Gabriela Guerra
- pra alterar a fachada do prédio também precisa de unanimidade dos condôminos! (mudar janela,
fechar varanda etc) art 10§2º lei 4591/64 (aplicação supletiva ao CC).
Art. 10. É defeso a qualquer condômino:
§ 2º O proprietário ou titular de direito à aquisição de unidade poderá fazer obra que (VETADO) ou
modifique sua fachada, se obtiver a aquiescência da unanimidade dos condôminos
- alteração da estrutura não depende de unanimidade, mas de conhecimento técnico, dependendo
portanto de manifestação de profissional habilitado. Por isso que essa expressão foi vetada no §2º.
Obs.: as vezes, na própria convenção inaugural já vem possibilitando alteração da fachada por
fechamento de varanda.
3. Estrutura Interna
- a estrutura interna do condomínio interno caracteriza-se pela união indissociável de unidades
autônomas e áreas comuns.
Art. 1.331. Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, e partes que são propriedade
comum dos condôminos.
§ 1o As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e
sobrelojas, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade
exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários, exceto os abrigos para
veículos, que não poderão ser alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização
expressa na convenção de condomínio.
§ 2o O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a
calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são
utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados separadamente, ou divididos.
§ 3o A cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável, uma fração ideal no solo e nas outras partes
comuns, que será identificada em forma decimal ou ordinária no instrumento de instituição do condomínio.
§ 4o Nenhuma unidade imobiliária pode ser privada do acesso ao logradouro público.
§ 5o O terraço de cobertura é parte comum, salvo disposição contrária da escritura de constituição do
condomínio.
3.1 Unidade Autônoma
- pode consistir em apartamentos, escritórios, salas, lojas, abrigos para veículos...
- é indispensável que o edifício se componha de múltiplas unidades autônomas, isoladas entre si.
- alienar gravar (ônus real)
Art 1331 CC em seu §1º diz que as unidades autônomas podem ser alienadas e gravadas livremente
por seus proprietários.
- não há direito de preferência dos demais condôminos em relação a venda do bem.
- condômino pode vender pra quem quiser
- não pode vender só unidade autônoma ou só a fração ideal (são indissociáveis).
- pode constituir em ônus real sem autorização dos demais condôminos.
- se a unidade autônoma for dividida por mais de um condômino, haverá condomínio geral dentro
do condomínio edilício. Se um dos condôminos quiser vender sua fração ideal do apartamento
deverá respeitar o direito de preferência do outro condômino.
“Os demais condôminos, exceto no caso das garagens, não tem preferência na aquisição. Se, no entanto, uma
mesma unidade autônoma pertencer a dois ou mais proprietários, aplicam-se-lhes as regras do condomínio
em comum”. (CRG)
b) a vaga de garagem pode ser acessória da unidade autônoma: nesse caso, não terá matrícula
própria, segue o bem principal. Faz parte, integra o apartamento, não tem autonomia.
c) garagem pode ser área comum: pátio de estacionamento onde não está definido as vagas de cada
um. Se destinam a todos os condôminos.
- alugar
- condôminos podem livremente alugar as unidades autônomas independentemente da autorização
de terceiros.
- bem como para gravar as unidades.
art 1336 §1º O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios
convencionados ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até dois por cento sobre o
débito.
§ 2º O condômino, que não cumprir qualquer dos deveres estabelecidos nos incisos II a IV, pagará a multa
prevista no ato constitutivo ou na convenção, não podendo ela ser superior a cinco vezes o valor de suas
contribuições mensais, independentemente das perdas e danos que se apurarem; não havendo disposição
expressa, caberá à assembléia geral, por dois terços no mínimo dos condôminos restantes, deliberar sobre a
cobrança da multa.
- condômino, só pode fazer obra no interior da unidade autônoma, onde tem propriedade exclusiva
nas áreas de propriedade comum, é necessário prévia deliberação assemblear. Ex: reformar o salão
de festas, trocar sistema de calefação.
- quorum de de deliberação: dependerá se a obra importar em uma benfeitoria útil ou voluptuária.
Se for voluptuária o quorum é de 2/3 das frações ideais dos condôminos. Se se tratar de benfeitorias
úteis, o quorum é minorado a maioria(1/2 + 1) dos condôminos. O cálculo desse quorum é
computado levando em consideração o valor das frações ideais, não dos presentes. As benfeitorias
necessárias não se submetem a deliberação assemblear, podem ser tomadas pelo síndico ou
qualquer dos condôminos, na omissão deste.
