1ª SÉRIE – ENSINO MÉDIO

PROFESSOR RODOLFO BRAGA

FILOSOFIA

Definições

1) Etimológica:

Esta definição busca a origem da palavra filosofia. Em grego, philía significa amor,
amizade, gostar de, ter afeição por. Sophia significa sabedoria. Assim, a palavra
filosofia significa AMOR À SABEDORIA. Na abertura de sua principal obra, a
Metafísica, Aristóteles diz que “Todo homem deseja por natureza o saber”. Isto
significa que faz parte da essência, da NATUREZA HUMANA, a busca, o desejo pela
sabedoria. Ora, isto é especificamente a filosofia. Logo, podemos concluir que a
filosofia é algo típico do ser humano, atividade à qual todos somos chamados. Dizendo
de outro modo: todos somos chamados, vocacionados, a sermos filósofos.

2) Real:

Nesta definição, temos o que a filosofia faz de fato, ou seja, qual é a atividade do
filósofo. Mais uma vez Aristóteles nos ajuda nesta compreensão. Em sua Metafísica, o
Estagirita (Aristóteles, pois nasceu em Estagira) nos afirma que a filosofia “é a ciência
que estuda a causa última de todas as coisas”. Cabe-nos agora entender melhor os
termos desta afirmação.

Ciência, neste caso, pode ser entendida como um conhecimento racionalmente

fundamentado. Portanto, o conhecimento científico exclui o conhecimento mítico, o
conhecimento religioso, que não deixam de ser conhecimento. Ciência também não
podem ser apenas as famosas ciências experimentais (física, química, biologia, por
exemplo), pois estas são conhecimento racionalmente fundamentado por meio de
verificação experimental, isto é, uma especificidade do que é Ciência, já que esta acaba
por se revelar mais ampla e mais profunda. Ciência, portanto, é todo conhecimento que
pode ser justificado por meio de argumentos racionais. Assim, a história é ciência, a
teologia é ciência, a sociologia é ciência e a filosofia, por excelência, é ciência.
A causa última é última não por estar no final, mas por ser a mais importante. Por que é
a mais importante? Porque sem ela nada teria sido causado, o que nos leva a concluir
que é a causa causadora de tudo. Imagine que tenhamos algum evento quotidiano
qualquer, por exemplo, um jogo de sinuca. Quando o taco impulsiona a bola, ele causa o
movimento da bola, que por sua vez pode transmitir aquele impulso recebido a outra
bola. Ora, com a nossa inteligência sabemos que o fato do taco ter movimentado a bola,
embora tenha causado o movimento da mesma, não foi aquilo que causou todas as
coisas que existem. Assim, em filosofia dizemos que esta causa (o taco ter impulsionado
a bola) não é causa última, mas causa segunda. Esta causa segunda pode também ser
chamada de causa imediata ou causa particular. Ora, quem se preocupa do estudo das
causas particulares são as ciências particulares, neste caso, a física, assim como quem
estuda a causa do câncer (causa particular) é a medicina. Dado isto, entendemos que a
filosofia não irá se preocupar com o estudo de tais causas deixando tal estudo para as
ciências particulares (física, medicina, etc.). A filosofia irá se preocupar em estudar a
causa última, a causadora de tudo.

Uma reflexão que pode ser feita neste sentido é a que nos faz entender que a filosofia
não irá estudar o câncer. Quem irá estudar o câncer, como foi dito, é a medicina. No
entanto, o câncer é um mal. Do mesmo modo que um filósofo não estará preocupado em
estudar o câncer, visto ser preocupação da medicina, um médico não estará interessado
em estudar o que é o mal, já que esta preocupação será a do filósofo. O problema do
mal, portanto, é preocupação do filósofo, pois é entendendo racionalmente o que é a
causa última (a causadora de tudo) que o homem pode entender o problema do mal, pois
a compreensão deste está relacionada ao conhecimento da causa última.

Portanto, podemos chegar à conclusão de que a filosofia busca entender e fundamentar

seu conhecimento acerca daquela realidade última e mais importante de todas as coisas
por meio da racionalidade humana. De modo mais simples, a filosofia tenta embasar seu
conhecimento sobre o porquê último das coisas por meio da razão.