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Compreendendo a Nova Era

Em síntese: A corrente filosófico-religiosa “Nova Era” é um amálgama de esoterismo,


hinduísmo (com panteísmo e reencarnação), holismo, comunicação com os mortos, medicina
alternativa, gnosticismo e também Cristianismo. Carece de nítida estrutura de pensamento,
como também de um governo central. Tem-se expandido notavelmente, porque parece
conciliar entre si modos diversos de pensar e agir. Pode-se dizer que Nova Era é a expressão da
insatisfação do homem moderno, que experimenta o vazio causado pelo materialismo e as
rápidas mudanças da sociedade contemporânea. Os adeptos da Nova Era recusam o que o
mundo atual lhes oferece, mas nada de positivo têm a pôr no lugar dos valores tradicionais, pois
as mensagens do esoterismo, do channeling, da ufologia, da gnose (…) são altamente fantasiosas
e subjetivas; as emoções e os sentimentos prevalecem sobre a lógica e o raciocínio. – Aos fiéis
católicos compete responder ao desafio de Nova Era mediante a transmissão integral e convicta
da mensagem cristã guardada na Igreja Católica; saibam associar palavra e conduta de vida, pois
o homem moderno se interessa grandemente pela coerência e sinceridade com que os fiéis
vivem sua crença religiosa.

A corrente filosófico-religiosa dita “Nova Era” está sempre em foco, suscitando novas e
novas interrogações. Em 1993, foi publicado em português o volume “Compreendendo a Nova
Era”, da autoria de Russell Chandler, escritor-jornalista do Los Angeles Times.¹ Impressionado
pelo movimento religioso norte-americano, R. Chandler resolveu pedir oito meses de licença ao
seu jornal para estudar a fundo o fenômeno “Nova Era”. Aproveitou então esse tempo para
fazer uma pesquisa extensa e profunda, entrevistando pessoas, lendo obras, assistindo a
palestras …, que lhe permitiram escrever o volume em pauta. – Realmente, a obra de R. Chandler
fornece informações múltiplas e preciosas sobre a Nova Era. Eis a razão pela qual a utilizaremos
nas páginas subsequentes para abordar o assunto já considerado em PR 379/1993, 554-572.
Dada a atualidade do tema e o interesse dos leitores por claras notícias a respeito, pode-se Ter
como oportuna mais uma apresentação do assunto enriquecida por dados novos.

Começaremos por perguntar:

QUE É A “NOVA ERA”?

O autor assim abre o seu capítulo 1:

“Desencorajador! Este foi o adjetivo que demos a um imenso quebra-cabeça que


escolhemos, certo feriado, dentro do armário cheio de jogos (…)

Quando, no verão de 1987, planejei escrever um livro que fizesse sentido acerca do
amorfo movimento da Nova Era, isso também pareceu-me uma tarefa desencorajadora. Havia
tantas peças e pedacinhos. Havia fronteiras incertas. Havia sempre novas esferas de atividade.
Havia um elenco giratório de personagens (…)

Apesar de estar tão em moda, é muito difícil definir a Nova Era, pois suas fronteiras são
imprecisas. Trata-se de um caleidoscópio sempre em mutação de “crenças, hábitos adquiridos
e rituais”, conforme a revista Time observou com razão em seu artigo de fundo da edição de 7
de dezembro de 1987, New Age Harmonies” (pp. 15-17).

O autor assim esboça o que seja Nova Era: é um amálgama ou uma confluência de várias
correntes de pensamento heterogêneas, que têm ao menos um fio condutor comum: a recusa,
um tanto confusa e irracional, do pensamento e dos valores convencionais, em favor de certas
posturas teóricas e práticas novas (novas, porque “provenientes do além” ou do
aprofundamento de elementos misteriosos). Daí a expressão “Nova Era”. Mais precisamente:
estaríamos na transição da Era de Peixes (era colocado sob o signo de peixes) para a Era de
Aquário ou Aguadeiro (jovem que traz um cântaro de água que ele vai derramar em sinal de
bênção, conforme o Zodíaco e a Astrologia).

E quais seriam os elementos que confluem na Nova Era? – Podemos recensear sete
deles.

O Pensamento Hindu

Predomina nas expressões da Nova Era o hinduísmo, muito voltado para a mística e o
invisível – o que corresponde a um anseio do homem ocidental; vários mestres budistas têm
feito escola no Ocidente, como também muitos cidadãos ocidentais têm ido procurar na Índia
alguma resposta para as suas aspirações.

O hinduísmo tem duas grandes notas características: o panteísmo e o


reencarnacionismo. O panteísmo identifica a divindade, o homem e o mundo entre si. Essa
identificação condiz bem com o holismo, concepção filosófica subjacente e muitas teses da Nova
Era: holon, em grego, significa todo a Nova Era entende que todas as coisas formam um só todo
(holon). Este princípio retorna frequentemente nos escritos da Nova Era:

“O antigo paradigma que divide, separa e analisa, precisa de ser descartado – até mesmo
apagado de forma terminante – para que seja aberto espaço para a nossa suposta unidade entre
a realidade e o divino. Tudo é Uno; Deus é Tudo, e Tudo é Deus. A humanidade é endeusada, a
morte é negada, e a ignorância – e não o mal – passa a ser o inimigo” (p. 37).

A crença na reencarnação é corolário lógico do panteísmo: se não há Deus distinto do


homem e Salvador, é a própria criatura que se deve salvar… e ela o faz mediante duas ou mais
encarnações, necessárias para que se desvincule totalmente do apego das paixões.