- se X manifestou contrariamente a reforma, porque não terá direito para pagar, mas a reforma foi
aprovada pelos outros. X terá que pagar, de todo jeito, é obrigação “propter rem”.
-o infrator não tem seu voto levado em conta. Os 2/3 são apenas dos condôminos aptos.
4.5 Sanções:
a) infrações aos deveres previstos nos incisos II, III e IV: a multa é a prevista em convenção e se
esta for omissa precisará de deliberação de 2/3 dos condôminos, desprezando-se o condômino
infrator.
b) infrações reiteradas: a multa por infrações reiteradas aplica-se ao condômino que não paga
reiteradamente a despesa condominial. Se o condômino infringir qualquer dos deveres do 1.336 ele
deverá pagar multa por infração reiterada.
A aplicação da multa pela infração reiterada não afasta os juros moratórios e a multa dos 2%.
entende-se que não há bis in idem, pois só incide no descumprimento reiterado.
- a multa por infração reiterada será definida em assembléia geral em quorum de ¾ dos condôminos
(quorum majorado). São ¾ levados em conta o valor dos frações ideais e dos condôminos aptos a
votar (desconsidera o infrator)
Art. 1337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o
condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar
multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais,
conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem.
Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento anti-social, gerar
incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a
pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até
ulterior deliberação da assembléia.
- o art 1337 é aplicado a qualquer violação do 1336 e não apenas aos incisos II, III e IV.
- comportamento antissocial → a multa pode ser mais pesada se a infração reiteradas e pautar em
comportamento antissocial do condômino que acarrete a impossibilidade de convivência. O que é
antissocial? O que é considerado impossibilidade de convivência?
- a conduta antissocial deve impossibilitar a convivência entre os condôminos, como por exemplo,
condômino X sempre ensaia às terças e quintas com sua banda de forma que o som provocado
perturba os demais vizinhos. X despreza os demais vizinhos, atua egoisticamente.
- o condômino antissocial é egoísta, não liga para os interesses e direitos alheios.
- a multa mais pesada pode ser até 10 vezes maior mas deve ser ratificada em assembléia geral (¾
dos condôminos).
“o comportamento antissocial deve trazer incômodo e prejuízo à vida no condomínio, gerando
incompatibilidade de convivência com os demais condôminos. O comportamento recriminado deve ser
nocivo e provocar atritos de vizinhança ou gerar insegurança e desconforto aos demais condôminos” (CRG)
Enunciado 508 da V Jornada de Direito Civil: Verificando-se que a sanção pecuniária mostrou-se
ineficaz, a garantia fundamental da função social da propriedade (arts. 5o, XXIII, da CRFB e 1.228, § 1o, do
CC) e a vedação ao abuso do direito (arts. 187 e 1.228, § 2o, do CC) justificam a exclusão do condômino
antissocial, desde que a ulterior assembleia prevista na parte final do parágrafo único do art. 1.337 do Código
Civil delibere a propositura de ação judicial com esse fim, asseguradas todas as garantias inerentes ao devido
processo legal.
4.6 Seguro
- é obrigatória a contratação de seguro para incêndio do prédio, mas nada impede que cada
condômino contrate seguro para o apartamento (unidade autônoma).
- se for um incêndio que destruir a parte em comum e a individual o seguro obrigatório cobre.
- contratação de seguro é atribuição do síndico (art 1348, IX CC: cabe ao síndico realizar o seguro
da edificação) se este não contratar, a responsabilidade em eventual incêndio será dele, pois trata-se
de sua atribuição.
- a deliberação em assembléia geral de não contratação do seguro afasta a responsabilidade do
síndico? Não! A deliberação é nula.
O condômino pode ser representado? Sim, e essa representação deve ser com mandado de poderes
especiais para votar, podendo ser o locatário.
6 Administração
- será administrado simultaneamente pelo síndico, conselho fiscal e assembléia geral de
condôminos.
6.1 Síndico
- pode ser condômino ou terceiro estranho ao condomínio, incluindo o locatário. Pode ainda ser
pessoa jurídica especializada.
- o síndico representa a coletividade condominial, agindo em nome alheio nos limites da convenção
e sob a fiscalização da assembléia, praticando os atos de defesa dos interesses comuns.
a) mandato: eleitos em assembléia geral com mandato que não poderá superar 2 anos, sendo no
entanto, possível a recondução. Cada mandato não pode ultrapassar 2 anos, mas as reconduções
podem ser sucessivas.
