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Elikia M’Bokolo AFRICA NEGRA HISTORIA, E CIVILIZACOES Tomo I (até o século XVII) paginas 64 -99 Tradugao de ALFREDO MARGARIDO Revisdo académica da tradugio para a edicao brasileira DANIELA MOREAU VALDEMIR ZAMPARONI Assistentes: Bruno Pessoti e Ménica Santos EDUFBA | Casa das Africas | 2009 Ill. A EMERGENCIA DAS CIVILIZAGOES AFRICANAS Para I das incertezas e das polémicas, podemos estabelecer que foi durante © curso dos “séculos obscuros” que foram langadas as bases das primeiras civilizagdes africanas. Também neste terreno, algumas pistas de investigagio aparentemente fecundas depressa se revelaram decepcionantes. E em primeiro lugar o caso dos agrupamentos humanos cujo conhecimento, em épocas muito antigas, parece eminentemente dificil. Destas primeiras populacées, restam apenas alguns raros esqueletos. Ora, os critérios definindo os agrupamentos humanos remetem mais para fatos sociais e culturais do que para caracteristicas fisicas, tanto mais dificeis de precisar pois estes agrupamentos resultantes de uma distante origem comum nunca deixaram de se misturar uns aos outros. Além disso, a reparti¢go atual das populagées africanas ¢ 0 produto de uma hist6ria de longa durago da qual podemos seguir -e da qual seguiremos, quando chegar 0 momento - os andamentos durante varios séculos, histéria que de resto prossegue sob os nossos olhos. Entre esta hist6ria relativamente proxima € 0 tempos antigos das origens, muito largamente carregados de mitos, existe um grande vazio, sobre o qual bastard tomar provisoriamente conhecimento 20 invés de pretender enché-lo atodo o custo de hipéteses. Em segundo lugar, a natureza e os tipos de sociedades que a Africa conheceu em tal pasado mantém-se também no dominio das hipéteses, pois to deficientes so as informagGes quanto os métodos mais adequados para tirar partido das parcas fontes dispontveis. em apenas dois dominios, o da hist6ria das civilizagées materiais e das técnicas ¢ 0 da histéria politica que podemos avancar com passo relativamente seguro. A. As civilizagdes materiais A eclosio de civilizagdes assentadas na produgio em vez da simples apropriagao (ca¢a, colheita, apanha) foi de fato uma “revolugao”, mesmo se no revestitt o caréter de brusquidao, de brutalidade e de inesperado que 0 termo sugere. O estudo destas civilizagdes materiais foi durante muito tempo dominado pelas teses difusionistas, de acordo com as quais a Africa se teria limitado a receber do exterior e adaptar aos seus diversos territérios tanto os impulsos iniciais como os materiais desta revolugao, Est4 hoje assente que 0 proceso foi endégeno, tanto no que se refere ao aparecimento da agricultura, como no que diz respeito & transformacao dos metais. 1. Dacoleta é agricultura Sob sua forma mais apurada, o pensamento “difusionista” faz comegar a “revolugdo neolitica”, geradora da cultura dos vegetais e da criagao dos animais, no Oriente, ¢ dai derivando tanto paraa Europa como para a Africa. O primeiro atingido, o Egito, teria servido de centro de difusdo secundaria para a regio do Niger, assim como para a Etiépia e a Africa central. Os trabalhos pioneiros do soviético NLL. Vavilov e os de Roland Portéres abriram caminho a numerosas pesquisas que reconstrufram inteiramente a origem e a evolucao das plantas cultivadas na Africa, pondo em evidéncia o carter nitidamente end6geno da totalidade do processo. Este corresponde tanto a uma adaptacZo as mudangas dos meios e dos ecossistemas como criacao de utensilios materiais, culturais e intelectuais em transformacfo répida. Se a era quaternéria se caracterizou por oscilacdes climéticas de amplitude muito forte, acompanhadas por alterag6es incessantes nas paisagens e nos meios, os ecossistemas atuais do continente africano formaram-se entre -12.000 e -3000 anos, conforme os autores, ¢ deram 20 continente a configuragdo ambiental que d4 conta do desenvolvimento das priticas agricolas: um “né florestal equatorial” (Roland Portéres), travado na sua expansdo para leste pelo Vale do Rift mas transbordando para o golfo da Guiné; em volta deste “né”, uma ampla cintura semicircular de savanas; para ld desta, duas zonas dridas e desérticas, o Kalahari ao sul e o Sara ao norte; enfim, nas duas extremidades do continente, duas bandas estreitas de clima temperado de tipo “mediterrinico”. Se as zonas aridas podem aparecer como “parreiras” na circulagao das novas técnicas, 0 vale do Nilo e o Vale do Rift puderam ter sido o lugar de passagem privilegiado para algumas delas. Em contrapartida, no é de maneira alguma certo que a floresta equatorial tenha constitufdo uma auténtica barreira. Este perfil, esbocado de maneira ampla, é naturalmente acompanhado por matizes locais as vezes muito fortes. Assim, a floresta equatorial, depois de ter consideravelmente encolhido entre -16.000 ¢ 10,000, recomegou a estender-se até conhecer a sua extens4o maxima por volta de -3.000, época a partir da qual ela nao deixou de recuar, sob a presso conjugada de um clima mais seco e da agéo dos homens. No préprio interior da floresta, Jan Vansina pés em evidéncia alguns “tipos de habitats entre os mais diferenciados”: Mangues costeiros, pintanos de 4gua doce com matagais de rifia, outros pantanos, pradarias flucuantes, florestas inundadas de maneira temporaria ou permanente, florestas em solos secos, semperviventes ou semi-caducifoliadas, ‘com ou sem bosques de espécies dominantes |...) florestas em solos rochosos, florestas cobrindo um relevo tortuoso, florestas de montanha coroadas por florestas de bambus acima de 1.500 metros [...J; mosaicos de savanas/ florestas [...]; savanas intercalares espacadas como mares ou lagos na cobertura florestal; rochedos desnudados e mesas; paisagens criadas por rios poderosos como 0 Zaire em Lisala com os seus 40 km de largura, as suas ilhas, os seus diques naturais, e os seus pantanos associados. Nao esquecamos as florestas secundérias freqiientemente caracterizadas a um nfvel precoce de regeneragao pela “arvore parasol” [...] de crescimento rapido. (J. Vansina, 1991, p. 49) -65-

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