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Allan

HOLDSWORTH
GUITARRA
iNeXPlicÁVel
E SEM IGUAL
HEVERTON NASCIMENTO
E HOMERO BITTENCOURT

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AL L A N H OL DSWO RTH

PRIMEIROS DISCOS SO LO
Se McLaughlin, como lembrou Mo-
zart Mello, não sacou ao certo o que
Holdsworth estava fazendo, significa que
nós, reles mortais, temos o direito de não
entender a música de Allan. O que não
nos impede de apreciá-la. E muito. Seu
primeiro álbum solo é Velvet Darkness,
de 1975, mas o próprio Allan dizia não
gostar do resultado final. Ele afirmava
que foi lançado sem seu consentimento.
Acompanhado por Narada Michael Wal-
den (bateria), Alan Pasqua (piano) e Al-
phonso Johnson (baixo), o disco parece,
de acordo com ele, “uma coletânea de en-
saios”. Entretanto, o monstro do pop jazz
George Benson, fã de Holdsworth, con-
venceu a gravadora CTI Records a lançar
e o disco acabou sendo feito sem a devida
produção.
Já os dois discos seguintes – I.O.U.
(1982, gravado em 1979) e Road Games
(1983) – são incríveis. O primeiro con-
tou com Gary Husband (bateria e piano),
Paul Carmichael (baixo) e Paul Williams
(vocais). O segundo teve Chad Wacker-
man (bateria) e Jeff Berlin (baixo), além
das participações de Paul Williams e Jack
Bruce (ambos nos vocais). Esses times já
A MENSAGEM POSTADA NO FACEBOOK PELAS seriam motivo para ouvir qualquer faixa Ouvi Allan Holdworth pela primeira vez em Bundles, do Soft Machine. Confesso que não
filhas do genial Allan Holdsworth pegou de sur- desses trabalhos e dão uma pista da di- entendi nada, mas fiquei impressionado e curioso para saber o que era aquilo. Desde
presa todos os fãs de guitarra. Era 16 de abril, mensão musical de Holdsworth. então, Allan faz parte da minha lista de guitarristas favoritos. Sempre gostei de seu jeito
Essa frase bem-humorada, de um mestre como McLaughlin para Holdsworth, de tocar, fora dos padrões, diferente de tudo o que já ouvi. Às vezes, nem parece guitarra.
um domingo de Páscoa, e o aviso informava
demonstra o respeito, credibilidade e admiração pela obra dessa grande alma Genial e incompreendido, por não ser popular. Meu álbum favorito é Road Games, de 1983.
que o músico de 70 anos havia morrido no dia
que nos deixou. Não por acaso, ele talvez tenha sido a única unanimidade entre Não posso dizer que foi minha maior influência, mas minha técnica de ligados e tapping
anterior – não mencionava a causa da morte, músicos de praias tão diferentes – dos virtuoses do rock até jazzistas ou até CL ÁSS ICOS DO JAZZ
vem um pouco dessa fonte. Allan não usava bends, arpejos ou harmônicos. Incrível! Meu
mas Leonardo Pavkovic, ex-empresário de Hol- mesmo músicos eruditos. Em nosso universo musical, de fortes apelos comerciais, Ao contrário do que muitos dizem por
primeiro disco, Nevoeiro (1990), tem uma música chamada A.H., dedicada a ele.
dsworth, disse ter sido um ataque cardíaco. poucos são os que conseguem sobreviver com dignidade e deixar sua marca. Allan aí, Allan não começou tocando saxofone.
A comunidade da seis-cordas ficou de luto construiu a sua música a partir de muito estudo e dedicação, de acordo com de- “Meu pai era um pianista maravilhoso e
no mundo todo. Poucos instrumentistas foram poimentos de amigos. Uma concepção harmônica e melódica totalmente pessoal possuía uma grande coleção de discos,
tão importantes para a guitarra elétrica quanto
Allan Holdsworth. Ele foi um dos poucos que
e, o mais incrível, sem referências anteriores. Ninguém tocou assim antes e posso
arriscar a dizer que ninguém irá conseguir tocar desse jeito.
incluindo os grandes clássicos do jazz. Eu
adorava escutá-los. Aos 15 anos, quando
Faiska
Hoje, consigo fazer uma análise mais espiritual do que musical desse gênio. Foi
conseguiram respeito e admiração de grandes comecei a pensar em estudar clarinete ou
uma breve passagem pelo nosso tão complicado planetinha e ele nos deixou
nomes de diferentes estilos, de Eddie Van Ha- saxofone, esses instrumentos eram muito
um legado musical, mas, principalmente, um exemplo de dignidade e resiliência.
len e Steve Vai a John Scofield e Pat Metheny. caros. Meu pai, então, deu-me uma gui-
Levarei isso para sempre em meu coração e, em momentos difíceis, vou rever sua
Exemplo do altíssimo conceito que Hol- tarra, que comprou do meu tio”, revelou Christian, que se tornou minha primeira to antes dos trabalhos solo mencionados
obra. Descanse em paz, guerreiro!
dsworth havia conquistado até mesmo entre o guitarrista em entrevista a Guitar Player, grande influência”, comentou à época. anteriormente, Holdsworth já dava o ar
guitarristas lendários é o que John McLau- em 2009. “Depois, ele trouxe alguns livros As frases longas, bem ao estilo dos de sua graça. Seu primeiro registro é de
ghlin afirmou ter dito a Allan após assistir de acordes e, à medida que me via progre- grandes saxofonistas, que possuem total 1969, ‘Igginbottom’s Wrench, disco de
a um concerto do guitarrista nos anos 1990:
“Se eu soubesse o que você está fazendo, eu
Mozart Mello dindo, tentava me ajudar. Foi então que me
interessei de verdade. Além disso, tinha ál-
controle da respiração, compõem o estilo
do guitarrista inglês, nascido na cidade
jazz psicodélico lançado pela banda ‘Ig-
ginbottom. Um dos álbuns de destaque
roubaria. Mas não faço a mínima ideia do que buns de grandes guitarristas, como Jimmy de Bradford, em 1946. Ele logo começou pré-carreira solo é Bundles (1975), do
você está fazendo.” Rainey, Joe Pass, Barney Kessel e Charlie a ganhar destaque no Reino Unido. Mui- grupo britânico Soft Machine.