Art. 1.347. A assembléia escolherá um síndico, que poderá não ser condômino, para administrar o
condomínio, por prazo não superior a dois anos, o qual poderá renovar-se.
b) atribuições: art 1348 CC
- polo ativo/passivo da ações: condomínio, representado pelo síndico.
“Nas ações movidas contra o condomínio, ele é citado e tem poderes para representar e defender a
comunidade. Do poder de representação do condomínio em juízo resulta que a decisão proferida faz coisa
julgada contra ou favor, sendo oponível aos condôminos INDIVIDUALMENTE, ainda que não tenham sido
partes no feito.” (CRG)
- síndico é notificado pela prefeitura para fazer obras de reparação da calçada.
- tem dever de prestar contas porque maneja dinheiro alheio. As contas devem ser prestadas em
assembléia anual, sempre que a assembléia o exigir e ao findar o mandato.
c) remuneração: depende de expressa previsão. Se não houver previsão, não recebe remuneração.
d) desdobramento de poderes: CC permite que o síndico transfira parcelas de seu poder para um
terceiro para realizar atos determinados.
§ 2o O síndico pode transferir a outrem, total ou parcialmente, os poderes de representação ou as funções
administrativas, mediante aprovação da assembléia, salvo disposição em contrário da convenção.
- quorum de maioria simples.
e) destituição:
Art. 1.349. A assembléia, especialmente convocada para o fim estabelecido no § 2o do artigo antecedente,
poderá, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, destituir o síndico que praticar irregularidades, não
prestar contas, ou não administrar convenientemente o condomínio.
síndico pode ser destituído por condôminos caso:
– pratique atos irregulares ex: deixar de contratar o seguro
– não prestar contas
– administração não conveniente ao condomínio. (Ex: deixou de cumprir um dever)
- esses conceitos são abertos que só podem ser preenchidos no caso concreto, mas entende-se que
não é toda prática irregular, nem todo ato inconveniente, não é qualquer deslize, pois se não causar
prejuízo nem se pautar em má-fé não pode destituir.
Na última aula dissemos que o condomínio é administrado pelo síndico, pelo conselho e pela
assembléia.
6.2 Conselho Fiscal
- órgão facultativo de assessoramento do síndico e fiscalização das contas do síndico.
- tem 2 competências:
• assessorar o síndico na administração do condomínio
• dar pareceres em relação as contas dos síndicos
- é constituído em Assembléia Geral e seus membros são eleitos em assembleia geral.
É composto de 3 membros com mandatos de no máximo 2 anos sendo permitida a recondução.
Art. 1.356. Poderá haver no condomínio um conselho fiscal, composto de três membros, eleitos pela
assembléia, por prazo não superior a dois anos, ao qual compete dar parecer sobre as contas do síndico.
- matérias → as matérias a serem deliberadas em AGO são: orçamento das despesas anuais; contas
do síndico; contribuições dos condôminos; eventualmente, a eleição de novo síndico; e por fim,
alteração do regimento interno.
- alteração do regimento interno e eleição de novo síndico são eventuais, mas as demais matérias
citadas sempre ocorrem.
- no anúncio de convocação não precisa fixar a matéria a ser discutida se for as 3 matérias comuns,
mas se forem as duas matérias eventuais, aí deverá conter no anúncio de convocação.
-quorum → quorum deliberativo na AGO em 1ª convocação é maioria dos votos presentes que
representem maioria de todas as frações ideais. Em 2ª convocação, o quorum é de maioria das
frações ideais presentes na assembléia.
b) AGE
– convocação: pelo síndico ou por ¼ dos condôminos. (legitimidade concorrente)
- na AGO a convocação pelo condôminos é subsidiária, já na AGE é concorrente.
Art. 1.355. Assembléias extraordinárias poderão ser convocadas pelo síndico ou por um quarto dos
condôminos.
- a convocação de todos os condôminos é obrigatória, sob pena de nulidade.
Art. 1.354. A assembléia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem convocados para a reunião.
– matéria: todas e qualquer matéria sobre condomínio que não seja matéria de AGO. Como a
matéria é muito ampla, o STJ decidiu que o anúncio de convocação da AGE deverá fixar qual é a
pauta, qual é a ordem do dia daquela AGE, pois, só assim, os condôminos poderiam se preparar
para deliberar.
– quorum: mesmo quorum da AGO. Se for 1ª convocação (maioria dos presentes que representem
maioria das frações ideais) em 2ª convocação (maioria das frações ideais presentes).
