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O PROFETA JEREMIAS!

HISTÓRIA E ANÁLISE

DR. HARTMUT W. ZIEGLER

SEMINÁRIO TEOLÓGICO SERTANEJO DE


SOUSA DA JUVEP
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O profeta Jeremias!

História e análise

A história contemporânea do profeta Jeremias

1. Os acontecimentos históricos na Ásia em geral

650 a.C. – O império assírio no auge do seu poder


626 a.C. – Os Caldeus (Babilônia) se opõem ao império assírio.
612 a.C. – Ninive (Capital da assíria) destruída pelos Babilônios.
609 a.C. – O rei Josias de Judéia foi vencido pelos Egípcios na batalha de Meggido
605 a.C. – Egito vencido por Nabucodonozor (Babilônia). Toda Ásia sob o poder da Babilônia.

2. A história de Judá

Os reis durante o tempo ativo de Jeremias:


1. Josias (640-609) representava um pequeno tempo da velha Glória de Israel.
621 – A reforma de Josias em duas fases:
a. Fim do culto a ídolos (destruição dos ídolos assírios).
b. Reconstrução dos altares de Deus. Os santuários no país inteiro são
desmontados. A vida religiosa se concentra em Jerusalém.
2. Joacaz (três meses de governo).
3. Joaquim (608-598) Se submete à autoridade de Nabucodonozor.
4. Jeoaquim (três meses de governo). Nesse tempo aconteceu um ataque da Babilônia e a primeira
deportação da alta sociedade de Judá para Babilônia, inclusive do rei.
5. Zedequias (597-587) foi Governador e não rei.
Nessa época Judá se tornou propriedade da Babilônia.
587 - conquista de Jerusalém e segunda deportação.

3. A vida de Jeremias

650 a.C. – Nascimento de Jeremias. Família de sacerdotes da cidade de Anatot. O nome significa:
“Deus é sublime”!
627 a.C. - Convocado para ser profeta de Deus.
609 a.C. – Sermão do templo (Cap. 7 + 26)
605 a.C. – Jeremias dita seus sermões a Baruque. O rei queima o rolo e Jeremias dita de novo.
599/98 a.C. – Jeremias escreveu uma carta aos deportados (Cap. 29). Depois da conquista de
Jerusalém pelos Babilônios Jeremias continua na cidade até que foi seqüestrado por alguns Judeus
que o levaram para o Egito.

Inimigos de Jeremias:
1. Sua família 11:18
2. Seu povo que não quer ouvir 44:15-19
3. Os sacerdotes 7:13; 26:11-12
4. Os profetas “bons” 28
5. O rei Joaquim e os conselheiros de Zedequias

Amigos de Jeremias:
1. Baruque - aluno e amigo 36; 45:5
2. Ebede-Meleque 38:7
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3. Safã 26:24
A mensagem de Jeremias

1. A soberania de Deus
Jeremias conheceu o Senhor como o Deus soberano do universo. Deus dominou Jeremias 20:7.
Deus o venceu e foi vitorioso na vida do profeta. Jeremias sabia que ele é o servo e jamais teria
outra posição diante do Senhor. O profeta não pode discutir com Deus 12:1.
Também a história da convocação (Cap. 1) para o ministério mostra que Deus foi forte demais para
Jeremias e o venceu. Deus quebrou a resistência do profeta. Os argumentos do profeta não valiam.
Deus exigiu obediência absoluta do profeta. O profeta precisava se entregar.
Mesmo na hora da tentação, na hora escura, não existe outro caminho do que entregar-se a Deus
incondicionalmente. Deus assume toda a responsabilidade e todos os riscos 20:11 sobre a vida do
profeta.
Jeremias proclama a soberania de Deus. Deus é o Senhor dos senhores e governa sobre todo o
universo. Até Nabucodonozor (Daniel 4) é “servo” e ferramenta de Deus que executa a sentença do
Deus soberano.
Jeremias não proclama um Deus formado por idéias, desejos e visões de homens. O Deus de
Jeremias é o Senhor de todos os homens e povos. Todos precisam servi-lo. Jahwe é o Deus que até,
por um tempo, entrega o poder sobre o seu povo a um rei pagão. Nabucodonozor cumpriu os planos
de Deus sem saber deste fato. É por isso que Jeremias sempre aconselha a rendição de Judá, mesmo
durante o sitio de Jerusalém. Assim se tornou suspeito de sabotagem 38:1-20.
Mesmo depois que Zedequias interrogou o profeta em particular, não tinha outra mensagem: Se
entregam nas mãos de Nabucodonozor, essa é a vontade de Deus. Isto não significa que Jeremias
tomou o lado da Babilônia. Jeremias deixou claro que a salvação esta naquilo que Deus tem
planejado. Nabucodonozor é quem realiza a vontade de Deus. Se render a ele é igual a capitulação
diante de Deus e é o reconhecimento da justiça de Deus 42; 43:10.
Para Jeremias, até os acontecimentos na natureza acontecem sob a permissão de Deus 3:3; 14:22.
Deus sempre é o soberano.
Jeremias igualmente testemunha a grandeza da graça de Deus. Diante da graça de Deus os caminhos
errados de Israel são colocados a luz do mundo 2:1s. Israel é o povo que rejeitou o amor de Deus. E,
finalmente a graça atuante de Deus conquista o povo e o dirige a salvação. Jahwe estabelece uma
nova aliança com o seu povo 32:40. Deus grava a sua vontade no coração do povo, das pessoas.
A mensagem de Jeremias é que os homens precisam se render a Deus e se entregar a Ele que age
diferente do que imaginamos (Deus sempre é diferente).

2. O significado central da Palavra de Deus em Jeremias


“Ó terra, terra, terra! Escute (a palavra do) o que o Eterno disse”, 22:29, é o centro da
mensagem de Jeremias. “A Palavra sempre é atual, isto é, sempre atacando e pegando” (H.W.Wolf).
A Palavra de Jahwe acertou o profeta (como uma flecha) ele não conseguiu fugir e escapar daquilo
que Deus tem planejado para ele.
20:9-10. Até zombaram dele, mas nem por isso conseguiu ignorar a Palavra. A Palavra é como um
fogo que queima o coração de Jeremias. E no meio da tentação se torna alimento e alegria 15:16. A
Palavra de Deus como palavra proclamada se tornou um fogo ou um martelo que destrói rochas. A
Palavra de Deus é ferramenta da destruição e da edificação 1:10. A palavra sempre atua e é
carregada (cheia) de poder criador Sl. 33:4ss.
Deus mesmo coloca a sua Palavra na boca do profeta 1:9. Mas, o profeta nunca se torna dono da
Palavra e jamais a domina. É Deus mesmo quem cuida da sua Palavra 1:12.
A partir desta realidade precisamos entender a luta entre Palavra de Deus e palavra de homens no
livro de Jeremias. Os falsos profetas são tagarelas que proclamam a sua própria palavra. Eles são
profetas nacionalistas que proclamam apenas a salvação (que não é salvação) e falam o que o povo
gosta de ouvir.
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Capítulo 28 nos mostra a dureza desta luta. Hananias afirma que é enviado de Deus e Jeremias faz o
mesmo. Quem fala a verdade? Como a verdadeira Palavra de Deus se revela?
Os profetas nacionalistas esquentam a situação da política nacional e levam o povo a ter
expectativas falsas. (Talvez se baseiam na mensagem de Isaías 7:6-7 e Sl 46:5 – o Sião prevalece!).
Os falsos profetas referem-se a sonhos e inspirações pessoais e correm o perigo da auto-enganação
e enganam o povo.
A vida deles também não corresponde com a Palavra que proclamam. Esses profetas queriam
agradar especialmente aos governantes, por isso pregaram somente a salvação, e com isso perderam
a razão, pois Deus também é justo e castiga os pecadores. Jamais os desejos do povo ou dos
governantes podem se tornar base para a proclamação da Palavra de Deus. O profeta de Deus pode
tanto proclamar o juízo como também a salvação.
Jeremias se tornou um profeta extremamente inseguro e frágil na sua posição, pois não tinha
nenhuma prova da veracidade da sua mensagem. “Deus, neste tempo, não era um Deus perto do
povo, e sim era um Deus distante, e por isso não existia alguma norma (ou regra chave que mostra
que essa é a mensagem de Deus – Moisés o rosto brilhante) para a mensagem do profeta” disse
(Werner von Rad).
Jeremias lembra de outros profetas que proclamaram a desgraça e disse que um profeta com a
mensagem da desgraça não se alegra naquilo que prega e não tem a mínima chance de ganhar o
povo para o seu lado.
Em 28 Jeremias alerta o povo sobre a falsa segurança que os profetas nacionalistas pregam.
Jeremias queria que o povo percebesse que esses profetas não tinham o respaldo de Deus para a sua
mensagem. É por isso sempre voltou a falar sobre a orientação que veio de Deus e dirigiu a atenção
do povo para a Palavra de Deus e a revelação que ele, Jeremias, recebeu de Deus. Jeremias não
dispõem sobre a Palavra de Deus e sim espera até que ela se revele a ele. E não existe prova da
veracidade desta mensagem, apenas muito tempo depois o povo saberá a verdade.
A história mostra quem é o verdadeiro profeta de Deus!

O mesmo fato podemos ver na vida de Jesus (Ev. de João). Os Judeus falaram: “Você tem o diabo”.
Jesus: “O Pai me enviou”. Apenas no final da história do mundo tudo mundo vai saber quem estava
certo.

3. O chamado para a conversão


Deus alertou o seu povo quando ao juízo. A mensagem de Jeremias foi mensagem de juízo, mas no
ato da proclamação desta mensagem, ouvimos também o chamado para a conversão embutido nela.
Enquanto a mensagem é pregada há esperança! A luta de Jeremias foi contra o falso culto e a falsa
“segurança” (da salvação) para a qual esse culto levava. O falso culto enfatizou a fé no fato que
Israel foi o povo escolhido: O templo de Deus em Jerusalém foi (para eles) a garantia da existência
eterna do povo 7:7. Enquanto o templo se encontra ali, somos o povo de Deus! Deus se tornou
ferramenta do povo. Na percepção deles foi Deus que precisava do povo para confirmar a sua
própria existência. O momento mais ferrenho da luta, lemos em Capítulo 7 no famoso sermão no
templo. Jeremias foi um profeta público. As ações demonstrativas de Jeremias deixaram isso claro.
Israel deixou o seu Deus e se entregou ao culto de Baal. E ao lado desta religião existia o velho
culto jawista como garantia para a felicidade e a salvação do povo. (Igreja e cultura sertaneja; igreja
e catolicismo; igreja e macumba ....). O que importava era o templo, se o povo fosse para lá
procurando a orientação de Deus, que na vida, no dia a dia desprezava, tudo estava bem. Jeremias -
Deus vai destruir esta falsa segurança.
Jeremias revelou uma teologia diferente daquela dos profetas falsos. Ele contrariava a imagem que
os falsos profetas tinham de Deus. Jeremias mostrou que Deus é o Senhor do mundo, livre de
qualquer obrigação, não preso a um determinado povo.
Significante nesse ponto é o perícope do oleiro 18:1ss. Deus pode mudar seus planos. Até do juízo
ele pode se arrepender. Deus se encontra livre e dirige a história como Ele quer. Por isso Jeremias
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chama ao arrependimento e pode esperar arrependimento mesmo que o juízo já foi proclamado
(veja Jonas em Ninive).
A Palavra de Deus revela a profunda desobediência do povo. E essa mesma Palavra pode renovar o
povo. Os homens por si só são incapazes para a obediência 35:13-14. Deus chama seu povo em vão
para a obediência. Até os pagãos 35:14 obedecem seus líderes, mas o povo de Deus não obedece.
A desobediência se concretiza na falta de uma ética social (também hoje em 2008)7:3ss.
Transformação só vem pela Palavra de Deus. A mais profunda descoberta do profeta é que o homem
em si não é capaz de obedecer a Deus 8:4-6; 5:7; 13:23. O pecado se tornou como uma pele que
envolve o povo completamente. Assim é tirado do povo até a vontade de poder querer retornar para
Deus.

4. A proclamação da salvação
O povo é incapaz para obedecer a Deus, mas Deus não deixa o seu povo. A mensagem da salvação
de Jeremias é diferente da mensagem dos seus colegas 29. Ele rejeita qualquer entusiasmo. A
salvação esta no reconhecimento das ações de Deus 32:15. Deus vai levar o seu povo para casa.
Mas, no caminho para casa passam pelo juízo. Salvação não significa que tudo se torna como era
antes do abandono do culto a Deus. Entre o velho e o novo tem uma rachadura, um abismo, tudo
mudou. Nesse contexto Jeremias proclama uma nova aliança. A velha aliança foi quebrada. Judá
não tem mais aliança 31:31-32 com Deus.
A velha aliança do Sinai deu a Israel a revelação da lei de Deus. O povo ficou sabendo que foi
escolhido e separado para Deus. Mas, Israel quebrou a velha aliança. Jahwe vai renovar essa
aliança, ele vai gravar sua vontade no coração do povo e assim o povo vai fazer apenas a vontade de
Deus e nada mais. O homem nessa condição é nova criatura que é capaz de obedecer
completamente 32:37ss. Deus coloca seus frutos no coração deles, isto é a obediência á vontade de
Deus. Deus planta através de um ato criador a sua vontade dentro do coração do homem.
Werner von Rad vê nisso o futuro derramamento do Espírito Santo. A palavra Espírito Santo não
esta sendo usado, mas é óbvio que o assunto é mencionado.
O arrependimento é obra de Deus. Por força própria o povo não pode restaurar o seu
relacionamento com Deus. O arrependimento vem da proclamação da salvação 24:7. O povo deve
reconhecer e aceitar com gratidão o que Deus fez. Deus mesmo quer transformar o coração das
pessoas. O povo vive da misericórdia de Deus. A graça de Deus é tudo. Deus perdoa a seu povo e
estabelece um novo começo. Tudo que o Jeremias profetizou se cumpriu finalmente em Jesus!

Aspectos históricos da época de Jeremias (detalhados):

História geral:
Relembramos
655 Assíria ainda se encontra no poder
663 a cidade de Teba (capital do Egito) foi conquistado pelo imperador Assurbanipal
663 a partir desta época Egito cresce em poder
626 os Caldeus (Babilônia) se desfazem do poder da Assíria
612 Ninive foi destruído pelos Babilônios
609 Batalha de Meggido – Josias morreu
605 Batalha de Carquemis – Faraó Neco vencido por Nabucodonozor
587 Queda de Jerusalém
604-562 Nabucodonozor na Babilônia

Por volta de 650, a Assíria ainda se encontrou no auge do seu poder e 663 conquistou a capital de
Egito (Teba). Depois da morte de Assurbanipal o Egito se retirou do poder da Assíria e voltou a
lutar pelo poder, pela predominância na Ásia.
Igualmente a Babilônia procurou se livrar da mão da Assíria. O grande império da Assíria começou
a cair aos pedaços.
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612 a Babilônia conquistou Ninive e com isso acabou o império da Assíria.


No Egito governou deste 609 o faraó Neco ou Necão. Ele queria reconquistar o antigo poder e a
glória do Egito. Ele atacou a Babilônia na Síria e Palestina por diversos motivos:
1. Ele queria ajudar a Assíria de se levantar outra vez.
2. Ele queria uma parte do despojo.
3. Ele queria receber a Palestina e a Síria.
O rei Josias de Israel queria evitar que o Egito tenha influência e poder nessa região e travou a
batalha de Meggido contra Egito onde ele morreu. Necão acorrentou o filho de Josias (Joacaz) e
tornou o outro filho Jeoaquim (antes chamado Eliaquim) rei de Israel. O faraó mudou o nome para
mostrar que Jeoaquim foi escravo de Egito.
605 Nabucodonozor venceu o faraó Necão em Carquemis e assim a Babilônia se tornou o
dominador absoluto na Ásia. Também Judá tinha de se entregar a Babilônia.
Em seguida aconteceu que a Babilônia “visitou” 3 vezes a Judéia para mostrar quem era que
mandava. Joaquim procurou diminuir o poder de Nabucodonozor e por isso foi em 597 exilado com
os nobres de Jerusalém. No ano 587 Jerusalém foi destruído e iniciou se o cativeiro babilônico.

