada aluno para que, no quadro
e para a turma toda, apresentem uma frase que os resuma.

(1) "Alguém tinha deixado uma revista no banco, ao meu lado, e comecei a ler, achando
que assim ia parar de pensar no Professor Antolini e num milhão de outras coisas, pelo
menos durante algum tempo. Mas a porcaria do artigo que comecei a ler quase que me
fez sentir pior ainda. Era sobre os hormônios. Mostrava a aparência que a gente deve ter –
a cara, os olhos e tudo – quando os hormônios estão funcionando direito, e eu estava todo
ao contrário. Estava parecendo exatamente com o sujeito do artigo, que estava com os
hormônios todos funcionando errado. Por isso comecei a ficar preocupado com os meus
hormônios. Aí li outro artigo, sobre a maneira pela qual a gente pode saber se tem câncer
ou não. Dizia lá que, se a gente tem alguma ferida na boca que demora a sarar, então isso
é sinal de que a gente provavelmente está com câncer. E eu já estava com aquele
machucado na parte de dentro do lábio há umas duas semanas. (...) Calculei que devia
morrer dentro de uns dois meses, já que estava com câncer. Foi mesmo. Eu estava certo
de que ia morrer. Evidentemente, essa ideia não me deixou muito satisfeito."
(2) O trecho do parágrafo anterior é de um romance que, durante décadas, foi o livro de
cabeceira de milhões de jovens ao redor do mundo: O Apanhador no Campo de Centeio,
do americano J.D. Salinger. Lançado em 1951, ele é um registro magistral das
perplexidades, anseios, medos e descobertas de um adolescente que foge do colégio
interno, vaga sem destino certo e acaba internado numa clínica, por "esgotamento", onde
resolve fazer o relato de seu périplo. Quem leu o livro dificilmente esquece o nome do
personagem: Holden Caulfield, para quem tudo (ou quase tudo) é uma porcaria. E para
quem tudo (ou quase tudo) é motivo de saudade. Paradoxos de quem tem os hormônios
"funcionando errado", claro. Os adolescentes continuam a ter um quê de Holden Caulfield
dentro de si, mas mudaram muito desde que Salinger publicou seu romance. Mudaram
muito porque mudamos todos nós, e bastante. Em parte, houve evolução; em parte,
talvez, involução. Ganhou-se em liberdade e pragmatismo; perdeu-se em encantamento e
idealismo. Os jovens não poderiam ficar fora da curva dessa trajetória.

(3) VEJA foi a campo tentar descobrir como os adolescentes atuais poderiam ser
identificados se tomados como um todo. Sim, é uma generalização, e como toda
generalização deve ser olhada com cuidado. Mas quem sabe ela possa subsidiar pais
angustiados (e irritados) com moças e rapazes para quem, de uma hora para outra, eles,
antes tão adorados, se tornaram "ridículos". Durante dois meses, a revista ouviu dezenas
de jovens, pais, psicólogos e educadores sobre os desejos, dúvidas, receios e ambições da
adolescência dos anos 2000. Uma enquete com 527 pais e jovens de 13 a 19 anos de todo
o país, disponibilizada por uma semana no site VEJA.com, identificou hábitos e
comportamentos da geração que daqui a vinte anos estará no comando do país. Eis
algumas conclusões: os meninos e meninas que nasceram a partir de 1990 não almejam
fazer nenhum tipo de revolução – nem sexual nem política, como sonhavam os jovens dos
anos 60 e 70. Mudar o mundo não é com eles.

(4) O que querem mesmo é ganhar um bom dinheiro com seu trabalho. São também mais
conservadores em relação aos valores familiares (embora os pais, lógico, sejam
"ridículos"), de acordo com o maior estudo de hábitos e atitudes da população
adolescente brasileira, conduzido pela empresa de consultoria Research International.
Fruto da revolução tecnológica e da globalização, eles formam, ainda, a geração do "tudo-
ao-mesmo-tempo-e-agora" (uma das inúmeras expressões com as quais os especialistas
tentam defini-los). São capazes de realizar várias atividades ao mesmo tempo (as de
estudo, nem sempre a contento), porque celular, iPod, computador e videogame
praticamente viraram uma extensão do corpo e dos sentidos. É, enfim, uma juventude que
vive em rede, com tudo de bom e de ruim que isso significa. Afirma Felipe Mendes,
diretor-geral da Research International: "O que preocupa nesta geração é que eles são
concretos em relação a dinheiro e trabalho, mas muito básicos em seus sonhos e
impessoais e virtuais nos prazeres que deveriam ser reais".

(5) O fato de estarem sempre conectados os leva a ter interesse por mais assuntos e a
ser mais bem informados de maneira geral. O lado ruim é que raramente tentam
aprofundar-se em algum tema. Mudam de opinião com rapidez e frequência proporcionais
ao liga-desliga do computador. Mais do que ocorria nas gerações de jovens anteriores,
suas decisões costumam estar envoltas em interrogações, como se a vida fosse um eterno
teste de múltipla escolha. Plugados ao mundo, aos sites de relacionamentos como Orkut e
aos serviços de mensagens instantâneas, eles movem-se em rede e estão menos divididos
em tribos. E é justamente isso que os faz menos preconceituosos com as diferenças: 44%
dos participantes da pesquisa da Research International têm amigos próximos com uma
orientação sexual diferente da sua. É um dos melhores aspectos do lado bom.

(6) O frenesi da era digital ajuda a empurrar esses adolescentes a trocar de amores,
amizades, cursos e aspirações como quem troca de tênis. "É uma sucessão de reinícios,
com finais rápidos e indolores", define o sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Mas, como
não é possível recusar sempre a vivência da dor, a contrapartida pode ser o aumento da
ansiedade em relação a relacionamentos pessoais e opções profissionais. "Você quer tudo
e, ao mesmo tempo, não sabe o que quer", diz Marcela Lucato, de 16 anos. A frase
resume bem o porquê de eles nunca se mostrarem completamente satisfeitos. São tantas
opções de escolha sobre o que fazer e aonde ir e tanta liberdade de decisão que eles se
perdem. "O melhor de ser jovem hoje é ter liberdade de escolha. Mas é difícil decidir, não
temos prioridades", afirma Giuliana Locoselli, de 16 anos.

(7) Está certo que uma das características da geração atual em relação às anteriores é o
fato de que moças e rapazes demoram mais para se decidir em relação à carreira a ser
seguida. O dado positivo é que, nesse meio-tempo, eles articulam uma rede de contatos
tão grandiosa que, no futuro, poderá ajudá-los profissionalmente. Apesar de todas as
incertezas, um trabalho que os faça ricos é o sonho de 64% dos adolescentes. Faz sentido:
os jovens de hoje estão caros. Caros, não, caríssimos. Eles custam cinco vezes mais do
que há trinta anos. E, para aumentar mais os gastos familiares, são grandes
influenciadores das compras dos próprios pais. Em nove de cada dez famílias que
adquirem eletroeletrônicos, a decisão de qual aparelho levar é deles. Cerca de 45% dos
adolescentes brasileiros correm às lojas assim que um novo gadget é lançado, segundo
uma pesquisa da empresa Deloitte.

(8) O excesso de exposição dos adolescentes em sites de relacionamentos é, sim, motivo


de preocupação. A agenda trancada a chave do passado deu lugar a trocas de mensagens
apaixonadas ou comentários sobre a vida própria e a alheia para todo mundo ler. Lá estão
também fotos da família, dos amigos, do namorado, da "ficante" e por aí vai. "A
privacidade não existe mais para eles", diz Claudia Xavier da Costa Souza, coordenadora
do centro pedagógico do Colégio Porto Seguro. Expõem-se tanto a ponto de já terem sido
chamados de a geração look at me ("olhe para mim"). "Esse fato, para além dos
problemas circunstanciais que pode acarretar, dificulta o desenvolvimento da capacidade
de autorreflexão e introspecção, o que é essencial para o crescimento", diz a psicóloga
Ceres Alves de Araujo.

(9) Com uma rede de conhecidos tão vasta, o número de festas é enorme. Se os pais
deixarem, eles saem de domingo a domingo. Nessas saídas, que podem se arrastar até o
dia seguinte, pode haver muita bebida e droga, especialmente as sintéticas. Uma
pesquisa da Organização das Nações Unidas revela que 35% dos adolescentes brasileiros
de 12 a 14 anos consumiram algum tipo de bebida alcoólica no mês anterior ao estudo – é
a taxa mais alta da América Latina. Entre os brasileiros de 15 a 16 anos, esse índice sobe
para 56%.

(10) As meninas são um capítulo à parte nesse cenário. Elas estão se expondo mais
precocemente que os meninos aos perigos do álcool e das drogas. Como elas
amadurecem antes, inclusive fisicamente, é mais fácil para a maioria entrar nas festas dos
mais velhos, onde a bebida corre sem nenhum controle. Basta uma visita a qualquer
supermercado numa noite de sábado para testemunhar grupos de adolescentes se
preparando para o que chamam de "esquenta" – ou seja, beber na casa de um deles antes
de ir para a festa. Muitos entram nas baladas com vodca em garrafas de água mineral.
Bem, Holden Caulfield não faria diferente...