- esses quorum são gerais, mas se for quorum específico, então não se aplica, por exemplo,
alteração de convenção de condomínio o quorum é de 2/3, alteração da destinação da unidade
autônoma, o quorum é unanimidade, bem como alteração de fachada. Obra de benfeitoria
voluptuária o quorum é de 2/3.
- quorum especial independe se é 1ª ou 2ª convocação.
Art. 1.352. Salvo quando exigido quorum especial, as deliberações da assembléia serão tomadas, em
primeira convocação, por maioria de votos dos condôminos presentes que representem pelo menos metade
das frações ideais.
Parágrafo único. Os votos serão proporcionais às frações ideais no solo e nas outras partes comuns
pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversa da convenção de constituição do condomínio.
- instalada a assembléia, as deliberações tomam-se por maioria dos votos dos condôminos presentes
que representem pelo menos a metade das frações ideais, salvo aqueles para os quais é exigido
quorum especial.
Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembléia poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes,
salvo quando exigido quorum especial.
7. Extinção do Condomínio
- a essência do condomínio edilício é a perpetuidade, ao contrário do condomínio geral, cuja
característica é a temporariedade.
- não podem ser extintos por vontade dos condôminos, por convenção ou por via judicial, pois a
indivisibilidade é da própria essência do instituto.
- só se extingue excepcionalmente, nas seguintes hipóteses:
a) quando a edificação for destruída. (restando regime de copropriedade do entulho, não havendo
mais propriedade exclusiva portanto, não há mais edilício) ex: incêndio, terremoto, inundação.
b) se a edificação estiver em ruínas e os condôminos deliberarem sua demolição voluntária.
c) quando houver desapropriação do bem, o condomínio se extingue e a indenização recebida é
repartida na proporção das frações ideais. [ Crítica: o legislador define proporção das unidades
autônomas, mas estas deixaram de existir ,por isso, o correto termo seria proporção das frações
ideais] Art. 1.358. Se ocorrer desapropriação, a indenização será repartida na proporção a que se refere o §
2o do artigo antecedente.
d) quando todas as unidades autônomas passarem a ser de uma mesma pessoa. [Confusão]
Propriedade Resolúvel
1- Conceito:
é aquela que pode se extinguir em decorrência de implemento de condição, advento de termo ou de
causa superveniente que acarrete a dissolução da relação jurídica.
“é aquela que no próprio título de sua aquisição encerra o princípio que a tem de extinguir, realizada a
condição resolutória, ou vindo o termo extintivo, seja por força da declaração, seja por determinação da lei”.
(Clóvis Beviláquia)
- sua natureza jurídica é de uma das modalidades do domínio.
• compra e venda com cláusula de reserva de domínio → vendedor reserva para si a propriedade
até que o comprador pague a integralidade do preço. A propriedade do vendedor é resolúvel? Sim.
• doação com cláusula de reversão → a cláusula determina que na hipótese de morte do donatário
antes do dono, o bem retorna às mãos do dono. Há propriedade resolúvel? Sim, a propriedade do
donatário é resolúvel.
2.1 Efeitos:
- a resolução da propriedade opera seus efeitos de forma ex tunc (retroage).
“A condição o termo resolutivo operam retroativamente e todos os direitos constituídos em sua pendência se
desfazem, como se jamais houvessem existido. A devolução da coisa faz-se como se nunca tivesse havido
mudança de proprietário, aplicando-se o princípio da retroatividade.” (CRG)
- as causas resolúveis são expressas, por isso, produz efeitos contra terceiros.
Ex: Camila recebeu bem de Aline com cláusula de reversão. Camila vendeu o bem para Renata.
Camila morre. Com quem ficará o bem? Com Aline, pois havia cláusula expressa. Renata já sabia e
mesmo assim adquiriu o bem.
- aquele em favor de quem a propriedade se resolveu (no exemplo da doação, a propriedade se
resolveu em favor de Aline) tem o direito de reivindicar o bem contra aquele que a possua ou
detenha. Assim, caso Renata se recusasse a devolver o bem, Aline poderia se valer de uma
reivindicatória contra ela.
Enunciado 509: A resolução da propriedade, quando determinada por causa originária, prevista no
título, opera ex tunc e erga omnes; se decorrente de causa superveniente, atua ex nunc e inter partes.
3.1 Efeitos
- aquele em desfavor de quem a resolução se operou, não pode reivindicar o bem quando em mãos
de terceiro, cabendo apenas perdas e danos pelo valor do bem.
