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CAPÍTULO TRÊS

Recompensas concretas, incentivos e comemorações

No capítulo anterior, abordámos a questão da atenção, elogios e encorajamento


parentais. As recompensas concretas são outra espécie de reforço a que é possível
recorrer para motivar as crianças a aprender um comportamento particularmente difícil.
Uma recompensa concreta é algo de específico – um gosto especial, privilégios
adicionais, autocolantes, uma pequena comemoração, ou a oportunidade de passar
algum tempo com alguém especial. Estas recompensas devem ser usadas com menos
frequência do que as recompensas sociais, devendo ser reservadas para estimular as
crianças no domínio de tarefas mais complexas como, por exemplo, aprender a usar o
bacio, brincar sossegadamente com os irmãos, fazer os TPCs sem protestar, ou vestir-se
sozinho. Ao utilizar as recompensas concretas para motivar as crianças na aprendizagem
de algo de novo, é importante continuar com as recompensas sociais. Estas servem para
apoiar os pequenos passos dados no sentido de aprender uma nova habilidade ou
comportamento, enquanto as recompensas concretas são geralmente utilizadas para
reforçar o êxito num determinado objectivo.

Existem essencialmente duas maneiras de utilizar estas recompensas. A primeira é


como uma surpresa, uma recompensa espontânea, sempre que notar que o seu filho está
a portar-se como deve ser, por exemplo, partilhando os seus brinquedos ou sentado
tranquilamente no seu lugar no carro. Pode dizer, por exemplo, “Johnny, portaste-te tão
bem, ajudaste-me tanto no supermercado, que vamos fazer uma coisa muito especial.”
Esta abordagem funciona bem se o seu filho já exibir esse comportamento adequado de
forma habitual e quer incentivá-lo a adoptá-lo mais regularmente. É uma estratégia
particularmente útil para crianças em idade pré-escolar. A segunda abordagem é uma
programação antecipada acordada com o seu filho relativamente aos comportamentos
que serão recompensados de uma determinada forma. Este tipo de programa,
semelhante a um contrato, é aconselhável quando se deseja reforçar um comportamento
raro. Vejamos um exemplo concreto.

(53) A Maria estava preocupada com o facto de os seus filhos – a Ana, de sete
anos, e o Karl, de cinco – estarem sempre a bulhar por quererem os brinquedos um do
outro. O seu objectivo era reduzir as bulhas e estimular a partilha e a capacidade de os
irmãos brincarem sossegados. Para alcançar este objectivo, planeou com as duas
crianças um programa de recompensas concretas especialmente pensado para estimular
a capacidade de partilha e de brincar sem brigas. A Maria apresentou o programa
dizendo-lhes: “Nós vamos fazer um gráfico de autocolantes para vos ajudar a partilhar
os brinquedos. Vocês não gostam de partilhar e fartam-se de bulhar quando estão a
brincar juntos – e eu acabo por ficar zangada. Ora, nenhum de nós fica contente quando
isso acontece, não é? O que vai acontecer, de agora em diante, é que, desde que vocês
chegam da escola até à hora do jantar, eu vou estar a ver como é que vocês estão a
brincar. Vamos marcar 15 minutos no minuteiro da cozinha e de cada vez que tocar, se
vocês se portaram bem, se foram amigos e partilharam os brinquedos, recebem um
autocolante; depois do jantar, podem trocar os autocolantes por um prémio. Agora
vamos fazer uma lista das coisas que vocês querem ganhar.”

A lista de incentivos e privilégios especiais foi debatida, acordada e registada por


escrito – uma espécie de ementa de recompensas. Quando estava feito, a Maria
comentou: “Que grande lista que vocês fizeram! Convidar o Matthew para vir passar a
noite cá a casa, mais uma história na cama, ir ao parque com o pai, escolher os cereais
no supermercado, ir ao cinema e tirar uma coisa de um saco de surpresas. Podem
sempre acrescentar outros prémios, se quiserem trabalhar para os alcançar. Agora
vamos ver quantos autocolantes vale cada um destes prémios.” Feito este cálculo, as
crianças desenharam um gráfico que foi colocado na porta do frigorífico.

Para as crianças mais velhas, de 6 a 8 anos, é uma boa ideia elaborar uma lista
relativamente longa com itens pequenos e baratos, bem como outros um pouco mais
significativos. Na lista da Anna e do Karl, uma história de dormir suplementar poderá
valer cinco autocolantes, ir ao cinema, trinta autocolantes. A lista pode ser alterada à
medida que as crianças forem fazendo novas sugestões. As crianças não são todas iguais
no que diz respeito ao tempo que são capazes de esperar pelas recompensas. É possível
que, para as de cinco a seis anos, seja necessário efectuar diariamente a troca dos seus
autocolantes por recompensas, enquanto as mais velhas poderão provavelmente esperar
alguns dias para trocar os autocolantes ou pontos por uma recompensa. No entanto, há
variações quanto ao desenvolvimento da sua maturidade e capacidade para esperar.
Algumas com cinco anos são capazes de protelar a recompensa por uns dias, enquanto
uma de oito anos, mas mais impulsiva, vai precisar de receber o prémio diariamente. As
crianças entre os três e os quatro anos sentem-se confusas perante um sistema complexo
de troca de autocolantes por prémios. Nestas idades, um autocolante especial, uma
tatuagem ou pequeno prémio – uma história de dormir extra, um prémio do saco das
surpresas – será uma recompensa mais do que suficiente.