(11) E em que reside a maior culpa dos pais de hoje? Em não saber dizer o velho, bom e
sonoro "não". É como se, para eles, negativas pertinentes a comportamentos inaceitáveis
equivalessem a um castigo físico, afirmam os especialistas em adolescentes. "Há ainda
um outro fator: a falta de cobrança. Ela tem como consequencia a falta de
responsabilidade na vida adulta", diz Silvana Leporace, coordenadora educacional do
Colégio Dante Alighieri, em São Paulo. Portanto, atenção: se hoje seria uma perversidade
colocar seu Holden Caulfield num internato ou algo que o valha, como fizeram os "velhos"
do personagem de Salinger, é um tremendo erro cair no extremo oposto – o de deixar
como está para ver como é que fica, enquanto se finge ser liberal. Dá para controlar um
adolescente em condições razoavelmente normais de temperatura e pressão ou, ao
menos, suportá-lo sem maiores traumas? Dá. Eis aí algumas sugestões de educadores e
psicólogos para que você não perca completamente a cabeça (uma parte dela é
aceitável):

(12) Quando o jovem bebe. Diante de evidências tão claras quanto as da série Law &
Order, os pais nunca devem perguntar: "Você bebeu?". Nesse caso, eles correm o risco de
ter dois problemas – a bebida e a mentira. É bom que os pais sejam firmes e informem o
jovem de que eles sabem da bebida. Proibir o filho de beber não tem efeito prático
nenhum. O melhor a fazer é explicar os riscos do consumo excessivo de álcool. Em geral,
conversas francas e amigáveis dão mais resultado que a gritaria.

(13) Quando ele insiste em não atender o celular


Os pais devem deixar claro que o jovem tem o aparelho por dois motivos: para que tenha
autonomia e eles, tranquilidade. Se o adolescente não atende as ligações dos pais, deve
perder a liberdade que lhe foi concedida. Um exemplo: se o horário para chegar em casa é
às 3 da manhã, da próxima vez ele deverá chegar à 1. Faça-o entender que cabe a ele
reconquistar a confiança dos pais.

(14) Quando ele abusa do telefone


Não há como exigir que um adolescente controle os gastos com telefonia. A alternativa é
dar-lhe um celular pré-pago. No caso do telefone fixo, antes de recorrer a cadeados ou
bloqueios da linha por senha, desconte da mesada o valor das longas, longuíssimas
conversas com amigos e afins.

(15) Quando o adolescente se expõe demais na internet


Cabe ao pai e à mãe mostrar o que eles pensam a respeito da intimidade devassada na
rede. É direito e dever deles dar sua opinião ao filho, mas não é possível exigir que o
adolescente aja da forma pretendida pelos pais. Se o excesso de exposição resultar em
fofocas que cheguem aos ouvidos paternos, o melhor a fazer é consultar um psicólogo.

(16) Quando há excesso de discussão entre pais e filhos


"Falar com o filho é fundamental, mas não na condição de amigo. Um diálogo entre pais e
filhos, quando trata de assuntos decisivos e espinhosos, como sexo, autonomia e
responsabilidade com os estudos, é sempre delicado. Pode fluir numa comunicação
tranquila, mas nem por isso será fácil", diz a psicanalista Diana Corso. Se você nunca
experimentou uma "comunicação tranquila", e acha que isso será impossível até que ele
ou ela caia em si depois da descarga hormonal da adolescência, tenha em mente que toda
discussão deve ter limite.

(17) É um erro bater boca com um adolescente. Não leva a lugar algum. O ideal é deixá-lo
falando sozinho. Quando a situação se acalmar, de ambos os lados, é hora de sentar e
tentar conversar outra vez. Se pais e filhos caírem numa rotina de bate-boca, será preciso
buscar outros meios de comunicação – de preferência o e-mail, um instrumento ao qual o
adolescente está mais do que habituado.

(18)

(19) O mentor da casa: Precisa de alguém para recuperar um programa no


computador? Você não tem ideia de como baixar músicas no iPhone? Chame o
adolescente mais próximo. É impressionante a desenvoltura desses jovens com
as novas tecnologias. Tanto que, na maioria esmagadora das casas, são eles os
consultores dos aparelhos a ser adquiridos. Nove em cada dez compras de
eletrônicos das famílias brasileiras são influenciadas pelo filho adolescente.
"Quando percebo que os celulares da minha família estão ficando ultrapassados,
convenço meu pai a trocá-los", diz Márcio Saurin, de 17 anos. "O meu é sempre
o melhor."

(20) Muita exposição, pouca intimidade


Os adolescentes costumam devassar suas próprias vidas nos sites de relacionamento – o
Orkut é o preferido dos jovens brasileiros. Declarações de amor, comentários sobre
amigos, fotos da turma, do namorado, da família... Está tudo lá para quem quiser ver.
"Meu pai fica preocupado com a imagem que eu vou passar", diz Manoela Regis Slerca,
de 15 anos. "Todo mundo sabe quem é quem e tem muita fofoca e exibicionismo na
internet, o que pode causar confusão." Mesmo assim, ela não resiste. É uma geração sem
privacidade.

(21) Rodrigo Bianchi, de 16 anos, não tem cara de nerd, não tem jeito de nerd,
mas é um nerd. Um nerd em meio a amigos não nerds. Esqueça o estereótipo do
menino esquisito, solitário, de comportamento entre o tímido e o
desastrado. Os adolescentes atuais não se dividem em tribos de aparência e preferências
definidas, como os jovens de quinze, vinte anos atrás. Um nerd contemporâneo pode,
inclusive, ser tão popular quanto o mais fofo da turma. A única diferença entre os dois é
que o primeiro sempre tira ótimas notas, nunca fica de recuperação e sempre entra de
férias antes dos colegas. "Presto atenção nas aulas, que é para não ter de estudar muito
antes das provas", diz Rodrigo.

(22) A aliança de compromisso


Renata de Fiore, de 16 anos, e André Pugliese, da mesma idade, namoram há dez
meses. Pouco depois do primeiro mês de "ficantes", ele a convidou para jantar. Um
garçom interrompeu a conversa para entregar à menina uma rosa vermelha. Pedido de
namoro feito e prontamente aceito, os dois logo colocaram um anel de compromisso.
"Namorar é ótimo, você faz muito mais coisas e tem em quem confiar. O namorado é um
amigo para todas as horas", acredita Renata. O anel não é promessa de amor eterno. É
apenas um recurso para marcar a existência de um vínculo mais forte em meio a tantas
relações efêmeras.

(23) Festa de 15 anos, hoje, tem todo o ritual dos tempos de debutante da vovó: vestido
de baile, valsa, o príncipe, meninos de smoking. O que mudou foi a proporção que as
comemorações atuais tomaram. A mineira Ligia Lapertosa convidou 700 pessoas para
sua festa. A cerimônia aconteceu num shopping fictício, o LL Fashion Mall, imaginado pela
mãe de Ligia, repleto de fachadas de lojas de grifes. Durante a festa, a garota trocou de
vestido três vezes, exibiu um filme em que interpretava uma celebridade e distribuiu
sandálias com sua assinatura.

(24) É tudo muito igual


Porque não são divididos em tribos, os adolescentes da classe média estão muito
parecidos entre si. Gostam das mesmas coisas, usam as mesmas roupas, os mesmos
cortes de cabelo e têm os mesmos gadgets. A certa distância, chega a ser difícil distinguir
um do outro. "A gente só convive com gente do mesmo meio e da mesma classe social. É
todo mundo muito igual e acaba sendo tudo muito superficial", diz Marine Marinho Del
Maschi, de 16 anos. Bailarina do Teatro Municipal de São Paulo, nas aulas e nos ensaios
de dança ela tem a oportunidade de conhecer pessoas de outras classes sociais. "Essa
convivência me enriquece."

(25) Falta tempo


Os adolescentes atuais são capazes de executar diversas tarefas ao mesmo tempo:
estudar, ouvir música, vasculhar a internet. A contrapartida é uma ansiedade muito
grande e a sensação de que sobram afazeres e falta tempo para cumpri-los. "Hoje a gente
passa muito tempo na escola. Sem falar nos cursos de idiomas, esportes, lição de casa... O
tempo que sobra a gente divide entre navegar na internet, ouvir música, trocar
mensagens com os amigos", diz Pedro Soares Fialdini, de 14 anos. "Queria que meu dia
tivesse mais de 24 horas. Minha rotina é muito agitada e não consigo fazer quase nada."