A Comunicação com os Mortos

Chama-se, na Nova Era, “canalização” a comunicação com os mortos; os médiuns são


“canalizadores” ou “canais”. Estes põem-se em transe para poder entrar em contato, como
dizem, “com algum espírito, mestre desencarnado, habitante de outro planeta ou mesmo com
alguma entidade animal altamente evoluída” (p. 99).

As canalizações incluem a psicografia; poesia e peças musicais são assim captadas do


“fundo mental” dos mestres, como dizem. – Entre os canais de grande renome está o brasileiro
Luiz Antônio Gasparetto, que dirige um Centro Espírita para os pobres em São Paulo e leva ao
ar um programa semanal de televisão, durante o qual diz receber cinquenta artistas, “mestres
antigos”: Renoir, Picasso, Goya, Van Gogh e Toulouse-Lautrec… Estes misturariam as tintas, as
poriam nas mãos de Gasparetto, movimentariam rapidamente os seus braços e mãos sobre o
papel ou a tela … É também canal de grande fama o pastor protestante Neville Rowe, engenheiro
eletricista formado, que serve de canal para Golfinhos e também para Soli, um habitante de
planeta distante das Plêiades!

Nossa Senhora do Rosário estaria falando através de Verônica Leuken, uma católica
ultra-tradicionalista. A Virgem SS. Teria revelado que o Pe. Teilhard de Chardin S. J. (+ 1955) se
acha no inferno e que o presidente John Kennedy está no purgatório “por não Ter manuseado
direito a crise dos mísseis em Cuba” (p. 102).
“Os prostantes conservadores geralmente identificam as entidades canalizadas com
maus espíritos ou demônios. De acordo com este ponto de vista, as entidades são reais, mas
mentem para as pessoas” (p. 105).

Há, porém, quem julgue que “os médiuns estão ludibriando propositalmente os seus
clientes, a fim de obterem fama ou lucro ou ambas as coisas”” (p. 106).

Objetos Voadores e Inteligências Extra-Terrestres

É parte integrante do amálgama da Nova Era a aceitação de discos voadores (OVNI) e de


seres extra-terrestres (Ets).

“Os americanos são desesperadamente curiosos de coisas como os objetos voadores


não identificados (OVNI) e as Inteligências Extra-terrestres (IETs)” (p. 110).

Um médium da Nova Era, Darryl Anka, “afirma que foi o primeiro a detectar Bashar, um
ser extra-terrestre proveniente da constelação de Órion, quando ele (Anka) e alguns amigos
puderam ser fisicamente, em plena luz do dia, de perto, a nave de Bashar sobre Los Angeles” (p.
111).

“Ruth Norman, de oitenta e seis anos de idade, a quem o People’s Weekly chamou “a
grande dama dos espíritos da Nova Era”, é proprietária de sessenta e sete acres nas imediações
de San Diego da Califórnia, onde, no ano de 1002, ela espera que aterrissem trinta e três
espaçonaves interligadas, cada qual trazendo mil habitantes de outros planetas, inaugurando
assim a era de UNARIUS (Universal Articulate Interdimensional understanding of Science)”
(People Weekly, 26/01/1987, p. 31).

“No livro Out on a Limb, Shirley MacLaine “vê” veículos cheios de seres extraterrestres.
Esses estariam mencionados no livro do Êxodo, quando “o povo hebreu saiu do Egito e
atravessou o Mar Vermelho” (14,19-22); e também percebe uma espaçonave na visão das rodas
do profeta Ezequiel (Ez 1-10)” (p. 111).

“Uma pesquisa da Gallup, feita em 1987, mostrou que 50% dos americanos acreditam
na existência de discos voadores – a mesma proporção dos que crêem que os seres
extraterrestres são reais – e uma em cada dez pessoas disseram que já tinham visto algo que
pensavam ser algum OVNI” (p. 112).

“Os filmes de Stephen Spielberg, como E. T. e Encontros do Terceiro Grau têm


fomentado a chamada ufologia (estudo sobre os objetos voadores não identificados), onde os
visitantes do espaço exterior são sempre tipos amigáveis, sábios e benévolos.

Mas os relatos de seres malévolos também têm aparecido aos montões. O livro Communion, do
escritor de fantasias Whitley Strieber, esteve entre os títulos mais vendidos no verão de 1987.
A sinistra estória, que Strieber insiste ser veraz, é seu relato de Ter sido sequestrado para o
interior de uma espaçonave por uma horda de alienígenas com 90 cm de altura” (p. 112).

George King, o inglês que é a luz orientadora da Sociedade Aetherius, sediada em Los
Angeles, afirma ter entrado em contato com o “Mestre Jesus” e com uma multidão de
inteligências espaciais. E prediz que um “Novo Mestre” virá “em breve e publicamente em um
disco voador” (p. 115).
“Também há o culto Bo and peep, algumas vezes chamados de “Os Dois”. Em meados
da década de 1970, essa misteriosa dupla proclamou que, para escaparem da vindoura
catástrofe, os crentes precisavam vender tudo, abandonar seus familiares e amigos e não se
desgrudar de Bo and Peep, até que espaçonaves, descendo à Terra, sugassem-nos todos para a
segurança em um redemoinho astral” (p. 115).