A história de Judá:
722 Samaria a capital do reino do norte (Israel) foi destruída pelos assírios. O reino do sul (Judá)
conseguiu sobreviver. Judá conseguiu manter certa autonomia, mas tinha que pagar muitos tributos
para manter se assim. O sitio de Jerusalém pela Assíria em 701 não levou a destruição da cidade Is.
37:1ss.
696-642 Judá foi governada por Manasses e se tornou um estado escravo que tinha que pagar
tributos para a Assíria. Manasses permitiu o culto aos deuses da Assíria no templo para demonstrar
a sua submissão sob o poder do imperador. O que levou o povo a um sincretismo entre a fé jahwista
e a religião pagã. Desta maneira Manasses tornou-se o grande sedutor de Judá que levou o povo a
crer em falsos deuses 2 Re 21:1-9. Depois seguiu Amom no trono que governou apenas por um ano.
Depois dele aos 8 anos de idade Josias foi entronizado.
Na sombra da decadência do império assírio Judá conseguiu viver um pouco mais aliviado. E assim
621 Josias iniciou a sua reforma 2 Re 22ss. Ponto de partida desta reforma foi o descobrimento de
um livro da lei na ocasião de trabalhos de limpeza e manutenção no templo (possivelmente o livro
Deuteronômio). Josias percebeu na leitura do livro o abismo que tinha entre vida e culto do povo e a
vontade de Deus.

A reforma se deu em 2 fases:


1. Fim do culto aos deuses falsos.
Os ídolos da assíria foram destruídos. Politicamente percebeu-se também a procura por distância da
Assíria. A prostituição religiosa e a astrologia terminaram.
2. O altar de Jahwe foi reconstruído.
O culto foi centralizado em Jerusalém, os santuários nos montes foram eliminados. Josias eliminou
também o santuário de Betel no reino do norte e expressa assim que Israel inteiro era de Jahwe.
Na desmontagem dos santuários surgiu a questão dos sacerdotes destes santuários que perderam seu
trabalho. Dt 18:7 iguala eles aos sacerdotes do templo. Parece que 2 Re 23:9 quer dizer que essa
decisão criou algum atrito entre os sacerdotes da cidade e aqueles do interior. Assim surgiu um
sacerdócio de segunda categoria, os sacerdotes do interior que não tinham o privilégio de ofertar as
oferendas no altar. Mais tarde isso foi reorganizado e regulamentado.

A reforma de Josias não deu bem certo.


Josias foi fanático na fé e na convicção que Deus não abandonará o seu templo. E realmente
conseguiu unir o povo nessa convicção em Jerusalém. Talvez é por causa desta fé se aventurou na
batalha de Meggido. Com a sua reforma ele se tornou inimigo da Assíria e é por causa disso lutou
contra Neco do Egito que queria reerguer a Assíria. Além disso, o Egito queria subjugar debaixo do
seu poder a Síria e a Palestina com Judá no meio.
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A mensagem de Josias: A salvação vem da restauração do culto e da purificação do templo.


A mensagem de Jeremias: A salvação vem pelo arrependimento completo.

Os Últimos Dias de Judá


Em 612 a.C. a Assíria teve seu império assaltado e sua capital destruída pelos medos e babilônios.
Seu rei fugiu para Harã e resistiu ainda dois anos, com ajuda egípcia.
Diz a Crônica Babilônica: "No décimo sexto ano de Nabopolassar, no mês de ayyar, o rei da
Babilônia mobilizou suas tropas e marchou contra a Assíria (...) No mês de arahsammu os medos
vieram em auxílio do rei da Babilônia; eles uniram suas tropas e marcharam para Harã contra
Assur-ubalit, que se tinha assentado no trono da Assíria".
Em 610 a.C. o rei da Assíria é desalojado de Harã. Em 609 a.C. os assírios tentam, mais uma vez,
tomar Harã. Sem sucesso. Os egípcios foram ajudá-los. Josias, rei de Judá, procura deter as forças
egípcias em Meggido. É morto e levado para Jerusalém, com grande desolação para o povo. Josias
tentava impedir a retomada do controle egípcio sobre a sua região. E faliu. Tinha 39 anos de idade.
Seu filho Joacaz sobe ao trono em 609 a.C. quando contava 23 anos de idade. Como assírios e
egípcios nada conseguiram contra os babilônios, o faraó Necão II procurou consolidar seu poder na
Palestina.
Chama Joacaz até seu quartel-general na Síria, depõe o azarado rei e deporta-o para o Egito. Coloca
no trono de Judá o irmão de Joacaz, Joaquim, que tinha 25 anos de idade. Joacaz reinara três
meses...
Judá passou então a pagar pesado tributo ao Egito, o que durou até 605 a.C., quando o rei babilônio
Nabucodonosor derrotou as forças egípcias e desceu até a Palestina. Joaquim fez com ele um acordo
e Judá não foi destruído.
Mas não durou nada. Em 600 a.C. Nabucodonosor tentou invadir o Egito e não conseguiu. Judá
rebelou-se, acreditando na libertação. Seu erro foi fatal. Enquanto os babilônios marchavam para
Jerusalém, morreu Joaquim (talvez assassinado), em dezembro de 598 a.C. e foi substituído por seu
filho Joaquin, de 18 anos, que capitulou no dia 16 de março de 587 a.C.
O rei foi deportado para a Babilônia com a corte e toda a classe dirigente. Segundo a Crônica
Babilônica
"No sétimo ano, no mês de kismilu [18.12.598-15.1.597], o rei da Babilônia mobilizou suas tropas e
marchou para Hattu. Ele se estabeleceu na cidade de Judá e no mês de addar, no segundo dia
[16.3.597], ele tomou a cidade; aprisionou o rei e colocou outro, de sua escolha, no lugar dele, e
exigiu uma pesada renda que levou para a Babilônia".
No lugar de Joaquin os babilônios deixaram o tio, Sedecias, então com 21 anos de idade. Judá
estava mesmo arruinada. Com várias cidades destruídas, sua economia desorganizada e o melhor da
nação exilado, pouco restava ao fraco Sedecias que pudesse ser feito.
Algumas tentativas de revolta foram abafadas. Finalmente, em 588 a.C., Judá começou uma clara
rebelião contra a Babilônia, que o levou à destruição final.
Os babilônios destruíram, em 588 mesmo, as cidades fortificadas de Judá, assediando a desesperada
Jerusalém em 587 a.C., no mês de janeiro.
Na fortaleza de Laquis, situada a 45 km a sudoeste de Jerusalém, numa estrada que leva ao Egito,
foram encontrados, em 1935 e 1938, vinte e um óstraca. Testemunhos dramáticos da invasão
babilônica de 588 a.C., os óstraca [pedaços de cerâmica sobre os quais se escrevia uma mensagem]
falam do cerco, da situação crítica em que se encontram e das medidas tomadas.
Durante um breve período, o cerco de Jerusalém foi levantado: havia a esperança egípcia. Que não
se concretizou. Finalmente, em 19 de julho de 586 a.C., Jerusalém cedeu.
Sedecias fugiu na direção de Amon. Não adiantou. Foi preso e levado diante de Nabucodonosor a
Rebla, na Síria, assistiu à execução de seus filhos, foi cegado, acorrentado e levado para a
Babilônia, onde morreu.
Em agosto, o comandante da guarda de Nabucodonosor entrou em Jerusalém, incendiou tudo,
derrubou o Templo, as muralhas, levou as pessoas de maior destaque que executou em Rebla, diante
de Nabucodonosor, enquanto deportava outro grupo para a Babilônia. Calcula-se que cerca de 4.600
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homens da classe dirigente judaica tenham ido para o exílio. Somadas as mulheres e as crianças, seu
número poderia chegar a quase vinte mil pessoas. A população restante, camponesa, foi deixada no
país.
Estes dados estão em Jr 52,27-30, que documenta três deportações: a de 597 a.C., sob Joaquin; a de
586 a.C., sob Sedecias; e uma última, de 582 a.C., talvez em represália ao assassinato de Godolias.
Porque, de fato, na Judéia, os babilônios colocaram Godolias como governador. Godolias acabou
assassinado pelo nacionalista Ismael, em outubro do mesmo ano. Acabara-se Judá. A história do
povo, e sua literatura, vão continuar no exílio, que durou 48 anos. Os judaítas puderam começar o
retorno à terra só após 538 a.C., quando Ciro, o rei persa que conquistou o império babilônico,
decretou a anistia dos povos deportados.
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Análise Textual de Jeremias (Daniel John Clark)

Autoria
Autenticidade
Data
O problema da LXX

Autoria

A questão da autoria de Jeremias difere dos demais livros proféticos devido à passagem de Jeremias
36:5 "Então Jeremias chamou a Baruque, filho de Nerias; escreveu Baruque no rolo, segundo o
que ditou Jeremias, todas as palavras que a este o Senhor havia revelado."
Este rolo foi queimado pelo Rei Jeoaquim, mas foi re-escrito por Baruque sobre ditado de Jeremias
conforme o versículo 32 do mesmo capítulo.
"Tomou, pois, Jeremias o outro rolo e o deu a Baruque, filho de Nerias o escrivão, o qual escreveu
nele, ditado por Jeremias, todas as palavras do livro que Jeoaquim, rei de Judá, queimara no fogo;
e ainda se lhe acrescentaram muitas palavras semelhantes."
Portanto pela evidência interna do texto nós podemos concluir que pelo menos boa parte do texto,
deixando a questão de autenticidade para depois, teria sido escrito por Baruque sobre as ordens de
Jeremias.
Naturalmente tal conclusão não permaneceria sem ser atacado pela crítica velho-testamentária.
Alguns autores tem defendido a existência da influência de uma escola jereminiana deuteronomista
na autoria do livro.
Essa escola seria composta de seguidores e discípulos de Jeremias vivendo após a morte dele.
Alguns autores situam essa escola como estando localizada na Babilônia durante o exílio, mas para
a maioria ela localizava-se na Palestina no pós- exílio.
Uma conclusão muito mais segura a respeito da autoria do livro está em dizer que ele é de co-
autoria entre Jeremias e Baruque, esse último tendo registrado as palavras de Jeremias e registrado
eventos históricos da vida do profeta.
Provavelmente teria havido também algum trabalho editorial no livro, particularmente na ordenação
dos capítulos e no acréscimo do capítulo 52 ao livro, esse capítulo sendo basicamente a inclusão de
2 Reis 24:18 -25:30.

A Autenticidade das profecias de Jeremias

Ao abordamos a questão da autenticidade das profecias de Jeremias estamos refletindo sobre se as


profecias contidas no livro brotaram da boca de Jeremias ou se foram colocados na boca dele por
outras pessoas.
De um ponto de vista conservador esse problema não ocorre, pois se aceita a genuinidade das
profecias de Jeremias, registradas fielmente por Baruque.
Os críticos liberais-racionalistas negam essa afirmação atribuindo muito do material presente no
livro de Jeremias a outras fontes tendo sido erroneamente atribuído a ele. Basicamente essa teoria
tem duas ramificações:
1. Segundo Pfeiffer, Baruque, provavelmente depois da morte de Jeremias, teria redigido as
profecias de Jeremias e as adaptado para conformar com a sua posição deuteronomiana.
2. Segundo Bentzen, Sellin-Fohrer, e outras muitas profecias seriam produtos da escola
deuteronômica do pós-exílio. Boggio defende a atividade dessa suposta escola afirmando que eles
seriam homens piedosos, admiradores de Jeremias, levados ao refletirem sobre a mensagem desse
profeta a pensar sobre sua mensagem para a época deles. Beswick & Chapman tentam suavizar isso
afirmando que os antigos não se preocupavam tanto como nós sobre questões de autoria e não viam
problema em atribuir a uma pessoa famosa palavras que essa não disse.
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Basicamente os argumentos em favor dessa posição são os seguintes:


1. A evidência interna de Jeremias 36:32:
“Tomou, pois, Jeremias o outro rolo e o deu a Baruque, filho de Nerias, o escrivão, o qual escreveu
nele, ditado por Jeremias, todas as palavras do livro que Jeoaquim, rei de Judá, queimara no fogo;
e ainda se lhes acrescentaram muitas palavras semelhantes”.
Segundo muitos críticos essas palavras não foram escritas por Baruque e indicam a existência no
livro de palavras semelhantes às de Jeremias sem serem de sua autoria.
Todavia tal posição distorce o texto para favorecer a teoria. O sentido natural desse texto seria que
Baruque acrescentou ao texto palavras posteriores de Jeremias e as narrativas a respeito da sua vida
e as perseguições que ele sofrera.
2. Questões de estilo. Boggio afirma que existem trechos em Jeremias com conteúdo semelhante
mais adotando um estilo inapropriado para Jeremias. Tais trechos teriam sido escritos por seus
admiradores.
Tal argumento é na realidade arbitrário e esotérico. Busca definir-se qual seria o estilo de um autor
que viveu a milhares de anos e nega-se qualquer passagem que não segue a essa definição como
sendo válida. Ainda mais tal argumento é na realidade circular, pois define-se as passagens originais
de acordo com o estilo do profeta, mais só se pode justificar o estilo do profeta fazendo referência
às passagens consideradas originais.
3. Dependência de passagens de outros profetas como Isaías, Obadias e Oséias. Todavia tal
argumentação só tem valor se o crítico aceitar a demora de tais obras para atingirem a sua forma
escrita, pois uma vez que Jeremias pudesse ter esses textos em mãos ele poderia ser o autor dos
oráculos influenciados por esses profetas. Igualmente esse argumento só é válido negando qualquer
elemento sobrenatural na Bíblia, pois essas semelhanças entre os profetas poderiam originar-se da
inspiração do Espírito Santo.
4. Elementos deuteronominianos. Segundo Bentzen existem em Jeremias elementos que
demonstram uma influência do livro de Deuteronômio e, portanto seriam frutos da escola
deuteronômica. Todavia tal tese depende das seguintes suposições:
a. Falta de apoio de Jeremias à reforma "deuteronomista" de Josias, pois se Jeremias tivesse
simpatizado com essa reforma não haveria a necessidade da ação da escola deuteronômica. Como
nem os críticos liberais conseguem atingir consenso em relação à posição de Jeremias frente à
reforma a teoria de Bentzen é enfraquecida. É interessante observar a existência de críticos que
afirmam ser Jeremias o autor da "história deuteronômica" baseada no livro de Deuteronômio o que
eliminaria de completo a necessidade da escola deuteronômica.
b. Aceitação da hipótese documentária a respeito do Pentateuco. A partir de uma rejeição de tal
hipótese a existência de uma escola deuteronômica passa a ser uma impossibilidade.
Mesmo para quem aceita a hipótese documentária a tese de Bentzen causa dificuldades devido à
passagem de Jeremias 7:22:“Porque nada falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do
Egito, nem lhes ordenei cousa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios."
Sempre tem sido difícil conciliar essa passagem com as legislações de Levítico. (Para uma
explicação conservadora ver o comentário de Arrizo). Todavia se fossemos postular a existência de
editores pós-exílicos seria natural acreditar que tal passagem seria alterada para conformar com o
documento P - segundo os liberais esse documento teria surgido no exílio e passado a ter grande
influência no período pós exílico.
Se puder mostrar que Jeremias não foi alterado para conformar com o documento P, porque razão
deveríamos acreditar que ele foi alterado para conformar com o documento D?
5. A falta de ordem lógica e cronológica para as profecias. Não há no livro uma ordenação lógica
das profecias para que elas correspondam sequencialmente com eventos na vida de Jeremias.
Portanto para muitos críticos isso serve como evidência do livro de Jeremias ser uma composição
de tradições divergentes ajuntadas numa só coleção, uma mistura de oráculos genuínos de Jeremias
com outros ditos. Todavia isso não explica porque não houve uma tentativa de harmonizar o livro de
Jeremias, especialmente se existisse uma escola deuteronômica que harmonizasse o livro com a
reforma deuteronômica. Uma conclusão mais coerente seria afirmar que o livro é composto de
12

material diverso produzido por Jeremias com o mínimo de intervenção externa. Portanto a falta de
seqüência existente dentro do livro.
6. A existência de profecias cumpridas. O fato de muitas das profecias feitas por Jeremias terem
sido cumpridas leva muitos críticos, por não aceitarem o elemento sobrenatural da Bíblia a dizerem
que tais profecias aconteceram depois do evento profetizado.

Cremos que não existe evidência concreta o suficiente para acreditar-se que as profecias
atribuídas a Jeremias não teriam sido, na realidade, feitas por Ele.