(26) Os leitores adolescentes vêm impulsionando o maior sucesso atual nas livrarias: na
lista de mais vendidos de VEJA, categoria ficção, o primeiro, o terceiro e o quarto lugares
pertencem a Eclipse, Crepúsculo e Lua Nova, da série de livros sobre vampiros colegiais
criada pela americana Stephenie Meyer. Os três títulos já venderam perto de 700 000
exemplares. Amanhecer, que encerra a série, deve ser lançado em junho pela Intrínseca.
Outras séries voltadas para a adolescência têm obtido números expressivos. Com onze
livros e já adaptada para a televisão, Gossip Girl, de Cecily von Ziegesar, crônica do
mundo das patricinhas de Nova York, vendeu 176 000 exemplares. É publicada pelo selo
jovem da editora Record, o Galera – que também lança no país os livros de Meg Cabot,
cuja série O Diário da Princesa, com onze títulos, vendeu mais de 460 000 exemplares. A
escritora brasileira Thalita Rebouças bateu nos 200 000 volumes, com nove títulos
devotados ao relacionamento das meninas com pais, amigas e professores – suas obras
de maior sucesso são Fala Sério, Mãe! e Fala Sério, Amiga!, publicadas pela Rocco Jovem.

(27) Mesmo no seu relacionamento com os livros, os jovens convergem fatalmente para a
internet, sede virtual de inúmeros fã-clubes. "O olho-no-olho já não é tão importante para
a geração atual", diz Thalita Rebouças, que se valeu do Orkut para promover os seus
livros e hoje mantém um site próprio. Tal como a música pop, a literatura jovem pode
suscitar aquela devoção incondicional de que só os adolescentes são capazes. Eis como a
estudante carioca Caroline Contente, de 14 anos, define Crepúsculo: "Esses livros são a
minha vida. O resto é passatempo". Ela já releu os livros dezenas de vezes, pendura fotos
do ator Robert Pattinson – o vampiro do filme Crepúsculo – no quarto e rompeu com um
namorado que não compartilhava de sua admiração pela série. Carol organizou um fã-
clube na internet e promove reuniões com amigas para debater os livros – que elas
admiram, sobretudo, por causa da heroína romântica. "Nós nos identificamos com a Bella.
Ela tem a coragem de lutar pelo seu amor", diz Carol. "Eu espero que um dia a gente
encontre o nosso Edward. Só não vai ser um vampiro."

(28) Um guarda-roupa (nada) básico


O "uniforme" dos jovens mais ricos

(29) Enquanto isso, nas classes C, D e E...


Os jovens das classes C, D e E têm menos dinheiro, mas se comportam da mesma forma
que os mais ricos quando vão às compras: dão preferência a lançamentos e a marcas
famosas. Uma pesquisa do Instituto Análise e do site e-bit, que hospeda lojas virtuais,
mostra que a novidade de um produto é um dos principais atributos exigidos pelos
brasileiros de 18 a 24 anos com renda familiar de até 1 000 reais. O levantamento,
realizado com compradores de produtos eletroeletrônicos, descobriu também que os
jovens mais pobres estão dispostos a comprometer uma parcela maior de sua renda para
adquirir os modelos mais avançados desses aparelhos. Além de inovação e marca, eles
passaram a procurar bens de valor mais alto, como notebooks, televisores de LCD e home
theaters, que antes eram adquiridos apenas pelos mais ricos.

(30) Esses dados levaram os pesquisadores a concluir que está em curso uma mudança
no perfil dos consumidores de baixa renda. Quanto mais jovens são os indivíduos desse
estrato, maior é a importância que se dá à qualidade e menor a que se confere a, por
exemplo, facilidades de pagamento, como o número máximo de prestações em um
parcelamento. "Os jovens estão elevando o seu padrão de consumo e isso vale também
para os que têm menor poder aquisitivo", resume o cientista político Alberto Carlos
Almeida, do Instituto Análise. Os jovens de baixa renda incorporaram hábitos antes
próprios dos compradores mais endinheirados. Como esses últimos, eles passaram a
procurar ofertas na internet e a comprar em lojas virtuais. Para quem vende na rede, é
uma clientela promissora. "Atender esse nicho de mercado se tornou uma obsessão de
muitas empresas", diz Almeida.

Nesta aula sobre adolescentes, eles apresentaram algum interesse maior, especialmente quando
falei sobre eles serem rotulados de geração “tudo-ao-mesmo-tempo-agora”, que se caracteriza por fazer
várias coisas paralelas, mas de um modo rápido, automático (mera cópia da internet) e sem muita
qualidade, de abordar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, de falar sobre as vantagens deles
serem uma geração digital, interligada a outros da sua idade, cujos efeitos são terem quase todos os dias
festas agendadas, conhecer pessoas com as quais poderão obter favores. Ainda sobre a reportagem,
mencionamos os gastos dos adolescentes de classe alta com roupas e a estimativa de quando do
orçamento familiar são dirigidos para eles.
Antecipei-lhes que na aula seguinte, ainda individualmente, como última nota do trimestre, iria
lhes pedir que sob a forma de rascunho escrevessem algo sobre um tipo de adolescente, ou sobre si
mesmo, ou sobre um grupo específico. Um aluno perguntou se por tipo eu não queria dizer tribo. Pode
ser. É que tipo é o termo que Max Weber usa quando estuda grupos sociais: tipos ideais, ou seja, rótulos
que atribuímos a pessoas para organizar em nossa mente de que elementos a sociedade é formada ou,
nesta tarefa, que subgrupos podemos identificar no grupo dos adolescentes.
Poderíamos ter falado (mas não falamos) sobre o estudo que Aristóteles fez das características dos
jovens da sua época, mas não o fizemos porque no artigo anterior havia muita semelhança com aquele
texto antigo.

Vigésima aula:
Realizamos uma prova de recuperação (ou revisão dos conteúdos do segundo trimestre), como a
secretaria da educação estadual e escola pedem, tarefa útil para relembrar o que muitos alunos sabem,
mas inútil para aqueles que não assistiram às aulas e não têm o conteúdo em seus cadernos.
Entre as perguntas da prova, listamos:
(1) qual foi a causa da revolução francesa? Muitos disseram que o “rei” Augusto Comte não
respeitava o povo. Quando pedi que comparassem aquele período com o momento atual
do Brasil, responderam que havia um conflito de raças e corrupção no governo, respostas
erradas, pois clero, nobreza e povo não eram raças e embora o rei, Luís XVI, se
apropriasse da riqueza da nação isto não significa corrupção, mas, sim, desinteresse pelo
povo acrescido de incompetência, que o levou a perda de poder e à guilhotina.
(2) Os homens segundo a carta dos direitos do homem são iguais perante o quê?
(3) O que foi a Bastilha?
(4) Que relação fizemos em aula entre o filme tempos modernos, de Chaplin e os dias de
hoje? (que há tarefas repetitivas nas empresas que conhecemos e em que trabalhamos,
desde a escola ao supermercado, o fast-food a um hotel ou hospital)
(5) Pedi que assinalassem um “v” ou “f” nas frases abaixo:
( ) nossos pais pertencem à geração “tudo-ao-mesmo-tempo-agora” (falso)
( ) há hoje pouco ou nenhum consumo de drogas e álcool entre os adolescentes (falso)
( ) a internet proporciona um maior número de relações, por exemplo, indicações de
emprego (verdadeiro)

Vigésima primeira a vigésima quarta aulas:


A seguir, inspirado na teoria dos tipos ideais de Max Weber, pergunto “são os adolescentes todos
iguais?” Há muitas “tribos”, grupos, nos quais os adolescentes se organizam, para valorizarem gostos
comuns e até para formarem gangues para assaltarem ou picharem edifícios. Veremos como eles se
motivarão neste trabalho: para isso, deverão, ainda individualmente, listar as características de cada
grupo, seu comportamento, como vivem, se estudam, onde trabalham, que gírias usam, etc. para isso,
levamos os alunos para o laboratório de informática e pedimos que eles preparassem um resumo, uma
primeira pesquisa sobre um grupo de adolescentes para, no próximo trimestre, apresentarem um trabalho
para toda a turma assistir, que incluiria vídeos, músicas, exposição de roupas, gírias e características
daqueles grupos pesquisados.
A título de organização e viabilização da tarefa, dividimos, então, em quatro partes:
(1a) explicação da tarefa e pesquisa individual na sala de informática;
(2a) escolha da tribo para posterior pesquisa mais aprofundada e união em grupos dos alunos que
escolherem tribos comuns;
(3a) reunião dos grupos para preparar apresentação e metodologia, recursos áudio-visuais;
(4a) apresentações.

As apresentações transcorreram muito bem, eles apresentaram pesquisas prévias feitas na internet e
acrescentaram fotos, vídeos, músicas e alguns alunos se vestiram de Góticos, Emos e Otakos (pessoas
que se vestem como personagens de histórias em quadrinhos ou animes japonesas). O professor precisa
apenas marcar datas para que os alunos acabem adiando sua participação por vergonha ou por preguiça.

Vigésima quinta aula:


Em algumas turmas realizei debates com temas que eles mesmos pensassem. Um aluno falou sobre
a gravidez na adolescência e defendeu a idéia tradicional de que a grávida poderia ter decidido usar um
método anticoncepcional. Como eles crêem em ideias que outros lhe herdaram! Livre-arbítrio, existe?
Lembrei-os (estimulando a percepção de outros pontos de vista) que a natureza “ordena” que uma
menina comece a ovular aos 11 anos, algumas antes outras depois e, assim, é natural a gravidez e,
cultural, a proteção para evita-la. Como punir alguém cuja mente está imatura, mas o corpo maduro para
procriar?