(54) Exemplos de recompensas concretas


Artigos pouco dispendiosos
ƒ Marcadores, tintas, lápis de cera e papel, lápis, livros de pintar
ƒ Dinheiro (de acordo com a idade)
ƒ Cromos de jogadores de futebol
ƒ Saco de surpresas com coisas baratas (um carrinho, berlindes, borrachas, gomas,
balões)
ƒ um brinquedo novo (com limite de preço)
ƒ escolher os seus cereais preferidos no supermercado
ƒ escolher uma peça de fruta
ƒ alugar um filme (assegure-se que não é violento)
ƒ um lanche especial depois da escola
ƒ uma surpresa na lancheira
ƒ peças novas para um determinado brinquedo ou para uma colecção
ƒ a bebida preferida
ƒ mais uma peça para a pista de automóveis/comboio
ƒ uma ferramenta nova para a caixa de ferramentas
ƒ um vestido novo para a boneca.

Privilégios especiais em casa


ƒ Escolher a sobremesa para o jantar
ƒ Escolher o programa de televisão ou vídeo
ƒ Usar o telefone
ƒ Vestir a roupa dos pais
ƒ Convidar um amigo para passar a noite
ƒ Pôr a mesa
ƒ Sentar-se na cadeira do pai ou da mãe ao jantar
ƒ Jogar no computador
ƒ Convidar um amigo para brincar
ƒ Brincar com plasticina
Actividades especiais fora de casa
ƒ Ir assistir ao jogo de futebol
ƒ Ir ao cinema
ƒ Andar de bicicleta no pátio da escola
ƒ Ir ao parque
ƒ Ir dormir a casa dos avós
ƒ Fazer um piquenique
ƒ Andar nas escadas rolantes 3 ou 4 vezes no centro comercial
ƒ Ir à piscina
ƒ Ir tomar o pequeno-almoço fora com o pai ou a mãe
ƒ Ir andar de cavalo
ƒ Ir ao jardim zoológico, ao museu da ciência ou ao Aquário.

Tempo especial com os pais


ƒ Dez minutos de tempo adicional de brincadeira com pai ou mãe
ƒ Fazer bolachas com pai ou mãe
ƒ Mais uma história de dormir
ƒ Planear as actividades para um dia
ƒ Ir a qualquer lado com a mãe ou o pai
ƒ Fazer um jogo com pai ou mãe
ƒ Ouvir o CD preferido com pai/mãe
ƒ Fazer um puzzle com o pai ou a mãe
ƒ Ir com o pai ou a mãe quando um deles vai ao cabeleireiro

NOTA: Não se esqueça de envolver os seus filhos na escolha dos prémios. Um truque é
seleccionar coisas que eles peçam muitas vezes para fazer, já que constituirão
certamente um bom reforço.

No exemplo acima referido, é de notar que a Maria especificou os problemas de


comportamento dos filhos e os comportamentos que eles deveriam adoptar em seu
lugar. Optou por períodos de 15 minutos porque tinha verificado que as crianças
normalmente começavam a bulhar ao fim de 20 a 30 minutos. Portanto, 15 minutos era
uma estimativa realista para eles terem êxito e poderem ganhar um autocolante.
Contudo, se ela verificava, ao fim de um dia de experiência, que eles não conseguiam
aguentar os 15 minutos sem bulhar, então encurtava o período para 10 minutos. Se, pelo
contrário, constatava que eles conseguiam sempre ganhar o autocolante em cada 15
minutos, então aumentava o tempo para 20 minutos. O objectivo é começar por
pequenos passos, objectivos realizáveis, nem demasiado fáceis, nem demasiado difíceis.
O outro aspecto relevante deste exemplo é que a Maria tentou tornar todo o programa
divertido, envolvendo os filhos na elaboração da ementa de recompensas.

É importante recordar que os programas de recompensas concretas só funcionarão


se:

ƒ escolher incentivos realmente motivadores


ƒ fizer um programa simples e aliciante
ƒ monitorizar os gráficos cuidadosamente
ƒ for persistente e aplicar as recompensas de imediato
ƒ rever o programa à medida que os comportamentos e os prémios vão mudando
ƒ estabelecer limites consistentes no que diz respeito aos comportamentos
merecedores de recompensa.

(56) Quando as crianças aprendem um comportamento novo, as recompensas


concretas podem ser gradualmente descontinuadas, passando a recorrer ao elogio
parental como meio de estimular o comportamento.

Os programas de recompensas podem parecer simples, mas há algumas ratoeiras a


evitar para serem eficazes. Nas páginas seguintes descrevem-se alguns dos problemas
mais comuns que os pais encontram ao pôr em prática estes programas e sugerem-se
abordagens eficazes para os implementar e fazer funcionar.

O estabelecimento de objectivos

Seja específico/a relativamente ao comportamento apropriado

Os programas de recompensas concretas são muitas vezes indefinidos


relativamente aos comportamentos que merecem prémios. Por exemplo, o pai do Billy
diz-lhe: “Se fores simpático para o teu irmão, dou-te uma coisa boa” e “Se te portares
bem no supermercado, recebes um prémio”. Ele refere-se a uma qualidade vaga, “ser
simpático/ portar-se bem”, mas não é claro relativamente ao comportamento específico
que, se adoptado pelo Billy, lhe vai permitir ganhar a recompensa. Se o pai ou a mãe
não for suficientemente claro relativamente aos comportamentos desejados, é provável
que os filhos não sejam bem sucedidos. É até possível que, na sua inocência, exijam
uma recompensa porque pensam que se portaram bem, apesar da discordância do
progenitor nesse ponto. O Billy poderá dizer, “Eu portei-me bem, quero um prémio!”
Na realidade, ele acha que se portou bem, porque a certa altura partilhou qualquer coisa
com o irmão e porque se esforçou por não fazer disparates. Infelizmente, a perspectiva
do pai sobre “portar-se bem” é mais rigorosa.

