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Platão e a Descoberta da Metafísica

Escrito por Coordenação do Site


Sáb, 23 de Maio de 2009 01:19 - Última atualização Ter, 26 de Maio de 2009 02:28

Por Carlos Antonio Fragoso Guimarães

PLATÃO, cujo verdadeiro nome era Aristócles, nasceu em Atenas, em 428/427 a.C., e lá
morreu em 347 a.C. Platão é um nome que, segundo alguns, derivou de seu vigor físico e da
largueza de seus ombros (platos significa largueza). Ele era filho de uma abastada família,
aparentada com famosos políticos importantes, por isso não espanta que a primeira paixão de
Platão tenha sido a política.

Inicialmente, Platão parece ter sido discípulo de Crátilo, seguidor de Heráclito, um dos grandes
filósofos pré-Socráticos. Posteriormente, Platão entra em contato com Sócrates, tornando-se
seu discípulo, com aproximadamente vinte anos de idade e com o objetivo de se preparar
melhor para a vida política. Mas os acontecimentos acabariam por orientar sua vida para a
filosofia como a finalidade de sua vida.

Platão tinha cerca de vinte e nove anos quando Sócrates foi condenado à beber o cálice de
cicuta (veneno fortíssimo). Ele havia acompanhado de perto o processo de seu mestre, e o
relata na Apologia de Sócrates. O fato de Atenas, a mais iluminada das cidades-estados
gregas, ter condenado à morte "o mais sábio e o mais justo dos homens" - como falara
mediunicamente o oráculo de Apolo, em Delfos - lhe deixou marcas profundas que
determinariam as linhas mestras de toda a sua atividade de filósofo.

Acredita-se que todas, ou uma boa parte da obra de Platão nos chegou inteira. Além de cartas
e da Apologia de Sócrates, Platão escreveu cerca de trinta Diálogos que têm sempre
invariavelmente Sócrates como protagonista. Nestas obras excepcionais, Platão tenta
reproduzir a magia do diálogo socrático, imitando o jogo de perguntas e respostas, com todos
os meandros da dúvida, com as fugazes e imprevistas revelações que impulsionam para a
verdade, sem, contudo, revelá-la de modo direto. O motivo pelo qual sua obra nos chegou
praticamente intacta reside no fato de Platão ter fundado uma escola que se tornou famosa, e
que era dedicada ao herói Academos. Daí o nome Academia.

Platão foi o responsável pela formulação de uma nova ciência, ou, para ser mais exato, de uma
nova maneira de pensar e perceber o mundo. Este ponto fundamental consiste na descoberta
de uma realidade causal supra-sensível, não material, antes apenas esboçada e não muito
bem delineada por alguns filósofos, embora tenha sido um pouco mais burilada por Sócrates.
Antes de Sócrates, era comum tentar-se explicar os fenômenos naturais a partir de causas
físicas e mecânicas. Platão observa que Anaxágoras, um dos pré-socráticos, tinha atinado para
a necessidade de introduzir uma Inteligência universal para conseguir explicar o porquê das
coisas, mas não soube levar muito adiante esta sua intuição, continuando a atribuir peso

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preponderante às causas físicas. Entretanto, se perguntava Platão, será que as causas de


caráter físico e mecânico representam as "verdadeiras causas" ou, ao contrário, representam
simples "concausas", ou seja, causas a serviço de causas mais elevadas? Não seria o visível
fruto de algo mais sutil?

Para encontrar a resposta às suas dúvidas, Platão empreendeu aquilo que chamou
simbolicamente de "a segunda navegação". A primeira navegação seria o percurso da filosofia
naturalista. A segunda navegação seria a orientação metafísica de uma filosofia espiritualista,
do inteligível. O sentido do que seja essa segunda navegação fica claro nos exemplos dados
pelo próprio Platão.

Se se deseja explicar por que uma coisa é bela, um materialista diria que os elementos físicos
como o volume, a cor e o recorte são bem proporcionais e causam sensações prazerosas e
agradáveis aos sentidos. Já Platão diria que tudo isso seria apenas qualidades que evocariam
uma lembrança de algo ainda mais belo, vista pela alma no plano espiritual, mas que não está
acessível ao plano físico. O objeto seria apenas uma cópia imperfeita, por ser material, de uma
"Idéia" ou forma pura do belo em si.

Vejamos um outro exemplo:

Sócrates está preso, aguardando a sua condenação. Por que está preso? A explicação
mecanicista diria que é porque Sócrates possui um corpo corpulento, composto de ossos e
nervos, etc, que lhes possibilitam e lhe permitiram locomover-se e se deslocar por toda a vida,
até que, por ter cometido algum erro, tenha-se dirigido à prisão, onde lhe sejam postas as
amarras. Ora, qualquer pessoa sabe a simplificação desse tipo de argumento, mas é
justamente assim que falam o materialistas-mecanicistas até os dias de hoje. Mas este tipo de
explicação não oferece o verdadeiro "porquê", a razão pela qual Sócrates está preso,
explicando apenas o meio pelo qual pode uma pessoa ser posta num cárcere devido ao seu
corpo. Explica o ato, descrevendo-o, e não suas causas. A verdadeira causa pela qual
Sócrates foi preso não é de ordem mecânica e material, mas de ordem superior, da mesma
forma que um computador não executa um complexo cálculo matemático pela ação de seus
componentes em si, mas devido a algo de ordem superior e mais abstrato: o seu programa, o
software. Sócrates foi condenado devido a um julgamento de valor moral usado a pretexto de
justiça para encobrir ressentimentos e manobras políticas das pessoas que o odiavam. Ele,
Sócrates, decidiu acatar o veredicto dos juízes e submerter-se à lei de Atenas, por acreditar
que isso era o correto e o conveniente, pois ele era cidadão de Atenas, mesmo ciente da
injustiça de sua condenação. E, em conseqüência disto, dessa escolha de ordem moral e
espiritual, ele, em seguida, moveu os músculos e as pernas e se dirigiu ao cárcere, onde se
deixou ficar prisioneiro.