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Tenho muitas histórias com Allan Holdsworth. Quando cheguei ao GIT, nos Estados
Unidos, entre 1986 e 1987, eu tinha estudado inglês, mas não manjava. O cara me
colocou em uma sala na qual havia uma foto do Allan Holdworth, Eddie Van Halen
e Jeff Berlin. Foi meu primeiro contato com o Allan. Na época, eu tinha 20 anos e
não podia entrar em shows. Logo que fiz 21, o Allan realizou uma apresentação em
Hollywood, perto da escola, e comprei o ingresso, mas não pude entrar, porque estava
sem um documento que pudesse comprovar minha idade. Voltando ao Brasil, comecei
a tocar na noite de São Paulo e entrei no TNT (Todas na Trave), com Álvaro Gonçalves
e Faiska na guitarra. O Álvaro saiu para acompanhar um artista e o Faiska me convidou
SYNTH AXE para entrar na banda. Tiramos algumas músicas e escolhemos Tokyo Dream., do
Os anos 1980 prosseguiram com óti- disco Road Games. Eu brincava com o Faiska, dizendo que ele deveria fazer o solo –
mos discos. Metal Fatigue (1985) suce- era algo impossível de tocar. Sem chance, a mão do Allan era enorme, as aberturas
deu o incrível Road Games. O álbum se- eram incríveis. Essa característica, somada à musicalidade, resultava em uma obra
guinte, Atavachron (1986), representou a fantástica. A gente improvisava solos e, ao final, sempre ficávamos com vergonha
primeira vez que Holdsworth gravou com [risos]. Mais tarde, vieram as videoaulas do Allan Holdsworth e descobri que ele dava
a SynthAxe, uma guitarra MIDI de apa- nomes para escalas, como X1, X2... E a gente procurava fazer aquelas digitações. Ele