A primeira coisa a fazer, num programa de recompensas, é planear com clareza os


comportamentos desajustados que são graves. Com que frequência ocorrem e quais são
as condutas adequadas para essas situações? Se, como acontece com o pai do Billy,
deseja que o seu filho se saiba comportar no supermercado, poderá dizer-lhe, por
exemplo, “Se ficares quietinho ao meu lado no supermercado, sem correr de um lado
para o outro e sem gritarias, ganhas um autocolante.” Assim o comportamento
adequado é claramente explicado à criança. Este carácter específico também facilita as
coisas para os pais, na medida em que se tem uma melhor percepção sobre se se deve
conceder a recompensa.

Estabeleça etapas curtas e vá trabalhando para alcançar objectivos mais


ambiciosos

Uma das causas do fracasso de muitos programas de recompensas é o facto de os


pais terem expectativas demasiado elevadas, estabelecendo objectivos de
comportamento tão exagerados que as crianças sentem-se incapazes de alcançar a
recompensa e desistem de tentar – ou nem sequer tentam. No exemplo acima indicado,
do supermercado, se o Billy fosse uma criança de três anos, muito activo e habituado a
andar a correr pelos corredores da loja, seria irrealista esperar que ele ficasse muito
tempo quietinho ao lado do pai. Logo, um programa de recompensas que estabelecesse
ganhar um autocolante por ficar sossegado ao lado do pai durante quarenta e cinco
minutos estava condenado ao fracasso.

(57) Um bom programa de recompensas incorpora os pequenos passos necessários


para a criança atingir um determinado objectivo. Em primeiro lugar, observe com que
frequência ocorrem os comportamentos incorrectos durante um período de vários dias.
Com estes dados poderá estabelecer as etapas adequadas para cada criança. Se verificar
que a sua filha consegue, por vezes, percorrer um corredor do supermercado sem correr
ou gritar, será esta a primeira etapa a reforçar. O programa implicaria dar-lhe um
autocolante após ela percorrer sossegadamente cada corredor. (Será talvez proveitoso
começar por fazer algumas idas ao supermercado “para treinar”, nas quais não vai tentar
fazer as compras todas da semana. Desta forma, reduz-se ao mínimo o tempo no
supermercado – 5 a 10 minutos – e vai evitar o stress de tentar fazer duas coisas
importantes ao mesmo tempo: fazer as compras da semana e ensinar a sua filha a portar-
se melhor). Esta abordagem vai permitir que a sua filha tenha bem mais hipóteses de
êxito e de ganhar alguns autocolantes. A partir do momento em que ela já consiga
percorrer vários corredores sem problema, poderá fazer a recompensa depender de ela
conseguir percorrer dois corredores sossegada, e gradualmente será possível aumentar o
seu tempo de compras no supermercado. Lembre-se que a ideia é planear um programa
de treino e progresso em pequenos passos até atingir o objectivo desejado.

Programe um faseamento adequado das etapas

O problema contrário acontece quando os pais facilitam as etapas. Neste caso, as


crianças não se sentem motivadas a trabalhar para a recompensa ou desvalorizam-na
porque a conseguem tantas vezes. Na verdade isto raramente acontece no início, porque
os pais tendem a estabelecer etapas demasiado ambiciosas. Pode, no entanto, tornar-se
um problema com a continuação do programa. Por exemplo, ao fim de algumas
semanas a criança de três anos acima referida vai conseguir ganhar sistematicamente um
autocolante em cada corredor do supermercado. A menos que o pai aumente os desafios
do programa, exigindo que a criança percorra três corredores para poder ganhar um
autocolante, estes autocolantes vão perder o seu potencial de reforço.

Uma boa táctica, quando as crianças estão a aprender um novo comportamento, é


tornar bastante fácil ganhar o autocolante. Elas precisam destes êxitos repetidos, no
início, para dar valor às recompensas e à aprovação dos pais, assim como para constatar
que são capazes de aprender esses comportamentos que os pais desejam. As
recompensas são então gradualmente espaçadas, até deixarem de ser necessárias.
Eventualmente, a aprovação parental será suficiente para manter a conduta. Todavia,
recomenda-se alguma cautela. Por vezes, os pais, confiantes no êxito do seu programa,
progridem demasiado depressa, levando a que, frustrados pela sua incapacidade de
corresponder, os filhos regridam. Uma monitorização constante do faseamento
adequado das etapas é um dos factores essenciais para o êxito de um programa de
recompensas concretas.

(58) Seleccione cuidadosamente o número de comportamentos

Às vezes, os programas falham porque se propõem lidar simultaneamente com um


número exagerado de comportamentos negativos e difíceis. Nós observámos casos de
pais muito empenhados que se lançam em programas que implicam receber
autocolantes por cumprir as instruções dos pais, não bulhar com os irmãos ou outras
crianças, ir para a cama sem fazer fitas e estar vestido e pronto a horas, de manhã.
Programas deste género são demasiado complexos. A pressão para obter êxito em
diversos sectores da sua vida pode ser esmagadora pelas crianças, levando-as assim a
desistir mesmo antes de começar. Um outro inconveniente desta abordagem é que
requer por parte dos pais uma monitorização constante e diária. O simples facto de
verificar se a criança cumpre os requisitos parentais durante um dia requer um enorme
esforço, porque se trata de situações frequentes. Tome nota: se da sua parte não for
realisticamente possível monitorizar o comportamento do seu filho e fazê-lo sentir as
consequências, por mais bem pensado que o programa seja, vai inevitavelmente falhar.