Vigésima sexta aula:


Tratamos a seguir da questão das cotas raciais em universidades e concursos públicos.
Comecei perguntando o que os alunos sabiam da cota racial e se concordavam com ela? Não
consegui permanecer calado, esperando que eles apresentassem argumentos a favor e contra. Perguntei,
quando disseram que não fazia sentido, pois a escravidão era um fato passado, se a pessoa que hoje
trabalha como coletor de lixo não poderia ser neto ou bisneto de um escravo e, por isso, não dependia
dele alcanças uma condição melhor de vida e salário. Observei que formaram-se dois grupos na sala de
aula: um que desconhecia a discriminação e outros que a sofreram em algum momento da vida.
Depois, perguntei sobre a capa de uma revista sobre cotas raciais: que significado se compreende
dela? Por que não colocaram fotos de pessoas? É uma capa que tem por trás um argumento a favor ou
contra a cota, ou é isenta de significado?
Há uma tabela muito interessante, pois instiga a curiosidade e o debate:
Pessoa famosa Ancestral africano Ancestral europeu Ancestral ameríndio
Daiane dos Santos 39,7% 40,8% 19,5%
Neguinho da beija-flor 31,5% 67,1% 1,4%
Milton Nascimento 99,3% 0,4% 0,3%
Esta tabela parece mostrar que não existindo raças, segundo os estudos genéticos, não haveria
motivo para cotas raciais, mas como combater a discriminação que as pessoas fazem de outras apenas
por causa da cor de pele? Quando, por exemplo, uma pessoa negra e uma branca entram em uma loja e o
alarme é acionado, quem é que será parado para que o segurança da loja veja dentro da sacola?
Uma outra maneira de dar chance àqueles que não tem de freqüentar uma universidade é a cota
social para alunos que tenham estudado em escolas públicas e que não tiveram chance de ter um bom
ensino, no nível das escolas particulares e nem cursos pré-vestibulares. Aqui levanta-se a questão: se o
problema não estaria na melhoria da qualidade das escolas públicas. Mas, eu fui aluno de escola
provada, e garanto que apenas com elas não se entra em uma universidade: é preciso um curso adicional
que relembre os conteúdos dos três anos de ensino médio.
Um outro aspecto positivo deste debate foi a participação dos alunos negros que, mesmo não sendo
eu uma pessoa racista, sinto por parte deles, um sentimento de que eles não seriam tratados igualmente,
embora a única discriminação que eu faço é tratar diferente os alunos que participam daqueles que
brincam!

Vigésima sétima aula:


Podemos lembrar a vida de duas indianas, abandonadas pela família em uma floresta, Amala e
Kamala: o que nos faz humanos? É o dna comum que as faz humanas? Então, por que se comportavam
como lobos? É a cultura? E o que é a cultura? Regras estabelecidas? Por quem? Por todos? Por uns que
as impõem sobre os demais? Ou por um acordo?

Esta história pode parecer um fato absurdo, improvável, talvez uma lenda, mas ocorreu
recentemente:
PHNOM PENH, Camboja (AFP) - A "mulher da selva" cambojana Rochom P'ngieng, que recebeu
o apelido por supostamente ter passado 18 anos vivendo na selva, foi hospitalizada por se recusar
a comer, informaram seu pai e fontes médicas.
Rochom P'ngieng, que atualmente tem 28 anos, desapareceu quando era pequena, em 1989,
na selva de Ratanakkiri, 600 km ao nordeste da capital do país, Phonm Penh.Ela deixou a selva,
onde sempre andava nua e suja, no início de 2007, quando foi capturada ao tentar roubar comida
em uma fazenda. Não sabia falar e fazia ruídos como um animal. Sal Lu, o homem que afirma ser o
pai dela, declarou à AFP que Rochom P'ngieng foi internada por não se adaptar à vida em um
vilarejo."Ela se negou a comer arroz durante um mês. Ficou muito magra. Ainda não consegue falar
e age como se fosse um macaco. Na noite passada tirou os vestidos e tentou fugir pelo banheiro",
disse. Ele pedi que alguma organização de caridade assuma os cuidados da jovem.

Vigésima oitava aula:


Apresentamos Um texto da revista Superinteressante (janeiro
de 2008) sobre a origem das personalidades pode apoiar a investigação dos
alunos sobre as causas sociais que originam as suas personalidades:

O que faz de você, você?


É possível mudar nosso jeito de ser?
Sim. Na verdade, mudamos nossa personalidade a toda hora. Agimos de modos
diferentes com pessoas de idade, sexo ou posição social diferentes. Você já deve ter
passado pela sensação de ser amigável e inteligente com alguém que o deixa confortável
e agir do modo contrário com quem o desafia. Além disso, a nossa personalidade depende
do que os outros acham: você pode ser chato para uma pessoa, mas gente boa ou
confiável para quem o conhece melhor. O homem tem tantos eus quantos são os
indivíduos que o reconhecem, disse em 1890 o psicólogo William James, um dos primeiros
a estudar a personalidade.
Mas é claro que há comportamentos e atitudes que são muito difíceis de largar.
Somente 10% das pessoas com pontes de safena mudam hábitos alimentares e deixam o
sedentarismo. As outras acabam morrendo de ataque cardíaco simplesmente porque não
conseguem mudar. Muitas vezes um pai que bate na mulher e nos filhos promete a si
mesmo parar com as agressões, mas não consegue.

A genética determina o comportamento?


Não. O nosso DNA possibilita e favorece determinados tipos de comportamento, mas
não determina nada. A genética não é um destino, não determina o que você vai ser. Ela
oferece predisposições.
Traços de personalidade são idéias, conceitos culturais: dependem dos olhos de outros e
da cultura de um lugar e de uma época para aparecerem e ganharem um nome. O que é
inteligência, pedofilia, má educação ou timidez no Brasil pode ganhar nomes bem
diferentes no Japão, por exemplo. Por isso, não dá para encontrar a personalidade pura no
DNA. Mas a nossa herança genética pode, sim, influenciar o funcionamento do corpo, que,
numa cultura ou em outra, resulta em comportamentos diferentes. As principais
descobertas dos geneticistas do comportamento relacionam os genes à regulação de
mecanismos fisiológicos que mudam o comportamento, como impulsividade, vício de
determinadas substâncias e memorização.

Os pais influenciam a personalidade dos filhos?


Sim, mas a influência é imprevisível. Desde os primeiros estudos de Sigmund Freud, e
até antes deles, os pais são tidos como os agentes mais importantes na criação de uma
pessoa. São os primeiros a conter o que há de animal em nós, nos ensinando a controlar
desejos em nome de regras morais, castigos e convenções da civilização. Com essa
premissa, Freud foi, ao lado de Darwin, um dos grandes pensadores do século 19 a abalar
a idéia de Deus, mostrando que as noções de pecado e culpa são transmitidas pelos pais e
podem ser a causa de vários dos nossos problemas. Do conflito entre os nossos desejos e
culpas, sairiam traços de personalidade (como a timidez, a vergonha), recalques
inconscientes e fraquezas que nos acompanham vida afora. Freud vai mais longe: para
ele, o jeito com que meninos e meninas lidam com a figura do pai e da mãe é essencial
para definir a sexualidade da pessoa.
Até o ponto que a genética permite, um bebê recém-nascido é como um molde de
argila flexível. O que ele aprender, ver, ouvir, sentir será armazenado no cérebro e irá
compor a maneira como agirá no futuro. Ao nascer, vai demorar meses até conceber
idéias básicas, como a de ser distinto das coisas ao redor. Aos poucos, porém, vai se dar
conta e que consegue mover algumas dessas coisas seus braços e pernas e que outros
seres fazem o mesmo. Assim, a partir do outro, o bebê começa a ter a noção de eu, de
que é um indivíduo. Conforme interage com os adultos, a criança se molda ao mundo em
que nasceu. Se os adultos ao redor forem lobos ou cavalos, passará a vida toda uivando
ou relinchando e bebendo água com a língua, como aconteceu como o Selvagem de
Aveyron, garoto encontrado na França em 1799 que viveu a infância isolado na floresta e
por volta dos 12 anos trotava, farejando e se alimentado de raízes. Ou então as indianas
Kamala e Amala, dos anos 20. Acolhidas por lobos quando recém-nascidas, elas andavam
de quatro, tinham horror à luz e passavam a noite uivando. Entre lobos ou humanos, a
criança aprende o que pode ou não fazer. Percebe que, ao chorar mais alto, a mamadeira
vem mais depressa. Portanto, vale a pena ser manhosa, pelo menos de vez em quando.
Quando joga um objeto no chão, é repreendida pela mãe e ganha uma bela bronca.
Também começa a diferenciar sentimentos: o que achava ser dor, começa a receber
nomes diferentes como fome, ciúme, medo.