rência tão estranha quanto a sonoridade veio com um estilo de quatro notas por corda, mas doía a mão e ficávamos com medo
de tendinite [risos]. Fora isso, havia a parte musical, de combinar aquelas notas. Sou
que gerava. Há momentos interessantes
apaixonado pela música de Allan. Ele usava pitch shifter para completar acordes. Na
com esse instrumento, mas, no geral,
época em que eu morava nos Estados Unidos, lembro que saiu uma Guitar Player com
Allan impressiona mesmo quando está
uma matéria do Holdsworth e ele parecia pedir desculpas por não conseguir tocar uma
com uma guitarra tradicional em suas música simples. Na entrevista, ele falava também que precisava pagar a escola das
mãos imensas, uma característica física filhas e essa música mais complexa fazia com que não houvesse muitos shows. Fiquei
que o ajudou na invenção de acordes com chocado ao ler aquilo. Hoje, tantos anos depois, eu me pego fazendo uma pequena
o baixos deslocados. doação para a família realizar o funeral do mestre. Muito triste. O legado que ele deixou
A SynthAxe se tornaria uma marca para todos é inestimável.
registrada de Holdsworth nos 15 anos
seguintes. No álbum Sand (1987), que
ACO R DES E HA R M O N IA
As inversões de acordes são outra
grande improvisador da noite para o dia.
Ele trabalhou como um cão sobre o livro
todo tipo, Holdsworth era chamado de
guitarrista dos guitarristas. Não à toa.
não trouxe vocais, ele se aprofundou nas
experimentações com o instrumento.
Tomati
marca registrada de Holdsworth, mas Thesaurus of Scales and Melodic Patterns, Eddie Van Halen, por exemplo, é fã de Ainda na década de 1980, ele gravou Se-
ele não as usava como outros guitarris- de Nicolas Slonimsky.” carteirinha e jamais escondeu isso: “Hol- crets (1989).
tas. Com criatividade e extremo bom Além de impressionar seus compa- dsworth é o melhor em meu livro. Ele é Em 1992, Holdsworth lançou Warden-
gosto, ele criou uma nova linguagem nheiros de banda e instrumentistas de fantástico. Eu o adoro.” clyffe Tower, que continuou a apresentar
para o instrumento a partir dessas in- a SynthAxe, mas também continha suas
versões. Um dos inúmeros exemplos novas guitarras barítono, desenhadas
das harmonias de outro mundo de por ele e construídas pelo luthier Bill
Allan sempre foi um mistério. Se colocar esforço e estudo, todo guitarrista consegue
Holdsworth está no U.K., supergrupo DeLap. Em Hard Hat Area (1994), sua
entender escalas e licks, executar determinados solos e até mesmo tocar parecido com seu
do qual fez parte no final da década de banda era formada por Steve Hunt (te-
herói. Mas Allan é diferente – música única, improviso completamente diferenciado, técnica
1970, com Bill Bruford (bateria), John clados), Gary Husband (bateria) e Skú-
inalcançável. Mudou o mundo da guitarra e obteve o respeito de todos os músicos, não
Wetton (baixo) e Eddie Jobson (tecla- importando o estilo. Certa vez, tive a felicidade de passar cinco dias com ele, em um ‘guitar li Sverrisson (baixo). O disco seguinte,
dos). O disco homônimo do U.K., lança- camp’ na Itália. Ali, pude entender melhor quem era aquele guitarrista tão especial. Aprendi None Too Soon (1996), trouxe interpre-
do em 1978, é audição imprescindível a que, em seu caso, não adianta estudar apenas suas escalas e acordes. Sua personalidade tações de alguns standards de jazz, como
quem já empunhou uma guitarra. e a forma como enxergava o mundo, as pessoas e a música em si eram muito particulares e Nuages (Django Reinhardt) e Countdown
Bruford, que tem passagens pelo Yes diferentes do usual. Foi assim que compreendi de onde vinha aquela música tão inusitada e (John Coltrane). Allan se aventurou até
e King Crimson, também já falou com intrigante. Foi a revelação do mistério que sempre senti ao ouvir sua obra. Fica a minha admi- em uma versão para Norwegian Wood, dos
admiração sobre o estilo de Allan: “Ele ração eterna por essa pessoa incrível que, para nossa sorte, resolveu tocar guitarra. Beatles. O guitarrista foi acompanhado
queria parecer John Coltrane”, disse o ba- por Gordon Beck (piano), Gary Willis
terista. “O problema é que estava tocando (baixo) e Kirk Covington (bateria). Os
guitarra, e não saxofone. Então, teve de
encontrar uma sonoridade equivalente Kiko Loureiro dois últimos trabalhos solo registrados
por Holdsworth foram The Sixteen Men
na seis-cordas. Os intervalos que escolhe of Tain (2000) e Flat Tire: Music for a
são inusitados. Allan não se tornou um Non-Existent Movie (2001).