A segunda navegação, portanto, leva ao conhecimento de dois níveis ou planos do ser: um,
fenomênico e visível (a nível do hardware, como diríamos em linguagem de computação);
outro, invisível e metafenomênico, (a nível do software), inteligível e compreensível pela razão
e pela intuição.

Podemos afirmar, como falam Reale & Antiseri, que a segunda navegação platônica constitui

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uma conquista e assinala, ao mesmo tempo, a fundação e a etapa mais importante da história
da metafísica. Todo o pensamento ocidental seria condicionado definitivamente por essa
"distinção" entre o físico (o hardware) e o causal (o software, a ordem implicada que causa a
ordem explicada), tanto na medida da sua aceitação quanto de sua não aceitação através da
história. Se ela não é aceita, a pessoa que não a aceita terá de justificar a sua não aceitação,
gerando uma polêmica que continuará dialeticamente a ser condicionada ao fato de que existe
- ao menos filosoficamente - algo que se chama metafísica.

Só após a "segunda navegação" platônica é que se pode falar de material e espiritual. E é à luz
dessas categorias que os físicos anteriores a Sócrates, e muitos físicos modernos, podem ser
tachados e materialistas, mas agora a natureza não pode mais ser vista como a totalidade das
coisas que existem, mas como a totalidade das coisas que aparecem. Como diria o Físico
David Bohm, a ordem explícita é apenas conseqüência de uma ordem implícita, superior e
invisível. O "verdadeiro" ser é constituído pela "realidade inteligente" e "inteligível" que lhe é
transcendente.

O Mito da Caverna

É o próprio Platão quem nos dá uma idéia magnífica sobre a questão da ordem implícita e
explícita no seu célebre "Mito da Caverna" que se encontra no centro do Diálogo A República.
Vejamos o que nos diz Platão, através da boca de Sócrates:
Imaginemos homens que vivam numa caverna cuja entrada se abre para a luz em toda a sua
largura, com um amplo saguão de acesso. Imaginemos que esta caverna seja habitada, e seus
habitantes tenham as pernas e o pescoço amarrados de tal modo que não possam mudar de
posição e tenham de olhar apenas para o fundo da caverna, onde há uma parede. Imaginemos
ainda que, bem em frente da entrada da caverna, exista um pequeno muro da altura de um
homem e que, por trás desse muro, se movam homens carregando sobre os ombros estátuas
trabalhadas em pedra e madeira, representando os mais diversos tipos de coisas. Imaginemos
também que, por lá, no alto, brilhe o sol. Finalmente, imaginemos que a caverna produza ecos
e que os homens que passam por trás do muro estejam falando de modo que suas vozes
ecoem no fundo da caverna.

Se fosse assim, certamente os habitantes da caverna nada poderiam ver além das sombras
das pequenas estátuas projetadas no fundo da caverna e ouviriam apenas o eco das vozes.
Entretanto, por nunca terem visto outra coisa, eles acreditariam que aquelas sombras, que
eram cópias imperfeitas de objetos reais, eram a única e verdadeira realidade e que o eco das
vozes seriam o som real das vozes emitidas pelas sombras. Suponhamos, agora, que um
daqueles habitantes consiga se soltar das correntes que o prendem.

Com muita dificuldade e sentindo-se freqüentemente tonto, ele se voltaria para a luz e
começaria a subir até a entrada da caverna. Com muita dificuldade e sentindo-se perdido, ele
começaria a se habituar à nova visão com a qual se deparava. Habituando os olhos e os
ouvidos, ele veria as estatuetas moverem-se por sobre o muro e, após formular inúmera
hipóteses, por fim compreenderia que elas possuem mais detalhes e são muito mais belas que
as sombras que antes via na caverna, e que agora lhes parece algo irreal ou limitado.
Suponhamos que alguém o traga para o outro lado do muro. Primeiramente ele ficaria

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ofuscado e amedrontado pelo excesso de luz; depois, habituando-se, veria as várias coisas em
si mesmas; e, por último, veria a própria luz do sol refletida em todas as coisas.

Compreenderia, então, que estas e somente estas coisas seriam a realidade e que o sol seria
a causa de todas as outras coisas. Mas ele se entristeceria se seus companheiros da caverna
ficassem ainda em sua obscura ignorância acerca das causas últimas das coisas. Assim, ele,
por amor, voltaria à caverna a fim de libertar seus irmãos do julgo da ignorância e dos grilhões
que os prendiam. Mas, quando volta, ele é recebido como um louco que não reconhece ou não
mais se adapta à realidade que eles pensam ser a verdadeira: a realidade das sombras. E,
então, eles o desprezariam....

Qualquer semelhança com a vida dos grandes gênios e reformadores de todas as áreas da
humanidade não é mera coincidência.

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