Há três coisas, no essencial, a considerar, quanto à decisão sobre o número de


comportamentos a tentar ensinar em simultâneo a uma criança: a frequência de cada
comportamento, o nível de desenvolvimento do seu filho, e o que é realista esperar da
sua parte. No que diz respeito à frequência, lembre-se que comportamentos como
desobedecer, choramingar, arreliar ou discutir são muito frequentes, pelo que vão exigir
muita supervisão parental – e realisticamente tal significa que, da sua parte, não vai
haver possibilidade de se concentrar em mais do que um comportamento deste tipo de
cada vez. (59) Por outro lado, vestir, lavar os dentes ou pôr o cinto de segurança no
carro são comportamentos com uma ocorrência diária menos frequente, pelo que se
podem incluir no gráfico três ou quatro deste tipo ao mesmo tempo.

O segundo aspecto importante a reter é o estádio de desenvolvimento do seu


filho. As crianças pequenas precisam de programas compreensíveis que se concentrem
em um ou dois comportamentos simples de cada vez. Aprender a cumprir as regras dos
pais ou ficar na cama à noite são metas de desenvolvimento de vulto para uma criança
pequena. Contudo, à medida que vão crescendo (em idade escolar e adolescentes), os
programas de recompensas concretas podem tornar-se mais complexos porque elas
compreendem e memorizam-nos melhor. Também por outro lado os comportamentos
problemáticos são menos frequentes nestas idades e mais fáceis de monitorizar. Para
uma criança em idade escolar, portanto, não seria irrealista estabelecer um programa
que incluísse autocolantes por lavar os dentes, pendurar as roupas no armário, fazer o
trabalho de casa e ajudar a lavar a louça.

Avaliar o que lhe é realisticamente possível, a si, fazer em termos de


monitorização dos comportamentos, é o terceiro factor ao decidir quais os
comportamentos em que se vai concentrar. Mesmo que não esteja empregada, uma mãe
de várias crianças em idade pré-escolar terá dificuldade em monitorizar o cumprimento
das regras por parte dos filhos ao longo do dia. Poderá, portanto, escolher uma
determinada hora do dia para dar atenção aos comportamentos-problema. Por exemplo,
duas horas ao fim da tarde, quando o bebé está a dormir, ou de manhã, quando o mais
velho está no jardim infantil, serão eventualmente boas opções. Por outro lado, é
possível que um pai ou mãe que sai de casa cheio/a de pressa para ir para o trabalho, de
manhã, e regressa exausto/a, ao fim da tarde, tenha forças apenas para monitorizar
comportamentos-problema durante uma meia hora, de manhã.

Concentre-se nos comportamentos positivos

Um outro problema resulta de só dar atenção aos comportamentos negativos. Os


pais identificam um determinado comportamento negativo que desejam eliminar – por
exemplo, brigas. O seu programa descreve as recompensas que os filhos receberão se
conseguirem estar uma hora sem bulhar. Até aí, tudo bem; só que o programa não vai
suficientemente longe, porque embora mostre claramente às crianças o que não devem
fazer, não descreve nem recompensa o comportamento apropriado a adoptar em seu
lugar. Desta forma, o comportamento inadequado recebe mais atenção parental do que o
comportamento correcto.

É importante identificar os comportamentos positivos que devem ser adoptados


em vez dos negativos, e incluí-los no programa de recompensas concretas. Deve
recompensar-se as crianças quando partilham coisas ou quando estão sossegadas a
brincar umas com as outras, (60) assim como quando passam 15 minutos sem bulhar
com os irmãos. É fundamental que os comportamentos positivos sejam ilustrados tão
claramente como os comportamentos que se deseja erradicar.

A escolha das recompensas

Depois de seleccionar os comportamentos que deseja incentivar ou desencorajar e


de estabelecer as etapas em que o processo se vai desenrolar, o passo seguinte é escolher
as recompensas concretas, com a ajuda do seu filho.

Opte por recompensas pouco dispendiosas

É difícil de acreditar, mas conhecemos programas de recompensas que quase


levaram os seus autores à falência. Todas as crianças desejam incluir coisas
dispendiosas na lista, tais como uma bicicleta ou uma ida à Eurodisney. Alguns pais
podem eventualmente ceder, ou porque acreditam que os filhos nunca vão conseguir
reunir o número de pontos suficientes para os receber, ou porque se sentem culpados e
gostariam de poder dar-lhes essas coisas. Outros, ainda, incluem coisas dispendiosas
porque têm dificuldade em impor limites aos filhos. Mesmo que os motivos sejam bons,
a inclusão de recompensas onerosas é destrutivo para o programa. Frequentemente as
crianças acabam por ganhar o número de pontos ou autocolantes necessário e os pais
vêem-se numa situação desconfortável: ou não têm posses para arranjar a recompensa,
ou dão-na, mas contra-vontade. Neste caso, as crianças recebem uma mensagem
contraditória sobre a satisfação dos pais por terem atingido os objectivos, o que corrói o
sentido de um programa de recompensas e destrói a credibilidade dos pais relativamente
a esforços futuros para promover comportamentos positivos. Mesmo no caso de
famílias abastadas, que podem sustentar recompensas mais dispendiosas, o recurso
exclusivo a este tipo de prémio encoraja as crianças a esperar grandes recompensas
pelos seus êxitos. A ênfase é colocada na magnitude da recompensa, e não tanto na
satisfação e no orgulho que tanto os pais como a criança sentem com o êxito obtido.