As amizades influenciam?
Muito mais do que imaginamos. Em 1998, a psicóloga americana Judith Rich Harris
causou uma revolução nas teorias da personalidade ao afirmar que o convívio com os pais
é só um dos fatores que influenciam a personalidade dos filhos e um dos menos
importantes. No livro Diga-me com Quem Andas..., ela fala que as relações horizontais dos
6 aos 16 anos da criança com seus pares, o grupo de amigos da escola ou da vizinhança
são o grande definidor da personalidade adulta. A teoria de Judith explicaria por que pais
normais, que seguiram sempre as regras da boa educação, deparam com um filho
criminoso. Talvez nossos avós não estivessem errados ao se preocupar tanto com as más
companhias. A teoria também tem uma conseqüência aterradora: de que a educação teria
pouquíssimo efeito sobre os filhos. Eles não se tornam o que os pais querem que sejam
mas o que os amigos querem. Se é assim, então como educar os filhos?
O psicólogo Thomas Kindermann descobriu que crianças de um mesmo grupo tinham
notas e atitudes parecidas na escola. Se fizer parte de um grupo em que o desempenho
escolar é importante, a criança se estimula a ter melhores notas. Se não conseguir, é
provável que vá para outra panelinha, dos esportistas, por exemplo, que não consideram
as notas uma coisa superlegal.

Por que os irmãos são tão diferentes?


Ninguém sabe exatamente. Irmãos siameses são um exemplo de que nem o ambiente
nem a biologia conseguem explicar completamente a personalidade. O lar é um fator
importante para fazer irmãos se diferenciar entre si. Uma pesquisa da Universidade de
Minnesota descobriu que gêmeos idênticos são mais parecidos quando criados em
ambientes separados.
Muita gente explica a personalidade de alguém pela ordem de nascimento ou pela
diferença de idade entre os irmãos. O senso comum diz que os primôgenitos são mais
independentes; os do meio, rebeldes; os últimos, precoces. O historiador Frank Sulloway,
da Universidade da Califórnia, tem estudos nessa linha. Ele analisou a ordem de
nascimento de mais de 6 mil personalidades mundiais e concluiu que os filhos mais velhos
são mais conservadores, já os mais novos são os criativos e revolucionários é 18 vezes
mais fácil achar um revolucionário caçula que um primogênito. A pesquisa contribui para o
que se chama de Teoria dos Nichos, tese mais aceita para explicar a diferença entre
irmãos. Em casa, a criança procura desempenhar um papel diferente dos irmãos mais
velhos. Se um irmão se destaca como esportista, ela pode se apegar mais aos livros. Se
um é mais apegado à mãe, a filha do meio pode ser mais independente.
Steven Pinker, psicólogo evolucionista e professor da Universidade Harvard, acredita
que a variação de personalidade se resume numa palavra: acaso. Falo de acasos como um
bebê que cai de cabeça no chão sem querer, um vírus que ele pega, um pensamento que
deixe uma impressão permanente. Esses fatores podem ter uma influência tão grande no
que somos quanto os genes, uma influência muito maior do que os pais, afirma ele no
livro Tábula Rasa.

Tipos de personalidade:
O gordinho engraçado: se não é o mais bonito ou o mais forte do grupo, conquista o
carinho e a atenção de todos de outro jeito: contando piadas.
A bonita e burra: a moça que nasce mais bonita que a média pode ter mais carinho dos
pais (que tratam cada filho de forma diferente) e ser facilmente aceita entre os amigos.
Mas essa herança pode ter um lado ruim: atraindo a atenção pela beleza,ela talvez não
desenvolva artimanhas para se destaca, correndo risco de ficar vazia e desinteressante.
O tímido e inteligente: por que algumas pessoas são abertas e sociáveis enquanto
outras são quietas e tímidas? Uma explicação é o jeito com que nossos pais nos ensinam
os sentimentos. O rapaz inteligente e introvertido pode ter aprendido com o pai a ser frio
e distante.

Vigésima nona aula:


Nesta aula, lembramos de um exercício que conhecemos na universidade, no curso de
Administração que pode ajudar a identificar potenciais profissionais em áreas em que o trabalho em
grupo é importante e em áreas em que o trabalho solitário é essencial.

teste de sobrevivência:
Você e mais um grupo de amigos estão perdidos no interior de um grande Deserto africano, a 50km de
uma grande jazida de minério de ferro. O relógio marca 12 Horas. O termômetro indica uma temperatura
de 42º C. Só existem 15 objetos disponíveis para ajudá-los.
Classifique estes objetos por ordem de importância; numerando-os de 1 (o mais importante) a 15 (o
menos importante).
( ) Óculos Escuros
( ) Lanterna e 4 Pilhas
( ) Carta Aérea
( ) Canivete
( ) Bússola Magnética
( ) Capa de Chuva (Plástica)
( ) Caixa de Primeiros Socorros
( ) 1 Pára-Quedas
( ) 4 Litros de Vodka
( ) 1 Litro de Água (Por Pessoa)
( ) Pistola Automática 765
( ) 1 Pacote de 500 Gramas de Sal
( ) Livro Sobre “Animais do Deserto”
( ) Espelho de Bolso
( ) Agasalho (Tipo Sobretudo)

CLASSIFICAÇÃO REAL
1- ESPELHO DE BOLSO para dar sinal;
2- AGASALHO (Tipo Sobretudo) para proteger da perda de água por evaporação;
3- ÁGUA (1L por Pessoa) para recuperar a perda por evaporação;
4- LANTERNA (4 Pilhas) para dar sinal e como recipiente de água;
5- PÁRA-QUEDAS para proteção noturna;
6- CANIVETE para escavar e cortar cactos;
7- CAPA DE CHUVA (Plástica) para guardar água de eventual chuva;
8- PISTOLA AUTOMÁTICA 765 para dar sinal e usar como martelo;
9- ÓCULOS ESCUROS para proteger os olhos;
10- CAIXA DE PRIMEIROS SOCORROS porque o Deserto é asséptico;
11- BÚSSOLA MAGNÉTICA para usar o espelho e como sinal;
12- CARTA AÉREA serve como papel higiênico;
13- LIVRO tem o mesmo uso; pois comida gasta sal e desidrata;
14- VODKA (4 Litros) para acender o fogo ou resfriar o corpo;
15- SAL (500 Gramas) é melhor não usar; pois desidrata

Trigésima aula:
Uma última tarefa foi pedir que respondessem a um questionário sobre o livro de Darcy Ribeiro
que trata da origem do povo brasileiro. Por se tratar de um livro de cerca de 500 páginas oferecemos a
eles um resumo, pedido no início do ano e para aqueles que fizessem o “download” do resumo da
internet (http://www.scribd.com/doc/13394383/A-Origem-Do-Povo-Brasileiro)