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L EGA D O
Além de sua discografia solo e com “Mestres realizam e o fazem de forma

o Soft Machine, Allan Holdsworth par- honesta e isenta, sem qualquer necessidade
de autoafirmação, adulação ou aplausos.
ticipou de trabalhos de Tony Williams,
Mestres mostram que você pode ser você
Stanley Clarke, Jack Bruce, Level 42,
mesmo, ao mesmo tempo em que fazem
Jean-Luc Ponty, entre muitos outros
questão de citar suas próprias influências
artistas. A obra é extensa e repleta de e mestres. Eles nos lembram de nosso
momentos brilhantes. O termo “gê- potencial e comprovam que a experiência
nio”, que a prudência recomenda ser humana pode ser muito mais profunda
usado com moderação, cabe perfei- e transcendente do que o teatro da
tamente em Holdsworth, que deu ao dominação nos impõe. Quando penso em
mundo um vasto acervo de pérolas Allan Holdsworth, é o que me vem à mente.
aos que apreciam longos solos ao es- Reverência e agradecimento.”

tilo “saxofonista de pulmão prodigio-


so”. Com seu timbre próprio, fluência
magnífica e as famosas quatro notas Michel Leme
por corda, Allan influenciou gerações
e continuará a fazê-lo após sua morte.

Guitarrista Dos Guitarristas


Selecionamos declarações de guitar heroes sobre a música de Allan Holdsworth

“Quando escuto Allan tocando guitarra, habilidade de improvisação fazem dele um essencial a todos os guitarristas, de todos os
além de me emocionar com suas cores me- deus da guitarra – alguém que influencia mú- estilos, para que vejam que o único limite que
lódicas, fico confuso e impressionado com o sicos de diversos estilos.” – Joe Satriani existe é aquele que submetemos a nós mes-
que ouço. Sua técnica e ouvido interno de- mos.” – Eric Johnson
safiam qualquer lógica musical e me levam “Holdworth é tão bom que não consigo
a um estado de humildade e resignação.” – copiar nada dele. Não entendo o que ele toca. “Allan é único. Durante minha adolescên-
Steve Vai Tenho de fazer com duas mãos o que ele faz cia, saí de um de seus shows muito frustra-
com uma.” – Eddie Van Halen do, porque não entendia como ele conseguia
“Allan toca ligados como se fosse um vio- tocar de forma tão suave e delicada. O que
linista. Sua mão direita é tão boa quanto um “Allan mudou a maneira como se toca gui- seus dedos faziam nada tinha a ver com
arco, porque sua mão esquerda é como a de tarra. A técnica de ligados e as sonoridades o que saía dos alto-falantes. Hoje em dia,
Paganini. Você pode escutar seu som várias únicas de Holdsworth influenciaram não ape- simplesmente deixo o seu som me envolver.
vezes, mas ainda assim irá fritar seu cérebro nas guitarristas de jazz, mas também toda Acredito que ele seja de outro planeta.” –
se tentar descobrir o que ele está fazendo. uma geração de músicos de metal. Ouça sua Mattias “IA” Eklundh
John McLaughlin, Mike Stern, John Scofield versão de How Deep is the Ocean.” – John
– todos nós coçamos nossas cabeças e dize- Scofield “Allan é um dos melhores guitarristas de
mos: Droga!” – Carlos Santana todos os tempos. Seu trabalho em discos de
“A beleza e a singularidade dos acordes de Tony Williams, em meados dos anos 1970,
“Escutar Allan pela primeira vez foi uma Allan sempre tiveram impacto em mim. Sua foi revolucionário e mudou tudo para guitar-
experiência catártica. Sua guitarra quebrava maneira de tocar guitarra é única. Ele força ristas de todas as partes. Sua contribuição é
barreiras. Seu approach harmônico é original, os limites do instrumento. Seu fraseado fa- imensa e acho que todos os músicos sabem
belo e indescritível. Seu nível técnico e sua ria Charlie Parker sorrir. Seu estilo de tocar é disso.” – Pat Metheny