Data de Composição do Livro

A posição conservadora a respeito da data da composição final do livro é bem representado por J.
Bright que defende a composição do livro no fim da vida de Jeremias no Egito. Outros
comentaristas aceitam que Baruque poderia ter terminado o livro após a morte de Jeremias. Quanto
ao capítulo 52 do livro Bright defende a sua inclusão a pedido de Jeremias enquanto Harrison aceita
que a sua inclusão poderia ter sido feita até setenta anos depois da destruição de Jerusalém. De
qualquer maneira o livro estaria na sua forma completa antes do ano 520 a.C.
Naturalmente como a posição liberal requer a existência de uma escola deuteronômica para redigir
Jeremias teólogos dessa linha tendem a colocar a data de Jeremias após o exílio, a sua forma final
sendo atingida em meados de 450-400 a.C.

Não nos convém entrar novamente nas limitações da posição liberal, apenas nos identificaremos
com a posição conservadora a respeito da composição do livro durante a vida de Jeremias ou logo
após a sua morte.

O problema da LXX

Um problema existente na análise textual do livro de Jeremias está nas diferenças existentes entre a
versão da Septuaginta e a tradição Massorética. Basicamente são três as discrepâncias existentes:
1. A versão da LXX é um oitavo mais curto do que o TM.
2. Os capítulos 46-51 do TM, contendo oráculos contra as nações, estão localizados após o capítulo
25 na LXX e encontram-se em ordem diferente nas duas versões.
3. Os versículos 33:14-26 não constam da LXX.

Para explicar essas discrepâncias 3 principais teorias existem.


1. Segundo Workman e Bentzen a LXX estaria mais próxima do texto original enquanto a
versão do TM teria sofrido mais alterações e revisões. O problema nesse caso está em explicar a
superioridade geral do texto da TM de Jeremias.
2. Segundo Bright a versão da LXX teria sido alterada pelos seus tradutores, judeus
alexandrinos, para dar um formato mais lógico às profecias e, portanto fazer o livro mais atraente
para a filosofia grega. Como exemplo dessa influência da filosofia grega ele cita a omissão das
palavras "dos exércitos" na frase "Senhor dos Exércitos." Todavia essa teoria não é suficiente para
explicar porque os tradutores teriam cortado quase 2700 palavras de Jeremias.
3. Segundo Archer Jr. teria havido duas edições do Livro de Jeremias, uma incompleta
publicada antes da sua morte e disseminada pelo Egito, outra composta por Baruque logo após a
morte de Jeremias. A primeira teria dado origem à versão da LXX e a segunda à versão do TM.
Essa tese evita os problemas das anteriores mais depende de um evento histórico cuja ocorrência
jamais seremos capaz de provar.

Devemos permanecer cautelosos ao tentarmos investigar a relação entre a LXX e o TM, pois não
temos condições de chegarmos à verdade nesse caso. A questão que surge então é se tal discrepância
seria o suficiente para duvidarmos da autenticidade das profecias de Jeremias? Para mim essa
13

resposta deve ser negativa, pois só poderíamos duvidar dessa autenticidade se tivéssemos razão para
suspeitar que há no livro atual de Jeremias material de uma data posterior e os problemas entre a
LXX e a TM não são o suficiente para sugerir isso.

Análise de textos

Jeremias 1:1-3
Esse texto traz uma pequena informação sobre a descendência de Jeremias. Seu nome é: Jahwe
exalta! Jeremias é descendente de uma família de sacerdotes de Anatote.
Em 1Re 2:20-26 o sacerdote Abiatar foi enviado para Anatote sua terra.
A família de Jeremias parece ser a descendência de Eli 1Sm 22.
11:18 e 12:6 relata a descendência do profeta. Jeremias recebeu influências da sua família, mas se
preservou a sua liberdade teológica.
As referências históricas indicam que a palavra de Jeremias foram faladas para uma determinada
situação a determinadas pessoas.
(Universalidade da mensagem da Bíblia?!)
A mensagem de Jeremias não é uma verdade independente de todos os tempos. O livro de Jeremias
então relata uma mensagem, uma proclamação, um acontecimento dentro de um determinado
espaço geográfico e histórico. Através destas informações recebemos o aviso que Deus participa na
história no meio de grandes movimentos políticos e lutas espirituais. As vezes, pode parecer
pequena a interferência de Deus na história, mas as conseqüências são douradoras.

Jeremias 1:4-10
Onde esse texto tem seu “Sitz im Leben”?

Sitz im Leben é uma expressão alemã utilizada na exegese de textos bíblicos. Traduz-se comumente
por "contexto vital". De uma forma simples, o Sitz im Leben descreve em que ocasião uma
determinada passagem da Bíblia foi escrita.

Que tipo de literatura é?


É um relatório muito pessoal, a história da vida de Jeremias, é uma biografia, é um testemunho de
vida.
O AT nos da diversos relatórios de vocações assim: Abraão, Moisés, Samuel, Gideão, Isaías, Amós,
Ezequiel ....!
Descobrimos poucas semelhanças nesses relatórios. Deus age diferente na vida de cada pessoa.
Porque será que um profeta inicia seu livro relatando a história da sua convocação? Ele precisa se
legitimar, Amós 7:10-17. Credibilidade!
Jeremias pregava a Palavra de Jahwe, é por isso que precisa se apresentar como enviado legítimo de
Deus.
O profeta recebe e tem o direito de falar do seu Deus e em nome do seu Deus.
Veja também João 8:14; 7:16 e Paulo em Atos 22; 26 e Gl 1.

Jeremias 1:4
A Palavra de Deus veio a Jeremias. Deus inicia a sua história falando Gn12:1. Deus se apresenta.
Assim começa a fé. Toda fé tem sua base na auto-revelação de Deus. A autoridade de Jeremias tem
suas raízes nessa auto-apresentação, nessas Palavras de Deus, nessa vocação. Autoridade espiritual
jamais vem de outras fontes. Jeremias não apresenta suas próprias palavras e idéias. Quando prega
ele é mensageiro de Deus e vem enviado pela autoridade máxima deste universo. Especialmente na
disputa com os profetas nacionalistas que pregam apenas salvação Jeremias precisa se legitimar.
O problema é que Jeremias não tem provas da sua autoridade, ele tem apenas a Palavra de Deus.
Essa, na verdade, sempre é a situação de qualquer testemunha de Deus.
14

No fundo não enxergamos em Jeremias nada mais do que uma pessoa que capitulou diante de Deus.
Deus venceu essa pessoa e por isso essa pessoa não pode falar o que ela quer. Alguém muito mais
poderoso se tornou Senhor do profeta. O profeta fala as palavras deste Senhor e é por isso ele tem
autoridade.
As circunstâncias mais próximas da vocação do profeta não são relatadas (do contrário de Moisés o
Isaías). A forma do encontro não importa (veja Is6), importante é o conteúdo, as palavras.
A Palavra do Senhor tem caráter criador Sl33:9, ela põem em movimento 1:7, ela transforma e cria.
Ela vira o combustível da atuação do profeta.

Jeremias 1:5
Deus escolheu e separou Jeremias há muito tempo e já decidiu sobra a sua vida antes dos tempos
humanos. A vocação de Jeremias tem sua base nos planos de Deus. É por isso a coragem do profeta
seu julgamento claro dos acontecimentos, seu amor para com a verdade – tudo isso tem suas raízes
nos planos e na decisão de Deus.
Helmut Lamparter: “Deus já tomou uma decisão sobre a vida de Jeremias, não importa se o profeta
aceita ou não aceita isso.”
Essa escolha se justifica pela soberania de Deus, igual a escolha de Israel. Deus tem um plano com
o profeta e esse plano se realiza.
“Jeremias é o profeta dos povos”, não apenas profeta de Israel. Isto é importante, pois Deus fala
através de Israel para os povos. Israel é o modelo! O Deus que cuida especialmente do povo de
Israel é o Deus do universo. A vida do profeta é encaixada, introduzida na história de Deus com o
seu povo. Mas, essa vocação não é concessão de um privilégio que exalta o profeta sobre as
pessoas, e sim é seleção para o serviço Ef 1; 1Ts 1. Por isso essa escolha deve levar a adoração e
não a vanglória humana.

Jeremias 1:6
A resistência do profeta.
Jeremias confessa sua incapacidade e sua falta de experiência (jovem demais). Ele procura resistir
contra os planos de Deus argumentando com incapacidade – desculpas e objeções. Talvez porque
em Israel a palavra dos velhos tem mais valor.
Jeremias também esta dizendo que o seu ministério é algo que ele não começou irresponsavelmente
por vontade própria. Ele deixa claro que tinha medo desta tarefa imensa, talvez medo de perder a
sua vida pessoal. Ele não queria e nem procurava este ministério, ele não se empurrou para dentro
deste serviço e não almejou este ministério.
Jeremias protestou contra os planos do Senhor e se arriscou muito. Quem somos nós para contrariar
a Deus.
Em 20:7 protesta mais uma vez contra essa subjugação da sua vida sob os planos de Deus. Jeremias
se sente enganado, forçado, violentado. Esse protesto acompanha toda a vida do profeta.
Deus deixa claro que “conheceu” o Jeremias e isso inclui os planos de Deus para a vida dele.
“Conhecer” (escolher) expressa um relacionamento íntimo e inclui o pensar e sentir e todo o ser da
pessoa.
Interessante é que Isaías se colocou a disposição de Deus Is6:8 mas, Jeremias resistiu!
No chamado de Deus não existe nenhum padrão igual para todos. Homens e mulheres com suas
personalidades diferentes são convocados e usados por Deus.

Alguém disse: Isaías é uma figura regia (real) e Jeremias uma figura humana.

Jeremias 1:7
A resistência quebrou. “Não diga ...”. Jeremias tem que ir. Deus não permite discussão e resistência.
Deus quer obediência. Calvino: “Deus ordena e nós devemos, de olhos fechados, obedecer a sua
Palavra.” Deus não precisa de nossas capacidades, ele consegue realizar seus planos e sua vontade
sem a participação de humanos. E, mais ainda, Deus cria a partir de homens e mulheres, que se
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julgam incapazes, ferramentas úteis para o serviço no Reino de Deus. Para Deus não contam as
nossas capacidades, experiências ou condições, e, sim, nada mais do que a nossa obediência. As
capacidades humanas não são importantes para Deus. Tudo depende Dele. Ele espera obediência.
(É uma mensagem para seminaristas! De todos os tempos!)

A ordem de Deus para Jeremias é uma dupla: “... vá para onde Eu o envio ... e diga o que Eu
mandar ...”. O mensageiro de Deus não se representa a si mesmo, mas seu Senhor. O profeta
depende em tudo seu Senhor e deve-lhe obediência!

Jeremias 1:8
Ao lado da ordem achamos o encorajamento e a promessa. O pano de fundo da promessa (estou
contigo) possivelmente é 2:30, 34 e a perseguição dos profetas da época de Manassés.
O que é visível nesse momento é que Jeremias ingressa num ministério bastante inseguro e
perigoso. Por isso precisa de encorajamento e consolo deste o início. Na (Bíblia RA) lemos: “vou te
livrar“ é uma expressão forte que significa “tirar do perigo” e deixa claro que Deus sabe o que nós
precisamos, o que o nosso coração precisa. Deus nos conhece!

Jeremias 1:9
Consagração: O ato de autorizar e capacitar para o ministério!
Deus toca em Jeremias e coloca a sua Palavra na boca do homem. Isto é a transmissão, passagem de
autoridade. Jeremias tem agora autoridade para falar em nome de Deus. Esse toque também é o
toque da purificação. Lábios purificados pregam a Palavra de Deus.
Isaías 6 – purificação com brasa.
Ezequiel 2:8-3:33 O rolo comido.
Calvino: ”Assim podemos ver quem é mensageiro de Deus, ele não prega a sua própria mensagem,
o que ele proclama vem de Deus!”
Mas, isso não significa que Jeremias virou uma espécie de Robô, que funciona automaticamente.
Jeremias continua homem que as vezes resiste, que se lamenta, que chora e geme.

Jeremias 1:10
Essas palavras descrevem o conteúdo do ministério de Jeremias. Deus dá poder para arrancar e
derrubar, para destruir e arrasar, para construir e plantar. Jeremias se torna um profeta que proclama
juízo e salvação, graça e desgraça. Jeremias sabe agora a maneira como a Palavra de Deus acontece
e se realiza na história. Juízo e salvação. No ministério de Jeremias o peso esta na proclamação do
juízo!

Jeremias 1:11-16
A dupla visão de Jeremias. Isaías, Amós e Obadias também tinham visões.
A visão sempre é empregada da Palavra. Otto Weber: “Visão para Jeremias é o ponto de partida para
entender a Palavra”. A Palavra que é acompanhada pela visão é o objetivo maior. A palavra que
explica a visão é o elemento importante. Visão sem palavra explicativa pode ter muitos significados.
Visões sem a palavra podem se tornar perigosas.

1. Visão:
Jeremias vê uma vara da amendoeira em outros textos é uma vara de zimbro. É uma planta que
brota cedo no ano em Israel.
Em hebraico alguns eruditos enxergam nesse texto um jogo de palavras: A vara da amendoeira
brota, pois Deus cuida que na natureza as coisas acontecem tudo conforme seus planos – assim ele
cuida também da sua Palavra. Deus cuida das plantas e cuida da Palavra dEle. Deus age através da
sua palavra. A história nos mostra que a Palavra de Deus se realiza e que ele promete acontece, pois
Ele cuida da sua Palavra. Deus não é um Deus longe ou um homem velho que já não serve mais,
mas Ele é aquele que age permanentemente na história. 23:29 destacam essa verdade. A Palavra de
Deus é poderoso e age nesse mundo, na vida de pessoas e no meio das nações.
16

2. Visão:
Jeremias vê uma panela fervendo lá no norte. Ela esta inclinada para o lado de Judá, derramando o
conteúdo para lá. A ameaça vem do norte. O norte é a região do mal, da Assíria e de outros poderes.
O exército do inimigo que vem do norte vai se derramar sobre Judá e inundar e destruir tudo. O
juízo de Deus por causa da idolatria do seu povo vai se cumprir desta maneira. Jahwe chama os
povos inimigos para cumprir a sentença e assim age na história. No fundo Deus se apresenta nesse
texto como inimigo de Judá. Nós sentimos talvez um pouco do perigo da missão de Jeremias, o seu
ministério é uma tarefa dramática.

Jeremias 1:17
Ordem de marcha para Jeremias.
“Vá inicia sua missão ...”. Para marchar precisa se preparar, amarrar o vestido na cinta. Lc
12:35;1Pe 1:13.
Jeremias ainda recebe uma palavra de encorajamento e conforto contra o medo. Não precisa ter
medo de homens porque Deus esta com ele, Deus esta no seu lado. Jeremias você não esta só, Deus
e a sua Palavra acompanham o teu ministério. Mt10:26ss dá essa mesma mensagem.
Deus não omite que haverá resistência contra o Jeremias e seu Senhor. A Bíblia nunca omite o fato
que o trabalho no Reino de Deus pode se tornar perigoso. A palavra da cruz é a palavra que provoca
reações e inimizades.
Mas, o Senhor deixa também claro que medo é falta de fé e provoca mais medo ainda!

Jeremias 1:18
“Você será como uma cidade cercada de muralhas, como um poste de ferro, como um muro de
bronze.” Através destas três imagens Deus garante ao profeta a certeza da proteção. Ninguém vai
superar o homem de Deus obediente. Deus até menciona quem são os inimigos - sacerdotes,
autoridades, reis ...!
“Estou contigo ...”, essa é a promessa que consola e fortifica.
Toda essa missão deixa clara que nenhum homem pode resolver esse caos. Apenas na dependência
de Deus tem a solução. A Bíblia não conhece heróis independentes de Deus. Os fracos, perturbados
e tentados são o material que Deus usa.

Jeremias 1:19
Nenhum ataque inimigo prevalece contra aquele que vive em obediência aos planos de Deus. Só o
orgulhoso cai nas mãos do inimigo. Aquele que luta por força própria corre perigo.
Deus afirma mais uma vez: Tudo isso é assim porque eu o digo!