“Alguns grupos protestantes conservadores acreditam que os contatos com os OVNIs


com as IETs são causados pela atividade demoníaca (a mesma explicação que oferecem quanto
às entidades canalizadas) – aquilo a que o observador de seitas, David Fetcho, se referiu, ao falar
em espíritos demoníacos que obtiveram o poder de realizar materializações reais no terreno
físico” (p. 117).

Medicina Alternativa

A Nova Era fala de “saúde holística”, ou seja, a saúde que envolve todo o homem em
seus aspectos físico e espiritual. O pressuposto aquariano do holismo aplica-se também a este
setor, e leva a crer as doenças têm fundo psíquico, devendo-se a falso acúmulo de energias;
consequentemente, podem ser curadas pela sugestão, por placebos e pela emissão de energias
saudáveis.

“De acordo com a medicina oriental, a dor é entendida não como um sintoma, mas como
um acúmulo de energia em algum local do corpo, energia essa que, se for corretamente
redistribuída, poderá restaurar a saúde e equilibrar harmonicamente o corpo. A energia –
energia psíquica – corrige ou equilibra as incorreções orgânicas” (p. 206s).

“A acupuntura e suas terapias correlatas da acupressão (shiatsu) e da reflexoterapia


também fazem uso da crença de que o fluxo da energia pode ser redirecionado para que haja
um equilíbrio de energias curativas, ou mediante a inserção de agulhas (acupuntura) ou por
meio da aplicação de pressão (acupressão e reflexoterapia) a pontos específicos do corpo” (p.
207).

Além disso, várias outras táticas são aplicadas pela medicina holística:

– a reflexoterapia, que, efetuando massagens sobre pontos precisos dos pés, produz
rápido alívio nas partes do corpo em que isto se faça necessário;

– a iridologia ou diagnóstico da íris: o olho, sendo o espelho da alma, a observação da


íris pode detectar o que está errado na vesícula biliar ou em qualquer outro órgão do corpo;

– a leitura da aura ou dos campos coloridos eletromagnéticos etéreos que circundam o


corpo humano; disto se segue a massagem correta, a terapia pelos aromas, pelas cores, pelos
cristais, pelas vestes … destinados a restaurar a vibração correta do organismo;

– a ioga, a massagem do Rolfing pretendem expelir as energias negativas acumuladas


no corpo físico;

– vitaminas, sais minerais, dieta vegetariana, remédios homeopáticos “formam raios


adicionais da bem azeitada roda holística da saúde. Essa revolução tem produzido para a nação
norte-americana mais de seis mil lojas naturais, com vendas calculadas em três bilhões e
trezentos milhões de dólares somente no ano de 1987” (p. 209);

– a cirurgia psíquica ou por “médicos do espaço! Também é praticada;


– o recurso aos placebos ou ingredientes neutros, que sugestionam o paciente para que
se sinta melhor ou curado:

“O Dr. Wayne Oates, professor e autor, publicou os resultados de treze estudos sobre
pacientes onde um grupo de pacientes com dores crônicas recebeu apenas pílulas açucaradas,
enquanto outro grupo recebia medicação para aliviar as dores. Trinta e cinco por cento dos
pacientes que não tomaram remédios, tiveram um alívio de, pelo menos, metade da dor,
porquanto tinham acreditado que estavam recebendo os medicamentos certos” (p. 212).

Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”

D. Estevão Bettencourt, osb

Nº 384 – Ano 1994 – p. 194

“O psicólogo de Nova Iorque, Larry LeShan, conta acerca de uma mulher que lhe
telefonou pedindo que realizasse uma cura a longa distância naquela noite. No dia seguinte, ela
tornou a telefonar e disse que seu alívio havia sido imediato. Mas LeShan esquecera-se de
efetuar a cura!” (p. 212).

Até mesmo o câncer é tratado holisticamente. “Mediante o relaxamento, a meditação


e a visualização, há quem julgue que a imaginação ativa do paciente pode pôr em ação o sistema
imunológico do corpo a fim de destruir até mesmo os mais generalizados tumores malignos” (p.
211).

“Esforce-se por retratar mentalmente o câncer”, diz a voz do doutor em uma figura
gravada usada para instruir os pacientes. “Imagine as células brancas do sangue de seu corpo –
um vasto exército que foi posto ali para eliminar as células anormais (…). Veja esses fagócitos
atacando as células cancerosas e levando-as para fora (…). Veja como o câncer está encolhendo
… Veja como você está cada vez mais bem sintonizado com a vida” (Jonathan Kirsch, Can Your
Mind Cure Cancer? em New West Magazine, 3/01/1977, p. 40).

Gnosticismo

Gnosticismo é uma corrente filosófico-religiosa que data dos séculos III/IV d.C. e que se
vem propagando, sob modalidades diversas, até nossos dias. Tem por base a convicção de que
o conhecimento (gnosis) salva o homem; trata-se, porém, de um conhecimento oculto,
reservado aos iniciados; quem o consegue, faz parte de uma elite, que é muito superior ao
comum dos homens:

“A premissa da Nova Era é que o conhecimento ou gnosis é a chave para sermos


despertos de nossa ignorância da divindade. O sonolento “eu superior” pode ser despertado. A
criação e a humanidade simplesmente são “elevadas” a um nível divino, através da
transformação pessoal” (p. 37).