De um modo geral é boa ideia limitar o custo de todo e qualquer item da lista a
menos de um euro, consoante os rendimentos da sua família. As crianças podem ser
informadas logo de início. Elas vão pedir coisas mais caras e tentar forçar as regras
relativamente a isto, mas em geral coisas de pouco valor funcionam melhor como
reforço. Normalmente, as crianças mais pequenas apreciam ganhar mais tempo com os
pais, como por exemplo mais uns minutos de histórias, ir passear ao parque ou jogar à
bola. Pequenos gostos no campo da alimentação, como por exemplo passas, chocolate,
escolher os cereais de pequeno-almoço preferidos, ou escolher a sobremesa para o jantar
também são apelativas. Os mais velhos preferem dinheiro e privilégios especiais como
mais tempo para ver televisão, convidar um amigo para passar a noite, usar o telefone,
plantar flores, etc. Lembre-se que num programa deste tipo é mais fácil aumentar as
recompensas do que diminui-las.

Programe as recompensas diárias e semanais

Por vezes os pais não se limitam a propor recompensas demasiado grandes e


onerosas; prolongam também em demasia o período de tempo até que os filhos possam
ganhá-las. Suponhamos que o pai do Tom lhe diz “Quando tiveres 400 autocolantes,
dou-te uma bicicleta”, ou “Com 100 pontos podes ir ao futebol”. Consoante o número
de autocolantes ou pontos que podem ser ganhos por dia, o Tom vai levar cerca de um
mês ou mais até obter esta recompensa. A maior parte das crianças entre os 3 e os 4
anos vai desistir se não receber uma recompensa diariamente. Quanto aos mais velhos
(entre os 6 e os 8 anos), é aconselhável que consigam ganhar qualquer coisa
semanalmente.

Para dar um valor realista às recompensas, em primeiro lugar calcule quantos


autocolantes, pontos ou créditos poderiam ser ganhos num só dia se o seu filho
cumprisse o programa a 100 por cento. Por exemplo, se o Tom, com 7 anos, ganhasse
os autocolantes por lavar os dentes (dois, pelas duas lavagens diárias), pôr o cinto de
segurança (duas viagens de carro por dia), brincar sozinho entre as 17 e as 17.30 (um
por dia) e ir para a cama assim que lhe fosse pedido (um), então ele conseguiria obter
um total de 6 autocolantes. A lista de reforços deveria, portanto, incluir pequenas coisas
com o valor de quatro autocolantes, para que, quando o Tom tivesse cumprido dois
terços dos comportamentos positivos num só dia, pudesse escolher alguma coisa da
lista. Seria também boa ideia incluir outros itens no valor de 4 a 25 autocolantes, para
que ele pudesse optar por esperar dois ou três dias para trocar os seus autocolantes pela
possibilidade de escolher a sobremesa, um prémio com o valor de 10 pontos. Para
chegar aos 100 pontos do jogo de basebol seria preciso esperar 16 dias, com um
comportamento diário perfeito. Se ele apenas fosse 60 por cento perfeito, levaria 25 dias
a ganhar os 100 pontos. O truque para montar um sistema eficaz de listas de reforços
não está apenas na criação de uma lista de itens apelativos para o seu filho ganhar, mas
também num preço realista para cada um deles, baseado no salário diário habitual de
pontos. Os pais que recorrem aos pontos ou autocolantes para premiar a obediência dos
filhos poderão verificar que eles chegam a alcançar 30 pontos por dia. O preço dos
items para os filhos será, portanto, mais elevado do que para uma criança que apenas
pode ganhar seis por dia.

Envolva as crianças no programa

Por vezes os pais optam por recompensas concretas mais estimulantes para eles
próprios do que para os filhos – coisas como ir comer uma piza ou ir a um concerto, que
são actividades que eles querem fazer. Um outro problema resulta de os pais exercerem
um controlo exagerado sobre o programa. Nós tivemos ocasião de ver gráficos
elaboradíssimos com fotografias e autocolantes muito bonitos escolhidos pelos pais, não
pelas crianças. Se não se lhes dá algum controlo, o programa vai provavelmente falhar.
O objectivo de um programa de recompensas concretas deveria ser ensinar os seus
filhos a assumir maior responsabilidade pelo seu próprio comportamento. Se eles
pressentirem que da sua parte não há intenção de delegar algum controlo, é muito
possível que se preparem para um confronto, e nesse caso o interesse deles deixa de ser
o prazer de cooperar e de se portarem bem e passa a ser a satisfação de ganhar uma luta
de poder, numa escalada de atenção negativa.

Procure determinar o que é mais compensador para cada um dos seus filhos. Pode
fazer isto enchendo-se de sugestões para recompensas, só para o caso de eles não terem
nenhuma sugestão inicial. Procure, no entanto, que eles avancem com as suas próprias
propostas. Poderá dizer a uma criança mais relutante, por exemplo, “Tu gostas muito de
convidar a Julia para vir brincar. Que tal se puséssemos isso na tua lista?” E não se
esqueça (63) que uma lista de reforços não tem de ficar pronta numa só conversa;
poderão continuá-la aos poucos, sempre que os seus filhos se lembrem de outras coisas
que os motivam. Se utilizar autocolantes, deixe-os ir comprá-los, e envolva-os na
realização do gráfico e na decisão relativamente ao valor em autocolantes de cada item.
Procure que as crianças tenham gosto e prazer no processo e se entusiasmem com a
perspectiva de ganhar os prémios.
A recompensa premeia o comportamento correcto

Qual é a diferença entre um suborno e uma recompensa? Veja-se o caso de um


pai, num banco, que diz à filha quando ela se põe aos berros: “Eliza, se parares de gritar,
dou-te um chocolate”, ou o pai cuja filha se levanta da cama durante a noite que lhe
promete, “Sunjay, dou-te este chocolate se prometeres ir para a cama a seguir”. Nestes
exemplos, os chocolates são subornos porque são concedidos antes do comportamento
desejado ocorrer e são despoletados por comportamentos inadequados. Os pais estão a
ensinar às filhas que, se se portarem mal, são recompensadas.