Foi essa gente nossa, feita da carne de índios, alma de índios, de negros, de mulatos, que
fundou esse país. Esse paisão formidável, a maior faixa de terra fértil do mundo, bombardeada
pelo sol.
A invasão do Brasil: A revolução mercantil em Portugal e Espanha estimularam à procura por novas terras,
onde extraíssem matéria-prima e riquezas. Tal expansão recebeu o apoio da Igreja Católica (1454), que via aí
a oportunidade de expandir o catolicismo, tarefa que Deus teria dado ao homem branco. Portugal e Espanha
“gastaram gente aos milhões”, “acabaram com florestas, desmontam morros a procura de minerais (estima-se
que foram levados para Europa 3 milhões de quilates de diamantes e mil toneladas de ouro), “só a classe
dirigente permanece a mesma, predisposta a manter o povo gemendo e produzindo ”, não o que os povos
colonizados querem ou precisam, mas o que eles impõem à massa trabalhadora, que nem mesmo participa da
prosperidade.
Para os índios aqueles homens brancos eram gente do Deus-Sol (o criador ou Maíra), mas esta visão se
dissipa: “como o povo predileto sofre tantas privações?”, se referindo às doenças que os europeus lhe
trouxeram –coqueluche, tuberculose e sarampo, para as quais não tinham anticorpos. Assim, muitos índios
fogem para dentro da mata e outros passam a conviver com os seus novos senhores. Outros, deitavam em
suas redes e se deixavam morrer ali. Aos olhos dos índios, por que aqueles oriundos do mar precisavam
acumular todas as coisas? Temiam que as florestas fossem acabar? Em troca lhes davam machados,
canivetes, espelhos, tesouras, etc. Se uma tribo tinha uma ferramenta, a tribo do lado fazia uma guerra pra
tomá-la.
No ventre das mulheres indígenas começavam a surgir seres que não eram indígenas, meninas prenhadas
pelos homens brancos – e meninos que sabiam que não eram índios... que não eram europeus. O europeu não
aceitava como igual. O que eram? Brasilíndios, rejeitados pelo pai, europeu, filhos impuros desta terra, e pela
mãe, índia. São também chamados de “mamelucos”, nome que os jesuítas deram aos árabes que tomavam
crianças dos pais e as cuidavam em casa. Esses filhos das índias aprendem o nome das árvores, o nome
dos bichos, dão nome a cada rio... Eles aprenderam, dominaram parcialmente uma sabedoria que os índios
tinham composto em dez mil anos. Estes mamelucos eram caçadores de índios, para vender ou para serem
seus escravos.
Para os europeus, os índios eram pecadores, manipulados pelos feiticeiros e demônios,
preguiçosos, inúteis e o hábito do canibalismo mostrava quanto eram selvagens.
Somos um país racista, mas que respeita a identidade, pelo menos, à distância. Apesar da
desproporção das contribuições, nenhuma etnia se autodefiniu como centro étnico. O conjunto é
uno, uma etnia nacional, sem tensões entre raças, culturas e regiões. Há, sim, um brasileirismo
arraigado: torcemos pela seleção tal como se houvesse uma guerra entre povos.
O antropólogo classifica o brasileiro a partir de 3 tipos diferentes de mestiços: caboclos (pai
branco e mãe índia), mulatos (pai branco e mãe negra) e curibocas (pais negros e índios).
“A grande contribuição da cultura portuguesa aqui foi fazer o engenho de açúcar... movido por mão-de-
obra escrava. Por isso, começaram a trazer milhões de escravos da África. Metade morria na travessia, na
brutalidade da chegada, de tristeza, mas milhões deles incorporaram-se ao Brasil”. O custo do tráfico de
escravos nos 300 anos de escravidão foi de 160 milhões de libras-ouro, cerca de 50% do lucro obtido com a
venda do ouro e do açúcar . Os escravos negros vinham para o Brasil e eram dispersados por esta terra,
evitando que um mesmo povo (ou etnia) permanecesse unido. Embora, iguais na cor, falavam línguas
diferentes, o que os força a aprender o português, o idioma do seu capataz. Em geral, aos 15 anos eram
aprisionados como escravos, trocados por tabaco, aguardente e bugigangas, trabalhavam por 7 a 10 anos
seguidos e morriam de cansaço físico. Sofria vigilância constante e punição atroz. Havia um castigo
pedagógico preventivo, mas também mutilação de dedos, queimaduras, dentes quebrados, 300 chicotadas
para matar ou 50 por dia, para sobreviver. Se fugia, era marcado a ferro em brasa, cortado um tendão, tinha
uma bola de ferro amarrada ao pé ou então, era queimado vivo. Eles fizeram este país, construíram ele inteiro
e sempre foram tratados como se fossem o carvão que você joga na fornalha e quando você precisa mais
compra outro”.
“Todos nós somos carne da carne daqueles pretos e índios (torturados) e a mão possessa que os
supliciou”... “A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente
sentida/ sofrida ”... Estima-se que em 3 séculos, o Brasil importou entre 4 a 13 milhões de africanos. Um e
cada quatro, eram mulheres – “eram o luxo que se davam os senhores e o capatazes, as mucamas, que até se
incorporavam à família (ex : Chica da Silva), como ama de leite. Chegavam a provocar ciúme nas senhoras
brancas, que mandavam arrancar seus dentes.
Em 1823, em uma revolta em Pernambuco, organizada por barbeiros, boticários, alfaiates, artesãos,
ferradores, etc, armados de trabucos, uma “multidão de gente livre e pobre” cantava assim: “marinheiros
(portugueses) e caiados (brancos). Todos devem se acabar, porque os pardos e o pretos, o país hão de
habitar”.
Quando da abolição, os negros saíam das fazendas, aliviados da brutalidade, dos castigos, à
procura de terrenos para viverem e plantarem milho e mandioca, mas acabaram por cair na
miséria, pois cada vez que se fixavam em um lugar, os fazendeiros se reuniam e os expulsavam,
dizendo que toda a terra que existia já tinha dono. Após 1888, os abolidos, grupos de escravos
famintos aceitavam trabalhar submissos às condições dos latifundiários (grandes proprietários de
terras). Outros, seguiam para as cidades, ambiente menos hostil, para os já formados bairros
africanos, onde encontrou negros já instalados e que viriam formar as futuras favelas.
Pergunta Darcy Ribeiro: por que alguns povos, mesmo pobres na etapa colônia, progrediram
aceleradamente, integrando-se à revolução industrial, enquanto outros se atrasam? Os povos
transplantados como os norte-americanos que vieram da Inglaterra, já se encontravam prontos,
(diferente) dos povos novos, que vão se construindo lentamente, como o Brasil, com a mistura de
índios, negros e brancos.
As classes sociais no Brasil lembram um funil invertido e não uma pirâmide, como em outros países. O
Patronato, o Patriciado e o Estamento gerencial são as classes dominantes. O Patronato, empresários que
exploram economicamente empregados, O Patriciado, tem poder de mando devido a seu cargo, como
generais, deputados, bispos, líderes sindicais, O Estamento gerencial de empresas estrangeiras, tecnocratas
competentes que controlam a mídia, forma a opinião pública, elege políticos. Abaixo desta cúpula, estão as
classes intermediárias ou os “setores mais dinâmicos”, são propensas a prestar homenagem às classes
dominantes, mantém a ordem vigente e são constituídas de pequenos oficiais, profissionais liberais, policiais,
professores, baixo-clero, etc. A seguir, vem as classes “subalternas” ou “núcleo mais combativo”, composta
por operários de fábricas, trabalhadores especializados, assalariados rurais, pequenos proprietários,
arrendatários, etc. Preocupam-se em proteger o que conquistaram. Depois, há uma grande massa de
oprimidos, o “componente majoritário” (que predomina), enxadeiros, bóias-frias-, empregadas domésticas,
serviços de limpeza, pequenas prostitutas, biscateiros, delinqüentes, mendigos, etc, em geral, analfabetos.
Para Darcy Ribeiro, os escravos de hoje são essas pessoas “subassalariados”, que infundem, com sua
presença, “pavor e pânico” pela ameaça de insurreição (revolução) social e só são capazes de “explosões” de
revolta, mas, em geral, aceitam seu destino de miséria, pois são incapazes de se organizarem politicamente,
como em sindicatos.
Houve um conflito entre os jesuítas e os mercadores que escravizavam os índios, como “gado humano”,
quase um bicho: e da ameaça de extinção dos índios, jesuítas construíram missões onde poderiam ensinar o
catolicismo. Para Darcy Ribeiro, as missões foram uma primeira experiência socialista.
Com o desemprego na Europa, no século 19, vêm para cá 7 milhões de pessoas. Quando da chegada de
outros povos imigrantes como italianos, alemães, japoneses, etc, a população brasileira já era numericamente
maciça (quatorze milhões de brasileiros) e definida etnicamente quando absorveu a cultura e a raça dos
imigrantes, diferente dos europeus que foram para a Argentina caíram em cima do povo argentino, paraguaio
e uruguaio que haviam feito seus países, que eram oitocentos mil, e disso saiu um povo europeizado.
Só não ocorreu secessão (fragmentação, independência dos estados) do Brasil, porque “em cada unidade
regional, havia representações locais da mesma camada dirigente (classe social)”... “Tal é o Brasil de hoje, na
etapa que atravessamos na luta pela existência. Já não há índios ameaçando seu destino. Também negros
desafricanizados se integraram nela com um contingente diferenciado, mas que não aspira a nenhuma
autonomia étnica. O próprio branco vai ficando cada vez mais moreno e até se orgulha disso”
Pergunta Darcy Ribeiro: “Por que alguns povos, mesmo pobres na etapa Colonial, progrediram
aceleradamente, integrando-se à revolução industrial, enquanto outros se atrasam?”. Sua explicação: os
povos transplantados, como os norte americanos que vieram da Inglaterra, já se encontram prontos, mas, os
povos novos, que vão se construindo mais lentamente, como o Brasil, com a mistura de índios, negros e
brancos. ... Um aglomerado de índios e africanos, reunidos contra a vontade e a administração local, sob
controle dos neo-brasileiros, filhos de europeus e índias ou negras, dependentes da metrópole (Portugal). Os
três séculos de economia agrária no Brasil “moeram e fundiram as matrizes indígena, negra e européia em
uma nova etnia” (p.261). O povo brasileiro tem “erupções de criatividade”: no culto a Iemanjá, que se
cultuava no dia 2 de fevereiro na Bahia e 8 de março em São Paulo, no RJ, foi alterado para 31/dezembro.
Temos a primeira santa que tem relações sexuais. Isso é uma coisa fantástica! Um povo que é capaz de
inventar uma coisa destas! Nunca houve depois da Grécia! À Iemanjá não se pede a cura da Aids, mas um
amante carinhoso ou que o marido não bata tanto. O negro guardou sobretudo sua espiritualidade, sua
religiosidade, seu sentido musical. (O brasileiro é) um povo singular, capaz de fazer coisas, por exemplo, a
beleza do Carnaval carioca, que é uma criação negra, a maior festa da Terra!.
O antropólogo identificou nas regiões do Brasil 5 tipos de mestiços ainda existentes hoje:

1. O Brasil Crioulo: representado pelos negros e mulatos na região dos engenhos de açúcar no nordeste
brasileiro, nas terras de Massapé e no recôncavo baiano. Depois da abolição, o ex-escravo ganhava um
pedaço de terra (fica como um agregado da fazenda, em terra dos outros) para produzir comida e comprar sal,
panos e satisfazer necessidades mais elementares. No século 19, a roda d´água e a tração animal são
substituídas pela máquina a vapor e os senhores de engenho são substituídos por empresas bancárias. Em
1963, com a ditadura militar, houve o retorno ao antigo poder dos senhores das fazendas (patronato), que
reagiram ao projeto de pagamento de salário mínimo, através da elevação do preço do açúcar.