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as Guitarras De allaN
aDeus a allaN holDsWorth
Diversos músicos reagiram à morte de Allan Holdworth nas redes sociais. Holdsworth usou guitarras de
diversas marcas durante sua carreira.
Veja quais foram as principais.

- Gibson SG (do final dos anos 1960 até meados


da década de 1970)
JOE SATRIANI - Fender Startocaster customizada por Dick Knight
“Descanse em paz, Allan Holdsworth. Você (no álbum U.K. e no segundo disco com Tony
continua sendo uma enorme inspiração para Williams, Million Dollar Legs, nos anos 1970)
mim. Sua bela música permanecerá viva para - Ibanez AH10 e AH20 Signature (utilizadas em
sempre.” Metal Fatigue e Atavachron)
- SynthAxe (em todos os seus álbuns solo a partir
PETER FRAMPTON de Atavachron)
“Muito triste por ouvir isso. Guitarrista mestre, - Steinberger (a partir de 1987)
único e brilhante. Descanse em paz, Allan.” - Guitarras Bill DeLap customizadas (anos 1990)
- Modelos Carvin (década de 1990 e anos 2000)
STEVE LUKATHER
“Não acredito! Allan Holdsworth, guitarrista
lendário de nossa geração! Ele mudou o jogo,
além de ser o cara mais amável que já existiu.”

VERNON REID
Allan Holdsworth mudou a abordagem fun-
damental de gerações de guitarristas. Ele vi-
rou um monte de nós para dentro/para cima/
para baixo/para fora.

RICHIE KOTZEN
Devastado por saber da morte de uma lenda!
Descanse em paz, Allan Holdsworth.

JOHN PETRUCCI
Estou muito triste por ouvir sobre a morte de
Allan Holdsworth hoje. Ele foi uma enorme in-
fluência em meu modo de tocar, além de um
artista incrível e inovador que fará muita falta.

MIKE PORTNOY
Um dos maiores guitarristas e inovadores de
todos os tempos. Sem Holdsworth, não ha-
veria Eddie Van Halen.

GUS G.
Acabei de ouvir que Allan Holdsworth fale-
ceu. Mais um dos grandes se foi. Descanse
em paz.

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O Ex. 1 aumenta a força do dedo mínimo e melhora o alcance global na escala do instrumento. Você pode achar que o exercício
proporciona uma sensação de escala pentatônica, mas ele está sobre o acorde de Gmaj7. Sua execução exige agilidade extra.