As recompensas devem ser dadas após o comportamento positivo. É importante


recordar a regra da “acção Æ consequência”. Isto é, em primeiro lugar, obtém-se o
comportamento desejado, e depois a criança recebe o prémio. No exemplo do banco, o
pai da Eliza poderia ter-lhe dito: “Eliza, se ficares quietinha ao meu lado, levo-te ao
parque a seguir”. Primeiro o pai consegue o comportamento desejado, depois dá a
recompensa. No exemplo da criança que se levanta de noite, o pai da Sunjay poderia
ter-lhe dito: “Se ficares na cama toda a noite, podes escolher um jogo para fazermos
amanhã de manhã.”

Utilize recompensas concretas para premiar as vitórias do dia-a-dia

Alguns pais optam por reservar as recompensas concretas para os êxitos especiais
dos seus filhos, tais como um 5 na escola, limpar a casa toda ou fazer uma viagem de
dois dias de carro sem protestar. Este é precisamente um exemplo de como tornar
demasiado exigentes as etapas para o objectivo final. Não só esperam demasiado tempo
para conceder as recompensas, desta forma os pais estão a reservar as recompensas para
o comportamento perfeito, o que vai transmitir aos filhos a mensagem de que os
comportamentos do quotidiano – como fazer o que lhes pedem, partilhar as coisas ou
acabar as suas tarefas – não contam.

Planeie pequenas recompensas frequentes. Por exemplo, quando os pais


pretendem fazer uma longa viagem de carro em sossego podem pensar em preparar um
saco de surpresas (lápis de cera, livros, puzzles, jogos) para abrir de 100 em 100
quilómetros, se as crianças estiveram sossegadas e não bulharam. Este tipo de
recompensas pode ajudar a satisfazer a necessidade das crianças de estímulo em longas
viagens de carro. É claro que pode planear recompensas para êxitos especiais, mas
também é aconselhável fazê-lo para os pequenos passos do caminho a percorrer, tais
como fazer os deveres de matemática, arrumar os brinquedos, partilhar as coisas, dormir
a noite toda, e ir à casa de banho. (64) Só recompensando os pequenos passos é que os
objectivos mais ambiciosos, como as boas notas, o bom comportamento ou um bom
relacionamento com os amigos serão alcançados.

Substitua as recompensas concretas por aprovação social

Os pais manifestam frequentemente reservas relativamente à utilização de


recompensas concretas. Preocupa-os que os filhos aprendam a portar-se correctamente
só com vista ao prémio, em vez de desenvolver um domínio interior. É uma
preocupação legítima, e isto pode acontecer em dois tipos de circunstâncias. A primeira
envolve o progenitor que é “viciado em autocolantes”, dando autocolantes ou pontos
por tudo o que a criança faz, mas esquecendo-se de manifestar aprovação social e
louvor. Tal pai ou mãe está essencialmente a ensinar o seu filho a funcionar em termos
de contrapartidas, mais do que pelo prazer que tanto pais como filhos sentem com os
êxitos da criança. A segunda situação dá-se quando o progenitor não projecta um
espaçamento crescente das recompensas, mantendo os comportamentos por meio da
aprovação social. Por outras palavras, as crianças não recebem a mensagem de que os
pais esperam que eles sejam eventualmente capazes de se comportar por sua própria
iniciativa, sem recompensas.

O recurso a recompensas concretas deve ser entendido como uma medida


temporária, para ajudar as crianças a aprender condutas novas e difíceis e devem vir
sempre acompanhadas de recompensas sociais. Uma vez aprendido o novo
comportamento, pode fasear o espaçamento das recompensas concretas e promover os
comportamentos com reforço social da sua parte. (65) Por exemplo, a mãe da Sonja
podia dizer: “Agora que já sabes ir fazer xixi à sanita, e ganhas montes de autocolantes,
o jogo vai ser ainda mais divertido. Agora tens de ter as cuecas sequinhas em dois dias
seguidos, para receber o autocolante.” Assim que a Sonja conseguir fazer isto durante
dois dias, o intervalo pode ser aumentado para quatro dias, e por aí adiante, até que os
autocolantes deixam de ser precisos. Nesse momento, a mãe da Sonja poderá aproveitar
par usar os autocolantes para promover um outro comportamento. Podia dizer-lhe, por
exemplo, “Lembras-te como aprendeste tão bem a fazer xixi na sanita com o jogo dos
autocolantes? Ora bem, agora vamos jogar outra vez com os autocolantes, agora para
aprenderes a vestir-te sozinha de manhã.” Desta forma, os programas de recompensas
podem ser descontinuados e retomados, depois, para treinar outros comportamentos.

Um importante aspecto do programa de recompensas é a mensagem que


acompanha a recompensa. Os pais devem mostrar de forma clara não só que se sentem
satisfeitos com o êxito obtido pela criança, mas também que reconhecem que esse êxito
se deve ao seu esforço – e não propriamente ao prémio obtido. Assim, os pais ajudam a
criança a interiorizar os seus êxitos e a orgulhar-se deles. Por exemplo, o pai do Mark
poderia dizer, “Tenho orgulho em ti por estares a aprender a ficar no teu quarto toda a
noite. Fizeste um grande esforço, deves estar orgulhoso. Estás mesmo um rapazinho
crescido!” Desta forma, o pai do Mark reconhece e elogia os esforços do filho.