- efeitos são ex nunc e inter partes
1- Introdução
- O direito de propriedade sofre inúmeras restrições em seu exercício.
-As regras que regulam essas limitações destinam-se a evitar conflitos de interesses entre
proprietários de prédios contíguos.
- os direitos de vizinhança emanam da lei, ao passo que servidões e demais limitações resultam da
vontade das partes.
- os direitos de vizinhança limitam o domínio, estabelecendo uma variedade de direitos e deveres
recíprocos entre proprietários de prédios contíguos.
- os direitos de vizinhança dispensam registro e surgem de mera contiguidade entre os prédios.
- são obrigações propter rem (ambulatórias) pois vinculam os confinantes, acompanhando a coisa
(se transmite ao sucessor a título particular).
2- Uso anormal da propriedade
- art 1277
- Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências
prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade
vizinha.
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do
prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos
moradores da vizinhança.
- o conceito do art 1277 abrange os atos ilegais e abusivos pois neles há o uso anormal da
propriedade.
- ilegais são os atos ilícitos que obrigam à composição do dano ex: atear fogo no prédio vizinho
- abusivos são os atos que, embora o causador do incômodo se mantenha nos limites de sua
propriedade, mesmo assim vem a prejudicar o vizinho. Ex: barulho excessivo.
- lesivos são os atos que causam dano ao vizinho, embora o agente não esteja fazendo uso anormal
de sua propriedade e a atividade tenha sido até autorizada por alvará ex: indústria cuja filigem esteja
prejudicando ou poluindo o ambiente, embora normal a atividade.
- o uso anormal é tanto o ilícito como o abusivo, em desacordo com a finalidade econômica ou
social, a boa-fé ou os bons costumes.
Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for
de propriedade particular.
- tal regra constitui exceção ao princípio de que o acessório segue o principal.
- visa evitar que o dono da árvore quisesse entrar no terreno confinante para apanhar os frutos ali
caídos.
Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o
plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido.
- trata-se de uma espécie de justiça privada, em oposição a negligência do dono da árvore, que tem
o dever de mantê-la em tal situação que não prejudique a propriedade vizinha, as vias públicas etc.
- o exercício desse direito não requer maiores formalidades
4- Da Passagem Forçada
Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante
pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente
fixado, se necessário.
§ 1o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem.
§ 2o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública,
nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.
§ 3o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia passagem
através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra.
Art. 1.287. Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário do prédio onerado exigir a
realização de obras de segurança.
Direitos do Prejudicado
1- receber indenização
2- exigir que a instalação seja feita de forma menos gravosa
3- remover a instalação para transferi-la a outro local do imóvel (às próprias custas)
4- exigir a realização de obras de segurança se as instalações oferecerem grave risco
§ 1o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de
madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários
confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes
iguais, para as despesas de sua construção e conservação.
§ 2o As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de março divisório, só podem ser cortadas,
ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários.
§ 3o A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro
fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a
concorrer para as despesas.
- na expressão tapume empregada incluem-se os muros, cercas, sebes vivas, gradis u quaisquer
outros meios de separação dos terrenos. Presumem-se “pertencer a ambos os proprietários confinantes,
sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para
as despesas de sua construção e conservação”.
-essa presunção, entretanto, é juris tantum e admite prova em contrário.
- por força de tal presunção relativa, configura-se o condomínio forçado em cercas, muros e valas.
Todavia tal presunção legal cede se o dono de um dos prédios confinantes logra provar seu domínio.
- os tapumes podem ser comuns ou especiais. Os comuns compreendem os que podem impedir a
passagem de animais de grande porte, como o gado, cavalar e muar. Tapumes especiais são os que
podem impedir a passagem de animais de pequeno porte, como as aves domésticas. A distinção é
interessante porque, enquanto a construção ou levantamento dos tapumes comuns é um direito do
proprietário do prédio, a dos tapumes especiais apresenta-se como obrigação dos donos e detentores
dos animais de pequeno porte.
- tem se entendido que a divisão das despesas deve ser previamente convencionada. À falta de
acordo, o proprietário interessado na construção da obra deve obter o reconhecimento judicial da
obrigação do confinante de contribuir para a construção do tapume, se a construção decorrer de
exigência administrativa constante de lei ou regulamento.
- o proprietário que já tenha fechado o seu terreno por outra forma não esta obrigado a levantar
tapume especial, a não ser que o exijam as posturas municipais.