“É inequívoca a influência gnóstica sobre o pensamento da Nova Era, conforme os seus


líderes reconhecem livremente. O gnosticismo, que foi reputado uma heresia pela Igreja cristã
primitiva, assevera que os seres humanos estão destinados à reunião com a essência divina de
onde brotaram. Aqueles que estão “no saber” (significado literal de gnosis) “entendem que o
homem é divino, que a sua origem e destino divinos separam-no do resto da criação e que não
há limites aos seus poderes. A própria morte é uma ilusão”, explica o notável historiador
Christopher Lasch” (p. 53).

Cristianismo

Também aparecem no conjunto das correntes da Nova Era elementos de Cristianismo.


Jesus Cristo, por exemplo, é aí reconhecido como um avatar ou uma especial manifestação da
Divindade; deverá aparecer no mundo com o nome de Maitreya, dando início à Nova Era ou à
de Aquário. Os adeptos desta corrente pretendem criar “uma eclética religião mundial, que se
assemelhe de perto aos sistemas religiosos do Oriente e não às crenças monoteístas ocidentais”
(p. 38).

Este caráter eclético da Nova Era explica que tal corrente não tenha uma chefia única,
uma organização central e uma sede de governo permanente.

“Ninguém fala pela inteira comunidade da Nova Era, disse Jeremy P. Tarcher, porta-voz
de uma firma de Los Angeles que publica livros da Nova Era. “Dentro do movimento não há
unanimidade sobre que defini-lo, nem há uma coesão significativa que nos permita chamá-lo de
movimento” (New Age as Perennial Philosophy, em Los Angeles Times Book Review, 7/02;1988,
p. 15)” (p. 31(.

Concepções Políticas

A Nova Era, segundo a sua visão holística do mundo, quer unificar politicamente os
povos da terra; consoante esse modo de ser, “tornar-se-iam obsoletas as fronteiras nacionais.
Assim, a agenda da Nova Era requer uma emergente civilização mundial e um único governo
central, incluindo impostos planetários e as Nações Unidas como a única agência central de
governo” (p. 38).

Essa unificação é baseada no pressuposto de que “os seres humanos estão ficando cada
vez melhores, numa ordem bem mais elevada e interligada” (p. 242).

“Satin propõe um sistema de orientação planetária tão completo que inclui até mesmo
um serviço de taxação para ajudar a redistribuir riquezas às nações mais pobres. Em seu modelo
político, não há lugar nem para o socialismo nem para o capitalismo – esse tipo de questões
deveria ser decidido pelas comunidades locais -mas antes uma economia orientada para a vida,
composta principalmente de empreendimentos de escala humana” (p. 249).

São estes os principais traços de pensamento e ação que convergem para formar o
amálgama da Nova Era. Vê-se que está longe de ser uma mensagem unitária; por ter muitas
facetas (nem sempre compatíveis entre si), pode recrutar adeptos dos mais diversos tipos.

EXPANSÃO DA NOVA ERA

“A Nova Era realmente tem influenciado cada faceta da vida contemporânea. Seus
propagandistas e suas crenças geralmente são visíveis em nossos aparelhos de televisão, no
cinema, em horóscopos impressos ou em lojas locais de alimentos naturais. Até mesmo
programas esportivos e de ginástica, de treinamento, de motivação, de aconselhamento
psicológico e de aulas religiosas servem de canais frequentes para as noções da Nova Era (…)

Trinta e quatro milhões de cidadãos americanos estão interessados no desenvolvimento


interior, incluindo o misticismo, de acordo com a SRI Internacional, uma organização de pesquisa
de opinião pública em Menlo Park, Estado da Califórnia (…). Quase metade dos adultos norte-
americanos (42%) atualmente crê que estiveram em contato com alguém que já havia morrido
– em uma pesquisa nacional anterior, onze anos atrás, essa taxa era de 27%” (p. 21).

“Cerca de sessenta milhões de americanos – cerca de um em cada quatro – agora


acreditam na reencarnação, uma das doutrinas-chave da Nova Era; e 14% endossam o trabalho
dos médiuns espíritas, ou seja, aqueles que na Nova Era, de modo geral, são conhecidos como
“canalizadores de transes” (p. 22).

“Em maio de 1988, a mídia transbordou de relatórios – baseados sobre revelações de


um livro escrito pelo chefe de pessoal da Casa Branca, Donald T. Reagan, – onde é dito que o
Presidente e a Sra. Reagan muitas vezes liam previsões astrológicas e que Nancy Reagan
consultava astrólogos para ajudá-la a determinar o itinerário das atividades e das viagens do seu
marido.

Uma pesquisa da Nothern Illinois University também anunciou que mais da metade dos
americanos pensa que seres extraterrestres têm visitado a Terra, uma crença corrente em
muitos círculos da Nova Era” (p. 23).

Examinemos agora

ORIGENS E EXPANSÃO DA NOVA ERA

O surto da corrente eclética dita “Nova Era” foi preparado de perto pela teosofia, escola
de pensamento hindu fundada pela Sra. Helena Blavatsky (+ 1891) e desenvolvida por Annie
Besant (+ 1933). A Sra. Alice Bailey (+ 1945) pôs a mão final nessa herança oriental.

“Parece que quem cunhou o nome “Nova Era” foi Alice Bailey, o qual é usado
reiteradamente em seus escritos. Mas a grande popularidade da expressão aconteceu somente
depois que a “Nova Era” foi associada à música título do musical de 1960, Hair, designada “Age
of Aquarius” (p. 57).

Nos Estados Unidos o desencadeamento do processo se deu em 1971, quando alguns


impressos começaram a ser difundidos juntamente com práticas alucinógenas.