Apresente listas de recompensas claras e específicas

Uma outra dificuldade bastante comum em programas de recompensas é utilizar


recompensas demasiado vagas. O Victor diz à filha: “Quando fizeres o que eu te peço, e
ganhares montes de pontos, podes comprar uma coisa que desejes. O que gostarias de
comprar?”; e a Tina responde: “O gato Garfield”. O pai responde: “Bem, talvez se possa
comprar isso ou uma outra coisa. Se tiveres muitos pontos, tratamos disso.” Neste
exemplo, o pai é muito vago relativamente à recompensa e aos pontos necessários para
lá chegar. O resultado é que a Tina não vai sentir-se muito motivada para ganhar pontos.

Os programas de recompensas eficazes são claros e específicos. Os seus filhos


devem colaborar consigo na elaboração do gráfico que inclui as recompensas acordadas
com eles e o valor de cada uma delas. (66) O gráfico/lista deve ser afixado num local
bem visível para todos. Este pode ser o seu aspecto:
Nada de bulhas – Brincar, todos juntos, e amigos

2ª 3ª 4ª 5ª 6ª Sab Dom
4.30-4.45
4.45-5.00
5.00-5.15
5.15-5.30
Total

Um autocolante é igual a brincar juntos, sem bulhas, durante 15 minutos

3 autocolantes = uma história suplementar contada pelo pai ou pela mãe


6 autocolantes = ir ao parque com o pai
3 autocolantes = escolher a sobremesa preferida
6 autocolantes = ir de bicicleta para a escola
3 autocolantes = tirar uma coisa do saco das surpresas
12 autocolantes = convidar amigo para dormir cá em casa
12 autocolantes = ir ao cinema com amigos

_____________________
Nome do pai ou da mãe

______________
Nome da criança

Este gráfico assemelha-se a um contrato. Com crianças um pouco mais velhas, talvez
valha a pena incluir a assinatura dos dois, para atestar que todos o percebem. Também é
boa ideia informá-los de que o programa será revisto após uma semana de
funcionamento, para ver se são necessárias revisões, alterações ou acrescentar novos
itens.

A lista deve ser variada

Alguns programas de recompensas apoiam-se numa lista fixa. Ou seja, os pais e


os filhos acordam um determinado elenco e não o revêem nos três meses seguintes. O
problema com esta abordagem é que é vulgar, no início, as crianças não saberem muito
bem definir os objectivos pelos quais querem trabalhar. Podem, posteriormente, pensar
em coisas mais interessantes para acrescentar.
Planeie elencos de recompensas flexíveis e variados. Encoraje os seus filhos a
incluir uma variedade de itens, tais como algum tempo consigo, privilégios especiais,
brinquedos de preço acessível, actividades fora de casa e guloseimas. É evidente que o
truque é descobrir o que será mais motivador para eles. (67) Em geral, listas variadas e
apelativas proporcionam ampla possibilidade para optar, já que os seus interesses e
estados de espírito se vão modificando de dia para dia. Além disso, é importante rever
os elencos de x em x semanas, autorizando-os a acrescentar outras coisas à lista, o que
contribuirá para os manter interessados no programa, depois de passar o apelo da
novidade.

Assegure-se que os incentivos são apropriados à idade

Para crianças dos 3 aos 5 aos, faça programas de incentivos claros, simples e
divertidos. As crianças desta idade gostam muito de coleccionar diferentes tipos de
cromos e autocolantes, ou até talvez tirar um pequeno prémio surpresa do saco. Com
crianças pequenas, não é preciso complicar as coisas, com elencos de recompensas e
sistemas de trocas para alcançar prémios mais substanciais. Receber o autocolante e o
estímulo dos pais e ver o caderno cada vez mais cheio de autocolantes é recompensa
mais do que suficiente.

A partir do momento em que começam a lidar com o conceito de números e têm a


noção dos dias, bem como da passagem do tempo (a partir dos seis anos), geralmente
gostam de participar em programas que envolvem coleccionismo e trocas de coisas. É a
idade em que começa o gosto pelas “colecções” – são os cromos de futebol ou
automóveis, os minerais, as moedas e os selos. Nesta idade pode dar-se-lhes a
oportunidade de coleccionar autocolantes que depois podem trocar por um prémio
maior.

Adopte uma postura positiva

Que fazer se, depois de todo o empenho na montagem de um programa de


recompensas, os filhos não conseguem ganhar pontos? Se isto lhe acontecer, poderá
sentir-se tentado/a a reagir com críticas ou sermões, instigando os seus filhos a
esforçarem-se mais. Infelizmente, isto não só lhes vai transmitir uma mensagem de
desencorajamento relativamente às suas capacidades (e que pode converter-se em
profecia que se auto-realiza), mas também, por outro lado, a atenção negativa e a luta de
poder daí resultante poderiam inadvertidamente reforçar o mau comportamento ou
incumprimento do programa. Por outras palavras, ganhavam mais por não fazer o
programa do que por o fazer.

Se o seu filho não consegue ganhar pontos ou autocolantes, é preferível comentar


com toda a calma: “Desta vez não conseguiste, mas tenho a certeza que na próxima vez
que tentares, vais conseguir ganhar alguns pontos.” Já que vai fazer futurologia, é
preferível mostrar expectativas positivas. Se, no entanto, o seu filho continuar a ter
dificuldade em ganhar alguns pontos, verifique se não terá delineado etapas demasiado
exigentes.