Jeremias 2:1-13
Esse texto é um paradigma (modelo; norma; exemplo; padrão) da pregação de Jeremias. Esse
capítulo relata acontecimentos da época do governo do rei Josias.
Quem é o destinatário desta mensagem? O povo, os líderes espirituais do povo?
Qual é o púlpito do profeta? Ele fala no templo ou na frente do templo – o texto não responde esta
questão.
È provável que os profetas da época tinham permissão para profetizar livremente em certas ocasiões
(festas, cultos, sacrifícios).
É uma queixa, uma acusação contra o povo que o profeta proclama.
Em 2:9 Deus mesmo fala e acusa seu povo com as suas próprias palavras. Deus se queixa da quebra
da fidelidade do povo e do abandono pelo povo de Israel. O centro o cerne da mensagem temos em
2:13. Vocês deixaram a fonte da vida (o criador) veja também Is 1:3-4. Nesse comportamento o
profeta Vê a raiz de todo o pecado. O que segue o abandono já é juízo. (Veja o que Paulo diz em
Romanos1). O abandono da fonte da vida é a quebra do primeiro mandamento. Quem abandono
17

deixa de honrar e glorificar o Senhor da vida. Quem abandona não escuta mais a orientação e não
entende mais as Palavras do Senhor. Deus perde seu espaço na vida daqueles que o abandonam.
Jeremias 2:2+3
O profeta convida para rever o passado. Ele volta com as suas palavras para o passado bonito do
relacionamento entre Deus e seu povo. Na história o povo de Israel fez muitas experiências da
atuação de Deus na sua vida.
Falar do passado, da história é importante em Israel. Os grandes feitos de Deus precisam ser
mencionados e relembrados de vez enquanto. É bom ter aquilo que Deus fez em permanente
memória.
Otto Weber: “Falar de Deus é para o povo de Israel falar da história”.
Assim também fica claro que Deus dirige a história. O povo vive da história que Deus começou
com ele.
Jeremias até menciona o tempo no deserto. O tempo no deserto foi o tempo do noivado de Israel.
(também Oséias 1-3; 10-11). No deserto Israel tinha um relacionamento positivo com Deus e viveu
na dependência do Senhor, foi um verdadeiro relacionamento amoroso.
Porque Jeremias usa a imagem da nova e do noivo? Para o relacionamento de um povo com seu
Deus usou-se esta imagem entre os povos daquela época (Egito, Assíria). E muitas vezes isso
expressou um relacionamento erótico. No caso de Israel isso foi diferente. O casamento entre Israel
e Deus era um relacionamento baseando-se no direito (aliança). Jahwe ensinou e mostrou para seu
povo no deserto a fidelidade e o amor.
Calvino: “Com amor Deus entende a eleição pela graça, com a qual adquiriu o povo de Israel”. Foi
a fidelidade de Deus que segurou o povo no caminho. Jahwe sempre se lembra da fidelidade e
continua fiel. Israel já se esqueceu de tudo. Não o povo é que vive fiel a Deus, mas o povo
experimenta a fidelidade de Deus em qualquer momento da história.
O profeta sabe da infidelidade de Israel no deserto, da murmuração, das reclamações contra a
liderança de Deus. Jeremias não quer idealizar o tempo no deserto, e sim, que destacar a
misericórdia de Deus que não tem fim, quer sublinhar a fidelidade infinita do Senhor.
Calvino: “Estamos diante do trecho no qual Deus deixa claro que a sua aliança permanece firme,
mesmo que Israel a feriu através da sua infidelidade.” Deus não quer deixar seu povo, e mantém
firme seu amor para aquele povo.

Jeremias 2:3
Descreve com uma segunda imagem o relacionamento entre deus e seu povo: “... você era só meu;
era sagrado como o trigo que é colhido primeiro e oferecido a mim ...”. Israel foi como trigo
sagrado (primícias), isso tornou o povo muito especial para Deus, intocável!
O tempo no deserto é o tempo clássico de Israel. No deserto o povo de escravos foi transformado. O
tempo no deserto foi o tempo da graça, da salvação Os2:14.
João Batista também poder ser visto a partir desta verdade: A salvação vem do deserto, o messias
vem do deserto 1Co10. O deserto foi o lugar no qual Israel dependia 100% de Jahwe. Lá não tinha
desuses de fertilidade que podiam desviar o povo. H.W.Wolff: “O deserto foi a estaca zero”, 2:6
indica isso. O deserto é o lugar dos milagres de Deus no meio de um ambiente hostil. Podemos
também entender que o tempo no deserto foi o tempo de juízo e assim se tornou a passagem para a
salvação (Ez 20:5).
H.W.Wolff: “O juízo leva o povo para o tempo no deserto e sim torna condição para o
arrependimento e o novo começo do povo de Deus”. No antigo judaísmo viveu a convicção que o
tempo de graça se inicia no deserto. Por isso revolucionários de movimentos messiânicos se
retiraram para o deserto At 21:38; Mt 24:26.
Para Jesus o deserto foi o lugar da comunhão com Deus Mc 1:35; Lc 5:16; Mt 4.
Para a igreja nos tempos finais (Apocalipse) o deserto se torna o lugar do refúgio Ac 12:6+14.

Jeremias 2:4-13
O que o povo de Israel fez com o amor de Deus?
18

Mais uma vez o profeta olha para traz. Como aconteceu o abandono? Israel se afastou de Deus
como uma noiva ou um noivo que foge do seu parceiro e menospreza o amor dele. Como uma noiva
que corre atrás de amantes o povo de Israel se afasta de Deus. Israel tem “casos” que se tornaram
armadilhas. Israel se desvalorizou a si mesmo e se tornou nulo através deste comportamento. Eles
fugiram da aliança com Deus e assim perderam o espaço da justiça de Deus.
Perder o relacionamento com Deus é perder a vida.

Jeremias 2:6-7
Os antepassados não queriam saber de Deus (5). Não lembraram mais da história gloriosa de Deus
com seu povo. Jahwe cumpriu sua promessa que deu ao povo. A terra prometida é terra de Deus é
dativa de Deus. A terra prometida não é posse, propriedade apenas. É terra da presença de Deus.
Idolatria nessa terra menospreza, mancha o verdadeiro proprietário. Israel rejeita a dativa de Deus
abrindo as portas da terra para ídolos.
Calvino: “Esse texto nos ensina que quanto mais bondade Deus derrama sobre nós, tanto mais cruel
é o crime do abandono. Não existe nenhuma desculpa para essa malicia e ingratidão.”
A vida na terra prometida se torna nojenta, porque a dativa de Deus perdeu o seu valor. O valor
deste presente se baseava na presença de Deus nessa terra. Sem um relacionamento com Deus a
dativa se tornou nojento. Importante é quem dá a dativa, isso valoriza um presente. A dativa sem
relacionamento com o doador se torna coisa que pode até se tornar ídolo Ro 1:18.

Jeremias 2:8
O profeta fala para os líderes e autoridades do povo: Sacerdotes, pastores, profetas, os que lidam
com a lei, líderes políticos e espirituais.
Eles não querem saber da vontade de Deus: “... eles não querem saber de mim ...”; literalmente:
Eles não querem se lembrar de mim e não me conhecem mais, nem querem ter um relacionamento
pessoal comigo. Eles observam regras, mas não querem cultivar de um relacionamento com Deus.
Este é o caminho para o legalismo que se retira da aliança de Deus. Regras sem relacionamento e
comunhão com Deus é legalismo.
Os pastores se rebelam contra Deus, não querem mais obedecer. Rebelião esta nas suas palavras:
“Onde esta o Deus Eterno?”
Pastores são os líderes do povo, o rei também é pastor.
O acerto de Deus com os pastores, temos em 23 e Ez 34.
Os profetas são chamados sacerdotes de Baal, que correm atrás de experiências emocionais
(êxtase). Baal não é apenas o Deus estranho, e sim, representa também toda a religião jawista
misturada com elementos pagãos de Canaã. Eles se entregaram aos deuses nulos. A fé jawista pura
se encontra em constante luta contra o sincretismo. O abandono de Deus é ingratidão extrema.

Jeremias 2:10
Jeremias fala de povos estranhos que não deixam os seus deuses. Eles tem deuses falsos e são fieis
ales. Europeus (Chipre) e Árabes (Quedar) são povos que não trocam seus deuses. Mas, Israel que
conhece o único e verdadeiro Deus, troca esse por qualquer deus inexistente. Eles trocam o Deus
que libertou eles da escravidão, que se revelou a eles com o Deus criador que ajudou no momento
mais escuro. Israel troca o Deus que salva e auxilia e recebe deuses que não fazem nada.

Jeremias 2:13
A fonte é representa a água da vida. Água é vida em Israel – o sertanejo entende isso. Israel tem
acesso à água viva, mas procura por água em cisternas rachadas, água suja e contaminada. A água
viva é disponível, mas eles cavam atrás de água morta. Trabalham e se esforçam para alcançar o que
não presta.
Calvino: “Deus é a fonte de água viva e os ídolos são cisternas furadas que não seguram a água”.
19

No fundo o comportamento de Israel é incompreensível pois, cisternas contém apenas água velha
que alguém coloca e passam por períodos sem água. Mais ainda, ídolos são cisternas rachadas que
não seguram água, não seguram vida e assim levam a morte.
Jahwe é a fonte da vida. Cisternas rachadas vazam e quem depende delas acaba perdendo a vida.

Jeremias 2:14-17
O profeta retorna aos pensamentos de V3. Será que Israel é verdadeiramente livre agora? Jahwe
salvou o povo da escravidão no Egito , mas agora o povo voltou voluntariamente para a escravidão
pelos deuses falsos.
15+16: Israel se torna presa dos animais selvagens, dos leões. Esses leões destroem até que tudo
vira deserto. Pano de fundo destas observações é a destruição do reino do norte (Israel - 722) e
possivelmente os ataques vindouros dos assírios. Eles rapam as cabeças dos Israelitas, significa que
tomam tudo do povo e tornam ele escravo outra vez.
O texto interliga as palavras destruição, virar deserto e rapar as cabeças, isto é a anunciar o juízo
vindouro.
Inclusive o V16 traz os egípcios como ameaça (Mênfis e Tafines).
Quem causou essa situação terrível foi o próprio povo.

Jeremias 2:18-19
O profeta denuncia a insegurança da liderança política. Israel tenda fazer pactos com povos
vizinhos para assim se proteger dos inimigos poderosos. Assim o povo se torna dependente destes
povos. Os pactos políticos tornam Israel vulnerável e fraco. Já Is 7+31 deixa claro que esses pactos
e convênios não fazem parte dos planos de Deus. Isso porque povos como os egípcios são carne,
não são espírito. Os pactos levam Israel a escravidão que traz dor e sofrimento e não alivio.
A água do Egito ou da Assíria não matam a sede não da força para vencer. Água que não vem de
Jahwe não resolve a situação de Israel. Povos inimigos não tem água nem remédio para o povo de
Deus Os5:13.
Israel parece desesperado, se ofereça para os vizinhos como alguém sem valor. E, de fato perdeu
seu valor, pois seu valor e seu significado se perderam com o abandono da comunhão com Deus. A
procura por aliados é juízo, pois perderam o único verdadeiro aliado que amava o povo. Agora o
povo de Israel esta a mercê dos povos vizinhos. Eles são poderosos e brincam com Israel que
perdeu seu protetor por decisão própria.

Jeremias 2:20
Israel rejeitou o Senhor Deus, não quis obedecer, queria ser livre, queria decidir sobre sua vida e
andar seus próprios caminhos. Israel rejeita o presente da liberdade e da salvação.
Agora o povo se comporta como uma prostituta e obedece a desejos irracionais. Se oferece a quem
quiser ter um relacionamento com ele, mas não ao Deus da vida e da salvação. Compare Os 1-3 e
Ez 16:23.

Jeremias 2:21
Dês lembra como ele fez o melhor para Israel, tornou o povo uma parreira nobre. Deus queria
colher uvas perfeitas. A videira perfeita estragou e não presta para nada. Isso lembra do canto da
plantação de uvas em Is5.

Jeremias 2:22
É uma palavra contra o culto falsa. Nenhuma lavagem exterior limpa o coração do povo. Não existe
detergente que apaga o pecado do abandono tão fácil. Não existe justificação para aquilo que Israel
fez. Is 1:10ss lembra que cultos e sacrifícios não resolvem nada. A única cura seria um
arrependimento profundo do povo, arrependimento que acontece de coração.

Jeremias 2:23
20

Esse versículo traz informações sobre o culto ao deus Baal.


Helmut Lamparter: “Baal era uma deidade dos canaanitas cujo poder se tornou visível na fertilidade
da terra como na fertilidade dos animais e dos homens.”
Todos os povoados e todas as cidades tinham lugares onde veneraram esse deus. Rituais estranhos
ao culto jahwista foram praticadas. Prostituição ritual, sacrifício de crianças, embriaguez – foram
símbolos desta religião. Agora esses rituais se misturaram com rituais do culto jahwista. A fé em
Jahwe foi distorcida, misturado e se tornou uma fé fatalista (fatalismo - sistema filosófico que
considera os acontecimentos como irrevogavelmente preestabelecidos por uma causa única e
sobrenatural, negando o livre arbítrio). Jahwe se tornou um deus que deixa as coisas correr. Ele não
foi mais importante para as questões do dia a dia. O dia a dia foi resolvido pelo deus da fertilidade
Baal. Jahwe foi chamado apenas no caso que não tinha outra saída (28). Rituais pagãos se tornaram
parte da fé jahwista.

Jeremias 2:24-27
Oferece um desenho da avidez pela vida, o desejo de viver sem limites. O povo todo, inclusive seus
líderes, sacerdotes e pastores se encontram nessa situação, que nada mais é do que uma ilusão. Os
deuses vão ser denunciados e ser revelados com inúteis, sem poder e força. 27 – Israel vai passar
vergonha com um ladrão que foi pego. Deus vai acabar com a festa e com a embriaguez e sóbrios
vão ficar envergonhados. A veneração dos ídolos é uma distorção da verdadeira fé e da vida. Obras
da criação se tornam deuses e o homem se entrega a elas. O povo ficou cego para a realidade Ro
1:21ss.

Jeremias 2:28
O profeta ironiza. Onde estão os deuses? Deixa ver se podem ajudar? Eles não conseguem resolver
nada – não tem poder, não são nada! São muitos, mas não são ninguém!

Jeremias 2:29-37
Disputo jurídico entre Deus e seu povo.
A acusação contra o povo é forte – vocês se rebelaram contra mim! Todos se rebelaram! Ninguém
ficou fiel a Deus! A devastação pelo pecado foi completa. Não soprou nenhum crente fiel, que
buscou a comunhão com Deus. Colocação forte “todos”!
V30 se refere as guerras que Israel perdeu. Não aprenderam destas guerras. Não viram a mão de
Deus atrás destas guerras. Deus queria alertar o povo, por isso o envolveu em guerras nas quais foi
derrotado. Mas o povo não relacionou essas guerras com Deus e não aprendeu.
Em vez de aprender essa lição perseguem os profetas. 2Re 21:16; 24:4 fala da perseguição por
Manasses e 1Re 18:4,13 na época de Elias. O profeta que proclamou a mensagem que veio de Deus
se tornou uma pessoa indesejada. Os profetas perseguidos pelo povo incrédulo se tornaram mártires.
Quem veio falar em nome de Deus já foi condenado. É possível que Jeremias temesse novas
perseguições (Jr 26; 38). O fio da perseguição foi até o servo sofredor de Deus (Is 53).
V31 O povo afirma que são independentes. Ninguém manda neles – especialmente não aceitam
Deus manda neles. O povo faz o que quer e trata a Deus como alguém que queria fazer algo mal
para o povo.
V32 Israel esqueceu da glória que Deus deu para ele. É pior do que uma noiva humana sem essa
história de escravidão. Nenhuma noiva esquece a beleza das jóias e do véu, mas Israel esqueceu da
beleza do seu salvador.
V33 O povo de Deus se tornou exemplo para as prostitutas. Qualquer profissional desta área ainda
pode aprender do povo de Deus. É grave essa ironia nas palavras de Deus.
Em V34 de novo se refere as perseguições dos profetas. Deus sofre por causa do seu povo e queria
muito que se arrependesse. A dor no coração de Deus é muito grande, mas ainda chama o povo de
“meu povo”. É a dor de um amor rejeitado.
V35 mostra a impertinência na qual o povo vive. Não vê culpa no seu comportamento. O povo se
sente seguro, convicto que o povo de Deus se encontra no lado da sorte na vida. Somos o povo de
21

Deus – somos os salvos de Deus! Até a sua culpa negam. Com isso se enganam a si mesmo. Quem
não reconhece sua culpa na tem vez diante de Deus. O juiz já vem, a sentença foi anunciada, deus
castigará esse povo renitente.
V36 o povo corre atrás dos impérios poderosos e se decepcionará com eles. Israel se engana cada
vez mais. Do ruim vai para o pior.
V37 indica a vergonha daqueles que não foram aceitos. Os impérios poderosos (assíria, egíto) foram
rejeitados por Deus. Correndo atrás deles não ajuda em nada.