“Pesquisas de âmbito nacional, feitas pela organização Gallup, corroboram as


descobertas de Greeley: as experiências paranormais e as crenças nos pressupostos da Nova Era
estão em ascendência, fazendo da Nova Era o sistema alternativo de crenças de mais rápido
crescimento no país, de acordo com os novos pesquisadores de assuntos religiosos, Bob e
Gretchen Passantino. Uma pesquisa de levantamento de opinião pública, feita em 1978, indicou
que dez milhões de americanos estavam ocupados em alguma organização descobriu que, entre
1978 e 1984, a crença na astrologia subira de 40% para 59% entre as crianças em idade escolar”
(p. 22).

Por que Acontece o Fenômeno Neo-religioso?

1. Embora conste de correntes de pensamento variadas, a Nova Era, âmago vem a ser a
rejeição do pensar filosófico e religioso tradicional para dar lugar a concepções e práticas novas,
um tanto misteriosas e irracionais; daí o adjetivo Nova que qualifica a fase de tempo (Era)
aguardada para breve ou para a época subsequente ao signo de Peixes no Zodíaco. A resposta
de Nova Era aos anseios do homem tem um quê de fantasioso e mágico, pois se deriva de forças
ocultas e de comunicações do além.
Este fato leva a refletir seriamente. O senso religioso dos homens ocidentais não se
extinguiu, como proclamava a Teologia da morte de Deus na década de 1960, mas vai procurar
em fontes novas, pouco lógicas, a sua mensagem.

2. Que terá acontecido nos países ocidentais, geralmente berçados pelo Cristianismo? –
Sejam ponderados os seguintes fatos:

a) O século XX foi certamente uma era convulsionada; marcada por duas guerras
mundiais (1914-18 e 1939-1945, respectivamente), das quais a segunda causou 55 milhões de
mortes; até hoje sentem-se as conseqüências da grande desordem assim acarretada (tenham-
se em vista as lutas na ex-Iugoslávia e na ex-URSS). Seguiu-se a descolonização na África e na
Ásia, com os conflitos daí decorrentes a repercutir também no Ocidente (migração de africanos
e asiáticos para a Europa e a América). Muitas esperanças desfizeram-se, muitos valores
desmoronaram, muitas pessoas foram, e estão sendo, deslocadas.

b) Simultaneamente, vem-se registrando enorme progresso científico e tecnológico. Se,


de um lado, este é um fato positivo e alvissareiro, de outro lado acarreta certo desatino e
perplexidade: a máquina é preferida ao homem, que sofre o desemprego em proporções
avultadas; a máquina também ameaça o homem, pois lhe pode causar catástrofes dolorosas, se
manipulada contra o homem. A ciência pode tornar-se selvagem para o homem; tenha-se em
vista o que ocorreu na Genética: novas e novas experiências reduzem o embrião humano ao
nível de coisa, que é produzida artificialmente e destruída quando não tem valor pragmático; os
critérios da ciência definem quem há de viver e quem há de morrer.

c) A corrida aos bens materiais na Europa e na América contribui para “achatar” o


homem. O materialismo sufoca o senso místico natural ou congênito de todo ser humano.

d) A corrente existencialista iniciada por Sören Kierkegaard (+ 1855) tem lançado o


descrédito sobre a metafísica e os valores perenes e transcendentais. Um certo
antiintelectualismo no tocante à Ética, ao Direito e à Religião progride ao lado do intelectualismo
das ciências exatas; os sentimentos e as emoções subjetivas prevalecem sobre o raciocínio e a
lógica objetiva. “Cada um na sua verdade ou Ética” é um adágio popular bastante disseminado,
que bem exprime o subjetivismo de certas concepções relativas ao homem e ao seu destino.

e) Verifica-se que até mesmo o Cristianismo clássico foi afetado pelas ondas do
pensamento moderno no que este tem de negativo: o secularismo ou uma predominante
preocupação com as estruturas temporais (sociais, econômicas e políticas) deste mundo
contribui para esvaziar o Cristianismo dos seus valores mais típicos ou dos seus aspectos
transcendentais. A “teologia da morte de Deus”, também dita “Cristianismo sem Deus” ou
“Cristianismo arreligioso”, proposta por autores das décadas de1940-1960 (Dietrich Bonhoeffer,
Harvey Cox, John Robinson, Altizer, van Buren…), embora já tenha feito sua onda, deixou
marcas; estas se refletem ainda nas modalidades extremadas da Teologia da Libertação, que
persiste até nossos dias, colocando em eclipse a autêntica mística cristã, para enfatizar
proposições e realizações de ordem material.

Em consequência, um certo relativismo e um reducionismo cristológico e eclesiológico


têm tornado anêmicos o anúncio do Evangelho.

3. Estes fatores conjugados entre si provocam um grande vazio dentro do homem


ocidental. Todo ser humano precisa, incoercivelmente, de saber por que e para que vive. Ora,
somente a fé religiosa pode responder cabalmente a estas questões.
Compreende-se então que o senso religioso inato do homem procura abastecer-se em
fontes não tradicionais, concebidas de modo confuso, irracional e fantasioso. Buda, Maitreya,
Moon ou “um outro Jesus” são chamados a preencher a lacuna do coração humano, numa
tentativa mais ou menos cega de satisfazer às aspirações deste. Um guru, um líder “carismático”,
um “profeta” (…) proporcionam aparente segurança ou firmeza às pessoas inquietas. Novas
comunidades oferecem acolhida e calor humano aos desesperançados. Estes julgam encontrar
assim a solução para os seus anseios.