2. O Brasil Caboclo: no século 19 e últimas décadas do séc. 20, foram para a Amazônia 500 mil
nordestinos (fugindo da seca) para trabalhar com extração de látex (borracha) das seringueiras e, por isso,
mais da metade dos caboclos que já viviam deste trabalho, foram desalojados para as cidades de Belém e
Manaus, perdendo-se a sabedoria milenar de viver nas florestas que eles herdaram dos índios. Em cada
seringal, os mestres ensinam a sangrar a árvore sem matá-la, colher o látex e depois defumá-lo em bolas de
borracha. Em cada 10-15 km raramente se encontra 200 seringueiras. Percorre-se, ainda hoje, duas vezes por
dia uma mesma estrada: de madrugada para sangrar as árvores e ajustar as tigelas ao tronco e na segunda
vez, para vertê-las num galão que levará para o rancho. Depois, trabalha na tarefa de coagulação do látex.
Além de coletor, dedicava-se à caça e à pesca e protegia-se das flechas dos índios.
Nos primeiros anos da presença dos portugueses na Amazônia, índios são escravizados para buscarem na
mata as “drogas da mata”, as especiarias, os produtos que a floresta oferece, como cacau, cravo, canela,
urucu, baunilha, açafrão, salsa parrilha, sementes, casacas, tubérculos, óleos e resinas - eles “foram o saber, o
nervo e o músculo dessa sociedade parasitária”. E isto porque nenhum colonizador sobreviveria na mata sem
esses índios que eram “seus olhos, mãos e pés”.
Há também a extração de minérios como manganês, no Amapá, e Cassiterita, em Rondônia e na
Amazônia, exploradas por uma multinacional americana – a Bethlehem Steel, cujo custo pago por ela é apenas
aquele que ela gasta para extrair e transportar o minério. Militares alemães sugeriram a Hitler que a
conquistasse, como importante ponto para a expansão germânica. Os Estados Unidos propuseram à ditadura
militar brasileira o uso da Amazônia por 99 anos para estudos.

3. O Brasil Sertanejo: No sertão encontra-se uma vegetação rara confinada de um lado pela floresta
da costa do atlântico, pela Amazônia e ao sul pela zona da mata. Nas faixas de florestas, há palmeiras de
buriti, carnaúba, babaçu, pastos raros e arbustos com troncos tortuosos devido a irregularidade das chuvas. A
criação de gado nesta região fornece carne, couro e bois para serviço e transporte, animais trazidos de Cabo
Verde, pelos portugueses, pertencendo inicialmente aos engenhos e depois a criadores especializados. Os
vaqueiros naquela época davam conta do rebanho e como pagamento separavam 1 cabeça de gado para ele
e três para o dono.
O trabalho de pastoreio moldou o homem e o gado da região: ambos diminuíram de tamanho, tornando-se
ossudos e secos de carne. Hoje, enquanto o gado cresce, alcançando ossatura mais ampla e recebe
tratamento, o vaqueiro e sua família, não. Apesar das enormes somas de dinheiro que vem do governo
federal, para ajudar os flagelados pela seca, são os “coronéis” (fazendeiros que monopolizam a terra) que se
apropriam dos recursos, “mais comovido pela perda dos eu gado... do que pelo trabalhador sertanejo”. Estas
somas de dinheiro vão para a construção de estradas e para açudes para o gado passar e beber água. Os
sertanejos permanecem itinerantes, pois vivendo por dez anos em uma propriedade, eles teriam direito a ela,
mas dependeriam de um registro no cartório, que fica distante e caro. Em contraste, políticos estaduais
concedem facilmente milhões de terras a donos que nunca as viram e que um dia desalojam sertanejos que
viviam nelas (isto chama-se “grilhagem”).
Diante de tanta miséria, o sertanejo que vive isolado no interior (diferente do que vive no litoral), tem uma
visão fatalista e conservadora sobre sua vidaPeriodicamente, anunciavam a vinda do messias –diziam “o
sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. Um dos acontecimentos mais trágicos ocorreu em Canudos, sob
a liderança de Antônio Conselheiro, um profeta e reformador social, era visto pelos fazendeiros como
subversivo, que poderia estimular a mão-de-obra a abandonar as fazendas e reivindicar a divisão das terras.
Lá chegaram a 1000 casas. Outro fenômeno que surge no sertão é o cangaço: uma forma de banditismo,
formado por jagunços, que surgiu nas fazendas.

4. O Brasil Caipira: São os homens que dirigiam as bandeiras (exploração que adentrava ao interior do
Brasil), e a população paulista (mamelucos). Cada um deles possuía uma indiada cativa para o cultivo da
mandioca, feijão, milho, abóbora, tubérculos, tabaco, urucu, pimenta, caçadas e pesca. Lá só se falava a
língua tupi. Dormiam em redes, usavam gamelas, porongos, peneiras como as que os índios usavam, além de
armas, candeias de óleo. Consumiam rapadura e pinga. Cada família fiava e tecia algodão para as roupas de
uso diário e para os camisolões e ceroulas, para os homens e blusas largas e saias compridas, para as
mulheres. Andavam descalços, de chinelas ou de alpargatas. Não queriam apenas existir, como os índios, mas
estabelecer vínculos mercantis externos e aspirar a se tornar uma camada dominante, adquirindo artigos de
luxo e poder de influência e mando. Por um século e meio venderam mais de 300 mil índios para os engenhos
de açúcar.
As bandeiras serviam, também, mas para explorar ouro e diamantes. O padre Calógeras avalia que 1400
toneladas de ouro e 3 milhões de quilates de diamantes foram levados do Brasil-Colônia. Do ouro extraído por
Portugal quase todo foi para a Inglaterra, para pagar as suas importações, ouro que financiou a indústria
inglesa. Um novo tipo social surgia: o garimpeiro, que explorava clandestinamente o diamante, monopólio de
Portugal.
Quando Monteiro Lobato (além do sítio do pica-pau amarelo) criou o personagem Jeca Tatu , o fez como
um “piolho da terra”, uma praga incendiária que atiçava fogo à mata, destruindo as riquezas florestais para
plantar roçados, uma caricatura do caipira, destacando a preguiça, a verminose e o desalento que o faz
responder sempre: “não paga a pena” a qualquer proposta de trabalho que lhe faziam (ou entregava 50% da
produção ao patrão ou trabalhava por conta própria, pagando pelo uso da terra, com 1/3 da colheita. Outra
saída: ir para as cidades, marginalizando-se lá). O que Lobato fez foi descrever o caipira sob o ponto de vista
de um intelectual e fazendeiro, diante da experiência amarga de encaixar os caipiras no seu “sistema”. O que
Monteiro Lobato não viu foi o traumatismo cultural, o caipira marginalizado pelo despojo de suas terras, como
um produto residual natural do latifúndio agro-exportador. Somente mais tarde é que o escritor compreendeu
e defendeu a reforma agrária.
Outro tipo humano surgido foi o dos bóias-frias que vivem em condições piores do que as que vivem os
caipiras, cerca de 5 milhões de pessoas à espera da posse de terras em que possam trabalhar. Eles estão
presentes mais nos canaviais do que nas fazendas de café, isto porque os cafezais precisam de muita gente
apenas na derrubada da mata e nos 4 primeiros anos. Depois, só nas colheitas.