Conclusão de Jeremias 2
O capítulo traz as críticas de Jahwe contra seu povo:
A raiz da desgraça
- Esquecer 6+32 o povo recebeu muito de Deus, mas esqueceu do próprio Deus ...
- Abandonar 13
- Menosprezar 8
- Endurecer 35
Conseqüências do pecado
- Condenação 19
- Escravidão 14
- Devastação 15

Jeremias 3:1-5
Retornar para Deus (arrependimento).
Os versículos descrevem a verdadeira situação do povo. Jeremias volta a imagem do casamento e
do divorcio 2:16 e Oséias. A fuga do povo do seu casamento com Deus é definitiva – a legislação é
clara (Dt 24:1-4 uma mulher divorciado que tinha depois do divorcio outro homem não pode voltar
para o primeiro marido).
Verso 2 descreve a situação que levou ao divórcio. Idolatria em todos os níveis, com todos os
deuses e em todas as formas possíveis. O povo experimentou qualquer Deus e se relacionou com
todos.
Deus procurou caminhos para alertar o povo, (V3), mas o povo não entendeu as mensagens ou não
prestou atenção. Talvez nem quisessem entender os sinais, se bem que Deus até falou forte através
de sinais de juízo. O povo não retornou para seu Deus.
A fertilidade da terra depende de Jahwe. Ele é que dá vida, chuva e crescimento. O povo é “sem-
vergonha”, que sinal da dureza de coração e da indiferença. Vergonha seria um sinal, de que o povo
ainda sente algo a respeito da perdição. Mas, Israel já passou esse ponto. Quem tem vergonha sabe
que algo está errado na vida dele, o “sem-vergonha” já perdeu a noção de certo e errado. A
separação de Deus não é problema, quer dizer nem percebem a mesma.
V4+5 são expressão de uma teologia popular (brasileira, sertaneja): “Deus é o nosso pai ...” – ele
vai perdoar – todos somos filhos de Deus!
“Deus o pai de Israel” é uma confissão antiga que achamos em Is 63+64 e em Oséias. Parece que
virou algo automático na percepção do povo que o pai perdoa (veja o filme “Os altos da
compadecida”). Mas Deus não é assim, Israel não pode lidar com seu Deus deste jeito. Não pode
reivindicar a paternidade de Deus e ao mesmo tempo continuar fazendo o mal. Descobrimos nessas
palavras o que podemos ver na vida dos cristãos. Chamamos o Deus do universo de Pai, mas na
vida do dia a dia não queremos a influência deste pai!

Jeremias 3:6-13
O exemplo negativo do reino do norte (Israel) para alertar Judá.
De novo Jeremias inicia com o exemplo do adultério religioso de Israel. Os montes e as árvores são
os símbolos da idolatria. Deus tinha esperança que o povo voltaria. Deus luta pelo arrependimento
do povo: “Porém Israel não voltou para Deus ...” (livre arbítrio). Israel decepcionou o Senhor.
Jahwe não vê outra possibilidade do que realizar a sentença se divorciou do povo e mandou o
22

embora. O fim do reino do norte em 722 devia estar na memória de Judá ainda. O fim de Israel
devia ser uma alerta para Judá, mas não aprendeu nada da história. As escrituras sempre
argumentam com os acontecimentos da história. A história mostra a atuação de Deus no mundo (Jr
26; Mt 11). A culpa de Judá aumentou pelo fato de que não aprendeu da história. Judá age como
Israel agiu, por isso vai ser julgado como Israel e receber a mesma sentença.
Em V12 Jeremias recebe a incumbência de ir até o lugar onde Israel (norte) se encontra para chamá-
lo para o arrependimento outra vez. Jahwe não é o Deus inflexível, ele é misericordioso, ele
continua fiel a sua aliança. Até na sua misericórdia Deus continua o Senhor soberano. Ninguém
pode decidir a hora da misericórdia de Deus o se ele pode ser misericordioso ou não.
V13 Por isso Deus chama: “Arrependam-se (schuwu), voltam para sua pátria”. Deus não só chama
o povo de volta para a sua terra, mas também de volta para a comunhão com Ele. Deus quer um
arrependimento do coração.
Arrependimento sempre é ligado ao reconhecimento dos pecados. Arrependimento começa com o
reconhecimento da culpa. “Eu pequei contra o Senhor”!
Calvino: “Jeremias fala nesse texto para um povo que não existe mais. Como os deportados podem
ouvir esse convite para o arrependimento? Jeremias não menciona isso, talvez escreveu uma carta.
Não apenas por causa do povo de Israel Deus envia mais uma vez suas palavras para o povo
deportado, e sim, também por causa dos Judeus, aos quais é que quer mostrar sua misericórdia e sua
longanimidade. Deus queria que repensassem suas atitudes e voltassem para Ele”.

Jeremias 3:14-18
Mensagens de salvação para Israel e Judá!
Deus quer restaurar seu povo de todo o jeito. Atrás do V14 enxergamos a idéia dos “remanescentes”
(Is 10:20-23; Jr 42:2) em associada a promessa da vida no Sião. Um pequeno resto voltará – os
remanescentes. Pelo sofrimento no juízo um resto será salvo. O Sião permanece, Deus vai colocar
seu povo de volta no Sião, o povo vai morar ali com seu Deus outra vez. Mais aind Jerusalém será o
lugar pra onde os povos peregrinam Is 2:2.
Sinais desta volta para o Sião:
1. V15 Jahwe dá para o seu povo líderes conforme o coração de Deus Ez 34:1ss
Calvino: “A estabilidade de uma igreja não pode ser grande, se ela não foi liderada por pastores
fieis, que proclamam ao povo o caminho da salvação”. Ver também 1Pe 5:1ss.
2. V16 A arca da aliança não mais existirá. A arca tinha sua origem na guerra santa. Ela era símbolo
da presença de Deus. No início abrigado na tenda depois no templo foi um objeto importante do
culto a Jahwe. Suspeita-se que os Assírios roubaram a arca em 701 durante uma das suas investidas
em Israel, outros pensam que foram os Babilônios que levaram a mesma. (A arca foi achada por volta de
1940 por um americano chamado Jones (Indiana). Hoje se encontra guardada nos depósitos da CIA nos EUA.)
A questão é por que Jeremias fala nesse texto de repente da arca? Nós podemos entender essa
palavra uma colocação contra o culto a símbolos. Otto Weber afirma que é uma palavra contra a
idealização da arca.
Muitos profetas falaram contra o culto, porque o culto se tornou um tipo de talismã, com o qual
queriam disfarçar o culto a ídolos.
A arca e o templo não tem muita importância no tempo da graça. O centro é Jerusalém com o trono
do Senhor no centro Is 2; Sl 46; Mq 4.
Alguns acham que esse texto não é de Jeremias, é de outra época porque a arca já tinha sumida.
Mas cremos que a arca estava ainda bem presente na memória do povo por isso o texto pode ser
muito bem de Jeremias.
3. Judá e Israel vão se juntar. A divisão foi depois de Salomão em torno do ano 940. Muita desgraça
no meio do povo foi a conseqüência desta divisão. A promessa da volta para Jerusalém causa grande
alegria. Mas, a volta não se deu para Israel, apenas para Judá. O império de Davi não foi restaurado.
È possível que precisamos partir para uma explicação a partir de tempos messiânicos. A restauração
geral se inicia a partir da volta de Jesus. Nesse dia, a briga e a inveja entre os dois acabará. Ro
11:25s toda Israel será salva.
23

(V19 não segue o fluxo do texto, talvez tinha seu lugar original no início desde capítulo.
Possivelmente podemos entender esse versículo como algo do qual o profeta desejava que fosse
assim, a resposta que o profeta ansiava. O verso expressa o que o profeta queria.)
V19 A dativa da terra é dativa de Deus. Terra é um bem que Jahwe dá para o povo. Um bem, uma
dativa que tem a ver com a salvação (Sl 85; Dt). Por ser dativa de Deus é terra santa e preciosa.
Parece que Israel não recebeu essa dativa de uma maneira adequada. Quanto maior a dativa tanto
maior a responsabilidade. Deus queria o relacionamento como entre pai e filho, comunhão, mas
Israel não foi fiel e saiu da comunhão com Deus. Ingratidão é a culpa do povo. Eles se recusam de
honrar a Deus.
V20 Em vez de honrar estão traindo.

Jeremias 3:21
Os seguintes versículos não são uma confissão verdadeira de culpa do povo. É uma oração
confessionário um choro que o profeta esperava. Apenas o juízo leva o povo para uma oração assim.
No AT tem exemplos de orações do povo assim: Dn 9; Ne 1; Ed 9; Sl 85. Talvez já existiram na
época de Jeremias orações de arrependimento. O que o profeta queria é que essas orações fossem
verdadeiras, vindo do coração do povo. O máximo para Jeremias foi o arrependimento de todo o
coração do povo. Lamparter: “Nesse texto fala o amor que tudo espera”!
No alto dos montes se escuta o choro e lamento. (Ne 1) Lagrimas de arrependimento rolam.
Arrependimento envolve o ser inteiro, também a vida emocional. Lagrimas são um sinal que
acompanha o arrependimento, mas não a prova do mesmo.No meu do comportamento orgulhoso e
vaidoso de Israel o profeta proclama a volta prometida para a terra. Ele espera a volta do povo e
descreve essa volta nesse texto.

Jeremias 3:22
Conversão tem a sua base na obra curadora de Jahwe. Ele promete a cura total. Ele se vira para o
seu povo, essa é a base de conversão.
O povo se converte – uma confissão emocionante: Sim, somos o teu povo, pertencemos a ti Senhor.
Voltamos a comunhão contigo por que tu és o nosso Deus. Com essas palavras Jeremias repreende a
cabeça dura do povo, a teimosia que ele vê no povo. Calvino: “Seria a salvação do povo, se ele
voltasse e se consagrasse somente aquele Deus que o escolheu e se entregou a ele”. “Voltar” é
possível porque Deus é fiel naquilo que ele ofereceu e deu ao povo - a aliança!
“Voltar o chegar para o Senhor” – é uma formula comum no AT e no NT.
No AT geralmente com a conotação de chegar a casa de Deus, ao santuário, a Jerusalém. Sl 42:4;
101:3; 118:42; 95:3.
No NT o chegar a Jesus não é apenas um chegar físico, envolve a pessoa inteira. Muitas vezes em
aliado “prostrar-se”, “ajoelhar-se” ou “cair e adorar”. Mt 8:2; 9:18; Mc 5:33; Mt 2:2.
Chegar-se a Jesus é sinônimo de iniciar o discipulado com ele como mestre. Mt 16:24. Ouvir a
palavra de Jesus também faz parte deste processo de chegar-se a ele. Lc 6:47; 9:23; Mt 19:14
Jo 6:45 O chegar-se a Jesus dos homens é algo que Deus age na vida deles. Quem se chega a Jesus,
crê nele. Hb 4:16; 7:25; 10:22; 11:6; 12:22; 1Pe 2:4. Chegar-se a Jesus é participar no culto a Deus,
na confissão, na oração, na ceia do Senhor, no batismo que todos são sinais da chegada de homens a
Cristo, a Deus.
Os cristãos se aproximam de Deus pela fé. A igreja, sendo ela a comunidade de pecadores, se
aproxima do trono da graça esperando que Deus tenha misericórdia dela.

Jeremias 3:23
A aproximação de Deus se apresenta nesse versículo como uma confissão da idolatria. O povo
descobriu o engano dos ídolos. Idolatria é mentira, não cumpri o que promete. Culto aos ídolos é
consorciado a barulho, barulho denuncia a rebelião contra Deus. Barulho abafa a capacidade de
ouvir o verdadeiro Deus. A ajuda que Deus oferece não vem porque os homens fazem espetáculos e
gritaria.
24

Jeremias 3:24+25
A confissão da idolatria vem acompanhado por um sentimento muito profundo de vergonha. O povo
não tem mais desculpas, toda vida ruiu diante do reconhecimento da perdição. Reconhecimento do
pecado no AT significa também ficar debaixo do pecado dos pais, dos antepassados Ne 1:6.

A realidade atual do povo é longe de um arrependimento que o profeta descreve e deseja, mas
Jeremias torce para que o povo volte a Deus e desiste da sua resistência (igual Lc 19:41s).

Calvino: “Se eles andassem apenas caminhos errados e Deus teria ficado quieto, deixando o povo ir
seus caminhos, a culpa deles seria menor. Mas, Deus enviou diariamente profetas que chamaram o
povo sem parar e mesmo assim ficaram surdos e não ouviram, por isso a sua renitência e sua
persistência para grudar no mal é sem desculpas”. Parece que Calvino quer dizer que o chamado de
Deus para retornar e para o arrependimento aumentou a culpa do povo.

Jeremias 4:1
O arrependimento do povo é possível, o juízo de Deus pode ser anulado. Um povo que retorna será
recebido. Ele é o Deus misericordioso que aceita pecadores arrependidos. O arrependido precisa
apresentar provas da autenticidade do arrependimento, precisa eliminar os ídolos e acabar com eles.
Tem que ser arrependimento do coração todo. Calvino: ”Hipocrisia não é o caminho para alcançar o
perdão de Deus, Ele exige um coração sincero, sem falsidade e fingimento. Os hipócritas são atores
balcão da vida que querem o reconhecimento pelos homens e se contentam com aplausos humanos.
Mas Deus chama eles para se apresentar diante da face dEle”.

Jeremias 4:2
Jurar é um ato de confissão em Israel Dt 6:13; 10:20. Um juramento faz sentido apenas quando toda
vida da pessoa que jura for impregnada pela obediência a Deus. Juramento em nome de Deus vale
somente quando a lei de Deus é valida. Assim que a lei de Deus se torna regra da vida de Israel, as
promessas da bênção, que já foram dadas a Abraão Gn 12:1 se cumprirão. Nesse momento Israel se
torna uma bênção para os povos do mundo inteiro porque anuncia para eles as bênçãos de Deus,
bênçãos que valem para os povos do mundo.

Jeremias 4:3+4
Verdadeiro arrependimento também significa um novo começo em todas as áreas da vida. Dois
exemplos servem para ilustrar esse recomeço:
1. Um exemplo da agricultura – uma imagem que lembra primeira habitação na terra prometida.
Arar a terra por completo. Semear no meio dos espinhos é prejudicar futuros frutos. Os10:12; Mt
13:7
Calvino: “As escrituras muitas vezes nos compara com a lavoura, quando nos chama lavoura de
Deus, e na verdade somos escolhidos para que Deus possa colher frutos ... o fruto que Deus exige é
que a nossa vida inteira seja algo que busca a honrar do Senhor”.
A vida nova é como uma terra descansada pronta para uma nova produção.
2. Um exemplo da vida religiosa (V4 RA) – Circuncisão do coração, não só a circuncisão no
homem (masculino) é importante. Ro 2:25; Dt 10:16; Gl 5:6; Fp 3:3
O coração é o lugar onde mora a vontade das pessoas, conforme AT, o centro da personalidade, mas
não da emoção.
Jeremias quer destacar que não é suficiente fingir um pouco de vida religiosa, precisa acontecer um
recomeço radical. A circuncisão é a marca das pessoas que pertencem a Jahwe. Arthur Weiser:
“Arrependimento no sentido bíblico não é consertar algum dano, e sim, recomeço a partir dos
fundamentos”.
Já podemos enxergar um pouquinho do Evangelho dentro do AT: Recomeço radical, é que Jesus e
também Paulo pregaram. Mt 12:33-37!
25

Também Ef 2:1-11 – Calvino: “Assim também o batismo, se não for acompanhado pelo
arrependimento e pela fé, nada mais é do que um ato religioso e legalista. A circuncisão espiritual
significa abnegação, renovo e conversão para Deus”.
Estranho é a ameaça no final do texto. A ira de Deus como pano de fundo, isto significa que o
negócio é sério, a convocação para o arrependimento é urgente. Ninguém pode brincar com Deus. A
graça não é brincadeira barata. A ira de Deus é como um fogo que ninguém apaga (veja Sl 130:4 – é
o Deus santíssimo que concede perdão).