Perde-se frequentemente a consciência de que a fé é um ato da inteligência humana


(não um ato cego ou emocional) e, por isto, deve estar apoiada em credenciais ou em motivos
de credibilidade (eu tenho que procurar saber inteligentemente por que hei de crer nisto ou
naquilo e não naquilo outro). O pulular de novos movimentos religiosos e seitas daí resultante
levava André Malraux a escrever: “O problema capital do fim do século XX será o problema
religioso”.¹ Este fenômeno, sem dúvida, revela a dimensão religiosa perene do ser humano, mas
é muito mais a recusa da irreligião do que a afirmação da fé no sentido pleno desta palavra; é a
atitude de quem rejeita ser considerado como sujeito de parâmetros da economia, explicável
pelo intercâmbio entre produção e consumo; parece ser mais um protesto (quiçá modista) do
que a restauração da autêntica atitude religiosa (esta, para ser plenamente humana, deve
contar com o apoio e a colaboração da inteligência); é um sintoma da inquietação do homem
que perdeu o seu Norte e se sente angustiado porque ainda atraído por Ele sem saber onde O
encontrar; tal sintoma é, sem dúvida, sadio, mas ainda rudimentar ou incompleto.

Pode-se notar, outrossim, que, por vezes, o senso religioso se transfere para o culto de
valores meramente humanos tidos como sagrados ou quase sagrados: os direitos do homem
(em lugar dos direitos de Deus), a conservação da natureza ou a ecologia (com a veneração da
Mãe-Terra), as reivindicações da Amnesty Internacional e o culto à raça (…)

É interessante o comentário que Jean Vernette faz ao popular religioso de nossos dias:

“O atrativo das novas gnoses me o fascínio do maravilhoso revelam o pânico de uma sociedade
altamente industrializada que se tornou incapaz de oferecer um sentido da existência apto a
convencer os homens.

Traduzem a necessidade de crer, mesmo em pessoas formadas na mentalidade científica. A


astrologia seduz, porque parece apoiar-se sobre leis científicas (…). As crenças ufológicas
apoiam-se sobre fatos tidos como seguros; o espiritismo parece ter um suporte experimental.

Todavia, essas modalidades de crer não têm a firmeza de uma fé consistente. Por exemplo, a
astrologia liberta da angústia existencial porque parece oferecer certo domínio sobre o futuro.
Mas, dado que as previsões não são sempre garantidas com certeza, as pessoas acreditam e não
acreditam nelas. Um traço de flou ou vago caracteriza esse tipo de religiosidade” (art. Citado,
Esprit et Vie, 13/03/86, p. 150). ¹

Pergunta-se agora:

Que Fazer? Como Responder?

O Papa Paulo VI afirmou que o Espírito Santo fala, às vezes, pelos ateus. Por que não estaria
falando através do vasto surto religioso, um tanto emotivo e ilógico, de nossos dias?

Na base desta premissa, podemos dizer que a religiosidade ardente de nosso tempos não deve
ser menosprezada, como se fosse uma onda vazia, mas há de ser tida como um apelo da
sociedade contemporânea aos fiéis católicos. O Evangelho conserva hoje a força e a capacidade
de atrair que tinha nos primeiros séculos: perseguido pelo Império Romano, conseguiu vencer
as pressões sem ter dinheiro nem armas, mas unicamente pelo poder de convicção da verdade;
a beleza da mensagem cristã calou fundo no coração dos homens pagãos, a tal ponto que
Tertuliano (+ 220) escrevia: “A alma humana é naturalmente cristã”.

Em nossos dias, portanto, o Evangelho, vivido durante quase vinte séculos pela Igreja de Cristo,
há de poder responder aos anseios do homem moderno. Pergunta-se, porém: será que os
cristãos creem no valor e na “loucura” do Evangelho, como as primeiras gerações acreditavam?
Não faltará aos fiéis católicos a têmpera convicta e corajosa que animava os antigos cristãos? O
fenômeno religioso fervilhante e desorientado de nossos tempos não será o indício de que existe
uma lacuna no coração dos homens, que somente a Igreja pode preencher? O homem de hoje
é sequioso do Transcendental, como os pagãos eram sequiosos; não estará faltando quem
comunique a esses irmãos a Palavra que Deus revelou precisamente para atender aos anseios
de todo homem?

Impõem-se, a quanto parece, a resposta positiva a estas perguntas; é forçoso reconhecer que
os fiéis católicos poderiam ser mais ardorosos na transmissão da mensagem que eles receberam
de graça para comunicar de graça … Donde deduzimos as seguintes conclusões:

1) Faz-se mister anunciar o Evangelho – o que, aliás, sempre foi um dever dos fiéis católicos. Eis,
porém, que as circunstâncias atuais o exigem com três modalidades importantes:

– na integridade da fé católica. Não haja receio de expor as verdades atinentes à Eucaristia, ao


pecado e ao sacramento da Reconciliação, ao Papa, aos novíssimos (…)

– com segurança e firmeza (o que não quer dizer em atitude polêmica ou agressiva). O homem
moderno estima convicções sólidas e corajosas. Não basta falar, mas é preciso falar com
persuasão. São Paulo não recorria aos artifícios da retórica quando pregava e escrevia, mas
exprimia-se com o calor de quem sabe o que diz e ama a verdade proferida; isto o tornou o
grande arauto da mensagem cristã;

– de maneira que toque não só a inteligência, mas também os afetos e os anseios do ser
humano. É preciso saber falar ao coração do homem, já que hoje as emoções e os sentimentos
desempenham importante papel na vivência religiosa.