5. O Brasil Sulino: Foi a expansão dos paulistas ocupando a região sul do Brasil, antes dominada pelos
espanhóis, a causa que anexou esta região ao Brasil. No começo do século 18, paulistas e curitibanos vêm
para cá, instalarem-se como criadores de cavalos e muares e recrutam os gaúchos para o trato do gado. Sobre
os gaúchos (população de mestiços), estes surgem, segundo Darcy Ribeiro, dos filhos e filhas entre espanhóis
e portugueses com as índias guaranis. Havia um dito popular: “esta indiada é toda gaúcha”. Dedicavam-se ao
gado que se multiplicava naturalmente nas duas margens do rio da prata e que foram trazidos pelos jesuítas.
Com o esgotamento das minas de ouro e diamante e a pouca procura por gado do Sul, foi introduzida aqui a
técnica do charque, trazida pelos cearenses. Já a imagem do gaúcho montado em cavalo brioso, com
bombacha, botas, sombreiro, pala vistosa, revolver, adaga, dinheiro na guaiaca, boleadeiras, lenço no
pescoço, faixa na cintura e esporas chilenas, diz Darcy Ribeiro, ou é a imagem do patrão, fantasiado de
homem do campo, ou é de alguém que integra algum clube urbano (centro nativista) e não passa de folclore.
Já o “gaúcho novo”, será o peão empregado que cuida do gado, agora, mal pago, come menos e vive
maltrapilho. Apesar disso, o peão de estância é um privilegiado em comparação com os biscateiros, os que
vivem em terrenos baldios, os subocupados, que arranjam trabalhos esporadicamente, em tosquias ou esticar
os arames, todos eles chamados de “gaúchos-a-pé”. Já os que vivem como autônomos rurais, lavram o terreno
dos outros, pelo regime de “parceria”.
Mas, não se pode dizer que o povo do Sul tivesse origem apenas paulista. Havia, também lavradores
vindos das ilhas dos Açores em Portugal, que ocuparam a região litorânea, com lavoura: milho, mandioca,
feijões, abóboras, etc, enquanto outros fugiram desta “caipirização” cultivando trigo, os gaúchos, nos campos
da fronteira, com o pastoreio e os gringos, descendentes dos imigrantes europeus, viviam isolados do resto da
sociedade, o que fez com que o governo brasileiro exigisse o ensino do idioma e os recrutasse os gringos para
o exército. Com a distribuição legal de terras (sesmarias), em Rio grande, Pelotas, Viamão e missões, as
invernadas se tornam estâncias e o estancieiro se faz “caudilho”, contra ataque dos castelhanos,
acrescentando gado de outras bandas. Mais tarde, o estancieiro se tornará patrão, dono de matadouros e
frigoríficos. Os imensos campos livres do passado, agora, são retângulos, todos com donos. Entre as instâncias
há imensos corredores de aramados divisórios.
As dores do parto:
Nosso destino é nos unificarmos com todos os latino-americanos por nossa oposição comum ao mesmo
antagonista, a América anglo-saxônica, para fundarmos, tal como ocorre na comunidade européia, a nação
latino-americana sonhada por Bolívar. Hoje somos quinhentos milhões, amanhã seremos um bilhão,
contingente suficiente para encarar a latinidade em face dos blocos chineses, eslavos, árabes e neobritânicos.
Somos povos novos ainda na luta para fazermos a nós mesmos como um gênero humano novo que nunca
existiu antes. O Brasil é já a maior das nações neolatinas, com magnitude populacional e começa a sê-lo
também por sua criatividade artística e cultural. Precisa agora sê-lo no domínio da tecnologia da futura
civilização, para se fazer potência econômica, de progresso auto-sustentado. Estamos nos construindo na luta
para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma, mais alegre,
porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidade, mais generosa, porque aberta à
convivência com todas as nações e todas as culturas e porque está assentada na mais bela e luminosa
província da terra.

Tabelas extraídas da obra “O povo brasileiro”, escrita por Darcy Ribeiro (1996)

Tabela 1 1500 1600 1700 1800


Brancos, neo-
brasileiros ou - 50 mil 150 mil 2 milhões
pardos
escravos - 30 mil 150 mil 1,5 milhões
Índios integrados - 120 mil 200 mil 500 mil
Índios isolados 5 milhões 4 milhões 2 milhões 1 milhão
totais 5 milhões 4,2 milhões 2,5 milhões 5 milhões

Tabela 4 (crescimento população segundo a cor)


1872 % 1890 % 1940 % 1950 % 1990 %
Branco 3.854 38 6.302 44 26.206 63 32.027 62 81.407 55
Preto 1.976 20 2.098 15 6.644 15 5.692 11 7.264 5
Pardos 4.262 42 5.934 41 8.760 21 13.786 26 57.822 39
Totais 9.930 100 14.333 100 41.236 100 51.922 100 147.306 100

Ano População Urbana População Rural


1940 12,8 milhões 28,3 milhões
1980 80,5 milhões 38,6 milhões
1995 110,9 milhões 35,8 milhões
TAREFA:
Foi curiosa a reação dos quando lembrei deste texto visto no início do ano: muitos o imprimiram
apenas para ganhar pontos e o colocaram fora. Agora, precisavam correr atrás e imprimir outra vez.
Bem, o questionário pedido foi o seguinte:

1) De que é feita essa “gente nossa”? da carne de índios, alma de índios, de negros, de mulatos (*)
2) Para os índios, aqueles homens brancos eram...? Por que rejeitaram esta primeira impressão?
aqueles homens brancos eram gente do Deus-Sol (o criador ou Maíra), mas esta visão se dissipa:
“como o povo predileto sofre tantas privações?”, se referindo às doenças que os europeus lhe
trouxeram –coqueluche, tuberculose e sarampo, para as quais não tinham anticorpos.
3) Aos olhos dos índios, por que os brancos precisavam acumular todas aquelas riquezas? Como
era a vida dos índios? Temiam que as florestas fossem acabar?
4) No ventre das mulheres indígenas começavam a surgir...? O que eram? Começavam a surgir
seres que não eram indígenas, meninas prenhadas pelos homens brancos – e meninos que sabiam
que não eram índios... que não eram europeus. O europeu não aceitava como igual. O que eram?
Brasilíndios, rejeitados pelo pai, europeu, filhos impuros desta terra, e pela mãe, índia.
5) Como os europeus viam os índios? Pecadores, manipulados pelos feiticeiros e demônios,
preguiçosos, inúteis e o hábito do canibalismo mostrava quanto eram selvagens (*)
6) Para Darcy Ribeiro, somos um povo racista, mas... que respeita a identidade, pelo menos, à
distância(*).
7) Quais os 3 tipos de mestiços que formaram o povo brasileiro? caboclos (pai branco e mãe índia),
mulatos (pai branco e mãe negra) e curibocas (pais negros e índios) (*).
8) Qual era a sabedoria dos índios? Aprendem o nome das árvores, o nome dos bichos, dão nome a
cada rio...
9) Por que foram trazidos milhões de escravos da África? Para fazer o engenho de açúcar... movido
por mão-de-obra escrava.
10) Quanto tempo viviam os escravos e que castigos sofriam? Em geral, aos 15 anos eram
aprisionados como escravos, trocados por tabaco, aguardente e bugigangas, trabalhavam por 7 a 10
anos seguidos e morriam de cansaço físico. Sofriam vigilância constante e punição atroz. Havia um
castigo pedagógico preventivo, mas também mutilação de dedos, queimaduras, dentes quebrados,
300 chicotadas para matar ou 50 por dia, para sobreviver. Se fugia, era marcado a ferro em brasa,
cortado um tendão, tinha uma bola de ferro amarrada ao pé ou então, era queimado vivo.
11) Quais os 2 destinos dos escravos libertos? Os abolidos, grupos de escravos famintos aceitavam
trabalhar submissos às condições dos latifundiários (grandes proprietários de terras). Outros,
seguiam para as cidades, ambiente menos hostil, para os já formados bairros africanos, onde
encontrou negros já instalados e que viriam formar as futuras favelas (*).
12) Por que alguns povos progrediram tanto e o Brasil, não? Os povos transplantados como os norte-
americanos que vieram da Inglaterra, já se encontravam prontos, (diferente) dos povos novos, que
vão se construindo lentamente, como o Brasil, com a mistura de índios, negros e brancos (*).
13) Quais os povos que formaram o Rio Grande do Sul? . No começo do século 18, paulistas e
curitibanos vêm para cá, instalarem-se como criadores de cavalos e muares e recrutam os gaúchos
para o trato do gado. Sobre os gaúchos (população de mestiços), estes surgem, segundo Darcy
Ribeiro, dos filhos e filhas entre espanhóis e portugueses com as índias guaranis. Também
lavradores vindos das ilhas dos Açores em Portugal e os gringos, descendentes dos imigrantes
europeus.
14) Quem eram os primeiros gaúchos? filhos e filhas entre espanhóis e portugueses com as índias
guaranis.
15) Qual é o nosso destino? Nosso destino é nos unificarmos com todos os latino-americanos por nossa
oposição comum ao mesmo antagonista, a América anglo-saxônica, para fundarmos, tal como ocorre
na comunidade européia, a nação latino-americana sonhada por Bolívar.

(*) perguntas cujas respostas não se encontram no site (http://www.scribd.com/doc/13394383/A-


Origem-Do-Povo-Brasileiro)
Conclusão:
Se formos lembrar do nosso maior erro ao lecionar Sociologia, ele consistiu em começar por um
nível abstrato de conhecimento, de Augusto Comte a Durkheim, da revolução francesa a guerra civil
gaúcha liderada por um líder positivista. É que os adolescentes preferem aquilo que lhes é mais próximo
ainda que se chegue ao fim em um nível abstrato.
Se nos derem novamente a disciplina, para o ano seguinte, começaremos a partir da vida deles,
sua família, o bairro, as profissões de seus pais, emprego, transporte. Poderemos pedir-lhes fotografias
atuais, mas, também, as fotos antigas de seus primeiros anos de vida. Entre os diversos assuntos,
poderemos tratar de casamentos, mortes, infância, primeiro namoro, etc. Como fazer isso? Pensei em
apresentações individuais, ainda que estes temas voltem a ser lembrados em apresentações posteriores –
a repetição não será monótona, penso que acrescentará algo mais, fará repensar o que já foi apreendido
(com dois “ee” mesmo)!

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