Jeremias 7 - A pregação no templo


Nesse capítulo temos o relato da pregação de Jeremias no templo, capítulo 26 repete a mesma
história em forma de um relato contado. Conforme 26 essa pregação no templo de Jerusalém foi
anunciada logo depois do início do governo de rei Joaquim 608/7. Jeremias quase pagou essa
mensagem com a vida 26.
Suspeita-se que os capítulo 2-6 relatam o que aconteceu no governo de Josias, depois deste tempo
o profeta se calou por um tempo, porque esperou que as coisas mudariam. Mas, Jeremias percebeu
que a reforma foi uma ação vazia, o rei queria o certo, mas o povo não o acompanhou. Por isso
Jeremias retornou a pregar a mensagem de Deus (é hipotético).

Jeremias 7:1-4
Nos capítulos 7-8:13 temos uma composição de diversas mensagens proféticas, a mais famosa é a
pregação no templo.
Ao anunciar a mensagem o profeta se encontra na passagem entre o pátio interno e externo do
templo 26:2. Jeremias quer alcançar o povo todo (não todos podiam entrar no pátio interno –
mulheres não). Jeremias senta onde é o lugar dos juízes, no portão. Com essa posição deixa claro
que veio em nome de Deus e equipado com poder decisivo.
Jeremias inicia a mensagem com um apelo ético (3). Ele proclama restauração e perdão sob a
condição de arrependimento.
É importante conhecer o contexto histórico desta mensagem. O templo é o lugar da presença
misericordiosa Deus. Isaías, na mais profunda angústia proclamou em 701: jahwe não vai acabar
com Jerusalém. Agora, 100 anos depois o povo ainda confia nessa palavra. O povo crê que Deus
garante a sobrevivência de Jerusalém e do templo Is 7:1ss e Sl 46. Todo o povo sabe que Deus deu o
templo ao povo e prometeu a sua presença neste templo 1Re 8:27, mas ao mesmo tempo fica claro
que Deus não é preso ao templo. A presença de Deus no templo (no meio do povo) sempre é ligado
obediência do povo, obediência que abrange a vida toda.
O povo fez de Deus e do templo um ídolo, algo a disposição do povo. Por isso a insistência do povo
na sobrevivência do templo, no fundo é uma mentira. O templo, o culto, os rituais, tudo isso virão
um talismã, do qual esperaram felicidade e vida boa. A mensagem, do capítulo 7 representa um
ataque violento ao culto e a prática de sacrifícios (Is 1:10-17; Am 5). Calvino: “Esse culto
superficial não vale para Deus, porque a confissão não se encontra em concordância com a vida”. A
promessa de Deus a respeito do templo não é algo estático, e sim, precisa ser atualizado sempre. A
Palavra de Deus, a final é viva, ela age e transforma.

Jeremias7:5+6
A mensagem profética é muito concreta, acerta a realidade, jamais é vaga. O conteúdo é o direito de
Deus e os relacionamentos interpessoais – misericórdia é o assunto principal. Toda legislação em
Israel é ligado a vontade de Deus. Quem reconhece a vontade de Deus como regra de vida, não
pode desconsiderar a lei e o direito do próximo. Á legislação que garante liberdade e
desenvolvimento para todos tem a sua base na legislação no Sinai – ali foi proclamada a vontade de
Deus para o povo.
Viúvas e Órfãos são, de certa maneira, a prova da o veracidade do compromisso com a fé em
Jahwe. (Derramar sangue de inocentes: 2Sm 21:1ss e 1Re 21:19).
26

Jeremias 7:7
É bom conversar nesse ponto sobre a seriedade desta oferta.
Será que Deus mude de opinião?
Será que Deus faz a proposta porque já sabe que o povo a rejeita?

Jeremias 7:8
Mentiras e ilusões.

Jeremias 7:9-15
O culto é um abismo de mentiras porque o povo desrespeita a vontade de Deus. Roubo, adultério,
juramentos falsos, assassino, idolatria se desenvolveram no país ao lado de um culto a Deus. Como
o povo conseguiu viver deste jeito dividido no coração? Sacrifícios e rituais são feitos para
“satisfazer” Jahwe. Jeremias fala com indignação. O templo virou lugar das malicias dos hipócritas.
Calvino: “Os Judeus colocam entre si e os juízos de Deus um muro e um abismo triplo: Somos
invencíveis! Nenhum inimigo nos alcança! Deus mora no meio de nós”! O templo virou um
esconderijo para encobrir toda a malicia do povo. Deste jeito o povo se aventura cada vez mais em
indiferença e frivolidade. Pecado se torna insignificante – afinal, Deus vive entre nós. O povo vai ao
templo, isto é a presença de Deus, mas mesmo assim não vai a luz, ficam no escuro, na sombra com
sua vida. A fé virou cobertor da malicia. Assim o povo troça da graça de Deus. A graça virou um
produto barato.
V12 “Vão a Siló”. Siló foi o santuário das 12 tribos antes da construção do templo. Siló foi um
santuário de peregrinação onde foi guardada a arca. Jahwe morava ali. Mas, o santuário foi
destruído. Isso revela que Deus não depende de um santuário construído por homens para morar.
Deus pode até destruir seu próprio templo, mas isto é uma idéia absurda para as mentes
impregnadas de idolatria de Judá, pois nenhum pagão poderia imaginar tal comportamento do seu
ídolo. Essa lembrança a Siló aliada a uma alerta contra a superstição que envolve o templo de Israel.
Deus entrega um povo sem dedicação de todo o coração e sem obediência a Ele a justiça, nesse caso
o templo não ajuda para proteger o povo. As ruínas de Siló são o exemplo que deveria alertar o
povo quanto a seriedade da situação.
Jeremias usa a história para ilustrar a sua mensagem de juízo.
V15 Uma palavra dura – jogarei vocês fora, não quero mais esse povo! Deus não mudou, lida com o
povo como lidou com os antepassados deles.

Conclusões:
Jeremias não quer simplesmente desvalorizar o culto. Nenhum profeta queria isso. (Isaías e Amós).
O que os profetas querem é alertar quando a diferença entre a vida religiosa e a vida do dia a dia do
povo. A Palavra e a Vontade de Deus abrangem a vida inteira. Não existe setor da vida que pode
ficar fora desta vida integral. (João Batista prega o mesmo).

A pregação no templo parece que foi revolucionário. A liderança religiosa e o povo inteiro vão
contra o profeta.

A pregação no templo termina com V15.


Para completar o estudo desta pregação precisamos ver o capítulo 26.

Jeremias 26
Esse capítulo revela os sofrimentos e lutas do profeta. O relatório faz parte dos relatórios de
Baruque. É provável que Baruque testemunhasse os acontecimentos, e escreveu depois. Baruque
ficou fiel a Jeremias.
Depois do sermão no templo Jeremias foi preso. A grande quantidade de pessoas presentes indica
uma festa religiosa, talvez Dt 31:10.
27

Jeremias 26:3
Jeremias insiste na mensagem do arrependimento.
O profeta ainda tem a esperança que o povo se arrepende. Deus ainda pode mudar a sentença.
Calvino: “O inacreditável pode acontecer”! Para poder se arrepender o povo precisa ouvir a
mensagem da graça de Deus. Calvino: ”Temer a Deus é possível para quem conhece a graça de
Deus”!
Zimmerli: “Os profetas são revolucionários e ao mesmo tempo conservadores. Eles são
conservadores em relação a história na qual tem suas raízes, mas revolucionários em relação aos
planos de Deus que Ele quer realizar na história.”

A reação a essa mensagem é violenta. Eles querem acabar com o profeta. “Ele tem que ser
condenado a morte”! O templo é intocável na percepção dos sacerdotes. É uma crença fanática no
poder do templo que eles externam.
O capítulo inteiro nos mostra o perigo real para a vida de Jeremias. Os inimigos não querem aceitar
que Jeremias proclamou juízo em nome do Senhor.
V9: O povo todo se manifesta contra Jeremias. Duas vezes a sentença dos profetas e sacerdotes é:
“Você tem que morrer”. Jeremias se tornou inimigo do estado. Quem prega contra o santuário, o
templo comete blasfêmia. A sentença para blasfêmia é a pena de morte Lv 24:16; 1Re 21:13. Logo
organizam um tribunal legal de autoridades oficiais e homens do rei. Eles sentam no portão onde é o
lugar de reuniões jurídicas 10.
V11: Os sacerdotes e profetas acusam: Jeremias profetizou contra a cidade de Deus. A seriedade
desta acusação entende apenas que conhece Sl 46 e Is.2. Parece que Jeremias vai contra mensagens
anteriores de Deus. Jeremias parece um falso profeta. Mas, Jeremias não retira nenhuma palavra
daquilo que disse. Em vez disso deixa mais uma vez claro que é enviado de Deus. Ele não vem com
a sua própria mensagem em seu próprio nome. Jeremias na recua, e sim, ataca, exigindo de novo
que Judá volta dos seus caminhos errados e se torne um povo obediente a Deus.
V13+14: Jeremias fala de si mesmo. A mensagem do profeta e a sua vida não podem ser divididas.
(Esse é o problema dos profetas falsos). Jeremias está bem certo que é enviado de Deus, a sua fé se
baseia nisso. A eleição por Deus é a base da sua vida e tarefa/mensagem. Nesse momento de crise se
mostra que Jeremias é convocado de Deus mesmo, ele não tem medo das pessoas. Jeremias sabe
que esta nas mãos dos homens, sim, mas se sabe seguro nas mãos de Deus.
Calvino: “Não estamos nas mãos dos homens sem Deus, eles não podem fazer o que desejam com a
nossa pessoa. Deus dirige os seus corações e suas mãos com rédeas invisíveis”. (Ro 8:31; 2Co
6:1ss). Mas Jeremias também fala das conseqüências caso que fizessem algo mal contra ele. Na
verdade não se trata da pessoa de Jeremias, assim que rejeitam a mensagem de Jeremias eles
rejeitam o Deus vivo. O profeta é mensageiro de Deus, quem mata o mensageiro acerta a Jahwe
diretamente Lc 10:16.
V16-19: As autoridades anunciam a sentença: Não é culpado de pena de morte. Como chegam a
essa mudança de idéia tão de repente? Será que as autoridades e os sacerdotes acertam rivalidades
entre si? A verdade não sabemos. O que observamos é que a representação livre de medo de
Jeremias causa algum impacto. Talvez até acharam que Jeremias poderia estar certo no que falou. O
povo apóia a decisão das autoridades. Em V8 o povo ainda se encontra ao lado dos sacerdotes e dos
profetas. O povo é uma massa que é fácil de influenciar, ele vai hora com um e hora com outro.
Calvino disse: “O povo é como o mar, geralmente tranqüilo, mas assim que levanta uma tempestade
começa virar um caos e as ondas crescem. Igualmente o povo vai para onde que alguém o puxa”.
Interessante é que Vergil disse que o povo se deixa levar com facilidade ao caminho certo de volta:
“Assim que enxerga uma pessoa honrosa e sabia o povo se aquieta e abre os ouvidos para ouvir os
conselhos dela”! Também é capaz, que as autoridades decidiram deste jeito porque tinham medo de
uma rebelião geral do povo.
V18: Um motivo provável para a mudança de idéia das autoridades foi a lembrança histórica. Eles
lembram do profeta Miquéias na época do rei Ezequias, Mq 3:12. Talvez lembram da reforma dele
2Re 18:4. Já passaram em torno de 100 anos deste então. A história foi importante em Israel, pois a
28

história é o mapa da atuação de Deus no mundo. A história ajuda resolver a situação atual Sl 95.
Ezequias foi um rei fiel a Deus e nunca se desviou deste caminho (2Re 18).
V20: Menciona um outro profeta Urias, que foi assassinado pelo rei Jeoaquim. Baruque encaixa
esses comentários nesse ponto para mostrar a gravidade da situação de Jeremias. Jeoaquim foi um
inimigo cruel de Jeremias. A morte de Urias aconteceu provavelmente no início do seu reino 2Re
23:34 na época em que foi vassalo de Egito.
Jeremias tinha um defensor na corte, Aicão (2Re 22:12). Urias tinha que morrer e Jeremias ainda
pode atuar em nome de Deus. As vezes não conseguimos entender ou explicar todos os planos de
Deus. Deus protege Jeremias através de Aicão. O homem de Deus atua enquanto Deus quer
ninguém pode impedir isso.

Propostas para a pregação sobre o texto Jr.7:


A mensagem precisa partir da história de Deus com Israel. A história de Deus com Israel tem seu
auge na vinda e na atuação de Jesus. “Ele precisa morrer, ele é culpado!”

1. O mensageiro de Deus proclama a verdade inteira/completa de Deus!


Jeremias desmascara as ilusões: “Vocês servem deuses mortos”! Jeremias destrói a hipocrisia – vida
particular separada da vida religiosa. Jeremias denuncia o pecado, menciona o claramente. Deus é o
Deus que quer a salvação dos homens (3) e se esforça para ganhar eles.
2. A mensagem da verdade que o profeta anuncia é rejeitada pelo povo.
O povo diz não porque não quer ser criticado. O povo não quer outro Senhor sobre si. A mensagem
de Deus é questionada. A rejeição se manifesta através da vontade de querer matar o profeta.
Lutero: “Todos querem no fundo ser o seu próprio Deus”.
3. O mensageiro da verdade está nas mãos dos homens, mas também nas mãos de Deus.
Porque Jeremias lutou pela verdade que vem da Palavra de Deus não tinha medo dos homens.
Quem teme os homens não teme a Deus. Quem teme a Deus não tem medo de homens Mt 10:26-33.
Deus seguro seus servos e mensageiros. Neles se realiza a verdade: ninguém tira eles da minha
mão! Jeremias não pertence a si mesmo, Deus decide sobre sua vida. Ele vive na certeza que Deus o
chamou, Deus age através da sua vida. Jeremias não pode agir como ele quer, mas como Deus quer.
O perigo dessa porção (pericope) é apresentar jeremias como herói e exagerar com as suas
qualidades humanas. Mas Jeremias é mensageiro, indicador que indica o Senhor que age e Jeremias
depende dEle. Por isso é importante que glorificamos através da vida de Jeremias o Senhor Deus.
Deus sempre é fiel as suas promessas. Deus realiza e levanta seu reino neste mundo!

Continuação do capítulo 7

Jeremias 7:16-20
Deus proíbe Jeremias de interceder pelo povo. A proibição da intercessão é sinal do juízo. O profeta
tem duas tarefas. Ele leva as mensagens de Deus para os homens, mas também tem um papel de
intermediação entre homem e Deus. Ele proclama a vontade de Deus para o povo e leva as causas
do povo a Deus e pede a favor do povo. A proibição da intercessão temos mais duas vezes em
Jeremias 11:14; 14;11. A intercessão faz parte do ministério do profeta. Estamos vendo que o
profeta em seu ministério depende do Senhor, também na intercessão precisa obedecer a vontade de
Deus. Calvino lembra que Jeremias orou mais tarde pelo povo e pediu a Deus que poderia por amor
a sua aliança pelo menos deixar um “resto” do povo sobrevivendo 42:2. Essa intercessão é apenas
pelos remanescentes. O que a proibição da intercessão deixa claro é que o juízo vem sem falta,
agora não existe mais retorno. Resta para o povo aceitar o juízo e agüentar a execução da sentença.

Intercessão no AT:
Gn 18:22ss; Ex 32:2; Nm 14:13ss; Js 7:7; Relacionamento: Saul – Samuel; Dn 2:17ss; 9:3ss
Lutero: “Os cristãos não podem se referir a essa palavra (proibição da intercessão em Jeremias),
pois intercessão sempre é uma obrigação. Não recebemos a ordem de não interceder. Se recebemos
29

a ordem de não interceder devemos obedecer. Mas em geral temos a palavra para interceder. Se não,
eu já teria parado de interceder pelos Turcos, mas não recebi esta ordem, por isso preciso orar por
eles, mesmo que tudo me leva a querer parar de interceder nesse caso”.

Jeremias 7:17+18
A proibição da intercessão é motivada pelo culto a rainha da fertilidade. A rainha dos céus é uma
deusa do circulo cultural da babilônia-assíria, é a deusa Ischtar, deusa da fertilidade e da estrela
Vênus (planeta). Se trata de uma combinação religiosa de destino, sorte e erótica. Esse culto entrou
em Israel na época de Manasses 44:14,15ss. A deusa se faz presente na vida das pessoas em forma
de pequenas figuras femininas em forma de amuletos.
Rainha do céu – Mãe deusa.
Creu-se que toda a vida, toda a bênção, toda a fertilidade vem dela. Nas festas da deusa a família
toda prepara pães/bolos/bolachas em forma de estrelas para sacrificar a ela para depois serem
comidos.
Um texto deste culto reza:

“Ó, Ischtar eu preparei algo puro para ti


De leite, bolo, pão salgado
Eu coloquei uma vasilha de presentes
Me escute e seja misericordiosa”

Esse culto é um culto caseiro, particular que não foi atingido pela reforma de Josias.
Esse culto ataca a honra de Deus e é abominável!