Mantenha uma clara separação entre os programas de recompensas e a disciplina

Alguns pais criam programas de recompensas concretas e depois misturam-nos


com punições. Por exemplo, uma criança recebeu autocolantes por partilhar algumas
das suas coisas para depois, porque começou a bulhar, esses pontos lhe serem retirados.
(68) Nestas circunstâncias, os autocolantes adquirem conotações negativas. Esta
abordagem pode tornar-se ainda mais problemática se a criança fica em saldo negativo.
Se a única solução é ganhar autocolantes para saldar a dívida, todos os incentivos
positivos para o comportamento correcto se esvaem. O resultado natural é que a criança
se sinta desanimada e abandone qualquer tentativa para mudar.

É importante manter a separação entre o programa de recompensas e o de


disciplina. Não retire os pontos ou recompensas ganhos como forma de punir, já que
esta prática vai minar o sentido do programa, que é dar atenção aos comportamentos
adequados. Se quiser recorrer à remoção de privilégios como técnica disciplinar,
assegure-se que os privilégios que pretende retirar (ver televisão, andar de bicicleta, por
exemplo) não constam do elenco de recompensas.

Não perca controlo do seu programa

Há diversas maneiras de perder o controlo do seu programa de recompensas. A


primeira consiste em pagar por ter “quase conseguido”, ou seja, dar prémios aos seus
filhos apesar de eles não terem ganho os pontos necessários. Isto acontece em geral
porque eles argumentam que os merecem, insistindo que fizeram tudo o que era exigido.
Infelizmente, este processo vai minar as regras do contrato, assim como a sua
autoridade. É também provável que resulte num crescente impulso, por parte dos seus
filhos, para reclamar e discutir consigo sobre se o número de pontos necessário foi ou
não atingido. Em vez de resolver um problema de comportamento, cria-se um novo.
Uma segunda dificuldade ocorre quando se deixa os autocolantes e as recompensas
espalhados pela casa, ao alcance das crianças. Um terceiro problema verifica-se quando
os pais não dão a recompensa combinada. Isto acontece quando os seus filhos se
portaram de acordo com o programa, mas não houve da sua parte atenção a esses
comportamentos, ou, eventualmente, houve um esquecimento – e não lhes deu os
autocolantes merecidos. Se as recompensas são atribuídas muito tardiamente ou de
forma inconsistente, o seu valor como reforço é mínimo.

Para serem eficazes, os programas de recompensas concretas exigem muito


trabalho por parte dos pais. Tem de tomar a resolução de monitorizar consistentemente
o comportamento dos seus filhos de forma a poder determinar se eles merecem os
autocolantes ou pontos. Quando as crianças reclamam ter partilhado alguma coisa ou ter
ido à casa de banho, só lhes deve dar os autocolantes se presenciou essas práticas. Se o
programa que está a pôr em prática com os seus filhos envolve problemas com elevada
frequência, tais como desobediência ou “nada de choros e bulhas” durante 15 minutos,
então vai ser necessário manter uma vigilância muito cerrada. As recompensas são mais
eficazes quando são concedidas imediatamente após verificação do comportamento
desejado. Por outro lado, para que estes programas funcionem, deve haver, da sua parte,
a capacidade de impor limites de forma consistente. Todas as crianças tendem a testar
os seus limites e tentam obter recompensas com menos trabalho. É natural, mas isto
significa que tem de estar preparado para este desafio, manter-se fiel ao elenco e ignorar
os argumentos, as discussões e a pedinchice (69) quando os seus filhos não tiverem os
pontos necessários. Por fim, é preciso manter as recompensas debaixo de olho. Os
prémios e os autocolantes devem estar escondidos e os pontos e autocolantes de
recompensa devem ser determinados por si, e não pelos seus filhos.

Trabalhando com os professores

Se está a lidar com um problema de comportamento que também se verifica na


sala de aula, será aconselhável coordenar os seus planos com a professora do seu filho.
Por exemplo, se o comportamento de oposição e a agressividade do seu filho também se
manifestam na escola, poderá articular com a professora um plano de incentivos para
pôr em prática em casa e na escola. A professora podia dar ao seu filho tatuagens ou
autocolantes sempre que o observasse a partilhar algo ou a ser cumpridor. Este registo é
levado para casa ao fim do dia, informando os pais do número de autocolantes que a
criança ganhou na escola. É então possível duplicar o impacto se oferecer ao seu filho
autocolantes extra no seu gráfico de casa por ter conseguido alcançar um determinado
número, anteriormente acordado, de autocolantes na escola. E prossegue com o seu
gráfico de comportamentos em casa, através do qual o seu filho ganha igualmente
autocolantes por seguir as suas indicações e partilhar. Nos casos em que as crianças se
regem por um mesmo programa de gestão de comportamentos em diferentes cenários, o
mau comportamento melhora muito mais depressa.

Em resumo...
ƒ Defina claramente o comportamento apropriado da criança.
ƒ Defina etapas curtas.
ƒ Vá aumentando o desafio gradualmente.
ƒ Não se lance em programas muito complexos – seleccione um ou dois
comportamentos, para começar.
ƒ Opte por recompensas pouco onerosas.
ƒ Proponha recompensas diárias.
ƒ Envolva a criança na escolha das recompensas.
ƒ Espero pelo comportamento correcto para dar a recompensa.
ƒ Recompense os êxitos alcançados no dia-a-dia.
ƒ Gradualmente, vá substituindo as recompensas por aprovação social.
ƒ Exponha as recompensas em linguagem clara e específica.
ƒ Proponha um elenco variado.
ƒ Mostre aos seus filhos as expectativas que deposita neles.
ƒ Não misture recompensas com punições.
ƒ Monitorize consistentemente o programa de recompensas.
ƒ Coordene o seu programa com a professora do seu filho.

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