Na análise realizada, foi comparado, para o ano de 2016, o valor do IDBA de cada país
com seu correspondente PIB per capita. A conclusão deu origem a um gráfico logarítmico
que divide em diferentes velocidades os países do estudo, onde se observa que os
países com maior desenvolvimento de banda larga também têm um PIB per capita mais
elevado (gráfico 42).
8 Caribe
7 América Central
Cone Sul
6
Países Andinos
5 Zona linear OCDE
4
Zona de
3 inflexão
0
0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000
O Panamá e o Chile são os únicos países dos pertencentes ao grupo da ALC que
alcançam a zona linear; também são os dois primeiros países no ranking dessa região. O
restante dos países ficam na zona de inflexão ou exponencial. Bahamas, Trinidad e
Tobago, Venezuela e Suriname escapam dessas zonas por serem países com riqueza
média por habitante elevada, superior aos USD 15.000 (PPP), porém com um IDBA de
cerca de 4,5 pontos nos dois primeiros casos e inferior a 4 nos outros dois países.
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Quadro 29. IDBA vs. PIB per capita: conclusões de três velocidades
Caso especial
Zona exponencial Venezuela, Bahamas, Trinidad e
Tobago e Suriname
Fortalezas Fortalezas
• Políticas Públicas e Regulação em • São caracterizados por contar com
questões de TIC que fomentam o recursos naturais que
desenvolvimento da banda larga potencializam fortemente a
economia do país
Aspectos a melhorar Aspectos a melhorar
• Necessidade de potencializar os • Objetivo: Aproveitar o potencial
quatro pilares do IDBA, começando econômico proporcionado por esses
com o desenvolvimento de um recursos para promover o
marco legislativo favorável desenvolvimento da banda larga e
• Objetivo: entrar na zona de dos serviços que ela possibiliza
inflexão
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Zona de inflexão
Corresponde aos países que começam a estabelecer as bases de um mercado de
telecomunicações com o fortalecimento do marco legislativo. Não obstante, alguns
esforços ainda estão pendentes, principalmente para conseguir potencializar a implicação
das administrações públicas que são, em geral, um exemplo da adoção dos novos
serviços e tecnologias para o restante dos cidadãos. Além disso, também são os que,
juntamente com as empresas privadas, devem potencializar a implantação de
infraestruturas poderosas que tragam o apoio de novos serviços relativos a banda larga.
Para alcançar o objetivo de entrar na zona linear da curva de desenvolvimento da banda
larga, é preciso conceber uma estratégia completa em nível nacional, que possa ser
enquadrada dentro de um projeto de Plano Nacional de Banda Larga.
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Gráfico 43. Círculo virtuoso dos quatro pilares do IDBA
Melhoram os
resultados da
Políticas
públicas e Regulação
visão estratégica
estratégica
Aplicações e
Infraestruturas
capacitação
Para capturar e
incrementar a
demanda
Além disso, em muitos casos, a banda larga complementa outros objetivos do país em
termos de inclusão social, tais como igualdade de gênero, pessoas com habilidades
reduzidas, universalização da arte e da literatura ou difusão da cultura de povos
indígenas. O acesso à banda larga pode abrir canais de comunicação, intercâmbio de
conhecimento e apoio mútuo de cada um desses coletivos, oferecendo igualdade de
oportunidades educacionais e de acesso a fontes de aprendizagem, garantia da proteção
do patrimônio cultural dos povos e compartilhamento do conhecimento. De fato, em
relação aos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) das Nações Unidas, o
acesso à Internet e à banda larga é essencial: por um lado, ajuda na realização das 21
metas específicas, e, por outro, contribui para a realização e o compartilhamento das
estatísticas que possibilitam a medição do seu cumprimento. Em particular, existe uma
meta diretamente relacionada com as novas tecnologias e os avanços que possibilitam:
“Meta 8.F. Em cooperação com o setor privado, dar acesso aos benefícios das novas
tecnologias, em especial da tecnologia da informação e das comunicações.” Nesse
sentido, as diferentes lacunas que existem, por exemplo, em termos de gênero,
identificam a diferença mais pronunciada na taxa de uso da Internet entre homens e
mulheres em países em desenvolvimento, onde se alcança 16% em comparação com 2%
do mundo desenvolvimento, e também em termos de tecnologia, ao identificar que, nos
países mais avançados, há maiores taxas de penetração de banda larga fixa que nos
países em desenvolvimento (em países da África subsaariana, por exemplo, a taxa de
penetração da banda larga fixa não chega a 1%).
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Os países devem elaborar uma visão estratégica e traduzi-la em políticas públicas
para o desenvolvimento de projetos orientados a estimular a oferta de banda larga, que,
junto com o desenvolvimento de um marco regulatório, contribuirão para promover o
investimento e a concorrência em novas infraestruturas e tecnologias. As políticas
públicas devem estabelecer uma série de diretrizes equilibradas entre o desenvolvimento
da concorrência, o fomento dos investimentos e os preços de atacado e varejo, para que,
como resultado, a demanda cresça. Na promoção da demanda dos usuários, também
devem contribuir outro tipo de iniciativas que aproximem e conectem a banda larga à
sociedade, com o objetivo de alcançar a alfabetização digital da população e das
instituições (Aplicações e Capacitação), o que exigirá novas políticas públicas e
legislativas; novos investimentos públicos e privados; novos modelos inovadores de
infraestruturas e tecnologias de telecomunicações e novas iniciativas de adoção e uso, e,
assim, desenvolver a sociedade da informação.
Para desenvolver a adoção da banda larga, são necessários dois requisitos prévios
fundamentais: conectividade e acesso a terminais. A conectividade é garantida por meio
das iniciativas de infraestrutura, sustentadas por políticas regulatórias de implantação de
redes de qualidade, e com a adoção, fixando preços acessíveis e diferenciados de acordo
com os diferentes perfis de demanda. Sendo assim, os terminais permitem utilizar a
conectividade e aproveitar todos os usos que a banda larga oferece. As políticas justas
dos impostos que são adicionados ao preço de venda dos produtos finais facilitam sua
adoção, ao não incluir impostos ou taxas injustificadas que geram uma barreira de acesso
aos serviços de banda larga por parte dos diferentes setores de uso: cidadãos, empresas
e entidades públicas.
Para estimular o uso da banda larga, são necessárias iniciativas de geração de uma
infinidade de conteúdos que criem um hábito de utilização dos serviços de TIC em todos
os âmbitos da população. Além disso, os governos devem ser um modelo a ser seguido
no uso da banda larga, mostrando os benefícios que gera nos diferentes setores da
sociedade: educação, saúde, justiça e inclusive em sua própria administração, por meio
de projetos de e-Governo.
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Para executar e coordenar o ecossistema da banda larga, é essencial contar com
modelos de governança nos quais os países sejam precursores do desenvolvimento da
sociedade da informação. Então, é necessária uma coordenação entre os diferentes
agentes envolvidos nas iniciativas e na promoção da banda larga.
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