Ex. 1

o estilo De allaN holDsWorth HOMERO BITTENCOURT

EM 15 DE ABRIL DE 2017, O MUNDO DA MÚSICA PERDEU UM DE conhecido pelas partes que exigem grande abertura de dedos
seus maiores guitarristas. Allan Holdsworth tinha um estilo e pelos acordes incomuns – muitas vezes, em combinação
inconfundível e uma concepção musical única. Ele costumava com pedal de volume, para obtenção de dinâmicas. Ele tinha
explorar elementos harmônicos como empilhamentos alter- uma abordagem rítmica complexa e seu timing era notável.
nativos e simetrias em um fraseado que lembrava os de John Esta lição guiará o leitor por uma coleção de exercícios, formas
Coltrane e Cannonball Adderley. e movimentos projetados para ajudá-lo a desenvolver sua capaci- O Ex. 2 apresenta uma interessante estrutura de intervalos e requer grande alongamento de dedos. A frase acontece sobre o
Sua técnica, baseada principalmente no legato, era uma dade de aproveitar da guitarra por completo. Você terá acesso a es- acorde de B/A. A maneira como a guitarra é afinada possibilita muitas ideias baseadas em uníssono. Essa sonoridade pode ser
das mais apuradas do mundo da música. Holdsworth ficou calas, acordes, arpejos e ideias que jamais pensou serem possíveis. encontrada na música de Holdsworth, mas também em frases de outros grandes nomes, como Shawn Lane, Brett Garsed, Guthrie
Govan e Scott Henderson. Comece devagar e lembre-se de tocar as notas de maneira uniforme.

Ex. 2

Após dois exercícios iniciais de alongamento, vá para o Ex. 3, que traz uma interessante combinação de intervalos sobre o acorde
de G7. Tome cuidado com os saltos de corda. Em seu livro Just for the Curious, Holdsworth aborda a escala de jazz dominante, que
ele emprega sobre acordes com sétima.

Ex. 3

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Holdsworth explora salto de cordas no Ex. 4, sobre o acorde de A7. Esse recurso permite a obtenção de sons agudos e graves em O Ex. 6 é um ótimo exercício para aprimoramento de ligados. Holdsworth explora a escala de tons inteiros em um lick legato de
uma mesma frase. Em alguns casos, pode até facilitar a localização de determinadas notas. Salto de cordas contribui bastante para o movimento diagonal, com aplicação de slides. Formada por intervalos de um tom, a escala de tons inteiros contém apenas seis notas.
desenvolvimento de técnicas como palhetada híbrida, ligados, execução de arpejos, entre outras. Não apresenta três intervalos importantes: quinta justa, quarta justa e segunda menor. Portanto, tem sonoridade muito ambígua. Outra
propriedade dessa escala é que qualquer nota pode ser considerada a tônica.

Ex. 4
Ex. 6

O Ex. 5 ilustra a utilização da escala jazz maior em C. Mencionada no livro Just for the Curious, essa escala possui nove notas – as O Ex. 7 apresenta aplicação de salto de cordas e ligados. Os intervalos da frase formam uma mistura de escala pentatônica em três
notas adicionadas são b3 e b6. Como ela não contém b7, seu som é mais voltado ao maior do que ao dominante. O b6 é uma nota de notas por corda com acorde alterado F7#9. Preste atenção no momento de descer e subir pelo braço.
passagem comum sobre o acorde de Cmaj7 e o b3 adiciona um efeito bluesy.

Ex. 5 Ex. 7

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O Ex. 8 traz alongamentos que permitem grandes intervalos em uma mesma corda. Repare na sonoridade diferente. Arpejos dimi- O Ex. 11 mostra um lick formado por um arpejo de E7 híbrido. Repare na presença de uma nota outside, que proporciona uma sonori-
nutos baseiam-se na fórmula de empilhamento de terças menores. No exemplo, o arpejo é de Bb diminuto (Bb, Db, E e G), tocado em dade peculiar à frase. Observe também o cromatismo no final do exemplo. Essa sequência é bastante difícil de tocar no tempo – envolve
linha reta da casa 6 até a 15. grande independência e destreza. O tecladista Jan Hammer foi pioneiro na utilização desse tipo de arpejo pentatônico. Ele já empregava
esse recurso na década de 1970, em suas músicas de fusion.
Ex. 8
Ex. 11

O Ex. 9 traz uma frase criada com as notas de A dórico. Foi construída com a escala pentatônica em três notas por corda. Note a
grande quantidade de ligados e a utilização de um padrão melódico invertido, que gera fluidez nos hammer-ons e pull-offs. Pratique
esse lick em um ritmo mais lento, valorizando fluência e clareza. Aumente a velocidade gradualmente.