2) Faz-se necessário cultivar e expor também o aspecto místico da vida cristã. A experiência de
Deus se faz na oração e pela oração. O mundo de hoje procura lugar de silêncio e retiro, onde a
pessoa se recomponha da vida dilacerada e agitada que leva. O catolicismo tem bela tradição
mística, codificada nas obras de mestres famosos: carmelitas, inacianos, beneditinos… É para
desejar, porém, que não se confundam estados psíquicos paranormais ou anormais com dons
místicos ou graças de oração; em vista disso, é preciso que se enfatize o papel da inteligência e
do raciocínio no progresso espiritual; a fé não é sentimento cego, mas é um ato da inteligência
movida por credenciais ou por motivos que justifiquem logicamente o ato de fé.

O Anti-intelectualismo de muitas pessoas religiosas não condiz com a realidade da mensagem


católica. Esta interpela o ser humano como tal ou como criatura inteligente e pensante. Quanto
mais estudado é o Evangelho, tanto mais saboroso e atraente se torna.

3) Espera-se dos fiéis católicos um testemunho não só de palavras, mas também de vida. Uma
conduta indefinida ou incoerente anula os efeitos da pregação. O secularismo é morte para o
Cristianismo; Deus há de ser manifestado com toda a lucidez por quem nele crê.
O fiel católico que se dispuser a tal testemunho, entregará a Deus a frutificação dos seus
esforços, de acordo com a Palavra do Apóstolo: “Eu plantei, Apolo regou, Deus deu o
crescimento” (1Cor 3,6). De resto, a experiência ensina que, onde há vivência plena do
Catolicismo a se irradiar em zelo pastoral assíduo, as pessoas deixam de ser atraídas por seitas
e novos movimentos religiosos, pois a sua sede de Deus e do Absoluto lhes é adequadamente
saciada.

À guisa de complemento, vai aqui publicado um trecho de carta escrita por São Francisco Xavier
(1506-1552), missionário na Índia, a S. Inácio de Loyola:

“Percorremos as aldeias de neófitos, que receberam os sacramentos cristãos, há poucos anos.


Esta região não é cultivada pelos portugueses, já que é muito estéril e pobre; e os cristãos
indígenas, por falta de sacerdotes, nada a não ser que são cristãos. Não há ninguém que para
eles celebre a Ação divina; ninguém que lhes ensine o Símbolo, o Pai-nosso, a Ave-Maria e os
mandamentos da lei de Deus.

Desde que aqui cheguei, não parei um instante: visitando com freqüência as aldeias, lavando na
água sagrada os meninos ainda não batizados. Purifiquei, assim, grandíssimo número de
crianças que, como se diz, não sabem absolutamente distinguir entre a esquerda e a direita.
Estas crianças não me permitiam recitar o Ofício Divino nem comer nem dormir, enquanto não
lhes ensinasse alguma oração; foi assim que comecei a perceber que destes é o reino dos céus.

À vista disso, como não podia, sem culpa, recusar pedido tão santo, começando pelo
testemunho do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinava-lhes o Símbolo dos Apóstolos, o Pai-
nosso e Ave-Maria. Observei que são muito inteligentes, e, se houvesse quem os instruísse nos
preceitos cristãos, não duvido de que seriam excelentes cristãos.

Nestas paragens, são muitíssimos aqueles que não se tornam cristãos, simplesmente por faltar
quem os faça tais. Veio-me muitas vezes ao pensamento ir pelas Academias da Europa,
particularmente à de Paris, e por toda parte gritar como louco e sacudir aqueles que têm mais
ciência do que caridade, clamando: “Oh! Como é enorme o número dos que, excluídos do céu,
por vossa culpa se precipitam nos infernos!”.¹

Quem dera que se dedicassem a esta obra com o mesmo interesse que às letras, para
que pudessem prestar contas a Deus da ciência e dos talentos recebidos!

Na verdade, muitos deles, impressionados por esta ideia, entregando-se à meditação


das realidades divinas, talvez estivessem mais preparados para ouvir o que Deus diria neles;
abandonando as cobiças e interesses humanos, se fariam atentos a um aceno da vontade de
Deus. Decerto, diriam de coração: “Senhor, eis-me aqui;; que queres que eu faça? Envia-me
aonde quer que for de Teu agrado, até mesmo à Índia”.

Esta carta bem ilustra o senso religioso inato do ser humano e o zelo apostólico do
missionário. Conserva sua atualidade.

____________________

¹ Tradução do inglês por João Marques Bentes. – Ed. Bompastor, Rua Pedro Vicente, 90 – 01109-
010 São Paulo (SP), 160 x 230 mm, 421 pp.
¹ Citado por Jean Vernette, no artigo “Sectes et Gnose Néo-paganisme et Nouvelle Religiosité.
Le déplacemente actuel des phénomènes religieux, question posée aux Eglises”, na revista
“Esprit et Vie”, 63/1986, p. 130.

¹ Ver pp. 207-298 deste fascículo (N. da R.).

¹ A Teologia, em nossos dias, reconhece que as pessoas que de boa fé professam uma crença
não católica (até mesmo pagã) são julgadas por Deus segundo a fidelidade à sua consciência
cândida, reta e sincera, e não segundo os parâmetros do Evangelho, que não lhes foi dado ouvir.
Cf. Constituição do Vaticano II “Lumen Gentium”, nº. 16. (Nota do Editor)
O que o Papa João Paulo II falou sobre a Nova Era?