- somente existe a obrigação do vizinho de participar das despesas quando se cogita de tapume
destinado a evitar a passagem de animais de grande porte. O tapume deve ser feito conforme as
posturas municipais e costumes de cada lugar.
- quanto aos tapumes especiais sua construção, conservação e utilização cabem unicamente ao
interessado, que provocou a necessidade, ou seja, o dono dos animais que poderá ser
responsabilizado se não os construir e os animais causarem danos.
Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de conformidade com a posse
justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os prédios, ou,
não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro.
7- Do Direito de Construir
7.1 Limitações e Responsabilidades
- o direito de construir constitui emanação do direito de propriedade. Assegura este ao proprietário a
faculdade de usar e dispor do que lhe pertence, como lhe aprouver, nele incluído a de edificar as
construções que quiser. Todavia, o exercício do direito de propriedade não é absoluto,
condicionando-se a outros valores, que merecem igual tutela da lei, seja no interesse dos vizinhos,
seja naquele do bem-estar da coletividade.
- tal direito encontra-se assim limitações no direitos dos vizinhos.
Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos
vizinhos e os regulamentos administrativos.
Ex: não é lícito encostar à parede divisória chaminés, fogões, fornos suscetíveis de produzir
interferências prejudiciais ao vizinho. Também não pode construir de forma a despejar águas no
prédio do vizinho.
- conta-se a distância de metro e meio da linha divisória e não do edifício vizinho. Em caso de
desrespeito a norma legal, o lesado pode embargar a construção por meio de nunciação de obra
nova.
- a finalidade dessa servidão negativa é preservar a intimidade das famílias, resguardando-as da
indiscrição dos vizinhos.
Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que se desfaça janela,
sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não poderá, por sua vez, edificar sem atender
ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das águas da goteira, com
prejuízo para o prédio vizinho.
Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a quantidade, altura e
disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, ou contramuro, ainda que lhes vede a
claridade.
7.3 Águas e Beiras
Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente, sobre o
prédio vizinho.
- proíbe tal dispositivo o estilicídio propriamente dito, isto é, o despejo de águas por gotas, uma vez
que ao proprietário sobre o qual deitem goteiras é facultado o direito de embargar a construção da
obra.
- não pode o proprietário portanto construir de modo que o beiral de seu telhado despeje sobre o
vizinho. Embora este esteja obrigado a receber as águas que correm naturalmente para o seu prédio,
não pode ser compelido a suportar as que ali fluam artificialmente, por meio de calhas ou beirais.
- se o proprietário colocar calhas que recolham as goteiras, impedindo que caiam na propriedade do
vizinho, poderá encostar o telhado na linha divisória.
7.4 Paredes Divisórias
- paredes divisórias são as que integram a estrutura do edifício na linha de divisa. Distinguem-se
dos muros divisórios que são regidos pelas disposições referentes aos tapumes. Muro é elemento de
vedação, enquanto parede é elemento de sustentação e vedação.
- quanto ao assentamento da parede o art 1305 abre ao proprietário que primeiro edificar a seguinte
alternativa: assentar parede somente no seu terreno ou assentá-la até meia espessura no terreno
vizinho. Na primeira hipótese, a parede lhe pertencerá integralmente, na segunda será de ambos.
- o dono do terreno invadido tem o direito de travejá-la. Se o fizer, aquele que a construiu pode
cobrar metade do seu valor. Enquanto não travejar, poderá adquirir meação dela.
Art. 1.305. O confinante, que primeiro construir, pode assentar a parede divisória até meia espessura no
terreno contíguo, sem perder por isso o direito a haver meio valor dela se o vizinho a travejar, caso em que o
primeiro fixará a largura e a profundidade do alicerce.
Parágrafo único. Se a parede divisória pertencer a um dos vizinhos, e não tiver capacidade para ser travejada
pelo outro, não poderá este fazer-lhe alicerce ao pé sem prestar caução àquele, pelo risco a que expõe a
construção anterior.
Art. 1.306. O condômino da parede-meia pode utilizá-la até ao meio da espessura, não pondo em risco a
segurança ou a separação dos dois prédios, e avisando previamente o outro condômino das obras que ali
tenciona fazer; não pode sem consentimento do outro, fazer, na parede-meia, armários, ou obras semelhantes,
correspondendo a outras, da mesma natureza, já feitas do lado oposto.
Art. 1.307. Qualquer dos confinantes pode altear a parede divisória, se necessário reconstruindo-a, para
suportar o alteamento; arcará com todas as despesas, inclusive de conservação, ou com metade, se o vizinho
adquirir meação também na parte aumentada.