Ex. 9

O Ex. 12 é formado por cinco notas em movimento cromático descendente. Esse padrão em andamento rápido dá a sensação de que
as notas estão caindo. É uma das concepções do maestro Nicolas Slonimsky.
Ex. 12

O Ex. 10 baseia-se na escala de tons inteiros. Observe que, com apenas um shape, pode-se cobrir o braço inteiro. Isso significa que,
por exemplo, G7 possui as mesmas notas de A7, B7, C#7, D#7 e F7.

Ex. 10

O Ex. 13 baseia-se na escala aumentada. Esse padrão recorrente produz um som intrigante. Toque o exercício em shapes e tonalida-
des variadas. Crie outras combinações. Comece devagar e aumente a velocidade conforme for adquirindo confiança e fluência.
Ex. 13

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O Ex. 15 exige um alongamento da mão da escala ainda maior do que no lick anterior. Holdsworth utilizava muito essa sonoridade
AL L A N H OL DSWO RTH de arpejo aumentado em seus solos. Escute, por exemplo, a música The Drums Were Yellow, do álbum The Sixteen Man of Tain (2000).

O Ex. 14 traz um lick que envolve grupo de cinco notas. A abertura da mão da escala abrange as casas 9 a 15. Em cada sequência, o
Ex. 15
intervalo de b3 ocorre duas vezes. A soma total resulta em um arpejo diminuto, de acordo com o empilhamento de terças menores.
Ouça também outros guitarristas adeptos do salto de cordas, como Paul Gilbert, Buckethead, Brett Garsed e Shawn Lane.

Ex. 14

O Ex. 16 apresenta um padrão de escala jazz dominante em C. É muito eficaz para improvisar sobre acordes dominantes. Como todas as es-
calas de jazz, esta contém notas adicionais que funcionam muito bem como tons de passagem ou tons alterados sobre a mudança de acordes.
Ex. 16

No Ex. 17, Holdsworth vai acrescentando tensão à medida que o lick progride. A última linha parece ser a mais tensa, aproveitando
a ambiguidade do acorde dominante implícito. A escala presente nesse exemplo é a jazz major, muito utilizada pelo guitarrista.

Ex. 17

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O Ex. 18 mostra uma frase sobre o acorde de D7(#5)(#9), também conhecido como D7alt. O termo “alt” é uma abreviação de “alte- Por mais de dois anos, Allan Holdsworth trabalhou com a Carvin/Kiesel Guitars no desenvolvimento de sua guitarra signature, cha-
rado”, já que o acorde tem sua origem na escala alterada. Se você se deparar com a cifra “alt” por aí, agora já sabe que possui 5# e 9#. mada H2. Foi lançada em 1996 e continua sendo um dos modelos mais vendidos da marca. O Ex. 19 traz a transcrição do solo de abertura
do vídeo em que Holdsworth demonstra o modelo signature Carvin HF2 Fatboy (https://www.youtube.com/watch?v=Asjr_4rwIEY).
Ex. 18
Ex. 19

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Ex. 20

O Ex. 20 mostra os acordes da música Looking Glass, que se encontra no álbum Atavachron (1986). Allan Holdsworth emprega acor-
des bem abertos, com duas notas nas cordas mais graves e duas nas mais agudas, sem nota alguma no meio. Isso proporciona um colo-
rido especial a cada acorde. Mestre dos voicings incomuns, não à toa o guitarrista lançou, em 1987, o livro Reaching for the Uncommon
Chord. Allan tende a tocar acordes de forma muito melódica, conectando-os com linhas de singles-notes e arpejos. Além disso, seus
voicings muitas vezes contêm segundas, quartas e quintas, tornando-os muito ambíguos e não facilmente discerníveis.

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