Jeremias 7:19
Deus sofre pelo povo. O AT apenas conhece o Deus justo que sofre pelo seu povo, Ele não é um
tirano.

Jeremias 7:20
A ira de Deus, o juízo de Deus se descarrega pó cima da terra toda. Toda criação, animais, plantas e
terra sofrem sob a ira de Deus por causa do seu povo. No fundo é assim que toda criação sofre por
causa da humanidade pecaminosa e rebelde (Ro 8:19-22).
“Deus é tão irado que não quer apenas o fim dos Judeus, e sim, também o fim da terra deste povo. É
importante ver, que Deus não castiga a natureza, os animais na sua ira, e sim, isso acontece por
causa do homem” (Calvino). É o homem o culpado, é a desobediência dele que faz a criação sofrer.
É a partir deste texto entendemos melhor o Sl 85:9ss.

Jeremias 7:21-28
Ataque geral ao culto de sacrifícios.
Sacrifícios e culto foram elementos importantes na cultura dos Judeus, porque Deus se fez presente
no meio do seu povo.
Holocaustos: Um sacrifício completo. Tudo foi dedicado e dado a Deus. Queimado completamente.
Ex 29:8
Sacrifício normal: O sacrifício é apresentado parcialmente a Deus. Depois do sacrifício serve para
alimentação.
Jeremias diz ao povo não me importo se vocês sacrificam desta ou daquela maneira. Os sacrifícios
que vocês me oferecem não têm valor nenhum porque vocês não me obedecem.
V22: É um versículo difícil, pois Jeremias diz algo contrário ao Pentateuco. Será que Jeremias não
sabia nada de sacrifícios? Será que ele fala de uma religião sem sacrifícios mesmo?
Soluções possíveis para essa questão:
1. A legislação a respeito dos sacrifícios é depois de Jeremias. Nesse caso o Pentateuco surgiu
depois de Jeremias – o que complica muito toda a teologia.
30

2. Esse versículo é da época de depois do exílio. Introduzido em Jeremias por um redator. O


que também é problemático porque bem nessa época recomeçou o culto dos sacrifícios.
3. Provavelmente Jeremias fala apenas da aliança que Deus fez com seu povo no Sinai. O
ponto importante desta aliança foi a escolha do povo por Jahwe e a obediência do povo
escolhido Ex 19:6. Nessa aliança não se falava ainda sobre sacrifícios.

Jeremias percebeu que o povo deixou de ser obediente a Deus e acha que pode satisfazer o Senhor
através de sacrifícios. Querem substituir a obediência por sacrifícios. O povo acha que pode
comprar a Deus e tranqüilizá-lo com seus sacrifícios.
Jakob Kroeker: “Deus queria, a partir da sua revelação para o povo de Israel, se ligar
permanentemente a esse povo e queria que Israel fosse o povo para sempre ligado a Ele, sempre
recebendo do Senhor”.
Sacrifícios no máximo podem ser sinais da entrega e dedicação, jamais substituem a dedicação
mesma.
Jeremias não rejeita os sacrifícios em geral, a sua luta é contra o “negócio” através de sacrifícios.
Os pagãos usam sacrifícios para apaziguar seus deuses.
Calvino disse: “Esses sacrifícios não tem apenas nenhum valor diante de Deus, mais ainda eles
fedem como esterco, e Deus não se agrada neles. Deus não gosta que separamos o sinal/símbolo da
vida”.

Jeremias 7:29-34
Cortar os cabelos e símbolo da tristeza, de luto. Jeremias convocado para o luto.
V30 nos leva ao vale Bem-Hinom um lugar de sacrifícios, um tipo de crematório.
O Deus que exige sacrifícios humanos é Baal. Através de sacrifícios querem apaziguar esse deus.
Parece que Israel transferiu sacrifícios e comportamentos exigidos de Baal para Jahwe. Aqui se
revela uma religião demoníaca que não tem nada a ver com a religião jahwista. (Também 19:5). O
culto aos ídolos vira juízo, pois pagam com a vida de crianças.
V32-34 Conseqüência é um juízo violento. O vale vira um lugar de matança – cemitério. Fazer de
um lugar de cultos religiosos um cemitério é uma profanação grave. A terra vira deserto, não há
mais jubilo – toda a alegria é tirada desta terra. Deserto é símbolo de juízo.

Jeremias 8:1ss
Os conquistadores tirarão os mortos dos seus túmulos e roubam suas jóias. Os ossos são espalhados
debaixo das estrelas que foram seus deuses. Os que vivem querem morrer. “Sol, lua e estrelas se
tornam testemunhas do juízo divino. Não existe algo pior do que transferir a glória do criador para a
sua criação”. (Calvino).
A partir de 4 Jeremias observa o endurecimento do povo, endurecimento contra Jahwe.
V6: Ninguém se arrepende de sua malícia e maldade. Pecado virou costume. O povo não consegue
voltar para traz. Volz: “Uma vez no caminho do pecado ele domina a pessoa cada vez mais”! A
recusa do arrependimento de Judá é contra qualquer racionalidade, é inexplicável Sl 95:10.
V6+7: O endurecimento e a cegueira espiritual de Judá é explicado com dois exemplos:
1. Um cavalo de batalha que vai para a luta, corre sem demorar e sem pensar. Do mesmo jeito
Judá corre para a desgraça e perdição sem recitar (declive demoníaco do pecado).
2. Os pássaros de arribação sabem a hora da viagem de volta. Eles conhecem o sistema divino
da vida e se encaixam naturalmente. O homem perdido não sabe quando chegou a hora de
voltar Is 1:3.
V8: Os professores da lei que se gabam de conhecer toda a legislação são acusados. Eles são
enganadores de falsificar a lei. O grande engano que fazem que sabem como deveriam viver mas
não fazem. Calvino: ”Através da maneira como vivem provam que não conhecem os mandamentos
de Deus”! A sua vida é contra a lei. Com isso tornam a lei de mentira Ro 2:17. É importante não
apenas saber a lei, mas fazer!
V10: Porque são sem-vergonhas vão passar vergonha!
31

V11: Até o consolo deles é falso. A miséria do povo não é levada a sério e apenas coberto
superficialmente ao dizer paz e salvação sem viver um relacionamento com Deus. Eles enganam o
povo, falam de paz, mas a guerra já esta por vir. A guerra é o juízo. “Eles são médicos ruins que
receitam remédios que não ajudam e desviam a atenção do povo da ira de Deus”. (Calvino).
V12-14: Juízo!
V13: Parreiras e figueiras sem fruto! Erraram o alvo e os planos de Deus – não produzindo frutos!
Por isso vêm os estrangeiros e eles vão acabar com a plantação!
V14-17: O juízo vem isso é inalterável. Jeremias imagina como as pessoas vão perguntar onde é
que vão morar. Eles fujam para as cidades muradas, mas ali também não tem segurança. Isso é
porque Deus decidiu a eliminação do povo. Por isso nem a fuga faz sentido, não existe para onde
escapar.
Duas imagens destacam aquilo:
1. Deus mesmo dá uma poção de veneno.
2. Deus mesmo envia cobras venenosas.
Jeremias já vê os inimigos se aproximando. A ira de Deus vai se derramar sobre Israel. Contra
veneno e cobras não ajuda feitiço e exorcismo.
V15: Todas as esperanças foram destruídas.

Jeremias 8:18-23
Choro e lamentação pelo povo. É capaz que o verso 20 indica um tempo de fome. Sem colheita –
fome! Mas, é provável que Jeremias vê a miséria da fome ligada ao juízo vindouro e a destruição
total do povo de Judá.
V19+20: Grito por socorro. Desespero e medo – será que Deus não se encontra mais em Sião? Será
que não tem rei? De repente se lembram das promessas de Deus. Mas, tudo é hipocrisia.
O que se destaca nesse texto é o sofrimento pessoal do profeta 18+21. Jeremias faz parte do seu
povo. Ele sofre com ele debaixo do juízo. O sofrimento de Jeremias não é como ter pena de si
mesmo, mas participação dos sofrimentos do seu povo. A miséria do seu povo se torna a sua própria
miséria. O sofrimento de Jeremias indica para os sofrimentos de Jesus, que foi sofrimento em
substituição aos pecadores!
Também V23 é uma descrição dramática daquilo que passa na vida de Jeremias. Ele já sofre quanto
os outros ainda dão risadas.
Não existe ministério no reino de Deus que não faz o servo sofrer, mas o sofrimento de Jeremias era
extremo.
V22: Não existe remédio para o povo – o juízo é garantido!

Jeremias 9:1-15
É uma lamentação de Jeremias. Lágrimas e sofrimento faz parte do ministério do mensageiro At
20:31.
O profeta gostaria de fugir para o deserto, porque não agüenta mais de ver o povo podre e arrogante.
Jeremias sofre por causa da infidelidade, adultério, mentira, engano ....! Porque não conhecem
Jahwe a convivência com eles se torna difícil.
V3: O povo é mentiroso e enganador.
V9: Jeremias inicia a lamentação que o povo vai cantar assim que o juízo cai por cima deles.

Jeremias 9:16-21
Canto fúnebre de Jeremias. Antecipando a morte de Israel. Mensagem demonstrativa. Judá já
morreu – ainda vivendo!

Jeremias 9:22-26
Todos os povos e todas as pessoas se cuidem para não se desviar do Senhor. Ninguém se acomode
em falso segurança!
32

O que significa fé para:

Jeremias: Dar razão a Deus!


Capitulação diante de Deus!
Capitulação diante de Nabucodonozor!

Isaías: Confiar na palavra profética!


Reconhecer a palavra profética!

Confissões de Jeremias:
Qual o significado das "confissões" de Jeremias?

Mais do que "confissões", deveríamos falar aqui de diálogos com Jahwe, lamentos, orações,
disputas. Foi durante este período de sua vida, durante o governo de Joaquim, que Jeremias mais
sentiu o peso de sua missão. Obrigado a ser do contra, a pregar a desgraça para o seu povo, a remar
contra a corrente, ameaçado, rejeitado, caluniado, desprezado, ele se lamenta, amaldiçoando até
mesmo o dia em que nasceu.

São textos difíceis de ser datados com precisão. É possível que tenham sido escritos em 605 a.C.
como um desabafo, não como oráculos previamente ditos ao povo. Talvez possam ser lidos como
uma síntese das crises vividas pelo profeta desde o começo de sua atividade.

As confissões falam de uma situação muito especial do profeta. A situação é a proclamação da


mensagem de Deus para o povo enquanto Jeremias acha que “Deus não esta com ele”! A mensagem
de Deus foi rejeitada. Jeremias se decepciona. Já tinha decepções na vida de profetas anteriores a
Jeremias (Samuel, Elias, Oséias, Amós, Isaías). Mas nenhum deles sentiu a profundidade do
ministério profético tão forte como Jeremias. A falta de sucesso no seu ministério era tão grande que
começou a questionar tudo. Werner von Rad disse: “Na vida do profeta Jeremias observamos a
separação entre ministério e pessoa. As tenções desta situação são tão grandes que até colocam a
continuação da profissão do profeta em perigo”.

São 5 textos:

← 1a confissão: Jr 11,18-12,6
← 2a confissão: Jr 15,10-11.15-21
← 3a confissão: Jr 17,14-18
← 4a confissão: Jr 18,18-23
← 5a confissão: Jr 20,7-10.14-18

O que diz Jeremias em cada uma das cinco "confissões"?

Primeira confissão Jr 11:18-12:6


Seus conterrâneos e familiares tentam matá-lo em Anatot, quando jovem. Mas Jeremias amplia o
problema, questionando porque persiste a prosperidade dos ímpios e a paz dos apóstatas. Daqueles
que vivem falando em Jahwe, mas na verdade estão muito longe dele. Daqueles que têm uma
fachada de piedade, mas não estão, de fato, com Jahwe. E Jeremias conclui que este é um problema
para o qual ele não tem resposta!

O profeta incomoda, por isso tem de ser eliminado. Em Israel sempre houve perseguição de
profetas. Uma conspiração contra Jeremias se iniciou. Especialmente os sacerdotes odiaram ele
(pregação no templo). Os inimigos vem de Anatote cidade da família do profeta. A família esta
contra Jeremias, planejaram assassino. O profeta percebe a conspiração. Decepção sobre o
33

comportamento dos amigos-inimigos toma conta dele. Todos os mensageiros de Deus fazem
experiências assim.
V20: Jeremias se entrega a Deus. Deus é o seu advogado e defensor. Tudo é o negócio de Deus –
Jeremias é a ferramenta. Jeremias quer ver a vingança de Deus. Deus consola o profeta ameaçando
o povo de Anatote.
12:1-6 Relata a conversa entre Deus e Jeremias. O profeta quer entender algumas coisas difíceis (Sl
73). Porque o juízo demora?
Jeremias não quer discutir com Deus e se entrega a Ele. Tudo que não tem respostas deixa nas mão
de Jahwe. Jeremias quer a honra de Deus.
V2: O profeta descreve o caráter daqueles que não querem ouvir o chamado para o arrependimento
Is 29:13. É a pergunta pelo governo de Deus. Se Deus governa por que luz e escuridão se misturam?
Por que Deus não se impõe?
V5: Deus responde, mas no fundo não é uma resposta (humanamente visto). Deus traz dois
exemplos:
- Corrida entre humano e cavalo.
- Vida numa terra de paz.
Jeremias confessa que não agüenta mais e Deus disse a tua vida vai ser mais dura ainda.

Segunda confissão Jr 15:10-11;15-21


A questão colocada por Jeremias é: vale a pena ser profeta? Jeremias confessa estar vivendo a
suprema tentação profética, que é a vontade de se acomodar, de desistir, de aceitar a cooptação, de
"ser normal", de passar para o lado daqueles a quem ele critica para sair da solidão a que é obrigado
a viver.

A lamentação aumenta. Até introduz sua mãe no choro. A vida de Jeremias fica pesada demais, ele
não agüenta mais. Sente de novo que ele não tem provas da sua autenticidade.
V11-12: Jeremias lembra da sua fidelidade.
V15-19: Jeremias fala a Deus sobre a sua fidelidade. Ele se entrega a Deus, chorando e se
lamentando, expressando a sua dor das mais diversas maneiras possíveis.
V20-21: Traz a resposta de Deus. Deus torna o Jeremias forte.

Terceira confissão Jr 17:14-18


Jeremias apela a Jahwe contra os seus perseguidores que lhe cobram a realização da palavra de
Jahwe por ele pregada e o profeta não sabe mais o que fazer. Jeremias se sente desacreditado
perante seus ouvintes, porque as desgraças prometidas não acontecem. Vive duramente pressionado.

Quarta confissão Jr 18:18-23


Jeremias denuncia novo trama contra a sua vida. Seus adversários argumentam que podem
tranqüilamente eliminá-lo, já que o sacerdote, o sábio e o profeta (ligado aos interesses da corte)
não lhes faltarão. Com tristeza o profeta constata: estes que querem eliminá-lo são os mesmos a
quem ele tantas vezes defendeu diante de Jahwe.