Segundo o Papa João Paulo II, agora proclamado santo da nossa Igreja, a Nova Era é
“incompatível com a fé da Igreja”.

No discurso que fez aos Bispos Norte-americanos no dia 28 de maio de 1993, afirmou:

“As ideias do movimento ‘Nova Era’ (New Age) conseguem, às vezes, insinuar-se na
pregação, na catequese, nas obras e nos retiros, e deste modo influenciam até mesmo católicos
praticantes que, talvez, não tenham consciência da incompatibilidade entre aquelas ideias e a
fé da Igreja.

Na sua visão sincretista e imanente, esses movimentos pára-religiosos dão pouca


importância à Revelação; pelo contrário, procuram chegar a Deus mediante a inteligência e a
experiência, baseados em elementos provenientes da espiritualidade oriental ou de técnicas
psicológicas. Tendem a relativizar a doutrina religiosa, em benefício de uma vaga visão mundial,
expressa como sistema de mitos e símbolos, mediante uma linguagem religiosa.

Além disso, apresentam com frequência um conceito panteísta de Deus, o que é


incompatível com a Sagrada Escritura e com a Tradição cristã. Eles substituem a
responsabilidade pessoal das próprias ações perante Deus por um sentido de dever em relação
ao cosmos, opondo-se, assim, ao verdadeiro conceito de pecado e à necessidade de redenção
por meio de Jesus Cristo”.

É preciso “abrir os olhos” para o alerta que o Papa João Paulo II já fazia acerca das ideias
da Nova Era, que “insinuam-se na pregação, na catequese, nas obras e nos retiros” e influenciam
até mesmo “católicos praticantes”. É um alerta sério!

Por outro lado não é preciso temer. Graças a Deus, ainda é minoria a influência da Nova
Era dentro da Igreja. É claro que nem tudo está ligado à Nova Era, mas temos que nos informar
sempre e fazer um bom discernimento, pois é algo real.

O Papa aponta os principais erros da Nova Era:

1. É SINCRETISTA: quer dizer, faz uma mistura de inúmeras religiões, como se fossem
verdadeiras e boas. Adota o esoterismo (ocultismo).

2. É PANTEÍSTA e IMANENTE: quer dizer, não crê em um Deus que seja “Pessoa”, vivo,
que tem um coração que sente. Deus é apenas uma “energia” cósmica, um fluído indefinido, ou
um campo magnético de forças. Panteísta (pan = tudo, Teos = Deus); tudo é Deus, e Deus é tudo.
Não existe de fato Deus para a Nova Era. O Papa mostra que, na Nova Era, “Deus é o próprio
Cosmos”.

3. DÁ POUCA IMPORTÂNCIA À REVELAÇÃO: isto é, não tem a Bíblia como a “Palavra de


Deus”, e por isso a considera sem poder; no entanto, a usa e interpreta a seu bel prazer.

4. BUSCA DEUS APENAS PELA EXPERIÊNCIA, INTELIGÊNCIA, ESPIRITUALIDADE ORIENTAL


E POR TÉCNICAS PSICOLÓGICAS, com o seguinte sentido: “Eu sou deus”, basta “eu me
encontrar”, eu me descobrir, e já achei deus. Deus não é um “Outro”, sou eu mesmo. Daí a
grande ênfase ao humanismo; buscar “a si mesmo” é a solução de todos os problemas. É o
próprio pecado original, do homem que não precisa mais de Deus, basta-se a si mesmo. Daí vem
toda a ênfase que se dá ao “poder da mente” para solucionar todos os problemas.
5. NEGA O PECADO E A NECESSIDADE DA REDENÇÃO POR MEIO DE CRISTO: isto é, o
homem não tem responsabilidade pelos seus pecados e não precisa de um Salvador. Salva-se a
si mesmo. O Papa termina dizendo: “…opondo-se, assim, ao verdadeiro conceito de pecado e à
necessidade de redenção por meio de Cristo”.

Sem dúvida este é o erro mais grave da Nova Era, como de todas as falsas religiões: nega
a necessidade da Salvação, ou a quer buscar fora de Jesus Cristo e da Igreja. O homem não pode
salvar-se a si mesmo: “Mas nenhum homem a si mesmo pode salvar-se, nem pagar a Deus o seu
resgate” (Sl 48,8).

O nosso Catecismo nos faz entender bem as palavras do Papa quando fala sobre “a
derradeira provação da Igreja” (§675-676):

“Antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que abalar a
fé de muitos crentes. A perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra” desvendará
o “mistério de iniquidade” sob a forma de uma impostura religiosa que há de trazer aos homens
uma solução aparente a seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A impostura religiosa
suprema é a do Anticristo, isto é, a de um pseudo-messianismo em que o homem glorifica a si
mesmo em lugar de Deus e de seu Messias que veio na carne.

Esta impostura anticrística já se esboça no mundo toda vez que se pretende realizar na
história a esperança messiânica que só pode realiza-se para além dela, por meio do juízo
escatológico: mesmo em sua forma mitigada, a Igreja rejeitou esta falsificação do Reino
vindouro sob o nome de milenarismo, sobretudo sob a forma política de um messianismo
secularizado, “intrinsecamente perverso”.

Prof. Felipe Aquino. Cléofas. www.cleofas.com.br

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