Quinta confissão Jr 20:7-10;14-18


A mais dramática e a mais conhecida de todas, usando fortes imagens, Jeremias chega ao máximo
de sua angústia. Acredita que Jahwe o enganou: o seduziu para ser profeta e o dominou, para depois
abandoná-lo. Agora todos querem sua queda, inclusive seus amigos. Por isso, ele quer parar de ser
profeta, mas o problema é que não consegue, pois as palavras de Jahwe queimam-no como fogo.
Fogo que atinge até os ossos. Então, Jeremias amaldiçoa o dia em que nasceu: "Maldito o dia em
que eu nasci! (...) Maldito o homem que deu a meu pai a boa nova: 'Nasceu-te um filho homem!'
(...) porque ele não me matou desde o seio materno, para que minha mãe fosse para mim o meu
sepulcro e suas entranhas estivessem grávidas para sempre. Por que saí do seio materno para ver
trabalhos e penas e terminar os meus dias na vergonha?".
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Observações finais sobre as confissões:


1. Jeremias nos permite um olhar de perto para o ministério do profeta. A pregação da Palavra é a
tarefa dele. Ele tem que falar. Não tem como tirar férias deste ministério. A humanidade do profeta
se torna visível. Ele gostaria de devolver seu ministério. Mas a Palavra de Deus queima nele como
um fogo.
2. Jeremias sofre porque a Palavra parece não ter poder e sucesso. Troçam da mensagem dele. Onde
é o poder de Deus que se encontra supostamente atrás da Palavra. Jeremia se sente entregue e só.
Lutero: “Para o ministério do Evangelho fui emburrado por Deus. Se eu soubesse o que me
esperava eu teria resistido. Deus me cegou e colocou bitolas nos meus olhos para não enxergar
tudo”.
3. Jeremias derrama seu coração diante de Deus. Warth: “O que não pode falar para ninguém, pode
falar para Deus”. Jeremias não fala sobre Deus, e sim, fala com Deus. Isso testemunha da comunhão
profunda que o profeta vive com Deus. Jeremias sabe que Deus o escuta. A luta para se entregar
completamente permanece. Precisa de um relacionamento permanente.
4. Deus escuta Jeremias. Deus assegura ao profeta sua presença. As promessas de Deus são as
únicas coisas que o profeta tem na mão. No final tem o louvor a Deus.

Ações demonstrativas de Jeremias

Primeira ação demonstrativa: Jeremias 13:1-11


Deus mandou que Jeremias comprasse um cinto para usar um tempo e depois levar até o rio
Eufrates para escondê-lo ali num buraco debaixo de uma rocha. Depois de um bom tempo tinha que
voltar para o lugar para pegar o cinto, que tinha se apodrecido.
Distância enorme:
O ponto mais perto de Jerusalém até o Eufrates é de 1000 quilômetros.
Mensagem:
Assim como o cinto o povo de Israel será levado para longe (Exílio) para apodrecer.

Segunda ação demonstrativa: Jeremias 16:1-4; 5-7; 8-9


Jeremias recebe três ordens de Deus:
- Jeremias não pode casar e não ter filhos para assim anunciar que pais e filhos não vivem muito
tempo em Jerusalém, todos morrerão.
- Ao mesmo tempo Deus avisa que não deve entrar numa casa onde tem um velório e nem participar
na lamentação pelos mortos, também não consolar as pessoas tristes, isso porque os homens
morrerão em quantidade tão grande que não compensa chorar por eles.
- Jeremias não pode entrar numa casa onde tem festa para comer e beber com as pessoas que
festejam. Isso porque as festas vão acabar logo. Não haverá mais alegria em Judá.
Jeremias deve privar-se do da vida familiar, da tristeza e da alegria!

Terceira ação demonstrativa: Jeremias 19:1-11


Deus manda Jeremias comprar um bote de barro. Com esse bote acompanhado com autoridades e
sacerdotes ele deve ir ao lugar onde é depositado o lixo de Jerusalém. Ali, deve quebrar o bote
diante dos olhos das autoridades e proclamar que Jahwe vai quebrar o povo e a cidade do mesmo
jeito.

Quarta ação demonstrativa: Jeremias 27:1-28:14


Jeremias recebeu a ordem de usar uma canga de madeira para se apresentar diante dos
embaixadores de estados vizinhos. Esses tinham vindo para bolar uma aliança contra
Nabucodonozor juntos queriam se livrar do jugo (canga) deste imperador. Jeremias avisou eles, que
só ficando debaixo da canga de Nabucodonozor vão sobreviver. Depois Jeremias continua usando a
canga até que o falso profeta Hananias quebrou a canga e profetiza que Jahwe ia quebrar a canga de
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Nabucodonozor do mesmo jeito. Mas, logo Jeremias anuncia que o imperador vai colocar vêz de
uma canga de madeira uma de ferro no pescoço deles.

Quinta ação demonstrativa: Jeremias 32:7-15


Jeremias é avisado que recebe visita de um parente que oferece a compra de um campo. Jeremias
tem o primeiro direito e o dever de comprar a terra. Ele faz o negócio mesmo sendo nesse tempo
preso no palácio. O documento da compra ele manda guardar num bote de barro par não estragar.
A mensagem é que depois do juízo haverá de novo um tempo no qual se compra terra e casas.

Sexta ação demonstrativa: Jeremias 43:8-13


Deus manda Jeremias enterrar pedras na frente da sede do governo do Egito e proclamar que
Nabucodonozor viria montar seu trono por cima destas pedras.
A mensagem é que também Egito como último refúgio dos Judeus cai nas mãos de Nabucodonozor.

Sétima ação demonstrativa: Jeremias 51:59-64


Desta vez Jeremias dá a ordem para uma ação demonstrativa. Ele manda o escrivão Seraías escrever
uma mensagem num rolo. Esse rolo deveria levar para Babilônia, ali ler de voz alta para o povo e as
autoridades e depois jogar no rio Eufrates.
A mensagem é que a Babilônia se afunda na história do mesmo jeito como o rolo.

Temas Presentes no Livro de Jeremias

Jeremias e a Aliança
Jeremias mostra na sua profecia uma consciência profunda da aliança entre Deus e o povo hebreu,
estabelecido no Monte Sinai. Para Jeremias o relacionamento entre o povo e Deus deveria ser
regido por essa aliança, conforme Jeremias 11:1-5 mostra:
"Palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor: Ouve as palavras desta aliança, e fala aos
homens de Judá, e aos habitantes de Jerusalém. Dize-lhes: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel:
Maldito o homem que não obedecer às palavras desta aliança, que ordenei a vossos pais no dia em
que os tirei da terra do Egito, da fornalha de ferro dizendo: Daí ouvidos à minha voz, e fazei
conforme tudo que vos mando, e vós me sereis por povo, e eu vos serei por Deus. Então confirmarei
o juramento que fiz a vossos pais, de dar-lhes uma terra que manasse leite e mel, como se vê neste
dia. E eu respondi: Amém, Ó Senhor."
Nessa passagem podemos perceber a consciência de Jeremias a respeito dos seguintes aspectos da
aliança:
1. A aliança estabelece o governo de Deus sobre o povo de Israel que passa a pertencer
exclusivamente a ele. Isso traz um paralelo com Êxodo 20:1-2: "Então falou Deus todas estas
palavras: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão."
e com Deuteronômio 5:1-2: "Chamou Moisés a todo o Israel, e disse-lhes: Ouve, ó Israel, os
estatutos que hoje vos proclamo aos ouvidos, para que os aprendeis e cuideis de praticá-los. O
Senhor vosso Deus fez aliança conosco em Horebe."
Portanto Jeremias estava profetizando dentro de uma tradição israelita, numa perspectiva
conservadora voltando até a Moisés, de perceber Israel como nação separada para ser de Deus e
obedecer os seus mandamentos.
2. A prosperidade do povo de Israel está condicionado à sua obediência aos mandamentos de Deus.
Novamente podemos estabelecer um paralelo com Deuteronômio 30:15-18: "Vê, hoje te proponho a
vida e o bem, a morte e o mal. Pois hoje te ordeno que ames o Senhor teu Deus, andes nos seus
caminhos, e guardes os seus mandamentos, estatutos e leis; então viverás e te multiplicarás, e o
Senhor teu Deus te abençoará na terra a qual passarás a possuir. Porém se o teu coração se desviar, e
não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido, e te inclinares a outros deuses e lhes prestares culto, eu
te anuncio hoje que certamente perecerás. Não prolongarás os dias na terra a qual vais, passando o
Jordão, para a possuíres."
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Jeremias, como o autor de Deuteronômio, afirmam que não ocorria nada de aleatório na história do
povo de Israel, o bem-estar do povo estava ligado com a sua fidelidade a Deus. Portanto a ameaça
babilônica não era algo apenas político, era fruto da desobediência do povo, permitindo a Jeremias a
audácia de chamar Nabucodonozor de servo de Deus (Jeremias 25:9).

A Apostasia de Israel
Mostrando a influência de Oséias, que profetizara no Reino do Norte cerca de 150 anos antes,
Jeremias compara o povo hebreu à uma mulher adúltera traindo o seu marido conforme Jeremias
2:1: "Vai e clama aos ouvidos de Jerusalém: Assim diz o Senhor: Lembro-me de ti, da devoção da
tua mocidade, do amor dos teus desposórios, de como me seguiste pelo deserto, numa terra não
semeada." e Jeremias 3:1: "Se o homem despedir a sua mulher, e ela se ausentar dela, e se ajuntar
a outro homem, tornará ele mais para ela? Não se poluirá de todo aquela terra? Mas tu te
maculaste com muitos amantes; tornarias agora para mim? diz o Senhor."
Essas passagens mostram um paralelo forte com Oséias 2:5: "Porque a sua mãe se prostituiu e os
concebeu em desgraça . Ela disse: Irei atrás de meus amantes, que me dão o meu pão e a minha
água, a minha lã e o meu linho, o meu óleo e as minhas bebidas".
Nessas passagens Jeremias e Oséias afirmam que a apostasia do povo é tão grande que equivale-se à
prostituição de uma mulher casada. Mas do que consistiria essa apostasia?
1. Idolatria. Jeremias 32:34 nos mostra que a idolatria do povo chegou ao ponto de colocarem ídolos
no próprio Templo de Jerusalém.
2. Sacrifícios de crianças a Baal e a Moloque no vale de Himom ao sudeste de Jerusalém Jeremias
7:31. A adoração oficial a Moloque volta até Salomão (1 Reis 11:7) mas não temos evidência dele
ter sacrificado um filho a esse deus .
3. Abandono da palavra de Deus. Jeremias 35 nos concede uma comparação interessante. Os
recabitas por terem obedecido as normas severas estabelecidas pelo seu antepassado Jonadabe,
seriam poupados no juízo vindouro. Esses serviam de contraste para o povo hebreu que rejeitara os
mandamentos de Deus Jeremias 35:17.

O Julgamento Divino
Em Jeremias temos a consciência de que o pecado do povo chegara a tal ponto de ser impossível ele
ser salvo do castigo de Deus. Numa das passagens, mais severas do Velho Testamento Jeremias
11:14 lemos: "Portanto, não ores por este povo, nem levantes por eles nem clamor ou oração,
porque não os ouvirei no tempo em que clamarem a mim, por causa do seu mal."
Nessa passagem o profeta é proibido de interceder pelo povo, pois Deus já estava disposto a
condenar-los pelo seu pecado. Para Jeremias a salvação do povo não estava em resistir e lutar contra
o Império Babilônico, mas em cooperar com Nabucodonozor que estava sendo usado por Deus e
buscar o bem da Babilônia conforme Jeremias 29:7.
Beswick & Chapman e Boggio afirmam que Jeremias teve de enfrentar muita resistência à sua
mensagem de julgamento devido à crença sobre Jerusalém ser intocável por nela estar o templo de
Jerusalém e o descendente de Davi reinando. Essa crença apoiava-se sobre um evento histórico: o
livramento miraculoso da cidade da invasão do Rei Assíro Senaqueribe, e as palavras de Isaías
registradas em 1 Reis 19:34: "Eu defenderei esta cidade, para a livrar , por amor de mim e por
amor do meu servo Davi."
Jeremias levanta-se contra essa distorção das palavras de Isaías pelos seus contemporâneos
afirmando que a religiosidade praticada em Judá ela falsa e não agradava a Deus. No capítulo 7 ele
ensina que a religiosidade que não é acompanhada pela obediência aos mandamentos de Deus é vã e
falsa. Radicalmente nesse capítulo ele afirma que a crença no poder do templo é mentirosa: "Não
vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é
este."
Falando na tradição de Isaías e Amós Jeremias levanta-se contra a falsa religião, que mantém as
aparências exteriores de piedade mas que não busca uma vida que agrada a Deus. Devemos notar
particularmente a coragem de Jeremias em atacar os sacerdotes de Judá considerando que Jeremias
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vinha de uma família sacerdotal. O profeta cita a destruição do santuário tradicional em Siló,
possivelmente ligado a sua família, como evidência de que um santuário não salva o povo dos seus
pecados.
Nisso está uma grande contribuição de Jeremias para a religião judaica e a religião cristã. Ele
mostra que a fé em Deus poderia transcender o templo de Jerusalém, que havia futuro para a fé
javista além da destruição do e o fim da soberania de Judá pois a religião de Israel transcendia a
nação de Israel.

A Nova Aliança em Jeremias


Já analisamos a consciência de Jeremias sobre o povo ter desobedecido de tal maneira a aliança
firmada no Sinai que a condenação tornara-se inevitável. Todavia para Jeremias nem tudo era
desespero, pois no futuro Deus restauraria o seu povo estabelecendo uma nova aliança segundo
Jeremias 31:31-34: "Vêm dias, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e
a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com os seus pais no dia em que os tomei pela mão,
para os tirar da terra do Egito, porque eles invalidaram a minha aliança, apesar de eu os haver
desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias,
diz o Senho. Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração. Eu serei o seu Deus e
eles serão o meu povo. Não ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém a seu irmão,
dizendo: Conhecei ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o
Senhor. Pois lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados."
Conforme Chris Wright o conceito da nova Aliança aparece não só em Jeremias como também em
Ezequiel e em Isaías 40-55, sendo caracterizado por:
1. Um novo relacionamento com Deus, dinâmico e pessoal.
2. Uma nova experiência do perdão divino (Jeremias 31:34)
3. Uma nova obediência à lei, sincera, partindo do coração humano.
4. Um Novo Rei da linha de Davi (Jeremias 33:15)
5. Uma nova abundância da natureza.
Tradicionalmente a visão conservadora tem sido que essa nova aliança foi estabelecida por Cristo
no seu ministério. Mas será tal visão correta?
Segundo Gottwald: "Leituras cristãs dessa passagem, como uma antecipação da nova aliança em
Cristo Jesus, deturparam com freqüência a passagem numa expectativa altamente individualizada e
espiritualizada." Todavia Gottwald é forçado a apelar para um "pregador jereminiano" para
sustentar a sua tese que em essência parte de um ceticismo exagerado sobre a possibilidade de
encontrarmos ligação entre o Velho e o Novo Testamento.
Em defesa da posição conservadora podemos afirmar:
1. Tal parece ter sido a posição de Jesus (Lucas 22:20)
2. Essa posição foi adotada tanto por Paulo quanto pelo autor de Hebreus. ( 1 Coríntios 11:25;
Hebreus 8:8-13, 10:16)
3. O primeiro ministério de Cristo e o dom do Espírito Santo cumprem 4 dos 5 elementos da
profecia de Jeremias. Quanto ao quinto aspecto esse provavelmente refere à segunda vinda de
Cristo.

Resumindo nas palavras de John Skinner Jeremias: "Ao projetar a sua própria experiência no futuro,
como a forma que a verdadeira religião deve assumir universalmente, lançou um brilhante facho de
luz através dos séculos, que, por fim, ilumina alguém que é o Sim e o Amém a todas as promessas
de Deus - Jesus, o mediador da nova aliança, o autor da salvação eterna."

O Falso Profetismo
Um dos problemas enfrentados por Jeremias foi a incredulidade para com a sua profecia. Enquanto
muitos pregavam que a cidade de Jerusalém seria salvo, Jeremias pregava o juízo. A dificuldade de
Jeremias era agravada pelo fato que ele não realizava grandes sinais. Jeremias não realizava curas e
maravilhas como Elias e Eliseu, não era capaz de fazer a sombra voltar como Isaías. Como ele
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poderia comprovar que a sua mensagem era de origem divina e as dos outros era falsa se lhe faltava
até uma visão divina como Micaías teve em 1 Reis 22.
Em Jeremias não temos uma dissertação sobre o falso profetismo, mas temos os seguintes indícios
sobre a falsa profecia:
1. O falso profeta não fala a palavra de Deus, mas fala as palavras do seu próprio coração. (Jeremias
23:16). Mas como saber quem fala de Deus e quem fala do coração?
2. O falso profeta traz apenas mensagens de otimismo, ele não expõe e nem condena o pecado do
povo. (Jeremais 7:4-6).
3. O falso profeta não tem um compromisso ético, levando muitas vezes uma vida de imoralidade e
pecado. (Jeremias 29:21-23)
4. O falso profeta faz previsões que não se concretizam, como foi o caso do falso profeta Hananias
que previu a restauração da soberania de Judá em 2 anos. (Jeremias 28)

Bibliografia
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Religiosa Edições Vida Nova e Editora Mundo Cristão, 1980
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SKINNER, John Jeremias: Profecia e Religião. ASTE, 1966
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